SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.9 número1Interfaces entre teoria da mente, linguagem e faz de contaO movimento do pensamento de Sigmund Freud segundo Luiz Roberto Monzani índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Psicologia em Pesquisa

versión On-line ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.9 no.1 Juiz de Fora jun. 2015

http://dx.doi.org/10.5327/Z1982-1247201500010011 

ARTIGOS

DOI: 10.5327/Z1982-1247201500010011

 

Estratégias de enfrentamentos e sobrecarga dos familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos: revisão de literatura

 

Coping and burden from family caregivers of psychiatric patients: literature review

 

 

Daniela Cristina Souza SantosI; Marina BandeiraII

IFaculdade de Administração de Mariana (Mariana), Brasil
II
Universidade Federal de São João Del Rei (São João Del Rei), Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A desinstitucionalização psiquiátrica resultou em maior responsabilidade dos familiares no cuidado informal dos pacientes, o que pode resultar em elevada sobrecarga para estes cuidadores. Essa sobrecarga pode ser diminuída com o uso de estratégias eficazes de enfrentamento, segundo o modelo teórico da sobrecarga. Foi realizada uma busca sistemática nos indexadores SciELO, LILACS, Pubmed, Web of Science e PsycINFO, sendo encontrados 36 estudos internacionais que avaliaram a relação entre coping e sobrecarga dos familiares cuidadores. Os resultados indicaram que os familiares utilizam uma diversidade de estratégias de enfrentamento, mas, em geral, elas não estão associadas a um menor grau de sobrecarga. As estratégias de evitação e de resignação estão claramente associadas a um maior grau de sobrecarga, devendo, portanto, ser evitadas.

Palavras-chave: sobrecarga dos familiares cuidadores; pacientes psiquiátricos; coping; revisão de literatura.


ABSTRACT

Psychiatric deinstitutionalization has resulted in greater responsibility for family members in the informal care of patients, which may result in high degree of burden for these caregivers. Burden may be reduced by the utilization of effective coping strategies, according to the theoretical model of burden. A systematic search was conducted in SciELO, LILACS, Pubmed, Web of Science and PsycINFO databases, where were found 36 international studies evaluating the relationship between coping and burden of family caregivers. Results indicate that family members use several types of coping strategies, but these strategies in general are not associated with a lower degree of burden. Two strategies, avoidance and resignation, were clearly associated with a higher level of burden and should, therefore, be avoided.

Keywords: family caregivers' burden; psychiatric patients; coping; literature review.


 

 

Nas ultimas décadas, o processo de desinstitucionalização psiquiátrica mudou o foco do tratamento dos transtornos psiquiátricos para os serviços de saúde mental localizados na comunidade ( Bandeira, 1991; OMS, 2001; Bandeira, Gelinas & Lesage, 1998). Com esta mudança de paradigma, o cuidado anteriormente prestado aos pacientes por três equipes profissionais, que se revezavam em turnos de 8 horas, passou a ser realizado pelos familiares. Eles desempenham um importante papel na reinserção social dos pacientes, provendo o cuidado informal cotidiano, tão importante quanto o formal.

Tessler e Gamache (2000) listaram oito áreas que compõem o cuidado prestado no dia a dia, desde a higiene pessoal e tomada de medicamento até a administração do dinheiro do paciente. O familiar possui, assim, um duplo papel: provedor do lar e cuidador informal do paciente, o que pode gerar elevada sobrecarga. Além da tarefa dupla, o papel de cuidador possui outras características que resultam em sobrecarga. Uma delas é que o cuidador precisa colocar as suas necessidades em segundo lugar, priorizando os cuidados ao paciente. Outra se refere à falta de sincronia entre a atividade de cuidar e o ciclo familiar, que acrescenta um elemento estressante, pois normalmente há uma expectativa de que a pessoa adulta seja independente e não necessite mais de cuidados dos seus familiares. Uma terceira característica é a dificuldade de manter um relacionamento positivo com o paciente, pois o transtorno psiquiátrico muda o comportamento do paciente e provoca uma diminuição da reciprocidade dos seus relacionamentos, podendo até resultar em separação ou divórcio, no caso do cuidador que é cônjuge.

O conceito de sobrecarga se refere ao impacto negativo do papel de cuidador na vida do familiar e envolve duas dimensões: objetiva e subjetiva (Maurin & Boyd, 1990; Tessler & Gamache, 2000). A dimensão objetiva se refere às consequências concretas e observáveis, tais como a frequência de tarefas cotidianas de cuidar do paciente e de supervisionar seus comportamentos problemáticos, as perdas financeiras e as interrupções na vida social e profissional dos familiares, às vezes até necessitando diminuir as horas de trabalho para cuidar do paciente. A sobrecarga subjetiva envolve a reação emocional do familiar, incluindo o sentimento de incômodo ao realizar as tarefas de assistência, assim como as preocupações com o paciente e o sentimento de perda, comparável ao luto (Maurin & Boyd, 1990; Loukissa, 1995; Rose, 1996; Bandeira & Barroso, 2005). A sobrecarga constitui um estimulo estressor prolongado na vida dos cuidadores, que pode afetar sua saúde mental, provocando transtornos de ansiedade ou depressão (Saunders, 2003; Tessler & Gamache, 2000).

Maurin e Boyd (1990) elaboraram um modelo teórico, que explica a sobrecarga subjetiva dos familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos, por meio de três níveis de variáveis: as variáveis antecedentes, a sobrecarga objetiva e os fatores mediadores. As variáveis antecedentes, como o diagnóstico do paciente, sua sintomatologia e seu nível de autonomia, determinam o grau de sobrecarga objetiva. As variáveis antecedentes, juntamente com a sobrecarga objetiva, determinam o grau de sobrecarga subjetiva do familiar. Os fatores mediadores são aqueles que podem aumentar ou diminuir o grau de sobrecarga subjetiva. Dentre esses moduladores, destaca-se a utilização de estratégias de enfrentamento, a busca por informações sobre o transtorno psiquiátrico e seu tratamento e por apoio social. Segundo este modelo, a utilização de estratégias de enfrentamento adequadas pode reduzir o grau de sobrecarga dos familiares (Maurin & Boyd, 1990; Bandeira & Barroso, 2005).

Lazarus e Folkman (1984) definiram coping (estratégias de enfrentamento) como os esforços cognitivos e comportamentais de uma pessoa para administrar, ou seja, reduzir, minimizar, aumentar, controlar ou tolerar, as demandas externas e/ou internas que são avaliadas como desgastantes ou que excedem os seus recursos. Estes autores destacaram que as estratégias de enfrentamento possuem diferentes funções, podendo ou não ser eficazes de acordo com a situação estressora, de forma que elas devem ser classificadas de acordo com a sua função e não com seus resultados.

De acordo com o referencial teórico adotado, as estratégias podem ser definidas de diferentes maneiras, contemplando dois grupos de funções principais: estratégias com foco na emoção e estratégias com foco no problema. O primeiro grupo se refere a estratégias cuja função é de regular as emoções relacionadas ao problema, tais como evitação, atenção seletiva, distanciamento, pensamento fantasioso (Lazarus & Folkman, 1984), fazer uso de substancias como cigarros, assistir a um programa de TV, fazer atividade física, dentre outros (Antoniazzi, Dell'aglio & Bandeira,1998). O segundo grupo, com foco no problema, tem como função administrar ou modificar a situação estressora e inclui estratégias tais como: busca de soluções alternativas para o problema, mudanças motivacionais ou cognitivas (por exemplo, diminuindo o nível de aspiração), busca de formas alternativas de gratificação ou aprendizagem de novas habilidades e procedimentos, dentre outras. Esses dois grupos de estratégias podem ser usados simultaneamente, o que pode facilitar ou dificultar sua eficácia. De uma forma geral, as estratégias com foco na emoção têm maior probabilidade de ocorrer quando o problema é avaliado como imutável, enquanto a estratégia com foco no problema quando a situação é percebida como modificável ou administrável ( Lazarus & Folkman, 1984).

Outros dois importantes tipos de estratégias de enfrentamento são descritos na literatura. O primeiro consiste na estratégia focada nas relações interpessoais, na qual o indivíduo busca construir uma rede de suporte social, que possa ajudá-lo a enfrentar a situação estressora (Antoniazzi, Dell'aglio & Bandeira, 1998). O segundo tipo, descrito por Panzini e Bandeira (2007), pode ser associado tanto às estratégias com foco na emoção quanto com foco no problema e consiste em práticas religiosas ou na utilização de crenças espirituais com o objetivo de administrar o problema ou amenizar as consequências emocionais.

Compreender a possível relação entre as estratégias de enfrentamento e o grau de sobrecarga é importante para que os serviços de saúde mental possam realizar intervenções mais efetivas visando diminuir as dificuldades dos familiares. Para isso, revisões de literatura são pertinentes, pois agregam as informações obtidas por diversos estudos, apontam os resultados semelhantes e os contraditórios, as lacunas presentes na literatura e sugestões para estudos futuros, possibilitando compreender melhor a influência das diferentes estratégias. O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre os estudos que investigaram a relação entre as estratégias de enfrentamento dos familiares de pacientes psiquiátricos e a sua relação com o grau de sobrecarga.

 

Método

Foi realizada uma busca nos indexadores SciELO, LILACS, Pubmed, Web of Science e PsycINFO, com as palavras-chaves "familiares", "pacientes psiquiátricos", "saúde mental" e "enfrentamento" ou " family burden", "psychiatric patient", "coping" e "mental illness". Foram encontrados 496 estudos relacionados à sobrecarga dos familiares de pacientes neuropsiquiátricos. Destes, 226 foram descartados por terem avaliado familiares cuidadores de pacientes com diagnósticos de demência, Parkinson, Alzheimer, transtorno obsessivo compulsivo, autismo e transtornos alimentares, dentre outros. Dos 270 restantes, 234 foram descartados, pelos seguintes motivos: 25 eram revisões de literatura, 17 eram relativos à validação ou elaboração de instrumentos de medida, 49 se referiam às intervenções realizadas com pacientes ou seus familiares, 53 eram qualitativos e 90 abordaram a sobrecarga sem verificar a sua relação com as estratégias de enfrentamento de familiares de pacientes psiquiátricos. Restaram 36 pesquisas que investigaram familiares cuidadores de pacientes adultos com transtornos psiquiátricos graves e persistentes.

Os estudos selecionados foram analisados com relação aos seguintes aspectos: local em que a pesquisa foi realizada, tamanho da amostra, diagnóstico dos pacientes, tipo de pesquisa (longitudinal ou seccional), tipo de amostra, instrumentos de medida utilizados para avaliar a sobrecarga e as estratégias de enfrentamento. Foram analisados, ainda, os principais resultados referentes à relação entre estratégias de enfrentamento sobrecarga dos familiares.

 

Resultados

A Tabela 1 apresenta os resultados dos estudos selecionados. Todos os 36 estudos foram realizados em contexto internacional, sendo 12 em países europeus, oito nos EUA, um no Canadá, um no Chile, um no Egito, nove na Índia e quatro em outros países asiáticos. Com relação ao tipo de estudo, a maioria consistiu de pesquisa correlacional de corte seccional, sendo que apenas sete adotaram uma metodologia longitudinal.

 

 

No que se refere ao tamanho da amostra, esta variou de 30 (Kung, 2003) a 596 familiares de pacientes psiquiátricos (Patrick & Hayden, 1999). Quanto ao tipo de amostra, houve um predomínio de cuidadores do sexo feminino. De um total de 42 amostras, quatro eram compostas somente por mulheres, 25 tinham uma maioria de mulheres e seis tinham aproximadamente metade da amostra de mulheres. Apenas seis amostras eram compostas por uma maioria de homens. Com relação ao grau de parentesco, observou- se um predomínio de mães ou pais de pacientes nas amostras. De um total de 42 amostras, quatro foram formadas somente por mães. As 38 amostras restantes eram formadas da seguinte forma: 17 tinham predomínio de mães ou pais, em mais de 70% da amostra; em 11 amostras, a maioria era de mães/pais ou cônjuges, em mais de 60% da amostra; seis eram compostas, em sua maioria, por cônjuges dos pacientes, em mais de 60% da amostra. Em quatro estudos, não foi informado o tipo de parentesco da amostra. Essa composição de sexo e parentesco é congruente com os achados da literatura, nos quais a maioria dos cuidadores são mulheres e mães dos pacientes (Awad & Voruganti, 2008).

Quanto ao diagnóstico dos pacientes sob cuidados dos familiares, na maioria dos estudos (22), os familiares cuidavam de pacientes com diagnóstico exclusivo do espectro da esquizofrenia. Os demais estudos envolveram familiares cuidadores de pacientes com os seguintes diagnósticos: esquizofrenia e outros transtornos, tais como de personalidade, de desenvolvimento ou de humor (10 estudos); somente transtorno bipolar (dois estudos); ambos os diagnósticos de esquizofrenia e de transtorno do humor, porém analisados em dois subgrupos separados (dois estudos). Observa-se, assim, uma predominância do diagnostico de esquizofrenia nos estudos, em comparação aos de transtornos de humor.

Os instrumentos de medida variaram bastante entre os estudos. Para avaliar a sobrecarga, 15 instrumentos diferentes foram adotados, sendo que os mais utilizados, por 15 dos 36 estudos, foram: Burden Assessment Schedule (BAS) (Thara, Padmavati, Kumar & Srinivasan, 1998) e o Family Burden Questionnaire (FBQ) (Pai & Kapur, 1981). Quanto à avaliação das estratégias de enfrentamento, foram utilizados 17 instrumentos diferentes. Os mais utilizados por 21 dos 36 estudos foram: Ways of Coping Questionnaire (WCQ) (Lazarus & Folkman, 1984) e o Family Coping Questionnaire (FCQ) (Magliano et al., 1996).

Os resultados referentes às relações entre estratégias de enfrentamento e o grau de sobrecarga subjetiva são difíceis de comparar devido à grande variabilidade de instrumentos utilizados pelos pesquisadores. Essa dificuldade se faz presente, principalmente, no caso da avaliação das estratégias de enfrentamento, pois, segundo Lazarus e Folkman (1984), elas podem ser agrupadas de acordo com a função ou o tipo. Existe uma ampla variedade de estratégias baseadas nos referenciais teóricos adotados, o que é refletido nas subescalas dos diferentes instrumentos. Nos 36 estudos avaliados, foi avaliado um total de 50 estratégias diferentes. Quanto à sobrecarga subjetiva, conforme mencionado anteriormente, ela se refere às reações emocionais do familiar decorrentes do papel de cuidador, tais como o grau de incômodo ao realizar as tarefas de assistência cotidiana e ao supervisionar os comportamentos problemáticos do paciente, além das preocupações com ele. Apesar da variabilidade de instrumentos, eles incluíram, em geral, tais reações e indicaram a sobrecarga por meio de um escore global.

Ao analisar os resultados dos estudos, independentemente do instrumento utilizado, pode-se observar duas tendências. A primeira delas é que as estratégias de resignação e de evitação estavam claramente associadas a um maior grau de sobrecarga subjetiva dos familiares. A estratégia de resignação foi analisada em um total de 16 amostras e consiste em aceitar passivamente a situação, esperando, por exemplo, que um milagre aconteça. Na grande maioria das amostras (11), esta estratégia estava associada a um maior grau de sobrecarga. Nas demais amostras, em duas não houve relação com a sobrecarga e em três ela estava associada a menor grau de sobrecarga. A utilização da estratégia de evitação foi analisada em um total de 30 amostras, sendo que na maioria delas (20), ela também estava associada a um maior grau de sobrecarga. Nas dez amostras restantes, em oito ela não esta relacionada com a sobrecarga e somente em duas amostras, ela estava associada a um menor grau de sobrecarga. Esta estratégia inclui comportamentos tais como evitar conversar ou pensar sobre o problema e se afastar da situação.

A segunda tendência dos resultados é que as demais estratégias avaliadas, na maioria das vezes, não apresentaram relação significativa com a sobrecarga dos familiares ou apresentaram resultados contraditórios. Estes resultados serão descritos a seguir. Com relação às estratégias com foco na emoção, ou seja, aquelas cujo objetivo é de regular as emoções relacionadas à situação, observa-se que em um total de nove amostras, na maioria delas (seis) não foi encontrada relação com a sobrecarga. Apenas em três amostras esta estratégia estava relacionada com maior grau de sobrecarga. A estratégia de busca por suporte social, cuja função é focada nas relações interpessoais, foi analisada em 17 amostras, sendo que na grande maioria (11) também não foi encontrada relação com a sobrecarga. Nas demais amostras (seis), observou-se uma relação significativa, porém com resultados contraditórios: em quatro, esta estratégia estava associada com maior grau de sobrecarga e, em duas, com o menor grau de sobrecarga.

As estratégias de abordagem ativa e de resolver problema se assemelham com relação à suas descrições e por isso foram analisadas em conjunto. Estas estratégias englobam comportamentos que visam modificar ou resolver o problema e, devido a isto, podem ser consideradas como estratégias com foco no problema. Em um total de 14 amostras, na grande maioria (11) não foi encontrada relação destas estratégias com a sobrecarga. Apenas em três amostras, elas estavam associadas com o menor grau de sobrecarga. As estratégias de práticas religiosas ou de crenças espirituais, que incluem comportamentos tais como rezar ou orar e apegar à fé, foram analisadas em um total de 18 amostras, sendo que na grande maioria (16) não foi encontrada relação com a sobrecarga. Somente em duas amostras, os familiares que utilizavam mais essa estratégia eram os mais sobrecarregados. A estratégia de conluio foi analisada em 13 amostras. Esta estratégia consiste, por exemplo, em fazer "vista grossa" à não adesão do paciente à medicação. Na grande maioria delas (12), não foi encontrada relação entre o comportamento de conluio e o grau de sobrecarga. Em somente uma amostra foi encontrado que os familiares que utilizavam mais essa estratégia eram os mais sobrecarregados.

Os resultados dos demais estudos sobre as três últimas estratégias se mostraram ainda mais divididos, com quase metade da amostra se contrapondo à outra metade. Por exemplo, a estratégia de coerção foi analisada em um total de 15 amostras, sendo que em um pouco mais da metade delas (oito), não foi encontrada relação com a sobrecarga e nas demais (sete) foi observada uma relação significativa, porém com resultados contraditórios. Em cinco destas amostras, esta estratégia estava relacionada com maior sobrecarga, enquanto que nas outras duas, ela se relacionou com menor sobrecarga. A estratégia de coerção inclui comportamentos tais como perder a paciência e gritar com o paciente. A estratégia de uso de substâncias, tais como bebidas alcoólicas e cigarro, foi analisada por 12 amostras, sendo que em sete não foi encontrada relação com o grau de sobrecarga. Nas demais (cinco), observou-se que os familiares que faziam maior uso de substâncias eram os mais sobrecarregados. A estratégia com foco no problema foi avaliada em 14 amostras, sendo que em oito delas não houve relação com a sobrecarga e nas demais, observou-se uma relação significativa, porém com resultados contraditórios. Em quatro amostras, esta estratégia estava relacionada ao maior grau de sobrecarga e, em duas, com o menor grau de sobrecarga. Este tipo de estratégia, conforme descrito anteriormente, possui a função de administrar ou modificar a situação estressora.

 

Discussão

Duas tendências foram apontadas ao comparar os resultados dos estudos. A primeira tendência dos resultados é que as estratégias avaliadas, na maioria das vezes, não apresentaram relação significativa com a sobrecarga dos familiares ou apresentaram resultados contraditórios. A segunda consiste na relação entre o uso das estratégias de resignação e evitação e o maior grau de sobrecarga. Esta última tendência foi evidenciada em nove estudos seccionais e quatro estudos longitudinais. Em situação de adoecimento, a evitação pode ser considerada ineficaz, pois impossibilita que a pessoa se envolva em ações que auxiliem na melhora clínica, tais como busca de ajuda profissional, adesão ao tratamento ou busca de soluções alternativas (Lazarus & Folkman, 1984). No caso dos familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos, o uso de evitação e de resignação impede que eles busquem informações sobre o transtorno psiquiátrico e seu tratamento e orientações sobre como lidar com os comportamentos problemáticos dos pacientes na vida cotidiana. Por exemplo, uma forma de saber lidar com estes comportamentos consiste em saber colocar limites para os pacientes, o que resulta em menor grau de sobrecarga, como constatado pelos dados do estudo de Barroso, Bandeira e Nascimento (2009).

Segundo Magliano et al. (1998a), muitos familiares não participam de grupos de formação ou intervenções psicossociais e não sabem enfrentar de forma eficaz a situação de cuidadores, não percebendo outra alternativa senão utilizar a resignação. Além disso, no segundo estudo de Magliano et al. (1998b), observou- se que a utilização das estratégias de evitação e resignação estava relacionada com o baixo suporte social dos familiares. Ao contrário, a presença de uma ampla rede de apoio social é um importante fator de proteção para os familiares, auxiliando a diminuir a sua sobrecarga (Maurin & Boyd, 1990).

Estas duas estratégias, de evitação e resignação, assim como as estratégias de coerção, conluio e uso de substâncias, dentre outras, podem ser incluídas na categoria de foco na emoção, por terem como função de regular o estado emocional relacionado à situação estressora. Conforme mencionado acima, este tipo de estratégia, segundo Lazarus e Folkman (1984), tem maior probabilidade de ser utilizada quando a situação estressora é percebida como inalterável pela pessoa. Os familiares cuidadores de pacientes psiquiátricos podem estar utilizando estas estratégias por considerarem o transtorno psiquiátrico como inalterável. Entretanto, formas alternativas de lidar melhor com esta situação estressante devem ser estimuladas e desenvolvidas pelos profissionais de saúde mental.

Os resultados encontrados, nesta revisão, aparentemente contrariam as predições do modelo teórico da sobrecarga (Maurin & Boyd, 1990), o qual pressupõe que estratégias de enfrentamento eficientes sejam fatores moduladores que podem diminuir a sobrecarga. Algumas hipóteses foram levantadas para tentar explicar esta contradição. A primeira hipótese se refere à possibilidade de haver uma inadequação dos instrumentos de medida utilizados para avaliar coping. A grande maioria dos estudos não utilizou instrumentos específicos para a situação de cuidador de um paciente psiquiátrico, mas sim para situações de estressores em geral. Estes instrumentos poderiam ter questões que não se adéquam ao contexto específico de cuidador, ou poderia carecer de questões mais pertinentes para esta situação, o que dificultaria a interpretação dos resultados encontrados. Para testar esta hipótese, foi feita uma análise apenas dos estudos que utilizaram uma escala específica para a situação de familiar cuidador, a escala FCQ, citada acima. Entretanto, os resultados desta análise mostraram que não houve grandes modificações nas tendências observadas.

A segunda hipótese se refere à possibilidade de que os familiares não estejam utilizando adequadamente as estratégias de enfrentamento avaliadas pelos instrumentos de medida, no que se refere à forma de utilização, à sua frequência ou aos momentos em que são utilizadas. Talvez os familiares necessitem de maior acompanhamento de profissionais de saúde mental para orientá-los no uso de estratégias de enfrentamento, de forma a adequá- -las a cada situação especifica vivenciada com os pacientes. O modelo teórico de sobrecarga de Maurin e Boyd (1990) prevê o efeito benéfico de estratégias de enfrentamento, que sejam eficientes e utilizadas adequadamente.

Segundo Lazarus e Folkman (1984), uma determinada estratégia não pode ser considerada inerentemente boa ou ruim, ou melhor do que uma outra, pois deve ser avaliada sua eficácia para cada situação específica e a curto e a longo prazo. Uma estratégia pode ser útil momentaneamente para reduzir sentimentos desagradáveis, tais como a ansiedade, mas a longo prazo pode trazer problemas para a pessoa. A eficácia de uma estratégia depende, também, da avaliação eficiente dos riscos envolvidos na situação e dos recursos pessoais que estão disponíveis para lidar com o estressor. Se não houver os recursos necessários para enfrentar a situação ou a utilização de uma determinada estratégia implicar em risco de agravamento da situação estressora ou no aumento da angustia envolvida, a estratégia será ineficaz. Estudos futuros devem avaliar todas estas variáveis adicionais nas amostras dos estudos, além de identificar os tipos de estratégias utilizadas pelos familiares.

Um outro problema é que os diferentes tipos de estratégias podem ser utilizados simultaneamente pela mesma pessoa, porém a utilização de uma delas pode facilitar ou atrapalhar o resultado da outra (Lazarus & Folkman, 1984). A utilização simultânea pode, ainda, mascarar os seus resultados. Talvez a ausência de relação significativa encontrada nos estudos possa ser explicada pela utilização simultânea de duas ou mais estratégias de enfrentamento.

Os estudos analisados possuem algumas limitações. Primeiramente, se tratam de estudos correlacionais, os quais permitem identificar os fatores preditores da sobrecarga, mas não possibilitam verificar se há uma relação causal entre as variáveis ou a direção dessa relação. Por exemplo, no caso das relações encontradas entre a sobrecarga e as estratégias de enfrentamento, não se pode afirmar que os familiares mais sobrecarregados recorriam mais às estratégias de evitação e resignação ou, o contrário, se ao recorrer a essas estratégias os tornava mais sobrecarregados.

Uma outra limitação se refere, conforme mencionado anteriormente, à utilização de uma grande variedade de instrumentos, o que dificultou a comparação de resultados, principalmente com relação às estratégias de enfrentamento. Outra limitação se refere às características das amostras dos estudos, que se referiam à familiares cujos pacientes tinham diagnósticos do espectro da esquizofrenia ou do humor. Os resultados destes estudos não podem ser generalizados para familiares de pacientes com outros diagnósticos. Por fim, nenhum estudo analisado foi realizado em contexto nacional, devendo ser realizados novos estudos para compreender melhor esta problemática no Brasil.

 

Conclusão

Os resultados mostraram que as estratégias de evitação e resignação estavam associadas a um maior grau de sobrecarga dos familiares. A utilização destas estratégias passivas indica uma desistência dos familiares na busca por formas de lidar com a situação de cuidadores, portanto devem ser evitadas. Por outro lado, a maioria dos estudos mostrou que as estratégias de enfrentamento mais ativas usadas pelos familiares não se mostraram eficazes, pois não se associaram com menor grau de sobrecarga. Ambas as situações são preocupantes, pois podem ser indicativas de ausência de atenção e de apoio por parte dos profissionais dos serviços de saúde mental. Há necessidade de intervenções psicoeducativas junto aos familiares, visando orientá-los no desenvolvimento de formas mais eficazes de lidar com a situação de cuidadores, com acompanhamento contínuo sobre os seus efeitos e adaptadas às especificidades de cada contexto. Estas ações podem diminuir a sobrecarga dos familiares, resultando em melhor cuidado com os pacientes na vida cotidiana.

 

Agradecimentos

Agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

 

Referências

Antoniazzi, A. S., Dell'aglio, D. D., & Bandeira, D. R. (1998). O conceito de coping: Uma revisão teórica. Estudos de Psicologia, 3(2), 273-294.         [ Links ]

Awad, A. G., & Voruganti, L. N. P. (2008). The Burden of Schizophrenia on Caregivers. A Review. Pharmacoeconomics, 26, 149-162. doi: 10.2165/00019053-200826020-00005        [ Links ]

Bandeira, M. (1991). Desinstitucionalização ou transinstitucionalização: Lições de alguns países. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 40(7), 350-360.         [ Links ]

Bandeira, M., & Barroso, S. M. (2005). Sobrecarga das famílias de pacientes psiquiátricos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 54(1), 34-46.         [ Links ]

Bandeira, M., Gelinas D., & Lesage A. (1998). Desinstitucionalização: O programa de acompanhamento intensivo na comunidade. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 47(12), 627-640.         [ Links ]

Barroso, S., Bandeira, M., & Nascimento, E. (2009). Fatores preditores da sobrecarga subjetiva de familiares de pacientes psiquiátricos atendidos na rede pública de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Caderno de Saúde Pública, 25(9), 1957-1968.         [ Links ]

Bauer, R., Koepke, F., Sterzinger, L., & Spiessl, H. (2012). Burden, rewards, and coping – The ups and downs of caregivers of people with mental illness. Journal of Nervous and Mental Disease, 200(11), 928-934. doi: 10.1097/NMD.0b013e31827189b1.

Budd, R. J., Oles, G., & Hughes, I. C. (1998). The relationship between coping style and burden in the carers of relatives with schizophrenia. Acta Psychiatrica Scandinavica, 98(4), 304-309.         [ Links ]

Chadda, R. K., Singh T. B., & Ganguly, K. K. (2007). Caregiver burden and coping: A prospective study of relationship between burden and coping in caregivers of patients with schizophrenia and bipolar affective disorder. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 42(11), 923-930. doi: 10.1007/s00127-007-0242-8        [ Links ]

Chakrabarti, S., & Gill, S. (2002). Coping and its correlates among caregivers of patients with bipolar disorder: a preliminary study. Bipolar Disorders, 4, 50-60. doi: 10.1034/j.1399- 5618.2002.01167.x        [ Links ]

Chandrasekaran, R., Sivaprakash B., & Jayestri, S. R. (2002). Coping strategies of the relatives of schizophrenic patients. Indian Journal of Psychiatry, 44(1), 9-13.         [ Links ]

Creado, D. A., Parkar, S. R., & Kamath, R. M. (2006). A comparison of the level of functioning in chronic schizophrenia with coping and burden in caregivers. Indian Journal of Psychiatry, 48(1), 27-33. doi: 10.4103/0019-5545.31615        [ Links ]

Dyck, D. G., Short, R., & Vitaliano, P. P. (1999). Predictors of Burden and Infectious Illness in Schizophrenia Caregivers. Psychosomatic Medicine, 61, 411-419.         [ Links ]

Gonçalves-Pereira, M., Xavier, X., Wijngaarden, B. van, Papoila, A. L. Schene, A. H, & Caldasde- Almeida, J. M. (2013). Impact of psychosis on Portuguese caregivers: A cross-cultural exploration of burden, distress, positive aspects and clinical-functional correlates. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 48, 325-335. doi: 10.1007/s00127-012-0516-7        [ Links ]

Goossens, P. J. J., Wijngaarden, B. van, Knoppert- Van der Klein, E. A. M., & Achterberg, T. Van (2008). Family Caregiving in Bipolar Disorder: Caregiver Consequences, Caregiver Coping. International Journal of Social Psychiatry, 54, 303- 316. doi: 10.1177/0020764008090284        [ Links ]

Grandón, P., Jenaro C., & Lemos, S. (2008). Primary caregivers of schizophrenia outpatients: Burden and predictor variables. Psychiatry Research, 158, 335-343. doi: 10.1016/j.psychres.2006.12.013        [ Links ]

Hanzawa, S., Bae, J., Tanaka, H., Bae, Y., Tanaka, G., Inadomi, H. , ... Ohta, Y. (2010). Caregiver burden and coping strategies for patients with schizophrenia: Comparison between Japan and Korea. Psychiatry and Clinical Neurosciences, 64, 377- 386. doi: 10.1111/j.1440-1819.2010.02104.x        [ Links ]

Hanzawa, S., Tanaka, G., Inadomi, H., Urata, M., & Ohta, Y. (2008). Burden and coping strategies in mothers of patients with schizophrenia in Japan. Psychiatry and Clinical Neurosciences, 62, 256-263. doi: 10.1111/j.1440-1819.2008.01791.x        [ Links ]

Hassan, W. A. N., Mohamed, I. I., Elnaser, A. E. A., & Sayed, N. E. (2011). Burden and coping strategies in caregivers of schizophrenic patients. Journal of American Science, 7(5), 802-811.         [ Links ]

Hinrichsen, G. A., & Lieberman, J. A. (1999). Family attributions and coping in the prediction of emotional adjustment in family members of patients with firs t-episode schizophrenia. Acta Psychiatrica Scandinavica, 100, 359-366. doi: 10.1111/j.1600-0447.1999.tb10879.x        [ Links ]

Hobbs, T. R. (1997). Depression in the Caregiving Mothers of Adult Schizophrenics: A Test of the Resource Deterioration Model. Community Mental Health Journal, 33, 387-99. doi: 10.1023/A:1025070402153        [ Links ]

Jagannathan, A., Thirthalli, J., Hamza, A., Nagendra, H. R., & Gangadhar, B. N. (2014). Predictors of family caregiver burden in schizophrenia: Study from an in-patient tertiary care hospital in India. Asian Journal of Psychiatry, 8, 94-98. doi: 10.1016/j.ajp.2013.12.018        [ Links ]

Kate, H., Grover, S., Kulhara, P., & Nehra, R. (2013). Relationship of caregiver burden with coping strategies, social support, psychological morbidity, and quality of life in the caregivers of schizophrenia. Asian Journal of Psychiatry, 6, 380- 388. doi: 10.1016/j.ajp.2013.03.014        [ Links ]

Kung, W. W. (2003). The illness, stigma, culture or immigration? Burdens of Chinese American caregivers of patients with schizophrenia. Families in Society, 84(4), 547-557.         [ Links ]

Lim, Y. M., & Ahn, Y. (2003). Burden of Family Caregivers With Schizophrenic Patients in Korea. Applied Nursing Research, 16, 110-117. doi: 10.1016/S0897-1897(03)00007-7        [ Links ]

Loukissa, A. D. (1995). Family burden in chronic mental illness: A review of research studies. Journal of Advanced Nursin, 21, 248-255.         [ Links ]

Magliano, L., Fadden, G., Economou, M., Held, T., Xavier M., Guarneri, M., ... Maj, M. (2000). Family burden and coping strategies in schizophrenia: 1-year follow-up data from the BIOMED I study. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 35, 109-115. doi: 10.1007/s001270050192        [ Links ]

Magliano, L., Fadden, G., Madianos, M., Almeida, J. M. C., Held, T., Guarneri M., ... Maj, M. (1998a). Burden on the families of patients with schizophrenia: results of the BIOMED I study. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 33, 405-12. doi: 10.1007/s001270050073        [ Links ]

Magliano, L., Fadden, G., Economou, M., Xavier, M., Held, T., Guarneci, M., ... Maj, M. (1998b). Social and clinical factors influencing the choice of coping strategies in relatives of patients with schizophrenia. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 33, 413-9. doi: 10.1007/s001270050074        [ Links ]

Magliano, L., Guarneri, M., Marasco, C., Tosini, P., Morosini, P. L., & Maj, M. (1996). A new questionnaire assessing coping strategies in relatives of patients with schizophrenia: development and factor analysis. Acta Psychiatrica Scandinavica, 94, 224-228. doi: 10.1111/j.1600-0447.1996.tb09853.x        [ Links ]

Maurin, J. T., & Boyd, C. B. (1990). Burden of mental illness on the family: A critical review. Archives of Psychiatric Nursing, 4(2), 99-107.         [ Links ]

Moller-Leimkuhler, A. M. (2005). Burden of relatives and predictors of burden. Baseline results from the Munich 5-year-follow-up study on relatives of first hospitalized patients with schizophrenia or depression. European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, 255, 223-231. doi: 10.1007/s00406-004-0550-x        [ Links ]

Moller-Leimkuhler, A. M. (2006). Multivariate prediction of relatives' stress outcome one year after first hospitalization of schizophrenic and depressed patients. European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, 256, 122-130. doi: 10.1007/s00406-005-0619-1        [ Links ]

Moller-Leimkuhler, A. M., & Obermeier, M. (2008). Predicting caregiver burden in first admission psychiatric patients. 2-year follow-up results. European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, 258, 406-413. doi: 10.1007/s00406-008-0818-7        [ Links ]

Moller-Leimkuhler, A. M., & Wiesheu, A. (2012). Caregiver burden in chronic mental illness: the role of patient and caregiver characteristics. European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, 262, 157-166. doi: 10.1007/s00406-011-0215-5        [ Links ]

Nehra, R., Chakrabarti, S., Kulhara, P., & Sharma, R. (2005). Caregiver-coping in bipolar disorder and schizophrenia: A re-examination. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 40, 329-336. doi: 10.1007/s00127-005-0884-3        [ Links ]

Organização Mundial de Saúde – OMS. (2001). Relatório Mundial da Saúde. Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Lisboa: Divisão de Saúde Mental da OMS.

Ostman, M., & Hansson, L. (2001). The relationship between coping strategies and family burden among relatives of admitted psychiatric patients. Scandinavian Journal of Caring Sciences, 15, 159- 164. doi: 0.1046/j.1471-6712.2001.00020.x        [ Links ]

Pai, S., & Kapur, R. L. (1981). The burden on the family of a psychiatric patient: development of an assessment scale. British Journal of Psychiatry, 138, 332-335.         [ Links ]

Panzini, R. G., & Bandeira, D. R. (2007). Coping (enfrentamento) religioso/espiritual. Revista de Psiquiatria Clínica, 34, 126-135. doi: 10.1590/ S0101-60832007000700016        [ Links ]

Patrick, J. H., & Hayden, J. M. (1999). Neuroticism, coping strategies, and negative well-being among caregivers. Psychology and Aging, 4(2), 273-83. doi: 10.1037//0882-7974.14.2.273        [ Links ]

Perlick, D. A., Rosenheck, R. A., Miklowitz, D. J., Kaczynski, R., Link, B., & Ketter, T. (2008). Caregiver burden and health in bipolar disorder: A cluster analytic approach. The Journal of Nervous and Mental Disease, 196, 484-491. doi: 10.1097/NMD.0b013e3181773927        [ Links ]

Rammohan, A., Rao, K., & Subbakrishna, D. K. (2002a). Burden and coping in caregivers of persons with schizophrenia. Indian Journal of Psychiatry, 44(3), 220-227.         [ Links ]

Rammohan, A., Rao, K., & Subbakrishna, D. K. (2002b). Religious coping and psychological wellbeing in carers of relatives with schizophrenia. Acta Psychiatrica Scandinavica, 105, 356-362. doi: 10.1034/j.1600-0447.2002.1o149.x        [ Links ]

Rose, L. E. (1996). Families of psychiatric patients: a critical review and future research directions. Archives of Psychiatric Nursing, 10(2), 67-76.         [ Links ]

Saunders, J. C. (2003). Families living with severe mental illness: a literature review. Issues in Mental Health Nursing, 24, 175-198. doi: 10.1080/01612840390160711        [ Links ]

Scazufca, M., & Kuipers, E. (1999). Coping strategies in relatives of people with schizophrenia before and after psychiatric admission. British Journal of Psychiatry, 174, 154-151. doi: 10.1192/bjp.174.2.154        [ Links ]

Solomon P., & Draine, J. (1995). Subjective burden among family members of mentally ill adults: relation to stress, coping, and adaptation. American Journal of Orthopsychiatry 65, 419-27. doi: 10.1037/h0079695        [ Links ]

Tan, S. C., Yeoh, A. L., Choo, I. B., Huang, A. P., Ong, S. H., Ismail, H. Ang, P. P, Chan, Y. H. (2012). Burden and coping strategies experienced by caregivers of persons with schizophrenia in the community. Journal of Clinical Nursing, 21, 2410- 2418. doi: 10.1111/j.1365-2702.2012.04174.x        [ Links ]

Tessler, R. C., & Gamache, G. M. (2000). Family Experiences with Mental Illness. Westport: Auburn House         [ Links ]

Thara, R., Padmavati, R., Kumar, S., & Srinivasan, L. (1998). Burden assessment schedule: an instrument to assess burden on caregivers of chronic mentally ill. Indian Journal of Psychiatry, 40, 21-29.         [ Links ]

Webb, C., Pfeiffer, M., Mueser, K.T., Gladis, M., Mensch, E., DeGirolamo, J., & Levinson, D. F. (1998). Burden and well-being of caregivers for the severely mentally ill: The role of coping style and social support. Schizophrenia Research, 34(3), 169-180.         [ Links ]

Wrosch, C., Amir, E., & Miller, G. E. (2011). Goal adjustment capacities, coping, and subjective wellbeing: The sample case of caregiving for a family member with mental illness. Journal of Personality and Social Psychology, 100, 934-946. doi: 10.1037/a0022873.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência

Marina Bandeira
Universidade Federal de São João del-Rei
Departamento de Psicologia –
Laboratório de Pesquisa em Saúde Mental (LAPSAM)
Campus Dom Bosco
Praça Dom Helvécio, 74, Bairro: Fábricas
CEP: 36301-160 São João del-Rei/MG
E-mail: bandeira@ufsj.edu.br.

Recebido em 20/11/2014
Revisto em 07/03/2015
Aceito em 29/04/2015

Creative Commons License