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Psicologia em Pesquisa

versão On-line ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.9 no.2 Juiz de Fora dez. 2015

http://dx.doi.org/10.5327/Z1982-1247201500020004 

ARTIGOS

 

Especificidades do tratamento de mulheres usuárias de crack: interface com direitos humanos1

 

Treatment specificities for crack addiction in women: interface with human rights

 

 

Jéssica Limberger; Jaluza Aimèe Schneider; Ilana Andretta

Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O consumo de crack por mulheres é um problema de política pública cujo tratamento envolve desafios. Objetivou-se descrever as especificidades do tratamento de mulheres usuárias de crack, discutindo sua interface com os direitos humanos. Trata-se de um estudo quantitativo e descritivo com 36 mulheres em tratamento hospitalar por uso de crack que responderam a uma entrevista semiestruturada. Foi identificada predominância de mulheres solteiras, negras, de escolaridade e classe econômica baixa e que já eram mães. A falta de motivação e o preconceito dificultaram a procura por tratamento. Dentre os principais motivadores, destacou-se a possibilidade de se aproximar do filho, sendo esta uma reflxão a ser discutida. Portanto, enfatiza-se a importância de políticas públicas e tratamentos que contemplem as especificidades das mulheres, oportunizando o direito de saúde qualificada.

Palavras-chave: crack (droga); mulheres; direitos humanos.


ABSTRACT

Crack addiction in women is a public policy issue and its treatment involves challenges. The objective was to describe treatment specifiities for crack addiction in women, discussing their interface with human rights. This is a quantitative descriptive study, with 36 women who answered a semi-structured interview while they were hospitalized for crack addiction treatment. We identifid predominance of women who are single, black, low educated, low income, and mothers. Lack of motivation and prejudice inhibited the search for treatment. Among the main motivators, we draw attention to the possibility of approaching their children, which is an issue to be discussed. Threfore, we emphasize the importance of public policies and treatments that consider women's specifiities, providing the right to qualifid health care.

Keywords: crack (drug); women; human rights.


 

 

Os problemas relacionados ao uso de drogas se apresentam como uma importante questão de saúde pública em níveis nacional e mundial. No Brasil, destaca-se o alto índice de usuários de cocaína e seus derivados, principalmente o crack, o que classifia o País como o segundo maior consumidor de cocaína, segundo o Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD – Laranjeira et al., 2012), atrás apenas dos Estados Unidos. As repercussões do uso do crack vão além da funcionalidade física, incluindo impactos psicológicos, familiares e sociais. Isso leva à necessidade de identificar as especificidades da população usuária a fim da adequar os tratamentos às idiossincrasias dos usuários de drogas (Fischer et al., 2015; Spronk, Van Wel, Ramaekers, & Verkes, 2013).

O tratamento de mulheres usuárias de crack tem sido um desafico às políticas públicas e aos profissionais da saúde, pois apresenta características específicas que devem ser levadas em consideração. Dados da Pesquisa Nacional Sobre o Uso do Crack, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz em 2014, apontam que as mulheres relataram consumir 21 pedras de crack em dias de maior uso, enquanto os homens relataram consumir 13 pedras (Bastos & Bertoni, 2014). Tal aspecto já havia sido relatado em uma pesquisa brasileira realizada há uma década com usuários de cocaína na forma inalada, fumada e injetada, que apontou uso mais intenso entre as mulheres (Orsi et al., 2004).

Estudos têm relatado outras especificidades do uso de crack por mulheres, apresentando como fatores de risco: experiências de violência ao longo da vida, eventos traumáticos, uso de drogas por demais familiares e baixa escolaridade (American Psychiatric Association, 2014; Diehl, Cordeiro, & Laranjeira, 2011; Limberger & Andretta, 2015; Limberger, Nascimento, Schneider, & Andretta, 2016; Pedroso, Kessler, & Pechansky, 2013). Além disso, é recorrente o uso concomitante do crack com outras drogas (Costa, Soibelman, Zanchet, Costa, & Salgado, 2012), a prática da prostituição como maneira de obter crack (Pedroso et al., 2013) e o diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis (Correa, Matumoto, & Lonardi, 2008; Malta et al., 2008; Nappo, Sanchez, & Oliveira, 2011; Pinto, Tancredi, Buchalla, & Miranda, 2014; Von Diemen, De Boni, Kessler, Benzano, & Pechansky, 2010).

Dentre as especificidades das mulheres que necessitam de ajuda pelo uso do crack, destaca-se a questão da maternidade. Aspectos culturais, como o de que a mulher possui maior responsabilidade por seu filho do que o homem, tendem a reforçar o preconceito social, que inclui a visão dos próprios profissionais de saúde sobre a usuária de crack gestante, os quais avaliam seu uso como imoral (Cruz et al., 2014; Souza, Oliveira, & Nascimento, 2014). Dessa forma, muitas gestantes usuárias de drogas acabam não revelando o uso aos profissionais de saúde por medo de um novo julgamento, o que acarreta consequências negativas para a saúde da mãe e do feto (Grella, 2007; Kassada, Marcon, & Waidman, 2014).

Diante desse contexto, compreende-se que a contemplação das especificidades da população feminina nas políticas públicas brasileiras de atenção ao usuário abusivo de drogas é recente, sendo incluída apenas em 2003 na Lei no 10.683 (Brasil, 2003). Percebe-se que, mesmo com a inserção de tais políticas, o número de usuárias que buscam tratamento especializado ainda é baixo devido às dificuldades de acesso, que diminuem a motivação para buscar ajuda (Bungay, Johnson, Varcoe, & Boyd, 2010; Oliveira, Nascimento, & Paiva, 2007).

Avanços nas legislações e nas garantias de direitos são ainda insuficientes, pois persistem violações graves aos direitos humanos, como discriminação contra minorias e grupos vulneráveis (Trindade, 2009). Dessa forma, mulheres usuárias de crack sofrem diversos julgamentos: distanciam-se dos papeis sociais culturalmente esperados (esposa, mãe e cuidadora); sofrem com o preconceito presente nos diversos segmentos sociais e entre os próprios usuários (Oliveira, Paiva, & Valente, 2007; Romanini & Roso 2013; Souza et al., 2014) e são referidas como "sem-vergonha", "que não cuidam dos filhos", "que transmitem doenças" (Limberger & Andretta, 2015).

Tendo em vista a violação de direitos e a discriminação, é necessário atentar para o número de mulheres negras usuárias de crack que são excluídas da sociedade (Alves, 2014) e resistem em buscar ajuda e tratamento por receio de humilhações (Cruz et al., 2014; Grella, 2007). Além disso, por receio do preconceito e pela maior vulnerabilidade social e familiar, mulheres usuárias de crack encontram mais dificuldades do que os homens para se reinserir socialmente (Kuri, Alcaráz, & Cáceres, 2015).

A promoção de saúde e o respeito aos direitos humanos de usuários de drogas, especialmente das mulheres usuárias de crack, deve ser uma luta constante (Gelbcke & Padilha, 2004) no sentido de atender suas necessidades (Kuri et al., 2015; Oliveira, Nascimento, & Paiva, 2007). Para tanto, considerando-se que a maioria dos estudos nacionais e internacionais é voltada ao perfil dos homens usuários de drogas (Duailibi, Ribeiro, & Laranjeira, 2008; Palamar, Davies, Ompad, Cleland, & Weitzman, 2015), com carência de estudos sobre mulheres usuárias de crack na literatura brasileira (Pedroso et al., 2013), as pesquisas precisam avançar. Sendo assim, este estudo teve o objetivo de descrever as especificidades do tratamento de mulheres usuárias de crack, analisando sua interface com os direitos humanos.

 

Método

Trata-se de uma pesquisa descritiva, de caráter quantitativo e transversal (Sampieri, Callado, & Lucio, 2013), que constitui um recorte de uma pesquisa maior intitulada "Habilidades sociais, perfil clínico e cognitivo de mulheres usuárias de crack em internação hospitalar", aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, sob parecer nº 012/2015.

Participaram deste estudo mulheres de 18 a 59 anos que se encontravam entre o 7o e o 15o dia de internação para tratamento hospitalar do uso de crack. Foram excluídas, por apresentarem comprometimento na visão da realidade e na assimilação das informações (APA, 2014), mulheres com síndrome psicótica (verifcada por meio da entrevista clínica Mini International Neuropsychiatric Interview) e prejuízo cognitivo (verifcado por meio do Screening Cognitivo do WAIS-III).

Como instrumento, utilizou-se uma entrevista semiestruturada composta de dados sociodemográficos, critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5 (APA, 2014) para diagnóstico de Transtorno por Uso de Substâncias, questões fechadas sobre o uso de drogas por familiares e questões abertas sobre o tratamento (motivação, dificuldades encontradas, necessidades das mulheres para buscar tratamento, sentimentos sobre ser mulher e usar crack). A entrevista foi desenvolvida pelo grupo de pesquisa Intervenções Cognitivo Comportamentais: Estudo e Pesquisa, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

A coleta de dados foi realizada em hospitais da região metropolitana de Porto Alegre (RS) e da região noroeste do Rio Grande do Sul que dispunham de leitos de internação para pacientes de saúde mental. Tais hospitais caracterizavam-se como hospitais gerais, além de uma unidade de internação feminina anexa a um hospital geral, todos com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Após a autorização dos hospitais, mediante Carta de Anuência, as participantes foram convidadas a participar da pesquisa. O processo de consentimento livre e esclarecido se deu a partir da explicação dos objetivos e procedimentos da pesquisa, sendo assegurados o anonimato e a voluntariedade no estudo. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi lido em conjunto com as participantes, que concordaram em participar do estudo e assinaram-no.

Os dados foram coletados pelos integrantes do grupo de pesquisa, com treinamento e supervisão para a coleta de dados. Cada entrevista foi realizada individualmente, em uma sala do hospital que permitisse privacidade, com as informações anotadas pelos entrevistadores. A devolução dos resultados da pesquisa foi oferecida às participantes e aos hospitais mediante contato telefônico disponibilizado no TCLE.

Os dados foram analisados por meio do programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS)®, versão 20.0. A análise descritiva contemplou frequências, porcentagem, média e desvio padrão da amostra. Já as questões abertas foram agrupadas de acordo com as frequências das respostas.

 

Resultados

Participaram deste estudo 36 mulheres que se encontravam entre o 7º e o 15o dia de internação, com média de idade de 31,6 anos (DP=6,2). No que diz respeito à cor, 41,7% (n=15) se referiram como negras, 36,1% (n=13), como brancas e 22,2% (n=8), como pardas. A Tabela 1 apresenta os demais dados sociodemográficos.

 

 

A grande maioria das participantes (94,4%, n=34) referiu que seus familiares também têm ou tinham problemas com o uso de drogas. Ao serem questionadas sobre o que a família acha de seu uso de drogas, 36,1% (n=13) responderam que os familiares sofrem muito e percebem o uso do crack como prejudicial; 19,4% (n=7) relataram apoio familiar ao tratamento; 5,6% (n=2) declararam que a família acredita que o uso de drogas seja decorrência das "más companhias"; e 25% (n=9) relataram falta de apoio da família, sendo que 13,9% (n=5) disseram não ter mais contato com a família.

No que diz respeito ao tratamento, a maioria das mulheres (86,1%, n=31) afimou já ter realizado outro tipo de tratamento para o uso de drogas. Os tratamentos relatados foram: internação hospitalar (77,8%, n=28); Centro de Atendimento Psicossocial (36,1%, n=13); Comunidade Terapêutica (19,4%, n=7); tratamento ambulatorial em Unidades Básicas de Saúde (16,7%, n=6); consultório particular – psiquiatra (16,7%, n=6); Grupos de Narcóticos Anônimos ou Alcoólicos Anônimos (16,7%, n=6); e serviço de emergência (8,3%, n=3). Apenas uma participante (2,8%) relatou ter feito tratamento com psicoterapia em consultório particular.

As participantes relataram como motivação para a busca do tratamento os filhos em 33,3% (n=12), a necessidade de mudança de vida (25,5%, n=9) e os prejuízos causados pelo uso do crack (19,4%, n=7). Metade das mulheres (n=18) revelou a falta de força de vontade como principal empecilho à busca por tratamento, enquanto 41,7% delas (n=15) relataram a motivação própria como condição necessária para que mais mulheres busquem tratamento. Ao serem questionadas sobre sua autopercepção como mulheres usuárias de crack, 47,2% (n=17) descreveram se sentir "horríveis", caracterizando tal condição como "algo terrível" e de caráter negativo em suas vidas. Apenas três mulheres (8,3%) afirmaram que o prazer é maior que o prejuízo causado pelo uso do crack. As demais variáveis podem ser observadas na Tabela 2.

 

 

Discussão

O perfil encontrado neste estudo de mulheres jovens, negras, solteiras e com baixa renda se assemelha aos dados do Perfi Nacional do Uso de Crack e de outros estudos (Bastos & Bertoni, 2014; Cruz et al., 2014; Oliveira, Nascimento, & Paiva, 2007; Silva & Pereira, 2015). Nesse sentido, observa-se que esse público específico necessita de um tratamento pautado em suas necessidades. Tais aspectos também foram ressaltados em uma pesquisa multicêntrica realizada em serviços de saúde especializados com 1.068 mulheres, das quais 50,7% eram negras e 49,3% não negras, com diferenças estatisticamente significativas em relação ao nível de escolaridade, à renda mensal e às oportunidades de atendimento por profissionais da saúde (Lopes, Buchalla, & Ayres, 2007). Percebe-se, a partir da literatura, que os usuários de crack encontram dificuldades para se afastar da droga no decorrer do tratamento, ocorrendo novos episódios de consumo, que geram novas internações e diferentes tipos de tratamento (Gabatz et al., 2013; Guimarães, Santos, Freitas, & Araújo, 2008; Pedroso et al., 2013; Ribeiro & Laranjeira, 2012), fato confirmado pelas participantes deste estudo ao se referirem a internações anteriores.

A faixa etária de mulheres jovens usuárias de crack também deve ser considerada, tendo em vista que um estudo de revisão evidenciou que mulheres usuárias de droga diminuem a busca pelo tratamento no decorrer da vida (Greenfild et al., 2007). Os dados referentes à baixa escolaridade corroboram estudos realizados com mulheres usuárias de crack (Bastos & Bertoni, 2014; Cruz et al., 2014). Para a Associação Americana de Psiquiatria, a baixa escolaridade é um fator de risco para o uso de crack em mulheres (American Psychiatric Association, 2014). Tal questão deve ser considerada, uma vez que a realidade de muitas escolas acaba reproduzindo e mantendo as desigualdades sociais (Libâneo, 2012).

A educação constitui um direito humano fundamental e indispensável para o exercício dos demais direitos e deveres individuais (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, 2014). A não garantia da educação acarreta dificuldades futuras, como desemprego e baixa renda, condições também identificadas entre as mulheres deste estudo. As baixas condições econômicas evidenciadas, unidas ao preconceito relatado pelas mulheres, reforçam a necessidade de os tratamentos para usuárias de crack incluírem a busca por possibilidades econômicas alternativas, na perspectiva do direito de igualdade profissional entre gêneros (Bungay et al., 2010). Nesse sentido, a fim de que os direitos sejam garantidos e a inserção na sociedade seja promovida (Limberger & Andretta, 2015), o tratamento deve considerar o acesso à educação e à profissionalização.

A predominância de mulheres que relataram ter filhos corrobora os resultados de estudos realizados com a população feminina usuária de drogas (Cruz et al., 2014; Oliveira, Nascimento, & Paiva, 2007). O preconceito é reforçado quando, além de usuária de crack, a paciente é mãe. Nesse caso, ela passa a ser percebida como irresponsável e imoral, julgamento não formado tão fortemente sobre homens usuários que têm filhos (Cruz et al., 2014; Souza et al., 2014). Nessa perspectiva, um estudo de meta-análise americano apresentou dados consistentes de que tratamentos para uso de substâncias que incluem programas relacionados ao papel de ser mãe resultam na redução do consumo de drogas pelas mulheres usuárias (Milligan et al., 2010). Destaca-se a importância do preparo dos profissionais de saúde frente à visão das mulheres que são mães e usam crack, sem julgar ou reforçar o estigma associado a elas (Renner, Gottfried, & Welter, 2012). Assim, os tratamentos devem garantir o direito à saúde e a igualdade, tanto de homens quanto de mulheres, com filhos ou não, que devem ser tratados de forma adequada para um melhor prognóstico.

Os filhos também foram apontados como motivação para o tratamento, ainda que muitas mulheres declararam não conviver com eles. Tais dados se assemelham aos de uma pesquisa qualitativa brasileira realizada com 16 mulheres usuárias de crack, das quais 15 eram mães e apenas 2 conviviam com os filhos (Cruz et al., 2014). A pesquisa ressalta que, em muitos casos, as mães usuárias de crack veem o distanciamento dos filhos e a transferência de seus cuidados a outra pessoa como um comportamento adequado, pois reconhecem não ter condições de se responsabilizar por eles (Cruz et al., 2014). Nessa perspectiva, a diminuição dos problemas causados pelo uso do crack pode possibilitar o retorno ao convívio com os filhos, constituindo um motivador importante para o tratamento. Segundo Diehl, Cordeiro e Laranjeira (2011), promover a aproximação e o aumento da interação entre os filhos e as usuárias de substâncias em tratamento pode facilitar a recuperação, estimulando a paciente a cuidar de si para então cuidar dos filhos. Também se compreende que a motivação para o tratamento a partir da aproximação dos filhos pode ter sido produzida pela norma de gênero. Assim, é relevante garantir a autonomia da mulher usuária de crack. Entende-se que, quando os tratamentos são padronizados com intervenções diretivas para a busca do papel de mãe, infringe-se o direito de escolha dessa mulher, enquadrando-a no estigma social do feminino, representando ação contrária ao que preconiza os direitos humanos e reforçando o preconceito social. Dessa forma, os locais de tratamento para usuárias de crack devem oportunizar a aproximação com o filho se essa for uma vontade espontânea delas, com aceitação sobre a vontade individual caso esse não seja seu real desejo.

A falta de motivação se configurou como o principal empecilho na busca de ajuda pelas mulheres usuárias de crack. Diante da estigmatização social a que estão submetidas, observa-se a necessidade de estimular políticas públicas voltadas ao tratamento dessa população específica. As dificuldades de acesso, tanto estrutural quanto social, aos locais de tratamento interferem na diminuição de motivação para procurar auxílio especializado pelas mulheres usuárias de drogas (Bungay et al., 2010; Oliveira, Paiva, & Valente, 2007). Nesse cenário, o preconceito dos profissionais consiste em associar o uso de crack à criminalidade e à violência, sem considerar os aspectos sociais envolvidos no uso (Paula, Jorge, Vasconcellos, & Albuquerque, 2014). Tal preconceito deve ser superado a partir da formação profissional, com a visão estigmatizada sendo substituída pelo trabalho com responsabilidade social. Assim, a promoção do incentivo à busca de ajuda por mulheres usuárias de drogas, unindo-se à diminuição do preconceito dos próprios profissionais e à adequação aos modelos de tratamento para a população feminina, poderá aumentar a motivação delas para procurar apoio profissional.

Na maioria dos relatos das mulheres deste estudo, foi identificada a existência de outros familiares que possuem problemas com o uso de drogas. Tal aspecto é considerado um importante fator de risco para o início e a continuação do uso de crack entre a população feminina (Pedroso, 2013). Percebe-se que a existência de um relacionamento afetivo com um parceiro usuário de substâncias é um fator de risco para o início do uso de drogas, sendo uma maneira de fazer parte do mundo do companheiro e de ser aceita por ele (Cruz et al., 2014; Pedroso, 2013). Nessa perspectiva, entende-se a ideia dos familiares das participantes deste estudo de que o consumo de crack foi causado pelas "más companhias", uma vez que o companheiro e suas interações sociais são importantes fatores de risco para o uso de drogas. Além disso, a literatura evidencia o grupo familiar, quando constituído de integrantes usuários de drogas, como fator de risco para o retorno do uso de crack após o tratamento (Marangoni & Oliveira, 2013; Seleghim & Oliveira, 2013). Assim, é importante considerar o ambiente e o contexto social ao qual a usuária retornará após o tratamento, abrangendo aspectos que a auxiliem na manutenção do propósito buscado no tratamento, diminuindo os problemas relacionados ao uso de crack. Além disso, a inclusão dos familiares no tratamento pode produzir resultados positivos em longo prazo.

Em relação aos sentimentos sobre o uso de crack, a maioria das participantes expressou a vergonha, o preconceito e a humilhação sofridos. Uma pesquisa que analisou a imagem das mulheres usuárias de drogas na mídia brasileira destacou o estigma moral sofrido pelas usuárias de crack por não cumprirem o papel social esperado (Souza et al., 2014). Porém, o próprio papel social esperado revela um contexto de preconceito e desigualdade das mulheres no Brasil, descumprindo um dos princípios fundamentais dos direitos humanos sobre igualdade de gênero e tornando-as socialmente vulneráveis. Com isso, a normativa de gênero contribui para que os sentimentos vivenciados tenham caráter predominantemente depreciativo, já que apenas um fator, que se refere ao prazer como sendo maior que o prejuízo causado pelo crack, diverge da norma hegemônica de gênero. Nessa perspectiva, destaca-se a necessidade de promover a igualdade conforme preconizada pelos direitos humanos, o que implica reconhecer as diferenças, como os papéis sociais de gêneros, e a partir delas estimular atitudes que instiguem, de acordo com suas peculiaridades, a inserção social das populações de maior vulnerabilidade, como as mulheres usuárias de crack (Piovesan, 2005). Assim, é preciso identificar as particularidades das mulheres usuárias de crack, sendo que as violações de direitos exigem respostas diferenciadas, como um tratamento pautado em suas especificidades (Limberger & Andretta, 2015; Piovesan, 2005).

Diante desse contexto, percebem-se os inúmeros desafios presentes nos campos da atenção às mulheres usuárias de crack e da garantia de seus direitos. Torna-se imprescindível, portanto, considerar as dificuldades da inserção social dessas mulheres e elaborar estratégias que as auxiliem no enfrentamento do preconceito ao retornarem à vida profissional e familiar, garantido sua autonomia e desmistifiando a necessidade de se enquadrarem em um modelo social feminino (Bungay et al., 2010; Kuri et al., 2015). Nesse sentido, observa-se que a promoção de saúde possibilita a redução do uso de drogas ao considerar as necessidades do indivíduo em particular, respeitando seus direitos humanos e promovendo a equidade no atendimento (Gelbcke & Padilha, 2004).

 

Considerações fiais

A partir dos relatos das mulheres usuárias de crack, foi possível descrever questões específicas sobre o tratamento, como a importância de ações que promovam a motivação para a busca por ajuda e diminuam o estigma relacionado ao uso. O fato de a maioria das mulheres ter filhos, que constituem um dos principais motivadores para a procura por mudança de estilo de vida, reforça a importância de incluir questões sobre a maternidade durante o tratamento, garantindo a autonomia das pacientes. Considerando-se que a mudança de estilo de vida perpassa pela busca de um novo sentido nas relações, questões como o autocuidado como forma de ensaio para o cuidado com o outro também devem ser contempladas durante o período de internação hospitalar.

Observou-se também que o preconceito vivido por essa população acarreta maiores dificuldades de acesso e continuidade do tratamento. Muitas vezes, redes de apoio como a família e até mesmo os profissionais de saúde encontram dificuldades para aceitar e prestar auxílio a essas mulheres. Deve-se lidar com um histórico de preconceito que envolve anos de discriminação contra mulheres, sobretudo negras e usuárias de drogas, que precisam de ajuda especializada. Nessa perspectiva, enfatiza-se a importância dos direitos humanos para assegurar o direito à igualdade em tratamentos para usuários de substâncias. Tanto a mulher quanto o homem merecem cuidados pertinentes às suas peculiaridades, pois, independentemente do gênero, os usuários de crack precisam de ajuda especializada e de profissionais que garantam seu direito à saúde.

A principal limitação deste estudo se refere ao baixo número de participantes, não permitindo generalizar os resultados, sendo pertinente sua ampliação. Sugere-se que futuros estudos analisem em profundidade o significado da falta de força de vontade referida pelas mulheres como dificuldade no acesso ao tratamento. Além disso, profissionais da saúde devem promover uma discussão ampliada sobre os motivos que levam as mulheres a usarem e permanecerem usando drogas.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Ilana Andretta
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica
Avenida Unisinos, 950 – São João Batista
Escola da Saúde/ sala E01 119
CEP: 93022-000 – São Leopoldo/RS
E-mail: iandretta@unisinos.br

Recebido em 31/07/2015
Revisto em 30/09/2015
Aceito em 05/11/2015

 

 

1 Agradecimentos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela Bolsa de Mestrado e Doutorado da primeira autora.

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