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Psicologia em Pesquisa

versão On-line ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.11 no.1 Juiz de Fora jun. 2017

http://dx.doi.org/10.24879/2017001100100214 

ARTIGO ORIGINAL
10.24879/2017001100100214

 

Bem Estar Pessoal e Sentimento de Comunidade: um estudo psicossocial da pobreza1

 

Personal Well-being and Sense of Community: a psychosocial study of poverty

 

 

Bárbara Barbosa NepomucenoI; Marília Studart BarbosaII; Verônica Morais XimenesIII; Antônio Alan Vieira CardosoIV

IPrograma de Pós – Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza

IIPrograma de Pós – Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza

IIIPrograma de Pós – Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza

IVInstituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, Morada Nova

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O estudo objetivou analisar as implicações psicossociais da pobreza, a partir do bem estar pessoal e sentimento de comunidade, em populações de comunidades rural e urbana do Ceará (Brasil). A pesquisa quantitativa contou com amostra de 411 sujeitos adultos. Aplicou-se questionários compostos por: itens de identificação, Instrumento de Mensuração da Pobreza Multidimensional, Sense of Community Index (SCI) e Personal Well-Being Index (PWI). Os resultados indicam média de pobreza multidimensional no contexto rural (M=0,28) maior que no urbano (M=0,23), entretanto o primeiro apresenta maiores médias de sentimento de comunidade e bem estar pessoal. Tais categorias apresentam correlação positiva (r=0,305). Os aspectos psicossociais da pobreza interagem com o contexto sociocultural assumindo diferentes configurações nos cenários urbano e rural.

Palavras chave: Pobreza; Psicologia; Bem Estar Pessoal; Sentimento de Comunidade.


ABSTRACT

This study aimed to analyze the psychosocial implications of poverty based on Personal Well-being and on Sense of Community in populations of rural and urban communities of Ceará (Brazil). The quantitative research included a sample of 411 participants. The questionnaires were composed of identification items, Measurement Index of the Multidimensional Poverty, Sense of Community Index (SCI) and Personal Well-Being Index (PWI). The results indicate a mean of multidimensional poverty in the rural context (M = 0.288) higher than in the urban context (M = 0.23). However, the first one shows higher meanings of Sense of Community and Personal Well-being. These categories showed positive correlation (r = 0.305). The psychosocial aspects of poverty interact with the sociocultural context creating different configurations in the urban and rural areas.

Keywords: Poverty; Psychology; Personal Well-being; Sense of Community.


 

 

A pobreza, um fenômeno constituído e mantido no seio do capitalismo (Stotz, 2005), historicamente assumiu diferentes conceituações na busca por identificar um enquadramento para os sujeitos que se encontram em condição de privação e vulnerabilidade social (Accorssi, 2011; Loureiro & Suliano, 2009). Pesquisas sobre a pobreza destacam haver duas grandes perspectivas de análise: as unidimensionais e as multidimensionais (Accorssi, 2011; Moura Jr., Cidade, Ximenes & Sarriera, 2014). As primeiras analisam o fenômeno em função de apenas um único fator, como por exemplo, uma análise baseada nas necessidades nutricionais ou na abordagem monetária. Segundo Moura Jr., Cidade, Ximenes e Sarriera (2014), tais perspectivas são insuficientes a uma compreensão da experiência da vida em condições de pobreza, pois desconsidera, diversos aspectos como saúde, educação, trabalho, renda, lazer, esporte dentre outros. Destacam ainda, os autores, que a leitura do fenômeno unicamente sob o prisma monetário “... é portadora de elementos ideológicos, políticos e psicológicos específicos e limitados” (p.342).

O reconhecimento das limitações das análises unidimensionais e de que a pobreza se manifesta de maneira complexa possibilitou o surgimento das leituras multidimensionais da pobreza. Amartya Sen, economista indiano, trará importantes contribuições neste sentido. Segundo o mesmo, a pobreza deve ser compreendida como privação das capacidades básicas e da liberdade do indivíduo (Sen, 2010). Neste sentido, na análise do fenômeno devem-se considerar as diversas formas de privação: de igualdade de gênero, de acesso a serviços de saúde, de educação de qualidade, de segurança, da liberdade civil, política e da liberdade básica de sobreviver, dentre outras.

Ademais a pobreza influi na produção de formas singulares de estruturação do psiquismo. O fenômeno tem uma expressão inter e intrapsicológica que conduz ações, sentimentos e significações relacionados às privações vividas, que implicam um tipo de existência, uma forma de estar no mundo (Bastos, Rabinovich, & Almeida, 2010). Para Nepomuceno (2013, p.39) “. . . ser pobre não implica somente privação material, mas um modo de vida, uma expressão da existência possível a partir das pré-condições estruturais sociais e econômicas”.

Desta forma, compreende-se que a Psicologia pode trazer importantes contribuições na análise de categorias psicossociais como sentimento de comunidade, bem estar pessoal, dentre outras, pertinentes ao estudo da pobreza. Neste sentido, objetiva-se neste artigo analisar as implicações psicossociais da pobreza, a partir das categorias bem estar pessoal (Sarriera et al., 2012) e sentimento de comunidade (Sarason, 1974), em populações de uma comunidade rural e uma urbana do nordeste brasileiro.

Sentimento de comunidade, sentido de comunidade, senso de comunidade, sentido psicológico de comunidade são traduções possíveis para Sense of Community, termo criado por Seymour Sarason, em 1974 (Amaro, 2007). Apesar das múltiplas traduções possíveis, neste artigo, utiliza-se o termo Sentimento de Comunidade, por compreendê-lo como o que mais se aproximada da conceituação do autor, definido como “o sentimento de que somos parte de uma rede de relacionamentos de suporte mútuo, sempre disponível e da qual podemos depender” (Sarason, 1974, p. 1, tradução nossa). Considerado, portanto, como um sentimento de pertença a uma rede de relações, a interdependência voluntária e a mutualidade.

Segundo McMillan e Chavis (1986), o Sentimento de Comunidade constitui-se como o sentimento de ser parte da comunidade, de pertencer a esta, de se importar com as pessoas do lugar e de se sentir importante para elas. Relaciona-se a uma fé de que o compromisso de estar em coletividade é capaz de satisfazer necessidades pessoais. Considerando as contribuições do conceito para a análise do fenômeno da pobreza, cabe investigar como indivíduos e coletividades se organizam a fim de resolver problemáticas encontradas cotidianamente. Para McMillan e Chavis (1986), o sentimento de comunidade é composto por quatro dimensões: integração e satisfação das necessidades; filiação; influência e ligação emocional compartilhada. A dimensão filiação refere-se a um sentimento de perceber-se como membro, como parte de uma coletividade (McMillan & Chavis, 1986), envolve a história, a identidade social e os símbolos compartilhados em uma comunidade (Montero, 2004) e implica relações de lealdade (Marante, 2010). A influência, por sua vez, expressa uma relação bidirecional entre os membros de uma coletividade, na qual cada um influencia e é influenciado pelo grupo (McMillan & Chavis, 1986), sendo essa dimensão importante à unidade e coesão no grupo (Montero, 2004). A dimensão integração e satisfação das necessidades está relacionada ao sentimento de que as necessidades dos membros podem ser satisfeitas pelos recursos disponíveis graças à condição de ser parte do grupo (McMillan & Chavis, 1986). De acordo com Montero (2004), esta última relaciona-se aos benefícios que a pessoa pode adquirir por fazer parte da comunidade, como status, popularidade, valores compartilhados, ajuda material e psicológica, entre outros. E por fim, a dimensão ligação emocional compartilhada, destaca as relações de proximidade e os laços afetivos estabelecidos entre as pessoas da comunidade, o que possibilita uma história partilhada na qual as pessoas se identificam e incorporam suas histórias particulares (McMillan & Chavis, 1986).

Para Montero (2004), o conceito sentimento de comunidade não é de fácil definição e supõe uma concepção de comunidade, a partir da qual deve ser construído tal termo. Góis (2005) afirma ser a comunidade um espaço físico, cultural, social e psicológico, que possui uma dimensão física, geográfica-territorial. Tal autor apresenta uma concepção da comunidade na qual o sentimento de comunidade se faz necessário e imprescindível, no qual se fazem presentes os sentimentos de pertença, de partilha entre os membros e o estabelecimento de laços afetivos que possibilitam histórias de vida compartilhadas.

No intuito de investigar a importância do sentimento de comunidade, como um elemento protetivo a sujeitos e coletividades, estudos têm demonstrado seus efeitos positivos para indivíduos e comunidades, como a satisfação e qualidade de vida (Elvas & Moniz, 2010), o bem-estar (Morais, 2010), a qualidade de vida subjetiva percebida, autoconfiança e maior capacidade de mobilização e participação das pessoas na resolução de seus problemas (Prezza & Constantini, 1998). O sentimento de comunidade também contribui para o fortalecimento das redes comunitárias (Freitas & Montero, 2003) e do apoio social (Garcia & Herrero, 2006). Isso demonstra a importância das articulações entre pessoas e grupos unidos em prol de um objetivo comum, ampliando as possibilidades de desenvolvimento pessoal e local e de enfrentamento das adversidades cotidianas. Neste sentido, o sentimento de comunidade caracteriza-se como importante aos contextos de vulnerabilidade social, marcados pela pobreza e exclusão social.

Estudos sobre qualidade de vida e bem estar emergem de forma significativa a partir da década de 1960, no contexto de surgimento do Estado de Bem Estar Social no período pós Segunda Guerra. Com a criação de tais conceitos teóricos, busca-se avaliar e medir as condições de vida das pessoas e possibilitar a realização de ações que alterem os processos de marginalização social de contextos específicos (Martínez, 2004).

Assim como no conceito de sentimento de comunidade, uma das características da categoria bem estar é sua diversidade teórica, que pode ser verificada na multiplicidade de termos bem estar pessoal, bem estar psicológico, satisfação com a vida, entre outros, muitas vezes usados como sinônimos (Benatuil, 2003). Segundo Benatuil (2003), a grande quantidade de estudos empíricos sobre bem estar não tem sido acompanhados do desenvolvimento de constructos teóricos que os respaldem. Neste estudo, opta-se pelo termo bem estar pessoal uma vez que ele tem sido a expressão mais utilizada nas pesquisas (Sarriera et al., 2012) e por se mostrar como satisfatório para as finalidades deste artigo.

O bem estar pessoal se refere a “sentir-se globalmente bem ao longo do ciclo vital” (Sarriera et al., 2012, p. 92). O estudo de tal categoria busca compreender variáveis que envolvem uma avaliação global sua vida como globalmente, em função dos aspectos satisfatório e insatisfatórios. Segundo Casas e Bello (2012, p. 29, tradução nossa), “o bem-estar subjetivo para muitos autores é fundamental sentir-se bem, desfrutar e estar contente”. Cummins, Eckersley, Pallant, Van Vugt e Misajon (2003) analisam o bem estar pessoal a partir das dimensões: nível de vida, saúde, realização na vida, relacionamentos, segurança, conexão com a comunidade, futuro e espiritualidade/religião que estão compostas na Escala de Bem Estar Pessoal (Personal Well-Being Index- PWI) que avalia a média de satisfação do sujeito nesses diferentes âmbitos da vida.

O estudo sobre bem estar pessoal em populações pobres se justifica na medida em que a pobreza implica uma série de desdobramentos psicológicos, que repercutem nessas dimensões anteriormente mencionadas. Independente da perspectiva de pobreza adotada, os estudos revelam que o baixo bem estar está associado a um conjunto de carências da vida nessas condições (Lever, Piñol & Uralde, 2005). É importante destacar que a relação entre o bem estar pessoal e a pobreza também ganha relevância quando se parte de uma compreensão multidimensional (Sen, 2010) desta, considerando suas implicações psicológicas (Cidade, Moura Jr., & Ximenes, 2012).

Desta forma, investigações sobre bem estar pessoal e sentimento de comunidade podem contribuir para uma maior compreensão das implicações psicossociais da pobreza na vida dos sujeitos, uma vez que tais categorias expressam tanto aspectos que priorizam a vida pessoal dos indivíduos quanto da vida destes em coletividade/comunidade. Desta forma, permite-se uma avaliação do impacto subjetivo da vivência dos sujeitos em contextos de privação, como também, o conhecimento de estratégias de enfrentamento às adversidades vividas cotidianamente.

 

Método

A presente pesquisa se caracteriza como exploratória, tendo por finalidade conhecer as variáveis de estudo tal como se apresentam, seu significado e o contexto onde se inserem (Piovesan & Temporini, 1995). A pesquisa teve um caráter quantitativo, utilizando-se de um questionário composto por questões sociodemográficas e por escalas psicométricas.

 

Participantes

A pesquisa foi realizada em duas comunidades do Estado do Ceará: uma situada no contexto urbano, localizada na periferia de Fortaleza e outra no contexto rural, localizada em Apuiarés, distante 134 km da capital. Ambas as comunidades foram escolhidas por serem lócus de projetos de atuação, nos quais os pesquisadores envolvidos participavam, o que facilita a inserção no campo de pesquisa, além de se configurarem como comunidades em condições de vulnerabilidade social.

A comunidade urbana possui uma população de 37.758 habitantes, dos quais aproximadamente 8,11% vivem em extrema pobreza (IPECE, 2012). Em relação índices de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), obteve a pontuação média de 0,403, abaixo da média da capital (Universidade Estadual do Ceará, 2011). A comunidade rural, localizada na zona rural a 24 km da sede de Apuiarés, pertence a um município com população estimada em 13.925 habitantes, média do IDH-M de 0,618 e com 37,84% da população rural vivendo em extrema pobreza (IPECE, 2013). As atividades prioritárias que garantem a subsistência da população local, são: agricultura familiar, benefícios sociais, funcionalismo público e aposentadorias.

A amostra geral da pesquisa foi composta por 417 sujeitos, sendo 28,1% homens (N= 177) e 71,9 % mulheres (N=299), de idade entre 18 e 88 anos e 208 moradores da comunidade de rural e 209 da urbana. Com relação à renda familiar, 25,2% (N=105) das pessoas têm renda mensal inferior à 85 reais, 54,7% (N=228) possuem renda entre 85 e 678 reais e 20,1% (N=84) das pessoas possuem uma renda superior à 678 reais. Os critérios utilizados para a escolha dos participantes do estudo foram: ter mais de 18 anos, morar na comunidade por no mínimo 1 ano, declarar sua anuência ao estudo após ciência do termo de consentimento e demais informações sobre a pesquisa.

 

Procedimentos de Construção e Análise dos Dados

Na coleta de dados foram aplicados questionários com questões fechadas de forma individual nas casas das pessoas. Durante este momento foram priorizadas regiões onde se concentravam as populações mais vulneráveis, tal escolha foi orientada por informantes chaves da comunidade (lideranças comunitárias, profissionais de políticas públicas e projetos sociais). Os questionários continham os seguintes componentes: Itens de identificação do perfil da amostra, Instrumento de Mensuração da Pobreza Multidimensional, Sense of Community Index (SCI) e o Personal Well-Being Index (PWI).

O Instrumento de Mensuração da Pobreza Multidimensional, elaborado por Ximenes, Moura Júnior, Cruz, Silva e Sarriera (2016), visa avaliar a pobreza multidimensional a partir de 24 itens que se agrupam em 5 grandes dimensões, a saber: habitação, escolaridade, trabalho/renda, saúde e aspectos subjetivos da pobreza. O instrumento mensura a pobreza multidimensional, a partir da metodologia de conjunto fuzzy que indica diferentes graus de realização de cada indicador. Desta forma, os itens recebem uma pontuação entre 0 e 1, na qual quanto mais próximo de 1, mais pobres são os sujeitos e quanto mais próximo de 0, menos pobres serão. Cada dimensão possui o mesmo peso na composição da média final gerada.

O Sense of Community Index (SCI), elaborado por McMillan e Chavis (1986), se propõe a avaliar o Sentimento de Comunidade a partir das dimensões filiação; influência; integração e satisfação de necessidades; e ligações emocionais partilhadas. Já o Personal Well-Being Index – PWI (Cummins et al., 2003) é composto por itens que avaliam a média de satisfação com diferentes âmbitos da vida através de uma escala Likert, a saber: nível de vida, saúde, realização na vida, relacionamentos, segurança, conexão com a comunidade, futuro, segurança e espiritualidade/religião. Ambas as escalas utilizadas no estudo foram validas para o Brasil.

Os dados provenientes do questionário foram organizados a partir do pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) 20.0 e realizadas as seguintes análises: estatística descritiva, Teste t de Student para amostras independentes, correlação de Pearson e correlação de Spearman. Em respeito aos parâmetros e itens que regem a Resolução 466, de 2012, do Conselho Nacional de Saúde do Brasil, que regulamenta pesquisa com seres humanos no Brasil, a pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, sendo aprovada com CAAE: 07810512.3.0000.5054 e Parecer Nº 191.508.

 

Resultados

Com um número válido de 411 sujeitos, a média geral do Instrumento de Pobreza Multidimensional (IPM) foi de 0,25 (DP=0,11). Os resultados em função do contexto apontam que a média de pobreza do contexto rural (M=0,288; DP= 0,10) é maior que a do urbano (M=0,23; DP=0,11), sendo a diferença entre elas significativa (t(339)=-4,649, p=0,00). A análise de correlação entre pobreza e bem estar pessoal indica que a relação entre as variáveis é negativa e significativa no contexto urbano (r=-0,25, p < 0,001) e negativa e não significativa no contexto rural (r=-0,51, p > 0,001). Considerando as relações entre variáveis pobreza e sentimento de comunidade, esta não foi significativa no contexto urbano (r= 0,88, p > 0,001), assim como no contexto rural (r= -0,73, p > 0,001).

Tomando a análise das variáveis anos de estudo e renda individual e familiar, em função da variável dependente bem estar pessoal observa-se que: a relação desta com anos de estudo ocorreu de forma negativa e estatisticamente significativa (rs= - 0,25, p = 0,000); e com renda familiar (r= 0,66, p > 0,001) e individual (r= 0,15, p > 0,001) não implicou em médias de bem estar pessoal significativamente diferentes. A média de bem estar pessoal das pessoas que não estudaram (M= 8,42, DP=1,63) foi maior do que a encontrada entre os que estudaram 12 anos ou mais (M= 7,62, DP=1,51). Considero a análise das mesmas variáveis independentes com sentimento de comunidade, os resultados indicam que: a relação é negativa e significativa entre anos de estudo sentimento de comunidade (r=- 0,274, p=0,000); e não é significativa entre renda individual (rs = 0,129, p> 0,001) e renda familiar (rs = - 0,013, p> 0,001).

A média geral do Sentimento de Comunidade foi de 2,37 (DP=0,55), que se situa no intervalo entre os valores moderado e baixo. Na Tabela 1, pode-se observar a média e o desvio padrão dos itens da escala de Sentimento de Comunidade ligados às dimensões integração e satisfação das necessidades; filiação; influência e ligação emocional compartilhada de cada uma das comunidades.

 

 

A realização do Test t, para amostras independentes, revela que a diferença das médias do Sentimento de Comunidade entre os contextos urbano e rural é significativa (t (399) = -8,293, p=0,000). Na comunidade rural, a média foi de 2,58 (DP= 0,36), enquanto que na urbana essa média foi menor, sendo 2,15 (DP= 0,62). Considerando a amostra total, o item com maior nível de concordância entre os entrevistados, de acordo com a Tabela 1, foi “Eu me sinto em casa nesse bairro” (M=2,92; DP=0,97), seguido pelo item “Eu consigo reconhecer muitas pessoas que vivem no meu bairro” (M= 2,80; DP= 0,91). Ambos os itens relacionam-se à dimensão filiação (McMillan & Chavis, 1986).

Os dois itens, de acordo com a Tabela 1, que obtiveram a menor pontuação, na amostra total foram: o “Eu me importo com o que os meus vizinhos pensam das minhas ações” (M=1,58; DP=1,19) e o “Se houver um problema nesse bairro as pessoas que vivem aqui podem resolvê-lo” (M=1,96; DP=1,07), ambos relacionados à dimensão influência.

De acordo com os resultados da amostra, existe uma correlação positiva entre as médias do bem estar pessoal e do sentimento de comunidade (r= 0,305, p<0,001). No que concerne aos resultados específicos ao bem estar pessoal (Tabela 2), a média geral da amostra de sujeitos das comunidades urbana e rural foi de 7,96 (DP= 1,51), o que é considerada uma média alta, tendo em vista a variação entre 0 e 10. Levando-se em consideração as amostras rural e urbana os resultados revelam que a média de bem estar na comunidade rural (M=8,28, DP= 1,27) foi maior do que na comunidade urbana (M=7,64, DP=1,67). Essa diferença foi estatisticamente significativa (t (386) = -4,203, p < 0,001).

 

 

Conforme pode-se observar na Tabela 02, o item da escala PWI que teve a maior média, para a amostra total, foi o “Satisfação em relação à espiritualidade ou crenças religiosas” (M= 8,84, DP= 1,84), seguido do “Satisfação com as relações com outras pessoas” (M=8,38, DP=1,997). Percebe-se que a menor média de Bem Estar Pessoal (M= 6,75, DP= 3,07) foi encontrada no item “Satisfação com a sensação de estar seguro”, apresentando média de 6,02 (DP= 3,33) na comunidade urbana e 7,49 (DP=2,59) na comunidade rural.

 

Discussão

Os maiores indicadores de pobreza multidimensional no contexto rural quando comparados ao urbano corrobora com a literatura científica disponível (Soares, Souza, Silva, Silveira, & Campos, 2016). Somado a isto, o fato de que mesmo em piores condições de pobreza o contexto rural apresentar maiores indicadores de bem estar pessoal e sentimento de comunidade, explicita a complexidade necessária na leitura da realidade social da pobreza, que deve sempre considerar as características do contexto social, regional e local onde se expressa.

A manifestação de um maior sentimento de comunidade no contexto rural pode relacionar-se às configurações do contexto urbano. Tal fato corrobora os estudos de Prezza e Constantini (1998) que revelam uma maior média do sentimento de comunidade em cidade de pequeno porte. Ximenes e Moura Jr. (2013) destacam como próprias ao urbano a grande mobilidade, o medo da violência e uma grande valorização da individualidade. Para tais autores, no espaço rural, fortemente marcado pela pobreza, percebe-se uma maior vinculação entre os moradores e familiares. Entretanto, a pontuação baixa a moderada do sentimento de comunidade nos dois cenários, pode indicar que o campo, na atualidade, também está sendo atravessado pela valorização do individualismo e pela fragilização os laços sociais, próprias à cultura capitalista.

Considerando as altas médias de bem estar pessoal encontradas, Dela Coleta, Lopes e Dela Coleta (2012) afirmam que sujeitos brasileiros tendem a se posicionar em torno da média ou em posição superior em relação a sujeitos de outros países nos aspectos que mensuram felicidade e bem-estar, mesmo quando se controlam os efeitos relacionados aos fatores econômicos. Casas e Bello (2012) destacam a presença de um otimismo vital no funcionamento normal do bem-estar em todas as culturas, propondo a existência de uma homeostase cultural do bem estar. As maiores medias de bem estar pessoal, encontrados na comunidade rural, coadunam com os estudos de Cummins et al. (2003) que afirmam haver uma maior média em populações rurais.

O fato de que as variações de renda dos sujeitos não implicaram em diferenças significativas nas médias de bem estar pessoal vão de encontro a outras pesquisas que evidenciam correlações positivas e significativas entre felicidade e renda (Oliveira et al., 2009; Dela Coleta, Lopes & Dela Coleta, 2012). Esse resultado reforça a afirmação de Diener e Seligman (2004) de que o progresso econômico, apesar de poder melhorar a qualidade de vida das pessoas, já não serve como um forte medidor de bem estar por haver discrepâncias substanciais entre os índices econômicos e outras mensurações que compõem a avaliação do bem estar.

A variável anos de estudo evidenciou que quanto maior o grau de instrução, menor os indicadores de bem estar. Tal resultado pode estar relacionado ao fato de que quanto mais escolarizados, os sujeitos tenderão a avaliar a vida a partir de uma gama maior de fatores, isto pode levar a uma maior insatisfação com a vida. Outro fator pode ser a presença de um maior conformismo entre pessoas de baixa escolaridade, o que pode favorecer a uma cultura de resignação, do “não reclamar” mesmo frente à grandes adversidades vividas. Sobre este último ponto, Góis (2005) destaca a presença de uma ideologia de submissão e resignação fortemente presente na sociedade, em especial entre pessoas em situações de maior vulnerabilidade social.

Os resultados que mostram que maiores médias de bem estar pessoal relacionam-se com maiores médias de sentimento de comunidade confirmam os estudos de Amaro (2007), Elvas e Moniz (2010) e Morais (2010). Tal resultado corrobora a questão de que vínculos sociais está relacionada a aspectos relativos ao bem estar. De acordo com Diener e Seligman (2004), este pode ser percebido através da qualidade das relações sociais das pessoas, do apoio que recebem umas das outras e do pertencimento social. Demonstram, ainda, que as pessoas tendem a apresentar sofrimento quando têm restritas redes sociais ou quando têm relações frágeis dentro destas. Neste sentido, se questiona se a participação em grupos pode ser um fator favorável ao bem-estar. Por conseguinte, pode-se problematizar se ao trabalhar o fortalecimento das redes comunitárias, pode-se esperar benefícios como a melhoria do bem estar e qualidade de vida de pessoal e das comunidades, assim como a ampliação do apoio social. Este último, segundo Silva, Feitosa, Nepomuceno, Silva, Ximenes e Bomfim (2016), é um importante recurso de enfretamento às problemáticas da vida em condições de pobreza.

Os resultados apresentados em relação ao sentimento de comunidade revelaram que os itens da dimensão “Filiação” (McMillan & Chavis, 1986) tiveram as maiores médias, o que revela um território físico e emocional que define o que faz parte ou não da coletividade, fundamental à existência de um sentimento de segurança emocional nos sujeitos da comunidade (Amaro, 2007). Os itens da dimensão “Influência” apresentaram as menores médias, o que revela uma fragilidade no sentimento de coesão do grupo, na percepção de que os sujeitos se influenciam mutuamente, assim como de que podem interferir no desenvolvimento da comunidade, aspectos que, segundo Montero (2004), são fundamentais à participação comunitária.

A fragilização dos laços comunitários acaba por desmobilizar a organização comunitária, enfraquecendo a capacidade de ação dos sujeitos em prol de uma transformação da realidade. Tal fenômeno deve ser analisado sob as perspectivas macro e micro das relações sociais dentro da sociedade capitalista neoliberal contemporânea e das suas formas atuais de sociabilidade. Estas são fortemente marcadas pela globalização e fragilização dos regionalismos, pelo individualismo e crescente presença das relações voláteis, marcadas por descontinuidades e rupturas (Bauman, 2008). Isto dificulta a formação de identidades coletivas, compreendidas como “um processo dinâmico de construção de práticas coletivas que criam um conjunto de significações interpretativas da estrutura e da hierarquia societal” (Prado, 2005, p. 53).

As maiores médias na escala de bem estar pessoal, relacionadas à satisfação com a espiritualidade e com as crenças religiosas, demonstram que o apoio da igreja e a experiência de fé aparecem como aspectos de suprimento das necessidades dos sujeitos. Os estudos de Diener e Seligman (2004) destacam que pessoas religiosas tendem, em média, à experiência de maior bem estar pessoal, quando comparadas a pessoas não-religiosas. A espiritualidade e a crença religiosa podem configurar-se ora como mecanismos de libertação ora como expressão do fatalismo (Cidade, 2012). A vivência da espiritualidade, em contextos marcados pela pobreza, tem o duplo poder de ressignificar as situações de opressão, possibilitando um poder de reação e por outro, reforçar posturas de resignação frente ao presente e ao futuro, percebendo a vida como um destino dado e incapaz de mudá-lo (Lima & Valla, 2005).

A insatisfação em relação à sensação de segurança, presente nos sujeitos da comunidade urbana, relaciona-se tanto à problemática da violência vivida pela comunidade, como à estigmatização do território como violento. Tal questão se apresentou em menor proporção no contexto rural.

 

Considerações finais

Estudar a pobreza em uma perspectiva multidimensional, estando atentos às implicações psicossociais que atravessam a sua produção, perpetuação e vivência requer dos pesquisadores o desenvolvimento de instrumentais diversificados e adequados a realidade sociocultural a ser investigada. Fica explicitado, neste estudo, que a vivência da pobreza ocorre de forma diferenciada nos contextos rurais e urbanos. No rural, a pobreza apresentará maiores indicadores, entretanto terá maiores indicadores de bem estar pessoal. O sentimento de comunidade apresenta resultados moderados a baixo tanto no contexto rural quanto no urbano, porém a diferença entre os dois cenários é significativa. Isto revela que na atualidade, considerando o cenário estudado, no contexto rural as pessoas apresentam maiores indicadores de sentimento de comunidade. A situação de pobreza multidimensional não influenciou em diferenças significativas de sentimento de comunidade.

Os dados conduzem a problematizações de que em uma sociedade fortemente marcada pelo individualismo e meritocracia, as pessoas podem apresentar elevados indicadores de bem estar, mesmo em contextos de fragilização dos laços sociais, do sentimento de comunidade e de redes de apoio social. Em se tratando do fenômeno da pobreza, tais perspectivas individualistas e reducionistas podem incidir sobre a perpetuação de uma cultura de naturalização da pobreza e culpabilização do pobre por sua condição.

Evidencia-se a necessidade do desenvolvimento de novas pesquisas que explorem as implicações da pobreza no bem estar pessoal e no sentimento de comunidade em diferentes regiões do país. Assim como o desenvolvimento de estudos que possam explorar mais a fundo a relação das categorias com diversas variáveis (como renda, escolaridade) que contribuem para uma leitura da pobreza, a partir de uma perspectiva multidimensional.

 

Referencias

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Recebido em 04/01/2017
Aceito em 17/03/2017

 

Endereço para correspondência:
Bárbara Barbosa Nepomuceno
Rua República da Armênia, 900, Água Fria
CEP: 60821-760 – Fortaleza/Ceará.
Email: bbnepomuceno@yahoo.com.br

 

 

1Agradecimentos ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI e o Ministério da Educação, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo financiamento da pesquisa através do Edital MCTI /CNPq /MEC/CAPES N º 07/2011.

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