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Psicologia em Pesquisa

On-line version ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.12 no.3 Juiz de Fora Sept./Dec. 2018

http://dx.doi.org/10.24879/2018001200300578 

Artigo Original

10.24879/2018001200300578

 

Resiliência e Escolarização: processo de enfrentamento das adversidades vivenciadas no Ensino Médio

 

Resilience and Schooling: a process of coping with adversities experienced in High School

 

Fauston Negreiros I; Janaina Oliveira Rocha II

I Psicólogo, Mestre e Doutor em Educação. Professor do Departamento de Psicologia e Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Piauí/UFPI. http://orcid.org/0000-0003-2046-8463

II Graduanda de Psicologia da UFPI. Bolsista de Iniciação Científica pelo CNPQ. Membro do Núcleo de Pesquisas e Estudos em Desenvolvimento Humano, Psicologia da Educação e Queixa Escolar/PSIQUED. https://orcid.org/0000-0003-0951-0544

 

 


Resumo

Este estudo objetiva analisar a emergência da resiliência em meio à resolução de problemas no processo de escolarização de estudantes do Ensino Médio. Participaram 204 estudantes, 54,4% do sexo feminino e 44,6% do sexo masculino, com idade média de 15 anos. Utilizou-se um questionário sociodemográfico e uma pergunta norteadora. As análises foram feitas pelo software IramuteQ®. Os resultados indicam que os estudantes utilizam diversas estratégias de enfrentamento das adversidades, a maioria delas mediadas pela relação com o outro. Pontua-se a necessidade de investimento na formação docente, para que estes apreendam os sentidos do desenvolvimento da resiliência e na parceria família e escola, pois podem atuar como redes de proteção e promoção de uma educação integral e contextualizada.

Palavras-chave: escolarização; resiliência; ensino médio.


Abstract

This study aims to analyze the resilience emergence in the midst of solving problems in schooling process of High School students. There were 204 students, 54, 4% female and 44, and 6% male, with average age of 15 years old. A sociodemographic questionnaire and a guiding question were used. The analyses were carried out through SPSS and IramuteQ® Softwares. The results suggest that the students use different strategies of coping with adversities, most of them mediated by the relationship with the other. There is the need to invest in teacher training, so that they can understand the meaning of resilience development and the family and school partnership, since they can act as networks of protection and promotion of a whole and contextualized education.

Keywords: Schooling, Resilience, High School.

 

 

O processo de escolarização no sistema educacional brasileiro tem sido marcado por índices de abandono e reprovação escolar, evidenciados na literatura (Baeta, Rocha & Brandão, 1982; Damasceno & Negreiros, 2018; Patto, 1997). Por outro lado, percebe-se que pouco se fala sobre resiliência e modos de potencializar seu desenvolvimento no ambiente escolar, no intuito de que se estenda para além deste.

Segundo Yunes (2003) e Lettnin et al. (2014) o conceito de resiliência surgiu nas áreas da Física e da Engenharia a fim de nomear a capacidade dos materiais de absorver energia e não se deformar. Yunes (2003) aponta que a resiliência passou a ser estudada na Psicologia somente a partir das décadas de 1970/1980. Com os avanços da Psicologia Positiva, nos anos 2000, os estudos sobre resiliência foram expandidos, de modo que a compreensão sobre tal construto passou a se referir a uma vida saudável, porém sem tanta precisão na definição do conceito, como na Física e na Engenharia. A autora ainda pontua que tal imprecisão se deve às múltiplas áreas estudadas pela Psicologia.

Ainda nesse período, as definições de resiliência se voltam para os aspectos individuais dos sujeitos, ou seja, o construto passa a ser considerado uma característica, assim fala-se em pessoas “inabaláveis” ou “invulneráveis” diante das adversidades. Desse modo, a própria ciência psicológica contribui para o processo de individualização e culpabilização do sujeito, ao deslocá-lo de um contexto que influi diretamente no seu modo de ver e conceber o mundo. Tal esvaziamento ou reducionismo da compreensão de resiliência pode contribuir inclusive para os processos de patologização e medicalização dos indivíduos, haja vista que tende a torná-los os únicos responsáveis pelo seu desenvolvimento (Sakotani, 2016).

Sob a perspectiva histórico-dialética, a noção de resiliência é ampliada, reconhecida como um processo pluralista e que envolve tanto o indivíduo, quanto tudo que o cerca, desse modo é um processo também interativo, que possibilita ao indivíduo explorar recursos que mantenham seu bem-estar ao passo em que os ambientes aos quais tal indivíduo pertence, quer sejam físicos ou sociais, são capazes, de maneira suportiva, de oferecer esse bem-estar com base nos mecanismos existentes e possíveis (Yunes, 2003; Libório & Ungar, 2010; Coimbra & Morais, 2015; Sakotani, 2016).

Com isso, acentua-se que a apreensão da resiliência não se restringe à superação momentânea de determinada dificuldade, mas um caminho a ser trilhado pela via da construção de uma consciência crítica do indivíduo. Isso posto, observa-se a relevância de a escola considerar o fator de desenvolvimento da resiliência como uma prática a ser incorporada pedagogicamente no seu contexto (Coimbra & Morais, 2015) a fim de prevenir o desenvolvimento de fenômenos como o fracasso escolar, que se caracteriza como um dos problemas mais desafiadores na educação, que emerge nos primeiros anos do Ensino Fundamental e segue nas séries subsequentes até o Ensino Médio.

O fracasso escolar é compreendido como sendo a não apropriação, por parte do aluno, do aprendizado escolar. Em outras palavras, os conceitos, valores, e conhecimento não são internalizados pelo aluno (Damasceno & Negreiros, 2018; Patto, 2008; Pereira, Batista & Bonadiman, 2018). Esse fenômeno é amplamente visualizado nas classes mais populares, fato que tem raízes fincadas tanto no processo de individualização, reducionismo e culpabilização do sujeito pela sua condição, quanto na concepção de escola enquanto espaço produtor de desigualdades, construída e reforçada pelo ideário neoliberal, que se utiliza do discurso meritocrático para ampliar as diferenças, sobretudo entre classes, realidade bastante comum no âmbito escolar (Negreiros, Silva, Sousa, & Santos, 2017; Patto, 1987; Soares, 2015).

Por se configurar como a última etapa da Educação Básica obrigatória, o Ensino Médio costuma ser um período em que os estudantes são cobrados por bons resultados e por se decidirem profissionalmente, de modo que, a depender do modo de vida de cada um, muitos, por exemplo, são levados a escolher uma carreira profissional que se inicia com o ingresso no Ensino Superior, enquanto outros, por escolha ou falta dela, enveredam pelo campo do trabalho, seja formal ou não.

Conforme dados da 1ª Gerência Regional de Educacional/GRE (2016)¹ da cidade de Parnaíba, os índices de reprovação escolar oscilam entre 22,6%, e 33,6% em turmas do 2º ao 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, ou seja, números que podem indicar a necessidade de promoção de estudos contemplando a descrição dos sentidos atribuídos ao sucesso e à resiliência educacional, expressos em meio às queixas escolares emergentes em escolas públicas e privadas.

Compreender como se dá (ou não) o processo de desenvolvimento da resiliência por parte dos estudantes pode contribuir para o surgimento de novas formas de pensar a escola e, consequentemente, possibilidades de ação que promova sucesso e bom êxito escolar. Sem deixar de evidenciar que é papel da escola a promoção de senso crítico dos alunos a fim de que estes se desenvolvam em direção a uma autonomia que considera o crescimento e superação pessoal das adversidades, mas, para além disso, que enaltece e potencializa uma consciência coletiva de direitos e superação dos problemas sociais extensamente produzidos ao longo da história (Coimbra & Morais, 2015).

O conceito de resiliência propagado no ambiente escolar costuma ser voltado para um enfrentamento de adversidades de modo individualizado e que deve resultar em sucesso escolar, entendido como bom desempenho comprovado por meio de notas. Dessa maneira, o estudante é estimulado a superar-se, sem que as variáveis que o influenciam sejam consideradas. Tal perspectiva se relaciona com o conceito de resiliência em-si posto que se refere a um enfrentamento parcial das adversidades vivenciadas pelo indivíduo. É tido como um processo parcial do indivíduo, pois conforme Coimbra e Morais (2015, p. 75), a resiliência em-si não oportuniza ainda o estabelecimento de relações conscientes com as formas que produzem sua vida, o que impede o pleno desenvolvimento da personalidade humana. Isso implica que a resiliência em-si esteja um degrau abaixo da emancipação e que deverá ser superada por incorporação.

Patto (1987) aponta a importância de compreender a escola tanto como um ambiente de socialização, quanto produtor de desigualdades, visto que é uma instituição construída socialmente com fim na produtividade, quer seja na cobrança imposta aos educadores por “bons resultados” ou na formação de indivíduos que sejam ativos no mercado de trabalho. Quando essa realidade se apresenta em contextos de alta vulnerabilidade, nas camadas populares, como é o caso do contexto de pesquisa, é possível compreender de modo mais claro o viés desigual da instituição escolar, pois reduz o processo formativo do indivíduo a ele mesmo, ou seja, o próprio indivíduo se torna o único responsável pelo seu sucesso ou fracasso e, consequentemente, tem anulada sua construção histórica e cultural.

No que diz respeito ao papel do professor na escola, Leonardo e Suzuki (2016) trazem que o trabalho deste profissional sofre atravessamento direto do sistema capitalista que precariza o ensino e não proporciona condições mínimas para o exercício da profissão, o que faz com que o professor não se perceba enquanto sujeito ativo e responsável no processo de aprendizagem, fato explicitado no discurso deste profissional que tende a reduzir o processo de escolarização à (in) capacidade do aluno, nesse sentido, reproduz o que se entende por aluno fracassado, ao passo em que o aluno, que reconhece o professor como figura de autoridade e saber, se apropria da postura de fracassado.

Há necessidade de a escola, enquanto coletivo, lançar novo olhar para enxergar as singularidades, sem deixar de contextualizá-las, de modo que o estudante não seja visto apenas pelos rótulos negativos que trazem sofrimento e exclusão, mas sim como sujeitos históricos, que devem ser respeitados e ter exploradas suas habilidades, potências e saberes advindos de suas visões de mundo, assim, Moysés (2001, p.251) afirma que “um sujeito é constituído por seu tempo, seus semelhantes, seu ambiente natural e social”.

É nesse sentido que o presente estudo tem por objetivo analisar a produção e a emergência da resiliência na escolarização em meio às estratégias de resolução de problemas no processo educacional de estudantes do Ensino Médio.

 

MÉTODO

Tipo de investigação

O presente estudo se trata de uma pesquisa ex post facto utilizando dados transversais.

 

Participantes

A pesquisa contou com uma amostra de 204 estudantes de Ensino Médio, de ambos os sexos, das escolas da rede pública de ensino da cidade de Parnaíba/PI.

 

Instrumentos

Foram empregados instrumentos baseados em estudo prévio (Negreiros, Silva, Sousa, & Santos, 2017). Em primeiro lugar foi utilizado um questionário relacionados aos aspectos sociodemográficos, contemplando, a saber: sexo, turno em que estuda, com quem reside, se já reprovou alguma vez e se conta com o auxílio de reforço escolar. Em segundo lugar, foi empregada uma entrevista estruturada com uma única pergunta versando sobre as formas de enfrentamento das adversidades dos estudantes para lidarem com os problemas existentes na escola.

 

Procedimentos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Piauí/UFPI, sob o número 1.653.446. Nesse sentido, foram contatadas as instituições para acesso aos participantes da pesquisa, explicitando os objetivos do estudo, posteriormente, foram obtidos as devidas autorizações e o preenchimento dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecidos/TCLE e os Termos de Assentimentos e realizada a coleta de dados de forma voluntária e anônima, com a garantia do sigilo e confidencialidade das respostas dos participantes. O instrumento foi respondido em um tempo médio de 20 minutos por participante. Não foi verificado nenhum rechaço em participar da presente pesquisa.

 

Procedimento de análise de dados

Os dados foram analisados por meio de dois Softwares de tratamento e análise de dados. O software IBM SPSS Statistics 21 fez a análise estatística descritiva de frequência dos dados sociodemográficos dos participantes e para a análise dos dados da pergunta de pesquisa, foi utilizado o software Iramuteq - Interface de R Pour Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (Nascimento & Menandro, 2006; Camargo & Justo, 2013) que analisou um corpus textual referente à pergunta respondida pelos estudantes que participaram da pesquisa. Nas análises, foi realizado o método de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), que indica as classes lexicais em que foram divididos os discursos e é apresentado no formato de dendograma. As classes de palavras são organizadas com base na frequência e no qui-quadrado (X2) (Reinert, 1990).

 

RESULTADOS

Conforme os resultados encontrados no desenvolvimento da pesquisa, a média de idade dos participantes foi de 15,88 com desvio padrão de 1,097, sendo que as idades variaram entre 14 e 19 anos. Destes, 54,4% dos estudantes são do sexo feminino e 44,6% do sexo masculino. Tais resultados apontam que a média de idade está dentro do esperado para o Ensino Médio, visto que, de acordo com Brasil (2017), a educação básica obrigatória brasileira vai dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, sendo que ao Ensino Médio são destinados os três últimos anos de ensino básico obrigatório, ou seja, dos 15 aos 17 anos.

Quanto ao turno de ensino, 85,3% dos participantes estudam pela manhã, 0,5% à tarde, 13,7% estudam manhã e tarde e 0,5% manhã e noite. Os dados ainda pontuam que 97,1% dos estudantes residem com a família, quanto 2,5% mora com amigos e 0,5% com outra pessoa.

Em relação aos índices de reprovação escolar, 48,5% dos estudantes já reprovaram em algum ano/série do Ensino Fundamental ou Médio, em contraponto, 51,5% nunca reprovaram. Tais resultados mostram um crescente no número de reprovação, ao levar em conta que quase a metade dos participantes da pesquisa já reprovou. Nesse sentido, dos estudantes pesquisados, 83,8% responderam que não contam com o auxílio de reforço escolar, enquanto 16,2% dos estudantes fazem reforço escolar.

Acerca da reprovação escolar, estudos anteriores apontam que este fenômeno tende a gerar desigualdades na medida em que serve de marcador para nomear o contingente dos estudantes que reprovam como “irrecuperáveis” (Negreiros, Silva & Lima, 2017; Patto, 1997; Santos, et al, 2018). Os autores ainda enfatizam que a reprovação, sobretudo nos anos iniciais tende a provocar em longo prazo as distorções idade/série, com isso pode causar também o fenômeno da evasão escolar, haja vista que o estudante que reprova é considerado fracassado para o sistema escolar brasileiro.

Os dados obtidos através do software Iramuteq são resultados advindos da pergunta de pesquisa respondida pelos estudantes do Ensino Médio acerca dos mecanismos de enfrentamento utilizados por eles a fim de lidarem com as adversidades existentes na escola. Tal pergunta tinha o intuito de explorar possíveis características relacionadas com o construto resiliência diante da realidade de problemas que envolvem o processo de escolarização na visão dos estudantes.

A partir da pergunta “Quais as estratégias utilizadas por você como forma de resolução para os problemas encontrados durante o processo de escolarização?”, foram verificadas 204 respostas que compreenderam o corpus inicial, tal corpus diz respeito ao conjunto de texto analisado. Destas respostas, foram analisados 214 segmentos de texto, com 3761 ocorrências e 558 formas. Assim, a retenção foi de 76,64% do corpus, sendo assim, relevante conforme os critérios propostos pela bibliografia (Camargo & Justo, 2013).

Dessa maneira, foram geradas seis classes de palavras apresentadas na figura 1. O corpus subdividiu-se em dois, de modo que a classe seis, disposta do lado esquerdo gerou as classes cinco e um, dispostas do lado direito do dendograma. A partir da classe seis foi gerada a classe três que se subdividiu nas classes dois e quatro também dispostas do lado direito da figura.

 

 

O dendograma ilustrativo apresenta o total de seis classes de palavras e cada classe é composta pelas dez palavras mais significativas da classe conforme a relação com a pergunta de pesquisa, assim com a frequência dentro do corpus e pelas associações feitas com a classe X2 (chi-quadrado).

 

DISCUSSÃO

Classe 02: Pensar formas de compreender os problemas

A classe 02 é intitulada “Pensar formas de compreender os problemas”. Esta é uma das classes mais representativa do corpus, ou seja, os relatos dos alunos são os que mais condizem com a pergunta de pesquisa, assim a classe corresponde a 20,12% do corpus. As variáveis descritivas mais evidentes na classe 02 são a idade dos estudantes, que ficou na média de 14 anos e o turno em que eles estudam, nesse casso o ensino integral, manhã e tarde. Desse modo, a descrição da classe aponta o crescimento do ensino integral pela rede pública, já sinalizado pela literatura (Cavaliere, 2007).

Nessa classe, as palavras forma, pensar, resolver e problema são as mais representativas, o que aponta que os estudantes reconhecem o fato de que pensar sobre o que acontece tem um papel fundamental para a resolução ou enfrentamento das questões conflituosas presentes no processo de escolarização.

De acordo com Tavares (2014), a resiliência diz de um processo de reflexão do próprio ser acerca dos fenômenos da vida e diz mais ainda de um novo modo de ser e estar de cada indivíduo. Assim, pensar sobre os problemas a fim de encontrar estratégias resolutivas é também experimentar novas possibilidades de ser, logo de desenvolver resiliência.

Tal afirmação é expressa na fala da estudante 114 (X2 154.22), pois sobre sua forma de resolver os problemas existentes, a mesma pontua: saber resolver de forma civilizadamente, assim podemos nos organizar com qualquer tipo de problema, e o mais importante é saber pensar de forma correta.

Os estudantes procuram apreender uma concepção total do problema que enfrentam para, a partir disso, encontrarem meios para resolvê-los. Nesse sentido, Francisco (2013) traz que o desenvolvimento da resiliência se dá pela apreensão e utilização das possibilidades disponíveis ao mundo em que o indivíduo tem contato, dessa maneira, ele consegue produzir transformações internas, bem como, num primeiro momento, no mundo ao seu redor.

Em sua fala, o estudante 092 (X2 113.30) diz: vejo o problema por completo e encontro uma forma de resolver o mais rápido possível.

Para Benincasa, Resende, Heleno e Custódio (2017), a adolescência é um momento em que o indivíduo se depara com muitas incertezas, desafios e, sobretudo, mudanças significativas na vida. Nesse sentido, a adolescência se caracteriza também por ser um momento da vida em que a resiliência pode ser desenvolvida, desde que os fatores de proteção desses indivíduos sejam suportivos o suficiente para exploração de estratégias de resolução dos problemas.

Mesmo que se apresente como uma possibilidade de resolução pessoal, a capacidade de pensar sobre a realidade, para assim exercitar um novo olhar diante das adversidades, apontada pelos estudantes, é diretamente atravessada pelo contato que eles têm com o mundo que os cerca. O aluno, com base nas suas experiências, pode ampliar suas compreensões e modos de enfrentar as adversidades, sem que isso o torne invulnerável às questões da vida.

 

Classe 05: Ressignificar a relação com os estudos

A classe 05 tem como título “Ressignificar a relação com os estudos” e assim como a classe 02, esta é uma das mais representativas, pois compõe 20,12% do total do corpus, ou seja, os resultados da classe são os que mais se aproximam da pergunta de pesquisa. As palavras mais significativas são estudar, assunto, continuar e esforçar, o que indica que os estudantes encontram também elementos potentes do próprio ambiente escolar que os auxiliam no processo de enfrentar ou lidar com as adversidades quando entendem que estas se relacionam diretamente com o rendimento e com outras questões inerentes as aulas e conteúdos ministrados pelos professores.

Sobre as estratégias para a resolução dos problemas encontrados, o estudante 112 (X2 108.10) relata: ao chegar em casa revisar todos os dias os assuntos de cada matéria, ler livros, assistir jornal, estudar nas férias para aprender o que não consegui na escola. Com base nessa fala é possível perceber a ênfase dada à necessidade de estudar mais do que o horário período letivo a fim de apreender os conteúdos das aulas.

Outra questão presente nos resultados dessa classe é o fato de que quando o indivíduo tem redes protetivas que estimulam seu desenvolvimento total, este consegue, por meio das suas próprias estratégias, remodelar sua forma de pensar o mundo e sua realidade, a fim de encontrar novos sentidos para o que ora se apresenta enquanto dificuldade.

Com base nisso, a estudante 033 (X2 101.86) afirma: estou optando por estudar semanas antes das provas e peço ajuda a alguém sobre algum assunto que não entendo.

Conforme Vargas (2009) e Benetti, Wilhelm e Junior (2017), a resiliência no ambiente escolar diz respeito à capacidade de o estudante persistir nas tarefas acadêmicas, apesar das frustações. Aliado a isso, o suporte do ambiente escolar é fundamental, haja vista que é a relação dos estudantes com esse ambiente que é capaz de produzir mudanças.

Ainda conforme os relatos dos estudantes sobressaem também os elementos externos ao ambiente escolar como suporte para que os estudantes enfrentem as dificuldades que encontram, visto que os mesmos afirmam buscar o auxílio dos jornais, livros e pessoas que, segundo eles, possam saber mais de algum assunto que tenham mais dificuldade de entender. Nessa direção, os estudantes demonstram que também procuram elementos externos, o que corrobora com a literatura (Yunes, 2003), no que diz respeito ao processo de desenvolvimento da resiliência não somente estar ligado a fatores internos do indivíduo, mas um conjunto de fatores considerados importantes pela pessoa.

 

Classe 04: Reflexão, diálogo e autoavaliação

A classe 04 é intitulada “Reflexão, diálogo e autoavaliação” e corresponde ao total de 17,07% do corpus. Como descritores relevantes nessa classe estão a idade média de 17 anos e as estudantes do sexo feminino. Um fator que chama atenção nessa classe é a grande relevância dos depoimentos orais das adolescentes do sexo feminino, nesse sentido, a partir dos resultados, percebe-se o quanto tais adolescentes desenvolvem habilidades voltadas para o autocontrole e reflexão como estratégias resolutivas de problemas. Assim, como aponta a literatura (Louro, 1997; Manguinho, 2017), o ambiente escolar é um lugar marcadamente feminino e é também nesse ambiente que as estudantes conseguem ampliar seu pensamento crítico e criar formas potentes de enfrentamento das adversidades, estimuladas pelo contexto.

A classe 04 tem como palavras de maior significância passar, só, entender e vez. A partir do que é trazido pelos estudantes, percebe-se nessa classe a inserção do outro no contexto de desenvolvimento de resiliência, por mais que a palavra “só” tenha tido grande destaque, esta aparece como sinônimo de apenas e como uma redução da palavra somente e não expressando o sentido de solidão.

Por mais que os estudantes, nessa classe, tenham dado ênfase ao processo de autoavaliação, esse processo é fruto das relações construídas com e no contexto cultural de tais indivíduos, de modo que essa mediação entre indivíduo, relações e comunidade é apresentada por Coimbra e Morais (2015) como sendo fundamental e indissociável para a construção da resiliência, pois é a partir dessas das práticas culturais e do desenvolvimento de recursos protetivos construídos nas relações interpessoais que os estudantes elaboram significações positivas de si.

Nesse sentido, o outro, quer seja contexto cultural ou pessoas presentes nos ambientes em que o estudante transita, tem papel fundamental nos modos de produção da resiliência, haja vista que é um processo múltiplo e cultural.

Tais constatações se confirmam com a fala dos estudantes 47 (X2 65.58) e 34 (X2 84.58) respectivamente:

Buscar por uma solução, procurar diálogo com alguém que possa me ajudar ou entender e compreender o meu problema com palavras de motivação para que demonstrem passar força para que consiga alcançar no final um objetivo que possa ser minha motivação de não ter desistido.

Nada que não passe com o tempo, tento só me adaptar o mais rápido possível e vivenciar a vida escolar de um modo mais paciente.

A partir disso, é importante também reiterar o conceito de resiliência trabalhado por Yunes (2003) enquanto um conjunto de recursos singulares do indivíduo, que permite que este enfrente as adversidades se mantendo firme. Para tanto, a autora menciona o caráter pessoal e singular desse fenômeno no sentido de que cada pessoa singulariza suas estratégias de enfrentamento, assim, “esperar que o problema passe com o tempo” é também um artifício potente para lidar com as diversas questões da vida, pois se parte da compreensão de que esses estudantes passaram por um processo de autorreflexão e avaliação baseados dos artifícios disponíveis no contexto cultural a que pertencem.

 

Classe 03: Formar pares e redes de apoio

A classe 03 tem como título: “Formar pares e redes de apoio” e corresponde a 16,46% do valor total do corpus. Os descritores de maior relevância na classe 03 são o turno da manhã e os estudantes do sexo masculino. Nessa classe as palavras pai, calma, manter e precisar são as mais significativas, o que indica o elemento familiar como importante nas formas que os estudantes encontram para lidar com as adversidades, além disso, a relevância de manter a calma, pontuada pelos estudantes.

Nesse sentido, a estudante 142 (X2 93.89) traz em sua fala: acho que sempre foi me manter de cabeça erguida com a ajuda de meus pais que sempre estavam lá quando eu precisei. O que reforça a família como fator positivo no processo da estudante de lidar com as dificuldades.

Para mais, a estudante 053 (X2 73.22) aponta em sua fala: manter calma e crer que tudo é fase e logo passa e manter minha fé acima de tudo, assim consigo superar meus problemas. Nesse sentido, Silva (2017) considera que a família é um dos pilares da educação de um indivíduo e que esta deve estabelecer uma interconexão com a escola, visto que ambos os espaços participam ativa e fortemente da formação social, cultural, pessoal e política dos indivíduos.

O diálogo e a relação entre escola e família possibilitam o desenvolvimento de estudantes mais convictos de que o meio que os cerca dá suporte frente ao que a vida apresenta como fato. Nesse sentido, há o desenvolvimento de um autocontrole que tem relação direta com o desenvolvimento da resiliência (Tavares, 2014). Esse autocontrole, no período em que os adolescentes estão no Ensino Médio, é essencial para que as adversidades sejam encaradas como um estado e não como uma constante, assim quando os estudantes pontuam a importância de “manter a calma”, indicam que estão buscando as possibilidades frente às dificuldades que se apresentam a fim de encontrar estratégias de resolução da situação.

A partir disso, pode-se perceber a relevância dada à família enquanto suporte frente aos problemas encontrados na trajetória escolar, o que reafirma o papel fundamental da família junto à escola na construção de uma educação que garanta o protagonismo do estudante sem deixar de considerar a assistência das redes de apoio do aluno.

 

Classe 06: Desenvolver metas e ignorar opiniões negativas

A classe 06 no dendograma foi a primeira das classes geradas e é intitulada de “Desenvolver metas e ignorar opiniões negativas”. Esta classe corresponde a 13,41% do corpus e as palavras mais significativas são ligar, conversa, estratégia e focar e, pelo sentido das falas, tais palavras se relacionam com a importância dada às dificuldades encontradas pelos estudantes. A palavra “ligar”, por exemplo, aparece como sinônimo de importar-se. A partir disso tem-se um trecho da fala da estudante 166 (X2 105.71): não ligar para o que o outro fala e focar sempre no meu objetivo de ser alguém importante na vida para ajudar minha a família e os demais.

É possível perceber que um dos elementos importantes apresentados se refere aos objetivos que os estudantes têm na vida, nesse sentido, sua maneira de lidar com os problemas se relaciona com o foco em tais objetivos, ou seja, a atenção se direciona às possibilidades e não somente no concretismo das adversidades. Para mais, a estudante 165 (X2 103.82), no que diz respeito às suas formas de enfrentamento, afirma: não ligar para as pessoas que querem ver o mal da gente, só focar no meu principal objetivo.

O ambiente escolar se apresenta então como um espaço de cuidado, fundamental para a construção e estímulo de emoções positivas dos estudantes, além de acentuar habilidades psicológicas dos mesmos (Vargas, 2009). Vislumbrar um futuro por meio do foco nos objetivos aparece como uma forma de desenvolvimento progressivo – resiliente – alimentado também pela escola a fim de que esse estudante se perceba como capaz de lidar com frustrações e dificuldades.

Classe 01: Ampliar a escuta aos alunos e remodelar a relação com os professores

A classe 01 intitulada “Ampliar a escuta e remodelar a relação com os professores” representa 12,8% do corpus e as variáveis que mais descrevem essa classe são a idade dos estudantes, que se assemelhou com a média total da amostra de 15 anos, assim como na classe 04, as participantes do sexo feminino e o fato dos estudantes não contarem com a ajuda de reforço escolar, apontado na literatura (Gomes, Mariano, Oliveira, Barbosa, Sousa & Friedrich, 2010) como um mecanismo de suporte ao que se entende por sucesso escolar dos estudantes, porém numa lógica produtivista, competitiva e desigual a qual o ambiente escolar, predominantemente da rede pública de ensino está inserido, justamente por não ser ofertado de forma igualitária para todos. Fato que também acentua, como trazido por Gomes et al. (2010), o decréscimo no desempenho dos professores do ensino regular, dado que corrobora com os depoimentos agrupamentos da classe, quando as estudantes apontam os professores como sujeitos importantes no processo de escolarização, no entanto, com a prática defasada e que não atende às necessidades dos estudantes.

As palavras professor, aluno, esforço e sala são as de maior grau de significância nesta classe, de modo que se pode presumir que os participantes entendem a relação importante entre professor e aluno e que o esforço de ambos no ambiente de sala de aula é de grande valia para lidar com as adversidades do processo de escolarização. Além disso, os participantes reconhecem que o respeito é também o fator importante nessa relação.

Nesse sentido, a estudante 177 (X2 129.89) relata em sua fala: As minhas estratégias seriam os alunos e professores se respeitarem mais, a voz do aluno ser mais escutada, que alguns alunos zelassem mais a escola e tivessem mais consciência dependendo das suas atitudes.

Com base nisso, apreende-se que os professores aparecem como importantes agentes na promoção de uma formação menos opressora, mais horizontal e suportiva. Os estudantes enfatizam o aspecto de possibilidade quando falam do professor, ou seja, acreditam que investir na relação e no vínculo é uma forma eficaz de enfrentamento das adversidades. O que faz emergir também a concepção do professor enquanto autoridade do saber, nesse sentido, sujeito capaz de produzir rupturas em direção à construção de estudantes conscientes de seu contexto de vida para além do pessoal/particular, mas contexto de vida coletiva.

A estudante 058 (X2102.02), no que tange as estratégias de enfrentamento das dificuldades, diz que procura respeitar mais os alunos e professores e conversar mais com todos.

Os relatos dos estudantes também colocam em evidência as mediações sociais tão importantes para o desenvolvimento da resiliência, visto que as condições sociais são peças chave para a compreensão e operacionalização da resiliência não como característica ou adjetivo intrapessoal, mas como potência de ação (Francisco, 2013; Sakotani, 2016).

Diante disso, o professor é também uma peça fundamental para operar na transformação de concepções que encaram a resiliência pelo viés reducionista para o que visa a construção de sujeitos constituintes de sua realidade histórica e cultural, assim sujeitos que caminham rumo à emancipação humana que considera os múltiplos elementos psicossociais e culturais presentes nas diversas relações e espaços.

Lopes (2017) pontua que o comprometimento do professor na escola é fundamental no processo educativo dos alunos, muito mais que apropriação e repasse de conteúdo, o professor é um agente de transformação com grande responsabilidade de implicação social e política. Tal afirmação fica perceptível quando os estudantes falam sobre a importância de o professor respeitar sua voz, pois isso diz de um respeito do lugar de fala desse aluno, do ser expresso na fala e impresso no corpo e nas atitudes de cada estudante.

Os caminhos que a escola pode promover, a partir do que é apresentado, diz diretamente das experiências dos estudantes, nesse sentido, o outro, seja a família, a escola ou o meio social são convocados a somar na direção de repensar o lugar social desses indivíduos ao passo em que se repensa também o mundo social dos mesmos.

Para Tomio e Facci (2009) o desenvolvimento biopsicossocial dos adolescentes em meio às experiências mediadas pela escolarização, apesar de seguir certa sequência temporal, não é imutável e depende das condições histórico-sociais concretas. Essas relações constitutivas da formação do adolescente encontram-se vinculadas ao desenvolvimento histórico-cultural da sociedade e este é atrelado às atividades do adolescente no mundo.

Em meio aos diferentes eixos analíticos produzidos com os depoimentos dos estudantes, são evidenciadas na atividade humana – pensar formas de compreender os problemas (20,12%), ressignificar a relação com os estudos (20,12%), reflexão, diálogo e autoavaliação (17,07%), formar pares e redes de apoio (16,46%), desenvolver metas e ignorar opiniões negativas (13,41%), e ampliar escuta aos alunos e remodelar a relação com os professores (12,8%) – as condições que representam as bases a partir das quais se desenvolve o psiquismo humano, e, consequentemente, a produção da resiliência no contexto escolar. É indispensável, portando, conforme apontam Campos, Leal e Facci (2016), compreender o adolescente analisando o contexto histórico-social amplo e o da escola em que está inserido, conjecturando sua relação com o ambiente, com o outro e com a coletividade na construção da consciência humana. E nessa perspectiva, mediar espaços, interações e rotinas escolares não com o intento de tornar os estudantes invulneráveis, mas sim, que eles possam criar formas de enfrentar novas adversidades emergentes em meio à dinamicidade do cotidiano escolar.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A resiliência e sua relação com alguns fenômenos escolares, como sucesso e problemas na escolarização tem uma história recente e é algo compreendido como um construto do contexto histórico-cultural atual. Assim, o presente estudo objetivou analisar a produção e a emergência da resiliência na escolarização em meio às estratégias de resolução de problemas no processo educacional de estudantes do Ensino Médio.

Diante disso, os resultados apontaram elementos e fatores que dizem respeito à vida do estudante e que foram expressos como meios de resolução dos problemas e das adversidades encontrados no processo de escolarização. Assim, se destacaram condições intra e extrapessoais, como as crenças, a reflexão pessoal acerca dos problemas, a relação professor-aluno na escola, o meio familiar e o foco nos objetivos como mecanismos de enfrentamento e resolução das questões que se apresentam no contexto pesquisado.

Os resultados demonstram então que o desenvolvimento da resiliência permeia todos os aspectos da vida do indivíduo, além disso, mostram a interrelação entre os mais variados âmbitos da realidade vivenciada pelos estudantes. Nesse sentido, evidencia-se o papel da escola na formação política e crítica dos alunos fomentada a partir do investimento na formação de professores, a fim de que possa ampliar e sofisticar os processos mediacionais que são realizados na escola, com o propósito da formação integral.

Espera-se, ainda, que o presente estudo possa subsidiar o desenvolvimento da escola enquanto contexto formativo dos estudantes e ambiente potente de proteção. Para isso, é imperioso também aperfeiçoar a parceria família-escola e as interações sociais dos alunos entre si, com a equipe pedagógica e com os diferentes trabalhadores da escola. Do mesmo modo, fomentar espaços de escuta, diálogo e de autocuidado coletivo, é também uma rede de proteção em meio à emersão de processos como a patologização da vida e a medicalização da educação. Por conseguinte, a escola, enquanto espaço promotor do conhecimento, atue na produção da resiliência em seu território, auxiliando a pensar novas estratégias em cada situação adversa da/na escolarização. A fim de que os estudantes sejam capazes de se afirmar, de localizar potencialidades, de montar uma rede de proteção, e então possam ser capazes de ser resilientes, de superar as adversidades que irão lidar em sua vida, na escola e além dela.

Para mais, ressalta-se que o contexto pesquisado apresenta singularidades de cunho econômico, político, cultural e social, de modo que os resultados do presente estudo não são passíveis de generalização. Ademais, o estudo possui algumas limitações, sobretudo por se tratar de uma pesquisa exploratória no contexto em que foi realizada, não subsidiando possibilidades de comparação entre dados inquiridos com outras experiências.

Assim, pontua-se a necessidade de mais estudos sobre o tema, haja vista que a relação da resiliência com a escola ainda é pouco explorada na realidade brasileira e piauiense sob a ótica que enxerga a resiliência como uma construção cultural, social, política e, mais que tudo, coletiva. Nessa perspectiva, podem ser realizados futuros estudos comparando outras realidades escolares, como em instituições privadas, em outros níveis e modalidades de ensino, ou investigações com delineamentos longitudinais, etnográficos, que possam acompanhar os processos de enfrentamento das adversidades em meio à escolarização.

Por fim, acredita-se que levando em consideração os resultados inovadores do estudo acerca da produção e da emergência da resiliência na escolarização de estudantes do Ensino Médio, pode subvencionar políticas e programas de educação que visem garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem, a educação de qualidade social nas escolas, e a conclusão propriamente dita dos estudos. Todos esses aspectos estão vinculados à criação de condições de oferta da educação pública, ao fortalecimento e valorização do professor, e à garantia de bem-estar social, físico e emocional dos estudantes.

 

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Endereço para correspondência:

Janaina Oliveira Rocha

Universidade Federal do Piauí- Curso de Psicologia - Campus de Parnaíba-PI

Av. São Sebastião, 2819 CEP: 64202-020 - Parnaíba/PI - Brasil

janainaa_rochaa@hotmail.com

Tel. + 55 86 3323 5418

 

Recebido em 15/09/2018

Aceito em 08/10/2018

 

1 Dados obtidos por meio da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Piauí - SEDUC, através da 1ª Gerência Regional de Educação da cidade de Parnaíba-PI. <https://www.seduc.pi.gov.br/>.

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