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Psicologia em Pesquisa

On-line version ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.15 no.1 Juiz de Fora Apr. 2021

http://dx.doi.org/10.34019/1982-1247.2021.v15.29033 

ARTIGOS

 

Psicologia escolar e relação família-escola: um estudo sobre concepções profissionais

 

School psychology and family-school relationship: a study about professional conceptions

 

Psicología escolar y relación familia-escuela: un estudio sobre concepciones profesionales

 

 

Jéssica Andrade de AlbuquerqueI; Fabíola de Sousa Braz AquinoII

IUniversidade Federal da Paraíba. Email: jessica.a.psi@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6833-3982
IIUniversidade Federal da Paraíba. Email: fabiolabrazaquino@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8854-8577

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo discute a relevância da atuação do psicólogo escolar na mediação da relação entre escola e família. Trata-se de uma pesquisa de campo que investigou as concepções de psicólogos escolares sobre a relação família-escola. Verificou-se também como a família e o psicólogo estão presentes nas formulações de documentos oficiais de escolas públicas, a partir de uma análise documental. Participaram do estudo cinco psicólogos escolares de instituições públicas. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas cujos áudios foram gravados e transcritos. A análise dos resultados, que seguiu as diretrizes apresentadas em Bardin, revelou pouca clareza dos psicólogos sobre as ações que podem desempenhar na relação família-escola. Além disso, a análise documental indicou a integração escola/comunidade como um dos objetivos principais das instituições. Sugerem-se ações como o planejamento de reuniões, o esclarecimento das funções do psicólogo, da escola e da família, e a desmistificação de concepções estereotipadas sobre as famílias como possibilidades de facilitar o estreitamento da relação entre família e escola.

Palavras-chave: Escola; Família; Psicologia escolar.


ABSTRACT

The present study discusses the relevance of the school psychologist role in mediating the relationship between school and family. This is a field research that investigated the school Psychologists conceptions about family-school relationship. It was also verified how the family and the psychologist are present in the formulations of public schools' official documents, through a documentary analysis. Five school psychologists from public institutions participated in the study. Semi-structured interviews were performed and their audios were recorded and transcribed. The analysis of the results, which followed the guidelines presented by Bardin, revealed little clarity by the psychologists about the actions they can play in the family-school relationship. In addition, the documentary analysis indicated school/community integration as one of the main objectives of the institutions. Actions, such as planning meetings, clarifying psychologist, school and family roles and demystifying stereotypical conceptions about families are suggested as possibilities to facilitate a closer relationship between family and school.

Keywords: School; Family; School psychology.


RESUMEN

El presente estudio discute la relevancia del papel del psicólogo escolar en la mediación de la relación entre la escuela y la familia. Esta es una investigación de campo que investigó las concepciones de los psicólogos escolares sobre la relación familia-escuela. También se verificó cómo la familia y el psicólogo están presentes en las formulaciones de documentos oficiales de las escuelas públicas, a partir de un análisis documental. Participaron en el estudio cinco psicólogos escolares de instituciones públicas. Se realizaron entrevistas semiestructuradas, las cuales fueron grabadas y transcriptas. El análisis de los resultados, que siguió las pautas presentadas en Bardin, reveló poca claridad de los psicólogos sobre las acciones que pueden desempeñar en la relación familia-escuela. Además, el análisis documental indicó la integración escuela/comunidad como uno de los principales objetivos de las instituciones. Se sugieren acciones como planificar reuniones, aclarar los roles del psicólogo, de la escuela y de la familia, y desmitificar las concepciones estereotipadas de las familias como posibilidades para facilitar una relación más estrecha entre la familia y la escuela.

Palabras clave: Escuela; Familia; Psicología Escolar.


 

 

A relação entre família e escola tem sido estudada por diversas perspectivas teóricas e vem despertando o interesse de pesquisadores que têm desenvolvido estudos principalmente sobre as implicações dessa relação para o desenvolvimento de crianças e jovens no âmbito social e educativo (Freitas, 2016; Guzzo et. al. 2018; Marcondes & Sigolo, 2012; Oliveira & Marinho-Araújo, 2010; Silva & Guzzo, 2019).

Essa questão foi destaque também no relatório da Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura das Nações Unidas (UNESCO), desde 1996, como uma das metas para a educação do novo milênio (Delors, 2003).

A família e a escola têm recebido essa evidência por se constituírem como instituições fundamentais de desenvolvimento humano. De acordo com pesquisadoras da área da Psicologia Escolar, (Freitas, 2016; Guzzo et al. 2018; Marcondes & Sigolo, 2012; Oliveira & Marinho-Araújo, 2010; Papel & Chechia, 2016; Silva & Guzzo, 2019) a escola e a família são os dois primeiros ambientes sociais que proporcionam à criança estímulos e espaços que servirão de referência para as suas condutas e possibilitam desencadear processos evolutivos humanos, como relações interpessoais, inserção cultural e a construção do conhecimento. Além disso, por meio do envolvimento entre família e escola, a educação se constitui como uma atividade conjunta, favorecendo o desenvolvimento integral da criança e do adolescente (Guzzo et al. 2018).

Segundo estas mesmas pesquisadoras, investigar o contexto familiar e escolar e suas inter-relações são essenciais para compreender o processo de desenvolvimento humano. Salienta-se que a relação entre as instâncias escola e família pode ser mediada por agentes envolvidos no processo educativo. Destaca-se nesse estudo a importância da atuação do psicólogo escolar nesse contexto, uma vez que a mediação de relações interpessoais no ambiente escolar e a busca em potencializar os processos de ensino, aprendizagem e desenvolvimento humano, configuram-se como especificidades de sua atuação, conforme apontam Marinho-Araújo e Almeida (2005), Guzzo et al. (2016), Guzzo et al. (2018), Souza (2016) e Souza et al. (2014).

Segundo as autoras supracitadas, a Psicologia Escolar, numa perspectiva contemporânea e de base preventiva, se dedica à compreensão e à intervenção nas relações interpessoais que permeiam a construção do conhecimento e da ação pedagógica. Nesse sentido, à Psicologia Escolar cabe a promoção de mudanças no desenvolvimento psicológico dos sujeitos envolvidos, pela mediação intencional, oportunizando possíveis transformações sociais nas realidades vivenciadas pela escola e pela família.

É importante mencionar que, embora se tenha a compreensão de que a família e a escola são contextos basilares do desenvolvimento humano e campo de atuação da Psicologia Escolar, poucos são os estudos científicos nessa área que se dedicam a compreender sistematicamente a relação entre eles e a investigar como o psicólogo escolar pode contribuir nessa relação (Oliveira & Marinho-Araújo, 2010).

Um estudo realizado por Albuquerque e Braz Aquino (2018), em bases de dados científicas (Web of Science, Pubmed, Scielo, Lilacs, IndexPsi e Pepsic) e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), permitiu identificar que, nos últimos dez anos, as produções no âmbito da Psicologia Escolar relativas às intervenções de psicólogos frente a relação família-escola não têm demarcado a especificidade do trabalho do psicólogo escolar na citada relação. O levantamento realizado possibilitou verificar que são escassas as produções que apresentam propostas de intervenções de psicólogos escolares nesse âmbito.

Aliado a isto, pesquisas realizadas com gestores, professores e psicólogos em contextos de escolas públicas sobre as ações de psicólogos frente às queixas escolares (Aquino, Lins, Cavalcante & Gomes, 2015; Cavalcante & Aquino, 2013), demonstraram que as causas apontadas para as dificuldades no processo de escolarização dos estudantes eram atribuídas ora à criança, ora à sua família, sendo ainda a relação família-escola objeto das respostas de parte dos entrevistados. Nesses estudos, a família era considerada pelos referidos profissionais como ausente dos processos escolares de seus filhos e descrita como um dos motivos pelos quais estes não obtinham êxito nas atividades educativas.

Esse resultado também foi encontrado em um estudo realizado por Cavalcante (2015) com 55 psicólogas/os escolares da rede pública de ensino de João Pessoa (PB), os quais mencionaram como uma das principais dificuldades em sua atuação o trabalho junto à relação família-escola, sendo a primeira responsabilizada por esses profissionais pelos problemas de comportamento e de envolvimento dos estudantes com as instituições de ensino.

O presente estudo se posiciona no contraponto a essas concepções, dado que visa levantar indicadores para uma relação família-escola que favoreça a vivência escolar das crianças, suas famílias e dos agentes escolares. Considerando o exposto, o objetivo dessa pesquisa foi investigar as concepções de psicólogos escolares de instituições públicas de Ensino Fundamental I acerca da relação família-escola e verificar de que forma a família e os profissionais de psicologia comparecem nos projetos político-pedagógicos, e planos de ações das escolas pesquisadas.

 

Método

Delineamento do estudo

O presente estudo consistiu em uma pesquisa de campo de natureza qualitativa. Segundo Minayo (2006), a pesquisa qualitativa possibilita compreender um conjunto de sentidos, por meio do relato, da experiência e da vivência dos participantes da pesquisa. Realizou-se também uma pesquisa documental como meio de compreender em maior profundidade como as instituições têm abordado oficialmente a relação entre escola e família.

Participantes

Participaram dessa pesquisa cinco psicólogos escolares, sendo quatro do sexo feminino e um do sexo masculino, de cinco escolas públicas de um município no estado da Paraíba/Brasil. A predominância do sexo feminino no presente estudo, embora não permita generalizações, corrobora com as constatações de outras pesquisadoras como Borges-Andrade et al. (2015), Oliveira, Cantalice, Joly e Santos (2006), as quais apontam a Psicologia Escolar Educacional como um campo de conhecimento e atuação majoritariamente feminino. Também no estudo de Cavalcante (2015), realizado com 55 psicólogos escolares da rede municipal de ensino de João Pessoa, constatou-se o predomínio de profissionais do sexo feminino.

Do total dos cinco profissionais entrevistados, quatro possuíam como área de estágio curricular, a Psicologia Clínica, havendo apenas um profissional com estágio em Psicologia Escolar. Todos os psicólogos possuíam titulação de pós-graduação, sendo estas nas seguintes áreas: especialização em Psicologia Clínica Infantil (n=2), especialização em Psicanálise (n=1), especialização em Psicologia Escolar e da Aprendizagem (n=1), Doutorado em Psicologia (n=1).

Esses resultados são consonantes com o da pesquisa realizada por Cavalcante (2015), que verificou que a maioria dos psicólogos que atuam em contextos educacionais não apresenta formação na área da Psicologia Escolar e relata a oportunidade de emprego como uma das motivações para atuar nesse âmbito, o que repercute diretamente em suas práticas.

No que se refere ao tempo de formação, o período das graduações dos participantes deste estudo variou entre 1973 e 2013 e o das pós-graduações variou entre os anos 2002 a 2016. O período de atuação nas escolas na função de psicólogos escolares variou entre 4 meses e 7 anos.

Acerca do período da formação profissional, especificamente da graduação em Psicologia, é importante destacar que apenas um dos participantes cursou a graduação após a estruturação das novas diretrizes dos cursos de Psicologia, que ocorreu no ano de 2004. Tais diretrizes tiveram como objetivo tornar os cursos mais equânimes, de modo que todas as áreas da formação, a exemplo da Psicologia Escolar, fossem contempladas na formação disponibilizada nas Instituições de Ensino Superior no Brasil.

Pontua-se que dos cinco psicólogos entrevistados, quatro concluíram o curso de Psicologia há mais de 15 anos e não estavam envolvidos em uma formação continuada em serviço. Para Marinho-Araújo (2014), por meio da formação continuada é possível gerar ressignificações sobre a identidade e as práticas do psicólogo escolar e oportunizar a mobilização das competências necessárias para a atuação nas escolas.

Instrumento

Para conhecer as concepções dos participantes acerca da relação família-escola, utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada. O referido roteiro foi divido em duas partes: a primeira que buscava conhecer os dados sociodemográficos dos participantes e a outra composta por seis perguntas acerca de suas concepções no âmbito da relação família-escola.

As perguntas versavam sobre como os psicólogos descreviam a relação família-escola na instituição em que atuavam, como consideravam o papel da escola e da família no processo de escolarização dos estudantes, questionava se era desenvolvido algum projeto na instituição em que atuavam que envolvesse a família dos estudantes, quais situações consideravam que poderiam promover a participação da família na escola e que ações, na concepção deles, o psicólogo escolar poderia desenvolver no que se refere à relação família-escola.

Além da aplicação das entrevistas, foram consultados os documentos oficiais das Instituições de Ensino, quais sejam, os Projetos Político Pedagógicos (PPPs) e os Planos de Ações, a fim de conhecer a forma como a família e o psicólogo têm comparecido em suas formulações.

Procedimentos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas envolvendo Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (CEP/CCS/UFPB), sob o registro CAAE:48948115.0.0000.5188, e realizada de acordo com as prescrições da resolução nº. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, no que concerne à pesquisa com seres humanos.

Realizou-se o sorteio de cinco escolas municipais, sendo cada escola oriunda de um polo regional educativo distinto, de modo que os cinco psicólogos entrevistados faziam parte de cinco escolas de regiões geográficas diferentes da cidade onde foi realizado o estudo.

A participação na pesquisa foi condicionada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Visando uma maior privacidade dos respondentes, as entrevistas ocorreram em locais reservados das instituições, onde estavam presentes apenas a pesquisadora e o participante. As entrevistas foram registradas por meio de um gravador de voz e transcritas literalmente para posterior análise.

Análise das informações recolhidas

Os procedimentos de análise das informações advindas das entrevistas seguiram as diretrizes apresentadas em Bardin (2008). Dessa forma, inicialmente, realizou-se a transcrição literal de todo o material que emergiu dos instrumentos. Em um segundo momento foi feita uma leitura flutuante das falas dos respondentes. Em seguida iniciou-se o processo de análise do material recolhido que contou com um corpo de juízes, que, após uma criteriosa discussão organizou consensualmente cinco eixos para a análise das concepções dos participantes sobre a relação família-escola. É importante mencionar que os referidos eixos se referem às informações extraídas do roteiro de entrevista e as respostas são não excludentes.

 

Resultados e Discussão

No que se refere aos resultados provenientes das entrevistas realizadas com os psicólogos escolares, a análise realizada permitiu organizar o material em cinco eixos gerais de análise. O primeiro eixo, intitulado Descrição da relação família-escola na percepção de psicólogos escolares, partiu da seguinte pergunta: "Como você descreve a relação família-escola em sua instituição?". As respostas dos participantes a essa pergunta foram as seguintes: Psic. 1: "A relação é muito boa, eu acho"; Psic. 2: "Aqui existe um relativo de integração"; Psic.3: "(...) É uma relação que a gente tem que tá sempre buscando, (...) a gente aqui tem que estar chamando, tem que tá o tempo todo ligando (...)"; Psic.4: "Aqui na escola eu diria que não é ideal"; Psic. 5: "(...) nas reuniões de pais e mestres é o público que mais vem são os pais dos menores (...); eu acredito que é um bom acompanhamento, mas pode melhorar muito em relação ao Fundamental II (...)".

Como é possível visualizar nas falas acima, há uma variabilidade nas concepções dos psicólogos escolares acerca da relação entre as instituições em que atuam e as famílias dos estudantes, a exemplo do relato de que a relação é "muito boa" e de que "não é ideal", bem como menções de que a equipe escolar tem buscado a presença dos pais na escola e ainda que os pais de alunos com idades menores são mais presentes na escola. Respostas semelhantes a essas foram também encontradas no estudo de Souza et al. (2013), que entrevistou pais de estudantes do Ensino Fundamental e questionou a esses como se configuram suas interações com a escola de seus filhos.

No referido estudo, alguns pais consideraram sua relação com a escola "muito boa", outros relataram ser "mais ou menos". Foi destacado no referido estudo que os pais indicam existir uma falta de comunicação com as escolas e o relato de que gostariam de ter uma maior aproximação com as instituições de ensino. Nesse sentido, os autores levantaram como questionamento se o desejo de participar na vida escolar dos filhos por parte dos pais é percebido pela escola, o que seria uma questão a ser ponderada pelas instituições no que se refere à participação da família.

Na presente pesquisa, os psicólogos entrevistados também fizeram referência à presença dos pais nas escolas, indicando um comparecimento mais frequente daqueles que possuem filhos mais novos. Sobre essas afirmações, é importante enfatizar que as fases de desenvolvimento humano têm implicações nesse comparecimento dos pais na escola, uma vez que as crianças se tornam mais autônomas e independentes conforme vão crescendo, e isso pode ter como consequência a diminuição da frequência dos pais nas instituições escolares.

Ampliando essa discussão, pontua-se como reflexão se seria suficiente para caracterizar uma relação família-escola com potencialidades de promover o aprendizado e o desenvolvimento das crianças, a frequência dos familiares nos ambientes educativos e o que seria possível realizar para promover uma relação família-escola favorecedora para o desenvolvimento dos estudantes.

Ainda sobre o comparecimento dos pais/responsáveis nas escolas, é relevante apontar que atualmente existe em tramitação no Senado Federal brasileiro um Projeto de Lei (PL nº 189 de 2012), que, caso aprovado, estabelecerá penalidades para os pais ou responsáveis que não comparecerem às reuniões escolares de seus filhos. Essa iniciativa suscita reflexões sobre a qualidade da participação dos pais no contexto educativo, uma vez que uma ação impositiva dessa natureza pode não ser eficaz. Por outro lado, ressalta-se que o projeto de lei pode elevar e oportunizar o comparecimento dos pais na escola dos filhos, o que possibilitaria às instituições de ensino promover momentos de interação e envolvimento com os familiares dos estudantes.

O segundo eixo referente ao Papel da escola e da família no processo de escolarização dos estudantes na perspectiva de psicólogos escolares, foi extraído por meio da seguinte pergunta: "Qual o papel da escola e da família no processo de escolarização dos estudantes?". A partir das análises, verificou-se que os psicólogos escolares entendem como funções da escola: ensinar, educar, ser eficiente na aprendizagem das crianças, socialização, complementar o papel da família e promover o processo de ensino-aprendizagem. Como funções da família foram citadas: incentivar a criança (n=2), educar e ensinar valores. Especificamente uma psicóloga descreveu os papéis de família e escola como "(...) inter-relacionados e indissociáveis". Salienta-se que os psicólogos expressaram em suas respostas que as escolas têm abarcado a função que consideram ser das famílias. Para esses profissionais, os pais têm direcionado às instituições papéis que são deles, conforme segue:

Essa função está sendo misturada, e esse papel da família, a família tá trazendo esse papel pra escola, então os professores, a maioria das vezes, educam e ensinam, por isso, muitas vezes, vêm muitos alunos indisciplinados, alunos que precisam ter regras que os pais não põem em casa, e aí a escola tem que fazer os dois trabalhos. (Psic. 2)

A fala acima revela que parece existir uma configuração diferente entre o que a escola concebe como sua função e as concepções que as famílias possuem sobre o papel da escola. Souza et al. (2013) afirmaram, em sua pesquisa, que pais e escola não falam a mesma linguagem e não objetivam as mesmas buscas ou desejos, o que pode ocasionar tensões na relação entre as duas instâncias de desenvolvimento.

Sobre os papéis da escola e família na educação, Guzzo et al. (2018) argumentam a relevância da família compreender o papel que desempenha na educação de seus filhos, bem como é essencial problematizar a função da escola, a domesticação do ensino, a ideologia que privilegia o ajustamento, para que assim se construa uma nova configuração de escola.

Como forma de intervir nas tensões advindas das diferenças de concepções, a teoria histórico-cultural pode ser utilizada para auxiliar os profissionais das escolas a compreenderem tais fenômenos e agirem sobre eles. Por exemplo, é possível que os profissionais se apropriem das potencialidades que a linguagem e o pensamento apresentam como funções psicológicas superiores, bem como da dialética, que é parte da natureza social do pensamento. Nesse sentido, os profissionais da educação poderiam se valer do recurso da palavra em encontros com os pais para buscar a apropriação do significado social da função da escola. Esse movimento poderia favorecer uma aproximação entre escola e família, possibilitando a partilha referente aos seus papéis na educação dos estudantes.

No presente estudo, adota-se a compreensão de que a família e a escola têm caráter diferenciado, bem como funções e objetivos distintos na educação, embora complementares, e partilha das colocações de Dessen e Polonia (2007) e Oliveira (2010), que referem como função central da escola, a preocupação com o processo de ensino-aprendizagem e; a da família, os processos de socialização, proteção, as condições básicas de sobrevivência e o desenvolvimento de seus membros no plano social, cognitivo e afetivo.

Nessa interlocução, resgata-se as postulações de Vygotsky (1984) e depreende-se que a escola, enquanto um espaço promotor de situações sociais de desenvolvimento e de vivências entre diversos segmentos, tem como principal função mediar os conceitos científicos e sistemáticos para os estudantes, sendo complementada pelo papel da família de mediar os conhecimentos adquiridos da experiência pessoal e cotidiana, os chamados conceitos espontâneos.

Para o mencionado autor, ambos os conceitos são importantes no processo de aprendizagem da criança e a escola deve fazer uso dos conceitos cotidianos como meio para apreensão dos conceitos científicos. Dito de outra forma, o aprendizado de conceitos científicos é constituído de maneira dialética a partir dos conceitos espontâneos. É relevante mencionar que as funções da família e da escola são complementares e os conhecimentos sistemáticos e espontâneos se entrelaçam nesses dois ambientes.

O terceiro eixo, intitulado Projetos desenvolvidos pelas instituições escolares envolvendo a família, foi formulado a partir da seguinte pergunta: "A escola desenvolve algum projeto que envolve a família dos estudantes? Se sim, Qual(is)?". Ao responderem essa pergunta, quatro dos cinco psicólogos entrevistados afirmaram que suas instituições desenvolviam projetos envolvendo as famílias e um indicou que não havia projetos específicos voltados à interação das famílias no ambiente escolar, embora tenha alegado que os projetos existentes na escola privilegiavam a participação dos familiares.

Os projetos referidos pelos psicólogos escolares, que são desenvolvidos nas escolas e que envolvem a família dos estudantes são: Projeto de leitura, "(...) ele é um projeto voltado para melhorar a leitura dos alunos que tem dificuldade de ler" (Psic.1); Projeto cultura de paz, "(...) o propósito é gerar reflexões e reduzir o índice de violência" (Psic.2); Projeto de preservação do patrimônio público, "(...) envolve preservar a estrutura física da escola, mantê-la limpa também" (Psic.3) e; Projeto de alimentação saudável, "(...) busca incentivar as crianças a ter uma alimentação melhor" (Psic.4). Ressalta-se que os projetos citados pelos psicólogos escolares, executados nas instituições de ensino, constam nos documentos oficiais das instituições, nomeadamente no plano de ação escolar, como uma proposta sugerida pela Secretaria de Educação.

Nesse aspecto, deve-se mencionar a participação e a relevância do psicólogo escolar na construção dos projetos escolares. De acordo com Sant'Ana e Guzzo (2015) e Wanderer e Pedrosa (2010), os conhecimentos desse profissional podem contribuir para a compreensão de elementos importantes para o processo educativo, a exemplo dos processos de desenvolvimento humano que podem auxiliar na adequação dos projetos ao público-alvo.

Para discutir a relevância do planejamento e elaboração conjunta de projetos escolares, retoma-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (lei 9394/96), que estabelece que a escola tem como responsabilidade a elaboração e a execução da sua proposta pedagógica, respeitando as normas comuns e as do seu sistema educacional, e determina que os docentes e profissionais da educação devem participar da elaboração do projeto pedagógico do estabelecimento de ensino, com a colaboração das comunidades escolar e local, por meio de conselhos escolares.

É relevante mencionar que a necessidade da construção de uma proposta pedagógica pelas unidades de ensino, a fim de subsidiar o trabalho educativo, tem sido apontada na literatura educacional, principalmente desde os anos 1990, mesmo antes da promulgação da LDB. As publicações valorizavam a importância do projeto político-pedagógico, destacando-o como uma forma de reivindicar maior autonomia para a escola (Wanderer & Pedrosa, 2010).

Ainda sobre os projetos escolares, buscou-se localizar de que maneira a relação família-escola tem comparecido nos documentos mencionados, bem como a forma que o trabalho do psicólogo escolar tem sido desenvolvido nas instituições. Por isso, foram analisados os Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) das instituições pesquisadas.

Sobre esse documento, verificou-se que as cinco escolas que compuseram a pesquisa apresentaram como meta a valorização da participação da família no ambiente escolar e na vida escolar dos filhos. No entanto, faltou clareza quanto às configurações dessa participação, a qual pressupõe a tomada de decisão nos contextos educativos (Oliveira, 2010). Além disso, não ficaram explícitos os procedimentos que utilizavam para alcançar a integração entre família e escola. Por outro lado, ficou evidente que o fortalecimento da integração escola/comunidade é um dos objetivos principais contidos nos documentos.

No que se refere ao trabalho do psicólogo escolar, todos os Projetos Políticos Pedagógicos analisados denotaram que esse profissional é parte das equipes pedagógicas, contudo não explicitaram as especificidades de ações a serem desenvolvidas por eles. As práticas desse profissional estão circunscritas em conjunto com os demais atores que compõem as equipes escolares e englobam o planejamento didático mensal, a organização bimestral dos conteúdos programáticos, a assistência pedagógica ao professor no cotidiano escolar, a implementação do currículo abordando temas transversais, a realização de reunião com os pais, o encaminhamento de alunos com necessidades específicas, a realização de reunião com os pais, a realização de visitas domiciliares e a realização de eventos pedagógicos, sociais e culturais.

Essa maneira de apresentar as ações do psicólogo escolar integrada às funções dos demais atores escolares, como professor, supervisor pedagógico, assistente social e gestores, pode sugerir pouca clareza dos psicólogos e demais profissionais dessas instituições sobre suas funções no ambiente escolar, indicada pela ausência de descrição específica nos documentos oficiais. Sobre esse resultado, enfatiza-se que o suporte pedagógico à gestão escolar é um tipo de atividade que engloba as funções de psicólogos na escola, ou seja, esse profissional deve estar presente nas elaborações tanto do projeto político pedagógico, quanto na formulação dos demais projetos escolares (Andrada, 2005; Cavalcante, 2015; Marinho-Araújo, 2014; Martinez, 2010; Neves, 2011; Souza et al.2014).

No que tange às situações que podem promover a participação da família na escola, foi construído o quarto eixo a partir da seguinte pergunta: "Em sua opinião, que situações podem promover a participação da família na escola?". Ao responderem essa pergunta, os psicólogos mencionaram como situações promotoras de participação da família na escola: "projetos escolares que enfatizassem a parceria família-escola" (n=2); "reunião de pais" (n=2) e "eventos escolares" (n=1).

Por meio das respostas, é possível observar que as situações mencionadas convergem para uma mesma direção: o envolvimento dos pais com a escola a partir de diferentes estratégias. Para discutir esse eixo, retomamos as premissas da teoria histórico-cultural (Vygotsky, 1984), quais sejam, a função do pensamento e linguagem no processo da construção social humana e enfatizamos a possibilidade dos profissionais que compõem as equipes escolares fazerem uso de recursos como a palavra, em um movimento dialético, para oportunizar aos familiares partilharem suas concepções com a escola e assim, por meio de uma construção social e compartilhada, desenvolver ações que envolvam os familiares nos processos escolares.

Ainda sobre esse eixo, é importante pontuar as afirmações de Guzzo et al.(2018), que defendem que o psicólogo dentro do contexto educativo deve exercer uma ação política, a partir da compreensão sobre a escola em que atua e do seu papel, propondo ações preventivas que contemplem a totalidade da instituição. As autoras argumentam que a Psicologia na escola pode mediar, a partir da criação de espaços de discussão, a relação entre família e escola, favorecendo a compreensão de seus papéis compartilhados.

Como exemplo de ações possíveis de aproximação família-escola promovidas por psicólogos escolares, menciona-se a experiência de Guzzo et al. (2018) que, a partir da criação de um fórum de pais em uma escola pública do município de São Paulo, fortaleceu as relações entre a escola e a família envolvidas na colaboração no processo de desenvolvimento das crianças.

O eixo 5, concernente às ações que podem ser desenvolvidas por psicólogos escolares para a promoção da relação família-escola, derivou da pergunta: "Em sua opinião, o psicólogo escolar pode desenvolver ações no que se refere à relação família-escola? Se sim, quais?". Ao responderem a essa pergunta, os psicólogos mencionaram ações focadas ora na família, ora no comportamento das crianças, tais como: "chamar a família visando entender um determinado comportamento da criança" (Psic.1); "realizar avaliações e encaminhamento a instituições" (Psic.2); "envolver os pais, fazer palestras para orientar os pais" (Psic.3); "realizar dinâmica de grupo e oficina que tem o objetivo a reflexão acerca da situação do filho" (Psic. 4) e; "escuta com um familiar, com mais de um, e fazer reunião com família-professor-aluno, família-aluno" (Psic.5).

Observa-se que as falas trazem de forma recorrente a ideia de se trabalhar com problemas ou conflitos que envolvem os alunos, comportamentos considerados inadequados ou dificuldades no processo de escolarização e seus respectivos pais. Acrescenta-se que o modo como esses profissionais narram suas ações junto à família e à escola demonstram ações pouco articuladas, as quais se concentram nas crianças, em características a elas atribuídas ou na dinâmica das famílias. Essas ações podem espelhar concepções acerca do trabalho do psicólogo escolar atrelado a uma postura ainda focada no "aluno-problema", o que impede ações coletivas e intencionalmente planejadas. Um ponto a ser destacado é o de que os psicólogos entrevistados não explicitaram o que pode ser feito para desenvolver ações que favoreçam o coletivo da escola. Esse resultado pode sugerir um tipo de compreensão de parte dos psicólogos sobre suas funções ainda muito ligadas ao paradigma "aluno-problema", o que dificulta o desenvolvimento de estratégias de intervenção que respondam a demandas educacionais (Guzzo et al. 2010; Marinho-Araújo, 2014; Medeiros & Aquino; 2011;).

Para Guzzo, Moreira e Mezzalira (2016), a ausência de nitidez sobre a estrutura psicológica que organiza a forma de atuação nos espaços educativos, bem como a falta de compreensão de seus princípios e propostas, favorece práticas individualizantes. Guzzo et al. (2018) acrescentam que a relação entre escola e família, atualmente, não tem favorecido o processo de desenvolvimento das crianças e adolescentes, isto porque, de maneira geral, as escolas cumprem formalidades, a exemplo de cronogramas de reuniões entre família e educadores, que buscam majoritariamente entregar avaliações e/ou destacar as queixas de comportamentos, sem, contudo, considerar nesses momentos a discussão e reflexão das necessidades concretas dos estudantes, das escolas e das famílias.

Essas autoras defendem uma intervenção psicossocial que considera a situação social na qual as crianças se desenvolvem e a aproximação do psicólogo escolar junto ao coletivo da escola, em especial, às crianças, às famílias e aos professores. As autoras defendem a importância de um olhar ampliado para a realidade que envolve os estudantes, sendo necessário contextualizar socioculturalmente sua família e as demais relações que permeiam sua vivência.

 

Considerações Finais

O presente estudo buscou conhecer as concepções de psicólogos escolares sobre a relação família-escola, considerando que a relação entre esses dois sistemas tem sido apontada por profissionais de escolas públicas como uma das queixas mais frequentes em suas atuações nesses contextos.

A pesquisa realizada possibilitou, de maneira geral, verificar as concepções sobre as relações que se estabelecem entre família e escola a partir da perspectiva de psicólogos escolares. Destaca-se que o conjunto de perguntas que compôs a entrevista provocou a reflexão dos profissionais, que, durante as entrevistas, fizeram pequenas pausas ou solicitaram à pesquisadora que repetisse a pergunta, ou ainda afirmaram "nunca ter pensado sobre essa questão", o que pode indicar, segundo Reznick e Schwartz (2001) que as entrevistas podem representar um recurso interventivo ao produzir reflexão sobre ações e práticas.

Ressalta-se a relevância do estudo sobre as concepções desses profissionais para a compreensão das práticas que se engendram nos contextos educacionais, uma vez que a forma como os indivíduos concebem determinado fenômeno influencia suas atuações (Santos, Ramos & Salomão, 2015). Dito de outra forma, ao investigar as concepções de psicólogos escolares sobre a relação família-escola, foi possível levantar indicadores de práticas dos contextos de trabalho, pelo relato das entrevistas.

Dessa forma, percebeu-se pelas falas dos psicólogos sobre suas atuações no contexto da relação família-escola, práticas ainda amparadas em condutas individualizantes, que não promovem a construção de relações de parceria entre escola e família bem como o desenvolvimento de ações preventivas que mobilizem os diversos segmentos da comunidade escolar. Esse resultado demonstra a necessidade de se produzir respostas para dirimir argumentos polarizados concernentes à relação entre família e escola. Além disso, os relatos indicam que não há ações focadas na relação família-escola e em mediações que promovam reflexões sobre suas funções e papéis, prevalecendo nos relatos ora uma polarização de ações, ora a culpabilização, em detrimento de ações institucionais, coletivas e preventivas.

A pesquisa aqui relatada permitiu verificar que são escassos os estudos em Psicologia Escolar que abordam propostas de intervenção de psicólogos escolares especificamente direcionadas à promoção da relação família-escola. Tal fato pode ser justificado ora em razão de a família e a escola fazerem parte de um sistema complexo e inter-relacionado, que não pode ser pensado de maneira isolada da vivência escolar, ora devido aos estudos englobarem os diversos elementos inseridos no processo educativo, sem delimitarem formas de atuação específicas do psicólogo frente aos fenômenos educativos, ora pelo fato de a formação em psicologia ainda não permitir um conhecimento mais ampliado acerca das possibilidades de atuação do psicólogo frente à relação família-escola, o que tem como decorrência a ideia de que as famílias são culpadas, em grande medida, pelas dificuldades no processo de escolarização de crianças que frequentam escolas públicas.

Ressalta-se que na busca de contribuir para a prática profissional dos psicólogos escolares participantes do estudo, bem como para os demais profissionais da área, foi formulado um conjunto de proposições, fruto de reflexões das autoras geradas a partir dos resultados do presente estudo, que se constituem em procedimentos e sugestões para os psicólogos que atuam em contextos escolares na direção de colaborar para fortalecer as relações entre família e escola em suas instituições.

Defende-se que a Psicologia Escolar tem apresentado em seus estudos ações possíveis de serem implementadas no âmbito da relação família-escola, porém para desenvolver atuações contextualizadas e que gerem respostas às demandas educacionais, é imprescindível uma imersão contínua no contexto, visando conhecer a comunidade escolar em que se está atuando. Dessa forma, sugere-se que o psicólogo desenvolva instrumentos e procedimentos para o levantamento de informações relevantes sobre os pais/responsáveis, seu ambiente social, concepções e expectativas sobre o processo de escolarização dos filhos, a exemplo de um questionário direcionado aos pais, que pode ser administrado desde o período de matrícula, visando fornecer informações sobre a história de escolarização das crianças e dos adolescentes, de suas famílias e da comunidade onde se inserem, contribuindo para um olhar mais ampliado e realista sobre a comunidade escolar e as famílias. As informações advindas desse questionário podem auxiliar os profissionais da escola no planejamento de ações.

É importante que os psicólogos escolares esclareçam suas funções aos agentes escolares e familiares desde sua entrada na instituição e estejam abertos ao diálogo contínuo bem como às dúvidas sobre suas possibilidades de atuação. É fundamental que o psicólogo na escola seja compreendido como mediador das relações entre os diversos segmentos do coletivo escolar, e que suas ações com as famílias sejam planejadas em parceria com gestores, docentes e equipe técnica.

As ações desse profissional devem facilitar a criação de momentos de interação entre escola e família desde o primeiro dia letivo. Indica-se o planejamento das reuniões que serão realizadas com os pais, esclarecendo e discutindo as funções da família e da escola, a dinâmica e os regimentos da instituição, na perspectiva de desmistificar concepções estereotipadas que possam existir da equipe escolar acerca das famílias dos estudantes. Esse profissional pode elaborar estratégias que fortaleçam a relação escola-família, utilizando recursos estéticos (Souza, 2016) que permitam a produção de sentido, a circulação das vivências, e realizar escuta psicológica dos agentes escolares e familiares, visando apreender as relações que se estabelecem na comunidade escolar.

Nesse sentido, salienta-se como elemento essencial para uma atuação efetiva diante da relação família-escola, uma formação básica e continuada que possibilite a apreensão de pressupostos teórico-metodológicos específicos produzidos pela psicologia escolar. Dessa forma, é possível demarcar as especificidades do trabalho do psicólogo escolar, fortalecendo, de forma dialética, a relação entre teoria e prática profissional. Reafirma-se nesse estudo que o trabalho do psicólogo escolar é mediar a relação família-escola e os processos envolvidos nas tarefas de ensinar e aprender, com vistas a reconfigurar tais relações. Por isso, defende-se como fundamental a presença efetiva de psicólogos em contextos educacionais pela ação transformadora que esse profissional pode exercer ao promover, de forma preventiva, processos de conscientização de sujeitos imersos no contexto escolar.

 

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Endereço para correspondência:
Jéssica Andrade de Albuquerque
jessica.a.psi@gmail.com

Recebido em: 11/11/2019
Aceito em: 18/01/2020

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