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Psicologia em Pesquisa

On-line version ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.15 no.2 Juiz de Fora Apr./June 2021

http://dx.doi.org/10.34019/1982-1247.2021.v15.30709 

ARTIGOS

 

"Por que meu bebê age assim?": estudo sobre concepções parentais

 

"Why does my baby act like that?": study about parent conceptions

 

"¿Por qué mi bebé actúa así?": estudio sobre las concepciones de los padres

 

 

Laísy de Lima NunesI; Nádia Maria Ribeiro SalomãoII

IUniversidade Federal de Rondônia. E-mail: laisynunes@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4673-6289
IIUniversidade Federal da Paraíba. E-mail: nmrs@uol.com.br ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1305-7762

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo analisou concepções parentais sobre as características infantis que mais chamam a atenção dos pais, aquelas com as quais eles têm mais dificuldades de lidar e os fatores aos quais essas características são atribuídas. Participaram 20 casais, entrevistados aos 3, 6, 9 e 12 meses dos bebês. Os dados foram analisados qualitativamente. As habilidades socioemocionais foram as características que mais chamaram a atenção. Como principais dificuldades, as mães mencionaram lidar com a teimosia infantil e os pais referiram dificuldades em lidar com o choro dos bebês. Entre os fatores aos quais essas características são atribuídas, foram citados aspectos biológicos e ambientais. Conhecer as concepções parentais sobre desenvolvimento contribui na fundamentação de programas de orientação para profissionais e pais em diferentes áreas.

Palavras-chave: Desenvolvimento Infantil; Parentalidade; Concepções.


ABSTRACT

This article analyzed parental conceptions about child characteristics that most call parents' attention, those which they have more difficulties to deal with and the factors to which these characteristics are attributed. Twenty couples participated in the study, interviewed at the babies' 3rd, 6th, 9th and 12th months. The data were analyzed qualitatively. Socio-emotional skills were the characteristics that most attracted attention. As main difficulties, mothers mentioned dealing with infant stubbornness and fathers reported difficulties in dealing with babies' crying. Among the factors to which these characteristics are attributed, biological and environmental aspects were mentioned. Knowing parental conceptions about development contributes to the foundation of guidance programs for professionals and parents in different areas.

Keywords: Infant Development; Parenting; Conceptions.


RESUMEN

Este artículo analizó las concepciones parentales sobre las características del niño que más llaman la atención de los padres, aquellas con las que tienen más dificultades para tratar y los factores a los que se atribuyen estas características. Participaron del estudio veinte parejas, entrevistadas a los 3, 6, 9 y 12 meses de vida de los bebés. Los datos fueron analizados cualitativamente. Las habilidades socioemocionales fueron las características que más llamaron la atención. Como dificultades principales, las madres mencionaron tener que tratar con la terquedad infantil y los padres informaron dificultades para lidiar con el llanto de los bebés. Entre los factores a los que se atribuyen estas características, se mencionaron aspectos biológicos y ambientales. Conocer las concepciones de los padres sobre el desarrollo contribuye a la fundamentación de programas de orientación para profesionales y padres en diferentes áreas.

Palabras clave: Desarrollo Infantil; Parentalidad; Concepciones.


 

 

O processo de desenvolvimento das habilidades infantis, do ponto de vista interacionista, é permeado por ações co-construtivas e bidirecionais, ou seja, o comportamento infantil influencia e é influenciado pelo comportamento do adulto de forma contínua. Considera-se a importância das interações iniciais pais-bebê, tendo em vista que eles são os primeiros cuidadores e passam mais tempo com a criança durante o desenvolvimento inicial.

As concepções parentais sobre os fatores que atuam no desenvolvimento influenciam, de forma direta ou indireta, o modo como os pais interpretam e respondem aos sinais das crianças. Sobre esse tema, pontua-se que parte das pesquisas acerca das concepções parentais sobre o desenvolvimento infantil busca entender as ideias parentais, o que os pais pensam sobre o desenvolvimento infantil e como eles explicam a emergência das habilidades de seus filhos (Miguel, Valetim, & Carugati, 2009). O estudo das concepções parentais permite conhecer os fatores que estão envolvidos nas formas de criação e as noções dos pais sobre as habilidades gerais dos bebês e sobre os aspectos que eles consideram essenciais para promover o desenvolvimento infantil.

Desde as primeiras interações, os pais significam as ações dos bebês e respondem de acordo com os significados atribuídos. É importante saber como as pessoas atribuem causas aos comportamentos dos outros e aos seus próprios comportamentos. Esse tipo de ação parental media a relação do bebê com o mundo social e possibilita que ele compreenda os significados dos seus próprios comportamentos e, progressivamente, passe a utilizá-los de modo intencional, de acordo com o significado cultural compartilhado (Vygotsky, 1984/2007).

Ao tentar explicar as ações dos outros, cada um pode atribuir o comportamento observado a fatores internos ou a fatores externos. No caso dos pais, ao explicar o desenvolvimento dos seus filhos, por exemplo, a personalidade e a capacidade individual estão entre os fatores internos que podem ser mencionados e, entre os fatores externos, estão o meio social e cada situação em particular. Nessa linha, compreende-se também que tanto as características dos genitores quanto as das crianças exercem importante influência sobre as interações e os processos de desenvolvimento.

Quanto aos fatores parentais, a literatura indica alguns que podem interferir nas concepções e práticas educativas, entre eles estão: sexo, expectativas acerca da maternidade e da paternidade, crenças socialmente partilhadas sobre o desenvolvimento, crenças intergeracionais sobre a parentalidade. Também podem ser citadas características sociodemográficas, entre elas: idade, nível socioeconômico, nível instrucional, peculiaridades das profissões dos pais, número de filhos, assistência pré e pós-natal, religiosidade e qualidade conjugal (Bôgels & Brechman-Toussaint, 2006; Marin et al., 2013). Entre os aspectos referentes às características das crianças, a fase do desenvolvimento, o temperamento e o sexo têm sido analisados como fatores de influência em pesquisas na área (Wu & Gros-Louis, 2014).

Influenciadas por fatores, tanto parentais quanto infantis, as concepções são recursos que auxiliam na formação de conceitos sobre o desenvolvimento, na autoavaliação dos papéis e competências dos pais. Estudos que visem a conhecer e analisar o modo como os pais veem e compreendem o desenvolvimento infantil e aspectos específicos desse tema são importantes por possibilitarem maior compreensão da psicologia parental.

Diante do exposto, o objetivo do presente artigo foi analisar as concepções parentais, ao longo do primeiro ano de vida dos bebês, sobre as características infantis que mais chamam atenção dos pais, aquelas com as quais os pais têm mais dificuldades de lidar e os fatores aos quais eles atribuem essas características. As características que os pais mais apreciam entre os comportamentos dos seus filhos tendem a ser mais valorizadas e incentivadas nas interações pais-bebê. Analisar os fatores que os pais consideram que explicam essas características permite conhecer as concepções gerais de desenvolvimento que fundamentam esses cuidadores.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo vinte casais heterossexuais, casados oficialmente ou em coabitação, pais biológicos de bebês no primeiro ano de vida. A idade dos participantes variou entre 20 e 36 anos. Eles tinham nível instrucional a partir do ensino médio completo e eram residentes na cidade de João Pessoa, Paraíba. Dez casais participantes eram pais de meninos e 10 casais pais de meninas. Os bebês nasceram a termo e apresentavam desenvolvimento típico. A presente pesquisa teve um delineamento longitudinal, no qual os participantes foram entrevistados quando seus bebês estavam com 3, 6, 9 e 12 meses de vida. A amostra foi selecionada por conveniência, por meio da amostragem em "bola de neve".

Instrumentos

Foi utilizado um questionário sociodemográfico e um roteiro de entrevista semiestruturada sobre a concepção parental acerca do desenvolvimento infantil e das interações estabelecidas. O roteiro da entrevista semiestruturada foi o mesmo ao longo da pesquisa, sendo realizadas pequenas alterações para se adequar a cada etapa de desenvolvimento do bebê.

Procedimento de coleta de dados

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba (Protocolo 0465/14. CAAE: 34629814.8.0000.5188). Após a aprovação, foram feitos contatos com os casais, convidando-os a participarem da pesquisa. Primeiramente, os participantes foram esclarecidos acerca dos cuidados éticos e, então, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Foram respeitados todos os princípios éticos estabelecidos pelas Resoluções 466/12 e 510/16 do CNS/MS. Os encontros com os participantes aconteceram nas residências de cada casal ou em local indicado por eles. Cada entrevista foi realizada individualmente, sem a presença do(a) parceiro(a).

Procedimento de análise dos dados

Após a coleta dos dados, foram levantados os dados sociodemográficos dos participantes, e as entrevistas foram transcritas na íntegra de forma literal. No processo de análise, foram identificados os temas relatados pelos participantes, desmembrando o texto em unidades, conforme prescrito pela técnica de análise categorial temática (Bardin, 1977/2002). Em seguida, foi realizado o levantamento das frequências das respostas obtidas sobre cada tema e discutidos os relatos parentais. Na sequência, serão apresentadas três classes temáticas elencadas: Características infantis que mais chamam atenção dos pais; Características e atividades infantis com as quais os pais têm mais dificuldade de lidar e; Fatores aos quais são atribuídas as características infantis.

 

Resultados e Discussão

Características infantis que mais chamam a atenção dos pais

A primeira classe temática se refere às características infantis que mais chamam a atenção dos pais. Sobre esse tema, os participantes destacaram as características dos bebês que consideram mais positivas em cada etapa do desenvolvimento. As principais habilidades infantis mencionadas foram classificadas de acordo com o domínio do desenvolvimento ao qual estão relacionadas, podendo ser, conforme ilustrado na Figura 1: socioemocionais (HSE), cognitivas (HCog), comunicativas (HCom) e motoras (HMot).

Conforme exibido na Figura 1, as habilidades socioemocionais foram destacadas como as que mais chamam atenção dos pais no desenvolvimento dos bebês ao longo do primeiro ano de vida. Elas foram mencionadas por 10 mães e cinco pais, aos 3 meses; quatro mães e 13 pais, aos 6 meses; 10 mães e 10 pais, aos 9 meses e; 14 mães e nove pais, aos 12 meses. Especificamente, a sociabilidade ou simpatia dos bebês e as demonstrações de carinho foram os principais comportamentos expressivos desse tipo de habilidade infantil.

Sobre a sociabilidade infantil, a maioria das falas apresenta o sorriso como principal comportamento expressivo dessa característica. Sobre as expressões de carinho, como um dos comportamentos infantis que mais chama atenção dos pais, verificou-se que tais relatos aumentaram à medida que a idade dos bebês também aumentou. Além disso, as falas mudaram de uma descrição genérica para um relato mais específico de quais comportamentos são expressos pelos bebês como formas de carinho, e a quem ou ao que esse carinho é direcionado, conforme exemplificado:

"O que me chama mais atenção são as manifestações de carinho dele, né, que agora a gente já vê com um pouco mais de consistência. Antes a gente não conseguia identificar o que era um abraço e o que era só chegar perto (...) é uma manifestação que eu acho muito bacana, assim, dele demonstrar esse afeto, de conseguir demonstrar esse afeto." (M20, 12 meses, 11 de novembro de 2015).

Esses comportamentos sociais e afetivos entre o bebê, seus cuidadores e o meio no qual estão inseridos chamam a atenção dos pais por proporcionarem melhores possibilidades de engajamento interativo. À medida que as interações são permeadas pelo afeto positivo, fatores como mediação e aprendizagem tendem a ser favorecidos, contribuindo para o desenvolvimento de aspectos cognitivos, comunicativos e sociais (Vygotsky, 1998). A sociabilidade e as demonstrações de carinho infantis evidenciam uma postura ativa dos bebês, particularmente nas relações diádicas, e os pais tendem a ficar mais satisfeitos e felizes quando percebem que o bebê, de algum modo, responde aos comportamentos que são direcionados a ele ( Piccinini, Silva, Gonçalves, Lopes, & Tudge, 2012; Polli, Gabriel, Piccinini, & Lopes, 2016).

As habilidades cognitivas foram o segundo tipo de habilidades mais citadas pelos participantes. Elas foram citadas por quatro mães e cinco pais, aos 3 meses; seis mães e quatro pais, aos 6 meses; sete mães e nove pais, aos 9 meses e; duas mães e sete pais, aos 12 meses. Entre as habilidades cognitivas, destacam-se os relatos parentais sobre os bebês reconhecerem seus próprios pais, mencionados, principalmente, aos 3 meses, e a facilidade do bebê em aprender e entender, como exemplificado: "Eu acho que me chama atenção a rapidez de que ele aprende as coisas, de que ele... que ele interessa. Quando eu nem percebo ele já tá olhando alguma coisa que interessa a ele". (M7, 9 meses, 25 de junho de 2015).

Também no estudo realizado por Krob, Piccinini e Silva (2009), os pais destacaram a habilidade infantil de reconhecer as pessoas pela voz, especialmente, o pai e a mãe, como uma das habilidades infantis que os pais mais gostam.

As habilidades comunicativas foram mencionadas como uma das características que mais chamam atenção positivamente de seis mães e seis pais, aos 3 meses; três mães e dois pais, aos 6 meses; dois pais, aos 9 meses e; quatro mães e um pai, aos 12 meses. Ao citarem as habilidades comunicativas, os participantes destacaram as formas particulares utilizadas pelos bebês na tentativa de se comunicar em cada uma das etapas da pesquisa, como diferenciado nos exemplos: "O que me chama atenção nela, é que ela é expressiva com os olhos (...) aí nem precisa falar, você já sabe o que ela vai querer." (P15, 6 meses, 29 de abril de 2015); "Assim, ele comunica o que ele quer, ela faz a gente entender que quer uma coisa, ele mostra." (M17, 12 meses, 03 de novembro de 2015).

Em seguida, foram mencionadas as habilidades motoras, citadas por quatro mães e dois pais, aos 3 meses; quatro mães e um pai, aos 6 meses; uma mãe e três pais, aos 9 meses e; uma mãe e dois pais, aos 12 meses. Em cada etapa da pesquisa foi destacado um comportamento motor diferente, típico da idade que os bebês tinham em cada momento nos quais os pais foram entrevistados. Essa diferenciação se torna clara nos exemplos: "Mais positivo é porque ela é bem durinha, sabe, eu acho." (M6, 3 meses, 15 de dezembro de 2014); "Ela pegando as coisas, a gente já sabe o que ela vai fazer." (P6, 6 meses, 19 de março de 2015); "Eu coloquei ela no chão no sábado, ela foi rastejando, parecia um soldadinho, só assim, rastejando. Aí quando foi no domingo, ela já foi tentando sentar, quando foi na segunda ela já sentou, quatro dias depois ela já tava engatinhando ()". (M15, 9 meses, 21 de julho de 2015); "Eu acho que o que me chamou mais atenção foi andar, né, que foi rápido, né, levantar, de sentar, levantar rápido, de se levantar sozinho, eu acho que o que mais me chamou atenção foi isso." (P10, 12 meses, 24 de setembro de 2015).

Resultados semelhantes, nos quais as mães indicaram características positivas dos comportamentos dos seus filhos, foram apresentados por Seidl-de-Moura et al. (2013). As referências parentais aos aspectos positivos do temperamento infantil se mostram como um fator promotor do envolvimento parental positivo, tendo em vista que, as crianças que são percebidas desse modo tendem a provocar comportamentos parentais mais responsivos (Melchiori, Alves, Souza, & Bugliani, 2007).

O destaque dado pelos participantes às características socioemocionais infantis remete à importância dos aspectos afetivos nas interações sociais. Entende-se que as relações afetivas são constituídas nas e pelas interações sociais, assim como proporcionam configurações diferenciadas a estas. A afetividade está inter-relacionada aos comportamentos sensório-motores do bebê, ao desenvolvimento cognitivo, comunicativo e da intencionalidade (Vygotsky, 1998). O bebê, ao ser capaz de expressar o que sente e entender o que o outro sente, começa a estabelecer as bases de sua consciência social e a agir de forma diferente nas interações (Legerstee, 2013; Mendes & Pessôa, 2013). Os pais, por seu turno, são influenciados positivamente pelas expressões afetivas infantis e tendem a responder a esses comportamentos de modo contingente, potencializando as possibilidades de interação e de aprendizagem por parte do bebê.

Características e atividades infantis com as quais os pais têm mais dificuldade de lidar

A segunda classe temática refere-se às características e atividades infantis com as quais os pais têm mais dificuldade de lidar. A Figura 2 apresenta as principais dificuldades relatadas pelos participantes.

Como demonstrado na Figura 2, a dificuldade mais mencionada foi lidar com o choro/manha do bebê. Nessa categoria foram incluídas dificuldades dos participantes em identificar os motivos do choro, diferenciá-los, acalmar o bebê quando ele chora ou está "enjoadinho", e lidar com a manha, expressa, na maioria das vezes, pelo choro. Essa dificuldade foi mencionada por quatro mães e 11 pais, aos 3 meses; três mães e 10 pais, aos 6 meses; três mães e seis pais, aos 9 meses e; duas mães e sete pais, aos 12 meses. Destaca-se o seguinte recorte das falas dos participantes:

"() quando ele tá chorando muito. Teve um dia que ele chorou bastante, bastante, e eu tava só em casa, eu fiquei doido, porque eu fui dar comida, ele não quis. Botei remedinho pra cólica, não deu certo, levei ele pra banheira, não deu certo, levei pra perto do ventilador, não deu certo, fui brincar, não deu certo, aí eu fiquei doido. () liguei pra todo mundo e eu fiquei doido aqui." (P4, 6 meses, 18 de março de 2015).

Essa verbalização paterna exemplifica a tentativa dos pais de entenderem o choro infantil como comunicativo. Brazelton (1994) afirma que a impossibilidade parental em encontrar uma solução rápida e eficaz para o choro do bebê provoca que pais com pouca experiência reavaliem suas ideias e busquem novas estratégias. Ainda segundo esse autor, diante dessa dificuldade, os pais iniciam um longo processo de observações mais cuidadosas, que possibilita que eles criem novas possibilidades de conhecer mais sobre o bebê, suas formas de comunicação e necessidades.

Nessa categoria, constatou-se que os relatos paternos foram mais frequentes. Essa diferença entre pais e mães pode ser devido ao tempo que passam com a criança. Entre os casais participantes, as mães passam mais tempo com os bebês, o que contribui para que elas diferenciem o choro infantil de forma mais rápida e, identificado o incômodo, consigam atender às necessidades deles de maneira eficaz. Resultados nessa direção foram encontrados por Castoldi, Gonçalves e Lopes (2014), em um estudo no qual os pais afirmaram ter dificuldades de se envolver nos cuidados infantis, particularmente quando o bebê chorava.

Além da diferença entre pais e mães, verificou-se que essa dificuldade foi mais frequente nos meses iniciais da vida do bebê, tal como no exemplo que demonstra que, apesar de a dificuldade ainda permanecer, ela é menor quando o bebê está mais velho: "Fica abusadinho, fica chorando () eu ainda tenho essa dificuldade aí, pouquinho, mas, tenho." (P8, 12 meses, 30 de setembro de 2015).

Isso pode ser atribuído ao fato que, ao longo do desenvolvimento, os bebês realizam outros tipos de ações, além do choro, para expressar seus incômodos e os pais vão, progressivamente, entendendo as necessidades e comportamentos dos bebês. Os objetivos do choro infantil se tornam mais evidentes e os pais elaboram estratégias, cada vez mais eficazes, de responder aos bebês (Brazelton, 1994; Castoldi et al., 2014).

A segunda dificuldade apresentada pelos participantes foi, de acordo com os termos citados por eles, lidar com a "teimosia" do bebê. Ao usar o termo teimosia, os pais estavam se referindo à negativa do bebê em atender ao que eles solicitam ou à ação infantil diante de proibições estabelecidas. Esse tipo de dificuldade foi mencionado por duas mães e um pai, aos 6 meses; sete mães e dois pais, aos 9 meses e; dez mães e seis pais, aos 12 meses. A maioria desses participantes relacionou os comportamentos entendidos como "teimosia" do bebê com birra, e afirmou ser uma fase típica do desenvolvimento, como demonstrado no seguinte trecho:

"Quando é algo que tem que fazer ou que a gente não deixa ela fazer, ela faz uma birra. Então, a gente tá nessa fase de tentar não ceder à birra, né. (...) Que a gente tá lendo bastante pra ver como passar por essa fase, é difícil, pra não ceder e também não deixar ela chorando lá." (P1, 12 meses, 27 de agosto de 2015).

Enquanto a dificuldade de lidar com o choro predominou nas primeiras etapas da pesquisa, as dificuldades em lidar com a teimosia do bebê foram mais frequentes à medida que ele foi se desenvolvendo. Esse resultado, de acordo com as concepções parentais, parece estar relacionado à capacidade infantil de agir diretamente sobre o meio e à necessidade parental de lidar com essas manifestações, que demandam mais tempo e atenção dos pais para acompanhar as atividades do bebê.

Esse resultado corrobora dados da literatura na área que indicam que ao agir de modo mais direto sobre o ambiente, o bebê desenvolve também sua autonomia, causando impacto nas relações com seus cuidadores (Brazelton, 1994; Lopes et al., 2007). Nesse sentido, constatou-se que as dificuldades parentais em lidar com a "teimosia" infantil foram mais frequentes aos 9 e aos 12 meses do bebê e estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento motor, a transição entre o engatinhar e andar.

Os participantes indicam elementos a partir dos quais podem ser identificadas concepções sobre a cognição e a intencionalidade infantis. Ao afirmar que seus filhos teimam em fazer o que foi proibido, os participantes demonstram que, para eles, o bebê é capaz de entender as instruções parentais e que, diante disso, tem a intenção de agir de forma contrária ao que foi determinado. Se os pais falam que o bebê está fazendo birra, eles parecem entender que esse comportamento infantil é um comportamento intencional, conforme exemplificado: "Quando ele quer fazer uma coisa e que eu digo "não", ele sabe que não pode fazer, mas continua fazendo, sabe. Ele faz, e olha pra mim e faz mesmo, e faz 'aaaaahhhh'." (P7, 12 meses, 03 de outubro de 2015).

Diante disso, depreende-se que a dificuldade parental mencionada não se refere apenas a lidar com a "teimosia", ela remete à dificuldade de lidar com as novas habilidades do bebê. Tais habilidades são marcadas por curiosidades e exploração do ambiente, caracterizando um bebê mais curioso e disposto a explorar o meio, e que, ao mesmo tempo, demanda mais cuidados em relação a acompanhá-lo por onde anda e atentar para quais objetos ele tem interesse. Ao andar, aumentam os comportamentos infantis de exploração e de compartilhamento do objeto, o que implica em uma reorganização da relação pais-bebê, inclusive modificando o comportamento verbal parental e influenciando o desenvolvimento comunicativo infantil (Berger, Cunsolo, Ali, & Iverson, 2017; Karasik, Tamis-LeMonda, & Adolph, 2014).

Ao final do primeiro ano, os bebês se envolvem em atividades que podem ser consideradas de risco ou perigosas e os pais usam frases mais diretivas, tais como: "Não!" "Pare!" "Não faça isso!", que possibilitam a construção de um novo tipo de compreensão por parte do bebê. Durante essa fase de locomoção independente, os pais ficam mais atentos, e sentimentos de ansiedade, cansaço e estresse podem se tornar mais frequentes. Essa fase é, portanto, um momento importante do desenvolvimento, sendo comum que os pais a entendam como um desafio (Longobardi, Quaglia & Settanni, 2016; Lopes et al., 2007). Apesar das dificuldades, esse acompanhamento parental é importante para o desenvolvimento infantil por proporcionar ao bebê a sensação de estar sendo observado e cuidado, enquanto os pais dedicam tempo para estar com ele (Brazelton, 1994).

Como apresentado, as dificuldades parentais em relação à teimosia do bebê se modificaram de acordo com as fases de desenvolvimento infantil. Verificou-se também que essa dificuldade foi evidenciada mais pelas mães do que pelos pais, sendo necessárias reflexões que busquem entender os motivos dessa diferença. Diante disso, considerando os dados já apresentados e referências que discutem, particularmente, o desenvolvimento infantil e as concepções paternas no início do primeiro ano de vida do bebê (Castoldi et al., 2014; Krob et al., 2009), indica-se possíveis fatores associados a essa diferença entre as frequências nos discursos maternos e paternos.

O menor número de falas paternas no tocante a esse tema parece estar relacionado à mudança positiva que ocorre no modo de o pai lidar com o bebê à medida que o tônus muscular infantil está mais desenvolvido. O manejo do pai com o bebê tende a ser facilitado pelo desenvolvimento das habilidades motoras infantis, que possibilitam o envolvimento paterno em atividades mais relacionadas à locomoção.

Ao falarem sobre as dificuldades, algumas mães mencionaram as suas dificuldades pessoais em estabelecer limites para os bebês. Discursos semelhantes também foram apresentados pelas participantes da pesquisa realizada por Lopes et al. (2007) com mães de bebês aos 12 meses, que indicaram esse aspecto ao falarem sobre suas percepções acerca das novas aquisições infantis. A seguinte verbalização materna expressa essa ideia, nesse caso, a mãe não remete sua dificuldade em lidar, especificamente, com o comportamento do bebê, mas ao seu próprio desconhecimento sobre o que pode fazer ou não em cada fase do desenvolvimento infantil: "Mas, ainda minha maior dificuldade é essa, assim, de ver qual é a idade que eu já posso brigar com ele de verdade, botar ele de castigo, assim, pra ele aprender." (M12, 12 meses, 15 de setembro de 2015).

Enquanto faziam referência a esse tema, as mães não apenas falaram mais do que os pais, como também apontaram em suas falas que os pais têm menos dificuldades nessa área do que elas, como no exemplo:

E a parte mais difícil de lidar é a parte do "não", a parte de negar, de ter que negar. De dizer: "isso não pode!" Meu esposo consegue mais. Ele [bebê] pega tudo em todo canto, e tudo que pega quer colocar na boca, aí pra eu tirar é uma dificuldade. Ele [o esposo], na hora: "não! Isso não é brinquedo!" e tira. Consegue ser mais rigoroso, eu sou mais mole pra ele." (M8, 6 meses, 30 de março de 2015).

Essa diferença parece estar relacionada ao papel que alguns casais atribuem às figuras materna e paterna, cabendo à mãe as práticas relacionadas a acalmar o bebê, por exemplo, e ao pai as práticas de disciplina. Sobre esse tema, Brazelton (1994) afirma que estabelecer limites é uma das tarefas parentais mais difíceis, especialmente quando pais trabalham fora de casa e têm menos tempo para ficar com os bebês. Ao final do primeiro ano, os pais, comumente, tornam-se disciplinadores e possibilitam que o bebê comece a desenvolver a autodisciplina. Ainda de acordo com o referido autor, a autodisciplina envolve três estágios de construção: testar os limites através da exploração; provocar, para que os outros deixem claro o que é ou não conveniente e; internalizar esses limites anteriormente desconhecidos.

A terceira maior dificuldade mencionada pelos participantes foi lidar com o sono do bebê. Nessa categoria, estão inseridas dificuldades para colocar o bebê para dormir e para lidar com a falta de rotina do sono do bebê, seja com relação a horários ou a acordar diversas vezes durante a noite. Essa categoria foi mencionada por cinco mães e quatro pais, aos 3 meses; três mães e três pais, aos 6 meses; três mães e três pais, aos 9 meses e; uma mãe e um pai, aos 12 meses.

Dados semelhantes foram indicados por pais participantes de uma pesquisa realizada por Piccinini et al. (2012), ao afirmarem que fazer o bebê dormir estava entre as atividades que eles menos gostavam de fazer durante o primeiro trimestre de vida do bebê. No presente estudo, os relatos sobre essa dificuldade foram diminuindo ao longo do tempo, tendo em vista que o bebê começa a estabelecer mais precisamente os estágios de sono e vigília e a se adaptar à rotina do ambiente (Brazelton, 1994), assim como, a maioria dos pais consegue lidar melhor com essa atividade a partir da prática mais constante.

Outra dificuldade mencionada foi lidar com o temperamento dos seus filhos. Os participantes caracterizaram o "gênio" ou "personalidade forte" como aspectos negativos do temperamento, sendo indicados por eles como algo próprio da criança e não apenas comportamentos típicos de uma fase determinada. Essa categoria foi citada por três mães, aos 3 meses; três mães e dois pais, aos 6 meses; quatro mães e dois pais, aos 9 meses e; quatro mães e quatro pais, aos 12 meses.

Os resultados aqui apresentados parecem estar associados à capacidade infantil de manifestar suas vontades e gostos e à necessidade parental de lidar com o processo de construção da autonomia do bebê. As percepções parentais sobre o temperamento infantil são influenciadas pelas características infantis e têm impacto nas interações pais-bebês. A depender das características da própria criança e de como os pais a percebem, o temperamento infantil pode atuar como um fator de proteção ou de risco ao desenvolvimento, podendo facilitar ou dificultar a interação (Cassiano & Linhares, 2015; Chiodelli, 2016; Krob et al., 2009; Malhado & Alvarenga, 2012).

Fatores que explicam as características infantis

A terceira classe temática se refere às concepções parentais sobre os fatores que explicam as características infantis. Após relatarem quais características dos bebês chamam mais atenção e com quais características ou atividades têm mais dificuldade de lidar, os participantes foram questionados sobre os fatores a partir dos quais podem ser explicadas as características infantis relatadas. A Figura 3 indica os principais fatores mencionados pelos participantes.

Conforme indicado na Figura 3, a maioria das caraterísticas dos bebês mencionadas nas duas classes temáticas anteriores foi atribuída a fatores biológicos, entre os quais foram identificados os seguintes aspectos: inatos; hereditários; próprios da fase de desenvolvimento; fisiológicos e; relativos ao sexo do bebê. De modo geral, aos 3 meses, seis mães e 10 pais afirmaram que as características referidas sobre os seus filhos, tanto as positivas como as negativas, podiam ser atribuídas a fatores biológicos. O mesmo foi relatado pela maior parte dos participantes nas etapas seguintes (12 mães e 10 pais, aos 6 meses; 13 mães e 12 pais, aos 9 meses; 10 mães e oito pais, aos 12 meses), conforme exemplificado: "Eu acho que é instintivo mesmo, não sei se é muita manha mesmo como o povo fala não." (P5, 3 meses, 11 de dezembro de 2014); "Acho que puxou aos avós, um avô é político e o outro fala pelos cotovelos." (M17, 3 meses, 21 de janeiro de 2015); "Acho que é natural, é da fase mesmo. Sabe, eu acho que é o jeitinho dele mesmo." (P10, 6 meses, 05 de março de 2015).

Alguns participantes atribuíram as características infantis aos fatores ambientais, tais como: relação entre os pais, relação dos pais com o bebê, contato do bebê com outras pessoas, alimentação, entre outros. O recorte seguinte ilustra alguns desses aspectos: "Eu não me lembro da gente brigar na frente dele, eu acho que isso aí é um fator que dá segurança a ele, dele ter uma tranquilidade em casa." (P8, 12 meses, 30 de setembro de 2015).

Relatos desse tipo, enfatizando os aspectos ambientais, foram emitidos por 10 mães e dois pais, aos 3 meses; três mães e sete pais, aos 6 meses; oito mães e quatro pais, aos 9 meses e; 13 mães e nove pais, aos 12 meses. A maioria dessas falas justificavam características positivas dos bebês.

Embora com menor frequência, também existiram relatos atribuindo as características infantis a fatores interacionistas, que relacionam aspectos biológicos e ambientais. Tal concepção foi expressa por duas mães e quatro pais, aos 3 meses; duas mães e um pai, aos 6 meses; um pai, aos 9 meses e; dois pais, aos 12 meses. O exemplo seguinte apresenta um recorte de fala, no qual uma mãe relata que o desenvolvimento pode acontecer pela interação de fatores inatos e ambientais: "(...) desde cedo eu acho que tem a ver com a personalidade dela e tem a ver com a criação da gente também." (M18, 3 meses, 22 de janeiro de 2015).

Embora a visão interacionista tenha sido a menos mencionada, cabe pontuar que ela foi mais frequente nos discursos paternos do que maternos. Melchiori et al. (2007), por sua vez, em uma pesquisa realizada com mães e educadores de creche de bebês entre 4 e 24 meses, constataram que a maioria das participantes apresentaram crenças ambientalistas sobre o temperamento e o desempenho dos bebês. Resultados semelhantes foram encontrados por Bahia, Magalhães e Pontes (2011), em um estudo com mães e educadoras de creches.

Esses resultados podem diferir dos resultados apresentados no presente estudo devido aos aspectos do desenvolvimento infantil que foram considerados. Nesta pesquisa, foram questionadas as atribuições de causalidade de comportamentos específicos dos bebês (os que mais chamavam a atenção dos pais e com os quais eles tinham mais dificuldade de lidar) e não o desenvolvimento de forma integral.

De modo mais específico, ao analisar os discursos parentais, é possível afirmar que as explicações dos participantes sobre os fatores aos quais são atribuídas as características positivas dos bebês remeteram tanto a aspectos biológicos, quanto do meio ambiente. Todavia, ao explicarem as características negativas, os participantes as associaram, mais frequentemente, aos fatores biológicos do que aos fatores ambientais, como no exemplo:

"Eu acho que carinho é mais, carinhosa é mais... acho que porque é reflexo de tudo que ela vê, da gente sendo carinhoso com ela, tudo... Então, acho que ela termina absorvendo isso. E a teimosia () é dela mesmo." (P18, 9 meses, 16 de julho de 2015).

Esse resultado parece indicar que os participantes se sentem mais responsáveis pelos comportamentos positivos dos filhos, do que por seus comportamentos negativos. Isso porque ao falarem das caraterísticas positivas e relacioná-las com o ambiente, na maioria das vezes, os pais citaram suas próprias ações em relação à criança como sendo um fator influenciador, o que não foi tão frequente ao relatarem as características negativas dos bebês.

 

Considerações Finais

No presente estudo, foram analisadas as concepções parentais sobre as características infantis que mais chamam a atenção, aquelas com as quais os pais têm mais dificuldades em lidar e os fatores aos quais são atribuídas as referidas características. Verificou-se que as habilidades socioemocionais e cognitivas foram as mais frequentes nos relatos dos participantes quando descreveram os comportamentos dos seus filhos que mais chamam atenção positivamente. Entre as principais dificuldades encontradas, as mães mencionaram, principalmente, as dificuldades em lidar com a teimosia infantil e os pais referiram as dificuldades em lidar com o choro do bebê. Entre os fatores aos quais essas características são atribuídas, os participantes mencionaram tanto aspectos biológicos quanto ambientais, entretanto, demonstraram reconhecer o seu próprio papel enquanto agentes promotores de desenvolvimento.

Entende-se que conhecer as concepções parentais e discutir sobre a influência delas nas avaliações e nos comportamentos de mães e pais auxilia a compreensão da psicologia parental e fundamenta a elaboração de programas que visem a orientar os pais sobre a temática em questão. Estudos desse tipo podem contribuir para nortear o trabalho de psicólogos que atuam em setores de educação infantil. Podem também fundamentar a elaboração de políticas sociais e de saúde que realizem intervenções com grupos de pais, gestantes e educadores a fim de discutir em conjunto com eles e orientá-los sobre a criação de situações promotoras do desenvolvimento infantil.

Considerando que esses são fatores importantes que podem influenciar as atribuições de significado, concepções e práticas parentais, é preciso atentar para a caracterização dos participantes e a possível relação entre esses dados e os resultados analisados. Assim, futuras pesquisas sobre esse tema devem incluir mães e pais de diferentes níveis socioeconômicos e que apresentem uma maior diversidade de nível instrucional, representando de forma mais efetiva a população brasileira.

 

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Endereço para correspondência:
Laísy de Lima Nunes
laisynunes@gmail.com

Recebido em: 23/05/2020
Aceito em: 31/08/2020

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