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Psicologia em Pesquisa

versão On-line ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.16 no.1 Juiz de Fora jan./abr. 2022

http://dx.doi.org/10.34019/1982-1247.2022.v16.32718 

ARTIGOS

 

Aprende-se a ser pai? A participação de homens em grupos de gestantes e casais grávidos

 

Does one learn to be a father? The participation of men in groups of pregnant women and pregnant couples

 

¿Se aprende a ser padre? La participación de hombres en grupos de mujeres embarazadas y parejas embarazadas

 

 

Fabiane Aparecida KronbauerI; Suzana Feldens SchwertnerII

IUniversidade do Vale do Taquari (Univates). E-mail: fabiane.kronbauer@universo.univates.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6338-844X
IIUniversidade do Vale do Taquari (Univates). E-mail: suzifs@univates.br ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2913-9191

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A pesquisa teve como objetivo analisar a participação de homens em grupos de gestantes para a manifestação do vínculo e do papel com seu filho durante o período gravídico-puerperal. O levantamento dos dados ocorreu a partir de um grupo focal de três encontros virtuais, realizados quinzenalmente com casais grávidos. Por meio da Análise Textual Discursiva, pode-se perceber que o grupo de gestantes auxiliou no aprimoramento da maternagem e paternagem e no fortalecimento do vínculo que já existia no casal, refletindo no cuidado e participação ao longo de todo o processo gestacional, bem como nos primeiros anos do bebê.

Palavras-chave: Processo grupal; Gestação; Paternidade; Winnicott.


ABSTRACT

The research aimed to analyze men's participation in groups of pregnant women for the manifestation of the bond and the role with their child during the pregnancy-puerperal period. Data survey took place from a focus group of three virtual meetings, held every two weeks with pregnant couples. Through the Discursive Textual Analysis, it can be seen that the group of pregnant women helped in the improvement of motherhood and fatherhood and in strengthening the bond that already existed in the couple, reflecting in the care and participation throughout the entire gestational process, as well as in the baby's first years.

Keywords: Group process; Gestation; Paternity; Winnicott.


RESUMEN

La investigación tuvo como objetivo analizar la participación de hombres en grupos de mujeres embarazadas para la manifestación del vínculo y del papel con su hijo durante el período embarazo-puerperio. La recolección de datos se realizó a partir de un grupo focal de tres reuniones virtuales, celebradas cada dos semanas con parejas embarazadas. A través del Análisis Textual Discursivo, se puede ver que el grupo de mujeres embarazadas ayudó a mejorar la maternidad y la paternidad y a fortalecer el vínculo que ya existía en la pareja, lo que se refleja en el cuidado y la participación durante todo el proceso gestacional, así como en los primeros años del bebé.

Palabras clave: Proceso grupal; Gestación; Paternidad; Winnicott.


 

 

A paternidade e a maternidade proporcionam experiências singulares aos envolvidos, porém dois aspectos podem ser considerados como efeito desta vivência: a insegurança e os diversos questionamentos. Assim, é muito importante o conhecimento dos aspectos emocionais, bem como de questões externas que estão presentes durante o período gestacional, ao parto e ao puerpério, uma vez que essas etapas são essenciais para a saúde do bebê e para o desenvolvimento das relações familiares (Zimmermann, Zimmermann, Zimmermann, Tatsch, & Santos, 2007).

Dessa forma, o estudo em questão busca analisar a contribuição dos grupos de gestantes e casais grávidos para o exercício da paternagem (Freitas et al., 2009). Nessa perspectiva, propõe investigar acerca da participação paterna durante a gestação, parto e pós-parto; compreender o sentido da paternidade para os pais que participam de um grupo de gestantes e casais grávidos (Zampieri, Gregório, Custódio, Regis, & Brasil, 2010), reconhecendo as potencialidades e os entraves para o desenvolvimento da paternagem, bem como identificar as possíveis contribuições do grupo de gestantes e casais grávidos para o estabelecimento de vínculo entre pai e filho.

Pesquisas realizadas recentemente enfatizam que as relações dos pais com seus bebês são de extrema relevância para um desenvolvimento saudável do indivíduo. Em contrapartida, também podem implicar sérias consequências caso as relações iniciais não suprirem as necessidades do bebê (Zavaschi & Brunstein, 2007). Nesse sentido, considera-se de extrema importância a compreensão desse fenômeno pelo olhar do homem paterno, a identificação das dificuldades e das possibilidades de exercer a paternagem nos dias de hoje, e como os grupos de gestantes e casais grávidos podem auxiliar no desenvolvimento desse papel.

De uma forma geral, os resultados das pesquisas realizadas nos últimos dez anos no Brasil indicaram que a presença do pai está sendo cada vez mais observada como aspecto relevante na construção de um espaço de cuidado e responsabilidade para a gestante e o bebê. Apesar de não ter encontrado estudo a respeito da influência de grupos de gestantes na participação do pai no período gravídico-puerperal, investigações que se aproximam desta pesquisa foram localizadas (Bonifácio, Souza, & Vieira, 2019; Castoldi, Gonçalvez, & Lopes, 2014; Dessen & Oliveira, 2013; Freitas et al., 2009; Krob, Piccinini, & Silva, 2009; Perosa & Pedro, 2009; Piccinini, Levandowski, Gomes, Lindenmeyer, & Lopes, 2009; Santos & Antúnez, 2018; Santos & Kreutz, 2014; Trindade, Cortez, Dornelas, & Santos, 2019; Vieira et al., 2014; Zampieri et al., 2010). Existem produções relacionadas à área, porém a proposta desta pesquisa será analisar especificamente a influência de grupos de gestantes e casais grávidos no exercício da paternagem.

As categorias encontradas "O que faz um pai?"; "Os sentidos da paternidade"; "Grupo de pais: pode um homem gestar?" e "O nascimento de um pai" são analisadas a partir da teoria psicanalítica winnicottiana e da importância do grupo nesse processo. Amiralian (2014) assinala a relevância atribuída à participação e ao papel do pai na teoria de Donald Winnicott, considerando que, para o autor, a influência do ambiente no que se refere a aspectos físicos, sociais, culturais e emocionais é notadamente reconhecida e identificada ao longo do desenvolvimento infantil. Ainda, o contato com outros casais e com profissionais da saúde propicia o fortalecimento do grupo, gerando mais sentido e participação ativa dos pais durante todo o processo gestacional (Santos, Zellerkraut. & Oliveira, 2008).

 

Método

O presente trabalho é um estudo de cunho qualitativo e exploratório, que tem como objetivo analisar a contribuição dos grupos de gestantes e casais grávidos para o exercício da paternagem. A pesquisa qualitativa tem como principal instrumento a palavra que expressa a fala cotidiana, trabalhando com representações, atitudes e opiniões, com o intuito de compreender o conteúdo dos discursos (Minayo & Sanches, 1993). Rey (2005) complementa que a sua natureza teórica é um dos elementos centrais que possibilita a produção de conhecimento, a qual se estende por variados pontos a respeito do tema. Sendo assim, essa metodologia está orientada ao aprimoramento da teoria e à construção de ideias e de pensamentos.

Contexto e Participantes

Foram incluídos casais que participam há três meses, no mínimo, de um grupo de gestantes, que estavam gestantes durante o período da pesquisa ou que tinham ao menos um filho de, no máximo, um ano de idade. O perfil sociodemográfico dos participantes é: idade entre 30 e 40 anos, classe média alta, residentes de um município do interior do RS. Foram três casais que participaram da pesquisa, sendo que um deles ainda estava gestante. O grupo de gestantes e casais grávidos que os participantes frequentam é organizado de forma voluntária e gratuita por profissionais da área da Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia. Os encontros ocorrem mensalmente em um espaço cedido pela prefeitura do município. O grupo é aberto ao público; dessa forma, a sua configuração varia a cada encontro. Os assuntos abordados geralmente são sugeridos pelos próprios pais e vão desde o planejamento familiar até a criação dos filhos, envolvendo gestação, preparação para o parto, parto, puerpério e amamentação.

Instrumentos e Procedimentos de Coleta de Dados

Para a escolha dos participantes foi enviado um e-mail às coordenadoras de um grupo de gestantes em uma cidade do Vale do Taquari/RS para explicar a pesquisa e solicitar indicação de casais que se enquadrassem nos critérios de seleção. A obtenção dos dados ocorreu em momentos diferentes aos de realização desse grupo. Os casais foram, então, contatados pela pesquisadora por meio da ferramenta WhatsApp e convidados a participar da pesquisa, todas as combinações para os encontros foram realizadas por este recurso.

A pesquisa foi realizada por meio de grupo focal virtualizado com casais que participam de grupos de gestantes. O grupo focal permite compreender os processos de construção da realidade por determinados grupos sociais, comportamentos e atitudes, constituindo-se uma técnica importante para o conhecimento das percepções, crenças e valores prevalentes na discussão de voluntários que possuem alguns traços em comum. A pesquisa com grupos focais, além de possibilitar a análise de diferentes visões acerca de uma mesma questão, também permite o entendimento sobre as perspectivas defendidas por pessoas no cotidiano e a maneira que elas são influenciadas pelos outros (Gatti, 2005).

De acordo com Silva, Schwertner e Zanelatto (2019), o grupo focal tem um aspecto desafiador devido à possibilidade de interpretações limitadas e tendenciosas das falas dos participantes, visto que esta prática se refere a relações diretas entre seres humanos. Por outro lado, os autores afirmam que o grupo focal se constitui de um dispositivo efetivo e que é possível obter resultados coerentes quando se tem apropriação do que a pesquisa busca compreender.

O grupo focal foi realizado com o pai e a mãe juntos. Considerou-se importante a presença da mãe nos encontros para conhecer e entender as suas percepções em relação à participação paterna, já que as atitudes do pai influenciam na relação mãe-bebê, e também para compreender minimamente a dinâmica do casal. Além disso, pai e mãe, juntos, fazem parte do ambiente da criança e ambos precisam ser ouvidos para analisar o relacionamento inicial com o bebê e a contribuição dos grupos de gestantes e casais grávidos para essa construção da paternagem. Os encontros foram planejados para ocorrer quinzenal e presencialmente, mas foram realizados no formato virtual, com o auxílio da ferramenta Google Meet, devido à situação de pandemia global relacionada à Covid-19, com o intuito de garantir a segurança dos participantes e viabilizar a continuidade da pesquisa.

Os encontros do grupo focal ocorreram em três momentos no mês de abril de 2020, com a duração de aproximadamente 45 minutos cada. Em cada encontro a pesquisadora lançou questionamentos norteadores para a condução do grupo focal, os quais foram dispostos de acordo com a proximidade da temática. No primeiro encontro, inicialmente, foi realizado um momento de apresentação dos participantes e, após a explicação acerca dos objetivos do trabalho, as questões exploraram a concepção do que é ser pai e de qual seu envolvimento no período gravídico-puerperal; no segundo encontro, foi abordado acerca do grupo de gestante e casais grávidos e da experiência em relação à participação neste grupo. E, por último, no terceiro encontro, o momento foi reservado para ouvir as dificuldades enfrentadas no exercício da paternagem e as sugestões que poderiam auxiliar no vínculo pai e filho e no desenvolvimento da compreensão do papel de pai.

Procedimentos de Análise dos Dados

Os encontros do grupo focal foram realizados pela pesquisadora, sem a mediação de outros profissionais; foram filmados, com o consentimento dos participantes, e as verbalizações foram transcritas, posteriormente, para realização da análise. A análise dos dados produzidos foi realizada mediante a Análise Textual Discursiva (Moraes, 2003), a qual possui três elementos que embasam sua abordagem: a desmontagem dos textos ou unitarização, que requer a fragmentação do material em enunciados próprios; o estabelecimento de relações ou categorização, que diz respeito ao processo de construção de comparações entre unidades, categorizando o conteúdo por semelhanças e; por fim, a captação do novo emergente, que implica na compreensão do sentido do todo estruturado por meio dos estágios anteriores.

Procedimentos Éticos

O projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Taquari - Univates (CAAE: 26829719.2.0000.5310) e foi solicitada a leitura e a assinatura dos participantes do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os pesquisadores se comprometeram a não revelar a identidade dos participantes, por isso, para a análise dos dados obtidos, a pesquisadora utilizou nomes fictícios para identificar as falas de cada participante ao longo dos encontros realizados.

 

Discussão e Resultados

A partir da análise da transcrição dos encontros do grupo focal foram construídas quatro categorias finais: "O que faz um pai?"; "Os sentidos da paternidade"; "Grupo de pais: pode um homem gestar?" e "O nascimento de um pai", as quais pretendem responder os objetivos e os questionamentos iniciais da pesquisa.

O que Faz um Pai?

Nesta categoria, as falas se referem à percepção da função paterna e, também, à participação dos pais na gestação, parto e pós-parto. Um dos casais mencionou o termo proteção como sendo uma das principais atribuições dos pais: "Seria essa coisa de proteger o ninho, bem do reino animal mesmo. Protege o ninho pro ninho ficar seguro e não se sentir ameaçado e poder se entregar pra maternidade" (Clara, 1º encontro, 09/04/2020), excerto que foi complementado pelo seu companheiro: "Essa questão de proteção pega bem forte, né, já sinto isso assim bem forte agora" (Joaquim, 1º encontro, 09/04/2020).

Nesse sentido, Rosa (2014), a partir da leitura de Winnicott, enfatiza que é de extrema importância a presença paterna desde o início da vida do bebê, visto que o pai auxilia de diversas formas no desenvolvimento psíquico e na construção de uma identidade integrada do seu filho. Sendo assim, a função do pai não pode ser considerada como secundária, visto que ele faz parte do ambiente e tem responsabilidade pelo amadurecimento saudável de seu filho.

Os participantes mencionaram a percepção acerca do papel do pai durante o período gestacional, considerando o suporte e apoio emocional como essenciais ao longo dessa etapa, como podemos verificar nos enunciados abaixo:

É alguém que tá ali que é o apoio emocional para a mãe durante o período da gestação . . . que me dava forças, que me ajudava bastante a manter o centro, a calma, porque às vezes a gente fica um pouco ansiosa, pelo menos eu ficava um pouco ansiosa (Ana, 1º encontro, 09/04/2020).

Eu acho que na gestação o principal papel do João foi também de apoio nas coisas mesmo . . . eu pelo menos fiquei bem ruim, indisposta, então tinha dias que eu não queria nem levantar pra pegar água, daí ele pegava água, cuidava da casa enfim, e, na gestação, como a Ana falou das consultas, eu também acho que o papel dele é estar junto. (Maria, 1º encontro, 09/04/2020).

Como seria se eu não tivesse junto sabe, será que ela ia ter essa confiança de mudar de médico no meio, de se sentir confortável. É um papel fundamental, a gestante ter alguém que dê esse apoio, é muito importante isso eu acho (João, 1º encontro, 09/04/2020).

Para Winnicott, o ambiente é muito importante para as relações e as interações afetivas que se estabelecem entre a mãe, o bebê e seu pai (Amiralian, 2014). Sendo assim, o pai exerce papel fundamental durante todo o período gestacional e de desenvolvimento da criança, sendo um suporte para a dupla mãe-bebê nesse primeiro momento. Ainda, foi mencionado pelos participantes a importância da participação efetiva do pai: "O Joaquim desde o início ele quis ir nas consultas" (Clara, 2º encontro, 23/04/2020) e Maria expõe sua opinião (1º encontro, 09/04/2020) "Eu acho que, na gestação, é ele tentar estar junto e tentar também dividir isso um pouco com a gente, ir nas consultas, porque o filho também é dele e também diz respeito a ele". Percepção também demonstrada em outros momentos, conforme os fragmentos abaixo:

O Pedro também foi muito presente, inclusive desde antes de eu tá grávida né, quando eu fiz a consulta pra fazer os exames pré-conceptivos o Pedro foi junto, e assistimos filmes de parto, fizemos os cursos e em todas as consultas, exames, o Pedro sempre foi comigo (Ana, 1º encontro, 09/04/2020).

Quando a gente fala de gestação e participar de consultas, eu vejo mais como uma coisa dos dois, eu não vejo uma coisa que é só tu que tá passando, então assim, é importante pra mim tá junto sabe, eu só não, claro, eu só não posso ir sozinho na consulta [risadas], tu tem que tá junto. Mas assim pra mim é fundamental tá participando de quase tudo, inclusive teve um evento que eu fui e tu não foi [referindo-se a esposa]. (Joaquim, 2º encontro, 23/04/2020).

Além disso, uma das participantes mencionou o fato da presença do pai evitar que a mulher passe por situações de violência obstétrica que, de acordo com Zanardo, Uribe, Nadal e Habigzang (2017) é imprescindível promover um ambiente mais adequado, humanizado e seguro tanto para as gestantes quanto para os profissionais de saúde, propiciando modificações nas práticas de cuidado, com o intuito de reduzir intervenções invasivas e desnecessárias. Sendo assim, a fala da Ana menciona um tema delicado e o quanto, na percepção dela, o papel do companheiro auxilia nesse sentido:

Então, a percepção que eu tenho é que durante a gestação, o pai presente evita que a mulher sofra violências obstétricas, ajuda bastante, principalmente se é um pai, assim se é um casal que tem conhecimento, do que pode, do que não pode (Ana, 1º encontro, 09/04/2020).

Rosa (2014) realizou um estudo acerca da função do pai nos diferentes estágios do desenvolvimento do bebê, a partir de Winnicott, e identificou que, inicialmente, durante o período de dependência absoluta, a participação paterna, apesar de ser indireta, é fundamental no que se refere à qualidade de seu acompanhamento, visto que a capacidade do pai de fornecer suporte para a mãe influencia no cuidado dedicado ao bebê. Dessa forma, a autora enfatiza que o cuidado que o bebê recebe também é fruto do que o pai fornece à mãe, o que podemos perceber a partir dos relatos de Joaquim e de Clara:

Eu senti uma necessidade muito grande de ficar com ela o tempo todo, não queria perder aquela fase de, do período de gestação sabe. Claro a gente se via bem frequentemente, mas eu queria estar com ela o tempo, todos os dias (Joaquim, 3º encontro, 30/04/2020).

Ele tá bem participativo né [riu e olhou pra ele], enfim, tá indo em todas as consultas com a obstetra. Então eu estou me sentindo bem acompanhada, não estou me sentindo sozinha como se fosse uma coisa só minha, não, a gestação está sendo vivida junto. Claro que eu fico sentindo 24 horas por dia, mas percebo que ele tenta se inteirar e participar o máximo possível (Clara, 1º encontro, 09/04/2020).

Nesse contexto, podemos presumir que a atitude do pai é importante desde muito antes da ideia de ser pai se concretizar efetivamente, uma vez que o amparo e acolhimento nesse período é essencial, inclusive para as adaptações da gestação, influenciando na relação da mãe com seu bebê.

O entendimento do papel paterno no momento do parto também foi abordado ao longo dos encontros como essencial: "No parto o João foi fundamental, ele foi todo o meu apoio emocional assim, ele que me deu conforto, me deu segurança" (Maria, 1º encontro, 09/04/2020). Maria continua afirmando a importância desse apoio e o quanto esse momento é significativo também para o casal e seu vínculo:

Foi muito especial, porque não foi uma coisa que eu vivi sozinha, a gente viveu juntos e ele foi o meu apoio, ele participou de todos os momentos, assim, me deu todo o suporte que eu precisava e que pra mim também me deixava feliz de saber que ele tava ali porque a gente tava vivendo tudo aquilo junto (Maria, 1º encontro, 09/04/2020).

Do parto também eu acho que o pai participar, o papel do pai é muito bom pra ele também reconhecer a força da mãe, eu acho que isso muda a visão que o parceiro, que o marido tem da esposa e da esposa do marido assim [João balançou a cabeça concordando], fortalece sabe. Viver esse momento assim junto, fortalece o casal (Maria, 1º encontro, 09/04/2020).

Com efeito, Zavaschi e Brunstein (2007) afirmam que a qualidade do relacionamento do casal é de extrema importância, tanto para a família quanto para o bom desenvolvimento de cada indivíduo, o que está intimamente condicionado às interações com seus pais. A relação dos pais com o bebê não inicia no parto, ela já é pré-condicionada pelo desenvolvimento psicológico do pai e da mãe e pela qualidade de sua união.

Nessa perspectiva, Winnicott (2008) afirma que é essencial que se compreenda as funções desempenhadas pelas pessoas envolvidas com o bebê e os desejos da mãe para que se possa protegê-la de intervenções externas. Portanto, o pai assume diversos papéis durante todo o desenvolvimento de seu filho, como o de mãe substituta, de suporte, proteção e amparo para a mãe, garantindo um ambiente suficientemente bom para que ela possa se dedicar ao período de preocupação materna primária pelo tempo necessário, bem como dividir as tarefas domésticas e auxiliar a mãe a retomar, aos poucos, a sua vida, contribuindo no processo saudável de separação da mãe e bebê. Em consonância, podemos mencionar este enunciado: "É, nesse primeiro momento é proteger a fusão, pelo menos marcou isso pra mim do livro, no primeiro momento é proteger a fusão dos dois, no segundo momento é ajudar no desligamento" (João, 1º encontro, 09/04/2020).

A preocupação em oferecer o ambiente adequado e suporte em todos os aspectos às mulheres foi um tópico muito mencionado pelos pais, como neste excerto abaixo:

Tem coisas que só a mãe consegue fazer, então o pai, eu vejo ele como uma figura assim que limpa o caminho da mãe para ela fazer aquilo que ela tem que fazer, que só ela consegue fazer assim, então é o apoio, é o apoio que precisa pra conseguir enxergar e se preocupar com coisas que a mãe não consegue se preocupar, com outras coisas a mais (Joaquim, 1º encontro, 09/04/2020).

Ainda, Rosa (2014) reitera que muitas dificuldades surgirão se o pai não assumir sua função, cuidando do ambiente externo, auxiliando e protegendo das interferências. Neste caso, é provável que a mãe tenha insegurança para conseguir se entregar ao estado de preocupação materna primária. Sobretudo, durante este estágio, é essencial que a mãe não possua preocupações externas e possa se dedicar exclusivamente às necessidades do bebê. Neste fragmento da fala do João, podemos perceber a relevância da leitura, da busca pela informação e o quanto o auxílio e sensibilidade do pai nesse momento é essencial:

Foi muito importante porque eu consegui compreender pelo menos que o pai, ele tem um papel muito fundamental que é de proteger a fusão entre filho e mãe sabe, isso pra mim foi muito essencial, pelo menos essa foi uma coisa que eu aprendi que é eu tentar compreender que essa fusão existe, ela é necessária nesse desenvolvimento desse serzinho tão especial pra gente e que eu preciso fazer de tudo pra que essa fusão não seja interrompida porque a roupa tem que ser lavada ou porque alguma coisa tem que ser feita (João, 1º encontro, 09/04/2020).

A presença efetiva do pai e sua contribuição na divisão das tarefas favorece para que a mãe seja suficientemente boa, na medida em que a cobertura protetora que o pai proporciona pode amenizar sentimentos de insegurança, desamparo e fragilidade da mãe (Rosa, 2014). Neste trecho, João complementa acerca da relevância do vínculo inicial:

Como é importante a figura de um pai, que nem sempre, eu acho que não precisa ser por uma figura masculina, mas a questão de ter alguém que proteja essa fusão, que proteja essa união entre pai e filho e entre mãe e bebê. E como foi um desafio pra mim, porque ela tava cansada, dando de mamá, fazendo o que só a mãe consegue fazer, e eu tentando fazer as coisas em volta e eu percebi que eu comecei a me sentir um pouco culpado porque eu não conseguia fazer mais, mas é que eu não tinha como fazer mais, porque tem coisas que só a mãe consegue fazer (João, 1º encontro, 09/04/2020).

Rosa (2014) salienta que o pai é essencial para garantir e sustentar o vínculo inicial entre mãe e bebê e que suas atitudes podem produzir efeitos no desenvolvimento da criança. Portanto, é necessário que o pai forneça amparo à mãe para que ela possa se entregar ao estado de preocupação materna primária e não dificulte ou impossibilite esse processo. Entendimento que foi mencionado por um dos participantes:

O meu papel eu acho que nisso tudo é permitir que a gente sabe, não atrapalhar que a gente perceba essas coisas, porque eu acho que tem muitos homens que, pelo menos assim as pessoas que eu conheço, tem muito homem que mais atrapalha na criação da criança do que ajuda. Mais desencaminha o negócio do que faz a mulher se sentir confortável (João, 1º encontro, 09/04/2020).

A partir dessas reflexões, é possível perceber o quanto o pai é considerado importante ao longo do processo de gestar e criar um filho, sua contribuição vai além do estar presente. É também uma forma de reconhecimento, de aproximação, de estreitar os laços do casal.

Os Sentidos da Paternidade

Nesta categoria, os enunciados se referem ao que é ser pai, às mudanças percebidas no cotidiano, bem como à compreensão e ao reconhecimento das potencialidades e entraves para o desenvolvimento da paternagem. Outrossim, os pais relataram que não tiveram muitas mudanças em suas vidas durante o período de gestação:

Durante a gestação a gente até conversava que a Maria já estava sofrendo privações e a minha vida continuou normal assim, eu conseguia fazer as mesmas coisas, dadas as exceções que eu tinha que ir, que eu ia com ela nas consultas, eu procurava estar um pouco mais ligado a ela porque precisava ajudar, mas uma vida mais normal (João, 3º encontro, 30/04/2020).

Pra mim não foi muito difícil, como foi tudo planejado, as consultas também tinham horário marcado tudo, até aí era mais ou menos normal, tinha os probleminhas dela, mas era tudo tranquilo, era mais ou menos planejado, sabia já (Pedro, 3º encontro, 30/04/2020).

O homem e a mulher possuem experiências bem diversas em relação ao processo gestacional, visto que a mulher sentirá fisicamente as mudanças em seu corpo e seu filho crescer dentro de si. O nascimento e a amamentação são fenômenos da ordem do feminino e, embora existam diversas formas dos homens participarem deste momento, é comum o vínculo entre pai e filho ser construído de forma mais lenta e só se tornar concreto após o nascimento e o desenvolvimento da criança (Maldonado, Dickstein & Nashoum, 1997).

Nesse sentido, Freitas, Coelho e Silva (2007) reforçam que o sentimento de ser pai e a possibilidade de se apropriar deste papel comumente se desenvolve após o nascimento do filho. Os casais refletem essa realidade nas suas falas, em relação aos sentimentos de mudanças na nova rotina a partir do nascimento, Pedro afirma que "Pra todo mundo acho que exige muito uma criança" (Pedro, 3º encontro, 30/04/2020). Já João explana sobre sua dificuldade em se adaptar:

Depois que ele nasceu não, nossa, uma transformação completa assim, a rotina mudou, tudo mudou e ou tu te torna mais flexível ou a vida vira um inferno [Maria gesticulou concordando], na real, bem na real, porque tu tem que aprender a lidar com os imprevistos e pra mim isso é um problema, eu sempre fui de planejar muitas coisas e quando saía fora assim, nossa, eu pirava [Maria fez que sim com a cabeça], então eu, hoje eu já me enxergo uma pessoa muito mais flexível, tive que aprender a ser assim, porque se não era mau humor o dia inteiro (João, 3º encontro, 30/04/2020).

Em consonância, Piccinini et al., (2009) reiteram que o pai também precisa se adaptar aos seus novos papéis, preparação que já inicia durante a gestação ou até mesmo antes de ela ocorrer. Ainda, os homens referem ter dificuldade em se adaptar à nova rotina, de não ter mais controle sobre ela:

A minha maior dificuldade assim pelo que eu percebo é eu entender que eu preciso me adaptar à rotina, eu tenho que me adaptar um pouco mais à rotina dele, e à medida em que ele vai crescendo, eu acho que as coisas talvez vão se normalizar (João, 3º encontro, 30/04/2020).

Mas depois que nasce tu não tem mais controle, tu não, não tem mais como programar as coisas, tudo principalmente, até agora assim, agora que nem ela começou a ficar um pouco mais calma então dá pra já começar a pensar em coisas mais ou menos planejado um pouquinho, certas coisas assim, mas o resto tu não, tu não sabe o dia seguinte o que que vai ter ou se tu vai dormir ou não, como é que ela vai tá né, não tem como saber (Pedro, 3º encontro, 30/04/2020).

Também mencionam a dificuldade de ter um sono tranquilo, após o nascimento do filho, como Pedro (3º encontro, 30/04/2020) ressalta: "De noite como não dormia, daí acumulava sono e daí isso ficou bem pesado pra mim. Eu acho que a maior dificuldade é isso, era, é o cansaço mesmo que existia ". E outro participante acrescenta:

Porque eu tenho o sono bastante leve assim sabe, daí eu não durmo bem, daí no outro dia já não rendo bem, então eu tenho que ser muito regrado nessa questão de dormir sabe. Eu também penso como é que vai ser depois né [ele olhou pra sua companheira e os dois deram risada], então, mas a gente tenta contornar isso da melhor forma possível (Joaquim, 3º encontro, 30/04/2020).

O momento do nascimento de um filho representa uma transição de um estado a outro, de forma que a irreversibilidade da situação pode assustar um pouco os pais. O homem também vivencia ansiedade em relação ao parto, medo do desconhecido, da imprevisibilidade, do risco (Maldonado, 2002). Em relação ao parto, João reconhece que, apesar de ter sido um momento especial, foi muito cansativo:

O parto ali, cara, foi maravilhoso assim o que a gente viveu assim, eu sei que foi muito, foi difícil, foi cansativo, foi uma das experiências, eu sempre falo que o parto pra mim foi a segunda experiência mais cansativa da minha vida, a primeira foi a semana de campo no exército [Maria riu]. O exército pra mim foi cansativo, demais, só que o parto foi a minha segunda experiência cansativa [falou rindo], porque a gente ficou três, quatro, cinco dias sem dormir, quando a gente chegou em casa o nenê não dormia direito, então tipo, nossa, foi que nem ir pro quartel de novo. Então, cara, mas foi uma experiência maravilhosa, como a Maria falou, a gente percebe o quanto a mulher tem de força, mas a gente também percebe o quanto que a gente é forte. O exército, quando eu fui pro exército eu pensava isso, nossa, como a gente é mais forte do que a gente imagina, e eu acho que a gravidez e a criação de uma criança ela traz a mesma experiência, a gente percebe o quanto que a gente é forte (João, 1º encontro, 09/04/2020).

Os primeiros dias após o parto são carregados de emoções intensas e variadas, período de recuperação, de conscientização da nova realidade, de adaptação aos inúmeros sentimentos que perpassam os pais, de se dar conta da responsabilidade presente e da limitação de algumas atividades anteriores (Maldonado, 2002). Portanto, nesse período, é necessário haver auxílio entre o casal, compreensão, autocuidado e apoio integral para conseguirem superar o período sem grandes prejuízos em sua relação (Maldonado et al., 1997).

Apesar de um filho produzir inúmeras alterações no dia a dia dos pais, as dificuldades podem ser superadas tendo uma boa estrutura familiar, companheirismo e amor, podendo ocorrer uma boa adaptação à nova vida, principalmente se o pai colaborar (Zimmermann et al., 2007). Sabe-se que novos sentidos foram sendo atribuídos ao pai, ressignificando sua importância na vida do bebê e da mãe, o que vem possibilitando aos poucos um olhar mais atento para a experiência da paternidade (Bernardi, 2017). Nessa perspectiva, João (1º encontro, 09/04/2020) menciona: "Eu também tive pai, um pai presente, um pai que limpou a casa, um pai que varria, um pai que fazia as coisas, então pra mim não é nenhuma novidade, porque eu vi meu pai fazendo isso". Podemos perceber o quanto é importante o pai se envolver desde o início e também se preparar para os novos desafios, assim como é reconhecido nestes enunciados:

Aí chegou o nenê, daí eu pensei não, beleza, então agora é a hora de eu me tornar pai, eu preciso começar, aí ela começou a me apresentar esse mundo sabe, e eu vejo como foi importante eu estar presente durante a gestação, porque como a Maria falou, ela começou a sentir as limitações e eu por breves momentos precisava estar mais presente com ela, isso começou parece que me preparar ali pra frente, vai chegar o momento que eu vou precisar estar mais presente (João, 1º encontro, 09/04/2020).

Se eu não tivesse me importado muito com a gestação, eu acho que teria sido um choque muito grande a hora que a criança nascesse assim, porque numa hora tu não tem criança e eu não me importo e numa hora tu tem uma criança que te suga muito tempo . . . então eu fui aprendendo aos pouquinhos, eu consegui me preparar um pouco melhor pra chegada do Gabriel e tentar ser um pai melhor (João, 1º encontro, 09/04/2020).

.Para o homem, a passagem pela gestação, parto e puerpério também se constitui como uma transição com grandes dificuldades, pela quantidade de frustrações que surgem nesse período, exercendo impactos em sua organização psíquica e em diversos aspectos de sua vida (Maldonado, 2002). Nesse momento de adaptação a uma nova rotina, nova dinâmica de vida, não só um novo ser está se desenvolvendo, mas também a habilidade e a sensibilidade dos pais no que se refere aos cuidados e ao amor de que necessita uma criança (Maldonado et al., 1997).

Se alguém tem síndrome do pânico eu acho que eu senti uma coisa parecida no primeiro mês, né? [os dois estavam rindo]. Enfim, mas foi bem difícil, mas eu particularmente assim, a minha experiência de pai, eu acho que eu poderia resumir, tentar entender um pouco melhor como é pra mãe, porque eu acho que não, eu acho que por mais que a gente se esforce como pai a gente não consegue chegar perto do que, do que de fato a mãe passa né na maternidade, eu acho que o pai tem que tentar compreender e proteger essa união entre os dois, entre mãe e filho. (João, 1º encontro, 09/04/2020).

Os participantes mencionam, em suas falas, as angústias e as dificuldades que a paternidade proporcionou a eles, falando de sua experiência a partir de exemplos que demonstram sua preocupação e cuidado. Apesar dos desafios, é perceptível o quanto o envolvimento e companheirismo do casal pode auxiliar nessa jornada.

Grupo de Pais: Pode um Homem Gestar?

Esta categoria contempla as percepções dos participantes sobre as possíveis contribuições do grupo de gestantes e casais grávidos (Zampieri et al., 2010) para o período de gestação, parto e puerpério e, também, para o estabelecimento de vínculo entre pai e filho. A partir da análise das falas, percebeu-se que a motivação e o interesse pela participação no grupo de gestantes e casais grávidos surgiu por parte das mulheres, que já pesquisavam sobre o assunto, e tiveram indicação de profissionais ou conhecidos para frequentar o grupo e, depois, convidaram seus parceiros para se envolver também, como podemos verificar nos excertos abaixo:

Eu fui no primeiro, até fui sozinha, o Pedro não pode ir, aí eu fui sozinha, gostei bastante e aí falei pro Pedro que ele tinha que ir conhecer, participar, que aprendia bastante coisas. E aí, o primeiro encontro pra mim foi muito assim enriquecedor, aprendi muitas coisas que eu não sabia, teve relatos de parto e aí eu falei pro Pedro 'nossa, tem que ir lá pra aprender as coisas também', e aí eu trouxe ele, começou ir também antes, é, a gente começou a ir antes de eu ficar grávida (Ana, 2º encontro, 23/04/2020).

Eu já tinha assim bastante conhecimento né, do que que se tratava a humanização, mas o grupo foi, eu decidi ir porque eu sabia que lá eu ia encontrar pessoas que pensassem e pensavam como eu pensava também. Ia ser um lugar onde eu ia me sentir acolhida, ia poder debater ideias, ia poder conversar (Maria, 2º encontro, 23/04/2020).

Muitos casais buscam por grupos de orientações durante o período gestacional como forma de obtenção de informações, troca de experiências e também para amenizar medos e angústias acerca das transformações e adaptações da nova fase (Santos et al., 2008). Da mesma forma, o grupo oportuniza o fortalecimento pessoal e a preparação para enfrentar os desafios e as limitações dessa nova fase, uma vez que é possível se familiarizar e pensar acerca de circunstâncias semelhantes ao que se está vivendo e participar mais ativamente de todo o processo (Zampieri et al., 2010).

Os homens começaram a se interessar e a se envolver depois de conhecer o grupo, tendo em vista a importância desse momento para sua companheira e também para o seu filho:

Eu não me interessava muito, mas daí depois que ela começou a olhar mais vídeos e a gente então descobriu que ia ter o nenê, eu comecei a me importar mais mesmo, mas eu acho que a decisão mesmo de participar mais veio quando eu escutei o coraçãozinho dele bater pela primeira vez. Aí eu decidi, meu Deus, eu preciso participar de tudo, tudo, tudo, tudo, preciso. Aí quando a Maria convidou eu não hesitei, não, vamos ir, vamos conhecer e eu gostei, achei legal, achei muito importante. Na verdade, foi muito, muito importante porque, tudo que aconteceu depois, teve muitas coisas que a gente aprendeu que até hoje a gente leva, então foi a partir disso (João, 2º encontro, 23/04/2020).

O motivo de eu ir, no, participar do grupo, dos encontros, era porque eu via que era uma coisa importante pra ti [se dirige à mulher], então automaticamente se era pra ti, era importante pra mim, isso parece bem óbvio pra mim sabe (Joaquim, 2º encontro, 23/04/2020).

O significado do grupo para os casais foi bem diverso, mas, de uma forma geral, a participação contribuiu com o compartilhamento entre os participantes:

Um lugar de apoio, onde pessoas que se sentem sozinhas por muitas vezes terem esse pensamento assim podem se encontrar e compartilhar da educação dos filhos, dos desejos de como criar, de como nascer, de como amamentar, de como educar, tudo isso. E inclusive eu tô sentindo bastante falta [risada]. (Maria, 2º encontro, 23/04/2020).

Pra mim representa é que tem gente muito engajada e preocupada com essa questão de ser pai e mãe melhor. . . . E é interessante que isso se expanda, porque isso é uma ideia, é uma ideia e geralmente acaba espalhando para outras pessoas (Joaquim, 2º encontro, 23/04/2020).

Também foram mencionados alguns aprendizados importantes que o grupo de gestantes e casais grávidos proporcionou aos participantes e que tiveram influência em suas experiências, como o relato do Pedro: "Ah, então pra mim foi uma coisa que me marcou muito foi o relato de um pai lá que dava banho no filho no chuveiro" (Pedro, 2º encontro, 23/04/2020). Outros participantes também acrescentaram as suas percepções:

Se o pai não tá preparado pra apoiar aquela mulher, vai ser um momento muito triste pra ela. Isso me marcou muito, tipo assim, como é importante, isso foi eu acho que o que mais me marcou no grupo, como é importante ali na frente tu lembrar dos acordos que vocês fizeram lá trás, sabe, tipo assim, todas as coisas que a gente aprendeu no grupo, que eu aprendi, como essas coisas foram importantes ali na frente (João, 2º encontro, 23/04/2020).

Um dos participantes afirma que ainda não sabe ao certo a influência do grupo de gestantes e casais grávidos em sua participação:

Não consigo compilar ainda tudo o que o grupo me proporcionou, talvez eu consiga compilar melhor depois que o meu filho nascer. Mas participar disso tudo, pra mim é muito natural participar, sempre muito natural, não vejo como não participar tá, ia estar achando muito, como se eu tivesse perdendo muita coisa (Joaquim, 2º encontro, 23/04/2020).

É importante enfatizar que muitos estudos estão sendo desenvolvidos sobre a relação do pai com o filho, o que auxilia na disseminação do conhecimento da relevância do contato e da participação do pai no desenvolvimento da criança, do seu auxílio à mulher desde o início da gravidez, bem como as repercussões que sua falta na vida do filho pode provocar. Ademais, também é evidenciado o aumento da qualidade de vida dos homens que possuem uma relação mais afetuosa e um convívio diário com seu filho (Maldonado et al., 1997), sentimento que Pedro demonstra em sua fala:

É que a gente hoje vê, como é importante o pai participar das coisas, que a gente, o banho ele sempre é junto sabe. Cada um faz sua parte, é muito legal, não tem como não, hoje, vendo de fora assim, vendo, não tem como não querer participar, isso não existe, não tem (Pedro, 2º encontro, 23/04/2020).

Os grupos sobre gestação são espaços que investem não só na disseminação de informações, mas, também, no cuidado humanizado e no empoderamento do casal para que possam ser protagonistas de seu bem-estar físico e psicológico (Zampieri et al., 2010). Silva, Silva e Bueno (2014) complementam sobre a importância de possibilitar aos pais um acompanhamento adequado durante o período gravídico-puerperal, oferecendo espaços de escuta, de compartilhamento e de informações e, também, onde se possa expressar os mais variados sentimentos e dúvidas, contando com a mediação de profissionais de saúde qualificados.

Em consonância, verificamos que o grupo foi importante para os casais: "E eu acho que ir no grupo foi muito bom porque o Pedro conheceu outros pais que participaram muito" (Ana, 2º encontro, 23/04/2020). Inclusive, um dos participantes menciona que muitos pensamentos dele foram despertados a partir da participação no grupo de gestantes e casais grávidos: "Esse jeito de pensar, pra mim foi muito fortalecido no grupo. . . . Quando tu não tem essa informação, que o grupo simboliza muito isso, trazer essas informações" (João, 2º encontro, 23/04/2020).

O grupo também é mencionado como um espaço potente de motivação:

O grupo é um lugar de força onde a gente retoma tudo aquilo que a gente já tinha se preparado e se inspira enfim, e faz com que a gente se lembre que a gente é capaz e que vai dar tudo certo (Maria, 2º encontro, 23/04/2020).

Com base na análise dessa categoria, concluiu-se que o grupo de gestantes e casais grávidos pode auxiliar na reflexão sobre a importância do vínculo e da participação ativa, através da socialização de saberes por profissionais qualificados, visto que o grupo é uma ferramenta importante para orientar, motivar e desenvolver a sensibilidade, para a gestante e seu(sua) companheiro(a), em relação ao período gravídico-puerperal, refletindo sobre os papéis de cada membro da família durante esse período, bem como auxiliando na compreensão dos aspectos emocionais envolvidos.

O grupo também oferece a criação de espaços de diálogo, de fortalecimento do autocuidado e da autonomia, proporcionando suporte emocional para os pais, incentivando um diálogo constante na relação homem-mulher e um olhar mais cuidadoso e reflexivo para as questões conjugais, no que diz respeito ao exercício da maternagem e paternagem. Ou seja, o grupo pode auxiliar na relação e aproximação do casal, por propiciar compreensão, o que pode indiretamente refletir no vínculo com o filho.

O Nascimento de um Pai

Por fim, os pais mencionaram aspectos importantes que facilitariam o processo da paternagem e que fariam diferença na adaptação a essa nova realidade. Dessa forma, os participantes citam o quanto seria relevante um aumento da licença maternidade e da licença paternidade:

Se eu conseguisse ter um, uma garantia mais financeira como a Maria fala [Maria fez que sim com a cabeça], seria muito mais fácil eu poder estar mais perto do Gabriel o tempo inteiro, mas é, a gente tem que tá [estalou o dedo indicador em um movimento de cima para baixo] sempre correndo e isso dificulta mesmo, dificulta (João, 3º encontro, 30/04/2020).

Que nem as mães também é quatro meses isso não, não é nada aqui na função, isso não existe essas coisas. E o pai também eu acho que é importante, ele também tinha que ter, porque a licença do pai é o que, deve ser três dias eu acho que era, pela lei, não é nada sabe, eles tinham que ter pelo menos um mês, no mínimo, para também participar das coisas sabe (Pedro, 3º encontro, 30/04/2020).

Além disso, a rede de apoio também foi um ponto importante referido por Ana: "O que eu acho que ajuda na formação, que pode ajudar, na formação do vínculo com o bebê e com o filho é uma rede de apoio" (Ana, 3º encontro, 30/04/2020) e; por Maria: "Realmente, redes de apoio é fundamental pro vínculo, pelo menos pra mim foi também" (Maria, 3º encontro, 30/04/2020).

Uma paternidade participativa e responsável contribui para que o processo gestacional e pós-parto passe segurança, bem-estar e tranquilidade para todos os envolvidos durante esse período. Nessas situações, percebemos o quanto o vínculo afetivo é valorizado desde o início da gestação (Freitas et al., 2007). Ao encontro disso, podemos mencionar como esse período produz experiências intensas, possibilita aos pais rememorar vivências próprias e, também, apresenta uma nova forma de olhar a vida, com novos sentimentos, adaptações e responsabilidades (Maldonado et al., 1997).

Outro aspecto observado ao longo da análise é o de que os participantes demonstraram um certo nível de conhecimento e de informações já adquiridas, mencionando a leitura de livros e a busca por informações para além do grupo, o que também pode representar uma certa preparação para um melhor exercício da maternagem e da paternagem.

Pode-se perceber, nas categorias que emergiram da análise, que o grupo de gestantes e casais grávidos (Zampieri et al., 2010) auxiliou no aprimoramento da maternagem e paternagem, no fortalecimento de um vínculo e de um companheirismo que já existia no casal e que, consequentemente, refletiu no cuidado e participação ao longo de todo o processo gestacional. Não foi o responsável por criá-los, mas, sim, por aprimorar e fortalecer. Ademais, podemos afirmar que o pai é importante antes de se concretizar a concepção e a ideia de ser de fato pai, visto que o relacionamento e o suporte fornecido para a mãe fará diferença para o bom andamento da gestação, parto e pós-parto.

 

Considerações Finais

Esta pesquisa demonstrou a potência de um grupo de gestantes e seus efeitos na paternagem, evidenciando sua importância e capacidade para aprimorar o vínculo familiar e um melhor entendimento acerca do período gravídico-puerperal. É necessário elucidar que os participantes confortaram uns aos outros em momentos de falas mais sensíveis e, com sua experiência, contribuíram com os demais, o que corrobora com a ideia de que promover um espaço de diálogo, mesmo que virtual, demonstrou o quanto o grupo é potente para garantir e propiciar informação, cuidado e trocas. Sendo assim, o grupo é uma forma de auxiliar no processo de maternagem e paternagem. E, levando em consideração que o aprendizado é um processo contínuo de construção e reflexão, acredita-se que é possível aprender coletivamente a ser pai, tendo em vista o suporte, o conhecimento e o diálogo, elementos importantes para a compreensão do exercício da paternagem.

Entretanto, mais pesquisas sobre a temática são necessárias para comprovação dos resultados, visto que uma das limitações desta pesquisa é a de que as construções discutidas nas unidades de resultados dizem respeito ao par heterossexual casado e fazem parte de uma rede específica de pais que estão identificados com esse processo de grupo e humanização, possuindo uma visão singular acerca da qualidade da assistência ao longo do período de gravidez, parto e puerpério. Como seria realizar essa pesquisa com casais homoafetivos, com pares que não são casados ou mesmo com pais adotivos?

Dessa forma, outros estudos precisam ser desenvolvidos sobre o assunto, com participantes de outros grupos de gestantes e casais grávidos, com pais que ainda não participaram destes grupos, com outras configurações familiares, para que seja possível fazer uma análise comparativa, bem como uma pesquisa voltada apenas para a percepção dos homens em relação à sua participação nos grupos. Além disso, a pesquisa no formato virtual também teve suas limitações e desafios, envolvendo certas falhas na conexão e dificuldade de compreensão de algumas falas, mas também teve suas potencialidades, sendo uma delas a possibilidade de dar continuidade à pesquisa e mais segurança aos participantes.

 

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Endereço para correspondência:
Fabiane Aparecida Kronbauer
fabiane.kronbauer@universo.univates.br

Recebido em: 03/11/2020
Aceito em: 19/01/2021

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