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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.1 no.2 São Leopoldo Dec. 2008

 

ARTIGOS

 

Paternidade e desemprego: características do envolvimento paterno e aspectos do relacionamento familiar

 

Fatherhood and unemployment: involvement characteristics and family relations

 

 

Carmen Lúcia Carvalho de SouzaI; Silvia Pereira da Cruz BenettiII

IUNOCHAPECÓ. Rua Uruguai, 71 E/108, 89.807-470, Chapecó, SC, Brasil. carmen_lcs@hotmail.com
IIUNISINOS. Av. Unisinos, 950, 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil. sbenetti@unisinos.br

 

 


RESUMO

Esta pesquisa buscou verificar as características e os fatores significativos do envolvimento paterno em famílias com pais desempregados com filhos em idade escolar, considerando os aspectos sociodemográficos, o relacionamento familiar e os sintomas depressivos do pai. A amostra foi constituída por 188 homens usuários do FGTAS (Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social) - (SINE) dos municípios de São Leopoldo/RS e de Porto Alegre/RS. A maioria dos pais estava há três meses desempregada, casados ou com união estável e com idade entre 20 e 56 anos. A coleta de dados incluiu o Inventário Sociodemográfico, o Inventário de Práticas Parentais, Inventário de Depressão Beck e o Familiograma. Ao considerar o envolvimento paterno, verificou-se que fatores como grau de escolaridade e recebimento de ajuda financeira estavam associados ao maior envolvimento do pai com os filhos. Um grau mais alto da afetividade do pai na relação com a esposa e com o filho também resultou em maior envolvimento parental. Em contrapartida, pais deprimidos tinham mais conflitos com esposa e filho, confirmando a importância do estado emocional para a qualidade das relações familiares. Os resultados encontrados refletem a necessidade de políticas públicas voltadas para o atendimento dos trabalhadores em situação de desemprego e suas famílias. As condições de enfrentamento dessa situação adversa dependem do suporte emocional e financeiro que a rede de apoio familiar poderá proporcionar ao pai durante esse período.

Palavras-chave: envolvimento paterno, depressão, desemprego.


ABSTRACT

This research sought to verify the characteristics and significant factors of paternal involvement in families with unemployed fathers of school age children, regarding sociodemographic aspects, family relationships and father's depressive symptoms. The sample consisted of 188 men, users of the employment agency FGTAS (Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social) - SINE of São Leopoldo/RS and Porto Alegre/RS. The majority of the fathers had been unemployed for three months, married or in a stable relationship, age between 20 and 56 years old. Data collection included Socio Demographic Inventory, Father Involvement Inventory, Beck Depressive Inventory and the Familiogram. Regarding father involvement, it was observed that factors such as level of education, financial help and helping family income through temporary jobs were associated with greater involvement with children. A more affective relationship with the wife and children also resulted in greater father involvement. In turn, depressed fathers had more conflict with wife and child, confirming the importance of emotional state to the quality of family relations. The findings reflect the need of public policies geared to assist workers and their families in unemployment situation. Conditions to deal with this adverse situation rely on emotional and financial support that family net will be able to provide to fathers during this period of time.

Key words: father involvement, depression, unemployment.


 

 

Introdução

O conceito de paternidade tem-se modificado ao longo do tempo e reflete as transformações sociais, culturais e históricas da sociedade ocidental. Nesse sentido, a observação do exercício do papel de pai, sob o enfoque histórico, demonstra que as características dos papéis familiares e os padrões de interação entre seus membros sofreram transformações, desde o modelo tradicional patriarcal até os da atual sociedade pós-moderna (Balancho, 2004; Brito, 2005; Gomes e Resende, 2004; Silva e Piccinini, 2004). A mudança no papel paterno na família, de único provedor para o de mais um participante na renda (Christiansen e Palkovitz, 2001), o aumento de famílias monoparentais e co-habitações (Allen et al., 2000) e a divisão de tarefas domésticas com a mulher contribuíram para que o homem se envolvesse pessoalmente na vida dos filhos e tivesse que articular responsabilidades familiares e profissionais (Unbehaum, 2000). Desse modo, os pais do século XXI estão mais envolvidos com suas crianças que os pais de gerações passadas (Pleck e Pleck, 1997). Conseqüentemente, a paternidade não se limita ao cumprimento do papel de provedor, mas se articula com maior envolvimento nas atividades diárias com os filhos, no relacionamento afetivo e na responsabilidade (Cabrera et al., 2000; Unbehaum, 2000).

Um dos modelos de envolvimento paterno mais utilizado pela literatura internacional (Roopnarine e Benetti, 2006, Silva e Piccinini, 2007) foi desenvolvido por Lamb et al. (1985), que sugeriu três aspectos de avaliação desse modelo: acessibilidade, interação e responsabilidade. A acessibilidade caracteriza-se pela presença e a disponibilidade paterna tanto física como psicológica; a interação, pela experiência paterna no contato direto, cuidado e engajamento com os filhos; e a responsabilidade define o papel do pai ao garantir cuidado e recursos para a criança, como a participação em tarefas específicas que incluem visitas ao pediatra, compras de roupas e alimentos.

Os fatores que influenciam as características do envolvimento paterno incluem desde questões sociais, como as representações de gênero associadas à construção interna e social de masculinidade (Matta, 2001), até aspectos da relação familiar, como a influência da esposa, a divisão de tarefas entre o casal, as trocas emocionais (Matta e Knudson-Martin, 2006) e a cooperação entre o subsistema conjugal. Em termos contextuais, as questões econômicas constituem um fator significativo da participação masculina na família e afetam a dimensão do sistema conjugal e o processo de cuidado dos filhos. Para Cabrera et al. (2000), uma importante forma de responsabilidade paterna é o suporte financeiro, tanto para pais residentes ou não-residentes com seus filhos.

Entretanto, as mudanças contemporâneas no mundo do trabalho têm gerado maior desemprego e necessárias trocas de atividade. Essas situações exigem do homem capacidade de lidar com modificações que afetam a própria concepção do papel masculino. A partir dessa contextualização, é importante considerar que a definição de desemprego não se baseia apenas nos critérios ausência de trabalho, na procura e na disponibilidade para trabalhar. O primeiro critério (ausência de trabalho) remete ao fato de que, não havendo mecanismos amplos de apoio aos desempregados, parte dessas pessoas realiza atividades irregulares e descontínuas, enquanto procura nova ocupação. O segundo critério (procura de trabalho) é justificado pela possibilidade de o desempregado não acreditar que haja oportunidade de trabalho e, por isso, não ter realizado uma busca efetiva, nos trinta dias que antecedem à entrevista de emprego (Leão et al., 2006).

Em função do desemprego, os homens têm sido confrontados com o impacto social provocado pela perda do trabalho, principalmente em relação ao papel tradicional do pai provedor (Gomes e Resende, 2004; Silva e Piccinini, 2004). O efeito dessa perda na identidade masculina, construída na competência e no sucesso profissional, tem implicado conseqüências que atingem todos os membros da família.

Pesquisas apontam que, nas situações de desemprego paterno, ocorrem dificuldades nas relações familiares e no exercício da paternidade (Acuña Aguirre, 2000; Book e Penttinen, 1997; Sobolewski e Amato, 2005). Assim, a ansiedade decorrente das restrições econômicas tem reflexos no relacionamento conjugal, na função paterna e no desenvolvimento saudável das crianças pequenas e dos filhos adolescentes (Harland et al., 2002; Sobolewski e Amato, 2005). A falta de recursos econômicos associada à falta de perspectiva, aos sentimentos de estresse e à irritabilidade tendem a gerar discórdia entre o casal. A dificuldade dos cônjuges em manter a harmonia atinge a relação com os filhos e distancia o homem do modelo participativo e afetivo desejado pelo pai (McLoyd, 1989). Por sua vez, a esposa pode culpar o marido pelo desemprego e transmitir aos filhos uma imagem negativa da figura paterna, a qual não estimula comportamentos que confirmem o respeito e valorização do pai (Castoldi, 2002). Não recebendo apoio emocional da esposa, os homens encontram maior dificuldade para o desempenho de uma paternidade que propicie condições para um crescimento físico e emocional saudável para seus filhos (Jones, 1991).

Os reflexos negativos decorrentes da situação de crise provocada pelo desemprego paterno no estado emocional da família podem ser intensificados por manifestações de maior descontrole emocional do pai. Isso ocorre porque as perdas financeiras medeiam a relação da perda do trabalho e desemprego e a depressão subseqüente. Além disso, estão ligadas a perdas de controle pessoal que podem ter impactos adversos no funcionamento emocional e na saúde física (Price et al., 2002). Os pais podem comportar-se com maior irritabilidade e pessimismo, tornando-se menos cuidadores e mais punitivos (McLoyd, 1989), adotando comportamentos negligentes e abusivos com seus filhos (Gilham et al., 1998; Jones, 1990), ou apresentando comportamentos auto-destrutivos, como tentativas de suicídio e uso indiscriminado de drogas (Christoffersen, 2000). Nesse sentido, crianças que vivenciam dificuldades em conseqüência do desemprego dos pais são mais propensas a apresentar problemas emocionais e de relacionamento (Harland et al., 2002), insucesso na aprendizagem escolar, delinqüência (Menaghan, 2005; McLoyd, 1989; Sobolewski e Amato, 2005). Essas crianças, além disso, estão sujeitas a uma situação de risco na qual podem sofrer abuso e negligência paterna (Cristoffersen, 2000).

Com base nessas questões, verifica-se que o envolvimento paterno com os filhos nas diferentes dimensões relacionais depende de diversos aspectos que incluem as próprias características do pai, a presença de uma rede de apoio familiar e emocional e de aspectos financeiros. Nesse sentido, esta pesquisa buscou verificar as características do envolvimento paterno em homens na situação de desemprego e identificar quais fatores são significativos para que o pai venha a envolver-se com seu filho. Neste estudo, consideraram-se os fatores sociodemográficos, o relacionamento familiar (díades pai-esposa, pai-filho) e os sintomas depressivos do pai, no período de desemprego paterno.

 

Método

Participantes

Este trabalho caracterizou-se por um delineamento do tipo quantitativo transversal, descritivo. Participaram desta pesquisa homens em situação de desemprego (N=188), usuários do FGTAS (Fundação Gaúcha de Trabalho e Ação Social) - SINE (Sistema Nacional de Empregos), dos municípios de São Leopoldo/RS e de Porto Alegre/RS, casados ou com união estável (98,4 %), separados (1,1%) e solteiros (0,5%), com idades entre 20 e 56 anos (m= 37,39; dp=7,16), residentes com os filhos em idade escolar (6 a 12 anos). A amostra foi selecionada de acordo com os seguintes critérios: homens com idade entre 25 e 55 anos, em situação de desemprego, incluindo os desempregados que se encontravam em busca de emprego, e os ocupados irregularmente, exercendo atividades informais. Todos os pais deveriam ter contato diário com seus filhos e estes deveriam estar na idade escolar (6 a 12 anos).

Procedimentos

A coleta de dados foi realizada após o consentimento dos coordenadores do SINE/São Leopoldo e Porto Alegre. O contato com os participantes seguiu os procedimentos éticos de pesquisa, primeiro, com o esclarecimento dos objetivos do estudo e, segundo, com a concordância desses participantes mediante assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

Instrumentos

Para coleta de dados, foram utilizados os seguintes instrumentos:

Ficha de Dados Sociodemográficos: consiste de itens com informações referentes ao pai em situação de desemprego; inclui idade, estado civil, grau de escolaridade, tempo de desemprego, atividades informais desempenhadas, contribuições na renda familiar, alternativas para o sustento da família e fontes de busca para conseguir emprego.

Inventário de Práticas Parentais (IPP): elaborado por Benetti e Balbinotti (2003), tem como objetivo verificar as práticas de socialização usadas por pais e mães com filhos na idade escolar (6 a 12 anos), considerando o envolvimento afetivo, o didático, a disciplina, as atividades sociais e a responsabilidade do envolvimento parental. O instrumento possui 29 itens de avaliação, com frases positivas, que devem ser respondidas numa escala tipo Likert de cinco pontos, que variam de "muito freqüentemente" a "nunca". Esse inventário indicou propriedades psicométricas, consideradas satisfatórias no estudo conduzido, com uma amostra de 106 pais e mães de crianças de 6 a 10 anos, e apresentou coeficientes Alpha de Cronbach que variaram de 0,55 a 0,82, segundo as quatro dimensões estudadas. No presente estudo, o Alpha de Cronbach foi de 0,87, evidenciando a confiabilidade do instrumento.

Inventário de Depressão Beck (BDI): o inventário de depressão Beck é uma medida de autoavaliação, que permite analisar a ocorrência de sintomas depressivos (Beck et al., 1961; Mello e Malbergier, 2006). As propriedades psicométricas da versão em português (Gorenstein e Andrade, 1998) indicaram coeficiente Alpha ao redor de 0,80. No presente estudo, a consistência interna, calculada pelo Alpha de Cronbach, foi de 0,87, confirmando a validade dos resultados.

Familiograma (FG) (Teodoro, 2006): o FG é um instrumento de avaliação familiar que permite verificar os diversos tipos de relacionamentos entre os membros de uma díade dentro de duas dimensões existentes no sistema familiar, denominadas: Afetividade e Conflito. Neste estudo, a análise foi realizada com as díades pai-esposa e pai-filho (6 a 12 anos) e tomou-se como referência somente a percepção do pai. O teste é composto por 22 adjetivos, divididos nas categorias Afetividade e Conflito (carinhoso, tenso, agressivo...). Cada relacionamento é respondido de acordo com a escala Likert, em uma escala de um a cinco para cada díade ("de jeito nenhum" até "completamente"). Na pesquisa desenvolvida, constatou-se na díade pai-esposa um Alpha de 0,88 para o fator afetividade e um Alpha de Cronbach de 0,81 para o fator conflito. Na díade pai-filho, foi constatado um Alpha de Cronbach de 0,9, para o fator afetividade e de 0,71, para o fator conflito.

 

Análise de dados

Os dados obtidos foram analisados mediante a estatística descritiva explicativa: freqüências, percentuais, médias e desvio padrão, quanto às variáveis Sociodemográficas, às práticas de envolvimento parental (EPT), às Relações Familiares (FG) nas díades pai-esposa, pai-filho (FG) e ao estado emocional do pai em relação à presença de sintomas de Depressão (DEP). Para a análise dos resultados obtidos nas escalas, foram utilizados procedimentos estatísticos a partir do programa Statistical Package for Social Sciences for Windows (SPSS 15.0). O teste paramétrico Análise de Variância (ANOVA- Analysis of Variance) foi aplicado para análise das diferenças nas médias de escores geral e específico do envolvimento parental, das relações familiares e das variáveis Sociodemográficas. A correlação r de Pearson mediu o grau de relacionamento linear entre o envolvimento parental total (EPT), as variáveis Sociodemográficas, os sintomas depressivos e as relações familiares. A regressão linear com o método Stepwise foi utilizada para analisar a capacidade preditiva das variáveis independentes das dimensões Afetividade e Conflito nas relações familiares, com relação à variável dependente envolvimento parental total (EPT).

 

Resultados

A amostra final foi composta de 188 pais desempregados, casados ou com união estável (98,4%), separados (1,1%) e solteiros (0,5%), com idades entre 20 e 56 anos (m= 37,39; dp=7,16), residentes com os filhos em idade escolar (6 a 12 anos). Com relação ao tempo de desemprego, 112 pais (59,6%) estavam desempregados há menos de três meses; 51 (27,1%), de três a 12 meses; e 24 (12,8%) há mais que 12 meses. Em relação à escolaridade do grupo, 56 pais (29,8%) tinham o Ensino Fundamental Incompleto; 45 (23,9%), o Ensino Fundamental; 16 (8,5%), o Ensino Médio Incompleto; 56 (29,8%), o Ensino Médio; 11 (5,9%), o Ensino Superior Incompleto; e 3 (1,6%), o Ensino Superior. No geral, 103 (54%) entrevistados realizavam alguma atividade informal e 83 (44,1%) não tinham nenhum trabalho, nem mesmo informal. No grupo, 161 (85,6%) pais recebiam alguma participação de outras pessoas na renda familiar, e 17 (9,0%) pais não tinham qualquer tipo de contribuição.

Os escores resultantes do Inventário de Práticas Parentais (IPP), em relação ao envolvimento parental total, foram de 79 a 138 pontos (m=110,25; dp=13,02). Os pais entrevistados tiveram escores, na dimensão Envolvimento Afetivo, de 19 a 35 pontos (m=30,21; dp=4,08); na dimensão Disponibilidade, de 22 a 35 pontos (m=29,60; dp=3,73); na dimensão Envolvimento Social, de 9 a 30 (m=20,62; dp=3,82); na dimensão Envolvimento Didático, de 6 a 20 pontos (m=15,04; dp=2,78); e na dimensão Envolvimento com Disciplina, de 8 a 20 pontos (m=15,76; dp=2,31).

Em relação ao Familiograma, na dimensão afetividade na relação com a esposa, - Afetividade Pai-Esposa (APE) -, os entrevistados obtiveram escores entre 24 e 46 pontos (m=36,59; dp=4,26) e, na dimensão conflito na relação com a esposa - Conflito Pai-Esposa (CPE) -, escores de 19 a 89 pontos (m=31,89; dp=5,80). Na dimensão afetividade na relação pai-filho - Afetividade Pai-Filho (APF) -, os pais apresentaram escores de 30 a 55 pontos (m=49,32; dp=5,10); e, na dimensão - Conflito Pai-Filho (CPF) - , escores de 11 a 45 pontos (m= 15,74; dp=5,17).

A avaliação do Inventário para Depressão Beck indicou que 35 (18,6%) dos pais entrevistados apresentavam pontuação maior ou igual a 13, classificados como portadores de sintomas depressivos. Entre os entrevistados, 153 pais (81,4%) apresentavam sintomas mínimos; 22 pais (11,7%), sintomas leves; 10 (5,3%), sintomas moderados; e 3 (1,6%), sintomas graves.

As diferenças nas médias de Envolvimento Parental em relação às variáveis Sociodemográficas (idade, escolaridade, participação ou não na renda, tempo de desemprego) foram avaliadas por meio da Análise de Variância Oneway (ANOVA). Constatou-se que os pais com ensino superior apresentaram níveis significativamente maiores de envolvimento parental (113,63) do que os pais com Ensino Médio (110,48), e estes, maiores do que os pais com Ensino Fundamental (107,28) [F(2;167)=3,71; p=0,027], indicando escores superiores de envolvimento conforme o avanço no nível de escolaridade. Utilizando-se a ANOVA, foram encontradas diferenças significativas entre as médias dos subitens Envolvimento Didático [F(2,181)=4,294; p=0,015], Envolvimento Afetivo [F(2,181)=3,193;p=0,043] e Envolvimento Social [F(2,181)=3,981; p=0,020] para os diferentes níveis de escolaridade, identificando mais envolvimento com os filhos de acordo com as médias de maior nível de escolaridade dos entrevistados. Não foram identificadas diferenças para as dimensões Envolvimento na Disciplina Total e Envolvimento na Disponibilidade Total.

Os pais que recebem ajuda financeira na renda familiar apresentaram maior envolvimento parental (111,40) do que os pais que não recebem ajuda (103,94) [F(1;167)=5,922; p=0,016]. Constatou-se que pais que recebem ajuda financeira apresentaram média significativamente superior no Envolvimento Didático (15,28) [F(1,176)=5,364; p=0,022], afetivo (30,62) [F(1,176)=6,938; p=0,009], disponibilidade (29,97) [F(1,176)=3,944; p=0,049], e social (21,01) [F(1,176)=8,397; p=0,004] do que os pais que não recebem ajuda. Esses dados indicam que o envolvimento ocorre de acordo com a contribuição percebida na renda familiar. Os pais que recebem contribuição na renda obtiveram uma média de 15,68 no que diz respeito ao Envolvimento na Disciplina, e os que não recebem obtiveram uma média de 16,70, mas essa diferença não foi considerada significativa [F(1,176)=3,039; p=0,083].

Com o uso da ANOVA para análise da variável socioeconômica, quanto à Contribuição na Renda (CR), colocada em caráter dicotômico (com ou sem contribuição familiar), não foram encontradas diferenças significativas de níveis de Afetividade Pai-Esposa [F(1,170)=0,882; p=0,349], Conflito Pai-Esposa [F(1,168)=1,245; p=0,266], Afetividade Pai-Filho [F(1,173)=0,197; p=0,658] e Conflito Pai-Filho [F(1,171)=0,122; p=0,728]. Além disso, os demais fatores, tais como tempo de desemprego, idade e realização de trabalho informal não apresentaram diferenças estatísticas significativas no Envolvimento Parental.

Ao verificar-se a realização de qualquer atividade informal com o uso do teste ANOVA, constatou-se que não ocorreu diferença significativa entre os pais que exercem um trabalho (informal) e os subitens Afetividade Pai-Esposa [F(1,178)=0,053; p=0,819], Conflito Pai-Esposa [F(1,175)=0,933; p=0,335], Afetividade Pai-Filho [F(1,179)=0,066; p=0,798] e Conflito Pai-Filho [F(1,179)=1,395; p=0,239].

Com relação às dimensões Afetividade e Conflito familiar (FG), nas díades pai-esposa e pai-filho, não foram verificadas diferenças significativas entre os tempos de desemprego. Mediante a utilização do ANOVA, pôde-se constatar, na relação entre tempo de desemprego e as variáveis Afetividade Pai-Esposa [F(2,178)=1,532; p=0,219; Conflito Pai-Esposa [F(2,175)=0,262; p=0,770], Afetividade Pai-Filho [F(2,179)=1,344; p=0,263] e Conflito Pai-Filho [F(2,179)=1,511; p=0,223] que as relações afetivas e os conflitos não foram diferentes em função do tempo de permanência em situação de desemprego.

Não foram detectadas diferenças significativas com uso do teste ANOVA entre as categorias de depressão (BDI) mínima, leve, moderada e grave, em relação ao escore obtido no Inventário de Práticas Parentais (IPP) total [F(3,184)=1,861; p=0,138]. Foi aplicada a ANOVA, considerando os sintomas depressivos (BDI) com ponto de corte maior ou igual a 13, utilizado por Lasa et al. (2000), e as variáveis Envolvimento Didático, Disciplinar, Afetivo de Disponibilidade e Social.

A análise dos resultados indicou que há diferença significativa entre os graus de depressão, no que diz respeito ao Envolvimento na Disciplina Total [F(1,186)=6,061; p= 0,015] e ao Envolvimento de Disponibilidade Total [F(1,186)=6,558; p=0,011] dos pais entrevistados, sugerindo maior envolvimento para aqueles que não apresentam sintomas de depressão.

Com a aplicação da ANOVA, constatou-se que existe diferença significativa entre os graus de depressão (utilizando ponto de corte maior ou igual a 13) com relação ao Conflito Pai-Esposa [F(1,177)=6,504; p=0,012], à Afetividade Pai-Filho [F(1,181)=4,277; p=0,040] e ao Conflito Pai-Filho [F(1,181)=23,80; p=0,000]. Os pais que apresentam sintomas depressivos têm maior conflito com suas esposas e filhos, e os pais que não apresentam sintomas depressivos realizam mais demonstrações de afeto pelos filhos.

Para identificar as correlações entre as variáveis Envolvimento Parental Total (EPT) e as variáveis Sociodemográficas (Tempo de Desemprego, Escolaridade, Idade), o estado emocional com relação aos sintomas de Depressão (DEP) e as relações familiares, foi utilizada a Correlação de Pearson (Tabela 1).

Envolvimento Parental Total (EPT): na análise de correlação de Pearson, constatou-se que a variável Envolvimento Parental Total (EPT) apresentou uma relação positiva com a variável sociodemográfica Escolaridade (r=0,200; p=0,006). Também apresentou correlações significativas com as variáveis de Relações Familiares (FG), representadas nas dimensões Afetividade e Conflito, estando positivamente relacionadas com a dimensão Afetividade entre a díade Pai-Esposa (r=0,307; p=0,000) e a díade Pai-Filho (r=0,533; p=0,000) e negativamente relacionada com a dimensão Conflito na díade Pai-Esposa (r=-0,187 ; p=0,010) e na díade Pai-Filho (r=-0,326; p=0,000).

Escolaridade: com relação ao grau de instrução dos pais, o Envolvimento Parental Total (EPT) apresentou correlação significativa (r=0,200; p=0,006), confirmando a hipótese de que o nível de escolaridade dos pais tem implicações no envolvimento com os filhos.

As demais variáveis Sociodemográficas, com relação aos sintomas depressivos do pai e às relações familiares, não apresentaram correlação significativa com a variável escolaridade.

Familiograma (FG): a aplicação da correlação de Pearson confirmou grau de significância nas correlações entre o envolvimento parental total (EPT) e a variável Afetividade na díade Pai-Esposa (r=0,307; p=0,000) e o envolvimento parental total e a variável Afetividade na díade Pai-Filho (r=0,533; p=0,000). Na dimensão Conflito, foi constatada significância estatística entre a variável Envolvimento Parental Total e a variável Conflito, na díade Pai-Esposa (r=0,187; p=0,010), e a variável Conflito, na díade Pai-Filho (r=-0,326; p=0,000). O nível de envolvimento nas práticas parentais tende a aumentar conforme aumenta o nível de afetividade na relação dos homens com suas esposas e filhos. O oposto ocorre nas relações familiares com maiores conflitos do pai com os membros da família, com a qual ocorre diminuição do envolvimento paterno.

Afetividade Pai-Esposa: a variável Afetividade entre Pai-Esposa está negativamente relacionada com Conflito Pai-Esposa (r=-0,324; p=0,000) e positivamente relacionada com Afetividade Pai-Filho (r=0,457; p=0,000). Esse resultado confirma a repercussão de uma relação amorosa entre os pais como fator predisponente para uma relação saudável entre pai e filho durante o período de desemprego paterno.

Conflito Pai-Esposa: da mesma forma, foi verificada a relação positiva entre o Conflito Pai-Esposa e o Conflito Pai-Filho (r=0,546; p= 0,000), indicando que as relações conjugais conflituosas estão relacionadas aos conflitos na díade Pai-Filho.

Afetividade Pai-Filho: esta variável apresenta relação negativa significativa com a variável Conflito Pai-Filho (r=-0,324; p=0,000), em que se pode averiguar que o maior grau de afeto entre o pai desempregado e seu filho está relacionado a menos conflitos entre esta díade.

Depressão (DEP): não foi constatada correlação entre a variável depressão e a variável Envolvimento Parental Total (r=-0,123; p=0,092). Entretanto, a variável depressão apresentou-se negativamente relacionada com a variável Afetividade Pai-Esposa (r=-0,190; p=0,009), positivamente relacionada com a variável Conflito Pai-Esposa (r=0,370; p=0,000) e positivamente relacionada com a variável Conflito Pai-Filho (0,363 para p=0,000). Constatou-se que existe correlação entre os sintomas depressivos dos pais e as relações de afeto e conflito estabelecidas no núcleo familiar.

Foi realizada ainda uma análise de regressão linear com método stepwise (Tabela 2) para avaliar capacidade preditiva das variáveis independentes, Afetividade Pai-Esposa (APE), Afetividade Pai-Filho (APF), Conflito Pai-Esposa (CPE), Conflito Pai-Filho (CPF), Depressão (DEP), Trabalho Informal (TI), Contribuição na Renda (RB), Tempo de Desemprego (TD) em relação à variável dependente Envolvimento Parental (EP). Os resultados mostraram que, juntos, Afetividade Pai-Filho, Conflito Pai-Filho e Afetividade Pai-Esposa, foram responsáveis por 35% da variância no Envolvimento Parental. A Afetividade Pai-Filho (β= 0,273; p=0,001) e a Afetividade Pai-Esposa (β=0,324; p=0,000) estão positivamente relacionadas ao envolvimento parental, enquanto o Conflito Pai-Filho (β= -0,371; p=0,000) está negativamente relacionado ao envolvimento parental.

Discussão

Esta pesquisa teve como objetivo verificar as características do envolvimento paterno em homens em situação de desemprego, considerando os fatores significativos para envolvimento masculino com os filhos, incluindo aspectos sociodemográficos, relacionamento familiar e os sintomas depressivos dos pais. Os participantes deste estudo, em sua maioria, eram casados ou mantinham união estável, e quase metade da amostra tinha idade entre 31 e 40 anos bem como nível de escolaridade no ensino fundamental. A maioria dos pais (60%) estava recentemente desempregada (três meses) e somente 13% estavam procurando emprego há mais de um ano. Além do pouco tempo de desemprego, ressalta-se que mais da metade dos participantes realizava trabalho informal (54,8%) e recebia contribuição, na renda familiar da esposa, de outros membros da família ou de outras fontes (85,6%).

Considerando o envolvimento paterno, verificou-se que fatores como idade, tempo de desemprego, realização ou não de trabalho informal não influenciaram a participação masculina no cuidado dos filhos. Por outro lado, constatou-se que o grau de escolaridade estava associado ao maior envolvimento do pai com os filhos. Pais com maior formação no ensino contribuíam mais ativamente no cuidado didático, eram mais afetivos e participavam em atividades sociais com seus filhos. Esses dados sugerem a importância dada às relações familiares por homens que tiveram acesso à informação-ensino, apontando para a significativa influência da condição socioeconômica-cultural das famílias no envolvimento dos pais e, conseqüentemente, no envolvimento de seus filhos (Haeffner et al., 2000). Da mesma forma, outro aspecto que motivou o envolvimento paterno foi o recebimento de contribuição na renda familiar de outros membros da família ou de outras fontes significativas, pois isso permitia a participação mais efetiva do pai no envolvimento das práticas didáticas, no envolvimento afetivo, na disponibilidade e nas atividades sociais. Esse resultado remete à hipótese de que o suporte financeiro recebido pelos pais diminuiu a privação econômica e, portanto, amenizou o impacto negativo do desemprego, permitindo que o pai mantivesse maior proximidade com seus filhos.

A maior afetividade do pai na relação com a esposa e com o filho repercutiu de maneira positiva na manifestação do envolvimento parental. O estudo etnográfico de Bustamante (2005), realizado no Brasil com homens de camadas populares, pais de crianças menores de seis anos, constatou que o "sentir-se pai" estava vinculado à relação com a parceira e à própria experiência com o filho. A falta de condições financeiras para sustentar os filhos, entretanto, levava os pais ao afastamento de suas funções. Da mesma forma, neste trabalho, os resultados obtidos inferem que uma ligação amorosa entre o casal é fator predisponente para uma relação saudável entre pai e filho e leva à maior participação do pai na vida de sua criança, mesmo no período de ausência de trabalho e de crise financeira. Ao contrário, o conflito entre o casal conduzia à diminuição do cuidado geral do pai com seus filhos.

Outros trabalhos também identificaram que a atitude da mulher em relação ao cônjuge exerce forte influência no relacionamento do pai desempregado com suas crianças. A mãe pode possibilitar o entendimento da criança sobre a crise econômica vivenciada pela família e o subseqüente comportamento do pai, ou pode demonstrar aos filhos insatisfação, culpandoos pela interrupção em suas vidas (McLoyd, 1989). Jones (1991), em uma revisão de literatura sobre os efeitos do desemprego na família, concluiu que as perdas econômicas tinham resultados negativos na dinâmica familiar. Esse efeito se exacerbava, quando as crianças tinham um relacionamento perturbado com seu pai antes da perda do emprego, associado a um comportamento paterno coercitivo e desinteressado. Neste trabalho, constatou-se que a maior afetividade na díade Pai-Filho levava a menos conflito no período de desemprego paterno. Nesse sentido, as relações familiares refletem no estado emocional do pai e são por ele afetadas. É possível citar, como um exemplo, as potenciais ligações que podem existir entre a problemática de uma pessoa e aquela do conjunto de sua família (Elkaïm, 1998). Alguns trabalhos (Madge, 1983; Price et al., 2002) apontam que a situação de desemprego acarreta um significativo sofrimento psicológico nos homens, gerador de sentimentos de menos-valia, angústia, insegurança, desânimo e desespero, caracterizando quadros de ansiedade e depressão (Ministério da Saúde do Brasil, 2001, p. 161). Berger (2004) identificou que pais depressivos apresentam práticas de disciplina severa e punitiva em conseqüência de seu estado emocional. Nesse estudo, os pais deprimidos tinham mais conflitos com esposa e filho, confirmando a importância do estado emocional para a qualidade das relações familiares. Silva et al. (2004) constataram que a depressão exerce um impacto tanto sobre o portador quanto sobre seus familiares.

Verificou-se que a maioria dos pais em situação de desemprego, na presente pesquisa, apresentava sintomas mínimos de depressão e que o estado emocional paterno afetava o envolvimento parental e as relações familiares: pais que não apresentavam sintomas depressivos eram mais disciplinadores, tinham mais disponibilidade e demonstravam maior afeto com seus filhos. Supõe-se que esse resultado esteja relacionado ao suporte financeiro e emocional recebido em suas famílias. Este dado talvez justifique o fato de não ter sido encontrada relação entre o sofrimento psicológico e o tempo de desemprego do pai, embora muitos estudos (Iribarría et al., 2002; Stankunas et al., 2006) tenham demonstrado essa correlação.

A repercussão no envolvimento com os filhos da rede de apoio familiar, da relação com a esposa, da ajuda financeira e do estado emocional no período de desemprego deve ser considerada em investigações futuras. Nessa dinâmica intersecção entre emprego, bem-estar econômico e bem-estar familiar, a falta de recursos econômicos pode aumentar o conflito conjugal. Nas circunstâncias em que o homem estiver incapacitado de prover sua família, o exercício da paternidade dependerá de como pesquisadores e profissionais possam integrar suas pesquisas e fundamentar políticas e programas sociais que se dirijam às famílias e auxiliem a manutenção de seu funcionamento nas situações adversas (Cabrera et al., 2000).

As interações familiares, incluindo as práticas paternas, ocorrem na dinâmica de funcionamento interno da família e de sua inserção no contexto social. As diferentes circunstâncias não normativas que podem ocorrer ao longo do ciclo de vida familiar incluem perda de emprego e dificuldades econômicas e implicam a compreensão dos fatores envolvidos no enfrentamento familiar ou individual da situação de crise, a repercussão nas relações familiares e a importância do suporte social.

Os resultados encontrados nesta pesquisa refletem a necessidade de políticas públicas voltadas ao atendimento dos trabalhadores e suas famílias em situação de vulnerabilidade. As condições de enfrentamento dessa situação adversa dependem do suporte emocional e financeiro que a rede de apoio familiar poderá proporcionar ao pai durante esse período. Uma interação positiva de apoio, associada ao nível de escolaridade do pai e ao envolvimento afetivo conjugal, minimiza o reflexo negativo do desemprego no estado emocional paterno, propicia maior envolvimento do pai com seus filhos e cria condições mais favoráveis para o desenvolvimento das crianças.

 

Considerações finais

Os estudos sobre a paternidade adulta, nas últimas décadas, têm apontado para transição do papel masculino no cenário familiar e indicam um novo modelo de pai mais participativo das tarefas domésticas e com atitudes de maior envolvimento com seus filhos. Considerando a relevância das pesquisas sobre a paternidade inserida nas questões sociais, os resultados encontrados no presente estudo sobre o envolvimento paterno nas situações de desemprego demonstram a importância das relações familiares para o envolvimento e a disponibilidade afetiva do pai na dinâmica familiar durante esse período de crise. Nesta pesquisa, constatou-se que, além do apoio emocional mantido pela rede familiar, outro aspecto relevante é o suporte financeiro fornecido pela família ou por outras fontes significativas, minimizando o reflexo negativo do desemprego. Ressalta-se que a maior parte do grupo de pais participantes deste estudo encontrava-se com apenas três meses de desemprego. Sugere-se que novas pesquisas sejam feitas com delineamento qualitativo com pais em diferentes períodos de desemprego, aprofundando o conhecimento da influência do relacionamento familiar nestes períodos e o envolvimento do pai com suas crianças. Outro estudo igualmente importante deve ter como meta investigar a prática do envolvimento paterno com pais desempregados que exercem atividades informais.

 

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Submetido em: 05/09/2008
Aceito em: 28/10/2008

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