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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.2 no.1 São Leopoldo June 2009

 

ARTIGOS

 

O self dialógico e a psicoterapia: uma compreensão dialógica da relação terapeuta-paciente

 

Dialogical self and psychotherapy: a dialogial understanding from the therapist-patient relationship

 

 

Adriano P. JardimI; Mariane L. de SouzaII; William B. GomesIII

IFaculdade Brasileira Univix. Rua Genserico Encarnação, 185, ap. 201, bloco B, Mata da Praia, 29065-420, Vitória, ES, Brasil. adrianopjardim@yahoo.com.br
IIUniversidade Federal do Espírito Santo. Avenida Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, 29075-910, Vitória, ES, Brasil. limadesouza@gmail.com
IIIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2600, Santa Cecília, 90035-003, Porto Alegre, RS, Brasil. wbgomes@gmail.com

 

 


RESUMO

A verificação de resultados de tratamentos psicoterapêuticos tem se mostrado tarefa tão desafiadora quanto a explicação de como tais resultados ocorrem, quando constatados. Sabe-se que o principal fator para a efetividade é a qualidade da relação entre terapeuta e paciente. Descrever essa relação como um ato comunicativo é uma alternativa para abordar o fenômeno tanto em suas manifestações comportamentais quanto reflexivas. Nesse sentido, este trabalho apresenta uma revisão sobre a relação terapêutica em suas propriedades dialógicas e semióticas. Conclui-se que a psicoterapia pode ser compreendida como um processo no qual o diálogo (inter e intrapessoal) se articula diretamente com os resultados dos tratamentos, a partir da modificação de significados de narrativas e de histórias de vida. Na primeira parte, realiza-se uma exposição crítica do modelo dialógico do self. Na segunda parte, analisa-se a relação entre dialogicidade e psicoterapia em dois contextos: o modelo da autoconfrontação e a crítica dialógico-semiótica das terapias tradicionais. Por fim, apresenta-se uma proposta dialógico-semiótica de psicoterapia centrada na comunicação, a qual resgata as qualidades dialógicas, narrativas e semióticas do self como fatores decisivos para a efetividade da relação terapêutica.

Palavras-chave: psicoterapia, dialogicidade, self.


ABSTRACT

The confirmation of psychotherapy outcomes has been so challenging for research as the explanation of how such outcomes occur, when verified. It is known that the main factor for the outcomes is the quality of the therapist-patient relationship. The description of this relationship as a communicative act is an alternative approach to explain the phenomenon such as its behavioral manifestations as its reflexive properties. This paper presents a review of the therapeutic relationship in its dialogical and semiotic properties. It is concluded that psychotherapy can be understood as a process in which the dialogue (inter and intrapersonal) is articulated with the outcomes in terms of modification of meaningful narratives and life stories. The first part is a critical discussion of the self dialogical model. The second is an analysis of the relation between dialogicality and psychotherapy in two contexts: the model of the self-confrontation and the dialogical and semiotic critical to the traditional therapies. The last part is a discussion of a dialogical-semiotic psychotherapy model centered in communication, which emphasizes the dialogical, narrative and semiotic qualities as decisive for the therapeutic relationship outcomes.

Key words: psychotherapy, dialogicality, self.


 

 

A partir da década de 1990, pesquisas de efetividade psicoterapêutica têm afirmado que a psicoterapia produz resultados significativos para os indivíduos que se tratam, nas mais diversas modalidades, incluindo terapia cognitivo-comportamental, rogeriana, gestaltista, sistêmica, grupal, comportamental e psicanálise (Gomes et al., 1988; Gomes, 1990; Gomes et al., 1993; Jardim et al., 2005; Seligman, 1995). O fator decisivo apontado para a efetividade desses tratamentos é a qualidade da relação terapeuta-paciente. Já as diferenças entre as técnicas psicoterapêuticas são descritas como um fator de menor importância para os resultados (Arean e Alvidrez, 2002; Blatt e Ford, 1994; Brownlee, 2007; Charman, 2003; Gard, 2003; Gomes, 1990; Hartman e Zepf, 2003; Hoglend et al. 2006; Kaplan, 2007; Metcalfe et al., 2007; Rubinstein, 2007; Seligman, 1995). Isso significa, mais especificamente, que é o vínculo terapêutico, também descrito como aliança terapêutica (Marcolino e Iacoponi, 2001), o fator que influencia diretamente no curso do tratamento, na adesão ao processo e na avaliação de resultados. Quanto melhor o vínculo com o terapeuta, melhores serão a adesão e os resultados da terapia. Mesmo assim, os fatores que influenciam na constituição do vínculo terapêutico, bem como a tradução do vínculo em resultados percebidos, permanecem inexplicados. Entre os pesquisadores, firmou-se um consenso de que esse é um fator muito mais sujeito a variações do que se imaginava inicialmente e que, portanto, trata-se de uma variável complexa e de difícil definição e manejo (Beutler, 2000; Jersak, 2000).

Contudo, nessa primeira década do novo milênio, uma série de estudos tem proposto investigar a complexa relação terapeuta-paciente sob a perspectiva semiótica, compreendendo-a, prioritariamente como uma relação comunicativa (Barclay, 2001; Barclay e Kee, 2001; Eaton, 2002; Georgaca, 2003; Hermans, 2002, 2003; Hermans e Hermans-Jansen, 1995; Josephs, 2002; Leiman, 2002; Martin e Dawda, 1999; Mather e Marsden, 2004; McNamee, 2003; Rasera e Japur, 2001). O processo de comunicação interpessoal, no contexto da terapia, propicia a situação exemplar de retorno da fala ao falante e complementa a reflexividade da conversação que se estabelece internamente (Gomes et al., 1988). Portanto, uma adequada discussão a respeito do vínculo terapêutico deve considerar, necessariamente, uma reflexão sobre as noções de diálogo e do processo reflexivo consciente, inserindo-se em uma perspectiva epistemológica compreensiva.

Dessa forma, o objetivo central deste artigo é apresentar uma compreensão dialógica da relação terapeuta-paciente. Nessa perspectiva, a relação terapeuta-paciente é entendida como um processo comunicativo, presente em qualquer relação dialógica inter ou intrapessoal, a qual envolve qualquer indivíduo em sua capacidade polissêmica (independente de sua condição psicopatológica ou de sua etapa de desenvolvimento psicológico). Tal processo tem por base a dialogicidade do self, isto é, a dialogicidade do processo reflexivo da consciência, sem o qual não pode haver o conhecimento de si e do outro, a identidade e o autoconceito. Para tanto, inicialmente faz-se uma exposição crítica do modelo dialógico de self, resgatando a noção de dialogicidade como a característica fundamental da natureza narrativa do self. Em seguida, analisa-se a relação entre dialogicidade e psicoterapia em dois contextos: o modelo da autoconfrontação (Hermans e Hermans-Jansen, 1995) e a crítica dialógico-semiótica das terapias tradicionais. Por fim, apresenta-se uma proposta dialógico-semiótica de psicoterapia centrada na comunicação, que resgata as qualidades dialógicas, narrativas e semióticas do self como fatores decisivos para a efetividade da relação entre terapeuta e paciente.

 

O modelo dialógico de self

Diálogo e reflexividade consciente são construtos tomados do modelo dialógico de self desenvolvido nos trabalhos pioneiros dos psicólogos Hermans et al. (1992), Hermans e Kempen (1993) e na série de estudos publicados posteriormente por Hermans (2001a, 2001b, 2002, 2003, 2006). Nessa perspectiva, o self é definido como uma multiplicidade de vozes ou posições do eu que dialogam entre si, organizadas em uma narrativa espacialmente estruturada e corporificada. Contudo, a relação dialógica entre as vozes ou posições do eu não é entendida como uma condição ontológica inerente ao fenômeno da experiência consciente de si, mas como o resultado da natureza narrativa do self. A relação dialógica circunscreve o território do self como um espaço para explorar e modificar posições das várias identidades que cada um de nós possui e para resolver essas identidades em um todo coeso.

A dialogicidade é um resultado da natureza narrativa do self e emerge mediante uma linha temporal, na medida em que tais narrativas podem promover a reorganização do repertório de posições de um indivíduo (ou self). As narrativas que o self constrói permitem um intercâmbio entre as posições do Eu, isto é, elas promovem relações dialógicas entre essas.

O self dialógico é um modelo que surge em oposição ao caráter racionalista e individualista das concepções psicológicas contemporâneas de self, pela capacidade de refletirem uma perspectiva etnocêntrica do Ocidente sobre a personalidade. A consequência é uma concepção de self unitário ou multifacetado e baseado no pressuposto de uma mente desincorporada ou racional. O modelo alternativo de self proposto segue uma perspectiva construcionista e o concebe como basicamente dialógico. Hermans et al. (1992) citam os pioneiros Vico (1966 [1744]), Vaihinger (1935) e Kelly (1955) como a principal influência construcionista em seu modelo de self. Os três pioneiros têm em comum a ênfase na capacidade imaginativa do homem e a ideia da mente humana como basicamente ativa e organizadora. Outra característica do modelo dialógico de self é a importância central do corpo na cognição humana. Os autores tomam por base as ideias de Johnson (1987), sobre a influência dos padrões corporais de movimento na construção do sentido que damos às coisas, e os postulados de Merleau-Ponty (1976 [1945]), sobre o sujeito corporificado e a concepção de intencionalidade. Finalmente, o modelo caracteriza o self como um narrador dialógico. Essa concepção, em termos narrativos, refere-se ao trabalho da escola literária russa, especialmente representada pela obra de Mikhail Bakhtin (1973 [1929]) sobre o romance polifônico (origem da concepção narrativa do Eu, como um autor; e do Mim, como um ator observado). Da combinação dessas perspectivas, surge a concepção do self dialógico expresso por uma multiplicidade de posições do eu relativamente autônomas. Revela-se um Eu com a possibilidade de se mover de uma posição a outra, de acordo com as mudanças na situação e no tempo: ele flutua entre posições diferentes e opostas. Assim o explicam Hermans et al. (1992, p. 28-29):

O eu tem a capacidade de imaginativamente dotar cada posição com uma voz, de forma que relações dialógicas entre posições possam ser estabelecidas. As vozes funcionam como personagens interativos em uma história [...]. Como diferentes vozes, esses personagens trocam informações sobre seus respectivos mim e seus mundos, resultando em um complexo self, estruturado de forma narrativa.

O modelo de self dialógico, em oposição ao modelo de self individualista, parte do pressuposto de que há muitas posições de Eu que podem ser ocupadas pela mesma pessoa. Os autores acrescentam, ainda, que o self dialógico é social - outras pessoas podem ocupar posições no self de múltiplas vozes. É o que se verifica em: "O Eu constrói outra pessoa ou ser como uma posição que o Eu pode ocupar e uma posição que cria uma perspectiva alternativa sobre o mundo e sobre si mesmo" (Hermans et al., 1992, p. 29). Dessa forma, as relações dialógicas são trazidas a uma dimensão espacial, que enfatiza a simultaneidade, a justaposição e a descontinuidade de vozes.

O self dialógico retoma a ideia jamesiana (James, 1990 [1890]) isto é, a proposta de distinção entre o eu e o mim. Porém, essa distinção é traduzida para uma perspectiva narrativa, na qual eu e mim serão entendidos como autor e ator, respectivamente. A tradução da distinção eu - mim para a abordagem narrativa (Mancuso e Sarbin, 1983; Sarbin, 1986) coloca o pronome eu em relação ao autor e o pronome mim em relação com o ator ou com a figura narrativa. O self é identificado com o autor, permitindo que o eu construa uma história na qual o mim é o protagonista: "o self funciona como um espaço onde o Eu observa o Mim e correlaciona os movimentos do Mim como partes de uma construção narrativa" (Hermans e Kempen, 1993, p. 46).

Essa concepção do eu como um autor e do mim como um ator observado expande-se na metáfora do romance polifônico (Bakhtin, 1973 [1929]) para dar ao self a capacidade de integrar as noções de narrativa imaginária e de diálogo. Contudo, a metáfora do romance polifônico não implica a existência de um eu hierarquicamente superior que organiza os mim que o constituem. Em vez disso, o caráter especial do romance polifônico leva à suposição de uma descentralizada multiplicidade de posições do eu que funcionam como autores relativamente independentes, assumindo vozes diferentes através de diversos mim/atores (Hermans e Kempen, 1993).

Na medida em que o diálogo entre as diferentes posições do eu se estabelece, a presença simultânea de interlocutores em um mesmo ponto do eixo temporal configura uma espacialização do tempo. Essa forma de configuração na qual a noção de espaço é dada prioritariamente sobre o tempo é denominada de princípio da justaposição (Bakhtin 1973 [1929]). Conforme Hermans (2001b), a coalizão de duas posições em tempo e espaço determinados é introduzida por Bakhtin com o objetivo de pontuar a conectividade de relações temporais e espaciais que estão artisticamente expressas na literatura.

A questão que a teoria deixa em aberto diz respeito ao caráter dinâmico da relação dialógica: existe, realmente, um diálogo (uma conversação entre posições) ou se pode imaginar algo como um monólogo (alguém que fala sobre possíveis conversações entre posições)? O problema é que a narrativa pode ser polifônica, mas há somente um autor para pensar e para contar a história. Então, quem é o narrador? Uma narrativa apresenta a si mesma ou ela se refere ao outro? A intenção de descentralizar o self na abordagem dialógica, para não cair na falácia cartesiana do fantasma na máquina, não pode apagar completamente a figura de um autor. O narrador é a base consciente de uma condição experiencial de self. Levada ao extremo, a ênfase no diálogo entre posições pode esfacelar completamente o self. Inversamente, a falta de diálogo pode restringir o self. Esse risco é, de fato, anunciado na metáfora do teatro: em uma peça, o diálogo é definido como uma sequência de falas trocadas entre personagens que permitem que a ação dramática tenha continuidade sem a figura de um narrador. Porém, se o autor estiver completamente ausente, a narrativa ficará provavelmente comprometida, pois a polifonia de vozes ou posições que não têm uma base sobre a qual se refletir produzirá, inevitavelmente, nonsense ao invés de sentido.

Para Hermans et al. (1992), por meio do poder da imaginação, a pessoa pode agir como se fosse o outro: é desta forma que o self constitui espacialmente, colocando-se tanto "aqui" como "lá". Contudo, isso não é o mesmo que tomar o papel do outro, nos termos de Mead (1934), pois o self não toma a perspectiva real do outro fora do self. Em vez disso, o eu constrói outra pessoa ou ser como uma posição que pode ocupar, e, a partir desta posição, cria uma perspectiva alternativa sobre o mundo e sobre si mesmo.

 

O self dialógico e a psicoterapia

A aplicação das ideias de dialogicidade, narrativa e semiose ao contexto psicoterapêutico segue duas vertentes distintas. A primeira delas, resultado da combinação de estudos teóricos e reflexões a partir da prática clínica (Hermans e Hermans-Jansen, 1995), fundamenta uma perspectiva dialógica do processo psicoterapêutico e propõe um modelo dialógico de intervenção: o método de autoconfrontação. A segunda vertente propõe um entendimento semiótico e hermenêutico (comunicacional) de linhas tradicionais da terapia (Barclay, 2001; Eaton, 2002; Georgaca, 2003; Mather e Marsden, 2004; McNamee, 2003; Martin e Dawda, 1999; Rasera e Japur, 2001).

 

O método da autoconfrontação: a construção do significado na psicoterapia

O modelo psicoterapêutico de Hermans e Hermans-Jansen (1995) descreve a psicoterapia como um processo narrativo no qual o self elenca temas que estruturam o discurso por meio de motivações, isto é, de atribuições significativas de intensidade. O indivíduo em terapia é compreendido como um motivado contador de histórias, que define um contexto, ou seja, uma "textura de eventos elaborados, na qual cada evento é influenciado pelo episódio precedente e influencia outros episódios que se seguem, sendo todos afetados por múltiplos agentes engajados em ações" (Sarbin in Hermans e Hermans-Jansen, 1995, p. 7). O ato de contar histórias equipara-se ao de narrar acontecimentos, numa remissão do conceito de narrativa de Bakhtin (1973 [1929]), segundo o qual, uma narrativa é uma história sobre algo contada por alguém e para alguém. Na base da compreensão de narrativa, portanto, estão os conceitos de diálogo e de relações dialógicas (entre contador e ouvinte) que implicam uma organização temporal de eventos em uma estrutura que relaciona passado, presente e futuro de uma forma significativa. Na perspectiva dialógica, o sujeito como um contador de histórias é também um agente motivado. Motivação ou motivos de uma história relacionam-se com os temas que transformam uma lista de eventos puramente cronológica em um todo organizado (o enredo). Assim, o sujeito elege motivos que orientam a narrativa em direção a um ou mais significados, o que configura uma relação dialética entre evento e enredo, na qual um pode interferir ou mesmo modificar o significado do outro. Em virtude disso, cabe ao terapeuta conduzir o sujeito em tratamento a uma atitude autoexploratória. Em suma, o tema de uma narrativa funciona como um princípio organizador na estruturação do enredo e serve como critério de relevância de um evento em relação a outros.

A base da compreensão do indivíduo em terapia, nessa perspectiva, são as motivações psicológicas. São elas que determinam o contexto e estabelecem o enredo. Nesse sentido, Hermans e Hermans-Jansen (1995) esclarecem o papel da motivação no processo de valoração, como construção de significado do indivíduo em tratamento. O próprio self é definido como um processo organizado de valoração e como uma unidade de significado que tem um valor positivo (agradável), negativo (desagradável) ou ambivalente (ambos agradável e desagradável). É pelo processo autorreflexivo, no diálogo com outra pessoa ou consigo, que as valorações são organizadas em um sistema narrativamente estruturado. Cada valoração tem uma conotação afetiva, definida em dois motivos básicos: autodesenvolvimento (A) e contato com o outro (O). Ao estabelecerem motivos básicos, Hermans e Hermans-Jansen (1995) instituem o afeto como uma ponte entre motivação (básica) e valoração (construção de significados). A psicoterapia, portanto, é uma tarefa que lida com motivos básicos e tem como matéria-prima as valorações pessoais e como objetivo o processo de (re)significação de histórias de vida. Na prática, discutem-se temas ou enredos das histórias de vida, em seu conteúdo valorativo, a partir da multiplicidade de falas ou vozes dos personagens do enredo e do ato individual de atribuição de significados (self como ente valorador). O método da autoconfrontação é um conjunto de passos que conduzem o indivíduo a um confronto pessoal com as posições que o self ocupa, como identidades parciais e relativamente autônomas em diálogo. Emergem desse confronto os valores e motivos estruturais no enredo, sua relação com o afeto experimentado e sua posição relativa ao contexto. O resultado é uma tomada de consciência sobre a atribuição de significados (semiose), a qual (re)coloca o self na condição de autoria da própria história e possibilita a ressignificação de temas e histórias de vida.

 

A crítica dialógico-semiótica das terapias tradicionais

As terapias tradicionais (predominantemente descritas como monológicas, em vez de dialógicas) têm sido alvo de severas críticas, as quais são direcionadas tanto à sua base teórica quanto à sua prática clínica (Barclay, 2001; Eaton, 2002; Georgaca, 2003; Mather e Marsden, 2004; McNamee, 2003; Martin e Dawda, 1999; Rasera e Japur, 2001). Tais críticas utilizam-se de um referencial teórico dialógico e semiótico para a compreensão da psicoterapia e dividem-se em dois blocos: (i) os estudos que concluem sobre a necessidade de atualizar as teorias tradicionais que fundamentam a prática psicoterapêutica em termos comunicacionais; (ii) os estudos que contrastam procedimentos estabelecidos com um entendimento comunicacional e propõem alternativas. Ambos os trabalhos representam um esforço dos pesquisadores em dialogicidade e semiótica para produzir uma literatura que dialogue com as psicoterapias estabelecidas no campo da prática clínica.

A crítica às visões tradicionais de entendimento da psicoterapia propõe a psicoterapia vista como um processo de autoexaminação em vez de um método fixo de prática (Parker, 1999). Em um processo de autoexaminação, a psicoterapia como prática que visa modificar comportamentos por meio de uma multiplicidade de técnicas é tomada como um processo narrativo. Nesse processo a história de vida e a experiência da pessoa em tratamento são centrais e o paciente é o autor das transformações esperadas. A questão principal a ser respondida é como o terapeuta interage com o paciente, constituindo-se em um agente de transformação no processo narrativo. Segundo a "metáfora narrativa", um possível entendimento da questão proposta por Parker (1999, p. 7) implica entender a interação terapêutica como um meio de construção do "senso de quem nós somos no mundo". Nessa perspectiva, uma terapia narrativa utiliza ferramentas essencialmente textuais em um contexto da prática, pela conceitualização da história de um indivíduo na qual os problemas percebidos podem ser externalizados. Em outras palavras, a compreensão da contextualização dos problemas do paciente em sua história de vida é considerada em um primeiro plano. O terapeuta, nesse caso, coloca-se como facilitador de um processo autorreflexivo, no qual o indivíduo em tratamento constitui-se como autor de suas narrativas, conscientizando-se de sua responsabilidade no processo.

A perspectiva narrativa da psicoterapia indica três principais contribuições para uma análise crítica da psicoterapia: (i) a identificação do indivíduo em tratamento como o principal agente de mudanças; (ii) a constituição da relação terapeuta-paciente como contraste com as demais relações interpessoais do indivíduo para a avaliação da efetividade do tratamento e (iii) a identificação de tal contraste em um contexto narrativo, segundo o qual, a construção, reconstrução e desconstrução de histórias de vida servem como indicador de resultados (Barclay, 2001). Entretanto, embora as reflexões críticas pareçam contribuir para a construção de um entendimento mais aprofundado sobre a terapia, nenhuma delas cita um referencial semiótico como ferramenta para explicar a terapia. Tal ausência pode implicar dificuldades para compreender a relação terapêutica como leitura de produção de significados na vida das pessoas em tratamento (Barclay, 2001).

Uma proposta mais ousada busca explicar a psicoterapia em termos narrativos e semióticos propondo uma reformulação de conceitos psicanalíticos, como a transferência em termos conceituais comunicativos, especialmente na explicação de narrativas de Bakhtin (Georgaca, 2003). Nessa perspectiva, a terapia é um processo dialógico entre terapeuta e paciente, no qual a transferência desempenha um papel relevante. Conforme uma explicação semiótica e psicanalítica da terapia, a atribuição de significados a episódios do passado e do presente do paciente varia durante o desenvolvimento da história do tratamento e se conforma como uma estrutura narrativa alternativa à história de vida construída até então. A intervenção do terapeuta é vista como crucial, enquanto promoção de um processo reflexivo no qual o self é estimulado a ocupar diferentes posições (identidades) e a estabelecer a dialogicidade entre tais posições.

 

Uma proposta dialógico-semiótica de psicoterapia

Embora todas as terapias sejam potencialmente dialógicas e semióticas, torna-se fundamental estabelecer os procedimentos psicoterapêuticos focados na dialogicidade e na semiose para a proposição de uma psicoterapia surgida a partir das teorias comunicacionais (Barclay e Kee, 2001; Hermans, 2002, 2003; Josephs, 2002; Leiman, 2002). Essa perspectiva representa uma tendência que vem se consolidando na área.

A proposta de uma terapia semiótica surgiu da necessidade de se dialogar com as terapias tradicionais, para restituir ao self o papel de gerador de significados no contexto de mudanças terapêuticas. Quando uma prática como a psicoterapia toma o self como seu objeto e utiliza certos quadros conceituais clínicos como sua base, os terapeutas e pesquisadores devem estar cientes do campo mutável no qual seus construtos são erigidos (Barclay e Kee, 2001). A análise semiótica e suas categorias de análise linguística podem, portanto, oferecer um campo proveitoso para uma teoria da psicoterapia.

Ao tomar a psicoterapia como um processo essencialmente comunicativo e sígnico (signo é entendido aqui como algo que representa alguma coisa para alguém), argumenta-se que a função essencial da terapia tem sua base na interpretação de signos. De igual modo, situa-se como campo central desse processo a comunicação entre terapeuta e paciente. Visto que o self é também um signo (Peirce, 1931-1958), ele passa a ser, ao mesmo tempo, o objeto e o sujeito da psicoterapia. Tomado como objeto semiótico, ele pode ser analisado em sua existência narrativa (a fala de uma identidade, ou posição do self). Por sua vez, se tomado como sujeito (self como interpretante) pode ser analisado em sua função narrativa, como ação geradora de significados (a fala do sujeito sobre as falas das identidades, ou posições do self). Na dialogicidade entre terapeuta e paciente, a partir dessa perspectiva, o terapeuta convoca o self-sujeito a posicionar-se em relação às posições do self (ou self-objeto) e a estabelecer uma dialogicidade entre as diferentes vozes dos selves. A partir dessa convocação, as diferentes narrativas que emergem dos selves podem ser reestruturadas e configurar um processo de ressignificação identificado com as mudanças terapêuticas.

Assim, a estrutura narrativa e semiótica do sujeito constituem-se como uma importante dimensão a ser considerada pelo clínico quando exerce a psicoterapia, especialmente porque o entendimento sobre quem é uma pessoa em um dado momento ou em um dado contexto constitui uma base essencial para um tratamento apropriado. Ao mesmo tempo, se uma pessoa é, de alguma forma, mutável, com base em uma referência linguística (self como um signo), qualquer mudança ou transformação positiva deve ter ocorrido na sua história de vida. Isso significa que as mudanças que afetam a vida de um indivíduo devem ser semióticas tanto em termos da forma como elas são promovidas, quanto em termos de contextos futuros implicados. A história sobre alguém - um signo tanto de eventos passados como de eventos futuros potenciais - pode ser vista como um objeto semiótico. Isto é, um self deve ser usualmente considerado mais como um trabalho não terminado de ficção do que um objeto real com atributos em um mundo concreto. O self se torna um trabalho flexível em progresso tanto em termos semióticos quanto narrativos.

Como consequência dessa abordagem, a teoria semiótica passa a ser fundamental para a psicoterapia. A interpretação semiótica constitui-se em uma chave para que o terapeuta possa diferenciar elementos da compreensão do paciente de elementos da taxonomia do discurso clínico. A pessoa em tratamento dirá coisas sobre ela cujos significados o terapeuta deverá compreender para formar um diagnóstico que servirá de base para estabelecer os objetivos do tratamento. Sem tal compreensão, o tratamento tende a ser menos efetivo.

As implicações metodológicas de tais constatações indicam que o método científico em psicologia tem limites claros quando aplicado à psicoterapia. Como não há como escapar da linguagem, uma ciência ou uma prática clínica que estabelece procedimentos sem conhecer os limites e efeitos da linguagem está sujeita a confusão, má interpretação ou intervenções inapropriadas. Uma psicoterapia semiótica pode suprir o campo com uma base interpretativa para evitar o erro. Isso não quer dizer que a semiótica venha a substituir a psicologia, mas aponta que a psicologia não pode progredir em sua cientificidade e acurácia até que tome a semiose, em seu processo de geração de significado, como um componente essencial. Para isso, precisa reexaminar suas próprias teorias à luz do recente progresso no estudo da semiótica e na análise das concepções pessoais, profissionais e culturais da linguagem. A psicoterapia, nessa perspectiva, é concebida como um objeto semiótico e insere-se em um novo campo de análise:

A psicoterapia não deve somente examinar os significados de uma história do cliente, mas deve também focalizar os quadros de referência e códigos usados para interpretar a história. Um quadro de referência é um objeto semiótico, assim como uma narrativa do cliente. Em particular, o self como um signo - um objeto semiótico - demanda uma atitude particular no contexto da psicoterapia. Como resultado, o trabalho clínico se torna radicalmente suscetível à análise semiótica, podendo incluí-la como prática rotineira (Barclay e Kee, 2001, p. 677).

Do ponto-de-vista da proposta dialógico-semiótica de uma psicoterapia centrada na comunicação, o self pode ser tanto um autor que narra as histórias, em uma perspectiva narrativa e dialógica; quanto um processo de produção de significado, em uma perspectiva semiótica. Essa diferença pode representar importantes variações na abordagem do processo psicoterapêutico, vistos os objetivos, os procedimentos e a avaliação de resultados. No primeiro caso (dialógico), tem-se um autor que narra histórias e constrói sentidos. Na psicoterapia, encontram-se narradores (o terapeuta e o paciente, acompanhado de seus diversos Eus) que se debruçam sobre seus temas e motivações e têm a narrativa como produto final. No segundo caso (semiótico), o self é um ato que não se fixa em autores, mas é o próprio sentido de cada posição que o self ocupa em dado momento. Na psicoterapia, tem-se um encontro dos sentidos produzidos pelo terapeuta e pelo paciente no qual o self do paciente é o produto final da discussão. Em ambos os casos, no entanto, o conceito de self traz em si um conceito de intersubjetividade radical e se afirma como processo independente e interdependente. A busca de autodesenvolvimento conduz à automanutenção, autoexpansão e autonomia; e o desejo de contato com o outro conduz à interação, associação, união com o outro e à homonomia, isto é, ao funcionamento em conjunto, seguindo as mesmas leis e compartilhando forma e função (Hermans e Hermans-Jansen, 1995). Essa intersubjetividade radical ou inclinação para o contato com o outro está no fundamento da definição essencial da noção de dialogicidade. Portanto, compreender e refinar o processo psicoterapêutico implica buscar meios de instrumentalizar a dialogicidade. E instrumentalizar a dialogicidade como uma função psicoterapêutica significa entender, analisar e pesquisar os tratamentos como encontros produtores (e produtos) de signos emergentes em contextos e texturas narrativas. Esses encontros se fundamentam (e fundamentam) (n)um espaço simbólico demarcado na intersubjetividade que resultará, em última análise, na história do tratamento psicoterapêutico.

 

Conclusão

O entrecruzamento entre dialogicidade, semiótica e psicoterapia revela que a relação entre terapeuta e paciente não pode mais ser entendida ignorando-se os aspectos polissêmicos presentes em um tratamento psicoterapêutico. Trata-se de uma relação mediada por elementos comunicativos complexos, mutáveis e estruturantes para os resultados de transformação individual e social empreendidos no projeto de uma psicoterapia. Seja delineando um método próprio (autoconfrontação), atualizando as terapias tradicionais, ou propondo uma perspectiva original dos tratamentos, a dialogicidade e a semiótica revelam-se fundamentais para uma compreensão acurada e atualizada da psicoterapia. O entendimento da relação terapêutica como um processo comunicativo que inclui toda a complexidade de um encontro polissêmico não pode ser compreendido senão em um contexto narrativo, linguístico e radicalmente dialógico. Nesse sentido, as alternativas de entendimento dos aspectos complexos envolvidos no encontro de um terapeuta com um paciente revelam que esse encontro entre consciências é um processo de atualização, por meio do qual os sentidos são coconstruídos no ato dialógico. Tais sentidos são múltiplos e singulares ao mesmo tempo, pois são unidos pela ação de fazer sentido no mundo. Não há mais espaço na discussão da psicoterapia para abordagens que ignorem ou somente tangenciem essa dimensão da relação terapêutica. A radicalização da leitura dialógica dos tratamentos psicológicos constitui-se, por conseguinte, em uma realidade epistemológico-metodológica, tanto dos aspectos clínicos de um encontro transformador (de pensamentos, sentimentos, percepções e comportamentos), quanto da pesquisa de resultados dos tratamentos.

Nos últimos anos, o problema da verificação de efetividade a partir da compreensão dialógica da relação terapeuta-paciente tem se desdobrado em uma série de investigações que abrangem teoria, pesquisa e prática. Tais investigações incluem (i) a análise de narrativas de vida e do tratamento associadas à recordação de eventos marcantes da terapia (Jardim, 2008); (ii) a investigação de posições do self no contexto clínico com o auxílio de um instrumento dialógico (Santos, 2007); (iii) a associação de psicopatologias da personalidade com as funções narrativas do self (Dimaggio et al., 2006; Lysaker et al., 2003); (iv) a compreensão do discurso da esquizofrenia como um produto semiótico (Lysaker e Lysaker, 2001) e (v) a pesquisa fenomenológica dos sentidos construídos em sessões com dramatizações de autonarrativas (Hermans, 2006). Esse breve panorama indica que já existem importantes propostas na área, mas ainda há muito trabalho a desenvolver tanto na compreensão da clínica, quanto na pesquisa dialógica de resultados da psicoterapia. Resta investigar mais claramente a intersecção entre mudanças comportamentais e transformações de sentidos, e como elas se relacionam à interação terapeuta-paciente, além de quais os resultados percebidos no tratamento. Quando se tiver uma noção mais clara dos mecanismos pelos quais a semiose e a dialogicidade se traduzem em resultados psicoterapêuticos será construído, afinal, um quadro consistente da dinâmica da psicoterapia com foco na comunicação terapeuta-paciente.

 

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Submetido em: 19/01/2009
Aceito em: 06/04/2009

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