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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.3 no.1 São Leopoldo June 2010

 

ARTIGOS

 

Intervenção clínica com jovens em situação de desemprego

 

Clinical intervention with young unemployed

 

 

Romilda Guilland; Janine Kieling Monteiro

Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil. guil.ro@hotmail.com, janinekm@terra.com.br

 

 


RESUMO

O desemprego está associado a uma pior condição de saúde mental, pois ficar desempregado gera não só instabilidade econômica, mas também uma desvalorização do indivíduo diante de si e da sociedade. Em 2008, foi desenvolvida uma intervenção clínica com quatro jovens desempregados em um SINE (Sistema Nacional de Empregos), no Vale do Paranhana (RS). Inicialmente, buscou-se investigar as habilidades sociais e o nível de bem-estar psicológico desses jovens. Para tanto, foram utilizados uma entrevista, um questionário sociodemográfico, o Inventário de Habilidades Sociais (IHS) e o Questionário de Saúde Geral - 12. Posteriormente, foi desenvolvida uma intervenção, que incluiu a devolução dos resultados e atendimentos psicológicos, abordando os temas: autoconhecimento, habilidade social e projeto ocupacional. Foi observado nos resultados que os jovens investigados, segundo interpretação do IHS, tinham necessidade de treinamento em Habilidades Sociais, principalmente no controle da ansiedade e na expressão de afeto positivo e de afirmação da autoestima. Aqueles que tinham mais apoio familiar e financeiro apresentaram maior bem-estar psicológico. Na intervenção psicológica, os relatos discorreram sobre queixas de decepção pessoal, fraqueza e medo de não conseguir trabalho e uma responsabilização pessoal da manutenção do desemprego. Após a intervenção, dois jovens conseguiram emprego e um foi encaminhado para atendimento psicológico. Assim, destaca-se a importância das intervenções clínicas com esse grupo como forma de apoio, visando à superação das dificuldades encontradas neste período.

Palavras-chave: intervenção clínica, jovem, desemprego.


ABSTRACT

Unemployment is associated to a worse mental health state, because being unemployed generates not only a financial instability, but also a process of individual devaluing. In 2008, a clinical outreach work was elaborated with four unemployed young adults at a NSE (National System of Employment), in Paranhana Valley - Rio Grande do Sul State. Initially, it was developed a research project whose objective was to investigate the social skills and the level of these young adults' psychological well-being. In this research it was used an interview, a socio-demographic questionnaire, the Social Skills Inventory (SSI) and the General Health Questionnaire - 12. Aferwards, an outreach work was developed, which included the returning of results to and psychological interviews that approached issues such as self-knowledge, social skill and occupational project. The results, second interpretation of SSI, indicate that the young adults need to train their social skills to control anxiety, positive affect expression and affirmation of self-esteem. Those that had wider family support demonstrated to have bet er psychological well-being. In the psychological outreach work the narratives discussed complaints of personal disappointment, weakness and fear of not geting another job. These young adults frequently blamed themselves for not being able to find another job. Afer the intervention, two young people found jobs and one was referred for psychological counseling. It is important to highlight the relevance of promoting clinical interventions with this group, as a way to support and in order to overcome the difficulties encountered in this period.

Key words: clinical intervention, young, unemployment.


 

 

Desemprego juvenil

No Brasil, segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego de dezembro de 2008 (IPEA, 2008), foi estimado um contingente de aproximadamente 41,5 milhões de pessoas em idade ativa (PIA) e 1.567 milhões de pessoas desocupadas (com 10 anos ou mais de idade), no conjunto de seis regiões metropolitanas. Destas pessoas, 621 mil (40%) eram jovens, e 516 mil (32,9%) tinham entre 18 e 24 anos. Segundo estes dados, o índice de jovens desempregados com idade entre 15 e 24 anos, no Brasil, é 4,6 vezes maior que o dos adultos com idade acima de 25 anos (8,1%).

A dificuldade de inserção no mercado de trabalho de forma adequada pode reduzir o nível de bem-estar e gerar consequências negativas para a vida do jovem e para a sociedade, pois, na situação de desemprego, o trabalho deixa de nortear positivamente a sua vida. O desemprego pode ser conceituado como uma situação em que se associam "a ausência de trabalho acompanhada da disponibilidade de trabalhar com a busca por trabalho" (Galeazzi, 2002, p. 67). Nesse sentido, o desejo e a esperança motivam os indivíduos na busca de um emprego, mas, quando o desejo não é possível de ser realizado e não há como vencer a angústia, abre-se espaço para o sofrimento (Mauro et al., 1999).

Para caracterizar a situação de desemprego, Peres et al. (2003) investigaram o perfil dos desempregados e das vagas de trabalho disponibilizadas pelo mercado na cidade de Assis (SP) e região. Os resultados indicaram que a maior parte dos desempregados se encontrava na faixa etária dos 18 aos 25 anos e procurava por cargos que exigiam, teoricamente, pouca ou nenhuma qualificação específica, tais como balconista e ajudante geral.

Na região metropolitana de Porto Alegre (RS), Sarriera et al. (2001) investigaram jovens de baixa renda na busca de emprego, visando conhecer as características da construção da identidade vocacional. Os autores observaram que os jovens estavam desenvolvendo sua identidade ocupacional com projetos profissionais pouco definidos e também apresentavam muita insegurança em relação as suas escolhas. Eles notaram, ainda, que os jovens não sabiam como iriam realizar seus projetos profissionais, pois suas escolhas, muitas vezes, calcavam-se na fantasia.

No que diz respeito ao perfil esperado dos jovens para ingressar no mercado de trabalho, foi realizado um estudo, também em Porto Alegre (RS) (Câmara et al., 2004), que investigou, nos responsáveis pelo processo seletivo, informações sobre quais seriam as expectativas sobre o perfil ideal dos jovens que se candidatam a uma vaga. O resultado dessa pesquisa apontou a inexistência de um perfil único. No setor do comércio, as habilidades esperadas do jovem são boa aparência, calma, extroversão, facilidade para lidar com público, boa comunicação verbal e saber lidar com dinheiro. No entanto, as qualidades pessoais desejadas pelo setor da indústria são agilidade, autonomia, higiene, asseio pessoal e identificação com a empresa. O setor de serviços, por sua vez, exige que o jovem tenha experiência na função para a qual está se candidatando. O estudo referido concluiu que o empregador espera que o jovem seja expansivo, socialmente habilidoso, calmo, tenha boa comunicação verbal e saiba responder perguntas objetivamente.

De acordo com Bolsoni-Silva et al. (2006, p. 31), o "termo habilidade social refere-se às diferentes classes de comportamentos sociais presentes no repertório do indivíduo para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais". Apesar de as habilidades sociais, tais como comunicação, civilidade, assertividade, empatia e expressão de sentimento positivo, serem valorizadas pelos empregadores, esta temática relacionada ao contexto de trabalho ainda foi pouco averiguada em pesquisas. Os resultados dos estudos em bases de dados (Indexpsi, Psicoinfo, Scielo e Lilacs), no período de 1994 a 2004, indicaram que, dos 65 periódicos encontrados que abordam o tema habilidade social, apenas cinco investigaram as habilidades sociais de profissionais como, por exemplo, professores, psicoterapeutas e técnicos de segurança do trabalho (Bolsoni-Silva et al., 2006).

Outro estudo (Kieselbach, 2003) também apontou que comunicação e iniciativa são fatores que podem auxiliar na busca por um emprego nos jovens. Esta pesquisa foi realizada com 300 jovens em idade de 20 e 24 anos, oficialmente registrados como desempregados por, pelo menos, 12 meses, indicou que o desemprego é uma ameaça à inclusão dos jovens na sociedade. Os fatores de vulnerabilidade que contribuem para o aumento de exclusão social em pessoas jovens desempregadas são baixa qualificação, passividade no mercado de trabalho (pouca iniciativa e menor comunicação), situação financeira precária, baixo ou nenhum suporte social e insuficiente ou nenhum suporte institucional.

 

Desemprego e saúde mental

Um tempo muito prolongado na situação de desemprego pode reduzir o interesse pelos laços sociais e afetivos, bem como afetar a autoestima, aumentando o sentimento de solidão e fracasso, propiciando o desenvolvimento de distúrbios emocionais (Pinheiro e Monteiro, 2007). Sarriera et al. (1996) observaram que os níveis mais baixos de bem-estar psicológico encontram-se entre os jovens em situação de desemprego, quando comparados com trabalhadores fixos e temporários. Esta redução do índice de bem-estar psicológico pode ser entendida por meio da perda, pois, sem trabalho, os jovens perdem também a condição financeira, que influencia no estabelecimento da identidade e na vida cotidiana, provocando um sentimento de vazio que pode desmotivá-lo na busca de um novo emprego.

A saúde e a perda de saúde são definidas como dois fenômenos que se referem a um estado de bem-estar, mas que, em certo momento, pode se transformar em sofrimento (Stoz, 1993). Nesse sentido, a saúde e o bem-estar são conceitos muito relacionados entre si: o bem-estar é o "grau em que cada pessoa julga a qualidade de sua vida favoravelmente como um todo" (Veenhoven, 1991, in Silva et al., 2007).

Se o trabalho está associado a um lugar social, este também pode ajudar o jovem a construir uma identidade por meio do labor. O desemprego, por sua vez, é o não lugar, pois coloca o sujeito fora da sociedade (Terra et al., 2006). Desse modo, o desemprego é, geralmente, visto como um lugar marginalizado, podendo dificultar o falar sobre esta situação, principalmente quando o jovem está passando pelo período da adolescência - o qual, em última análise, é muitas vezes descrito como sendo, também, um não lugar. Nesse sentido, ficar desempregado pode significar não só uma suspensão da estabilidade econômica, mas ainda a exposição do indivíduo - seja ante si próprio, seja ante a sociedade -, o que pode afetar sobremaneira sua saúde mental.

A situação de desemprego pode afetar o psiquismo dos jovens, pois, quanto mais tempo se fica nessa situação, mais se aumenta o risco de permanecer nela. Este fato ocorre, porque aqueles que já estão fora do mercado há muito tempo se desencorajam mais facilmente, demonstram pessimismo e dificuldade para se recolocar no mercado de trabalho. A dificuldade de encontrar uma ocupação pode fazer com que a qualificação individual se deteriore, pois, à medida que o tempo de desemprego se estende, o indivíduo se vê obrigado a aceitar uma subocupação para manter sua sobrevivência, o que pode diminuir sua autoestima (Menezes e Dedecca, 2006).

De fato, as pessoas que já tiveram experiência de desemprego demonstram significativa insatisfação com suas rendas, moradia, profissão e saúde. A insatisfação pode estar relacionada ao sentimento de insegurança em relação à perspectiva de, no futuro, sofrer novamente uma demissão, o que resulta em efeitos negativos na satisfação de vida, no relacionamento com amigos e na vida familiar. A evidência da perda do local de trabalho causa uma diminuição na qualidade de vida, afetando sua saúde mental (Berth et al., 2005).

Desse modo, a situação de desemprego pode ser um fator de risco para a saúde, pois propicia sentimentos de baixa autoestima, ansiedade e depressão que influenciam no uso e abuso de álcool, principalmente entre indivíduos de classe economicamente baixa (Mossakowski, 2008). Khlat et al. (2004), em suas pesquisas na França, também observaram que homens desempregados demonstram ter prevalência significativa mais alta de depressão, tabagismo, alcoolismo e consumo de substâncias psicoativas do que a classe trabalhadora. A situação de desemprego involuntária e prolongada, além de influenciar na saúde das pessoas, pode também propiciar o ingresso do jovem em atividades criminais (Lee e Holoviak, 2006).

A partir do exposto, destaca-se que o desemprego na população jovem é um fator social preocupante, pois ele pode afetar a integridade física e o bem-estar psicológico dos indivíduos. Além de aumentar o risco de uso e abuso de drogas, o desemprego pode ser uma porta de entrada para a criminalidade. Na hora da contratação do jovem pelo empregador, um aspecto bastante valorizado no perfil esperado tem sido o de ter habilidades sociais. Diante dessas considerações, esta pesquisa-intervenção buscou investigar as habilidades sociais e o bem-estar psicológico em jovens desempregados e, posteriormente, refletir sobre estas questões e os projetos ocupacionais dos participantes, por meio de uma intervenção clínica.

 

Método

Para tratar do tema do desemprego juvenil foi realizada uma pesquisa-intervenção que teve como objetivo investigar as habilidades sociais e o bem-estar psicológico de jovens em situação de desemprego e, a partir da devolução dos resultados, desenvolver uma intervenção clínica. Nesta intervenção, os jovens que são "objetos de pesquisa também são observadores ativos, produzem outros sentidos ao se encontrarem com o pesquisador, participam de redes de conversações que podem ser transformadas a partir de novas conexões, novos encontros" (Maraschin, 2004, p. 105).

 

Participantes

Participaram deste estudo quatro jovens que estavam em situação de desemprego, com idades entre 18 e 21 anos, dois do sexo feminino e dois do sexo masculino, que residiam no Vale do Paranhana, região de produção de calçados situada no interior do Rio Grande do Sul. Uma jovem era casada e tinha filhos. Um jovem estava cursando o Ensino Superior, e dois deles estavam há menos de um ano na situação de desemprego. Todos os jovens deste estudo haviam pedido demissão de seu emprego, indicando uma saída voluntária. A Tabela 1 descreve as características sociodemográficas e alguns dados sobre a situação de desemprego dos participantes.

 

Instrumentos

Os instrumentos utilizados nessa pesquisa foram uma entrevista semiestruturada, um questionário, o Inventário de Habilidade Social (IHS) e o Questionário de Saúde Geral (QSG - 12). O roteiro da entrevista investigou aspectos relativos às habilidades sociais, bem-estar psicológico, situação familiar, condições de desemprego e expectativas de futuro. O questionário sociodemográfico coletou dados como idade, sexo, localização geográfica, escolaridade e tempo de desemprego.

O IHS, desenvolvido no Brasil por Del Prette e Del Prette, em 2001, é um inventário composto por 38 itens e permite identificar déficits e recursos em habilidades sociais. Foram efetuados estudos de análise de itens, consistência interna (Alfa de Cronbach = 0.75), estabilidade testereteste (r=0,90; p=0,001), validade concomitante com o Inventários de Rathus (r=0.79, p=0.01). O IHS possui três parâmetros de avaliação: (1) o escore total; (2) cinco escores fatoriais que são as classes de habilidades interpessoais consideradas pelos autores: enfrentamento e autoafirmação com risco, autoafirmação na expressão de sentimento positivo, conversação e desenvoltura social, autoexposição a desconhecidos e a situações novas e autocontrole de agressividade; e (3) escores brutos atribuídos a cada item separadamente (Del Prette e Del Prette, 2001).

O QSG - 12 é uma versão reduzida do instrumento original, composta por 12 itens (Goldberg, 1972) e adaptada para o Brasil. Este é um dos instrumentos mais utilizados para medir o bem-estar psicológico, principalmente em estudos ocupacionais. O escore total pode ter a pontuação mínima de 12 pontos, e a máxima é de 48 pontos. Para interpretar estes resultados, deve-se considerar que os escores são avaliados inversamente, ou seja, quanto menor for o escore obtido pelo indivíduo, maior será o seu nível de bem-estar psicológico; quanto maior for o escore obtido maior será o índice de mal-estar. A escala é composta ainda por três fatores que se referem à autoestima, à depressão e à autoeficácia. O coeficiente Alfa estimado para a totalidade dos itens do QSG-12 foi de 0,80 (Sarriera et al., 1996).

 

Descrição do local

O Vale do Paranhana está localizado no estado do Rio Grande do Sul e é formado pelos municípios de Igrejinha, Parobé, Riozinho, Rolante, Taquara e Três Coroas. Conforme os dados extraídos do Guia Econômico do Vale 2009/2010 (Grupo Sinos, 2010), estas cidades, no ano de 2008, somavam uma população aproximada de 181.946 habitantes. Em relação ao mercado de trabalho no Vale do Paranhana, pode-se observar que há uma predominância da indústria, principalmente, a calçadista, seguida pelo comércio, construção civil e agropecuária. O percentual de jovens destas cidades, com idade de 15 a 24 anos, é de 17,95% da população total, o que equivale a 32.283 pessoas.

As entrevistas foram agendadas em uma agência do SINE da região do Vale do Paranhana (RS). Os participantes foram encaminhados para uma sala privativa, onde as entrevistas foram realizadas e relatadas logo após o término das mesmas.

 

Descrição da intervenção

A pesquisa-intervenção, realizada no segundo semestre do ano de 2008, refere-se a uma prática clínica vinculada ao projeto de dissertação de mestrado da primeira autora, o qual teve como tema de pesquisa Jovem em situação de desemprego: habilidades sociais e bem-estar psicológico. Nesta intervenção foram observados todos os procedimentos éticos de pesquisa com seres humanos, de acordo com a resolução 196/06 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). A participação dos jovens foi voluntária, sendo garantido o sigilo e a não identificação dos participantes. Os jovens foram informados quanto aos objetivos da Prática Clínica, e os interessados em participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Quatro jovens participaram de cinco encontros individuais e semanais com a psicóloga, de aproximadamente uma hora de duração, os encontros tiveram o apoio de material didático. Os conteúdos discutidos nos encontros foram relatados logo após o seu término, para posterior análise. No primeiro dia foi apresentada a proposta de trabalho, foi assinado o TCLE, instrumentos foram aplicados, e a entrevista semiestruturada foi realizada. No segundo, houve a devolução dos resultados dos instrumentos. No encontro seguinte, trabalharam-se aspectos relacionados ao autoconhecimento. Neste momento, priorizou-se que o jovem buscasse conhecer os pontos fortes e fracos de sua personalidade, além de refletir sobre os sentimentos e reações mais frequentes nas suas relações interpessoais. No quarto encontro, habilidades sociais foi o tema de pauta, e o foco principal consistiu em analisar as habilidades que os pais passam para os filhos (dizer bom dia, agradecer, pedir desculpas, entre outros). Também buscou-se conhecer as habilidades que as empresas esperam do candidato para cada vaga disponível no mercado. Além disso, procurou-se analisar quais habilidades cada jovem imaginava que tinha que melhorar. A seguir, foi pautada a temática projeto ocupacional, que teve como foco principal a elaboração de currículo e a discussão das expectativas do jovem diante da entrevista de seleção. Por fim, houve o fechamento do trabalho, com o objetivo de propiciar um espaço para dúvidas e comentários sobre o trabalho realizado.

 

Análise dos dados

Foi utilizada a técnica de estudos de caso múltiplos para entendimento dos dados obtidos. Esta técnica é utilizada como uma estratégia para se "examinar acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes", como a influência da situação de desemprego sobre a vida do jovem (Yin, 2001, p. 27).

Todos os instrumentos foram levantados e, posteriormente, integrados para entendimento de cada caso. Os dois testes utilizados foram apurados: o IHS, segundo as instruções apresentadas no manual de Del Prette e Del Prette (2001) e o QSG-12, conforme instruções obtidas no artigo de Sarriera et al. (1996).

Para análise das entrevistas foi empregada a técnica de análise de conteúdo (Bardin, 1979), usando-se a análise dos relatos de cada participante para obter os indicadores que permitiram a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas mensagens. Bardin (1979, p. 39) refere que o analista é "como um arqueólogo" que busca, a partir de vestígios, montar uma estrutura do objeto encontrado. Neste estudo foi realizada uma análise de conteúdo para cada sujeito em separado, utilizando-se das três etapas básicas propostas por Bardin (1979): pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados.

 

Apresentação dos estudos de casos

Ariovaldo1

O percentil obtido por Ariovaldo no IHS foi de 48%, sugerindo necessidade de treinamento em habilidades sociais, principalmente nos seguintes fatores: fator 1 (dificuldade para lidar com situações interpessoais que demandam afirmação e defesa de direitos e autoestima, o que lhe gera alto índice de ansiedade), fator 2 (dificuldade para expressar afeto positivo como agradecer a elogios) e fator 4 (dificuldade para dialogar com desconhecidos ou enfrentar situações novas). Além disso, por meio do QSG-12, observou-se que sua saúde mental é regular (29 pontos), indicando certa necessidade de acompanhamento psicológico. A pontuação obtida em cada fator foi: de autoestima (9 pontos), depressão (11 pontos) e autoeficácia percebida (9 pontos). A interpretação deste resultado sugere que o jovem pode estar passando por um episódio depressivo.

O jovem tem 18 anos, reside há cinco anos na casa dos tios, com sua mãe e seu irmão. Está cursando o Ensino Médio no turno da manhã. Conta que a sua família mudou de município na expectativa de obter mais oportunidades de emprego. Ressalta que não conhece seu pai. Teve apenas dois empregos, trabalhando no primeiro como auxiliar de obras, porém a empresa mudou de endereço, e ele teve que sair. No segundo trabalho era auxiliar de mecânica, consertava máquinas de lavar roupas. Como trabalhava meio turno e seu salário era baixo, optou por sair do trabalho. No momento da pesquisa estava buscando emprego havia seis meses. Nesse período, conseguiu participar de duas entrevistas, mas não foi chamado para trabalhar, acredita que seja porque não possui experiência na área do calçado. Além disso, acrescenta que é muito tímido, "pois, quando têm muitas pessoas, fica mais retraído no trabalho", o que pode dificultar ainda mais a sua contratação.

Segundo relatos do jovem, sua mãe o apoia afetiva e financeiramente, ajudando-o com dinheiro e dizendo para terminar primeiro seus estudos, pois depois será mais fácil arrumar emprego. Ariovaldo disse que se sente "inferior a eles (amigos e familiares) por estar desempregado". O que o motivou a participar da pesquisa intervenção foi o desejo de trabalhar sua autoestima, "para ser menos tímido e envergonhado". Almeja conseguir uma boa profissão, mas ainda não sabe qual, já que comenta que não parou para pensar que curso deveria fazer. Seu projeto de vida é comprar uma casa para morar com o irmão e a mãe.

No início das atividades do segundo encontro que teve como tema autoconhecimento, o jovem disse que se percebia como uma pessoa tranquila. Foi mostrado o material didático e, através do exercício, Ariovaldo explicou que sua dificuldade é não saber se expressar. Alegou que este problema ocorre porque fica imaginando o que as pessoas gostariam de ouvir; assim perde em autenticidade e se torna inseguro. Além disso, acrescentou que necessita muito de um trabalho para não depender de sua mãe, mas também não quer interromper os estudos, já que não consegue transferência para o turno da noite por não estar trabalhando. Essa situação também gera dificuldades, pois são poucas as empresas na região que contratam apenas meio turno. No final da sessão, Ariovaldo se descreveu do seguinte modo: "sou tímido, sério, calado, pontual, comprometido com o trabalho, responsável e meu ponto fraco é ter dificuldade para se comunicar".

Na semana seguinte, entrou na sala contando que deixou seu currículo no mercado, mas ainda não tinha sido chamado para realizar uma entrevista. Comentou que estava ansioso, gostaria de ter uma nova oportunidade. Nesse dia, foi abordado o tema habilidades sociais. O jovem explanou que, devido a sua situação de desemprego mudou a sua rotina: "fico em casa, ajudo minha mãe. Antes eu ia à igreja católica e participava do grupo de jovens, agora fico mais em casa". No decorrer das atividades se mostrou mais participativo e interessado, questionando como poderia se preparar mais para uma entrevista. Além de lembrar que este tema seria abordado na semana seguinte, foi-lhe ressaltado que a entrevista de seleção consiste em uma avaliação tanto de si mesmo, que deve avaliar se deseja ou não trabalhar na empresa, como do recrutador, que julgará se irá contratá-lo ou não. Após ouvir atentamente, o jovem responde: "Quando estou em um lugar falando não sei o que acontece, mas sinto dificuldade para responder o que realmente gostaria de dizer".

No encontro chamado Projeto ocupacional uma das atividades foi refletir sobre como ele se apresenta nas empresas quando chega. O jovem respondeu que "chega e pergunta se tem vaga e se pode preencher uma ficha". Relatou que não leva currículo, mas, se a empresa tem uma ficha de cadastro, ele a preenche, caso contrário vai embora. Foi questionado se sabia fazer currículo, e ele respondeu que não. Após a realização da atividade didática, o jovem comentou que iria tentar fazer seu currículo e que, na semana seguinte, iria trazê-lo. Também ressalta: "não consigo emprego somente meio turno, o mercado não aceita". Como se percebia sem saída, comentou que pretendia solicitar transferência para o curso supletivo, já que não conseguia mudar de turno nesta época do ano. Desse modo, mudará de colégio, já que, para se empregar, necessita sair do turno da manhã e estudar no turno da noite.

No último encontro o jovem não compareceu. Percebe-se, então, que este jovem está tendo dificuldades para se empregar e, como concebe que esta dificuldade seja somente por motivos pessoais, isto pode estar resultando em baixa autoestima e sofrimento (QSG-12). Além disso, segundo Gonçalves (2008), a casa do jovem representa segurança, privacidade e até mesmo pode ser um reflexo da própria identidade: assim, morar na casa dos tios, porque não tem casa própria, pode também afetar a saúde do jovem.

Adriana

Adriana obteve o percentil 48% no IHS, resultado que sugere necessidade de treinamento em habilidades sociais (Del Prette e Del Prette, 2001), principalmente no fator 1 (dificuldade para lidar com situações interpessoais que demandam afirmação e defesa de direitos e autoestima, o que lhe gera alto índice de ansiedade) e fator 2 (dificuldade para expressar afeto positivo, como agradecer a elogios). A pontuação obtida no escore total do QSG-12 foi de 22 pontos. A pontuação obtida em cada fator dos fatores avaliados foi 6 pontos (autoestima), 8 pontos (depressão) e 8 pontos (autoeficácia percebida). Este resultado sugere que ela se insere no grupo com saúde mental boa.

A jovem tem 18 anos e parou de estudar no primeiro ano do Ensino Médio. Reside com sua mãe, que é zeladora de um prédio e mora em uma quitinete, onde há somente uma cama de solteiro. Em função disso, costuma passar muitos dias na casa do namorado, que tem 16 anos, e da sogra. O namorado é jogador de futebol. O pai de Adriana reside em outro município.

Adriana teve dois empregos: o primeiro foi como recepcionista em um hotel, e o segundo como vendedora. Saiu da loja porque não tinha registro em carteira profissional e recebia muito pouco. Além disso, como o marido de sua patroa faleceu, deixava-se influenciar pelo sentimento da patroa, ficando deprimida. Estava na situação de desemprego havia nove meses. Desde que iniciou as buscas por emprego foi chamada para participar de cinco entrevistas. No entanto, não foi contratada ainda. Assim, ela afirmou: "tinham mais pessoas com experiência", imaginando que davam preferência a estas pessoas. Desse modo acredita que "a falta de capacitação, não desempenhar certas atividades (fábrica de calçado e farmácia), nunca ter carteira assinada e não tem como provar que tem experiência" são fatores que podem estar contribuindo para que não seja contratada.

No segundo encontro, após a devolução dos resultados dos testes, a jovem relatou que sente dificuldade para expressar sentimentos e não tem objetivos de vida. Além disso, acrescentou que a sua dificuldade em conseguir emprego pode ser explicada ainda pela falta de persistência. Também refere que sente falta de ter amigos, pois "faz dois anos que estou no município, conheci algumas amigas, porém algumas casaram, outras se mudaram e acabei ficando sozinha e perdida, sinto falta de ter amigas. Como não trabalho e não estudo, não tenho como formar um novo grupo de amizades". Acrescenta que "vejo minha mãe frequentemente, mas mesmo assim me sinto sozinha, pois ela tem a vida dela".

No encontro que teve como tema o autoconhecimento, no final das atividades, a jovem demonstrou dificuldade para descrever os pontos fortes e fracos de sua personalidade, afirmando: "não saberia dizer". Além disso, observou-se que, diante do desemprego, esta jovem se responsabiliza pela dificuldade em se empregar: "Procurar mais e correr mais atrás" e, em outro momento, o discurso denuncia o sofrimento: "Falta persistência por isto não consigo emprego, largo um currículo e não volto, fico depressiva". Este relato sugere que a jovem se desmotiva e perde o foco dos seus objetivos.

No encontro seguinte, em que foi desenvolvido o tema habilidades sociais, Adriana verbalizou que age sempre do mesmo modo quando vai buscar emprego, o que pode lhe gerar dificuldades. Diz que, quando chega ao setor de Recursos Humanos. pergunta se tem vaga, preenche uma ficha e coloca os seus dados, sem analisar para qual vaga estaria preenchendo a ficha. Enquanto ela falava, foi possível observar que ficava se mutilando, ou seja, ficava tirando a pele de sua outra mão com as unhas, a qual já estava sangrando. Ao ser questionada sobre os machucados, ela respondeu que não percebe quando se machuca, mas também não consegue parar. Neste momento, conversou-se sobre a necessidade de um atendimento psicológico, para o qual foi feito um encaminhamento.

Adriana, no quinto encontro, comentou que trouxera seu currículo para melhorá-lo e que não fora em busca de tratamento psicológico. Relatou que chorou muito durante a semana, porque sua sogra a mandou embora, alegando que ela estava se intrometendo muito na vida da família do namorado. Assim, teve que voltar a morar com sua mãe, onde dorme no chão, porque há somente uma cama. Também não foi em busca de emprego porque "só queria ficar em casa não tinha ânimo para sair, por isso não fui". Ela acrescenta que: "a (minha) aparência não é boa, tenho vontade de chorar e não sair, mas vou ao emprego e não consigo mostrar ânimo... Se eu arrumar um emprego para ficar parada (em loja, aguardando o cliente), vou ficar pensando besteira (não tenho minha casa, não tenho dinheiro)". Ao desenvolver o tema projeto ocupacional a jovem apresentou suas dúvidas sobre como preencher o currículo adequadamente. Verbalizou que suas experiências profissionais não estão registradas em carteira, então não sabe se pode colocá-las ou não, já que algumas empresas não as aceitariam se não houver como comprová-las. No final dessa intervenção, comentou que deve repensar sua vida, valorizar mais sua mãe e ajudá-la. Afirmou que "me dedicar para o namorado todos os dias da semana atrapalha meus estudos e minha vida, daí fico depressiva".

Além disso, Adriana fez um comentário sobre as intervenções: "ajudou a me conhecer, ver meus pontos fortes e fracos". Destacou a comunicação como sendo o seu ponto forte, e a depressão e o fato de chorar como seus pontos fracos. Acredita que, após os encontros, aprendeu a se preparar melhor para as entrevistas de seleção e a fazer currículos, atendendo aos quesitos da vaga oferecida. Contou que naquela semana trabalhou no hotel, na recepção, fazendo um trabalho temporário. Também relatou que esteve novamente em algumas empresas em que foi fazer entrevista no mês anterior, pois "a vaga continua aberta no SINE". Largou mais três currículos nessas empresas, mas a indicação de vaga continua aberta, significando a falta de contratação. Este relato sugere que a jovem começou a perceber que a dificuldade pode não ser somente pessoal, mas talvez uma questão do mercado local.

No fechamento das intervenções, Adriana verbalizou que quem vai à agência do SINE pela manhã em busca de emprego para ela é a sua mãe, depois ela lhe avisa se há vagas e, somente no turno da tarde, a jovem vai às empresas para deixar seu currículo. Explica que geralmente cuida da casa no turno da manhã e faz o almoço para o namorado, por isso sobra somente o turno da tarde para procurar emprego.

O resultado do QSG-12 indicou que essa jovem apresenta saúde mental, no entanto sua ansiedade parece estar canalizada para o ato de se mutilar, sugerindo um comportamento masoquista. Segundo Kaplan e Sadock (1993), as pessoas masoquistas resistem às exigências de um desempenho adequado e encontram desculpas para as atividades que não conseguem realizar. Também não conseguem se desligar de um relacionamento dependente - como com sua mãe e seu namorado. Outra característica desse quadro é a falta de clareza em relação aos seus objetivos, o que pode gerar dificuldades na busca pelo emprego. Quando estimuladas a pensar sobre o que esperam da vida, tornam-se geralmente ansiosas e podem canalizar o sentimento de ansiedade e raiva para si, se mutilando. Nesse contexto, ressalta-se novamente a importância de se encaminhar a jovem para um tratamento psicológico.

Evandro

No escore total do IHS, Evandro obteve o percentil 8%, indicando necessidade de treinamento em habilidades sociais. Este jovem obteve escore abaixo da média em todos os cinco fatores do IHS. Este resultado evidencia baixa autoestima, dificuldade para se comunicar, expressar sentimentos e para conter sua agressividade. O escore total obtido no QSG-12 foi de 25 pontos. A pontuação obtida em cada fator foi de autoestima (7 pontos), depressão (9 pontos) e autoeficácia percebida (9 pontos). Este resultado indicou que o jovem se insere no grupo de saúde regular.

Evandro tem 20 anos e está no terceiro semestre do curso de informática. Reside com seus pais; o pai é engenheiro mecânico, e sua mãe é professora municipal. Sua irmã está casada. Teve dois empregos, no primeiro fez um estágio técnico - mecânica - e, no segundo, trabalhou apenas dois dias como vendedor: como não assinaram a sua carteira profissional, sentiu-se inseguro e pediu demissão. Estava desempregado havia dois anos e seis meses. Em sua busca por emprego preencheu seis fichas e deixou seis currículos. Participou de três entrevistas de emprego, mas pensa que não foi muito bem, "porque tenho dificuldade para falar em público", acrescentando que: "sinto-me meio intimidado, porque na entrevista estou sendo avaliado, sinto-me inseguro porque estou precisando de emprego e porque penso que não tenho qualificação e posso ser descartado". Ressaltou que tem apenas seis meses d e estágio de mecânica; assim lhe falta experiência.

O jovem comenta que seus pais o chamaram para conversar, já que está com 20 anos e ainda estava desempregado. Conta que, naquele momento, se sentiu cobrado. Também se sentiu mal no grupo de amigos: "porque fico à toa e todo mundo está trabalhando e eu fico lá meio que parado". Diz que sua estratégia tem sido: "fazer estágios para pegar (mais) experiência, falei com colegas na faculdade que me orientaram para fazer cursos, por isto vou fazer o curso de informática - JAVA - para me especializar e entrar no mercado".

No segundo encontro, na devolução dos resultados, Evandro demonstrou estar pensativo, disse que estava com dificuldades em conseguir emprego por causa de seu curso aos sábados, já que as empresas exigem que trabalhe também neste dia pela manhã. O jovem deseja um emprego na mesma área de concentração de seus estudos - mecânico de máquinas e/ou informática. Acrescenta que enviou currículo para todas as empresas da região, mas não foi chamado, mesmo se dispondo a mudar de endereço.

Evandro, no encontro seguinte, disse: "pensei que seria um treinamento em grupo, mas gostei mais da ideia de ser individual, porque aproveito mais, no grupo teria mais dificuldade para me expressar". Adicionou que, desde que recebeu a devolução dos resultados dos instrumentos aplicados, tem se esforçado para se tornar mais comunicativo, referindo que "na faculdade eu ficava ouvindo, mas na segunda-feira passei a falar em aula, sabe que não é um bicho papão". Citou, como exemplo, que estava perdido na aula, mas não perguntava por que tinha medo de se expor e acabou se prejudicando (notas baixas), mas agora toma mais iniciativa. Em relação a conseguir estágio, o jovem explicou que buscou informações, e um dos critérios é estar no quarto semestre da faculdade; como está no terceiro, nesse momento, não será possível entrar no mercado de trabalho por este caminho, por isso pensou em se especializar fazendo cursos, para incrementar seu currículo.

No penúltimo encontro o jovem chegou atrasado, mas trouxe seu currículo para mostrar e perguntou "devo colocar no currículo dados como participação em capoeira?". Foi enfatizado que deve colocar o que a empresa prioriza de conhecimento e habilidades para ocupar a vaga. Também faz o seguinte comentário: "estou conseguindo conversar mais, penso que me fechei porque meus amigos trabalham: assim não tenho com quem conversar, quem está disponível para conversar seguidamente me corta. Penso que é porque eles gostam de festa toda semana, enquanto eu gosto de ler e ficar em casa, assim os assuntos não fecham, fazendo com que eu me feche cada vez mais". No final do encontro acrescentou que observa que "a cultura da região não valoriza ensino superior, também querem pagar pouco".

Evandro, no último encontro, chegou novamente atrasado, mas disse: "Queria pedir desculpas pelo atraso, mas fui fazer exame médico e passei agora aqui para contar que fui contratado... lembrei do que você falou (nos encontros) e, quando estava saindo (para ir à entrevista de emprego) voltei e me arrumei, pedi a camisa e o sapato de meu pai emprestado. No ônibus fiquei lembrando o que você falou e fui treinando (como me apresentar), deu tudo certo". Explicou que foi entregar seu currículo pessoalmente, na sexta-feira, em uma fábrica e, no mesmo dia, recebeu a ligação da empresa para marcar a entrevista de seleção. Contou que, na entrevista, ficou nervoso, porque, enquanto o gerente o entrevistava, havia uma pessoa olhando e anotando tudo o que ele falava. Quando foi questionado sobre salário, ressaltou que falou que, como era inexperiente, sabia que a empresa iria lhe avaliar e lhe dar a remuneração compatível com seu desempenho, por isto não iria estipular um valor. Em casa, seus pais lhe perguntaram como havia sido a entrevista e respondeu que imaginava não ter ido bem porque estava muito nervoso, mas, ao ser chamado para o exame médico, ficou feliz, porque entendeu que seria contratado.

O trabalho que irá realizar é temporário e em chão de fábrica. Como ele disse: "mas para começar, está ótimo". Conta que perguntaram por que ele deveria ser contratado, e assim respondeu: "tenho curso de mecânica e informática, posso ajudar em vários setores, mas aceito qualquer trabalho pra melhor conhecer a empresa". No final do encontro, Evandro disse: "no início (das intervenções) achei tudo muito estranho, mas resolvi seguir as orientações recebidas de como pensar antes de falar e que posso me expressar com tranquilidade sem medo de errar, comecei a praticar e percebi que dá resultado, pois sempre fui muito acomodado, achando que era assim e que não precisaria modificar, mas percebi que deu resultado".

O relato do jovem sugere que ele se beneficiou com as intervenções realizadas tanto a nível pessoal, melhorando a sua capacidade de comunicação, quanto a nível profissional, conseguindo empregar-se. Este resultado vai ao encontro do estudo realizado por Gerk e Cunha (2006), com estudantes do primeiro ano de engenharia-militar, que apontou que o treinamento de Habilidades Sociais tem sido associado à melhoria da qualidade de vida e ao desenvolvimento pessoal e profissional.

Nara

Nara obteve um escore total no IHS de 35%, indicando a necessidade de treinamento em habilidades sociais, principalmente nos fatores 1 (dificuldade para lidar com situações interpessoais que demandam a afirmação e defesa de direitos e autoestima, como devolver mercadoria em loja), 2 (dificuldade para lidar com demanda de afeto positivo como receber e agradecer elogios) e 4 (apresenta dificuldade para fazer pergunta para desconhecidos e para falar em público). O seu escore total no QSG-12 foi de 23 pontos, e a pontuação obtida em cada fator foi: autoestima (9 pontos), depressão (8 pontos) e autoeficácia percebida (6 pontos). Este resultado sugere que a jovem se insere no grupo com boa saúde mental.

Nara tem 21 anos e parou de estudar quando estava no Ensino Fundamental. Reside com seu marido, que é agricultor, e sua filha, que tem três anos de idade. Trabalhou como serviços gerais em fábrica de calçado e na agricultura, ajudando o marido. Pediu demissão da fábrica de calçado porque não gostou "de ficar parada passando cola, e o salário era muito baixo, não valia à pena". Estava desempregada havia quatro anos. Na sua busca por emprego passou por duas entrevistas de seleção, porém não foi contratada. A jovem imagina que a sua dificuldade seja o baixo nível de escolaridade. Acrescentou ainda: "Fiquei meio assim, por falta de experiência, fiquei chateada, por não conseguir uma primeira vez, um primeiro emprego no mercado". A jovem pensa em trabalhar em supermercado, porque ajuda o marido a vender as frutas e legumes que ele colhe, assim considera que tem alguma experiência nessa área.

Nara verbaliza seu sentimento diante da situação de desemprego como sendo: "Não muito confortável, porque tento e não consigo, muitas vezes, desanimo". Conta que, neste momento, está trabalhando na roça para ter uma renda, mas quer trabalhar em comércio para ter uma qualidade de vida melhor e assim "não precisar se judiar tanto na roça, porque não tem ajuda, o serviço é pesado, o que desanima". Por fim, diz que o motivo que a levou a participar destes encontros foi porque "penso em mudar meu comportamento, pois sou muito esquentada (brava), respeito as pessoas desde que sou respeitada. Gostaria de ter a calma que meu marido tem". Em relação ao seu perfil, se descreve como "uma pessoa que conversa bastante, conversadeira quando me sinto bem e estou enturmada".

No segundo encontro, após receber seus resultados, verbalizou que foi contratada por um supermercado, assim não poderá mais participar das intervenções, conforme explica: "Vim para dizer que não posso mais vir (pesquisa-intervenção) porque consegui emprego, gostei muito do que você falou e deu certo". Além disso, perguntou: "Como devo agir com uma colega, pois fui orientada para não conversar durante o horário de trabalho, mas a colega não para de falar, tenho medo de perder o emprego, porém não sei como agir". Foi-lhe questionado o que poderia deixá-la com medo e insegura para agir? Respondeu: "tento me controlar para não ser grosseira". Além disso, ela demonstrou que, quando fica ansiosa, come além do necessário para saciar sua fome, o que a deixa obesa. No final do encontro, contou que não tem com quem conversar, em função disso, gostou de ser ouvida e, quando puder, gostaria de voltar para participar da pesquisa-intervenção.

Esta jovem demonstrou que, diante das dificuldades do dia a dia, como dialogar com o colega de trabalho, tende a ficar ansiosa e, nesse momento, come além do necessário para saciar sua fome, sugerindo que faz uma conversão defensiva de derivativos psíquicos em sintomas corporais. Neste caso, quando as defesas caracteriais e comportamentais não conseguem conter a gravidade dos conflitos ou a realidade, há o risco de uma acumulação de energia pulsional, que não consegue se descarregar, resultando no aparecimento de uma doença somática (Dejours, 1992, p. 127), definida como "o processo pelo qual o conflito que não consegue encontrar uma resolução mental desencadeia, no corpo, desordens endócrino-metabólicas, ponto de partida de uma doença somática".

 

Discussão

Os participantes da pesquisa-intervenção estavam em situação de desemprego por um período de tempo mínimo de seis meses e máximo de quatro anos; todos pediram demissão de seus empregos, sugerindo que as demissões foram voluntárias. Os relatos denunciam a necessidade de uma remuneração maior, bem como a importância do registro na carteira profissional como um fator de segurança social e emocional.

Um relato apontou a necessidade de buscar qualidade de vida. A jovem alegou que o trabalho do campo exige muito esforço físico de uma mulher, o que a fez sair do interior e migrar para o centro urbano, buscando qualidade de vida. Segundo Abramovay e Camarano (1998), o êxodo rural no sul do país até a década de 90 era, predominantemente, de jovens do sexo feminino. Por falta de maiores explicações para este fenômeno, os autores sugeriram novos estudos para investigar e explicar melhor as razões que fazem as jovens migrar do interior para os centros urbanos.

Em relação à percepção dos jovens sobre quais poderiam ser as dificuldades em conseguir ingressar no mercado de trabalho, eles relataram, em primeiro lugar, a falta de experiência. A seguir acrescentaram algumas características pessoais como timidez, tristeza e baixo nível de escolaridade. Estas questões denunciam que estes jovens, diante da situação de desemprego, se responsabilizam pela sua dificuldade em ingressar no mercado de trabalho, ignorando todo um contexto social, econômico e político que os cercam.

Esta dificuldade pode ser gerada pela ansiedade percebida diante da situação de desemprego. O escore total do Inventário de Habilidades Sociais indicou que os quatro jovens deste estudo apresentavam necessidade de treinamento em habilidades sociais. "As habilidades sociais são aquelas classes de comportamento existentes no repertório do jovem que compõem um desempenho socialmente competente" (Del Prette e Del Prette, 2001, p. 12). No entanto, muitas vezes, o jovem possui algumas destas habilidades em seu repertório, mas não as utiliza adequadamente em várias situações e por diversas razões, entre as quais: a ansiedade, as crenças errôneas e a dificuldade de leitura dos sinais do ambiente (Del Prette e Del Prette, 2001).

Observou-se também que os quatro jovens apresentaram necessidade de treinamento, principalmente no fator 1 e 2. O fator 1 é um indicador de assertividade e controle da ansiedade em situações que exigem possibilidade de rejeição, de réplica ou oposição (Del Prette e Del Prette, 2001), como em uma entrevista de seleção. O fator 2 se refere às habilidades para lidar com demandas de expressão de afeto positivo e de afirmação da autoestima, como participar de conversas triviais (Del Prette e Del Prette, 2001). Estas dificuldades somadas podem fazer com que o jovem diminua sua capacidade de assertividade em uma entrevista de seleção, não atingindo o seu objetivo em conseguir empregar-se.

Além disso, pode-se observar que três jovens apresentaram um escore maior no fator depressão (QSG-12). Este fator é "decorrente de uma percepção real ou distorcida das próprias capacidades do indivíduo em superar as suas dificuldades" (Sarriera et al., 1996, p. 303). Desse modo, este sentimento pode provocar uma diminuição da motivação do jovem de empenhar-se na busca por uma oportunidade de trabalho.

Observou-se ainda, através do resultado do Questionário de Saúde Geral - 12, que os jovens do sexo masculino sofreram mais com a falta de um emprego. Lahelma (1992), Khlat et al. (2004), em seus estudos, também observaram que a associação entre desemprego e transtornos mentais é mais frequente entre homens do que entre mulheres. Neste caso, a situação de desemprego compreende a perda de um status, que, no caso dos jovens, significa, além da perda do trabalho, a perda de sua independência financeira, o que pode afetar sua autoestima. Neste contexto, embora alguns fatores psicossociais do trabalho estejam, muitas vezes, associados a níveis elevados de transtornos de saúde, estar desempregado e ter problemas financeiros é ainda o mais forte preditor de problemas mentais (Lindström, 2005).

Mesmo sem ter sido objetivo final deste estudo, dois jovens conseguiram se empregar, indicando que esta intervenção pode ter contribuído para um preparo mais adequado ao mercado de trabalho. Neste caso, este estudo sugere que novas intervenções, que envolvam escuta e apoio psicológico, devam ser realizadas junto às agências do SINEs, para beneficiar esta população que sofre com a falta de perspectiva de trabalho.

 

Considerações finais

Por intermédio desta pesquisa-intervenção, observou-se que o jovem, ao buscar desenvolver seu potencial, pode se perceber como sujeito atuante, analisar a situação como sujeita a alteração e como um momento de aprendizagem, o que pode promover o aumento da autoestima e/ou o seu fortalecimento. Embora o trabalho realizado tenha privilegiado apenas um pequeno grupo, ele reforça que não podemos apenas nos centrar no sofrimento gerado pelo desemprego juvenil, mas também buscar mudar a sua direção não no sentido de ignorálo, mas sim no de poder mover-se em busca da sua superação, procurando desenvolver as habilidades e os recursos dos jovens. Olhar o jovem somente pelo âmbito do sofrimento implica em perigo e coloca-o como sujeito passivo, além de incitar resignação e sentimentos de impotência. Entende-se que a mudança no modo de pensar e agir em relação ao desemprego juvenil não ocorre espontaneamente, sendo necessário o auxílio dos profissionais que estudam e trabalham com esta temática.

Além disso, os resultados apresentados instigam a pensar em novos projetos e/ou programas sociais para a população jovem, principalmente as que residem em regiões que possuem características próprias como a região do calçado, a fim de auxiliá-la a refletir sobre o seu potencial e a sua realidade, possibilitando ao jovem a visualização de novas formas de ingresso no mercado de trabalho ou de ocupação (no período de baixa produção).

 

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Submetido em: 01/03/2010
Aceito em: 13/04/2010

 

 

1 Os nomes dos jovens são fictícios.

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