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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.4 no.1 São Leopoldo jun. 2011

 

ARTIGOS

 

Interrogar masculinidades em Belém do Pará

 

Interrogate masculinity in Belém (PA, Brazil)

 

 

Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel

Universidade Federal do Pará. Travessa Augusto Correa, s/n. Bairro Guamá, Campus Belém. 66075-110, Belém, PA, Brasil, adelmapi@ufpa.br

 

 


RESUMO

O artigo apresenta uma reflexão sobre masculinidade que descreve, por meio de revisão de literatura, indicadores das matrizes moderna e pós-moderna de masculinidades, e também por meio da pesquisa qualitativa que se valeu da informática e algumas auto-percepções de homens paraenses. Para a coleta de dados foi criado um site para investigação on-line, divulgação, hospedagem e preenchimento no portal da Universidade Federal do Pará. No mesmo site foi inserido o termo de consentimento livre e esclarecido. As questões apostas foram: o que define a masculinidade, modelos orientadores, o que gostou e o que não gostou de aprender com os modelos, importância do pênis para a virilidade. Participaram 19 informantes de diferentes escolaridades. A organização e análise dos dados foi feita através de temáticas. Nas conclusões, foi observado que houve destaque para a matriz moderna de masculinidade dos processos de subjetivação, que os informantes apontaram fortemente a assimilação da premissa que há uma "natureza" típica do homem e uma para a mulher. Nesta, o macho é a primeira ideia que é transmitida pelos modelos de aprendizagem e assim, a biologia e a cultura formam o arcabouço dos comportamentos, atitudes e papéis sociais posteriormente desempenhados e incessantemente reconstruídos. A renovação dos processos de subjetivação masculina e a redução da transmissão da violência privada requerem a atuação integrada da família e escola, instituições que participam da formação das perspectivas de sujeito, socialização, educação e gênese de valores.

Palavras-chave: matrizes, masculinidades, pesquisa.


ABSTRACT

The article presents a discussion on masculinity by describing indicators of the modern and post-modern masculinity matrices (based on literature review), and also through the analysis of a qualitative research that made use of the computer and some self-perceptions of men from Pará State (Brazil). For data collection, it was created a website for online research, dissemination, hosting and information collection in the website of the Universidade Federal do Pará. In this website it was included a term of consent for all participants. The issues discussed were: what defines masculinity; role models, what they liked and did not like to learn from these role models and the importance of penis for men's virility. Nineteen informants, from different schooling levels, participated of this research. The organization and analysis of data was performed using themes. The conclusions noted that there was an emphasis on the modern matrix of masculinity subjective processes, it was also noticed that the informants strongly believe in the assumption that there is a "nature" typical for men and another one for women. In this "nature", the male figure is the first idea that is transmit ed by the learning models, so the biology and culture build the structure of behaviors, atitudes and social roles that are played and endlessly reconstructed. The renewal of male subjective processes and the reduction of private violence transmission require the integrated action of family and school, institutions that participate in shaping the subject, socialization, education and genesis of values.

Key words: matrices, masculinities, research.


 

 

Consideramos que as pesquisas em Psicologia têm contribuído para alterar o modo de vivenciar/pensar o que é ser homem e superar os sentidos que tendem a homogeneizar e criar acepções essencialistas de masculinidade. Com essa compreensão, neste texto, apresentamos um estudo qualitativo sobre essa temática. Os sujeitos são homens de 21 a 53 anos residentes em Belém, no Pará. O que define masculinidade, modelos, aprendizagens, virilidade, afetividade e educação de meninos foram as questões abordadas (Pimentel, 2008; Pimentel et al., 2010).

Compreender e problematizar o masculino requer estabelecer um caminho dialético de reflexões, isto é, focalizar as relações intra e entre gêneros. Ressalto que no texto optei por eleger alguns acontecimentos sem uma rígida preocupação cronológica1, para fundamentar a argumentação e estabelecer uma leitura da construção dos processos de subjetivação masculinos e consequente subordinação (não linear) do gênero feminino. A opção permite construir o conhecimento, desenvolver senso crítico e pode levar a uma politização e a um compromisso social do pesquisador (Cambaúva et al., 1998, p. 29).

A partir da polis, de acordo com Leão (2008), somente era considerado um "polites" ou cidadão na Grécia antiga o "varão livre". Conforme Ribeiro e Coutinho (2006), "A polis excluía a esfera da necessidade redundando na exclusão da experiência da polis da grande maioria da população".

Nessa lógica clássica, as mulheres não detinham estatuto de cidadãs, fato que prosseguiu seu curso em diferentes tempos, graus e formas. Contudo a organização política, social e acadêmica contribui para que as mulheres, lutando em diversas frentes, pouco a pouco saiam de posições subalternas.

Quanto aos homens, desde a Grécia2, embora com mais privilégios sociais, poucos eram e são os governantes. O "poder", representado pelo estado, continua masculino; todavia, persiste entre os homens as interações organizadas em segmentos, o que indica as diferenças intragênero. Assim, tipos, papéis, classes, cores forjam a hierarquia, de modo que "senhores" e "vassalos" são modos masculinos de existir e agir presentes no enredo da cultura ocidental.

Além das contendas de poder intragênero masculino, perduram na sociedade situações em que as mulheres não são tratadas como iguais alteridades que demandam respeito, direitos humanos e reconhecimento público. Para alterar esse cenário, as pesquisas e as intervenções em relação à masculinidade requerem fundamentar-se na busca da promoção da equidade de gênero, uma ação que possibilita superar as desigualdades socialmente construídas ao longo da história das interações sociais (Medrado et al., 2008; Chauí in Fonseca, 1998).

Os anos 1960 demarcaram impulso aos estudos internacionais conduzidos pelo movimento feminista sobre os gêneros feminino e masculino. Na produção do conhecimento, aliaram-se às pesquisadoras alguns homens questionadores dos próprios processos de socialização e de construção da subjetividade (Pedro, 2005; Capdevila, 2002; Machado, 2001).

Desse modo, além das ponderações sobre equidade/desigualdade, penso que não é possível desvincular as reflexões sobre as masculinidades dos estudos feministas dos gêneros que estão na terceira geração e ressaltam conceitualmente o debate sobre as diferenças e os conflitos entre as mulheres (Pierucci, 2007).

Macedo e Amaral (2005) concebem a masculinidade como um campo de investigação na área dos estudos sobre gênero e sexualidade cujo exame inclui abordar o trinômio heterossexualidade/homossexualidade/bissexualidade. Com essa proposição, os autores questionam a exigência social universal da heterossexualidade.

Boris (2002) destaca o aspecto relacional com o feminino como um dos suportes fundamentais na construção da subjetividade masculina. Além desse componente, afirma que o entendimento da condição masculina requer observar a influência histórica do patriarcado nas sociedades.

Os movimentos sociais e acadêmicos são responsáveis pelas alterações que gradativamente as relações entre homens e mulheres adquirem. Eles apontam que não é possível tratar o outro como objeto. Assim, desvelar as ideologias que pretendem manter a ausência de cidadania como estatuto de homens, intragênero, e entre homens e mulheres é um imperativo.

No debate internacional são vários os estudiosos e as teorias que abordam os processos sociais de subjetivação masculinos. Considerando a riqueza descritiva da pesquisa elaborada por Fonseca (1998), que toma por base o contexto norte-americano do século XX, apresento sua perspectiva classificatória: (a) teorias essencialistas, com destaque para as concepções sobre sexualidade elaboradas por Kinsey, Masters e a de Johnson; os estudos psicanalíticos de gênero de Chodorov que explora as relações objetais e o processo de separação entre mães e meninos; (b) teorias de papéis sociais, com a vertente funcional concebida pelo sociólogo Parsons; e o modelo foucaultiano representado por Joseph Pleck; (c) construcionismo, desenvolvendo uma epistemologia que afirmava o caráter ideológico da dominação masculina; d) teorias do gênero, enfatizando as variações culturais, os conteúdos, as atividades, os discursos, as experiências como dimensões qualificadoras do masculino.

Quatro linhas teóricas - essencialista, positivista, normativa e semiótica - em que são descritos diferentes modelos, características universais e estáveis e símbolos identitários da masculinidade, bem como o aspecto em comum presente em todas as balizas demarcam o exercício arbitrário do poder sustentado pela racionalidade e pela hegemonia de um tipo de homem: branco anglo-americano. Essas são as referências que Connell analisou. Em seguida, o autor considerou a masculinidade como uma posição nas relações de gêneros (Connell, 1995).

A categoria masculinidade hegemônica não é uma unanimidade entre os estudiosos do tema. Fialho (2007) questiona o conceito de hegemonia e afirma que "O modelo de Connell pode ser reduzido, para certos efeitos e sem grandes perdas, a um modelo binário em que teríamos masculinidades hegemônicas e não-hegemônicas".

No cenário brasileiro, o debate apresenta a subjetividade, a definição de masculinidade, a sexualidade, as mudanças nas relações de gêneros, a compreensão das práticas masculinas, a paternidade, as referências para a juventude e mais recentemente a saúde3 como algumas preocupações dos pesquisadores.

Grossi (2004) em revisão de literatura sobre masculinidades questiona as qualidades e as imagens prescritas ao homem na definição de masculinidade. Assevera que no Brasil a marca da identidade de gênero é composta pela atividade sexual, enquanto que na Europa e nos Estados Unidos o é pela heterossexualidade. A autora ressalta que para o homem brasileiro, no ato sexual, importa mais a penetração que o parceiro. Parece-me que o mais importante nesse ato é a manutenção da imagem social de "garanhão, viril" e da autoimagem de potente na qual a reflexão acerca dos jogos de poder e da ideologia aprisiona os homens pela dimensão dinheiro-falo.

Nolasco (2001), preocupado com a problemática da subjetividade, critica o "machismo" como uma categoria de análise do comportamento masculino. Analisa que "O termo machismo guarda em si limitações conceituais no que tange à sua capacidade explicativa para mapear a organização do sujeito. Reduz a questão do sujeito a um aspecto apenas: o cultural-político" (Nolasco, 2001, p. 87). A ponderação feita por Nolasco permite ampliar a discussão da masculinidade para além da dimensão cultural-política e do clássico uso do "machismo" enquanto chave analítico-explicativa e, por vezes, justificativa de atitudes masculinas de violência doméstica.

Sobre a sexualidade, Silva (2000), em uma perspectiva histórica, defende que ser homem no século XIX significava "não ser mulher", mas jamais ser homossexual. Portanto, a forma de se vestir, de andar, a maneira de se comportar, a entonação de voz eram caracteres que os distinguiam. Quanto às relações entre homens e mulheres, Machado (2005), na resenha da coletânea Masculinidades, afirma que é impossível dar resposta singular a uma temática complexa e polissêmica como essa. Pimentel (2008; Pimentel et al., 2010), em pesquisa a respeito de o que é ser homem, realizada, respectivamente, com 21 informantes belenenses de instrução média e superior e com 10 homens detidos por violência doméstica, identificou, para os primeiros, definições que ressaltavam funções, a indumentária, a diferenciação em relação à mulher, o comportamento e a heterossexualidade, e para os segundos, destaque para autoridade, a força física e o trabalho.

A paternidade também se encontra em processo de reconfiguração teórica e vivencial. De acordo com Unbehaun (2000, p. 4-5), "Entre os fatores que influenciam a construção social da paternidade está a relação familiar; as condições econômicas; a relação com o grupo de pares e o tempo que os homens têm para se dedicar aos filhos e à família". Boris (2002), em pesquisa acerca do pai e do homem cearense, destacou algumas referências que interferem na subjetividade: a ausência física e simbólica do pai; a alteração da comunicabilidade entre pais e filhos; a busca do rompimento com o modelo materno através da apreensão da cultura da violência, tipificada como característica da condição masculina, e a pressão feminina para que os meninos apreendam o papel do macho.

Outra questão presente nas pesquisas e no debate sobre masculinidades é a saúde. Visando superar alguns mitos relacionados ao adoecimento e à força física, o Ministério da Saúde elaborou a "Política que deve nortear as ações de atenção integral à saúde do homem, visando estimular o autocuidado e, sobretudo, o reconhecimento de que a saúde é um direito social básico e de cidadania de todos os homens brasileiros" (Brasil, 2008).

A respeito das referências para a juventude, Santos (2007) investigou jovens pobres entre 15 e 17 anos em João Pessoa-Paraíba, sobre os modelos referenciados como inspiração para a configuração da identidade masculina e concluiu que convivem na comunidade os clássicos ritos de socialização, por exemplo, dançar forró, com os modelos disseminados na mídia.

No Rio de Janeiro, uma distinção da socialização masculina presente nos ritos de passagem, e vinculada à cultura da violência e ao narcotráfico, é a utilização por alguns jovens da arma de fogo como um dos símbolos da "identidade viril". Tal uso reedita o estereótipo da força e da brutalidade despida da sensibilidade (Moura, 2007).

Confortin (2008), em análise do homem gaúcho, mostrou o tipo que a literatura divulgou e consagrou: valente, guerreiro e macho, capaz de enfrentar a natureza e suas intempéries. A colonização europeia agregou a essas qualidades uma concepção de família e de patriarcado:

A família era algo sagrado, e na sua estrutura o pai ocupava um lugar de destaque: era o chefe da casa, aquele que sempre resolvia tudo, sozinho. Esse pai não tinha só autoridade como, também, representava a autoridade maior e, portanto, era autoritário com todos (Confortin, 2008, p. 266).

A escola é uma das instituições que mantém a circulação dos estereótipos de gênero. Conforme o Centro Latinoamericano em Sexualidade e Direitos Humanos,

A educação brasileira foi, primeiramente, masculina, religiosa. Em meados do século XIX surgiram as primeiras escolas para formação docente para ambos os sexos para formar professoras e professores. No entanto, passaram a formar um número maior de mulheres durante décadas, exclusivamente brancas (CLAM, 2009).

Os adultos são os responsáveis diretos pela manutenção dos estereótipos de gênero na medida em que os transmitem às crianças. Contudo, a relação entre crianças interrompe a reprodução. Para Telles (2004, p. 19), "as crianças criavam sentidos de gênero outros que não os da visão determinista e de reprodução de estereótipos, e os significados de gênero em suas relações dependiam, muito mais do contexto do que serem meninos e meninas".

Oliveira (2004, p. 4) corrobora a ponderação de Telles: "As crianças aprendem desde muito cedo a conviver com as regras escolares e com a autoridade adulta, porém buscam caminhos alternativos para burlá-las e, interagindo entre si, construir um mundo de relações muitas vezes alheio à mais planejada aula".

As temáticas descritas nas pesquisas configuram um modo de conceber a condição masculina que pode ser denominado de matriz moderna. O machismo, a atividade sexual, a autoridade, a força física, o sustento da família constituem alguns de seus atributos. Conforme Wang et al. (2007, p. 5),

A masculinidade era indissociável da imagem do homem provedor e protetor da família. Os meninos cresciam sabendo que deveriam tornar-se fortes, independentes e financeiramente bem-sucedidos, de modo a promover o conforto material de suas futuras famílias.

Concomitante às características do provedor, do macho viril, do homem agressivo, as investigações apontam a tese da "crise" da condição masculina, que diz respeito a fraturas no exercício do poder patriarcal, das instituições civis, com destaque à família e à escola; no trabalho por meio da empregabilidade e da troca com a mulher do espaço público pelo privado; na paternidade mais presente; na sexualidade e afetividade mais fluidas. Em diversas valências, tais qualidades configuram a matriz pós-moderna. "Metrossexual", "homem reconciliado" (Badinter in Garboggini, 2008), "homem feminilizado" são categorias usadas para abordar o homem que não age como "macho". Enquanto representação, "O metrossexual estaria transitando na linha intermediária entre o feminino e o masculino e entre o masculino e o não masculino" (Garboggini, 2008, p. 79; Funck, 2008; Oliveira, 2008; Pires e Ferraz, 2008).

A revisão de literatura permitiu dialogar com os dados empíricos para responder a questão pesquisada: quais são a autopercepção da masculinidade e os indicadores das matrizes moderna e pós-moderna de masculinidades?

 

Procedimentos teórico-metodológicos

Processos de subjetivação são objetos visados na realização da pesquisa qualitativa (PQ) em Psicologia Clínica. De acordo com Gonzalez-Rey (2002), definem-se como ações que se realizam através do intercâmbio entre a unicidade e a complexidade dos sujeitos envolvidos na interação. Formam o sistema complexo de significações e de sentidos produzidos na vida cultural humana e são estruturados por elementos sociais, biológicos, ecológicos, etc. em um horizonte não linear, porém, em constante tensão e contradição.

Essa investigação se fundamentou na perspectiva qualitativa de enfoque descritivo-interpretativo4. O protocolo n. 041049/2009 foiemitido pelo Comitê de Ética do Centro de Ciências da Saúde sobre a pesquisa. Os procedimentos utilizados foram: (a) criação de um site para publicação do formulário5 da averiguação on-line, escrito em linguagem Php, o qual esteve disponível durante 2 meses. Através do serviço de comunicação da Universidade, foi divulgado um release sobre a condição masculina contemporânea e o convite aos homens usuários do portal a acessar o site e participar da pesquisa6. As perguntas eram abertas e a participação livre. O site7 foi hospedado no portal da Universidade [nome omitido]; (b) quando alguém entrava no site podia ler o termo de consentimento livre e esclarecido; se concordasse com os termos e indicasse formalmente tal opção, acedia ao formulário propriamente dito. As respostas podiam ser recuperadas e agrupadas por questão ou por respondente.

As questões abordadas foram: (i) O que define/caracteriza a masculinidade? (ii) Quais modelos orientaram a formação da masculinidade? (iii-iv) O que gostou e o que não gostou de aprender com os modelos? (v) Qual a importância do pênis para a virilidade? (vi) Qual o valor da afetividade para a relação conjugal? (vii) Quais orientações para a educação e socialização de menino considera importantes transmitir?

A pesquisa contou com 19 informantes cujo perfil é faixa etária de 21 a 53 anos, com escolaridade que vai do Ensino Fundamental incompleto ao Superior com doutorado completo. As profissões incluem estudante, servente, engenheiro, professor, assistente administrativo, advogado, pedagogo, funcionário público e dentista, o que indica uma variedade8 de informantes que são usuários da internet e uma possível preocupação com os processos de subjetivação masculinos e seus desdobramentos, entre eles a violência conjugal9.

Para identificar os núcleos de sentido realizei uma análise temática em que os conteúdos das questões foram interpretados conforme a proposta de Minayo (2001, 2008). Assim, masculinidades, modelos, aprendizagens, virilidade, afetividade e educação foram os temas destacados. Quanto ao tratamento dos resultados, as respostas postas no texto em itálico foram reorganizadas em dois eixos temáticos cotejados à literatura sobre masculinidade na medida das possibilidades hermenêuticas: (i) Matriz moderna dos processos de subjetivação e socialização; (ii) Matriz pós-moderna. Em ambas as matrizes, identifiquei os indicadores da permanência do que foi transmitido na socialização masculina e as pistas apontadas a respeito de possíveis rupturas com as referências aprendidas.

 

Resultados e discussão

(a) Matriz Moderna

Sobre a masculinidade, os informantes apontaram fortemente a assimilação da premissa que há uma "natureza" típica do homem e uma da mulher. Nesta, o macho é a primeira ideia que é transmitida pelos modelos de aprendizagem. Assim, a biologia e a cultura formam o arcabouço de comportamentos, atitudes e papéis sociais posteriormente desempenhados e incessantemente reconstruídos.

É "natural" o existir heterossexual, o uso de cabelos curtos, não mostrar afetividade em público, agir e pensar objetivamente, ter força, liderança e virilidade. Tais adjetivos contribuem para que os homens sejam a espécie dominadora. Também foram descritos: não levar desaforo para casa, não chorar e ter coragem para terminar um relacionamento com uma mulher.

Os modelos inspiradores dos informantes foram os vários homens com quem convivem ao longo da vida na casa, na escola, na rua e no trabalho. São o pai, o avô, primos, tios, colegas de trabalho, professores. O avô e o pai funcionaram como referentes; entretanto, respectivamente, com funções suavizadas pela temporalidade e pela diminuição das responsabilidades com o sustento e com a educação dos filhos.

Em uma das respostas acerca das qualidades apreciadas e não apreciadas nos modelos masculinos, identificamos que o avô era paciente e ensinou a vivenciar a tranquilidade; enquanto o pai exigia a realização de tarefas. Mesmo apontando que não gostou de aprender com o pai a irritar-se e a ser descuidado, percebemos que o pai tornou-se o agente cuja valência foi mais preponderante na subjetividade do informante.

Prover a família para não deixar faltar os bens materiais é uma atitude que sinaliza a elaboração íntima de uma dupla percepção do pai para este informante: admiração pelo esforço em manter o conforto da família e tristeza por não usufruir da presença física e afetiva do pai. "Meu pai, apesar de todos os defeitos nunca deixou faltar nada para mim e meus irmãos, sempre nos deu tudo do bom e do melhor, ele sempre trabalhou muito para o nosso sustento. Temos uma bela casa, somos todos formados e também guardamos um ótimo patrimônio. Tudo isso à custa do chefe da casa".

As demais respostas sobre o que os sujeitos gostaram de aprender podem ser aglutinadas em dois eixos: comportamento (linguagem, andar, vestir, decidir, perseverar, agir) ética (sinceridade, respeito às mulheres, honestidade); e o que não gostaram no eixo tradicionalismo socializatório (machismo, heterossexualidade, dominação, falta de afetividade, preconceito, intolerância, infidelidade).

O pênis, para alguns informantes, é vital e símbolo da virilidade. O sexo foi destacado mais que a reprodução:

Pra ser sincero, acho de grande importância, pois adoro sexo e não quero me ver no futuro como um cara impotente.

Não só pênis, os testículos também, um homem sem esses órgãos teria grandes dificuldades para se ver e se manter como homem, diria q[ue] é essencial;

É fundamental. Ele que nos faz ser homem socialmente. Ele que impõe desde pequenos todo o nosso comportamento, que dará suporte aos nossos convívios futuros, que decidirá como veremos o mundo.

Mesmo não tendo sido destacado o quesito etnia, considero oportuno para ampliar o esclarecimento apresentar o que o antropólogo negro Pinho (2004, p. 67) ressalta:

É necessário desrepresentar o corpo do homem negro, fundamentalmente apresentado corpopara-o-trabalho e corpo sexuado. O sexo genitalizado dimorficamente como o pênis, símbolo falocrático do plus de sensualidade no reino dos fetiches animados pelo olhar branco.

Os informantes consideraram a afetividade importantíssima para a humanização, a supressão da solidão e a paixão: "Eu acredito que a importância da expressão afetiva da masculinidade é a mesma para qualquer ser humano (independente[mente] do sexo), pois temos a necessidade de estabelecer relações afetivas pra não nos sentirmos sós no mundo; Acredito que, independentemente do gênero, expressar afetividade é importante em qualquer termo, masculino ou feminino. Afetividade é um importante elemento da vida social das pessoas"

A descrição da relação entre masculinidade e afetividade na conjugalidade apontou o amor (gostar, respeitar, admirar e desejar) e o sexo como fatores de intensa relevância. Contudo, a compreensão das lutas dos movimentos sociais em prol da igualdade de gêneros no contexto contemporâneo ainda não foi assimilada por alguns informantes que se expressam desta forma acerca da conjugalidade: "A mulher tem que ser educada, companheira, entender as minhas particularidades. Não gosto que uma mulher venha logo impondo nada, ela deve ser compreensiva e entender que temos nosso próprio tempo para as coisas e nossa forma de amar, que é particular, pois sabemos dividir amor de sexo".

Estudos sobre conjugalidade e dinâmicas familiares atuais realizados por Negreiros e Féres-Carneiro (2004, p. 6) apontam que tem se dado a "Convivência conflituosa de dois modelos: um tradicional e outro igualitário. No 'modelo antigo', os dois sexos são concebidos como 'naturalmente' diferentes. O 'modelo novo' é marcado pelo individualismo, peculiar dos grandes centros urbanos brasileiros".

A aprendizagem das dicotomias prossegue sendo transmitida intergerações, o que nos faz supor que nas famílias e nas escolas estão algumas raízes para que os homens dissociem sexo, afeto e amor de suas relações conjugais e apresentem discursos que re-editam as desigualdades entre os gêneros.

(b) Pós-moderna

Acerca da masculinidade, os informantes indicaram tenuamente a importância de estabelecerem uma parceria com a mulher, bem como o reconhecimento de que na cidadania há poucas diferenças entre homens e mulheres. Apontaram a busca de um caminho de equilíbrio entre os papéis de gêneros.

A ausência física e simbólica do pai na casa torna as mulheres da família os modelos orientadores das práticas masculinas: Não tive modelo masculino! Somente mulheres na minha família. Não tive pai e nem padrasto e nenhum tio por perto pra me influenciar. Talvez a presença feminina (não unicamente) contribua para configurar a conjugação da matriz pós-moderna ao agregar elementos contidos na cultura e na socialização feminina. Alguns homens em suas vivências parecem compor percepções e práticas coloridas pela preocupação, pelo cuidado e pelo reconhecimento das necessidades do outro: "Não dou muita importância para as diferenças entre sexos, acho que ser homem é uma consequência de tantas coisas. Dou mais valor a aspectos morais das pessoas, independente[mente] do sexo e das características que definem um ou outro gênero".

Os modelos influentes na elaboração dos processos de subjetivação dos informantes não incluíram agentes alheios aos conhecidos culturalmente: familiares, pares, ídolos, etc.

Alguns indícios considero sinalizar uma postura de ruptura:

(a) Quanto à importância do pênis: para a construção da masculinidade, vejo pouca. O pênis está associado, para mim, ao sexo propriamente, em sua função prática. Mas não à construção/determinação do masculino;

(b) Sobre a afetividade: creio que a afetividade seja mais importante para a masculinidade do que a virilidade e a força bruta. A expressão afetiva é importante para a existência de emoções na vida do homem. É importante, fundamental, pela necessidade que os homens têm de estabelecer vínculos com outros homens e com as mulheres;

(c) Acerca da relação entre masculinidade, afetividade na conjugalidade: num geral é saber ou pelo menos estar disposto a entender as potencialidades e limitações do parceiro, trabalhando-as de forma bem dialogada.

(d) Quanto à socialização dos filhos, outros meninos que se tornarão homens, realço a recomendação mencionada pelos informantes de atentar para a igualdade nos processos educativos entre gêneros:

• Que ele amadureça enquanto pessoa, cidadão e se torne uma pessoa crítica, porque não há valor ou importância que um menino ou menina precise aprender que o outro não precise.

• Para que um menino se torne homem, ele deve conhecer o máximo das características femininas e masculinas e estabelecer relações equilibradas entre estas características.

• Saiba ouvir as mulheres mais que os homens. Elas amadurecem mais rápido e é seu foco no futuro. Leia bastante, escute muita música e desencane com o tamanho do pênis.

O delineamento da pesquisa visou identificar a autopercepção da masculinidade focalizando modelos, aprendizagens, virilidade, afetividade e educação. No perfil da amostra, o intervalo etário entre 20 e 30 anos foi o mais incidente entre os informantes; a pós-graduação foi o grau de instrução destacado, e a ocupação de professor, a principal. O pai e vários homens (avô, amigos, professor) foram os modelos que participaram da transmissão dos códigos que caracterizam a condição masculina.

Tais dados evocam algumas importantes reflexões:

Os informantes são adultos jovens, porém foram educados através de conteúdos de orientação patriarcal que permanecem, como sinalizam os discursos, fortemente presentes nas elaborações sobre o que configura a masculinidade;

Os professores10 da amostra não conseguem ajudar a romper os códigos presentes no currículo cultural para a renovação da matriz moderna da masculinidade? Será que os informantes exercem o magistério preocupados em pensar as desigualdades entre gêneros?

Pimentel (2008) citando Claudia Viana indicou que no Brasil, em 2002, 97,4% do corpo docente de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental é feminino; 80,6% de mulheres ocupa séries de 5ª a 8ª do Ensino Fundamental e 90,1% dos cargos diretivos são femininos: coordenação e supervisão ligados à Educação Básica. Houve a feminização do Ensino Básico, mas não da universidade, a principal responsável pela formação dos professores.

As mulheres são as professoras dos meninos, mas os modelos são masculinos (o pai, os professores e vários homens). E os conteúdos? Os currículos dos meninos reeditam a cultura patriarcal.

Transitamos entre duas lógicas: (a) da ruptura, vivenciada por mulheres e homens incomodados, que desalojou o trânsito entre o público e o privado alargando as fronteiras do instituído para a transmissão geracional do conhecimento e da ética e, que provoca inconformismos que permitem transcender os binarismos de gêneros reescrevendo princípios novos para a construção dos processos de subjetivação e de socialização de meninos e meninas; (b) da permanência, do status quo dicotômico que não integra as transformações ocorridas na cultura, no estatuto das mulheres, nas subjetividades e nas legislações.

Telles (2004) afirma que as relações entre as crianças criam sentidos de gêneros outros que não os da visão determinista e de reprodução de estereótipos. A ação apontada em Telles é de ruptura, não obstante, as crianças não têm influência sobre decisões políticas dos adultos, tampouco participam da elaboração dos currículos escolar e cultural. Sabemos que as relações entre as crianças e os adultos são de subordinação. Desse modo, as crianças também cedo engrossam a fila dos adultos que lamentam perdas na espontaneidade, na alegria e na congruência entre o que pensam e o que sentem e o que expressam numa aliteração infinita do pranto.

 

Considerações finais

Ao estudarmos os processos de subjetivação e de socialização das masculinidades ou da condição masculina, nos orientamos pela apreensão da experiência relacional dos sujeitos informantes. O enfoque histórico permitiu compreender algumas rupturas e permanências na transmissão do conhecimento das masculinidades. Consideramos que a perspectiva do fluxo é um princípio que contribui para quebrar nos currículos familiar e escolar conteúdos associados ao jugo estabelecido entre sujeito e alteridade.

A literatura selecionada e os dados coletados apontaram alguns indicadores que denotam mais a configuração da matriz moderna de masculinidade em que o machismo, a atividade sexual, a autoridade, a força física são alguns de seus atributos. Esta pesquisa confirmou que a matriz pósmoderna permanece com reduzido alcance.É principalmente uma construção derivada da agenciação do capital financeiro e da moda. O comportamento de um tipo de homem, o metrossexual, o principal atributo da matriz sequer foi aludido pelos informantes. Claro que não generalizamos os achados da investigação.

Apontamos que ao lado da criação de dispositivos públicos pelo estado no âmbito do trabalho, da segurança, do lazer e das políticas sociais, a renovação dos processos de subjetivação masculina e a redução da transmissão da violência privada requerem a atuação integrada da família e da escola, instituições que participam da formação das perspectivas de sujeito, de vinculação afetiva, de socialização, de educação e de gênese de valores.

Para a família11, retomar a responsabilidade pela difusão do amar e expressar o amor; oferecer experiências que assegurem o desenvolvimento emocional da saúde psicológica, que implica autoestima + autoimagem + autoconceito desprovidos do sentimento de inadequação e de incompetências; constituir-se referência de comunicação da ética do cuidado, da renovação da fé na humanidade e nos laços de solidariedade entre seres humanos, animais e natureza. Para a escola, sequenciar a aprendizagem da cultura e dos saberes instrucionais que fornecem a inserção no mundo do trabalho e da educação superior. A escola requer a elaboração de projetos político-pedagógicos sustentados pelo fomento à capacidade crítica e à relação com a vida dos atores que a integram.

Conhecer profundamente as qualidades dos temas estudados requer investimento temporal e permanentes pesquisas voltadas à compreensão da masculinidade e das relações entre masculinidade, força física, silêncio, ausência de expressão afetiva na conjugalidade, alguns dos fatores que potencializam práticas violentas. Essas são nossas permanentes preocupações (Pimentel, 2009; Pimentel et al., 2009).

 

Referências

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Submetido: 05/08/2010
Aceito: 11/04/2011

 

 

1 O método historiográfico pode ser uma opção epistemológica para quem deseja realizar pesquisa dos fluxos temporais das temáticas estudadas (Antunes, 1999).
2 "A polis não abarca o conceito contemporâneo de justiça universal. É verdade que essa igualdade na esfera política muito pouco tem em comum com o nosso conceito de igualdade; significava viver entre pares e lidar somente com eles e pressupunha a existência de "desiguais"; e estes, de fato, eram sempre a maioria na cidade-estado" (Arendt in Ribeiro e Coutinho, 2006, p. 18).
3 A esse respeito, ver Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Brasil, 2008).
4 O solo das interpretações se dá sobre as experiências que são continuamente refeitas e reinterpretadas (Holanda, 2006, p. 368).
5 Se há uma característica que constitui a marca dos métodos qualitativos, ela é a flexibilidade, principalmente quanto às técnicas de coleta de dados. Para Mucchielli (in Lüdke e André, 1986), questionários podem ser de dois tipos: (i) de autoaplicação, em que o sujeito fica só diante do questionário para respondê-lo (este se aproxima do tipo on-line aqui aplicado); e (ii) questionário por pesquisadores, em que o pesquisador faz perguntas e ele mesmo anota respostas que exprimem, direta ou indiretamente, através da subjetividade do indivíduo, o fenômeno social a ser compreendido (Agner, 2002).
6 Pesquisa com recrutamento opt-in (opção por entrar). Uma modalidade em que os convites de participação são realizados em sítios gerais, acessados por navegadores ocasionais que, ao se deparar com esses convites públicos, interessam-se pela pesquisa e escolhem responder aos formulários espontaneamente (Wachelke e Andrade, 2009, p. 359).
7 Prado (2005, p. 190) oferece elementos para refletir sobre as contribuições da informática e sobre como ela vem sendo aplicada como instrumental específico para a Psicologia e discute as potencialidades e a lacuna que ainda existe nessa área no que diz respeito ao uso da informática como um instrumento para gerenciar serviços e para facilitar a realização de pesquisas em Psicologia Clínica.
8 O acesso à Internet tende a ser maior para pessoas com maior renda familiar, escolaridade mais alta e faixa etária entre 15 e 24 anos (IBGE in Wachelke e Andrade, 2009, p. 359).
9 Em nosso grupo de pesquisa, estudamos a relação entre gêneros, conjugalidade heterossexual e violência privada.
10 Entendemos que a educação, na perspectiva da escola crítica, é uma das fontes da transformação social e pessoal, somada às demais instituições da sociedade civil e as políticas públicas elaboradas pelo estado.
11 Qualquer arranjo familiar além do modelo nuclear.

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