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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.6 no.2 São Leopoldo dez. 2013

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2013.62.04 

ARTIGOS

 

Personalidade de mulheres vítimas de violência doméstica: uma revisão sistemática da literatura

 

Personality of women victimized by domestic violence: a systematic review

 

 

Samantha Dubugras Sá; Blanca Susana Guevara Werlang

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Faculdade de Psicologia. Av. Ipiranga, 6681, Prédio 11, 8º andar, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. samantha.sa@pucrs.br, bwerlang@pucrs.br

 

 


RESUMO

O presente artigo trata de uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de realizar um levantamento da produção bibliográfica nacional e internacional indexada nas bases de dados MedLine, PsycINFO, Lilacs e ProQuest, publicadas de 2000 a 2012, relacionada às características de personalidade de mulheres vítimas de violência doméstica. A avaliação dos dados encontrados foi realizada a partir da identificação de 10 dimensões de análise, a saber: (i) base de dados; (ii) ano da publicação; (iii) fonte (periódico); (iv) modalidade de produção científica; (v) delineamento da pesquisa; (vi) local do estudo; (vii) número da amostra; (viii) objetivo do estudo; (ix) instrumentos utilizados (x) principais resultados. Resultados: foram encontradas apenas sete publicações que tratavam efetivamente de algum aspecto da personalidade das mulheres vítimas de violência doméstica, sendo que nenhum dos estudos foi realizado no Brasil. Todos se referem a estudos empíricos oriundos de trabalhos de pesquisa quantitativa. Os resultados dos artigos analisados sugerem que existe uma interação entre determinados estilos de personalidade, que tornam algumas mulheres mais propensas a se envolverem em experiências de violência.

Palavras-chave: violência doméstica contra a mulher, personalidade, revisão sistemática.


ABSTRACT

This paper is a systematic review of the literature aiming to systematically evaluate the bibliographic production indexed in the databases Medline, PsycINFO, Lilacs and ProQuest published from 2000 to 2012 related to the personality characteristics of women victimized by domestic violence. The evaluation of the investigated data was performed based on 10 dimensions of analysis, namely: (i) database, (ii) year of publication, (iii) source (journal), ( iv) type of scientific production; (v) research planning, (vi) place of the study, (vii) sample size, (viii) purpose of the study, (ix) kind of instruments, and (x) main results. Results: only seven publications which dealt effeectively with some aspect of the personality of women victimized by domestic violence were found and none of these studies was conducted in Brazil. All of the related cases refer to empirical studies derived from quantitative research papers. The results of the analyzed studies suggest that there is an interaction between certain personality styles that make some women more likely to engage in violence experiences.

Key words: domestic violence against women, personality, systematic review.


 

 

Introdução

Não há país ou comunidade a salvo da violência. Embora a violência sempre tenha feito parte da história, na atualidade, seu crescimento desenfreado coloca-a como uma das principais causas de óbito em todo o mundo. Esse fenômeno faz parte das relações humanas e sociais, em que estão em jogo dominações e interesses alcançados por meio do uso da força, da ameaça e/ou de agressões, sejam elas simbólicas ou de confrontação física (Souza et al., 2001; Souza et al., 2002). A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que há uma relação clara entre a intenção do indivíduo que apresenta ou se envolve num comportamento violento e o ato ou ação praticada (OMS, 2006). Nesse sentido, Dahlberg e Krug (2003) e Krug et al. (2003) lembram que a OMS define a violência como o uso intencional de força ou de poder físico, de fato ou como ameaça, contra si mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade que cause ou tenha muita probabilidade de causar lesões, morte, danos psicológicos, transtornos de desenvolvimento ou privações.

Dentre todos os tipos de violência, a praticada contra a mulher no ambiente familiar é uma das mais cruéis e perversas. O lar, ambiente que deveria ser acolhedor, passa a ser, nestes casos, um ambiente de perigo contínuo que resulta num estado de medo e ansiedade permanentes. A violência doméstica é definida como qualquer tipo de abuso físico, sexual ou emocional perpetrado por um parceiro contra o outro em um relacionamento íntimo passado ou atual (Zilberman e Blume, 2005; Kronbauer e Meneghel, 2005). A realidade é complexa, uma vez que, para a ocorrência da violência doméstica contra a mulher, estão envolvidos, entre outros fatores, questões culturais, sociais e pessoais.

As Nações Unidas definem violência contra a mulher como: "qualquer ato de violência baseado na diferença de gênero, que resulte em sofrimentos e danos físicos, sexuais e psicológicos à mulher; inclusive ameaças de tais atos, coerção e privação da liberdade sejam na vida pública ou privada" (Conselho Social e Econômico das Nações Unidas, 1992). A violência contra a mulher é um fenômeno de grande magnitude, motivo pelo qual tem sido considerada como um problema de saúde pública e como uma questão de violação dos direitos humanos (Joachim, 2000; Campbell, 2002; Heru, 2007; Schraiber e d'Oliveira, 2008) tanto por sua elevada incidência, como pela gravidade das consequências negativas para as vítimas e para seus familiares. Está presente no mundo todo, não respeita fronteiras de classe social, raça/etnia, religião, idade ou grau de escolaridade. O local da violência é predominantemente no âmbito familiar, uma vez que a chance de uma mulher ser agredida por seu parceiro ou ex-parceiro é muitas vezes maior do que a de sofrer alguma violência por desconhecidos (Deslandes et al., 2000; Amaral et al., 2001; Heise e Garcia-Moreno, 2002; Watts e Zimmerman, 2002; Scharaiber et al., 2007a).

Frequentemente, os casais que se envolvem em violência doméstica formam vínculos patológicos que se retroalimentam em uma progressiva onda de violência em que coexistem o ódio e o rancor. A dinâmica agressor/vítima cumpre um importante papel nesses casos. Porém, a patologia de um dos cônjuges pode ser amplamente predominante, e o sentimento de uma catástrofe interna, que pode ser vivenciada frente à possível perda do objeto "amado", pode levar o indivíduo a utilizar como defesa atos intimidatórios, agressões verbais e físicas evoluindo, muitas vezes, até o homicídio (Chan, 2004).

Sabe-se que a violência perpetrada pelo parceiro íntimo oscila entre 4 a 23% até valores em torno de 33 a 39% quando considerada a violência no período total de vida dessas mulheres (Krug et al., 2003). A violência contra a mulher tem sido estimada pela Organização Mundial da Saúde como responsável por 5 a 20% dos anos de vida saudáveis perdidos em mulheres de 15 a 44 anos (OMS, 2006). De acordo com Adeodato et al. (2005), no mundo, a violência doméstica é responsável por um em cada cinco dias de absenteísmo no trabalho. Afirmam esses autores, também, que, nos Estados Unidos, um terço das internações de mulheres em unidades de emergência é consequência de agressões sofridas em casa, e, na América Latina, a violência doméstica incide sobre 25% a 50% das mulheres. Sobre a realidade brasileira, os mesmos autores asseveram que o Brasil é o país com os maiores índices de violência doméstica, pois 23% das mulheres estão sujeitas à violência doméstica, estimando que, a cada quatro minutos, uma mulher sofre agressão, e, em 85,5% dos casos de violência física contra mulheres, os agressores são seus parceiros. O maltrato doméstico tende a ser crônico, ocorre desde o início da relação e, em média, as mulheres permanecem sofrendo a violência durante um período não inferior a 10 anos até que resolvam buscar algum tipo de ajuda (Echeburúa e Corral, 2006).

Embora constantemente ocorram simultaneamente, para caracterizar os tipos de violência doméstica, podem-se considerar três grandes categorias de acordo com o tipo de conduta do agressor: (i) violência física: qualquer conduta intencional que acarrete lesão física, dano ou dor - é a mais evidente e mais fácil de identificar- (ii) sexual: qualquer intimidade forçada, seja com ameaças, intimidação ou coação, incluindo todo o tipo de conduta de caráter sexual, sem limitar-se à penetração; e (iii) psicológica: qualquer conduta física ou verbal que possa produzir, na vítima, intimidação, desvalorização, sentimentos de culpa ou sofrimento - é o tipo de violência mais difícil de identificar do ponto de vista social por não deixar marcas aparentes (Labrador et al., 2005). Pesquisas sugerem que a violência física comumente é acompanhada pela psicológica e que, na metade dos casos, também por violência sexual (Ellsberg et al., 2000; Heise e Garcia-Moreno, 2002; Kronbauer e Meneghel, 2005).

Nas últimas décadas, tem ocorrido um aumento importante dos estudos sobre a violência contra a mulher perpetrada por seus parceiros íntimos. Isso tem acontecido por conta do reconhecimento da dimensão do fenômeno como um grave problema de saúde pública, por sua alta incidência e pelas consequências que causa à saúde física e psicológica das vítimas (Dahlberg e Krug, 2003). Entretanto, pesquisas nacionais e internacionais que tratam sobre a temática da violência doméstica contra a mulher, grande parte das vezes, abarcam questões relacionadas ao tipo de agressão sofrida (física, psicológica e/ou sexual) e, algumas, sobre as consequências físicas e psicológicasadvindas da situação de violência. É comum encontrarmos estudos que buscam investigar as características ou os traços da personalidade dos homens que agridem as suas mulheres (Edwards et al., 2003; Lorber e O'Leary, 2004; Goldenson et al., 2007), mas raros são os que tratam de questões relacionadas à personalidade das mulheres vítimas (Pérez-Testor et al., 2007; Pico-Alfonso et al., 2008).

Levando-se em consideração que o advento da violência doméstica contra a mulher ocorre no mundo todo, que suas estatísticas são alarmantes, elencando-a como um problema de saúde pública, acredita-se que devam existir determinadas características de personalidade que tornam algumas mulheres, vítimas dos seus parceiros íntimos, mais vulneráveis a se envolverem em situações abusivas. Assim, a preocupação que norteia esta revisão sistemática da literatura em contextos nacionais e internacionais é a busca de estudos que permitam uma maior compreensão sobre quem são essas mulheres que acabam por se tornar suscetíveis à violência dentro dos seus próprios lares, com a finalidade de embasar futuros trabalhos na temática da violência doméstica contra a mulher.

 

Método

Estratégias de busca das referências

Para atender ao objetivo estabelecido, foi realizada uma revisão sistemática da literatura através do levantamento das produções científicas referentes ao cruzamento dos descritores "violência doméstica" (domestic violence) e "mulher" (woman); "violência doméstica" (domestic violence) e "mulher maltratada" (battered woman); e "mulher maltratada" (battered woman) e "personalidade" (personality) e do operador booleano "e" (and) nos anos de 2000 a 2012 nas bases de dados MedLine (United States National Library of Medicine - NLM), PsycINFO (American Psychological Association - APA), Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e ProQuest (Central: Psychology Journals e Medical Library). As bases de dados foram configuradas para localizar as referências que apresentavam os descritores supramencionados entre as palavras-chave e/ou no resumo. Esse método foi adotado para viabilizar um alcance de resultados mais precisos do que os que poderiam ser encontrados caso não houvesse tais especificações. Optou-se pelo emprego dos descritores mencionados levando-se em consideração que são reconhecidos pelas bases de dados pesquisadas e utilizados de forma corrente na literatura científica especializada.

 

Procedimentos para seleção e apreciação das referências

O primeiro cruzamento dos descritores "violência doméstica" (domestic violence) e "mulher" (woman) resultou, como já era esperado, em mais de dez mil publicações; para o segundo cruzamento, das palavras "violência doméstica" (domestic violence) e "mulher maltratada" (battered woman), foram identificadas mais de quinhentas referências e, no terceiro, com os descritores "mulher maltratada" (battered woman) e "personalidade" (personality) esse número ficou reduzido a 31 artigos científicos. O diagrama representado na Figura 1 sintetiza os passos realizados na busca de estudos de interesse para esta revisão sistemática.

A análise para esta seção focou-se nas 31 publicações oriundas do terceiro cruzamento, principal foco da presente revisão sistemática. Primeiramente, foram identificados e examinados os títulos e a autoria de todas as referências obtidas, objetivando eliminar eventuais repetições. A seguir, foi feita uma leitura preliminar de todos os abstracts dos artigos publicados em periódicos indexados, cujo objetivo foi avaliar se o material era pertinente a esta revisão sistemática da literatura. Foram consideradas somente as referências que tratavam de algum aspecto da personalidade de mulheres maltratadas. As referências selecionadas foram obtidas na íntegra (artigos completos) e submetidas a uma apreciação analítica de cada uma delas, visando a uma análise mais detalhada dos delineamentos de pesquisa empregados nessas produções. A avaliação dos dados encontrados foi realizada a partir da identificação de 10 dimensões de análise, a saber: (i) base de dados; (ii) ano da publicação; (iii) fonte (periódico); (iv) modalidade de produção científica; (v) delineamento da pesquisa; (vi) local do estudo; (vii) número da amostra; (viii) objetivo do estudo; (ix) instrumentos utilizados (x) principais resultados.

 

Resultados

Primeiramente, é importante salientar que a produção científica sobre a temática da violência doméstica é muito vasta (mais de dez mil). Porém, quando se procuram pesquisas sobre as características de personalidade das vítimas, a quantidade de estudos é mínima, pois as buscas possibilitaram a localização de 31 abstracts. Ainda verificou-se que 19 estudos não faziam menção a qualquer aspecto da personalidade de mulheres maltratadas, diminuindo os achados para 12 publicações. Todas as produções localizadas são artigos científicos; não se encontrou nenhum capítulo de livro, dissertação ou tese. Conforme as bases de dados computadorizadas, foram então selecionados 12 abstracts, destes, 1 estava no sistema MedLine, 3, no PsycINFO, 2, no Lilacs e 6, no ProQuest.

A checagem do título e da autoria dos trabalhos inicialmente obtidos apontou que cinco referências apareceram catalogadas em mais de um sistema, o que reduziu o número total de achados para 7, pois as repetições foram automaticamente descartadas. O título de cada uma dessas 7 referências, bem como o título do periódico em que foram publicadas, encontrase reproduzido na Tabela 1 por ordem do ano da publicação.

Analisando o texto completo dos sete artigos localizados sobre os recursos metodológicos utilizados no que diz respeito à modalidade de produção científica, os sete estudos apresentam dados empíricos oriundos de trabalhos de pesquisa quantitativos. Cabe destacar, de acordo com os dados da Tabela 2, que nenhum estudo que envolvesse aspectos da personalidade de mulheres vítimas de violência nos últimos doze anos foi realizado no Brasil. Das sete pesquisas localizadas, três foram efetivadas na Espanha, duas nos Estados Unidos, uma em Israel e outra nas Filipinas. Quanto aos objetivos, estes foram variados, pois, embora quatro trabalhos (57,1%) tenham buscado avaliar especificamente os perfis de personalidade das mulheres maltratadas, uma pesquisa avaliou se existe associação entre características de personalidade e sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático em mulheres vítimas de violência doméstica; um trabalho investigou se há relação entre a gravidade da violência sofrida por mulheres maltratadas e o Transtorno de Personalidade Borderline; outro analisou a contribuição de variáveis de personalidade no impacto psicológico causado pelos maus-tratos e, também, visou a identificar os estilos de personalidade que se associam a um maior nível de sintomatologia depressiva.

O número da amostra dos sete estudos variou bastante, desde apenas 18 mulheres, até amostras maiores, com 182 vítimas de maustratos domésticos. Somente uma pesquisa utilizou grupo-controle e, também, visou a comparar dois grupos de mulheres maltratadas (um com a vivência de múltiplas relações abusivas e outro com uma relação abusiva).

Nos sete trabalhos, foi ministrada uma ficha de dados sociodemográficos. Já para a avaliação das características de personalidade, cabe destacar que três das quatro pesquisas que objetivaram delinear o perfil das mulheres maltratadas e, também, a investigação que analisou a relação entre o perfil de personalidade com níveis de depressão, utilizaram o Millon Clinical Multiaxial Inventory (MCMI), sendo que, em uma, foi aplicada a primeira versão do instrumento e, nas outras três, a segunda versão do inventário. O MCMI é um inventário de autorrelato composto por 175 itens com respostas de duas opções: verdadeiro ou falso, devendo o sujeito determinar se o conteúdo dos itens lhe é aplicável ou não. Tem como objetivo mensurar estilos de personalidade - transtornos de personalidade (Eixo II) e síndromes clínicas (Eixo I) - classificadas no Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders Third Edition- DSM-III-R (Hernández et al., 2007; Pérez-Testor et al., 2007; Pico-Alfonso et al., 2008; Estrellado, 2010).

No outro estudo que também visou a mensurar o perfil de personalidade das vítimas, foi aplicado o CATI que, como o MCMI, é um inventário de autorrelato, mas composto por 225 itens, designado para avaliar Transtornos de Personalidade Passivo-Agressiva e Depressiva (Eixo II), Transtorno de Ansiedade Generalizada e Transtorno Depressivo Maior (Eixo I) classificados no DSM-IV, e uma escala de desajuste com 71 itens (Coolidge e Anderson, 2002). Dos dois estudos restantes, um utilizou o Depressive Experiences Questionnaire - DEQ para avaliar os estilos de personalidade das mulheres maltratadas e o outro aplicou o Borderline Personality Disorder Scale of the Personality Diagnostic Questionnaire-4 - PDQ-4. O DEQ é um instrumento constituído por 66 itens, contendo afirmações sobre sentimentos e experiências relacionadas à propria pessoa e às suas relações interpessoais. Assume um formato do tipo Likert, com sete alternativas de resposta: de 0 = "discordo totalmente" a 7 = "concordo totalmente" (Sharhabani-Arzy et al., 2005). Já o PDQ-4 é questionário de autorrelato composto por 9 itens para os quais a pessoa responde "sim" ou "não"; se a pontuação das respostas "sim" for > 5, sugere Transtorno Borderline de Personalidade (Sansone et al., 2007).

Com a utilização desses instrumentos, sobre os principais achados acerca dos perfis/das características de personalidade, os resultados das sete pesquisas foram bastante semelhantes, sendo que predominaram estilos de personalidade borderline, dependente e esquizóide. Os autores, a partir desses dados, sugerem que existe uma interação entre determinados estilos de personalidade, que tornam algumas mulheres mais propensas a se envolverem em experiências de violência (Coolidge e Anderson, 2002; Sharhabani-Arzy et al., 2005; Sansone et al., 2007; Hernández et al., 2007; Pérez-Testor et al., 2007; Pico-Alfonso et al., 2008; Estrellado, 2010). Outras características também evidenciadas nas mulheres maltratadas dizem respeito à sintomatologia depressiva e de estresse póstraumático decorrentes da violência sofrida, que foi mencionada em seis estudos (Tabela 2).

É interessante observar que muitas das características sociodemográficas das mulheres vítimas, nas sete publicações analisadas, são similares às dos dados encontrados em outras pesquisas quanto ao perfil dessas mulheres, principalmente no que se refere às variáveis de idade, escolaridade, número de filhos e situação ocupacional. Registra-se, assim, que são mulheres jovens com, no máximo, 8 anos de estudo, com filhos e que trabalham (Amor e Bohórquez, 2002; Adeodato et al., 2005; Meadows et al., 2005; Scharaiber et al., 2007b; Leiner et al., 2008), embora o fato de possuir uma ocupação devesse ser um fator protetivo contra a violência doméstica.

 

Discussão

Em doze anos, de 2000 a 2012, foram publicados sete artigos em termos de produção científica catalogada em bases de dados computadorizadas sobre os aspectos da personalidade de mulheres vítimas da violência doméstica. Isso mostra que o interesse sobre o tema em questão ainda é singelo se comparado à literatura dedicada à violência doméstica contra a mulher como um todo, em que as pesquisas e as publicações são vastas. A grande maioria dos estudos relacionados à violência doméstica contra a mulher costuma abordar questões como dados epidemiológicos, o tipo de violência sofrida - física, psicológica e/ou sexual, a caracterização sociodemográfica das mulheres maltratadas (Schraiber e d'Oliveira, 1999; Jong, 2000; Tavares, 2000; Schraiber et al., 2007b) e as características de personalidade dos agressores (Edwards et al., 2003; Gondolf, 2003; Lorber e O'Leary, 2004; Goldenson et al., 2007).

Levando-se em consideração a análise dos abstracts e os textos completos dos artigos, foi possível observar que tanto os estilos de personalidade como a sintomatologia decorrente da vivência de violência encontrado nos estudos localizados, apresentam resultados muito semelhantes independente do local em que a pesquisa foi realizada, ou seja, em diferentes contextos e em culturas diversas, as características das mulheres maltratadas são bastante parecidas. Esse fato aumenta a confiança de que os resultados de pesquisas realizadas em um determinado local possam ser aplicados a outros e também sugere um possível perfil dessas mulheres que se envolvem em relações abusivas.

Quanto aos bancos de dados computadorizados, não é de estranhar que a maioria dos abstracts (50%) esteja catalogada no sistema ProQuest, pois é um indexador que contempla periódicos das áreas da Medicina e também da Psicologia, constituindo, portanto, um sistema bastante expressivo nessas disciplinas. A Espanha é o país que, aparentemente, mais estuda as questões relacionadas à violência doméstica contra a mulher, embora o local de eleição do periódico escolhido para a publicação (seis dos sete artigos) seja os Estados Unidos. Isso provavelmente pode estar relacionado ao fato de as iniciativas públicas e privadas da Espanha propiciarem maiores incentivos às pesquisas nessa área, além da sua preocupação com a questão da violência de gênero no seu país. Já a escolha de revistas americanas é pertinente devido a sua notoriedade e a sua respeitabilidade no meio científico. O Journal of Family Violence, por exemplo, é um periódico que possui um grande número de publicações sobre as questões relacionadas à violência no âmbito familiar.

A avaliação desta revisão sistemática da literatura e dos 7 artigos localizados, de acordo com as dez dimensões de análise empregadas (base de dados, ano da publicação, fonte (periódico), modalidade de produção científica, delineamento da pesquisa, local do estudo, número da amostra, objetivo do estudo, instrumentos utilizados e principais resultados), permite algumas conclusões: a violência doméstica contra a mulher é amplamente estudada, existindo um número imenso de publicações acerca do assunto. Esse dado pode ser observado tanto pelo cruzamento das palavras "violência doméstica" (domestic violence) e "mulher" (woman); "violência doméstica" (domestic violence) e "mulher maltratada" (battered woman), quanto pelas referências bibliográficas dos sete artigos analisados. Já com respeito à personalidade das vítimas, os estudos são parcos e, no Brasil, não se verificou nenhum estudo.

As pesquisas realizadas são estudos empíricos, sendo utilizados para tal, unicamente, técnicas psicométricas, embora as técnicas projetivas para avaliação da personalidade sejam nacional e internacionalmente reconhecidas (Exner e Sendin, 1999; Anastasi e Urbina, 2000, Cunha, 2002). Chama atenção que o principal instrumento utilizado (em metade dos estudos localizados), o MCMI, seja um instrumento baseado nos critérios diagnósticos do DSM-III-R, sendo que existe uma versão mais recente do manual, o DSM-IV-TR (APA, 2003), e que o DSM-V já se encontra publicado nos Estados Unidos (APA, 2013). Pico-Alfonso et al. (2008) revelam que já existe disponível a terceira versão do MCMI, fundamentada no DSM-IV-TR, mas que carece de validação. Ainda, no que diz respeito aos métodos projetivos, por se tratar de instrumentos compostos por estímulos mais ambíguos e pouco estruturados, o indivíduo pode interpretar o material oferecido a partir do que percebe, propiciando a emergência dos aspectos do seu funcionamento psicológico. Dessa forma, é possível abarcar a personalidade como um todo, sendo que esses instrumentos se diferenciam por sua efetividade em revelar aspectos encobertos e latentes da personalidade (Anastasi e Urbina, 2000; Cunha, 2002). Por isso, conclui-se que são excelentes instrumentos a serem utilizados em trabalhos futuros para perscrutar as características das mulheres maltratadas.

Observa-se que as características de personalidade das mulheres vítimas de violência doméstica perpetrada por seus parceiros íntimos nas pesquisas analisadas indicam traços borderline, dependente e esquizoide, ainda que elas apresentem sintomas de depressão, desesperança, estresse pós-traumático e tendências autodestrutivas. Isso sugere que determinados traços são comuns às mulheres maltratadas e podem predispô-las a "escolhas" conjugais nocivas, mas esse achado também pode ser entendido de outra forma se levarmos em consideração alguns estudiosos da violência doméstica contra a mulher (Back et al., 1982; Walker, 1991; Coolidge e Anderson, 2002; Gomes et al., 2012) quando mencionam que mulheres que vivenciam relacionamentos abusivos podem adotar características de transtornos de personalidade como um meio de adaptação à situação, ou mesmo como uma forma de sobreviver a ela.

Nenhum dos estudos localizados buscou determinar uma relação de causa-efeito para esse impasse. A partir disso, há a possibilidade de ambas as posições estarem corretas em parte, pois algumas mulheres podem apresentar transtornos ou características anteriores à situação de violência, resultando no envolvimento dessas em relações nocivas e outras mulheres talvez possam adotar essas características em resposta a seus parceiros violentos a fim de se adaptar e sobreviver.

Em considerações derradeiras é preciso que se diga que não é fácil compreender como um indivíduo, seja por dificuldades pessoais ou por fazer uso de álcool ou drogas, é capaz de maltratar física, sexual ou psicologicamente a pessoa que escolheu para constituir uma família (Sá, 2011); mais difícil ainda de entender é o que faz com que as mulheres, vítimas de seus parceiros, permaneçam nessa situação abusiva, muitas vezes, correndo risco de morte. Parece que existem algumas características comuns às vítimas que podem levá-las à situação de violência conjugal ou, que, por outro lado, talvez sejam desenvolvidas no intuito da sobrevivência.

Os índices da violência contra a mulher no Brasil são alarmantes, mas, mesmo assim, chama a atenção o fato de que, no Brasil, inexistem pesquisas relacionadas às características de personalidade dessas mulheres que estejam catalogadas nos bancos de dados pesquisados. Apesar do pequeno número de estudos encontrados, eles trouxeram importantes considerações e contribuições, mas ainda é imperativa a necessidade de novas pesquisas que possibilitem o conhecimento acerca das características de personalidade das mulheres maltratadas por seus parceiros, podendo-se, assim, encontrar subsídios mais efetivos para a prevenção da violência doméstica contra a mulher e para intervenção junto às suas vítimas. Ficam assim aqui colocadas, mesmo que de forma esquemática, algumas contribuições que devem ser levadas em consideração, no futuro, para um melhor posicionamento científico ante esta questão de tão alta importância, diante da frequência com que se apresenta e das consequências que gera em suas vítimas e nas pessoas que as cercam.

 

Referências

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Submetido: 30/04/2013
Aceito: 28/09/2013