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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.6 no.2 São Leopoldo Dec. 2013

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2013.62.05 

ARTIGOS

 

Prevenção primária à violência no namoro: uma revisão de literatura1

 

Dating violence primary prevention: a literature review

 

 

Sheila Giardini Murta; Bruna Roberta Pereira dos Santos; Camila Perna Santos Martins; Brisa de Oliveira

Instituto de Psicologia. Universidade de Brasília. Campus Darcy Ribeiro, L2 Norte, SQN 606, 70910-900, Brasília, DF, Brasil. giardini@unb.br, brunaroberta19@gmail.com, camilapsmartins@gmail.com, brisa.oli@gmail.com

 

 


RESUMO

Esta revisão sistemática buscou identificar as características metodológicas e de intervenção de estudos que apresentam programas de prevenção primária à violência no namoro. Quinze estudos, publicados entre 1992 e 2010, foram acessados através de bases de dados eletrônicas. Foram codificados, e os dados foram agrupados e quantificados. Os resultados indicaram que a maior parte dos estudos são experimentais, sem follow-up. De modo geral, abordaram habilidades sociais, conhecimentos sobre a violência no namoro, atitudes e crenças relativas a papéis de gênero. Foram encontradas evidências favoráveis à eficácia de programas de prevenção multicomponentes, ao passo que programas de prevenção exclusivamente informativos se mostraram pouco eficazes. São discutidas implicações desses achados para o desenvolvimento de programas preventivos no contexto nacional.

Palavras-chave: violência pelo parceiro íntimo, violência no namoro, prevenção.


ABSTRACT

A systematic review was carried out aimed to identify methodological and intervention characteristics of the studies that present primary prevention programs of dating violence. Fifteen studies, published between 1992 and 2010, were searched by computerized databases. They were codified and their data were categorized and quantified. The results revealed that the majority of the studies have experimental designs, without followup. They have focused on social skills, information on dating violence, attitudes and beliefs on gender roles Favorable evidence on the efficacy of multicomponent preventive programs was found, in opposition to the exclusively informative programs, which have shown poor evidence of efficacy. Implications of these findings for the development of dating violence preventive programs in the national context are discussed.

Key words: intimate partner violence, dating violence, prevention.


 

 

Introdução

Pesquisas sobre a violência entre parceiros íntimos adolescentes vêm crescendo nas últimas décadas em diferentes continentes, marcadamente na América do Norte (Cornelius e Resseguie, 2007; Foshee et al., 1998; Hickman et al., 2004; Ting, 2009) e, em menor escala, na Europa (Barter, 2009; Caridade e Machado, 2006; Matos et al., 2006; Muñoz-Rivas et al., 2007), na América Latina (Aldrighi, 2004; Anacona, 2008; Oliveira et al., 2011; Pick et al., 2010), naÁfrica (Salazar e Cook, 2006) e na Ásia (Verma et al., 2006). Uma das razões que explicam o crescente volume de estudos sobre o tema é a gravidade do fenômeno, constatada em dados reveladores de sua alta incidência e seu impacto severo sobre a saúde mental.

Conforme as estatísticas da Federal Bureau of Investigation's Supplementary Homicide Reports (Hickman et al., 2004), nos Estados Unidos, 10% das meninas de 12 a 15 anos e 22% das garotas entre 16 e 19 anos foram mortas entre os anos de 1993 e 1999, vítimas de seus namorados. No Brasil, um estudo (Oliveira et al., 2011), realizado com 3200 adolescentes provenientes de dez estados do país, constatou que 86,9% dos participantes relataram ter tido experiências como vítimas e 86,8%, como perpetradores de violência contra o parceiro íntimo, tendo sido a violência verbal e a sexual as mais frequentes.

Diferentes estudos (Aldrighi, 2004; Anacona, 2008; Oliveira et al., 2011; Munõz-Rivas et al., 2011; Sears et al., 2007) apontam que as várias manifestações da violência, em suas modalidades verbal, psicológica, física e sexual, são inter-relacionadas e costumam ocorrer conjuntamente. Ademais, são recíprocas ou bidirecionais, já que os parceiros se alternam nos papéis de vítimas e perpetradores. Logo, os adolescentes de ambos os sexos podem ser abusadores. No caso das violências cometidas pelas parceiras, a violência psicológica, seguida pela física, são as mais frequentes, conforme apontado em uma revisão de Williams et al. (2008). A violência no namoro tem sido documentada tanto em casais heterossexuais quanto em casais homoafetivos (Anacona, 2008), ainda que este último contexto seja, comparativamente ao anterior, pouco investigado.

Ambos os parceiros sofrem os efeitos de seus relacionamentos abusivos. Dentre as consequências danosas para a saúde mental associadas a relacionamentos desta natureza, destacam-se as altas taxas de ideação suicida em jovens de ambos os sexos (Randle e Graham, 2011). Prejuízos para o desenvolvimento da autoestima, reações psicossomáticas e estresse pós-traumático têm sido identificados em vítimas do sexo feminino (Caridade e Machado, 2006). Em uma revisão recente da literatura sobre o impacto da violência no namoro para vítimas masculinas, Randle e Graham (2011) apontam como efeitos negativos mais comuns o estresse pós-traumático, o alcoolismo e a depressão, advindos de repetidas agressões da parceira.

A violência no namoro é um fenômeno multicausal, para o qual concorrem fatores de risco culturais, familiares e pessoais. Entre estes, citam-se conviver em comunidades sexistas (Anacona, 2008; Caridade e Machado, 2006; Hickman et al., 2004), testemunhar violência entre os pais, ser vítima direta de violência parental (Cyr et al., 2006; Hickman et al., 2004), sofrer abuso sexual (DiLillo et al., 2001), ter amigos que são violentos com seus parceiros íntimos (Arriaga e Foshee, 2004) e ter poucas habilidades sociais assertivas, de manejo da raiva e de autocontrole emocional (Anacona, 2008; Caridade e Machado, 2006).

A compreensão crescente sobre as origens e o desenvolvimento da violência no namoro tem facilitado o planejamento de programas de prevenção primária, principalmente na América do Norte (Cornelius e Resseguie, 2007; Muñoz-Rivas et al., 2011; Murray e Graybeal, 2007; Ting, 2009). Esses programas são consideravelmente relevantes, dado que a violência no namoro pode ser precursora da violência intrafamiliar e seus efeitos podem impactar as gerações seguintes (Cyr et al., 2006; Hickman et al., 2004). Em vista desse cenário, programas preventivos, direcionados a grupos de adolescentes em geral (prevenção universal), a adolescentes expostos a fatores de risco para a violência no namoro (prevenção seletiva), ou mesmo com manifestações leves e iniciais de violência contra o parceiro íntimo (prevenção indicada) podem consistir em uma importante via de cuidados em saúde mental na adolescência.

No que diz respeito às bases teóricas, os programas preventivos para a violência no namoro tem se fundamentado, majoritariamente, em Teorias Feministas, na Teoria da Aprendizagem Social e em Teorias sobre Normas e Atitudes. Em decorrência dessas bases teóricas, essas intervenções têm sido desenhadas para gerar mudanças comportamentais ou atitudinais ou ambas. Usualmente, são dirigidas às mudanças em crenças estereotipadas sobre papéis de gênero e em informação sobre violência de gênero, promoção de habilidades de autorregulação das emoções e negociação de conflitos e redução em atitudes de aceitação da violência (Salazar e Cook, 2006).

No Brasil, a prevenção à violência no namoro é um foco de estudos incipiente, ao contrário da violência de gênero em geral, que é amplamente estudada no país, de acordo com revisão de Aquino (2006). Os estudos nacionais sobre violência no namoro datam da última década e têm sido voltados para a descrição e a compreensão do problema (Aldrighi, 2004; Antonio et al., 2012; Nascimento e Cordeiro, 2011; Oliveira et al., 2011), à exceção de iniciativas recentes dedicadas ao desenvolvimento de intervenções preventivas para adolescentes (Murta et al., 2011, 2012, 2013). Há, portanto, necessidade de avanços rumo ao planejamento e condução de ações preventivas embasadas em evidências. Estas poderiam ser úteis em programas e políticas públicas destinadas ao fortalecimento da equidade de gênero, à saúde do adolescente, à prevenção da violência entre jovens e à promoção dos direitos humanos.

Diversas revisões da literatura sobre programas de prevenção primária à violência no namoro têm sido publicadas e se caracterizam por serem narrativas, sem critérios explícitos de busca e procedimentos sistemáticos de análise dos resultados (Cornelius e Resseguie, 2007; Hickman et al., 2004; Muñoz-Rivas et al., 2011); adotam procedimentos meta-analíticos para análise da efetividade dos programas, omitindo a descrição das intervenções (Ting, 2009); e focam apenas em aspectos metodológicos ou de avaliação dos programas (Murray e Graybeal, 2007). Em complementação às revisões anteriores, no presente estudo, optamos por conduzir uma revisão sistemática da literatura em prevenção primária à violência no namoro, voltada também para a identificação das características da intervenção, em adição às características metodológicas, com publicações buscadas de maneira abrangente e sistemática e analisadas com critérios claramente definidos. Esta ênfase na identificação e na descrição das características da intervenção foi assumida com vistas a subsidiar o desenvolvimento futuro de tecnologias de prevenção primária à violência no namoro no contexto nacional. Assim, foram três os objetivos desta revisão: (a) descrever os formatos e conteúdos abordados em programas de prevenção primária à violência no namoro; (b) identificar as variáveis utilizadas para avaliar essas intervenções e (c) identificar os resultados produzidos por elas.

 

Método

Critérios de inclusão

Nesta revisão, foram considerados critérios de inclusão: (i) artigos publicados em periódicos científicos nas duas últimas décadas (19902010), (ii) de língua portuguesa, inglesa ou espanhola, (iii) que apresentam intervenções de prevenção primária em violência no namoro, (iv) que possuem uma descrição e avaliação da intervenção (v) acerca de indivíduos adolescentes (vi) em situação de namoro.

Procedimentos de busca

Os artigos foram localizados através das bases de dados eletrônicos: PsycINFO, MEDline, EBSCO, ProQuest Psychology Journals, LILACS, Scielo e Pepsic. As palavraschave utilizadas foram "dating violence", "intimate partner violence prevention", "violence prevention", "safe dating and prevention" e "gender violence prevention".

Procedimentos de análise

Os estudos foram codificados em 12 critérios, definidos na Tabela 1: estudo, delineamento, participantes, contexto, tipo de prevenção, foco, formato da intervenção, conteúdo da intervenção, avaliação de necessidades, avaliação de processo, avaliação de resultados e resultados. Os dados de cada artigo foram transcritos para uma folha de codificação padronizada que foi posteriormente inserida numa planilha eletrônica de cálculos (Microsoft Office Excel). As análises foram feitas por meio de frequências e porcentagens (quando variável quantificável), bem como de análises de predominâncias e tendências (quando variável não quantificável).

 

Resultados

Nesta revisão, foram encontradas 19 publicações que correspondiam aos critérios previamente estabelecidos. Tais artigos descreviam 15 diferentes estudos, publicados entre 1992 e 2010. Foi usado como universo de análise os 15 estudos identificados.

Contextos de implementação

Grande parte dos programas foi desenvolvida na América do Norte (80%), seguida pela Europa (13%) e pela América Latina (7%). A escola foi o principal contexto de aplicação (N = 10, 66%). Os programas com foco no adolescente eram 60% (N = 9) e o restante (40%) teve (N = 6) foco combinado (envolvendo adolescente, pais, professores ou comunidade). O tipo de prevenção foi predominantemente universal (N = 10; 67%), com 20% do tipo seletiva (N = 3) e 13% do tipo indicada (N = 2).

A idade dos participantes das intervenções foi classificada nos seguintes intervalos: entre 11 e 15 anos, presente em 33% dos estudos; entre 16 e 20 anos, em 20%; acima de 20 anos, em 7%. Esse dado não foi informado em 40% dos estudos.

Características da avaliação

O delineamento dos estudos foi experimental em 53% (N = 8), quase-experimental em 7% (N = 1) e do tipo pré e pós-teste em 40% (N = 6). Aproximadamente metade dos estudos fez uso de grupo controle (53%, N = 8). Um número significativo de estudos utilizou grupo controle inativo (N = 6, 40%), dos quais metade ofereceu lista de espera (20%) e, na outra metade, o tratamento foi nulo (ausência de tratamento) (20%). O grupo controle ativo ocorreu em 20% das experiências (N = 3). O conteúdo desses grupos, em duas das intervenções, consistiu em aulas do currículo de saúde da própria escola e, na outra, em atividades comunitárias (serviços para adolescentes em relacionamentos abusivos e treinamento para prestadores de serviço).

O tamanho das amostras foi considerado de acordo com o número de participantes que completaram todas as avaliações. Os estudos com as menores amostras, entre 28 e 100 participantes, corresponderam a 27% (Ball et al., 2009; Goméz, 2007; Salazar e Cook, 2006; Schwartz et al., 2004), enquanto que a maioria das pesquisas (40%) relatou amostra entre 100 e 500 participantes (Antle et al., 2011; Averyleaf et al., 1997; Pick et al., 2010; Matos et al., 2006; Mcgowan, 1997; Wolfe et al., 2003). Entre os estudos com as maiores amostras, 13% deles tiveram participação na faixa de 500 a 1000 pessoas (Jaffe et al., 1992; Lavoie et al., 1995), 13% , entre 1000 e 2000 participantes (Foshee et al., 2005, 2004, 1998, 2000; Taylor et al., 2010), e o estudo com a maior população atingida relatou ter trabalhado com 2540 pessoas (Jaycox et al., 2006), correspondendo a 6% do total das investigações realizadas.

Menos da metade das intervenções (N = 6, 40%) realizou avaliação de follow-up. No entanto, apenas uma delas (Foshee et al., 1998, 2000, 2004, 2005) o fez em longo prazo e mais de uma vez (1 mês, 1 ano, 2 anos, 3 anos e 4 anos após a intervenção). O tempo entre a intervenção e o primeiro follow-up variou de um mês a seis meses nos estudos que apresentaram esta característica. Os follow-ups foram aplicados, no mínimo, um mês após a intervenção (Foshee et al., 1998) e, no máximo, quatro anos depois (Foshee et al., 2005).

A maior parte dos estudos (60%) se ateve à avaliação de resultados, com pré e pós-teste, e não realizou qualquer tipo de avaliação de necessidades e de processo. Apenas no estudo de Gómez (2007) foi conduzida avaliação das necessidades dos participantes, a qual também serviu como instrumento para avaliação de pré e pós-testes. Algum tipo de avaliação de processo foi conduzido em 40% dos estudos (N = 6). Os critérios de processo utilizados foram avaliação da satisfação/atitude dos participantes para com a intervenção (N = 4; 26%), fidelidade do programa (N = 3; 20%) e elementos do contexto que afetaram a intervenção (N = 1; 7%).

Na avaliação de resultados, a grande maioria dos estudos fez uso exclusivo de escalas e questionários e uma pequena parte (Ball et al., 2009; Goméz, 2007) usou também grupos focais. As variáveis utilizadas na avaliação foram: (a) habilidades quanto à identificação de sinais de violência ou de violência de gênero; adoção de estratégias para resolução de conflito, comunicação e manejo da raiva; (b) conhecimento: com relação à violência no namoro, aspectos envolvidos (comportamentos, sinais e causas de violência, consequências legais, onde e como buscar ajuda) e sobre relações saudáveis; (c) atitudes e crenças: grau de aceitação quanto ao uso da violência ou atitudes relacionadas a ela (namoro, casamento ou contra mulher), crenças que justificam o uso de comportamentos violentos e o ciúme; (d) intenção comportamental: de pedir ajuda, de prática de violência no namoro (em situação de risco ou não), de ajudar outras pessoas que estão sendo agredidas no namoro, de envolver-se em estereótipo de gênero; (e) práticas violentas: emissão de comportamento violentos, vitimização ou perpetração de violência no namoro ou doméstica, testemunho à violência doméstica, violência sexual infantil.

Conteúdo e formato das intervenções

A duração da sessão foi analisada em intervalos de minutos. Em sete intervenções (47%), a duração da sessão variou entre 45 e 90 minutos. Em outras quatro intervenções (33%), a sessão durou entre 120 e 150 minutos. Um estudo realizou encontros de quatro horas cada, e outro não descreveu essa informação.

Não houve similaridades entre os estudos quanto ao período em que as intervenções ocorreram, variando desde um dia a um ano. Isso, em horas totais de contato, significou um mínimo de 2,5 horas e máximo de 36 horas de intervenção. A duração mais frequente entre os estudos que descreveram esse componente da intervenção (N=11, 73%) foi 7,5 horas de contato com os participantes, que constava em 47% das intervenções. Duas intervenções tiveram até 3,5 horas de contato; 5, entre 5 e 7,5 horas; 1, 12 horas; 2, 22 horas e 1, 36 horas totais.

O número mínimo de sessões por programa foi 1 e o máximo 24, sendo que a maioria das intervenções (N = 10, 67%) teve, no máximo, cinco encontros e apenas quatro estudos (27%) aplicaram mais de dez sessões. Entre estes, estão as três intervenções com os números totais de horas de contato mais altos: duas com 22 horas (Goméz, 2007; Ball et al., 2009) e uma de 36 horas (Wolfe et al., 2003).

Os conteúdos trabalhados nos programas incluíram, basicamente: (a) habilidades sociais: assertividade, negociação, tomada de decisão, solução de problemas interpessoais, resolução de conflitos, manejo da raiva e expressão de sentimentos de forma saudável; (b) conhecimentos: tipos de violência, prevalência, manifestações, consequências, recursos de enfrentamento (incluindo serviços de ajuda), controle abusivo, informações sobre aspectos legais envolvidos na violência no namoro e qualidade de relacionamentos saudáveis; (c) atitudes e crenças: diferenças de gênero, crenças sexistas, atitudes em relação ao uso da violência; e (d) outros: autoatribuição de direitos.

Evidências de eficácia

Os resultados encontrados nos programas são, predominantemente, positivos. Uma análise dos resultados dos estudos indica que a maior parte deles (80%; 12 estudos) apresentou evidências favoráveis à eficácia das intervenções avaliadas, em oposição a apenas três estudos (Jaycox et al., 2006; Salazar e Cook, 2006; Taylor et al., 2010) que tiveram resultados negativos no pós-teste e/ou follow-up. Nesses estudos, as intervenções foram informativas e prescritivas, sem o ensino de habilidades interpessoais para manejo de conflitos.

As variáveis nas quais houve aumento da capacidade em fazê-las, representando resultados positivos, foram: (a) habilidades: identificar sinais de violência, adoção de estratégias para resolução de conflito, comunicação e manejo da raiva; (b) conhecimento: sobre violência no namoro e aspectos envolvidos (comportamentos, sinais e causas de violência, consequências legais e onde e como buscar ajuda) e relações saudáveis; (c) intenção comportamental: de pedir ajuda, de ajudar outras pessoas que estão sendo agredidas no namoro; (d) outros: autoconfiança. As variáveis em que houve declínio na sua ocorrência após a intervenção, representando resultados positivos, foram: (a) crenças e atitudes: grau de aceitação ao uso da violência ou atitudes relacionada a ela (namoro, casamento ou contra mulher), crenças que justificam do uso de comportamentos violentos e o ciúmes; (b) intenção comportamental: de prática de violência no namoro (em situação de risco ou não) e de adotar papéis de gênero estereotipados; e (c) práticas violentas: vitimização ou perpetração de violência no namoro. Portanto, os resultados encontrados apontam que, em sua maioria, os programas avaliados afetaram positivamente variáveis cognitivas (intenções e crenças) e comportamentais (habilidades comunicativas e práticas violentas). As mudanças identificadas no pós-teste, de modo geral, se mantiveram nas avaliações de follow-up (Foshee et al., 1998, 2000, 2004, 2005; Jaffe et al., 1992; Jaycox et al., 2006; Matos et al., 2006; Taylor et al., 2010).

 

Tabela 2

 

Discussão

A produção científica sobre programas de prevenção primária à violência no namoro em adolescentes é ainda escassa, considerando os achados desta revisão. Esses resultados estão de acordo com os de revisões prévias, que também identificaram um pequeno número de publicações: Ting (2009) identificou 13 estudos e Murray e Graybeal (2007), nove estudos. Esta baixa produção aliada à sua concentração na América do Norte, em detrimento de outros continentes, sugere a necessidade de expansão dos estudos de implementação e avaliação de programas de prevenção à violência no namoro. Na América Latina, no período investigado, foi identificado apenas o trabalho de Pick et al. (2010), realizado no México. No caso do Brasil, pode-se supor que uma das razões para a negligência a este foco de pesquisa esteja relacionada à tolerância da sociedade para com a violência entre parceiros íntimos e para com as desigualdades de gênero. Apenas no ano de 2006, foi decretada a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.304; Brasil, 2006), no ano de 2003, foi criada a Secretaria de Políticas para as Mulheres (Lei nº 10.683; Brasil, 2003) e, em 2009, a Política de Atenção à Saúde do Homem (Portaria nº 1.944; Brasil, 2009). Mesmo os estudos descritivos nesta temática, com amostras brasileiras, ainda são poucos (Aldrighi, 2004; Antonio et al., 2012; Nascimento e Cordeiro, 2011; Oliveira et al., 2011) e os estudos de desenvolvimento de intervenções preventivas foram iniciados apenas recentemente (Murta et al., 2011, 2012, 2013). Por outro lado, deve ser lembrado que as fontes consultadas nesta revisão foram exclusivamente artigos científicos. Permanece, portanto, a chance de estudos publicados em livros, teses e dissertações não terem sido localizados, bem como publicações em periódicos não indexados nas bases de dados utilizadas.

Ainda que pequena a produção, apresenta rigor metodológico, com uso predominante de delineamentos experimentais e quase-experimentais em mais da metade dos estudos, e follow-up em aproximadamente metade deles. Esses cuidados somados ao uso de variáveis cognitivas (como crenças sobre papéis de gênero) e comportamentais (prática de violência e habilidades sociais) representam um alicerce promissor para a área (Murray e Graybeal, 2007). Entretanto, avaliações de necessidades dos participantes e de processo dos programas de intervenção foram pouco realizadas nesses estudos, permanecendo a prática de avaliações de pré e pós-teste. Portanto, um aspecto relevante para o desenvolvimento da área seria a expansão da avaliação destes programas, com a inclusão de avaliações para identificação das necessidades e dos recursos dos adolescentes (avaliação de necessidades) e o monitoramento da qualidade das intervenções durante sua execução (avaliação de processo).

Avaliações de processo nestes programas poderiam lançar luz sobre preditores de seu sucesso ou fracasso. Dos estudos investigados, três tiveram resultados negativos, em oposição à grande maioria dos estudos. Contudo, pouco se sabe sobre as razões deste insucesso. Chama a atenção o caráter eminentemente informativo destes programas, centrados em variáveis cognitivas, como conhecimento sobre tipos de violência e seus efeitos nas relações. Uma hipótese é que os programas de conteúdo mais abrangente, que ensinam habilidades relacionais e de manejo das emoções e questionam crenças sexistas, sejam mais eficazes do que os estritamente informativos. Tal hipótese se baseia no conhecimento alicerçado na última década sobre os fatores de risco para a violência no namoro (Anacona, 2008; Arriaga e Foshee, 2004; Caridade e Machado, 2006; Hickman et al., 2004; DiLillo et al., 2001; Cyr et al., 2006). Tomando-se esses conhecimentos como norteadores para o planejamento de programas preventivos à violência íntima juvenil no Brasil, o conteúdo das intervenções deve ser o mais amplo possível, abarcando competências que possam minimizar o impacto dos diferentes tipos de fatores de risco, relativos à cultura, à família, aos pares e aos déficits em habilidades sociais.

No que diz respeito às características das intervenções, nota-se o uso de formatos tendendo a intervenções breves (e ainda assim com bons resultados), em grande parte com em torno de sete horas de duração, e conteúdos multicomponentes, centrados em três eixos: construção de habilidades sociais, de manejo das emoções e resolução de conflitos; questionamento de papéis tradicionais de gênero e informação sobre a violência no namoro. A inclusão de habilidades sociais assertivas, de manejo de raiva e solução de problemas interpessoais se encontra alinhada ao recomendado em revisões prévias (Cornelius e Resseguie, 2007; Muñoz-Rivas et al., 2011; Ting, 2009), no sentido de capacitar os adolescentes, não apenas a reconhecerem relações abusivas, mas a manejarem conflitos interpessoais sem agressão e a fortaleceram a qualidade de seus vínculos afetivos.

A grande maioria dos programas descritos nesta revisão foi realizado em ambiente escolar, o que provavelmente ocorreu devido à facilidade de acesso à população adolescente. A inserção dessas intervenções nas escolas brasileiras pode se configurar como um importante desafio. Por um lado, vê-se a necessidade de ampliação de equipes de apoio (incluindo o psicólogo) para uma educação integral nas escolas e, por outro, tem-se algumas possibilidades já instituídas em escolas públicas, como o Programa Saúde na Escola, que também aborda temas relacionados à saúde sexual e reprodutiva e poderia incluir ações de prevenção à violência no namoro.

A grande maioria dos programas foi do tipo prevenção universal, em oposição à prevenção indicada e seletiva, e adotou como foco apenas os adolescentes, em contraste com o foco no ambiente (pais e/ou professores e/ou pares) ou foco combinado (adolescente e ambiente). Devido ao baixo número de estudos em cada categoria, os achados desta revisão não nos permitem comparar a eficácia de intervenções focadas no adolescente e focadas no seu entorno, bem como prevenção universal versus indicada versus seletiva. Revisões futuras poderão se ocupar dessa tarefa, na medida em que a produção de programas preventivos à violência no namoro sejam ampliados.

Em relação aos resultados obtidos, em todos os estudos, ocorreram ganhos com a intervenção, pelo menos em parte das variáveis medidas. A variável "emissão de comportamentos violentos" apresentou resultados contraditórios, sendo considerada positiva em um estudo e negativa em outro. Em um dos estudos, a taxa de emissão de comportamentos violentos não modificou (Salazar e Cook, 2006) e, em outro, ocorreu redução (Foshee et al., 1998, 2000). Três hipóteses podem ser adotadas para explicar esta diferença: em primeiro lugar, é possível que intervenções universais (Foshee et al., 1998, 2000) sejam mais eficazes do que a prevenção indicada (Salazar e Cook, 2006). Neste último estudo, os adolescentes já encontravam-se envolvidos em relacionamentos violentos e, portanto, apresentavam necessidades distintas de adolescentes ainda não violentos com seus parceiros. Em segundo lugar, o tempo decorrido entre a intervenção e a avaliação dos resultados pode ser relevante, já que Salazar e Cook (2006) realizaram o follow-up três meses após o programa, enquanto Foshee et al. (2000) o fizeram um ano após a intervenção, tendo tido então mais tempo para observar mudanças decorrentes da intervenção. E, por fim, o conteúdo da intervenção implementada por Foshee et al. (1998, 2000) foi multicomponente, ao passo que a intervenção de Salazar e Cook (2006) foi informativa, centrada apenas no reconhecimento de relações abusivas.

Em linhas gerais, a presente revisão aponta resultados consistentes quanto à eficácia dos programas de prevenção à violência no namoro, vistos em mudanças positivas em variáveis cognitivas e comportamentais, avaliadas no pós-teste e follow-up, em alguns dos estudos. Nota-se que esta área de investigação vem avançando, tendo em vista que a primeira revisão da área, feita por Hickman et al. (2004) há quase uma década, constatou inconsistência dos resultados dos programas preventivos à violência no namoro e seus achados foram considerados inconclusivos. Os resultados ora identificados são encorajadores no sentido de propor o desenvolvimento de programas multicomponentes de prevenção à violência no namoro, ainda que sejam restritos ao adolescente e de curta duração, para implementação em escolas de ensino médio ou fundamental.

Embora avanços tenham sido registrados, ainda são poucos os estudos de follow-up longos e escassos os que realizam avaliações de necessidades e de processo. Estudos mistos de avaliação, com múltiplos informantes e medidas, antes, durante e após a intervenção, tenderão a trazer novas contribuições para a área. Essas avaliações mais abrangentes deverão investigar as variáveis moderadoras e mediadoras do sucesso dessas intervenções. Neste sentido, sugere-se a avaliação das habilidades sociais (assertivas, empáticas e de autorregulação da raiva) como possíveis mediadoras dos resultados. Essas informações poderão ser guias valiosos na formação de profissionais que atuam em saúde na adolescência, no desenho de programas preventivos à violência pelo parceiro íntimo e danos associados (Randle e Graham, 2011) e no fortalecimento de políticas públicas nas áreas da educação, da saúde, de gênero e de direitos humanos no contexto nacional.

 

Referências

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Submetido: 20/02/2013
Aceito: 30/09/2013

 

 

1 A autora Sheila Giardini Murta agradece ao CNPq pelo apoio concedido ao projeto de pesquisa que originou este estudo (Processo 402579/2010-0) e à Bolsa de Produtividade em Pesquisa concedida ao projeto Desenvolvimento de Tecnologias de Prevenção à Violência no Namoro, do qual esta revisão é a parte inicial (Processo 306975/2010-6). A autora Bruna Roberta Pereira dos Santos agradece ao CNPq pela Bolsa de Iniciação Científica recebida no decorrer deste estudo.