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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.6 no.2 São Leopoldo dez. 2013

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2013.62.10 

ARTIGOS

 

Percepção de mães e adolescentes sobre a violência intrafamiliar por meio da construção do genograma1

 

Perception of mothers and teenagers about domestic violence through the building of genograms

 

 

Adriana Ribeiro dos Santos; Angela Helena Marin; Luciana Castoldi

Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil. adrianapsicologa12@hotmail.com, angelahm@unisinos.br, lucianacastoldi@uol.com.br

 

 


RESUMO

A violência é um fenômeno que se produz nas relações sociais e interpessoais e pode ser transmitido intergeracionalmente. Neste estudo, objetivou-se explorar a percepção da violência intra e interfamiliar a partir da visão de três mães e seus filhos adolescentes por meio da construção de genogramas. Os resultados indicaram que houve reprodução intergeracional da violência, verificada nas disfunções relacionais entre os pais e nas relações que a mãe estabeleceu ao longo de sua vida, a qual também se perpetuou com seus filhos, os quais eram espectadores e vítimas desse fenômeno. Cabe destacar, no entanto, que, embora a intergeracionalidade da violência estivesse implícita na fala narrativa de todos os participantes, o mesmo não ocorreu na representação gráfica do genograma dos adolescentes, apenas no das mães, o que indica a preocupação dos filhos com o fenômeno somente na família atual.

Palavras-chave: violência intrafamiliar, intergeracionalidade, genograma.


ABSTRACT

Violence is a phenomenon that reflects and crosses social and interpersonal relationships and can be passed across generations. The present study aimed to explore the perceptions of domestic violence from the point of view of three mothers and their teenage children through the construction of genograms. Results showed that there was intergenerational reproduction of violence, verified through relational disorders between parents as well as in the relationships that the mother has established throughout her life, which, in turn, perpetuated with their children, who were viewers and victims of this phenomenon. It is noteworthy that although the intergenerationality of violence was implied in the speech of all participants, the same did not occur in the graphical representation of teenagers' genograms, suggesting that children worry about this phenomenon only in the current family.

Key words: domestic violence, intergenerationality, genogram.


 

 

Introdução

A violência intrafamiliar não é uma questão atual, pois atravessa épocas e classes sociais distintas, normatizando uma relação histórica de agressões nas relações de gênero, de poder, de etnia e de discriminação, que foi instituída por uma ideologia patriarcal e machista (Strey, 2000; Rovinski, 2004). Entretanto, apesar de ser uma problemática antiga, a violência intrafamiliar somente conquistou maior visibilidade atualmente devido à discussão de mecanismos de proteção e garantia de direitos às vítimas, tanto no âmbito acadêmico como governamental (Cantera, 2007).

A violência intrafamiliar é definida pelo Ministério da Saúde (2001, p. 15) como "[...] toda ação ou omissão que prejudique o bemestar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família". No Brasil, esse fenômeno se apresenta como um problema que se estende para além da dimensão individual, impactando o sistema de saúde e também o desenvolvimento econômico e social, que têm como prioridade a não violação dos direitos fundamentais da pessoa humana (Brasil, 2002). Além disso, a violência acaba por interferir não somente na relação que se estabelece entre aqueles que estão em conflito, mas também nos demais membros da família. Por exemplo, agressões verbais e físicas trocadas entre pai e mãe também atingem os seus filhos, sejam crianças ou adolescentes, que vivem e são espectadores, testemunhas e vítimas da violência no âmbito familiar (Algeri e Souza, 2006).

Destaca-se que as mulheres ainda são as principais vítimas da violência intrafamiliar. Estudos apontam que, no mundo, uma em cada três mulheres já foi espancada, coagida ao sexo ou sofreu abuso, considerando que o agressor normalmente é membro de sua família (Day et al., 2003; Soares, 2006). Os estudos da Rede nacional feminista de saúde e direitos reprodutivos (2001) apontam que 11% das brasileiras com 15 anos de idade ou mais já foram vítimas de espancamento e que uma em cada cinco mulheres foi agredida pelo menos uma vez em sua vida. Entre os agressores, o marido ou companheiro é responsável por 56% dos espancamentos, 53% das ameaças com armas e 70% da destruição dos bens. Corroborando esses dados, Lamoglia e Minayo (2009) ressaltam que 29% das mulheres brasileiras já sofreram agressões físicas ou sexuais de seus companheiros pelo menos uma vez. Destas, 16% consideraram a agressão severa, por terem sido chutadas, arrastadas pelo chão, ameaçadas e feridas por qualquer tipo de arma.

No que diz respeito aos filhos das mulheres vítimas de agressão, Brancalhone et al. (2004) indicam que eles podem vir a apresentar um alto nível de mortalidade ainda na infância. Comumente, as crianças ou os adolescentes não são alvo direto do agressor, mas ocupam a posição de espectadores ou, até mesmo, são usados durante as brigas para evitar as agressões. Estudos apontam que as consequências emocionais para crianças e adolescentes tendem a ser mais incidentes quando eles são espectadores do que quando eles são as vítimas diretas da agressão (Brancalhone et al., 2004; Falcke et al., 2009; Filmus et al., 2003; Linares, 2006; Reichenheim et al., 2006). Os filhos espectadores da violência conjugal, por exemplo, podem apresentar problemas emocionais, comportamentais e, ainda, podem se tornar reprodutores de padrões familiares violentos, como atores ou como vítimas (Day et al., 2003; Reichenheim et al., 2006; Santos e Costa, 2004).

Frente ao exposto, faz-se necessário compreender a violência intrafamiliar a partir de um referencial sistêmico, entendendo-a como um fenômeno relacional que promove uma ruptura na estabilidade da família (Levy, 2005; Moré e Cantera, 2010), que pode despertar, em seus membros, sentimentos de abandono, carência, menos valia, revolta, mágoa e humilhação (Bronfenbrenner, 1996). Desse modo, é importante considerar que a família, entendida como "[...] toda rede de parentesco de pelo menos três gerações, como existe atualmente e também como se desenvolveu através do tempo" (McGoldrick et al., 2012, p. 32), não é uma entidade estática. Ela está em processo de mudança contínua, assim como seu contexto social (Minuchin, 1990).

Assim, o objetivo do presente estudo foi explorar a percepção da violência intra e inter familiar, ou seja, como ela foi vivenciada, entendida e reproduzida por mães vitimas de violência e seus filhos adolescentes, através da construção do genograma, instrumento que permite reunir e sintetizar informações sobre a família, em especial sua dinâmica e seu padrão relacional (McGoldrick et al., 2012). Partese do pressuposto de que aqueles que foram vítimas ou testemunharam comportamentos de violência na família de origem podem apresentar maior probabilidade de reproduzirem, consciente ou inconscientemente, o mesmo pa-drão de comportamento no futuro (Magalhães e Féres-Carneiro, 2004; Ruiz Correa, 2000).

 

Método

Participantes

Participaram desse estudo três mães e seus filhos adolescentes. O estudo foi realizado em uma instituição que presta apoio às crianças e aos adolescentes em situação de vulnerabilidade social, especialmente violência, na região metropolitana de Porto Alegre (RS). A amostra foi escolhida por conveniência, sendo que os critérios de inclusão no estudo foram famílias em que houvesse violência intrafamiliar, sendo que as mães deveriam ser vítimas e seus filhos adolescentes espectadores.

As mães participantes tinham entre 31 e 51 anos e escolaridade variada, uma delas concluiu a 4ª série do ensino fundamental, outra tinha o ensino fundamental completo e a última, o ensino médio completo. Com relação à ocupação, duas eram donas de casa e uma, funcionária de uma lanchonete. Já quanto à configuração familiar atual, duas estavam separadas e uma mantinha união estável.

Quanto aos adolescentes, eles tinham idades entre 12 e 16, sendo que dois eram do sexo masculino e um do feminino. Com relação à escolaridade, um estava cursando as séries iniciais e dois, as séries finais do ensino fundamental, portanto, evidencia-se, pela idade, que todos já haviam tido reprovações escolares. No que se refere ao número de irmãos/as, dois adolescentes tinham quatro irmãos e outro tinha apenas um.

Delineamento e procedimentos

Foi realizado um estudo de natureza qualitativa com caráter exploratório (Andrade, 2007; Creswell, 2007; Minayo, 1993), fundamentado na proposta de Yin (2005) de estudo de casos múltiplos. Este estudo foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e, após sua aprovação (Protocolo nº 11/146), deu-se início aos procedimentos de coleta de dados.

A seleção dos/as participantes para o estudo, conforme os critérios de inclusão da amostra, foi feita pela equipe da instituição que presta apoio às crianças e aos adolescentes em situação de vulnerabilidade social, especialmente violência, composta pela coordenadora, a psicóloga, a pedagoga e os assistentes sociais. Após a escolha, foram enviados convites a 15 mães e aos seus filhos adolescentes para comparecerem na instituição em dois horários diferentes. No encontro com as mães, compareceram nove pessoas, mas seis delas comunicaram que não desejavam participar da pesquisa, explicitando que não tinham interesse ou tempo para tanto. A dinâmica proposta foi discutir e promover um momento de partilha de percepções, ideias, valores e opiniões das participantes sobre temas como a violência contra a mulher e os tipos de violência. Durante a conversa, percebemos o quanto esse tema atingia profundamente a todas elas. Contudo, quando manifestavam suas opiniões, traziam a realidade de seus familiares, amigos, vizinhos, mas não a sua própria realidade conjugal e familiar afetada pela violência. Foi notável que era delicado abordar esse assunto, pois, diante dele, elas tenderam a projetar, negar ou silenciar a violência da qual eram vítimas.

No encontro proposto aos adolescentes, compareceram dez, mas apenas os três cujas mães aceitaram participar do estudo compuseram a amostra. Nesse encontro, discutiram-se os temas: violência, tipos de violência, causas da violência e todos participaram ativamente da dinâmica proposta. Contudo, em nenhum momento, mencionaram a violência intrafamiliar vivenciada.

Após esse primeiro encontro com as mães e com os filhos adolescentes, agendaram-se um dia e um horário, separadamente, para a construção dos genogramas. Os encontros aconteceram na própria instituição que eles frequentavam, em uma sala designada para a pesquisa, e tiveram um tempo médio de duração de 1h15min. No momento do encontro, cada um dos participantes assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, que ressaltava que eles estariam livres para desistir de participar do estudo e, ainda, para interromper a aplicação do instrumento durante o processo, se assim desejassem. Destaca-se que também foi solicitada a autorização da mãe para que seu filho adolescente participasse do estudo.

Instrumento

A construção do genograma foi realizada individualmente com cada participante e teve como foco investigar as dinâmicas familiares relativas à violência familiar. O genograma consiste no registro gráfico da configuração fa-miliar e sua dinâmica relacional, considerado melhor que a linguagem escrita para sintetizar as informações de uma família e delinear os padrões familiares em, pelo menos, três gerações (McGoldrick et al., 2012). Tais registros foram elaborados no software GenoPro (2011) (www.genopro.com/free/), designado para construção de árvores genealógicas, cuja representação serve para ilustrar as relações familiares, a partir das quais foi possível mapear a transmissão intergeracional da violência.

 

Resultados e discussão

Os resultados e a discussão de cada um dos três casos serão apresentados a partir dos seguintes tópicos de análise: percepção da mãe sobre a violência (tipo de agressão, quem era o agressor, causas da agressão, como enfrentou o agressor/agredido, ambiente familiar); e percepção do adolescente sobre a violência (relação conjugal dos pais, relação parental, ambiente familiar). Destaca-se que, por questões éticas, os nomes dos participantes foram alterados, portanto, são utilizados nomes fictícios.

Caso 1: convivendo com a violência

Eliana, 51 anos, era a filha mais velha de sete irmãos. No momento da realização da pesquisa, seu pai estava com 85 anos e sua mãe, com 67 anos e, devido aos muitos conflitos conjugais, estavam separados há sete anos. Eliana cursou até a 4ª série do ensino fundamental. Contudo, mencionou que aprendeu muito pouco, somente a escrever o seu próprio nome. Em função de baixa visão, pediu demissão do emprego de cozinheira de um restaurante e ficou dependente financeiramente de seu ex-marido. Ela estava separada há cinco anos de João (ex-policial), que era pai de seus três filhos: Rodrigo, de 24 anos, Kátia, de 22 anos e Edson, de 12 anos. Antes do relacionamento com João, que durou 20 anos, Eliana manteve um relacionamento com Lucas (taxista), que durou um ano, e com ele teve um filho, Marcos, de 33 anos. Entretanto, quando Lucas soube que Eliana estava grávida, a abandonou. Depois, Eliana conheceu outro companheiro, o qual, segundo ela, não lembrava o nome e nem a idade, e com ele teve a filha Rose, de 28 anos.

Percepção da mãe sobre a violência

Eliana, desde o início da entrevista, mencionou que conversar sobre sua família era algo muito doloroso, pois sofreu intensamente com seu pai desde a infância. Em muitos momentos de sua vida, desejou a morte do pai, pois o odiava. Ele era alcoolista, agredia a sua mãe e seus irmãos e, ainda, destruía os móveis da sua casa.

A família é, por excelência, o espaço das relações do sujeito com o mundo, compreendidas como "experiências formadoras da primeira infância e toda história coletiva da família e grupo social" (Gomes e Fonseca, 2005, p. 34). Estudos indicam evidências de que a família é um fator de proteção no desenvolvimento de seus membros, principalmente no período da adolescência (Minuchin e Fishman, 1990; Pratta e Santos, 2007; Steinberg, 2000). Portanto, é imprescindível que haja uma satisfatória convivência familiar, capaz de conferir a proteção e o cuidado para com a criança e o adolescente, pois é no núcleo familiar que ocorrem os eventos mais expressivos na constituição de um sujeito; como as representações, os significados, as frustrações e as superações. Em concordância, Minuchin (1990, p. 23) comenta que:

O sistema familiar está organizado em torno de apoio, regulamentação, proteção e socialização de seus membros [...]. Nesse sistema, há um movimento, em que a família é regida por leis e regras que determinam seu funcionamento e que dão o ritmo do relacionamento de seus membros. [...] tais interações aconteceriam a partir da dinâmica relacional que permite e regula a sobrevivência da família, possibilitando um senso de continuidade e de identidade que dá sustento aos membros que nela integram.

Eliana assumiu o papel de filha provedora (McGoldrick et al., 2012), trabalhando para ajudar a mãe a providenciar alimento para os seus irmãos menores, pois passavam por muitas privações. Sua mãe sofria contínuas agressões e nunca teve coragem de denunciar o marido. Entretanto, há sete anos conseguiu realizar um movimento de superação da violência ao se separar dele. Segundo ela, sua mãe encontravase atualmente tranquila e feliz, pois, somente após a separação, ela conseguiu arrumar um emprego melhor e não dependia mais do seu ex-companheiro.

O genograma de Eliana apresentou a reprodução intergeracional do ciclo de violência intrafamiliar na relação entre seus pais e nas relações disfuncionais que estabeleceu ao longo de sua vida com seus companheiros. Essas relações disfuncionais tornaram-se uma dinâmica estruturante no cotidiano da família, sendo os seus cinco filhos espectadores e vítimas das agressões.

 

Figura 1

 

Entendemos a relação estabelecida entre os membros desse núcleo familiar quando Minuchin (1990, p. 5) esclarece:

Assumir a violência não quer dizer que, por ela ser constitutiva nas relações humanas, se justifiquem e se desculpem os atos de violência e aniquilamento. Ao contrário, é preciso responsabilizar-se pelos encontros humanos e pelos restos de violência que deles resultam. Se puderem ser assumidos, esses restos pedirão continência, representação e tolerância.

Segundo Eliana, os 20 anos que viveu com seu ex-companheiro foram de verdadeira tortura, pois o mesmo usava drogas e era extremamente agressivo. Continuamente, ele a agredia com palavras na frente dos filhos, chamando-a de velha e gorda. Com essas humilhações, ela chorava muito e até tinha vergonha de sair para a rua, pois se considerava feia e inútil. O companheiro que usa da violência psicológica ou emocional para denegrir a imagem da mulher faz com que ela se sinta desvalorizada e menosprezada, comprometendo a sua autoestima. Monteiro e Souza (2007) mencionam que a violência psicológica ou emocional prevalece sobre os outros tipos de violência.

Diante dessa relação conjugal conflituosa, João abandonou a casa. Na verdade, Eliana mencionou com tristeza que não queria a separação, mesmo sofrendo, pois gostava de João, mas afirmou que ele nunca gostou dela.

A análise do genograma revelou a repetição da configuração da família de origem de Eliana em sua família atual. Ela teve um irmão que foi assassinado aos 30 anos por envolvimento com drogas e tem um irmão de 40 anos que mora com a sua mãe e também é dependente químico. Da mesma forma, Eliana relatou que três de seus filhos estão envolvidos com drogas: Marcos, Rose e Rodrigo. Apenas o filho Rodrigo mora com ela e com Edson. Durante a entrevista, ela relatou que dorme pouco, chora muito e deseja tirar a própria vida, pois não sabe mais o que fazer com seu filho Rodrigo, que usa drogas diariamente.

Percepção do adolescente sobre a violência

Na análise do genograma do filho Edson, de 12 anos, estudante do 4º ano do ensino fundamental, terceiro filho de Eliana com João, notou-se que o mesmo não conhecia a configuração da família de origem da mãe (Figura 2). Ele não possuía maiores conhecimentos de seus avôs paternos e maternos, ouviu falar pouco das suas avós e também conhecia pouco os seus tios. Contudo, ele relatou um acontecimento triste ocorrido com sua família, que foi a perda do irmão da sua mãe, envolvido com drogas. Situação semelhante Edson vivenciou com seu irmão, também usuário de drogas.

Na sua fala, Edson mencionou que presenciava seu pai humilhando, agredindo fisicamente e verbalmente a sua mãe: "Eu lembro que já vi meu pai bater e xingar a mãe, mas não sei quando foi e o porquê. Eu só lembro que eles estavam brigando, minha mãe fora e meu pai dentro de casa". Ao mesmo tempo, ele relatou que não lembrava muito de tudo o que ocorreu entre seus pais, pois era pequeno. Entretanto, mencionou com satisfação que seu pai era policial aposentado e que gostava muito dele.

Conforme se observou na leitura do genograma, Edson reconheceu que havia uma relação disfuncional entre seus pais. Ele revelou que acompanhava o sofrer de sua mãe em relação ao pai e ao seu irmão envolvido com drogas. Segundo ele, seu irmão passava a maior parte do tempo na rua e somente voltava para a casa de madrugada.

É possível visualizar, na configuração familiar atual de Edson, os padrões de repetição da violência. Sendo a família o agente socializador básico, ela pode constituir-se como uma escola da violência, na qual as crianças e os adolescentes aprendem que as condutas agressivas representam uma prática eficiente para controlar e dominar as pessoas. Tais práticas subjetivam essas crianças e adolescentes a reproduzirem a violência testemunhada entre os pais ou até mesmo provindas dos irmãos para o social em processos que se retroalimentam em um vicioso círculo, passando de uma geração a outra (Falcke et al., 2009; Filmus et al., 2003; Linares, 2006).

Caso 2: rompendo o ciclo de violência

Deise, 31 anos, auxiliar em pastelaria, era a quarta filha de uma família com cinco filhos. Seu pai faleceu em 1991 com 35 anos e sua mãe veio a falecer dois anos depois com 42 anos, quando ela era ainda adolescente. Conforme o genograma, seus pais tinham muitos conflitos que culminavam em separações, mas acabavam retomando a relação. Desde a infância, Deise, sua mãe e suas irmãs sofriam as agressões por parte do pai. Este não permitia que a mãe trabalhasse em outro lugar que não fosse como doméstica na casa de família que ele conhecia. Ainda, quando acontecia de a mãe se atrasar para retornar do trabalho a casa, ele batia nela, que permanecia sempre resignada. Deise ressaltou que seu pai nunca a aceitou e não a registrou no cartório por ela ser loira e diferente de suas outras irmãs. Ocorreram até situações violentas em que ele queria tirar a vida de Deise e ela sempre se sentiu rejeitada pelo pai.

Percepção da mãe sobre a violência

Ainda adolescente, Deise se apaixonou por seu ex-companheiro Jonas, 40 anos, polidor de carros e usuário de cocaína. Com ele, Deise teve dois filhos, Andréia, 16 anos, e Gabriel, 12 anos. Sentindo-se sozinha e indefesa, Deise era agredida por Jonas desde o tempo do namoro. Ele era bastante agressivo e controlador. Esse tipo de relação, mantida por agressões violentas e silêncios torturantes, seguia o mesmo padrão da relação que sua mãe mantinha com seu pai durante o tempo em que estiveram juntos. Segundo Côrtes (2012), a maior parte das vítimas que sofre violência permanece subjugada ao relacionamento, seja devido à dependência financeira ou à emocional, induzindo episódios cíclicos de violência.

Em algumas famílias, a violência é um segredo guardado entre gerações, sendo que os membros sabem da sua existência, mas acabam emudecendo e produzindo um pacto inconsciente com o agressor em nome de uma pseudo-harmonia no núcleo familiar (Araújo, 2002). Deise relatou que sofria desde intensas agressões físicas até psicológicas, como, por exemplo, ser ameaçada por seu companheiro, receber água quente no rosto para ficar deformada e, ainda, ficar sem roupas quando ele rasgava as que ela usava. Diante dessas ameaças e agressões, ela não conseguia se defender e também não recebia apoio da sua família e da família dele para enfrentar essa situação. Apenas a filha Andréia, que sofria muito por assistir a todas as agressões contra sua mãe, buscava protegê-la, cuidá-la e consolá-la. Segundo Minuchin (1990), a inversão de papéis, com o filho assumindo o lugar do pai/mãe - filho parental - é um arranjo familiar frequente em situação de crise.

 

Figura 3

 

Deise manteve o casamento com Jonas durante 18 anos. Como ela não suportava mais a relação conflituosa, pediu a separação. Sua filha Andréia também mantinha uma relação conflituosa com o pai e não desejava vê-lo. Já Gabriel, o filho mais novo, que também assistia à violência do pai contra sua mãe, tem uma relação próxima do pai e vai visitá-lo sempre que é possível.

Deise manifestou uma imensa preocupação quanto aos filhos que assistiam o cotidiano da violência intrafamiliar. Sente-se impotente de não ter feito nada, de não tê-los protegido. Seus sentimentos eram de reconhecimento e alegria para com a filha Andréia, quando comentou que ela, desde pequena, a acompanhava depois que ocorriam as agressões. Já quando fala do filho Gabriel, seu sentimento era de tristeza, pois ele não demonstrava sofrimento ao assistir as agressões do seu pai contra ela. Deise afirmou que esse comportamento do filho é preocupante, tornando-a muito temerosa de que Gabriel trate futuramente a sua mulher da mesma forma.

Deise dividiu a sua vida em duas etapas ao mencionar que o trabalho foi um dispositivo que a auxiliou a reerguer-se da situação de violência intrafamiliar. Conforme Arriaga e Capezza (2005), eventos significativos de vida, como o trabalho, podem resultar em mudanças na forma como o relacionamento é visto pela mulher. Ela, atualmente, se considera outra pessoa, pois pretendia estudar e fazer a carteira de motorista. De acordo com Strey (2007), o grande desafio para a maioria das mulheres que sofrem a violência, é enfrentar o agressor e buscar ajuda, rompendo com as barreiras internas e culturais do medo e da vergonha, que afetam profundamente a autoestima e a confiança e que atenuam a sua capacidade de reagir, de buscar emprego, de ter autoria da própria história.

Percepção do adolescente sobre a violência

Na análise do genograma de Gabriel, de 12 anos, segundo filho de Deise, estudante do 6º ano do ensino fundamental, percebeu-se que ele não sabia da situação de violência que existia entre os avós maternos nem do conflito existente entre sua mãe e seu avô materno (Figura 4). Chama atenção a clareza com que descreve a configuração familiar de ambos os pais, embora com ausência de crítica sobre os padrões de violência. Confirmando a descrição de Deise, seu filho Gabriel disse que assistia a sua mãe ser agredida com socos, quando ela apanhou por ter mudado o tom da cor do cabelo, quando ela saía de casa e quando ela recebeu a carona de um amigo.

Caso 3: enfrentando a violência do progenitor

Amanda, 36 anos, era a terceira de uma família de cinco filhos. Ela possuía o ensino médio completo e trabalhava como cabeleireira, mas, há cinco anos, estava sem trabalhar e tinha diagnóstico de depressão. Seu pai e sua mãe, ambos de 64 anos, tiveram uma relação conjugal conflituosa, marcada por separações, brigas, traições e demasiado ciúmes por parte do pai. Na época em que a mãe de Amanda engravidou dela, o pai, após registrá-la em seu nome, abandonou-as e ficou por um tempo com uma amante, dando à filha Amanda esse nome em homenagem à amante. Amanda somente conheceu o pai quando era adolescente e nunca gostou do seu nome. Ela mencionou o sofrimento que ouvia de sua mãe em relação a ele e o julgava como ditador e agressor, não desejando estabelecer nenhum vínculo afetivo com ele.

Percepção da mãe sobre a violência

Amanda vivia uma união estável de 17 anos com seu companheiro Flávio, 46 anos, proprietário de um pequeno mercado e usuário de maconha. Com ele teve cinco filhos: Nádia, 16 anos, os gêmeos Flávio e Gustavo, 12 anos, Luis, 11 anos e Rita, seis anos.

Amanda considerava que, no início da relação, eles viviam bem, mas, depois que nasceram os filhos gêmeos, seu companheiro intensificou a agressividade contra as crianças e também o ciúme para com ela, impedindo-a de trabalhar como cabeleireira ou em outros lugares. Ela, por sua vez, deprimiu-se, tendo que iniciar um tratamento psiquiátrico, pois chorava continuamente e não conseguia realizar os trabalhos domésticos. Estudos apontam que mulheres em situação de violência têm mais chances de desenvolver doenças psiquiátricas e, por conseguinte, fazer uso de psicofármacos (Adeodato et al., 2005; Strey, 2007).

Enfatizou que a filha Nádia não estabeleceu um bom vínculo com o pai, pois assistia às constantes agressões e humilhações contra a mãe e auxiliava buscando separar as brigas. Segundo Amanda, as agressões verbais faziam sofrer muito mais que os socos e pontapés de seu companheiro. Ele chegou até dizer que Nádia não era filha dele por ela ser lenta na aprendizagem. Muitas vezes, ele desqualificou a filha, chamando-a de burra e lesma. Amanda percebia a lentidão da filha para realizar diversas atividades, mas também reconhecia que era o seu jeito. Ela comentou que o marido também agredia verbalmente e humilhava as crianças desde que elas eram bem pequenas. De acordo com Penso e Costa (2008), é difícil abordar a violência contra a criança como um problema de maior amplitude social, pois muitas pessoas ainda não compreendem o impacto da violência intrafamiliar como bagagem psíquica e emocional daquele que terá a violência como elemento de interação social, considerando que essa é uma maneira de educar.

Na análise do genograma, constatou-se a repetição do ciclo de violência exercido pelo pai de Amanda contra sua mãe e os filhos para a figura autoritária e agressiva de seu companheiro para com ela e os filhos. Para Camargo (2000) e Day et al. (2003), a violência exercida contra a mulher e os filhos repercute em danos a sua saúde física, psicológica, sexual e social, seja de imediato ou em longo prazo.

Percepção da adolescente sobre a violência

Nádia, primeira filha de Amanda, estudante da 6ª série do ensino fundamental, relatou conhecer os irmãos do pai, os avós e os tios maternos, contudo, não sabia dos conflitos existentes entre os avós por parte de mãe e dos conflitos entre sua mãe e seu próprio pai. Nádia retratou, no genograma, o conflito entre sua mãe e seu pai e também seu sofrimento pelo comportamento agressivo de seu pai, pois presenciava e até separava as agressões físicas entre eles. Por ser espectadora desde a infância das agressões físicas e psicológicas exercidas pelo pai, narrou que, desde os 10 anos, fazia aula de jiu-jítsu, com o objetivo de defender a mãe, os irmãos e ela própria das agressões.

 

Figura 5

 

 

Figura 6

 

Comentou também que seu pai tinha muito ciúmes dela e da sua mãe, chegando a desconfiar até dos irmãos da mãe. Relatou que sua mãe era depressiva e que tomava muitos remédios. Nádia entristeceu-se ao falar sobre a grande preocupação que tinha com a mãe, pois a mesma já tentou se matar e desejava ir embora de casa. Contudo, Nádia sempre falava para a mãe que se ela fosse embora de casa, ela teria que ficar com o pai e que não adiantaria nada a mãe se matar. Segundo Ribeiro e Coutinho (2011), as mulheres vítimas de violência são sujeitos sociais que carregam em si as características culturais da violência de gênero. Essa relação de domínio que o homem exerce sobre a mulher ao longo da história não pode ser entendida como fruto da natureza, mas de um processo instituinte na relação entre as pessoas que se desenvolve em uma construção social. Sendo a violência um construto cultural e social de cada sujeito, Krug et al. (2002) pontuam que a violência é consequência da complexa interação entre fatores que são individuais, sociais, culturais, relacionais e ambientais. Sendo assim, o desafio que se apresenta na saúde pública é entender como esses fatores influenciam a violência e, a partir dessa compreensão, encontrar alternativas de enfrentamento.

 

Considerações finais

Este estudo teve como objetivo explorar as percepções da violência intrafamiliar expressas através da construção do genograma de mães e de adolescentes que viviam em situação de vulnerabilidade social. Todas as mães participantes destacaram as relações disfuncionais com o progenitor e o sentimento de desamparo, temor diante do mundo, ausência paterna, hostilidade e distanciamento que elas expressavam ter na relação com eles.

Observou-se também um padrão de repetição da violência com seus companheiros e a dificuldade de se separarem do agressor, porque acreditavam que, se tivessem sido mulheres melhores, eles não seriam agressivos com elas. Algumas ainda afirmaram amar o companheiro e se sentir incapazes de sobreviverem sozinhas. Em concordância com o relato das mães, os adolescentes também indicaram que se sentiam incapazes de enfrentar a situação de violência exercida pela figura do progenitor, procurando, em última instância, alternativas para defender a si próprios e a sua mãe.

Considerando que a violência é consequência da complexa interação entre fatores que são individuais, sociais, culturais, relacionais e ambientais (Krug et al., 2002), o desafio que se apresenta à saúde pública é encontrar alternativas de enfrentamento que sustentem e encorajem a vítima a enfrentar o ciclo de violência que se perpetua na família. Portanto, cabe ao profissional da psicologia e à equipe multidisciplinar uma postura ética e acolhedora para com essas vítimas, a fim de alterar padrões que causem sofrimento às famílias e aos seus membros (Minuchin et al., 1999). Sabe-se que o trabalho com as mulheres que enfrentam situações de violência é difícil, pois os obstáculos a serem superados deveriam contar com o auxilio de pessoas próximas e com o apoio de instituições, as quais ainda se apresentam frágeis e limitadas diante de tal demanda. Essa constatação é confirmada pelas próprias mulheres que participaram da pesquisa e que, em algum momento dessa relação disfuncional, tiveram a coragem de denunciar o agressor.

Pode-se afirmar que a escuta a essas mulheres e aos seus filhos e filhas, espectadores das agressões, foi uma escuta que se estendeu aos pais, mães, irmãos/as, avôs, avós que compunham o arranjo familiar de origem e atual de cada um dos participantes, que atravessaram e perpetuaram essa dolorosa violência intergeracionalmente.

 

Referências

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Submetido: 10/08/2013
Aceito: 24/09/2013

 

 

1 Artigo derivado do Trabalho de Conclusão do Curso de Psicologia da primeira autora.