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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.7 no.1 São Leopoldo June 2014

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2014.71.06 

ARTIGOS

 

Habilidades sociais e bullying: uma revisão sistemática

 

Social skills and bullying: a systematic review

 

 

Lisete Silva AlmeidaI; Carolina LisboaII

IUniversidade do Vale do Rio dos Sinos. Av. Unisinos, 950, Cristo Rei, 93022-000, São Leopoldo, RS, Brasil. lisetepsi@yahoo.com.br
IIPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga, 6681, Prédio 11, sala 929, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. carolina.lisboa@pucrs.br

 

 


RESUMO

O bullying é um tema importante a ser estudado tanto na verificação das variáveis individuais relacionadas a esse processo, assim como no desenvolvimento de intervenções que possam minimizar ou prevenir o sofrimento psíquico dos envolvidos. Constata-se uma carência de pesquisas que possibilitem um maior esclarecimento acerca das habilidades sociais dos envolvidos no processo de bullying. Nesse sentido, o presente estudo se propôs a elaborar uma revisão sistemática da literatura publicada entre o ano de 2007 até o mês de abril de 2013 sobre habilidades sociais e bullying. O levantamento bibliográfico foi realizado a partir das seguintes Bases de Dados: PubMed, Academic Search Premier - EBSCOhost, PsycINFO, ScienceDirect e ISI -Web of Science, utilizando-se os descritores "habilidades sociais AND bullying" e "social skills AND bullying". Foram encontrados 1.126 artigos, sendo excluídos os artigos no idioma alemão, capítulos de livros, teses, dissertações de mestrado e abstracts, assim como aqueles que não abordavam, concomitantemente, as duas temáticas. Apenas 24 artigos foram analisados após a exclusão das produções segundo critérios referidos. Todos os artigos encontrados foram de âmbito internacional e, na sua maioria, empíricos com delineamento quase-experimental. O instrumento mais utilizado foi o Social Skills Rating System (SSRS) e o país de maior publicação foi a Europa. Observa-se a falta de estudos brasileiros e latino-americanos sobre essas temáticas e evidencia-se a necessidade do desenvolvimento de pesquisas empíricas nesse sentido, uma vez que os resultados de investigações dessa natureza são essenciais para o desenvolvimento de intervenções.

Palavras-chave: habilidades sociais, bullying, revisão sistemática.


ABSTRACT

Bullying is an important issue to be studied aiming to verify individual variables related to this process, as well as to develop interventions that can prevent or minimize the psychological distress of those involved. A lack of research studies that enable a greater clarification of the social skills involved in bullying is observed. In this sense, the present study aimed to conduct a systematic review of literature published between 2007 until April 2013 about social skills and bullying. The literature review was performed using the following databases: PubMed, Academic Search Premier - EBSCO-host, PsycINFO, ScienceDirect and ISI - Web of Science, using the keywords "social skills AND bullying" and "social skills AND bullying". 1,126 articles were found. Articles in German, book chapters, theses, dissertations and abstracts, as well as those studies who did not address, concomitantly, the two themes associated were excluded. Only 24 articles were analyzed after the exclusion of the productions according to the criteria mentioned before. All articles were international, mostly empirical adopting a quasi-experimental and quantitative design. The most widely used instrument was the Social Skills Rating System (SSRS), and the country with a higher number of publications was Europe. The lack of Brazilian and Latin American studies on these issues highlights the need for further empirical research in this direction, since the results of investigations of this nature are essential for the development of interventions.

Keywords: social skills, bullying, systematic review.


 

 

Introdução

Este artigo apresenta uma revisão sistemática realizada a partir de uma pesquisa nas bases de dados PubMed, Academic Search Premier - EBSCOhot, PsycINFO, ScienceDirect e Web of Science referente ao período equivalente ao ano de 2007 até o mês de abril de 2013. Os descritores utilizados foram "habilidades sociais" AND "bullying" e "social skills" AND "bullying". Foi objetivo investigar o que está sendo pesquisado e discutido em relação às habilidades sociais de indivíduos envolvidos em situações de bullying. Por conseguinte, foi possível observar, também, lacunas teóricas, instrumentos utilizados e principais resultados. O material revisado foi discutido com o intuito de fomentar reflexões sobre o assunto e contribuir na promoção de novas ideias e de futuras investigações voltadas para o campo da prevenção e do enfrentamento dessa problemática.

O fenômeno bullying é compreendido como um fenômeno social grave, sendo que, a partir das décadas de 1970 e 1980, passou a despertar a atenção de muitos pesquisadores em função de suas consequências negativas - eventos trágicos entre os jovens incluindo suicídios, intimidações e ameaças constantes foram associadas ao fenômeno (Torres e Acevedo, 2009). Casos de bullying estão sendo identificados cada vez mais, porém, não se pode precisar se a frequência da incidência do bullying aumentou ou se foi o interesse social sobre esse fenômeno que gerou mais pesquisas e visibilidade (Kristensen et al., 2009).

Bullying é o fenômeno pelo qual uma criança ou jovem é sistematicamente agredido sem motivação aparente por um ou mais agressores (Olweus, 1993). Esse fenômeno está associado a diversas consequências negativas psicossociais e ocupacionais, tais como depressão, isolamento e dificuldades nos relacionamentos interpessoais (Torres e Acevedo, 2009). O bullying pode ser identificado através de atos de agressão direta ou indireta. Atos de agressividade de forma direta incluem chutar ou bater, roubar ou estragar objetos, chamar nomes ou pôr apelidos, gozar ou salientar qualquer defeito ou deficiência do colega. Já atos de agressividade de forma indireta incluem ameaças e atitudes que ridicularizam, denigrem a imagem, espalham rumores negativos sobre a vítima, ou excluem, de forma sistemática, os companheiros do grupo (bullying indireto) (Olweus, 1995). Para a identificação desse fenômeno, é fundamental observar o estabelecimento de relações com desequilíbrio de poder e o caráter intencional de exclusão (Craig e Harel, 2004).

Um dos primeiros autores a publicar pesquisas sobre a temática do bullying foi Dan Olweus na década de 1970, na Noruega (Lisboa et al., 2009). Atualmente, resultados do Relatório Internacional da Saúde Mundial (Craig e Harel, 2004) apontam o bullying como um problema mundial que afeta mundialmente um terço das crianças. Estudos no Brasil também observam significativa prevalência do fenômeno (Francisco e Libório, 2009; Kristensen et al., 2009; Malta et al., 2010).

Dentre as consequências do bullying, observam-se vários danos para o desenvolvimento saudável dos jovens, agravando problemas emocionais já existentes ou propiciando o desenvolvimento de diversos transtornos clínicos e dificuldades de aprendizagem (Binsfeld e Lisboa, 2010; Caballo et al., 2011). Além disso, estudos apontam que, muitas vezes, jovens que são vítimas ou agressores apresentam baixa autoestima e sintomas de depressão (Binsfeld e Lisboa, 2010). Sendo o bullying um processo que acontece na interação social entre pares, o envolvimento de uma criança ou adolescente nesse fenômeno, como vítima ou agressora, pode também ter implicações para suas relações sociais (Lisboa et al., 2009).

Os estilos de interação social de jovens e o envolvimento desses no bullying têm despertado a atenção de autores para a relação da experiência de bullying e o desenvolvimento das Habilidades Sociais (HS) (Castro et al., 2003; Crawford e Manassis, 2011; Larke e Beran, 2006; Kristensen et al., 2009). As HS são entendidas como comportamentos que expressam sentimentos, atitudes, opiniões ou direitos de uma forma adequada e eficaz para com o contexto social, respeitando outras pessoas e sendo eficazes para a resolução problemas (Caballo, 2003).

O tema das habilidades sociais tem chamado a atenção de pesquisadores nacionais e estrangeiros pela importância de se fortalecer competências e aspectos sadios do ser humano como também por possibilitar a criação de intervenções que aprimoram as habilidades sociais (Salvo et al., 2005). As habilidades sociais se definem pelas combinações entre as características formais e funcionais de determinadas respostas sociais dos indivíduos.

A diversidade dessa combinação abrange um amplo conjunto de classes de comportamentos que podem ser classificadas como: habilidades sociais de comunicação, de assertividade, de empatia, de solução de problemas interpessoais, de controle das emoções e participação, entre outras. Cada uma dessas classes é geralmente composta por subclasses, como, por exemplo, perguntar, responder, concordar, defender-se de acusação injusta, elogiar, compreender sentimentos alheios e expressar os seus próprios sentimentos, questionar e mediar conflitos entre os colegas, entre outras (Del Prette e Del Prette, 2008).

Pesquisas sobre habilidades sociais desenvolvidas em âmbito nacional e internacional vêm se consolidando no campo da Psicologia (Bolsoni-Silva et al., 2006). É possível encontrar publicações em diferentes temas ou áreas, como: educação escolar, inteligências múltiplas, comunicação, práticas parentais de crianças com problemas de comportamento, assertividade, crenças, identidade social e tratamento de transtorno obsessivo-compulsivo (Bolsoni-Silva et al., 2006). Estudos mais recentes sobre avaliação de habilidades sociais que relacionam assuntos diversos, tais como programas de intervenção, validação de escalas, deficiência intelectual, autismo e síndromes relacionadas, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade também estão sendo desenvolvidos (Biggs et al., 2010; Del Prette e Del Prette, 2009; Vila e Del Prette, 2009; Bandeira et al., 2009; Reiter e Lapidot-Lafler, 2007; Wiener e Mak, 2009).

Em geral, percebe-se que a área das habilidades sociais tem sido extensivamente pesquisada (Del Prette e Del Prette, 2008), porém, existem poucos estudos que investigam as habilidades sociais de jovens envolvidos no processo de bullying (Larke e Beran, 2006; Peeters et al., 2010). Estudos que relacionam essas duas temáticas podem auxiliar na compreensão de suas vicissitudes e na promoção do desenvolvimento de relações saudáveis, seja no ambiente escolar, no familiar ou na comunidade. Este artigo, portanto, se propõe a apresentar uma revisão sistemática sobre estudos que associaram bullying e HS a fim de obter subsídios para se pensar futuras pesquisas, assim como implementações de programas de enfrentamento do bullying.

 

Método

A presente revisão sistemática foi elaborada em três etapas. Em um primeiro momento, foi realizada uma busca junto às bases de dados digitais com os descritores escolhidos, enfocando-se o período de 2007 a 2013. As bases de dados utilizadas foram: PubMed, Academic Search Premier -EBSCOhost, PsycINFO, ScienceDirect e ISI - Web of Science. Os descritores utilizados foram "social skills AND bullying" e "habilidades sociais AND bullying".

No levantamento inicial, foram encontradas 1.126 publicações e apenas 24 artigos foram utilizados. Foram excluídos os artigos em idioma alemão, capítulos de livros, teses, dissertações de mestrado, abstracts assim como aqueles que se repetiram e os que não abordavam a combinação dos dois assuntos de interesse - habilidades sociais e bullying. Foram incluídos somente os trabalhos científicos da língua inglesa (n=23) e da espanhola (n=1), sendo que não foram encontrados artigos na língua portuguesa.

Os artigos foram analisados e categorizados da seguinte forma: (a) características dos artigos (subcategorias - base de dados, local da publicação, artigo teórico ou empírico), (b) categoria metodológica (subcategorias - delineamento e principais instrumentos) e (c) categoria temática (subcategorias - tipo de população estudada, habilidades estudadas e associação de HS e bullying). A organização desses artigos encontra-se na Tabela 1.

Conforme a Figura 1, foram identificados 1.126 artigos no total. Destes, um foi excluído por estar em outro idioma, 13 por serem duplicatas e dez por não serem artigos publicados em periódicos científicos. Após a aplicação deste primeiro filtro, 1.102 artigos permaneceram, os quais foram analisados quanto aos critérios de inclusão, considerando seus títulos e resumos: bullying e habilidades sociais ser a temática principal. Após esse segundo filtro, somente 26 artigos permaneceram, dos quais não foi possível de fazer download de dois conforme solicitação realizada aos autores, restando um total de 24 artigos.

 

Resultados e discussão

Considerando os 24 artigos encontrados, observou-se que, na base de dados PubMed, foi localizado o maior número de publicações - nove artigos - e, na base de dados Web of Science, um total de oito artigos. Na base de dados Academic Search Premier - EBSCOhost, foram encontrados seis artigos e, na Science-direct, foi possível encontrar somente um artigo, sendo que nenhuma publicação foi localizada na base de dados PsycINFO, conforme Tabela 2.

 

 

Identificaram-se 21 artigos empíricos (87,5%) e três artigos teóricos (12,5%), sendo que a maioria dos artigos teóricos situa-se na base de dados Academic Search Premier - EBS-COhost. Destacam-se os Estados Unidos e a Europa com 41% das publicações, cada um, totalizando dez artigos em cada país.

Com relação à prioridade das publicações de caráter empírico, sabe-se que esse tipo de artigo é muito valorizado no sentido de sua capacidade em gerar dados, reflexões e subsídios para outras investigações (Bolsoni-Silva et al., 2006). Mesmo que estudos teóricos sejam também relevantes, observa-se, atualmente, uma valorização de revisões sistemáticas e um número mais baixo de publicações com formato de revisões assistemáticas da literatura. Esse cenário já está sendo identificado no Brasil, mas mais evidente é em outros países. Como os artigos revisados foram internacionais, não é surpreendente que sejam empíricos na sua maioria.

Os trabalhos que empregam metodologias empíricas são largamente utilizados nos artigos sobre bullying (Jacobson, 2010), sendo apresentados, cada vez mais, como uma alternativa de contribuição para o entendimento do fenômeno e construção de futuras intervenções sobre o enfrentamento desse tipo de violência (Frisén et al., 2007; Fox e Boulton, 2005; Kristensen et al., 2009; Larke e Beran, 2006; Woods et al., 2009).

O período em que se obteve maior índice de publicação foi dos anos de 2009 e 2010 (n = 15). Em 2008, encontrou-se uma publicação, em 2007, obteve-se três publicações, em 2011 e 2012 (n=2 artigos, um em cada ano) e em 2013 (n=1 artigo). De acordo com o aumento das publicações nos anos de 2009 e 2010 e do decréscimo entre 2011 e 2012, acredita-se que a tendência é que haja um aumento das publicações sobre as pesquisas que abordam a interação entre processo de bullying e habilidades sociais (Woods et al., 2009), uma vez que diversas pesquisas internacionais sobre a associação destas vêm cada vez mais sendo realizadas (Hallama, 2009; Hirschstein et al., 2007; Raskauskas et al., 2010) por apontarem resultados interessantes relacionados à saúde mental, à prevenção de psicopatologias, a tratamentos e à psicologia Positiva (Koller e Paludo, 2007).

O tipo de delineamento quase-experimental atingiu 87,5% de publicações (n=21 artigos). Os instrumentos para investigação de habilidades sociais e bullying foram variados. Alguns instrumentos constavam em mais de uma publicação, sendo que o mais utilizado foi o System Rating Skills Social (SSRS), atingindo 33% das publicações. Esse instrumento possui reconhecimento internacionalmente, sendo utilizado também em pesquisas nacionais (Bandeira et al., 2006; Bandeira et al., 2009). Convém salientar que a adaptação brasileira desse instrumento no trabalho de Del Prette e colaboradores (Bandeira et al., 2009) evidenciou indicadores de validade e precisão satisfatórios. Outros instrumentos também foram utilizados, tais como: Bully/Victim Questionnaire de Olweus (BVQ) e questionários elaborados pelo pesquisador.

Ainda com relação ao delineamento dos estudos, 15,7% dos artigos foram de cunho qualitativo, utilizando análise de conteúdo; 78,9%, de artigos de cunho quantitativo; 10,5%, de artigos mistos; e 5,2%, de artigos relacionados à pesquisa intervenção (n=1 artigo). Quanto à amostra, observou-se que, na sua maioria, os estudos incluíram crianças e adolescentes de ambos os sexos. A maioria dos artigos estava relacionada com os seguintes assuntos: autismo e síndromes relacionadas, popularidade percebida e transtorno de déficit de atenção. As principais habilidades sociais estudadas foram: empatia, controle das emoções, assertividade, sociocognição, cooperação, responsabilidade, expressão de sentimento positivo, comunicação e socialização.

Considerando o total de artigos encontrados neste trabalho e o local de publicação, nota-se que existem poucas pesquisas internacionais que relacionam os temas bullying e habilidades sociais, sendo que não foi possível utilizar nenhuma publicação nacional (Fox e Boulton, 2005; Larke e Beran, 2006). Pode-se inferir que pesquisadores brasileiros ainda estão realizando poucos estudos investigando habilidades sociais das crianças envolvidas no processo de bullying. Ou ainda, é possível se pensar que os trabalhos desenvolvidos nesse assunto existem, mas estão sendo pouco publicados.

Estudos sobre HS e bullying devem buscar um maior esclarecimento sobre as características das vítimas e dos agressores (Binsfeld e Lisboa, 2010; Larke e Beran, 2006). Reflexões sobre a associação entre bullying e HS podem auxiliar na diminuição dos conflitos e na promoção de resiliência desde a tenra idade através do fortalecimento e do desenvolvimento das habilidades sociais (Del Prette e Del Prette, 2010; Trombeta e Guzzo, 2002).

Quanto à população estudada, a maioria dos artigos investigou crianças e adolescentes, totalizando 87,5% das publicações (n=21 artigos), sendo que somente quatro artigos investigaram a população adulta. Quanto ao sexo, todos os 21 artigos (quantitativos) tratavam de estudos nos quais participaram tanto meninas e meninos, homens e mulheres. A literatura existente mostra que as pesquisas no âmbito internacional sobre bullying, na sua grande maioria, investigam participantes de ambos os sexos (Fox e Boulton, 2005; Larke e Beran, 2006). Salienta-se a importância da comparação entre sexos com relação a comportamentos de agressividade e bullying, assim como de HS. Essas comparações, além de possibilitarem uma reflexão sobre os fenômenos, permitem aprofundamentos sobre papéis de gênero, saúde e resiliência nos dias atuais.

Diversos tipos de habilidades sociais foram encontrados nos artigos científicos estudados (Tabela 3), dentre elas: empatia, controle das emoções, assertividade, sociocognição, cooperação, responsabilidade, expressão de sentimento positivo, comunicação e socialização. De um modo geral, a atenção das pesquisas sobre as habilidades sociais de indivíduos envolvidos no processo de bullying focaliza a compreensão de diversas habilidades, sem que se observe um grupo de habilidades em específico.

 

 

Nos artigos analisados, foi possível encontrar ainda resultados que possibilitam uma maior compreensão acerca das habilidades sociais dos envolvidos no processo do bullying. Os principais achados dos estudos levantados referem-se às vulnerabilidades das vítimas de bullying, características dos agressores e sua função no bullying, percepção da agressividade, intervenções, assim como questionamentos importantes quanto ao fato de ter boas habilidades sociais proteger ou não a criança de se tornar uma vítima.

Em relação às vítimas de bullying, os artigos, na sua grande maioria, apontam para o fato de que esses jovens tendem a possuir um repertório de habilidades sociais pobres e que esse processo pode estar enfatizado quando, ainda, se observa algum tipo de deficiência física ou neurológica importante. No estudo de Bejerot et al. (2011), estudantes universitários da Suécia, entre 19 e 29 anos de idade, com diagnóstico de déficit de atenção e autismo (Síndrome de Asperger), apresentaram baixo desempenho cognitivo e motor, prejuízo em suas habilidades sociais e uma alta frequência de vitimização. Desses jovens, 36% relataram terem sido vítimas de bullying duas a três vezes por mês durante, pelo menos, dois meses, sendo que o risco de esses estudantes se tornarem vítimas-agressores é três vezes maior.

Com relação ao estudo citado, é importante ainda salientar que, no período da educação física, quando jovens são mais exigidos quanto às suas habilidades sociais e motoras, essas vítimas são percebidas pelos agressores como sendo fracas e desajeitadas, reforçando ainda mais o sentimento de desamor e baixa autoeficácia. Houve uma forte correlação entre baixo desempenho na educação física e duração da vitimização (p<0,007) e baixo desempenho na educação física e frequência de ser intimidado (p<0,008) (Bejerot et al., 2011).

O estudo teórico de Biggs et al. (2010) refere que os indivíduos com quadro de Síndrome de Asperger (AS) apresentam pobres habilidades sociais e motoras e que normalmente são vítimas de bullying. Além disso, apresentam prejuízos em termos de autoestima, depressão, ansiedade e evasão escolar.

Os artigos de Bejerot et al. (2011) e de Crawford e Manassis (2011) ratificam a ideia de que crianças com prejuízo na habilidade social e motora apresentam um forte fator de risco para o bullying. Nesse primeiro estudo, 277 adultos com idade média de 31 anos e com pobres habilidades motoras e sociais desde a infância foram avaliados. Desses, 83% relataram terem sido vítimas de bullying na infância. Esse estudo revelou que ter poucas habilidades sociais ou motoras constitui um forte fator de risco para a vitimização, independente do sexo e do diagnóstico de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) ou autismo. No segundo estudo, realizado com crianças e adolescentes entre oito e catorze anos com transtorno de ansiedade e prejuízo nas habilidades sociais observou-se, também, que ter baixa habilidade social e ansiedade elevada é um fator de risco para ser vítima de bullying. Essa descoberta auxilia no tratamento do TDAH e do Transtorno de Ansiedade e na elaboração de programas anti-bullying podendo ser focalizados os fatores de risco e de proteção nas estratégias e medidas de prevenção.

Dados semelhantes também são encontrados no estudo de Wiener e Mak (2009), realizado com 104 crianças entre nove e 14 anos de idade, com e sem o diagnóstico de TDAH, no qual foram identificadas maiores taxas de vitimização nas crianças (bullying direto e indireto), principalmente em meninas que apresentavam TDAH. Segundo Sterzing et al. (2012), as intervenções focalizadas no enfrentamento do bullying precisam visar os déficits fundamentais do autismo e de suas comorbidades, sendo que essas intervenções devem atuar nos altos índices desse tipo de vitimização visando a integração social dos pares, principalmente através do desenvolvimento da empatia.

Nesse sentido, intervenções que contenham treinamento de habilidades sociais (De-Rosier, 2004; DeRosier e Marcus, 2005; Kõiv, 2012; Rubin-Vaughan et al., 2011) e técnicas para mediação de conflitos (Almeida et al., 2009; Cunningham et al., 1998) são sugeridas como alternativas para situações de bullying. Sobre a eficácia do treinamento de habilidades sociais, Kõiv (2012) evidenciou uma redução de 50% nos índices de bullying após esse tipo de intervenção ministrado durante o período de nove meses.

Ainda sobre as pesquisas em relação às vítimas de bullying, o estudo de Lumeng et al. (2010), realizado com 821 crianças, demonstrou que as crianças obesas entre oito a onze anos de idade são mais propensas a serem vítimas de bullying, sendo que o contrário não é verdadeiro, ou seja, o bullying não leva à obesidade. Porém, dados demonstram que obesos com boas habilidades sociais estavam, também, envolvidos com o processo da vitimização.

Outras pesquisas permitem questionar sobre o papel das habilidades sociais no bullying, tais como o estudo de Hamiwka et al. (2009), que comparou as habilidades sociais de crianças americanas entre oito e dezesseis anos de idade, vítimas e não-vítimas de bullying com quadro de epilepsia. Quanto ao resultado, não foi possível verificar diferença nas habilidades sociais, obtendo valores dentro da média esperada em suas habilidades. O estudo realizado por Reiter e Lapidot-Lefler (2007) com estudantes israelenses entre doze e 21 anos, portadores de necessidades especiais, também não conseguiu encontrar correlação significativa entre o papel de vítima, agressor e vítima-agressor e as habilidades sociais, o que parece revelar que existem outros atravessamentos entre esses temas e que não garantem que a pessoa, mesmo apresentando adequadas habilidades sociais, por si só, estará protegida do bullying.

Farmer e Xie (2007) afirmam que os agressores podem apresentar um bom repertório de habilidades sociais. Normalmente, a percepção errônea que se tem é que agressores apresentam déficits em suas habilidades. Entretanto, os agressores podem ser dominadores e usar a agressão para benefício próprio. O estudo de Caravita et al. (2010), realizado com 211 alunos entre oito e onze anos de idade, matriculados na quarta e na quinta série do ensino fundamental em três escolas do norte da Itália revelou que os agressores apresentavam melhores habilidades sociais do que outras crianças (vítimas, defensores das vítimas ou demais crianças que reforçavam a agressão). Foi encontrado que a empatia e a preferência social associam-se negativamente ao bullying, enquanto que a empatia cognitiva e a popularidade percebida correlacionam-se positivamente (Caravita e Blasio, 2008).

A pesquisa de Caravita e Blasio (2008) mostra, também, que os agressores com status de liderança tendem a possuir habilidades para antecipar o comportamento dos pares, compreendendo os estados mentais dos outros, sendo capazes de escolher a criança mais vulnerável, manipulando-a e tratando-a de forma negativa, porém, não possuem capacidade de compartilhar a dor dos outros (empatia afetiva). Assim, a empatia tem sido um fator que influencia tanto para ter comportamento agressivo ou pró-social, ou seja, o fato de ter empatia não impede o sujeito de apresentar comportamento agressivo (Caravita e Blasio, 2008).

O estudo de Peeters et al. (2010) revela ainda que a habilidade sociocognitiva pode diferir quanto aos tipos de bullying e que os agressores podem apresentar um continuum nessa habilidade, apresentando variações no que se refere à inteligência social. Esse estudo aponta, ainda, que a agressividade e a inteligência social não são excludentes, podendo coexistir.

Por outro lado, um estudo identificou déficits importantes nas habilidades sociais de agressores (Garner e Hilton, 2010). Esse estudo analisou 77 crianças envolvidas no bullying quanto a sua capacidade de autocontrole. As análises mostraram que agressores e vítimas-agressores apresentaram baixa autorregulação emocional comparando-se às vítimas e não-vítimas. A dificuldade desses jovens refere-se a interpretar e responder adequadamente as emoções e de compreender as regras culturais.

De um modo geral, o estudo de Zegarra et al. (2009), realizado com 641 jovens entre 12 e 16 anos de idade, apontou que a participação no bullying pode implicar menos habilidades sociais e maior dificuldade de adaptação social, sendo que as habilidades estudadas foram: habilidades sociais básicas, fazer amigos, habilidades de conversação, de solução de problemas interpessoais e de relacionamento com os adultos. Quanto às variáveis relacionais, os meninos tendem a ser mais aceitos e hábeis no grupo de pares.

No estudo de Raskauskas et al. (2010), que contou com a participação de 1.168 alunos, pré-adolescentes e adolescentes, identificou-se que a empatia mostrou-se negativamente relacionada com o comportamento de bullying e positivamente relacionada com o comportamento pró-social. Quanto à intervenção, o programa de treinamento socioemocional teve maior impacto nos problemas internalizantes e externalizantes do que nas habilidades sociais.

Outro estudo elucidado pelos autores Farmer e Xie (2007) considerou que a dinâmica social dos agressores é complexa, pois eles podem apresentar dois tipos de papéis sociais no processo de bullying: o primeiro procura defender-se de agressões futuras e proteger sua posição social (popularidade) e manter-se no domínio - ambos através da agressão, o que os tornam vulneráveis. Além disso, eles podem ser influentes e capazes de usar a agressão a seu favor e a favor dos demais.

Os estudos aqui mencionados que fizeram parte desta revisão sistemática referem que agressores podem apresentar ou não prejuízos em suas habilidades sociais. Esses dados elucidam as controvérsias existentes que alguns autores vêm discutindo e dando a merecida atenção para essas investigações (Fox e Boulton, 2005; Larke e Beran, 2006; Sutton et al., 1999; Woods et al., 2009). Com base nessa evidência, os autores afirmam que o bullying não pode ser explicado somente sob o ponto de vista do déficit de habilidade social (Sutton et al., 1999), pois é possível inferir que os agressores podem não ser totalmente disfuncionais em suas habilidades sociais, podendo apresentar inclusive adequado nível de inteligência social (Andreou, 2006).

Por fim, foi possível encontrar, ainda, um estudo teórico e psicanalítico de Jacobson (2010), em que o autor diz que o bullying não está simplesmente representado pelo déficit de habilidades sociais, mas também pode ser explicado com base na tentativa do sujeito em estabelecer uma identidade. Esse autor defende que, ao invés de treinar os alunos a conviver melhor com os outros, deve-se focar na reconstrução da sua autoimagem.

Todas as características dos artigos abordadas, assim como as categorias metodológicas e temáticas apresentadas, auxiliaram para uma compreensão da dimensão das pesquisas no campo teórico-prático acerca das habilidades sociais em jovens envolvidos no processo de bullying. Em relação às tendências das publicações sobre esse assunto, pode-se inferir que parece haver uma preferência para trabalhos e publicações de cunho empírico, através de métodos quantitativos e delineamento quase-experimental. Acredita-se que as investigações empíricas permitem quantificar e tratar os dados com estatísticas avançadas, identificando preditores, associações e interdependências.

Sugere-se que outros estudos teóricos sobre essa temática sejam realizados, principalmente estudos de revisão sistemática, permitindo identificar assuntos que ainda não foram abordados, temas que necessitam de uma maior investigação assim como pesquisas que já apresentam sólidos conhecimentos no âmbito científico e que podem contribuir no planejamento de intervenções.

Percebe-se, também, que ainda é pequeno o número dessas publicações internacionais, o que aponta a necessidade de pesquisas que investiguem os jovens envolvidos no processo de bullying em termos de suas competências e habilidades. Nota-se, ainda, que esse assunto poderia ser mais investigado em outros países, principalmente, no Brasil.

Há necessidade da construção de instrumentos que avaliem as habilidades sociais apropriados para a nossa realidade, apesar de existirem importantes trabalhos de adaptações brasileiras de instrumentos internacionais, como, por exemplo, a adaptação do instrumento SSRS -Social Skills Rating System realizada pela pesquisadora Del Prette e colaboradores na Universidade Federal de São Carlos (Bandeira et al., 2009).

A elaboração de questionários multimídia pode ser uma alternativa enriquecedora, fortalecendo o campo das habilidades sociais no Brasil e permitindo associações dessa temática com outras. Considera-se importante a implementação de programas (Almeida et al., 2012) e atividades que valorizem o Treinamento das habilidades sociais para o público infanto-juvenil e adulto, protegendo-os de diferentes riscos ao desenvolvimento e não somente nos casos de bullying.

Enfim, este artigo buscou traçar um cenário atual referente às pesquisas sobre HS e bullying, identificando características desses trabalhos, principais resultados e conclusões. Foi possível observar metodologias e população pesquisadas, assim como, a partir dos resultados, pensar caminhos para futuras investigações e debates relacionados a essas temáticas. Espera-se que os resultados dos trabalhos que vêm sendo realizados sobre bullying e habilidades sociais possam ter uma maior divulgação em forma de publicações científicas, assim como também espera-se que a interlocução entre os países interessados no estudo dessa temática se expanda e se fortaleça. Estudos que investiguem a associação entre habilidades sociais e bullying são relevantes para as intervenções em Psicologia Clínica que busquem a promoção da saúde mental e a resiliência de jovens que sofram ou possam vir a sofrer esse tipo de violência.

 

Agradecimentos

Os autores agradecem ao programa PROSUP/CAPES que concedeu uma bolsa de estudo para realização do curso de Pós-Graduação stricto-sensu em psicologia clínica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

 

Referências

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Submetido: 29/05/2013
Aceito: 13/12/2013

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