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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.7 no.1 São Leopoldo June 2014

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2014.71.07 

ARTIGOS

 

Punição corporal e problemas comportamentais em adolescentes

 

Corporal punishment and behavioral problems in adolescents

 

 

Adriana Ferreira Chaves Gomes; Adriano Valério dos Santos Azevêdo

Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Campus Universitário Trindade, 88040-900, Florianópolis, SC, Brasil. adrianaferreira_psi@yahoo.com.br, adrianoazevedopsi@yahoo.com

 

 


RESUMO

O objetivo desse estudo foi investigar as relações entre punição corporal no ambiente familiar e problemas comportamentais em adolescentes. Participaram 15 estudantes do ensino fundamental e médio com idades entre 12 e 15 anos que apresentam comportamentos agressivos na escola. Os adolescentes foram entrevistados sobre as práticas educativas utilizadas pelos seus pais. Verificou-se a ocorrência da punição corporal, e os principais motivos relacionam a falta de obediência e o envolvimento em situações de violência na escola. A punição corporal ocorre por meio da palmada, uso do cinto, murros e chutes, e isso ocasiona reações de raiva, tristeza, medo, e a avaliação dos jovens de que os pais estavam estressados no momento dos atos agressivos. Foram identificados relatos que aprovam o uso da punição corporal de forma moderada, o que evidencia a transmissão intergeracional da violência, entretanto, o disciplinamento de comportamentos por meio do diálogo foi considerado importante. Os resultados destacam que a punição corporal utilizada no contexto familiar apresenta repercussões nos comportamentos agressivos desses adolescentes na escola.

Palavras-chave: adolescência, punição corporal, práticas educativas.


ABSTRACT

The aim of this study was to investigate the relationships between corporal punishment in the family environment and behavioral problems in adolescents. Fifteen primary and secondary students aged 12 to 15 years old with aggressive behaviors at school participated in the study. The teenagers were interviewed about disciplinary practices used by their parents. The occurrence of corporal punishment was reported and the main reasons for this relate the lack of obedience to the involvement in situations of violence at school. Corporal punishment occurs by means of spanking, blows, and kicks which cause reactions of anger, sadness and fear as well as the understanding that their parents were stressed at the moment of the aggressive acts. Reports approving the use of corporal punishment in a moderate form were identified, which highlight the intergenerational transmission of violence, however, the discipline of behaviors through dialogue was considered important. The results highlight that corporal punishment used in the family context presents repercussions in aggressive behaviors of adolescents in school.

Keywords: adolescence, corporal punishment, disciplinary practices.


 

 

A adolescência representa uma fase marcada por transformações físicas e psíquicas, nas quais os jovens apresentam novos comportamentos e com isso buscam a formação da identidade e sua inserção nas relações sociais (Papalia e Olds, 2000). Determinadas experiências vivenciadas na adolescência, por exemplo, as situações de violência no núcleo familiar por meio da punição corporal, necessitam de uma análise crítica para verificar as possíveis consequências desses atos. A punição corporal representa a utilização da força física com o interesse de fazer a criança experimentar sensações dolorosas sem provocar ferimentos, e a principal finalidade consiste em corrigir ou controlar seu comportamento (Straus, 1994).

Para Azevedo e Guerra (2010), o conjunto de atitudes agressivas com o objetivo de disciplinamento moral representa um ato de violência, isso implica dor física e algum tipo de sofrimento psicológico. É importante ressaltar as repercussões psicológicas provenientes da punição corporal, assim, o desenvolvimento de projetos de prevenção cumpre um papel fundamental na construção de diretrizes para preservar a vida de crianças e adolescentes. No Canadá, na Suécia, no Reino Unido e na Dinamarca existem projetos que visam à extinção legal dos atos de violência contra crianças e adolescentes, o que representa avanços importantes no cenário internacional (Badia-Martín, 2003).

Verifica-se que a utilização da punição corporal ocorre no mundo inteiro em distintas culturas conforme apontam as pesquisas (Azevedo e Guerra, 2002; Murphy-Cowan e Stringer, 1999; Straus e Stewart, 1999); uma possível explicação para essa ocorrência refere-se aos ensinamentos que são compartilhados pelo núcleo familiar. A hipótese da transmissão intergeracional da violência enfatiza que os atos agressivos geram outras situações de abuso que são internalizadas e transmitidas para as próximas gerações (Widom, 1989). Posteriormente, as vítimas reproduzem essas situações no ambiente familiar e em outros contextos. Diversas pesquisas indicam as possibilidades de indivíduos submetidos às agressões físicas utilizarem a punição corporal para disciplinar comportamentos (Dietz, 2000; Frias-Armenta, 2002; Mosby et al., 1999; Murphy-Cowan e Stringer, 1999; Saffer, 1999; Taleb, 2001), o que decorre das estratégias utilizadas pelos seus pais ou cuidadores.

A principal tarefa dos pais está relacionada com a apresentação de princípios morais para que seus filhos possam adquirir comportamentos que garantam autonomia e responsabilidade no estabelecimento de relações sociais. Para alcançar este propósito de serem mediadores do processo de socialização de seus filhos, existe um conjunto de técnicas a serem utilizadas com a denominação de práticas educativas parentais (Alvarenga e Piccinini, 2001). De acordo com os referidos autores, o conjunto de estratégias é dividido em duas categorias: técnicas indutivas e coercitivas. Nas técnicas indutivas, os pais utilizam o diálogo com orientações para permitir que a criança inicie o processo de reflexão e desenvolva responsabilidades. Nas técnicas coercitivas, existe a aplicação direta da punição corporal, há agressão física, utilização de ameaças e retirada de privilégios da criança, como, por exemplo, ficar em casa sem assistir televisão.

Essas técnicas permitem o controle do comportamento da criança em função dos métodos educativos utilizados pelos pais, porém, discute-se a utilidade da punição corporal e as possibilidades de mudanças comportamentais efetivas. Pesquisadores indicam que as técnicas coercitivas não favorecem a internalização de regras sociais e padrões morais necessários para o convívio com os indivíduos, principalmente no ambiente familiar (Cecconelo et al., 2003). Isso possibilita compreender que as técnicas coercitivas não contribuem para o desenvolvimento social do indivíduo, por considerar que os atos agressivos propiciam o surgimento de quadros de violência intrafamiliar.

Outros autores (Longo et al., 2002; Sidman, 1995; Straus, 1994; Weber et al., 2004) ressaltam os prejuízos provenientes da punição corporal considerando que a utilização da palmada facilmente evolui para situações de espancamento, o que representa agressão física contra a criança devido à sensação de dor. Existe a necessidade de especificar os limites entre o uso da palmada e a agressão física. Isso representa algo complexo para ser destacado pelos pais que apenas aplicam os métodos de punição sem avaliar as consequências físicas e psicológicas.

Na perspectiva psicológica da teoria comportamental, Skinner (1976 [1956]) destacou que a punição corporal não representa uma estratégia efetiva para o surgimento de comportamentos adequados, por considerar que as reações de raiva e medo apresentadas pelos indivíduos ocasionam o condicionamento de comportamentos de esquiva diante da figura que pune. Os comportamentos considerados incorretos continuam no repertório comportamental da criança. Apenas deixam de serem punidos devido à esquiva, que se refere ao ato de evitar o contato com o estímulo aversivo, e ainda existe a possibilidade do surgimento de reações emocionais em situações nas quais não ocorre a punição. A obediência imediata reforça o comportamento dos pais de utilizar a punição corporal sem considerar as repercussões emocionais e comportamentais de crianças e adolescentes, que muitas vezes expressam o sofrimento diante dos atos agressivos.

A análise do comportamento afirma que a apresentação de estímulos aversivos condicionam comportamentos de fuga e esquiva por meio do reforçamento negativo (Skinner, 1976 [1956]). Isso apresenta repercussões emocionais e comportamentais nos indivíduos submetidos às agressões físicas. Outro autor (Seligman, 1977 [1975]) evidencia que indivíduos com histórico de exposição aos estímulos aversivos apresentam incapacidade para desenvolver respostas de esquiva, principalmente se as punições ocorrem de maneira inesperada, o que ocasiona o fenômeno denominado de desamparo aprendido. Essas conceitualizações teóricas permitem compreender a dinâmica comportamental referente à punição corporal incluindo os efeitos nocivos e sua ineficácia para disciplinar comportamentos.

Na produção científica, as pesquisas indicam que a punição corporal é utilizada com maior frequência pelos pais de crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDHA), e que a depressão materna contribui para o abuso físico dessas crianças (Alizadeh et al., 2007; Blachno et al., 2006; Shin e Stein, 2008). Outros estudos apresentam que a punição corporal está associada à agressão psicológica, e que isto desenvolve comportamentos agressivos naqueles que são submetidos aos castigos físicos, que a longo prazo, repercutem em problemas comportamentais relacionados a violência física (Mulvaney e Mebert, 2007; Gamez-Guadix et al., 2010; Grogan-Kaylor, 2005). Um estudo de neuroimagem com indivíduos que vivenciaram a punição corporal destacou que existe um risco de esses indivíduos desenvolverem depressão e abuso de substâncias (Sheu et al., 2010). Um ponto relevante nesses estudos refere-se à associação entre punição corporal e psicopatologias. A ocorrência desse fenômeno permite evidenciar os aspectos que propiciam o uso das agressões físicas e as consequências para as vítimas.

Um estudo realizado com crianças destacou que a punição corporal provoca problemas psicológicos e dificuldades de ajustamento (Zoysa et al., 2008) e que existe uma associação com baixo desempenho escolar, problemas emocionais e comportamentais (Alyahri e Goodman, 2008). Uma série de efeitos decorrentes da agressão física comprometem diversas áreas da vida, assim as dificuldades emocionais e comportamentais representam desafios a serem enfrentados por esses indivíduos na interação familiar. Por outro lado, os pais que utilizam a punição corporal afirmam que isso apresenta benefícios para a criança, e que a consideram um recurso útil para o disciplinamento de comportamentos (Admassu et al., 2006; Donoso e Ricas, 2009). É possível ressaltar que o discurso destes pais está relacionado com os ensinamentos que foram transmitidos e compartilhados no contexto familiar. Estudos indicam que as mães utilizam a punição corporal com maior frequência nos seus filhos se comparado à figura paterna, e os meninos representam as principais vítimas das agressões físicas (Gamez-Guadix et al., 2010; Tang, 2006). A punição física é utilizada com maior frequência pelas mães com nível socioeconômico baixo (Carmo e Alvarenga, 2012). Esses resultados permitem compreender que os pais apresentam, de maneira geral, uma visão positiva da punição corporal e a figura materna está em uma posição de destaque na utilização dessa prática, entretanto, devido à complexidade do fenômeno, é preciso analisar também os discursos das vítimas de agressões físicas para verificar se existem congruências.

Alguns estudos por meio de metodologias quantitativas buscaram analisar a ocorrência da punição corporal de acordo com os relatos de crianças e adolescentes (Graziano e Namaste, 1990; Rabin, 1997; Rinhel-Silva et al., 2012; Zoysa et al., 2008; Weber et al., 2004), o que permitiu ressaltar que a agressão física tem sido utilizada no núcleo familiar e no ambiente escolar (Stelko-Pereira et al., 2011). Os indivíduos submetidos à agressão enfatizam as reações emocionais vivenciadas nas situações de violência.

Um aspecto que precisa ser investigado refere-se à possível associação entre punição corporal no ambiente familiar e problemas comportamentais em adolescentes na escola, por considerar que a delimitação da ocorrência de atos agressivos e a manifestação de problemas comportamentais representam pontos relevantes. Justifica-se a importância das pesquisas acerca da punição corporal para evidenciar características relacionadas a esse fenômeno com o propósito de direcionar reflexões críticas e ampliar os estudos que foram realizados para verificar novas possibilidades de investigação. As principais contribuições sociais se referem às informações educativas sobre a importância do diálogo entre pais e filhos, o que permite conscientizar sobre práticas educativas que favoreçam o desenvolvimento saudável de seus filhos. Na esfera científica, esse estudo possibilita contribuir para auxiliar as estratégias de avaliação e intervenção psicológica com famílias de adolescentes. Nesse contexto, o presente estudo objetivou verificar as relações entre punição corporal no ambiente familiar e problemas comportamentais em adolescentes na escola.

 

Método

Delineamento

Trata-se de um estudo exploratório de natureza qualitativa com estudantes adolescentes do ensino médio.

Participantes

Participaram da pesquisa 15 adolescentes estudantes do ensino fundamental e médio (7 do sexo feminino e 8 do sexo masculino), com idades entre 12 e 15 anos, que apresentam problemas de comportamento na escola, por exemplo, atitudes agressivas com os colegas, histórico de reclamações, advertências e frequentes notas baixas. O critério de seleção da amostra foi baseado nos resultados da pesquisa de Alyahri e Goodman (2008): o baixo desempenho escolar e os problemas comportamentais de jovens estudantes são provenientes da punição corporal no contexto familiar. Foram selecionados esses indivíduos a partir de informações obtidas pela direção da escola que indicou os alunos que tinham histórico de comportamentos agressivos e envolvimento em situações de violência entre os colegas. A pesquisa foi realizada numa instituição escolar estadual situada numa cidade do interior do Nordeste do Brasil.

Dos 15 participantes, 6 destacam que os pais são separados, destes 1 mora com a irmã e abandonou a mãe devido às situações de violência, 3 moram somente com a mãe e os irmãos, e 2 moram com o pai, a madrasta e a irmã. Sete participantes afirmam que moram com os pais e irmãos. Uma adolescente foi abandonada pelo pai e vítima de atos de violência da mãe, e, com a intervenção do conselho tutelar, passou a morar com a avó. Uma participante mora apenas com os avós. No que se refere à relação entre idade e escolaridade, 9 adolescentes apresentam atrasos no ensino, e estão abaixo do esperado para sua idade, e 6 apresentam idade correspondente ao nível de escolaridade.

Instrumento

Os participantes foram entrevistados individualmente por meio de um roteiro estruturado seguido de questões abertas para realizar o inquérito, buscando explorar os relatos que foram apresentados. Inicialmente, procurou-se investigar as práticas educativas utilizadas pelos pais no contexto familiar, as formas específicas de disciplinamento, e as situações geradoras desses atos. Em seguida, buscou-se verificar as reações de adolescentes, as opiniões sobre as práticas educativas e a avaliação sobre os efeitos provenientes dessa experiência.

Procedimentos

A entrevista foi aplicada numa sala especial da escola, sendo assegurado o anonimato e o sigilo das informações prestadas, para não inibir possíveis respostas que pudessem trazer desconforto aos participantes. Todos os cuidados éticos necessários à pesquisa foram tomados conforme as diretrizes e as normas da Resolução 466/2012 do Ministério da Saúde, que normatiza as pesquisas envolvendo seres humanos, com a devida permissão dos responsáveis legais por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa com seres humanos, processo nº 19/2011.

Análise de dados

A análise de conteúdo (Bardin, 1979) foi utilizada para analisar os relatos dos participantes por meio das seguintes etapas: leitura integral das respostas, contagem da frequência das palavras e das unidades de significado. Em seguida, ocorreu o agrupamento de dados, o que possibilitou a inclusão nas categorias e a descrição das frequências relativas às respostas.

 

Resultados e discussão

Os resultados da pesquisa são apresentados nas seguintes categorias: Prática educativa parental baseada na punição corporal, Tipos de punição corporal no ambiente familiar, Reações provenientes da punição corporal, e Avaliação das práticas de punição corporal.

Prática educativa parental baseada na punição corporal

Todos os adolescentes relataram que os seus pais ou cuidadores utilizam a punição corporal. Isso ocorre devido à desobediência de alguma ordem expressa e por situações diversas: queimou o aparelho de exibir filmes, provocou um ferimento no colega numa partida de futebol, respondeu de forma agressiva, participou de situações de violência na escola. Apenas dois participantes indicam que o desempenho escolar insatisfatório representa o principal motivo para a ocorrência da punição corporal. Esses resultados confirmam as pesquisas de que a desobediência, os comportamentos agressivos e o baixo rendimento escolar representam os principais motivos que levam os pais a utilizarem a punição corporal nos seus filhos (Holden et al., 1995; Vargas et al., 1995; Yousser et al., 1998).

Em relação ao momento da punição corporal, os adolescentes afirmam que os pais estavam estressados por problemas pessoais ou por causa da desobediência diante de alguma norma que não foi cumprida. Isso foi verificado em algumas falas dos participantes: ("geralmente está irritada porque desobedeci a ordem e nem conversa para saber o motivo, já vai logo batendo"; "por outras preocupações acabava descontando em mim"). Segundo Donoso e Ricas (2009), o ato de bater por meio de uma simples palmada ocasiona outros tipos de violência, considerando que a punição corporal muitas vezes é utilizada num momento de descontrole emocional dos pais. A punição corporal representa um risco para situações de maus-tratos e repercute em efeitos negativos no comportamento de crianças e adolescentes (Brandenburg e Weber, 2005). No que se refere aos pais e cuidadores, o estresse (Dietz, 2000; Wade, 2000), a irritação (Graziano e Namaste, 1990), e a raiva (Watson, 2002) predispõem-nos a utilizarem a punição corporal nos seus filhos, o que corrobora os resultados deste estudo.

Tipos de punição corporal no ambiente familiar

Os adolescentes entrevistados afirmam serem punidos pelos pais, inicialmente, com a retirada de benefícios, como, por exemplo, não será permitido assistir televisão, sair com amigos e utilizar o computador, em seguida, ocorre a aplicação da punição corporal quando continuam desenvolvendo comportamentos considerados incorretos.

Na Tabela 1, é possível verificar que o cinto é utilizado na aplicação da punição corporal, seguido de palmada, beliscão, murros, socos, chutes, e puxar o cabelo. Um estudo que buscou analisar as práticas educativas no contexto familiar destacou que crianças e adolescentes que participaram da amostra (88%) foram vítimas de punição corporal e castigo físico por meio da palmada e do cinto, que representam as principais estratégias utilizadas pelos pais (Weber et al., 2004). Esses resultados apresentam congruência com o presente estudo e permitem uma reflexão sobre os métodos utilizados para disciplinar comportamentos.

 

 

Segundo pesquisa realizada por Azevedo e Guerra (2010), a prática da punição corporal por meio de palmadas, tapas, ou pelo uso dos mais variados instrumentos é considerada uma tradição nacional. Conforme as autoras, desde os primórdios da história, famílias brasileiras recorrem ao bater nos filhos com a intenção de discipliná-los, e aqueles pais que nunca bateram continuam sendo absoluta minoria. Considerando a amostra estudada em que todos foram vítimas de punição corporal, fica evidenciado que a disciplina coercitiva representa uma prática comum utilizada no ambiente doméstico. Esses resultados estão congruentes com estudos internacionais. Nos Estados Unidos da América, 90% dos pais ou cuidadores utilizam a punição corporal (Murphy-Cowan e Stringer, 1999; Straus e Stewart, 1999).

Isso possibilita confirmar resultados da pesquisa de Alyahri e Goodman (2008), de que as atitudes agressivas desses adolescentes e os problemas comportamentais na escola apresentam relações com as vivências de punição corporal no contexto familiar. Existe uma associação entre punição coporal e a ocorrência de comportamentos antissociais, o que foi destacado em outras pesquisas (Mulvaney e Mebert, 2007; Gamez-Guadix et al., 2010; Grogan-Kaylor, 2005). De acordo com Ruotti (2010), manifestações de violência na escola são decorrentes das vivências de situações agressivas no ambiente familiar e na comunidade. É possível compreender que a agressão física dos pais direcionada para os filhos representa um fator de risco para o surgimento de problemas comportamentais.

Reações provenientes da punição corporal

A Tabela 2 apresenta as reações de adolescentes ao sofrerem a punição corporal. Verificaram-se sentimentos de raiva, tristeza, humilhação, medo, agressividade com interesse de revidar, e a indiferença ao castigo.

 

 

Um estudo destacou que tristeza, raiva, choro e o comportamento de desafiar o agressor foram as principais manifestações de indivíduos submetidos à punição corporal, e foi possível verificar uma relação significativa entre a intensidade dos atos agressivos com a potencialização da ocorrência de reações emocionais e comportamentais em crianças e adolescentes (Weber et al., 2004). Nas situações em que ocorre a punição corporal, as reações apresentadas pelos indivíduos são negligenciadas pelos pais, assim o uso da agressão física de forma intensa torna-se um fator de risco para ocasionar repercussões emocionais.

As manifestações de agressividade, as mudanças no comportamento, a presença de choro e a apatia em crianças e adolescentes são provenientes do abuso físico vivenviado em outros contextos, por exemplo, no núcleo familiar (Di Leo, 2011; Ribeiro e Martins, 2011). Aspectos relacionados à dinâmica familiar devem ser analisados por considerar que, nas famílias monoparentais, a sobrecarga de tarefas a serem realizadas pelos cuidadores potencializa o uso da punição corporal (Jaeger e Strey, 2011). No que se refere ao contexto familiar dos participantes da pesquisa, verifica-se que oito adolescentes estão inseridos em famílias monoparentais. Trata-se de um aspecto relevante para análise. A utilização de estratégias coercitivas para fins de punição corporal provoca efeitos negativos, tais como comportamentos agressivos e baixa autoestima, que representam um risco ao desenvolvimento de crianças e adolescentes (Patias et al., 2012).

 

Avaliação das práticas de punição corporal

Nesta pesquisa, seis participantes afirmam que a punição corporal apresenta efeitos positivos quando utilizada de forma moderada sem o uso de extrema violência. A pesquisa de Kelder et al. (1991) destacou que os adolescentes consideram correto o uso moderado da punição quando a criança não respeita as ordens de seus pais. O estudo longitudinal realizado por Baumrind (2001) ressaltou que a utilização da punição corporal não ocasiona consequências negativas, desde que os pais apresentem estilo parental adequado com exigência e responsividade caracterizado pela comunicação e pelo respeito mútuo.

Na pesquisa de Weber et al. (2004), no que se refere à avaliação de métodos educativos, as crianças e os adolescentes que foram submetidos às agressões físicas (63%) evidenciaram que a punição corporal deve ser aplicada quando ações incorretas são realizadas, e 51% pretendem utilizar essa forma de disciplinamento nos seus filhos. Isso explica a tendência da punição corporal ser transmitida intergeracionalmente e ser influenciada por fatores culturais, religiosos e sociodemográficos (Brandenburg e Weber, 2005). Existe uma associação entre vivências de punição corporal, a aprovação de atitudes agressivas, e a utilização de atos agressivos nas próximas gerações da família, o que possibilita confirmar a hipótese da transmissão intergeracional da violência (Widom, 1989). Pesquisas apontam que os pais usam a punição corporal nos seus filhos de forma semelhante às situações de agressão física vivenciadas na infância (Dietz, 2000; Frias-Armenta, 2002; Mosby et al., 1999; Murphy-Cowan e Stringer, 1999; Saffer, 1999; Taleb, 2001). Existem relatos de indivíduos que aprovam a punição corporal (Ashton, 2001), e de adultos com vivências de agressões físicas que pretendem utilizar a punição corporal quando tiverem filhos (Graziano e Namaste, 1990).

Os resultados encontrados nesta pesquisa são confirmados pela hipótese de outros autores (Alvarenga e Piccinini, 2001) de que os pais, ao utilizarem práticas coercitivas por meio de atos agressivos, estão modelando o comportamento dos filhos para que esse tipo de estratégia seja utilizada para resolver questões interpessoais. Nos participantes do presente estudo, esses aspectos apresentam congruência com os comportamentos agressivos dos adolescentes no ambiente escolar. Autores enfatizam que crianças e adolescentes disciplinadas no contexto familiar por meio da punição corporal utilizam estratégias semelhantes na interação com colegas e professores (Dos Santos e Ferriari, 2007; Rios e Williams, 2008; Siqueira et al., 2012). Existe uma tendência de os filhos utilizarem os comportamentos de seus pais na resolução de problemas (Costa, 2008), e, quando isso ocorre por meio da agressão física, representa uma estratégia que será utilizada em diversos contextos. Outro estudo clássico (Bandura et al., 1961) confirma esses resultados e evidencia que os indivíduos, ao vivenciarem situações de violência, desenvolvem posteriormente modelos de agressão, ocorrendo maior prevalência naqueles do sexo masculino. Assim, a violência que se inicia no contexto familiar é utilizada em outras situações e representa um modelo a ser seguido pelas próximas gerações.

Nesta pesquisa, nove adolescentes enfatizam que a retirada de benefícios em decorrência da falta de obediência, como, por exemplo, ficar sem assistir televisão, representa uma forma eficaz para ensinar comportamentos adequados, assim como consideram importante o estabelecimento da comunicação entre pais e filhos. Os resultados apontam a aprovação do uso de técnicas indutivas citadas por Alvarenga e Piccinni (2001), que estão relacionadas com a utilização de estratégias educativas baseadas no diálogo.

Sete participantes afirmam que o envolvimento em situações de violência não repercute no medo de serem punidos pelos pais. Isso permite explicar as atitudes agressivas desses adolescentes na escola, que são decorrentes dos atos de violência a que são submetidos no contexto familiar. Verifica-se a ineficácia da punição corporal considerando que a apresentação de estímulos aversivos apenas contribui para efeitos imediatos de obediência. Os comportamentos inadequados ocorrem novamente devido à inexistência de técnicas com reforçadores (Sidman, 1995). Os outros jovens relatam que desenvolvem a reflexão antes de se envolverem em situações que provavelmente geram punição corporal.

 

Considerações finais

Na presente pesquisa, foi possível verificar que existem relações entre punição corporal no contexto familiar e problemas comportamentais em adolescentes na escola. Os resultados apontam para os efeitos negativos da punição corporal, uma vez que os adolescentes afirmam que continuam desenvolvendo os comportamentos considerados inadequados. A indisciplina e o baixo rendimento escolar de crianças e adolescentes estão relacionados com as situações de violência familiar, as quais geram dificuldades de aprendizagem e falta de motivação, e, dessa forma, os professores precisam identificar esses aspectos para possíveis encaminhamentos que se fizerem necessários (Granville-Garcia et al., 2009; Siqueira et al., 2012; Vagostello et al., 2003).

Existe a necessidade de incremento de políticas públicas com ações centradas na família para a orientação de práticas educativas que possibilitem o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Os projetos precisam focalizar a orientação de modelos de interação parental baseados no respeito mútuo e no estabelecimento do diálogo visando uma melhoria dos relacionamentos familiares e, consequentemente, das relações interpessoais nos diversos contextos sociais.

O objetivo da pesquisa foi alcançado e novos estudos sobre a referida temática necessitam ser realizados com entrevistas destinadas aos pais desses adolescentes, o que representa um ponto relevante para a investigação. Sugere-se que futuros estudos comparem o discurso de pais e de adolescentes com problemas comportamentais sobre as práticas de punição corporal correlacionando práticas educativas parentais com variáveis sociodemográficas.

 

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Submetido: 01/08/2013
Aceito: 18/12/2013

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