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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.7 no.1 São Leopoldo June 2014

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2014.71.08 

ARTIGOS

 

Burnout em professores: diferença e análise de gênero

 

Burnout in teachers: difference and analysis of gender

 

 

Mary Sandra Carlotto; Ana Claudia Braun; Sandra Yvonne Spiendler Rodriguez; Liciane Diehl

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Av. Ipiranga, 6681, 90619-900, Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil. mscarlotto@gmail.com, anaclaudiabraun@hotmail.com, psicologa07@gmail.com, licidiehl@gmail.com

 

 


RESUMO

A profissão docente é alvo de inúmeros estressores psicossociais que, quando persistentes, podem levar à Síndrome de Burnout (SB). O presente estudo objetivou verificar se existe diferença entre homens e mulheres nas dimensões e perfis da SB. A amostra não probabilística se constituiu de 474 professores atuantes em diferentes níveis de ensino de Porto Alegre e região metropolitana do Rio Grande do Sul, Brasil. Como instrumentos de pesquisa foram utilizados o Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT) e um questionário para levantamento de dados sociodemográficos e laborais. Os dados foram analisados por meio da prova t de student. Evidenciou-se que participantes do sexo masculino apresentaram maior índice médio nas dimensões de Indolência, Culpa e Perfi l 2. Participantes do sexo feminino revelaram maior índice médio na dimensão de Ilusão pelo Trabalho. Os resultados do estudo apontam para a necessidade de se considerar as diferenças de construção social de gênero no processo de adoecimento da categoria docente.

Palavras-chave: Síndrome de Burnout, estresse ocupacional, gênero, professores.


ABSTRACT

The teaching profession is target of numerous psychosocial stressors, which when persistent, can lead to Burnout Syndrome (BS). The present study aimed to determine if there are differences between men and women in dimensions and profiles of the SB. The non-probability sample consisted of 474 teachers working at different levels of education in Porto Alegre, metropolitan region of Rio Grande do Sul State, Brazil. This study used the Cuestionario para la Evaluación del Syndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT) and a questionnaire to survey sociodemographic and professional data. Results obtained through Student's t test show that male participants have higher averages in the dimension of Indolence, Guilt and Profile 2. Female participants have higher averages in the dimension of Enthusiasm toward the job. The results of the study point to the need to consider the differences in the social construction of gender in the illness process of the teaching category.

Keywords: Burnout Syndrome, occupational stress, gender, teachers.


 

 

Introdução

Transformações ocorridas no contexto do trabalho docente, sejam de natureza organizacional, relacional, curricular, pedagógica ou sociopolíticas, têm conduzido esse profissional a um constante desafio pessoal para responder às novas expectativas projetadas sobre a categoria (Cruz, 2007; Esteve, 1999; Oliveira e Santos, 2011). Na atualidade, assiste-se a um processo de desvalorização da profissão docente acompanhado da expansão das suas funções com consequente aumento de estressores e níveis de estresse (León, 2011; Noronha et al., 2008).

A docência configura-se como uma profissão-alvo de inúmeros estressores psicossociais presentes em seu contexto de trabalho, nos diferentes níveis de ensino (Carlotto, 2012; Gasparini et al., 2006; Gomes et al., 2010). Além de ministrar aulas, o professor deve atender a novas demandas, como o domínio de tecnologias; abordagem de assuntos diversos, como saúde, sexualidade, meio ambiente, educação no trânsito, entre outros (S.F. Dias, 2011); executar trabalhos administrativos; organizar atividades extraescolares; participar de reuniões pedagógicas e de coordenação, de seminários, de conselhos de classe; e atender dificuldades individuais relativas às dificuldades de aprendizagem de alunos (Nacarato et al., 2000). O tempo de execução para as atividades diminui, por conseguinte, aumentando a carga de trabalho extraclasse. O somatório dessas demandas propicia o surgimento de efeitos negativos sobre a saúde mental desse grupo ocupacional (Oliveira et al., 2012).

A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2005) considera a atividade docente como uma das categorias de trabalho mais estressantes, com forte incidência de elementos que conduzem à Síndrome de Burnout (SB). Caracterizada como um fenômeno psicossocial vinculado à ocorrência de riscos no trabalho, surge como uma resposta a estressores emocionais e interpessoais crônicos (Gil-Monte, 2005) acometendo, principalmente, indivíduos que trabalham com pessoas de forma direta, constante e emocional (Maslach, 2003).

Segundo o modelo proposto por Gil-Monte (2005), burnout constitui-se de quatro dimensões: (i) Ilusão pelo Trabalho, indicando o desejo individual para atingir metas relacionadas ao trabalho, sendo estas percebidas pelo sujeito como atraentes e fonte de satisfação pessoal; (ii) Desgaste Psíquico, caracterizado pelo sentimento de exaustão emocional e física em relação ao contato direto com pessoas que são fonte ou causadoras de problemas; (iii) Indolência, evidenciada pela presença de atitudes de indiferença junto às pessoas que necessitam ser atendidas no ambiente de trabalho, assim como insensibilidade aos problemas alheios; (iv) Culpa, evidenciada pelo surgimento de cobrança e sentimento de culpabilização sobre o comportamento e atitudes negativas desenvolvidas no trabalho. Nesse mesmo modelo, o autor delimitou dois perfis de burnout, sendo eles: Perfil 1, caracterizado pela baixa Ilusão pelo Trabalho e alto Desgaste Psíquico e Indolência. Refere-se ao surgimento de um conjunto de sentimentos e condutas vinculadas ao estresse laboral, que origina uma forma moderada de mal-estar, mas que não incapacita o indivíduo para o exercício do seu trabalho ainda que pudesse realizá-lo de melhor forma; Perfil 2, em que há a presença das dimensões descritas no Perfil 1 acrescidas da elevação da dimensão de Culpa. Nesse perfil, encontram-se casos clínicos mais deteriorados, incluindo, além dos sintomas mencionados, sentimentos de culpa decorrentes da cobrança social acerca do papel docente.

Questões de gênero podem estabelecer diferenças significativas no processo de adoecimento (Araújo et al., 2006; Miranda e Lobato, 2009). Estudos que buscam entender a diferença na forma de adoecimento e a relação entre burnout e gênero têm se tornando cada vez mais frequentes, mas seus resultados ainda não são conclusivos (Batista et al., 2009; Carlotto, 2003; Maslach et al., 2001; Hermida e Stefani, 2011; Purvanova e Muros, 2010). Pesquisas apontam que as mulheres têm apresentado pontuações mais elevadas na dimensão de Exaustão Emocional; e homens, na dimensão de Despersonalização (Carlotto, 2003; Norlund et al., 2010; Purvanova e Muros, 2010; Vercambre et al., 2009). Outros estudos, no entanto, não têm encontrado diferença significativa nos escores de burnout entre homens e mulheres (Mohammed, 1995; Pedrero-Pérez et al., 2004; Silva e Carlotto, 2003). Quando ocorre diferença de gênero, esta pode estar relacionada a estereótipos atribuídos a determinadas profissões. Mulheres são frequentemente selecionadas para funções definidas como femininas (Purvanova e Muros, 2010). O papel do sexo n o processo de socialização da expressão de emoções atribui às mulheres maior manifestação de sentimentos, exposição de dificuldades e aspectos relacionados à divisão de responsabilidades Burnout em professores: diferença e análise de gênero familiares (Maslach e Jackson, 1985). Ainda que existam alguns indicadores de maior participação masculina em atividades relacionadas aos filhos, o mesmo não ocorre em relação a tarefas domésticas. O papel desempenhado por homens, nessas tarefas, é de coadjuvante em relação ao das mulheres (Jablonski, 2007).

Estudo de metanálise sobre gênero e burnout, realizado por Purvanova e Muros (2010), identificou, a partir de 183 publicações científicas, formas diferenciadas de sintomas de burnout entre homens e mulheres, destacando a influência de aspectos culturais nacionais e estereótipos de gênero relacionados ao tipo de ocupação. Os autores destacam a importância de estudos que aprofundem essa relação na medida em que auxiliam os trabalhadores a reconhecer e identificar burnout e as especificidades presentes em cada uma das dimensões que o constituem em ambos os sexos. Nessa perspectiva, o presente estudo, de delineamento observacional, analítico, transversal, objetivou verificar possíveis diferenças entre homens e mulheres nas dimensões e perfis da SB em professores.

 

Método

Amostra

A amostra não probabilística é composta por 476 professores pertencentes aos níveis de ensino infantil/fundamental (32,9%), médio (46,5%), fundamental e médio (6,1%) e superior (14,4%) de instituições de ensino de Porto Alegre (RS) e região metropolitana. Como critérios de inclusão no estudo, determinou-se que os professores deveriam estar em atividade docente no momento da coleta e ter ingressado na instituição há mais de 6 meses. Nesse contexto, o sexo masculino foi representado por 32,4% dos professores, enquanto que o sexo feminino correspondeu a 67,6% dos professores.

Os professores do sexo masculino têm, em sua maioria, filhos (61,7%) e companheira fixa (66%). A idade média desses profissionais é de 39 anos (DP=9,50). Possuem, em média, 12,59 anos de docência (DP=8,22), 8,67 anos de exercício profissional na atual escola (DP=7,34) e 9 anos no atual nível de ensino (DP=7,41). Atendem, diariamente, em média, 144 alunos (DP=132). A maioria trabalha em instituições públicas (60,1%) e exerce suas atividades docentes em uma única instituição de ensino (55,2%). Quanto à formação, 41,6% dos professores possuem formação em nível de graduação; 53%, em pós-graduação; e 5,4%, em magistério.

Quanto ao grupo do sexo feminino, 67,3% possuem filhos, e 70,6%, um relacionamento estável, e as professoras têm, em média, 40 anos (DP=9,78). Apresentam uma média de 14 anos de docência (DP=9,57), de 9 anos de exercício profissional na atual escola (DP=7,35) e de 9,62 anos no atual nível de ensino (DP=7,98). Atendem a média de 98 alunos (DP=94) diariamente. A maior parte das professoras trabalha em instituições públicas (65,8%) e realiza suas atividades docentes em uma única instituição de ensino (67,1%). Quanto à formação, 42,9% possuem nível de graduação; 50,2%, de pós-graduação; e 6,9%, formação em magistério.

Instrumentos

Para esta pesquisa, foram utilizados dois instrumentos autoaplicáveis, sendo eles: (i) Questionário elaborado especificamente para o estudo com base no referencial teórico de burnout em professores para a coleta de dados sociodemográficos (sexo, idade, relações pessoais, filhos, formação) e laborais (tempo de magistério, tempo de atuação na atual escola, número de alunos atendidos diariamente, presença de outros vínculos empregatícios, nível de ensino atendido, tipo de vínculo com atual escola); (ii) "Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo" (CESQT), versão adaptada para o uso no Brasil por Gil-Monte et al. (2010). O instrumento conta com 20 itens que se distribuem em quatro subescalas denominadas: Ilusão para o Trabalho (5 itens, alfa = 0,72); Desgaste Psíquico (4 itens, alfa = 0,86); Indolência (6 itens, alfa = 0,75); Culpa (5 itens, alfa = 0,79). Os itens são avaliados com uma escala tipo Likert de frequência de quatro pontos (0, "nunca", a 4, "todos os dias").

Procedimentos

Para a coleta de dados, em todas as instituições participantes, contataram-se a direção de cada escola e os coordenadores de cursos de graduação da universidade a fim de apresentar os objetivos da pesquisa e obter autorização e apoio para a aplicação dos instrumentos. Estes foram aplicados em reunião de professores juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, tendo sido recolhidos ao final do preenchimento em duas urnas disponibilizadas aos professores, uma para o instrumento e outra para o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa atendeu aos procedimentos éticos do Conselho Nacional de Saúde (Ministério da Saúde, 1997) e possui aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Luterana do Brasil.

O banco de dados foi digitado e analisado no pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SSPS) versão 17.0. Foram realizadas análises descritivas de caráter exploratório para avaliar a qualidade do banco de dados, verificando possíveis erros de digitação, distribuição de itens, casos omissos e extremos.

O Perfil 1 foi calculado pela média dos 15 itens das subescalas de Ilusão no Trabalho, Desgaste Psíquico e Indolência; e o Perfil 2, pela média do Perfil 1 somada à média da dimensão de Culpa. Para a comparação dos grupos, utilizou-se a prova t de student, adotando-se como significativo o valor de p <0,05. O tamanho do efeito foi calculado pela diferença média padronizada entre dois grupos (d de Cohen), que considera 0,2 um valor indicativo de um efeito pequeno, 0,5 um efeito médio e 0,8 um tamanho de efeito grande (Cohen, 1992).

 

Resultados

Resultados apresentados na Tabela 1 evidenciam que participantes do sexo masculino possuem maior índice médio nas dimensões de Indolência, Culpa e Perfil 2. Participantes do sexo feminino apresentam maior Ilusão pelo Trabalho (Tabela 1). O tamanho do efeito, calculado pelo d de Cohen para os resultados significativos, variou de 0,21 a 0,28 (efeito médio).

 

Discussão

Neste estudo, cujo objetivo foi verificar a existência de diferença nas dimensões e perfis da SB em professores de acordo com o gênero, os resultados consideraram as implicações dos papéis e os comportamentos sociais desempenhados pelos participantes. A análise norteouse pelas diferenças encontradas na variável sexo, considerando as desigualdades de gênero (Borrell e Artazcoz, 2008). Segundo Rohlfs (1999), os papéis atribuídos e assumidos por homens e mulheres são importantes na explicação de seu estado de saúde. Por essa razão, foi relevante analisar o impacto que o estilo de vida, o processo de socialização e as condições de trabalho têm na saúde das pessoas, para tanto, considerando quais desses pontos são desiguais segundo a perspectiva do gênero.

Os resultados obtidos demonstram diferença significativa entre os grupos nas dimensões de Ilusão pelo Trabalho, Indolência, Culpa e no Perfil 2 de burnout. Participantes do sexo masculino apresentaram maior índice médio nas dimensões de Indolência, Culpa e Perfil 2.

A maior Indolência em homens, definida por Gil-Monte (2005), como indiferença e insensibilidade aos problemas alheios, pode ser entendida a partir do principal estressor psicossocial associado a tal dimensão no contexto da educação, ou seja, as relações interpessoais estabelecidas com alunos, equipes diretiva e técnica, colegas, pais ou responsáveis. Historicamente, a docência e o ato de educar têm sido entendidos como atividades prevalentemente femininas, especialmente, por envolverem o cuidado aos outros (Araújo et al., 2006; Mallar e Capitão, 2004). Além disso, durante a infância, mulheres são socializadas para profissões tradicionalmente femininas, como professora, profissão associada à sensibilidade, ao afeto e à solidariedade (Barros, 2008; Curado e Menegon, 2009; Lima e Martini, 2011). Homens tendem a relutar em engajar-se em profissões que requeiram envolvimento emocional por divergirem da construção social de masculinidade (Caetano e Neves, 2009; Nixon, 2009). Socialmente, o homem não é estimulado a desenvolver habilidades ligadas à docência, levando-o a ter maior dificuldade em lidar com determinados estressores de natureza cognitiva e emocional presentes no cotidiano docente (Gil-Monte, 2005; Zaffari et al., 2009).

Dessa forma, pode-se pensar que homens que optam pela profissão docente acreditam não corresponder aos modelos de socialização que caracterizam a imagem tradicional dessa profissão, podendo desenvolver maior autocobrança quanto a esse papel e, consequentemente, maior dimensão de Culpa. Para Gil-Monte (2005), esse sentimento é resultante de cobranças externas e sentimentos de culpabilização, que podem ser vivenciados por professores quando avaliam que não estão atendendo à expectativa social relacionada ao estereótipo do papel docente. Ainda, Schaufeli e Greenglass (2001) referem que homens tendem a apresentar elevadas expectativas profissionais de sucesso, competição e desenvolvimento, elementos comumente identificados como masculinos na cultura ocidental e que reforçam essa cobrança. Homens em ocupações definidas como femininas são mais propensos a sentirem-se frustrados, por acreditarem não estar preparados para os desafios socialmente impostos em tais profissões (Purvanova e Muros, 2010). Outra questão que pode explicar o sentimento de Culpa é o novo papel que o homem adquire na sociedade e em seu contexto familiar. Teykal e Rocha-Coutinho (2007) afirmam que a cobrança social tem recaído sobre os homens para que estes expressem um comportamento mais participativo e envolvente nos relacionamentos afetivos e familiares. Por esse motivo, quando não ocorre correspondência total do papel exigido do homem, este pode desenvolver sentimentos de culpa tanto em seu contexto familiar quanto no laboral.

Resultados evidenciam maior média obtida no Perfil 2 da SB em homens, perfil no qual ocorre maior prejuízo na execução de suas tarefas, aumento de ausências de longo tempo ao trabalho e comorbidades psiquiátricas. Caetano e Neves (2009) referem que os homens separam a vida privada da pública, sendo objetivos, autoritários, produtivos, competitivos e racionais em seu ambiente de trabalho. Tais comportamentos podem auxiliar na compreensão da elevação do Perfil 2 em homens, sendo que estes tendem a utilizar estratégias de evitação e se tornam mais propensos ao desgaste laboral e à SB (Gil-Monte, 2005; Zaffari et al., 2009). Em comparação ao sexo masculino, mulheres possuem maior rede de apoio social e recursos para se proteger de estressores emocionais e interpessoais gerados pelo trabalho (Barros, 2008; Hermida e Stefani, 2011), o que é fator de proteção à SB (Burke e Greenglass, 1989). A diferença de estratégias utilizadas frente aos estressores laborais pode contribuir para a elevação do Perfil 2 no sexo masculino.

Com relação às mulheres, os resultados evidenciaram maior Ilusão pelo Trabalho, indicando um maior desejo individual de atingir metas relacionadas ao trabalho, percebendo-as como atraentes e fonte de satisfação pessoal (Gil-Monte, 2005). Tal resultado pode ser uma consequência da socialização da mulher e da sua crescente inserção no mercado de trabalho. Compreende-se que, enquanto os homens eram preparados para o exercício de atividades produtivas, as mulheres eram estimuladas para os cuidados dos filhos e os afazeres domésticos, tendo um papel social entrelaçado e subordinado ao cuidado e ao apoio (Bellucci, 2011). Essa representação social da mulher, a partir de sua inserção no mercado de trabalho, ganha sentido e significado no fazer docente e, como consequência, assiste-se a uma forte feminização da docência, sendo a escolha pela formação em nível de graduação e pós-graduação um espaço prioritariamente explorado pelas mulheres (Barros, 2008; A.F. Dias, 2011; Silva e Ferrari, 2011). Assim, a identificação e consequente satisfação pessoal das mulheres podem ocorrer por meio do reconhecimento social e pessoal do seu trabalho, servindo como agentes propulsores de motivação e satisfação pessoal, sendo, consequentemente, um possível entendimento para a elevação da Ilusão pelo Trabalho.

Estudos têm revelado que, apesar da sobrecarga de trabalho, a inserção feminina formal no mercado pode associar-se a uma melhor saúde mental, possivelmente, devido ao aumento do orçamento doméstico e à proteção contra o isolamento, a monotonia e o baixo status social (Ludemir, 2000). Ainda, a multiplicidade de habilidades e tendência em executar várias tarefas, ao mesmo tempo, no âmbito doméstico ocasionam considerável potencial feminino na ocupação de diferenciados cargos no mercado de trabalho (Stein, 2000), podendo proporcionar melhores condições em lidar com estressores ocupacionais. Ocupações identificadas como femininas tendem a ter diversos estressores emocionais e interpessoais (Maslach et al., 2001). Mulheres, pelo processo de socialização de gênero, desenvolvem maiores habilidades para lidar com esses estressores (Purvanova e Muros, 2010) e buscam suporte social para auxílio de dificuldades (Silva e Carlotto, 2003), aspectos que podem explicar a melhor avaliação de que o trabalho é fonte de realização profissional.

 

Conclusão

Este estudo, na medida em que identificou diferenças nas dimensões e perfis de burnout em homens e mulheres, confirma a relevância de se considerar a variável sexo a partir de uma perspectiva de gênero em pesquisas que tenham como temática o adoecimento ocupacional em professores, tendo em vista que os resultados obtidos ainda são controversos (Purvanova e Muros, 2010). No presente estudo, que utiliza um modelo teórico que possibilita identificar perfis de adoecimento, homens apresentaram médias mais elevadas no Perfil 2, de maior comprometimento cognitivo, emocional e comportamental. Tal resultado vai de encontro à ideia popularmente difundida de que mulheres tendem a ser mais vulneráveis a doenças ocupacionais e transtornos mentais relacionados ao trabalho, como é o caso da Síndrome de Burnout (Purvanova e Muros, 2010). O estudo apresenta algumas limitações a serem consideradas na leitura de seus resultados: a primeira é o seu delineamento transversal, o que impossibilita a análise de relações causais; a segunda a ser considerada é o tipo de amostra não probabilística, que inviabiliza a realização de generalizações; a terceira diz respeito ao caráter regional da amostra investigada, a qual foi selecionada de instituições localizadas em zona urbana de uma região específica do Brasil, consequentemente, impedindo a generalização de seus resultados para outras regiões; a quarta refere-se a como foram utilizadas apenas medidas de autorrelato, isso pode ocasionar algum tipo de viés em razão da desejabilidade social que algumas questões abordam. No caso particular deste estudo, por exemplo, podem-se citar as questões relacionadas com a dimensão de Indolência, pois é difícil para o docente admitir que se distancia e trata de forma impessoal seus alunos.

Os resultados obtidos indicam a necessidade de aprofundamento em estudos longitudinais e estudos que avaliem diferenças de variáveis preditoras do burnout em homens e mulheres. Em relação a possíveis intervenções, sugere-se que sejam consideradas as peculiaridades de homens e mulheres, principalmente, aquelas decorrentes dos estereótipos sociais relacionados às profissões tipificadas como femininas, como é o caso da docência. Essas, tanto em nível de formação como no exercício profissional, devem focalizar a docência com base na identidade profissional que se consolida na ação cotidiana e no significado social da prática docente, prática exercida por pessoas, homens e mulheres.

 

Referências

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Submetido: 05/05/2013
Aceito: 03/10/2013

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