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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.8 no.1 São Leopoldo June 2015

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2015.81.05 

ARTIGOS

 

Estudo de caso sobre a revelação da violência sexual contra meninos1

 

Case study on the disclosure of male sexual violence

 

 

Jean Von HohendorffI; Samara Silva dos SantosII; Débora Dalbosco Dell'AglioIII

IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 104, 90035-003, Porto Alegre, RS, Brasil. jhohendorff@gmail.com
IIUniversidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000, prédio 74B, sala 3210, 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. silvadossantos.samara@gmail.com
IIIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 115, 90035-003, Porto Alegre, RS, Brasil. dddellaglio@gmail.com

 

 


RESUMO

A revelação da violência sexual (VS) tem sido descrita como um processo importante, culminando com o relato das vítimas acerca da violência sofrida. A maioria dos estudos sobre o assunto tem como foco vítimas do sexo feminino, dificultando a generalização de seus resultados para vítimas do sexo masculino. Diante disso, o objetivo desse estudo foi compreender o processo de revelação da violência sexual sofrida por um menino, a partir do relato de sua mãe, por meio de um estudo de caso. Realizou-se uma entrevista semiestruturada com a mãe do menino, a qual abordou questões sobre a descoberta da VS, sentimentos e reações maternas e a repercussão do fato para a família e para a vítima. A análise da entrevista foi organizada em três eixos: (i) revelação da VS como um processo; (ii) as reações maternas frente à descoberta e; (iii) repercussões da VS. A descoberta sobre a VS ocorreu a partir de conversas entre mãe e filho, que permitiram que a situação fosse revelada aos poucos. O impacto da revelação desencadeou na mãe sentimentos de culpa e preocupações com a sexualidade do filho. Destaca-se, portanto, a importância da rede de apoio familiar e institucional, com serviços e profissionais capacitados para atuar nesse momento de crise familiar advindo da revelação da VS. Além disso, ressalta-se a importância de estudos na temática da violência sexual contra meninos.

Palavras-chave: abuso sexual infantil, masculino, revelação.


ABSTRACT

The disclosure of sexual violence (SV) has been described as an important process culminating with the victim's report about the violence suff ered. Most studies about this issue are focused on female victims, which makes it difficult to generalize their results to male victims. Therefore, the objective of this study is to understand the process of disclosure of SV suffered by a boy on the basis of the report by his mother, through a case study. A semi-structured interview was conducted with the child's mother, who talked about the discovery of this case of SV, her feelings and reactions as a mother and the repercussions for the family and victim. The analysis of the interview was organized around three axes: (i) disclosure of SV as a process; (ii) maternal reactions to the discovery; and (iii) repercussions of the SV. The discovery of the SV resulted from conversations between mother and son that gradually revealed the situation. The revelation's impact on the mother caused guilt feelings and concerns with her son's sexuality. Therefore, the article highlights the importance of the network of familial and institutional support as well as of the services and qualified professionals to act in family crises. Moreover, it emphasizes the importance of studies on the issue of sexual violence against boys emphasized.

Keywords: child sexual abuse, male, disclosure.


 

 

Introdução

A violência sexual (VS) contra crianças e adolescentes tem se configurado um problema de saúde pública no mundo. No Brasil, o Disque Denúncia Nacional - Disque 100 (Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, 2010) recebeu e encaminhou, no período entre maio de 2003 e março de 2010, 214.689 notificações de violência sexual, negligência, violência física e psicológica, nas quais o sexo da vítima foi informado. Dentre essas notificações de violência (i.e., sexual, negligência, física e psicológica), o percentual que mais diferiu entre as vítimas foi no índice de VS, com índices de 62% para o sexo feminino e 38% para o sexo masculino. Em todas as modalidades apresentadas (i.e., exploração sexual, tráfico de crianças e adolescentes, abuso sexual e pornografia), as vítimas do sexo feminino foram em maior número, obtendo o índice de 82% nas ocorrências de exploração sexual. Essa diferença entre meninas e meninos foi menor nas situações de VS e pornografia, sendo a frequência para esses últimos de 30%.

O menor número de casos notificados de VS contra meninos pode ocorrer devido à dificuldade que as vítimas possuem em relatar o ocorrido. Especificamente em casos de meninos vítimas, o processo de revelação parece ser dificultado devido a aspectos culturais (Hohendorff et al., 2012), os quais demarcam as concepções de masculino e feminino. Frequentemente é possível identificar nos discursos sociais crenças do tipo: "homem não demonstra sensibilidade ou não pede ajuda", como referência de masculinidade (Hohendorff et al., 2012). Diversas culturas são baseadas na independência e no estoicismo masculino (Almeida et al., 2009; Sanderson, 2005), características incongruentes com o papel de vítima de VS.

As percepções sociais acerca de meninos e homens vítimas de VS foram inclusas no modelo de Spiegel (2003) acerca da dinâmica da VS em vítimas do sexo masculino. Nesse modelo, a VS ocorreria por meio de seis categorias, as quais podem ser entendidas como fases. Inicialmente ocorre a sujeição, fase na qual os agressores buscam se aproximar das vítimas com o objetivo de estreitar laços de afeto e confiança. Em seguida, iniciam-se as interações sexuais, ou seja, a fase da VS propriamente dita. Na sequência ocorrem o encobrimento e a invalidação, nas quais as vítimas buscam anular a ocorrência da VS. Tendo em vista que isso não é possível, as vítimas se reconciliam com a VS e não percebem alternativa para cessar sua ocorrência. O conflito gerado pela busca de encobrimento e invalidação da VS aliada à percepção de que isso não é possível (i.e., reconciliação) resulta em uma compensação na qual as vítimas podem desenvolver um "self compensatório" (Spiegel, 2003, p. 207). Esse "self compensatório" pode ser hipermasculino, buscando reafirmar a identidade de gênero por meio de comportamentos considerados típicos para meninos e homens; feminino, desenvolvendo características típicas do gênero feminino; andrógino ou indiferenciado. A busca por encobrimento e invalidação da VS pode ser entendida como uma tentativa das vítimas masculinas em adequar sua experiência às percepções sociais sobre VS (e.g., "Meninos não são vítimas", "Ocorre somente com meninas"), ao passo que a compensação pode ser entendida como uma tentativa de adequação às percepções sociais sobre o gênero masculino (e.g., ser forte, corajoso, invulnerável) e sua incompatibilidade com ser vítima de VS (e.g., vulnerável, dominado pelo/a agressor/a).

Estudos internacionais têm identificado as barreiras para a revelação da VS entre vítimas do sexo masculino. Barreiras relacionadas a aspectos socioculturais como o pensamento de que ser vítima de VS é inaceitável para um menino e homem, a percepção de que as pessoas considerariam as vítimas como "gays" (Sorsoli et al., 2008), o medo de ser homossexual, sentimentos de estigma e isolamento por conta da crença de que meninos raramente são vítimas foram constatados em homens vítimas de VS na infância (Alaggia, 2005).

Em um estudo brasileiro com meninos vítimas de VS entre 7 e 13 anos (Kristensen, 1996), os motivos para a não revelação foram o medo da reação dos pais, de uma possível desestruturação familiar e da reação dos agressores. Os casos só foram revelados a partir de comentários de vizinhos ou sinais apresentados pela criança (e.g., sangramento anal e comportamentos atípicos), demonstrando, então, que a revelação da VS não foi uma escolha das vítimas. A negação e a retratação da VS, especialmente em vítimas de sexo masculino, foram um aspecto observado numa análise realizada em prontuários (Baía et al., 2013).

A revelação da VS tem sido descrita como um processo importante, culminando com o relato das vítimas acerca da violência sofrida (Jensen et al., 2005; Plummer, 2006). É a partir dela que as medidas protetivas (Brasil, 1990) podem e devem ser efetivadas. A revelação pode ocorrer de forma intencional, quando as vítimas decidem o momento e a pessoa para quem relatar; quando são questionadas; ou, ainda, de forma acidental (não intencional), quando deixam escapar elementos sugestivos de uma interação abusiva (Lovett, 2004; Sgroi et al., 1982).

A VS costuma desencadear uma série de consequências para meninos vítimas, tais como problemas físicos (e.g., lesão corporal, doenças sexualmente transmissíveis); emocionais (e.g., medo, culpa, ansiedade, depressão), cognitivos (e.g., autoimagem pobre, confusão quanto à identidade de gênero e orientação sexual) e comportamentais (e.g., retraimento social, comportamento sexual inapropriado, agressividade - Hohendorff et al., 2014). Em nível familiar, após a revelação, podem ocorrer sentimentos como pânico, raiva, tristeza, choro (Lovett, 2004), dúvidas quanto à orientação sexual das vítimas, dificuldades de estabelecer limites às vítimas e receio de que os meninos se tornem agressores (Almeida et al., 2009).

As mães têm sido indicadas como figuras importantes nas situações de VS, pois frequentemente são a elas que a VS é revelada. Além disso, suas reações podem ser um elemento decisivo para a recuperação das vítimas (Arabolaza e Piedra, 2001). A literatura indica que variáveis relativas à interação da VS (e.g., idade da vítima no início dos episódios, frequência, severidade e duração dos mesmos), variáveis individuais (e.g., histórico de doença mental anterior à VS, estilo atribucional e uso de estratégias de coping), além de outras variáveis familiares e contextuais(Arboleda et al., 2011; Hohendorff et al., 2014), devem ser consideradas ao se avaliar o impacto da VS para as vítimas.

Considerando a importância da revelação da VS, compreender como ela ocorre e os seus desdobramentos pode auxiliar a gerenciar a situação de crise individual e familiar que muitas vezes ocorre. Diante disso, o objetivo desse estudo foi compreender o processo de revelação da VS sofrida por um menino, a partir do relato de sua mãe. Especificamente, buscou-se explorar as reações emocionais e comportamentais, as interações e as repercussões desse acontecimento na família.

 

Método

Realizou-se um estudo de caso (Yin, 2005) com o objetivo de compreender a revelação da VS na perspectiva de uma mãe de um menino vítima. Optou-se por esse delineamento tendo em vista que o caso selecionado pode representar o fenômeno investigado, permitindo uma compreensão do processo ocorrido de forma qualitativa. Especificamente sobre meninos vítimas de VS, dados epidemiológicos nacionais recentes indicam o número escasso de casos revelados, dificultando, assim, a realização de pesquisas quantitativas com essa população (Hohendorff et al., 2014).

 

Apresentação do caso

Participou desse estudo uma mãe (37 anos, ensino médio completo, divorciada, atendente de residencial para idosos) de um adolescente de 12 anos, vítima de VS extrafamiliar aos 9 anos perpetrada por um vizinho (aproximadamente 40 anos). Residia numa casa alugada com seus dois filhos (12 anos, vítima, e 17 anos, sexo feminino). Enquanto a mãe trabalhava no período noturno, a filha ficava responsável pelos cuidados em relação ao irmão. Os filhos costumavam ver o pai frequentemente, o qual se mostrava interessado na educação e bem-estar dos filhos, embora não auxiliasse diretamente nessas questões. A mãe relatou que sempre procurou conversar e alertar seus filhos para diversos problemas (e.g., uso de drogas e comportamento infrator), inclusive em relação a situações de VS.

Conforme o relato da mãe, o agressor era uma pessoa de confiança da família. O menino frequentava sua casa para jogar videogame, e essa relação de amizade foi ganhando proporções que levaram a participante a ficar mais atenta e a questionar-se. Ela buscou investigar tal situação com o filho, perguntando-lhe diretamente sobre o seu interesse em relação ao vizinho. O menino mudava de assunto, na tentativa de tranquilizá-la, mas a mesma permaneceu desconfiada. Aproximadamente uma semana depois, o menino afirmou estar sofrendo ameaças, nas quais esse vizinho dizia que iria agredi-lo fisicamente e difamar sua imagem perante seus amigos. A participante decidiu passar alguns dias na casa de uma amiga com o objetivo de afastar seu filho do vizinho e compartilhar essa desconfiança com o pai de seus filhos.

Mãe e pai costumavam acessar as redes sociais do filho e, inclusive, tinham a senha do Messenger (i.e., ferramenta utilizada para conversas online em tempo real), passando a monitorá-lo diariamente. O pai, então, conseguiu conversar online com o vizinho, que pensava estar falando com o menino. Ele ligou para a mãe do menino, que estava na companhia do filho. Ela, então, informou o menino sobre a conversa de seu pai com o vizinho e o pressionou para falar a verdade. O menino acabou relatando que o vizinho o obrigava a realizar sexo oral e que havia fotos desses episódios. O agressor ameaçava publicar tais imagens caso o menino revelasse o abuso. Diante disso, a mãe entrou em contato por telefone com um advogado, que a orientou a procurar o Conselho Tutelar (CT) e realizar o boletim de ocorrência. A mãe e o pai conversaram com o filho sobre realizar este boletim de ocorrência, explicando que provavelmente seriam realizados exames físicos e que teria que relatar o que havia acontecido para algumas pessoas. Todos esses procedimentos foram efetivados logo após a revelação da VS, que ocorreu no final de 2008, e a família passou a aguardar informações sobre o andamento das investigações.

 

Instrumentos

Roteiro para entrevista semiestruturada: conteve questões referentes à descoberta da VS pela mãe, seus sentimentos e reações, bem como à repercussão do fato para a família e vítima. As principais perguntas foram: "Como você ficou sabendo da VS que seu filho sofreu?", "Como você se sentiu e como reagiu diante da revelação e o que ocorreu depois disso?". A entrevista ocorreu nas dependências do serviço onde o menino estava recebendo acompanhamento psicológico e durou em torno de uma hora e trinta minutos. A entrevista foi gravada em áudio e transcrita para posterior análise.

Protocolo para registro de dados: a fim de complementar a entrevista, foi utilizada uma ficha na qual foram anotadas informações sobre o caso, contidas no prontuário de atendimento do serviço onde a família do menino estava sendo atendida.

 

Procedimentos e considerações éticas

Esse estudo de caso é advindo da pesquisa intitulada "Uma análise do contexto de revelação e notificação do abuso sexual: A percepção de mães e de adolescentes vítimas", no qual 27 mães de vítimas foram participantes (Santos, 2011). Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS; protocolo 08/03). A proposta de pesquisa foi apresentada ao serviço responsável pelo acompanhamento psicossocial dessa família, sendo solicitada a assinatura do Termo de Concordância. Após concordância do serviço, a pesquisa foi apresentada à participante e foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A entrevista foi conduzida por uma pesquisadora com formação em psicologia, sendo que o bem-estar da mãe foi observado, tendo em vista que algumas questões relacionadas às experiências da VS poderiam desencadear desconforto psicológico.

 

Resultados e discussão

A análise qualitativa foi organizada em três eixos estabelecidos a priori a partir da literatura. Estes contemplaram: (i) a revelação da violência sexual (VS) como um processo; (ii) as reações maternas frente à descoberta; e (iii) as repercussões da violência.

 

Revelação da violência como um processo

No caso pesquisado, a VS foi revelada após questionamentos da mãe, que estava desconfiada da natureza da amizade de seu filho com o vizinho. A desconfiança dessa mãe de que algo estranho pudesse estar ocorrendo com seu filho fez com que ficasse atenta e avaliasse uma série de informações, que envolveram o comportamento do filho, do vizinho e o relacionamento entre eles. Um estudo (Plummer, 2006) que investigou a revelação da VS na perspectiva de 125 mães de crianças e adolescentes de ambos os sexos, utilizando um questionário sobre a descoberta da VS, concluiu que a revelação é caracterizada por um processo no qual as mães buscam avaliar as situações, reunir informações, percepções e fragmentos do que veem e escutam de seus filhos. Ao tomar conhecimento da VS, as mães acionam um processo interno de elaboração, na tentativa de buscar registros que as auxiliem a estabelecer uma conexão com o que foi relatado. No caso pesquisado, esse processo de descoberta ocorreu anteriormente à revelação propriamente dita. A mãe relatou um episódio, que funcionou de alerta e que, de alguma forma, corroborou suas desconfianças prévias: "Um dia cheguei em casa e encontrei, por baixo da porta, uma foto do meu filho rasgada. Essa foto estava com ele [agressor], porque tiramos na praia, numa das vezes que nos encontramos lá. Achei estranho isso e a primeira coisa que me veio foi que isso era coisa de alguém com ciúmes". Esse comportamento aumentou a desconfiança da mãe em relação à amizade entre o vizinho e seu filho.

Embora o caso pesquisado retrate um caso de VS extrafamiliar, existia uma relação de confiança e proximidade com o agressor, o que pode ter contribuído para a manutenção do segredo por algum tempo. A familiaridade com o agressor pode fazer com que as vítimas demorem mais tempo para revelar a VS (Hershkowitz et al., 2007). A confrontação com o filho foi o recurso que a mãe utilizou para obter a revelação, conforme se pode verificar na fala da mãe na qual relata um diálogo com seu filho: "Se aconteceu alguma coisa, eu quero que tu fale comigo, porque ele [agressor] vai falar com o teu pai, então eu quero que tu fale comigo... Ele negava, mas eu insistia, daí ele me contou que ele havia feito sexo oral nele. Tá, e que mais, eu perguntei... Que mais ele fez? Ele [filho] tava mal, o [nome do filho] tremia assim... Aí eu, tá que mais [nome do filho]?". Isso enfatiza o aspecto dinâmico das interações no processo de revelação da VS. A insistência da mãe em tomar conhecimento de tudo o que ocorreu não a impediu de perceber a fragilidade de seu filho ao relatar a violência.

Na busca por descobrir o que está acontecendo com seus filhos e protegê-los, algumas mães podem querer extrair a verdade dos fatos, correndo o risco de esquecer o quão delicado é para as vítimas exporem o que sofreram. Se, por um lado, é possível identificar mães que, apesar da incerteza, conseguem reunir informações e confirmar sua suspeita, por outro lado, também é possível identificar mães que podem permanecer por muito tempo na fase de suspeita, sem conseguir ter a iniciativa de conversar diretamente com seus filhos (Sattler, 2011).

 

Reações maternas

Ao tomar conhecimento da VS, a mãe relatou raiva, culpa e confusão: "Eu me senti muito culpada, com muita raiva, com muito nojo, muito confusa também, sem saber o que fazer realmente, mexer com isso, não mexer". Entretanto, procurou não demonstrar isso ao filho, tentando lhe assegurar que estava fazendo o certo em contar acerca da VS. "Foi uma coisa horrível, tu tá escutando uma coisa pra mim que foi monstruosa. Mas eu não podia nessa hora me descontrolar porque ele [filho] tava mal". A participante demonstrou preocupação com o bem-estar de seu filho, procurando conter seus sentimentos naquele momento, apesar de não se perceber preparada para lidar com a situação. Quando ficava sozinha, cobrava-se por não ter cuidado ou impedido a VS: "Sei lá, eu sempre avisei os filhos pra se cuidar, mas eu mesma não sabia como cuidar eles".

A descoberta da VS costuma desencadear reações maternas (e.g., raiva, medo e tristeza) que tendem a ser percebidas pelas vítimas. Estudos que investigam a percepção das vítimas, em sua maioria meninas, frente à revelação têm afirmado que elas observam as reações da pessoa para quem revelaram e as utilizam como referência para o que podem ou não falar. A revelação envolve, então, uma interação dinâmica entre as vítimas e seus confidentes na qual simultaneamente recebem, processam, avaliam e reagem às informações (Jensen et al., 2005; Staller e Nelson-Gardell, 2005). Num estudo que avaliou as reações parentais frente à descoberta da VS, foi verificado que 37% dos pais expressaram reações apoiadoras, de compreensão e acolhimento, enquanto 63% demonstraram reações não apoiadoras, que envolveram agressividade e culpa (Hershkowitz et al., 2007). No caso pesquisado, a mãe relatou que sabia que precisava tomar cuidado com suas reações, além de processar todas as informações para avaliar qual seria a melhor conduta naquele momento.

As reações maternas diante da descoberta da VS podem, ainda, assumir características protetivas (e.g., acreditar no relato e buscar o afastamento dos agressores) ou não protetivas (e.g., não observação de comportamentos anteriores das vítimas e não preocupação em procurar ajuda e realizar a notificação (Santos e Dell'Aglio, 2009). Essa reação depende do processo de elaboração da mãe após a descoberta e da dinâmica das interações com os demais membros da família ou com os profissionais da rede de proteção.

No caso pesquisado, os pais do menino tiveram cuidado para que o filho tomasse conhecimento dos encaminhamentos e procedimentos necessários. Apesar de consultarem o menino quanto à notificação, o qual poderia não concordar com sua realização, a conduta dos pais pode ser considerada protetiva: "Eu falei com meu filho, o pai veio, né, aí falamos com ele. Que o mais certo era fazer a denúncia no Conselho, que o que ele [agressor] havia feito tava errado, possivelmente tava fazendo com outras crianças também e que, a partir do momento que a gente vai denunciar, ele [filho] vai ter que falar com outras pessoas, expliquei que tinha que passar por um exame físico, tudo o que ia acontecer. Mas que dependia dele [filho], que nós achamos que o certo era fazer, mas se não queria fazer, nós não tínhamos como obrigar a fazer. Aí ele [filho] falou que sim".

 

Repercussões da violência

No caso pesquisado, a mãe expôs alguns aspectos que observou como consequência da violência sofrida pelo menino: o conhecimento do menino sobre questões relacionadas à sua sexualidade e o temor de como isso repercutiria no seu futuro, dificuldade em estabelecer confiança em novos relacionamentos e alterações nas rotinas de cuidados com o filho. Estes aspectos são exemplificados em trechos da entrevista, apresentados a seguir.

"Ele já conhece uma parte sexual dele, que dá prazer, então tenho medo de que ele, estando com outros amigos, tenha uma experiência diferente ou que possa estar começando assim incentivar as outras crianças. Então fica aquela desconfiança de que ele possa estar fazendo algo errado". Cuidadores não abusivos podem temer que a VS interfira na sexualidade das vítimas, especificamente em relação à possibilidade de esse repetir a VS que sofreu com outras crianças (Almeida et al., 2009).

Uma das principais consequências da VS, já discutidas pela literatura especializada desde a década 1980, é o desenvolvimento de comportamentos hipersexualizados. A exposição a interações sexuais para as quais as vítimas não estão preparadas devido ao seu estágio desenvolvimental acarretaria, segundo Finkelhor e Browne (1985), uma sexualização traumática. Esses autores propuseram quatro dinâmicas traumagênicas (em inglês traumagenic dynamics) que aconteceriam nas situações de VS e explicariam suas consequências. A primeira delas seria a sexualização traumática, responsável por consequências como o desenvolvimento de comportamentos hipersexualizados das vítimas. As demais são: traição, responsável por consequências como tristeza e hostilidade; estigmatização, responsável por consequências como culpa e vergonha; e impotência, responsável por consequências como medo e ansiedade. A preocupação de que as vítimas possam reproduzir a experiência de VS com outras crianças pode estar baseada na crença de que todos agressores sexuais foram sexualmente violentados na infância (Sanderson, 2005). Embora seja possível identificar na história de vida de agressores sexuais relatos de experiências sexuais inadequadas durante a infância, e esse seja considerado um fator importante relacionado à ocorrência de VS (Baltieri e Andrade, 2008; Jesus, 2006), não é possível afirmar que todos os agressores sexuais foram vítimas de VS, tampouco que todas as vítimas se tornarão agressores sexuais (Jesus, 2006). Em um estudo realizado na Inglaterra, 747 homens e 96 mulheres, totalizando 843 indivíduos, atendidos em um serviço forense, foram divididos em dois grupos: agressores (225 homens e 2 mulheres) e não agressores. Ao se comparar os grupos, verificou-se que os índices de histórico de violência sexual na infância foram diferentes - 35% para o grupo de agressores e 11% para o grupo de não agressores. Dessa forma, ter sido vítima de VS explicaria o comportamento sexual agressivo na idade adulta apenas para a minoria de agressores sexuais. O histórico de VS na infância seria um fator mediador que aumentaria a probabilidade de tornar-se agressor sexual na idade adulta, porém, não seria a "causa" do comportamento agressivo sexual (Glasser et al., 2001).

Especificamente quando a vítima é um menino, dúvidas quanto à orientação sexual das vítimas são comuns, especialmente quando a VS ocorre em uma relação homossexual (Almeida et al., 2009; Holmes e Slap, 1998; Sanderson, 2005). Dentre os fatores (e.g., genéticos, ambientais) possivelmente envolvidos na definição da orientação sexual em indivíduos do sexo masculino, estudos atuais (Bogaert e Skorska, 2011; Dawood et al., 2009) indicam que o que possui maior respaldo empírico é a ordem de nascimento fraternal. Há evidências de que homens homossexuais possuem número maior de irmãos mais velhos do que homens heterossexuais e, quanto maior o número de irmãos, maiores as chances de homossexualidade. Uma resposta imunológica materna pré-natal da gestante a hormônios relacionados ao desenvolvimento fetal masculino durante a gravidez causaria alterações cerebrais principalmente no hipotálamo. A cada gestação tal resposta imunológica se tornaria maior. Especificamente em relação ao histórico de violência sexual, não é possível chegar a uma conclusão quanto à orientação sexual devido à escassez de estudos nessa área. Uma pesquisa que comparou adultos em torno de 40 anos (i.e., 461 homens e 483 mulheres) vítimas de violência física, sexual e negligência na infância e adultos de um grupo controle (i.e., não vítima de violências - n=415) constatou que apenas 8% dos participantes com histórico de violência reportaram algum tipo de relacionamento com o mesmo sexo (i.e., coabitação ou parceria sexual). Não houve relação entre violência física e negligência na infância e relacionamento com o mesmo sexo. Essa relação ocorreu apenas entre as vítimas masculinas de violência sexual e foi significativamente maior (p <. 01) do que o grupo controle (Wilson e Widom, 2010).

Outro aspecto relatado pela mãe diz respeito à dificuldade de estabelecer confiança nos relacionamentos: "Agora eu desconfio de todo mundo, né... minha vida mudou completamente... não tenho amizade, não confio nos amigos, desconfio de todo mundo, mas não com respeito só ao abuso, entendeu". A dificuldade em voltar a confiar nas pessoas pode promover situações de isolamento das vítimas e familiares. Esse tipo de reação, num primeiro momento, tende a restabelecer e garantir a segurança dos membros da família. Entretanto, quando vivida de forma constante e intensa, a desconfiança pode dificultar a construção de novas relações, sendo isso já indicado pela literatura sobre casos nos quais as vítimas são meninas (Amazonas et al., 2009).

A mãe relatou, ainda, alterações em sua rotina, tal como: "No serviço, eu tô ligando pra ele... que tu vai fazer, meu filho?", bem como a "sobrecarga" relacionada à tarefa educativa. Em relação às práticas educativas, pode haver mudanças (i.e., flexibilização ou enrijecimento - Almeida et al., 2009) bem como atenção diferenciada entre a vítima e seus irmãos. Além disso, a descoberta da VS pode fazer com que os cuidadores não abusivos fiquem superatentos aos comportamentos das vítimas, percebendo e atribuindo qualquer alteração em seu comportamento à experiência de VS. Podem, inclusive, perceber o comportamento de seus filhos como mais sintomático do que realmente é (Plummer, 2006).

 

Considerações finais

Este artigo teve como objetivo compreender o processo de revelação da VS sofrida por um menino de 12 anos a partir do relato de sua mãe. Os resultados referentes à revelação da VS encontrados foram semelhantes aos resultados de estudos prévios (Jensen et al., 2005; Plummer, 2006; Santos e Dell'Aglio, 2009) nos quais o foco foi em situações de VS contra meninas, indicando possível homogeneidade entre os casos independentemente do sexo das vítimas. No caso pesquisado, a descoberta da VS ocorreu ao longo de um processo que envolveu momentos distintos, relacionados aos antecedentes da revelação, a revelação propriamente dita e as repercussões da revelação no contexto familiar, conforme já descrito na literatura internacional (Jensen et al., 2005; Plummer, 2006) e nacional (Santos e Dell'Aglio, 2009).

O processo de revelação no caso analisado foi desencadeado por uma observação da mãe sobre o comportamento do filho, o que lhe possibilitou reunir informações e elementos para questioná-lo diretamente. Diante do questionamento, o menino acabou revelando a VS sofrida, acarretando repercussões familiares. A percepção de culpa por parte da mãe em não ter protegido seu filho, preocupações quanto à sexualidade do filho e a possibilidade dele se tornar um agressor, bem como a desconfiança em relação a terceiros, foram as repercussões familiares mais presentes. Em estudo anterior (Almeida et al., 2009), o medo de que o menino vítima se tornasse agressor também esteve presente na família após a revelação da VS. Esse medo pode estar relacionado à crença de que vítimas de violência se tornarão agressores na idade adulta, evidenciando um padrão transgeracional da violência. Especificamente em relação à VS, tal crença é errônea. Muitos agressores podem afirmar que foram vítimas na infância com o objetivo de justificar seu comportamento inadequado (Sanderson, 2005) ou, até mesmo, visando a alguma atenuação de pena quando em julgamento. Em um estudo que investigou a possível relação entre ter sido vítima de VS e se tornar agressor na idade adulta, foi constatado que apenas 35% dos agressores sexuais se autodeclararam vítimas na infância (Glasser et al., 2001).

As repercussões familiares indicam que o momento da descoberta da VS pode desencadear uma crise. Sendo assim, é importante que a família possa contar com sua rede de apoio social e afetivo. Em âmbito institucional, as intervenções psicossociais, tais como aquelas oferecidas pelos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), podem oferecer o apoio necessário. A partir disso, vítimas e familiares podem se sentir mais seguros ao perceber as consequências positivas de suas decisões em relação à VS (Conselho Federal de Psicologia, 2009), tal como a de registrar o boletim de ocorrência policial. No entanto, algumas consequências da VS para as vítimas (e.g., depressão, estresse, ansiedade e quadros de Transtorno do Estresse Pós-Traumático) e, também, para familiares indicam a necessidade de intervenções psicoterapêuticas. Essas objetivam reduzir os sintomas comumente apresentados por vítimas de VS, além de buscar prevenir novas revitimizações.

Por fim, conclui-se que a VS contra meninos ainda requer maior atenção. Tendo em vista o número reduzido de casos notificados de VS contra meninos, essa pode ser uma população de difícil acesso para a condução de pesquisas. Embora os resultados aqui apresentados sejam baseados em apenas um caso, esse estudo tem o potencial de contribuir para a produção de conhecimento sobre a temática da VS contra meninos.

Por meio do aumento de publicações sobre a temática, com a utilização de métodos qualitativos, pode-se iniciar um processo no qual se dará maior visibilidade para casos de VS contra meninos, colaborando para que esses sejam notificados com maior frequência. A notificação dos casos de VS contra meninos é fundamental para que possam ser tomadas providências no sentido de prevenir o problema e oferecer apoio às vítimas e familiares, além de diminuir percepções sociais e culturais que apenas contribuem para a manutenção desse tipo de violência. Além disso, o maior conhecimento sobre a VS contra meninos pode contribuir para o fortalecimento da rede de apoio familiar e institucional, assim como para uma maior qualificação dos serviços e dos profissionais que atuam nesses casos.

 

Referências

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Submetido: 29/10/2014
Aceito: 15/01/2015

 

 

1 Trabalho desenvolvido com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Edital MCT/CNPq nº 27/2007, processo número: 143201/2008-5.

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