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Contextos Clínicos

versión impresa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.9 no.1 São Leopoldo jun. 2016

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2016.91.12 

ARTIGOS

 

Adolescentes na contemporaneidade: desdobramentos subjetivos do (des)investimento no virtual

 

Adolescents on contemporaneity: subjective unfolding about divestment on virtual

 

 

Vinicius Romagnolli Rodrigues Gomes; Ângela Caniato

Universidade Estadual de Maringá. Av. Colombo, 5790, 87020-900, Maringá, PR, Brasil. viniciusrrgomes@gmail.com, angelacaniato@gmail.com

 

 


RESUMO

Este artigo tem como objetivo compreender os desdobramentos do uso adolescente das redes sociais virtuais na contemporaneidade sob a ótica psicanalítica que considera a constituição dos adolescentes na/pela relação com o outro, pela via social, cultural e por meio de processos identificatórios. Para compreendermos essa relação, partimos do conceito de ideal como elemento norteador da cultura, que oferece referências sobre aquilo que deve ser almejado. Nossa hipótese, no entanto, é de que os ideais da contemporaneidade não têm cumprido a função de amparo e a promoção de laços sociais, tal como proposto por Freud (2010c [1930]), e têm lançado os adolescentes a uma busca por amparo na virtualidade, o que pode ser visto de forma privilegiada a partir do Facebook.

Palavras-chave: adolescência, contemporaneidade, Facebook.


ABSTRACT

This article aims to understand the ramifications of teenage use of virtual social networks in contemporary society by a psychoanalytic perspective that comprises the adolescence as a subject who is built on/by the relationship with the other, through a social and cultural via, as well as by identification processes. To understand the relationship between adolescents and culture, we have used the concept of ideal as the culture guiding principles which offer references about what shall be longed for. Our hypothesis, however, is that contemporaneity goals forged by society have not fulfilled their function of performing a sense of security and fostering social ties/bonds, social bonds like what was proposed by Freud (2010c [1930]). Instead, they have thrown them to seek for shelter through consumerism and virtuality, what can be watched on Facebook.

Keywords: adolescence, contemporaneity, Facebook.


 

 

Introdução

O objeto de nosso estudo são os adolescentes/jovens em meio às modificações socioculturais contemporâneas. Inicialmente, esclarecemos que a distinção entre adolescência e juventude não é homogênea entre os estudiosos. De modo geral, pode-se considerar que a adolescência é um termo privilegiado no campo da Psicologia e da Psicanálise, que tem como foco a singularidade do sujeito e de sua experiência subjetiva; já a noção de juventude é mais utilizada no campo da Sociologia e da História, as quais priorizam uma leitura do coletivo. No entanto, se considerarmos que o fenômeno individual é, desde o princípio, social (Freud, 2011 [1921]), tal distinção passa a depender da perspectiva de análise de determinado fenômeno. Em nosso trabalho, utilizaremos ambos os termos, não tomados como sinônimos, mas de forma complementar, que possibilite o diálogo entre saberes, utilizando um ou outro termo, de acordo com o que estiver sendo privilegiado na discussão (Matheus, 2002).

Nas últimas décadas, temos assistido à propagação de notícias sobre a adolescência, que, de modo geral, representam os indivíduos desse grupo como transgressores, rebeldes, indiferentes e protagonistas de um cenário violento. De acordo com dados de relatório da Unicef (2012), 11% da população brasileira vive a fase da adolescência, o que equivaleria a aproximadamente 21 milhões de jovens entre 12 e 17 anos. À primeira vista, este dado poderia ser encarado como uma oportunidade de alavancar o desenvolvimento do país, no entanto, diante das profundas desigualdades e vulnerabilidades, essa perspectiva se mostra sombria. Pobreza, baixa escolaridade, violência, gravidez precoce e abuso de drogas são alguns dos problemas recorrentes com os quais os adolescentes têm se deparado. Ante essa vulnerabilidade juvenil brasileira, torna-se imperiosa a compreensão das dimensões psicológicas e sociais que contribuem para intensificar a fragilidade dos adolescentes e que os expõe a situações de risco (Prioste, 2013).

Nossa proposta é estudar a adolescência a partir da Psicanálise e compreendê-la em meio aos ideais contemporâneos. Matheus (2002) aponta que os ideais cumprem um papel de destaque durante a adolescência, pois se tornam uma formação de compromisso entre os ideais de geração precedente projetados na nova geração e a resistência que se opõe a este movimento. A nova geração busca processar os ideais herdados, transformando-os de forma a negar ou reafirmar a mensagem transmitida pelas gerações anteriores. Assim sendo, percebemos a importância do estudo sobre os ideais na adolescência, uma vez que estão diretamente ligados ao universo de referências dos jovens e nos laços que sustentam a sociedade. Além disso, a noção de ideal, sob a perspectiva psicanalítica, põe em relevo a dimensão social do sujeito psíquico, apontando para o lugar que o outro ocupa na constituição do sujeito. Diante disso, tomaremos o conceito de ideal como um "conceito-limite", por se apresentar como ponto de intersecção entre o saber psicanalítico e o político/social, entre a singularidade do sujeito psíquico e sua dimensão social (Koltai in Matheus, 2002). Essa formulação dá sustentação para nossa articulação entre adolescência e cultura, tendo em vista a interdependência entre ideais de eu e ideais culturais.

O processo de constituição subjetiva ocorre a partir de operações identificatórias, e os ideais culturais presentes nos discursos dominantes são determinantes em tais operações e nos caminhos identitários que o sujeito percorrerá, uma vez que tais ideais orientam a configuração do desejo na formação do ideal de eu e das identificações, indicando ao sujeito o que é necessário para que ele seja reconhecido e valorizado pela sua rede social (Bertol e Souza, 2010). Em O mal-estar na civilização, Freud (2010c [1930]) aponta que os ideais em sua face cultural exerceriam duas funções: a função protetora contra o desamparo e a função de auxílio na constituição de laços sociais. Desse modo, os ideais ofereceriam consolo para o conflito entre sujeito e civilização, bem como recursos para o sujeito lidar com a castração e os destinos pulsionais, se constituindo como elementos norteadores da cultura que oferecem referências para seus membros sobre aquilo que deve ser almejado. Nesse sentido, os ideais seriam um contraponto ao desamparo e à dissolução dos laços sociais. Nossa hipótese, no entanto, é de que os ideais da contemporaneidade não têm cumprido essa função, lançando os adolescentes a uma busca por amparo nas redes sociais virtuais.

Este artigo justifica-se pelas dificuldades de compreensão e de manejo que psicólogos, pais e sociedade, de uma forma mais ampla, têm encontrado no trato com adolescentes, os quais se constituem em meio a uma cultura que dissemina ideais diferentes em relação àqueles de gerações anteriores. A lente que norteará nosso trabalho consiste em uma Psicanálise crítica e articulada ao social, que compreende a adolescência como uma configuração específica da estrutura histórica. Dessa forma, ao utilizarmos a Psicanálise como método de análise, não faremos uma leitura intimista e reducionista dos indivíduos, a qual tem dominado a literatura acerca de nosso objeto e que leva à psicopatologização e culpabilização dos adolescentes, mas sim como uma Psicanálise cuja visão histórica da subjetividade identifica as transformações do ethos cultural e suas implicações para o sujeito, atentando para a necessidade e a importância de pensarmos o psíquico em sua articulação com os acontecimentos histórico-sociais (Caniato, 2009).

 

A internet como paraíso narcísico dos adolescentes

Os adolescentes oscilam entre a condição de dependência e a busca por autonomia, tendo em vista que as suas bases narcísicas são afetadas pelas transformações corporais que o acometem. Nesse período, os adolescentes se embaraçam nos conflitos entre o discurso familiar e o discurso social, sendo que há uma maior dependência em relação a este, no qual buscam formas para representarem-se junto aos outros, para além do núcleo familiar. Nessa busca para formar novos objetos pulsionais, os adolescentes precisam se reposicionar frente às identificações estabelecidas na infância e às referências simbólicas da cultura, que serão responsáveis pela formação de novos investimentos pulsionais (Bertol e Souza, 2010).

A psicanálise entende que é a partir das identificações que a subjetividade é constituída, nesse sentido, o eu é formado e está destinado a se modificar continuamente pelas múltiplas identificações. Em Introdução ao Narcisismo, Freud (2010a [1914]) fala sobre a identificação como algo importante, por subjazer uma escolha de objeto por apoio, na qual o sujeito se constitui com base no modelo parental ou no dos substitutos dos pais, diferentemente da escolha de objeto narcísica, voltada para o próprio indivíduo. No entanto, a maior importância metapsicológica do conceito de identificação é verdadeiramente desenvolvida a partir da grande reformulação teórica da década de 1920 (Roudinesco, 2010).

Na obra Psicologia das massas e análise do eu (2011 [1921]), Freud define a identificação como a mais antiga manifestação de uma ligação afetiva a uma outra pessoa, manifestando um papel na pré-história do complexo de Édipo. No caso do percurso do menino, há um interesse especial em relação ao seu pai, sendo que ele gostaria de crescer e ser como ele, pois toma o pai como seu ideal. Simultaneamente à identificação com o pai, o menino investe sua mãe de uma ligação libidinal sexual de objeto, enfrentando uma situação edipiana normal e tendo uma identificação masculina carregada de hostilidade em relação ao pai (tomado como rival pelo desejo de tomar seu lugar junto à mãe). Assim sendo, Freud considera que a identificação é ambivalente, podendo tornar-se tanto expressão de ternura como desejo de eliminação. Além disso, Freud pontua que a identificação atua como um derivado da fase oral da organização da libido, na qual o indivíduo incorporou, comendo, o objeto desejado e estimado, e assim o aniquilou enquanto objeto (Freud, 2011 [1921]). Nesse sentido, podemos considerar que a identificação se empenha em configurar o próprio eu à semelhança daquele que é tomado por modelo.

A partir desse breve resgate na obra de Freud, podemos considerar a identificação como uma ligação libidinal de amor primitiva e inibida quanto aos desejos sexuais, que seria capaz de superar os narcisismos individuais e o ódio que separa uns dos outros, sendo a força responsável pela união dos indivíduos entre si. Além disso, pode-se dizer que a identificação possibilita a elaboração da constituição subjetiva, operando a partir de modelos parentais e sociais que servem de referência, sendo, portanto, um processo singular que pode ocorrer em várias direções. Ao pensar os adolescentes, esse conceito fica ainda mais claro, tendo em vista que sua identidade será resultado do reconhecimento e elaboração de diversas identificações parciais, que vão se incorporando no sujeito, desde os primórdios, pela introjeção de valores parentais e sociais. Devemos ressaltar que a aquisição de novas identidades na adolescência não suprime as anteriores, sendo que emergem no eu tanto aspectos primitivos quanto atuais da personalidade, o que equivale a dizer que o processo de identificação prossegue por toda a vida, e não para na vida adulta.

Os processos identificatórios ocorrem por meio da síntese egoica, devido a novas distribuições da libido e pela transformação de valores e ideais. Isso se processa a partir de movimentos psíquicos existentes na relação entre pais e filhos, sendo que estes incorporam, desenvolvem e transformam seu modo de ser, pensar e viver buscando seus próprios modelos. A cultura se faz presente nesse processo, quer seja pelo modelo identificatório dos pais ou pela ação direta sobre os adolescentes, que passam por um momento de construção de suas identidades (Levisky, 1998). Dessa forma, falar em adolescência e processos identificatórios implica necessariamente falar das formações grupais, que se tornam uma das fontes de gratificação e de suporte narcísico para os adolescentes. A relação estabelecida entre os adolescentes e o grupo têm o papel de substituto do ideal de eu, ou seja, atua como mediadora de sistemas de identificação e de identidade.

O ideal de eu na adolescência se serve do grupo como substituição de identificação e de gratificação narcísica, logo, podemos considerar que o surgimento dos amigos e dos grupos como novos objetos de investimento amoroso e sexual representa algo narcísico, próximo de um objeto idealizado de si mesmo e projetado no(s) companheiro(s) (Levisky, 1998). Os adolescentes, com sua tendência a rejeitar os objetos parentais e multiplicar suas experiências, têm, nas novas relações de objeto, um suporte para as interiorizações e identificações futuras. Há, portanto, uma busca por realizar apropriações identificatórias, as quais dependem, em grande medida, de "objetos mediadores" que são encontrados em especial em outros adolescentes e no(s) grupo(s) (Eizirik, 2009).

Esse deslocamento do jovem em direção aos contextos sociais, somado aos sentimentos ambivalentes com relação às figuras parentais, fornecem os elementos que favorecerão a vulnerabilidade dos adolescentes ante aos apelos mercadológicos e às promessas idílicas da indústria cultural global na internet. Diante da insegurança e da busca por diferenciação dos pais, os adolescentes encontram, na Internet, um espaço propício para obter reconhecimento de seus pares; um espaço no qual podem criar um mundo, viver seus sonhos e negar os limites (Prioste, 2013).

O universo virtual se configura como uma "janela da fantasia", propondo um gozo pela representação virtual que não pode ser considerado uma novidade; afinal, ao longo da história, tivemos as epopeias orais das narrativas míticas, os romances de cavalaria e uma série de suportes orais ou escritos que abriam as janelas da imaginação e que convidavam os jovens a um mundo de mistérios (Prioste, 2013). No entanto, a despeito de não serem novidade, não podemos ignorar os suportes tecnológicos e o apelo mercadológico sob os quais essas janelas da fantasia repousam e que são características inerentes ao contexto contemporâneo, no qual os exploradores da virtualidade estão sempre abrindo novas janelas capazes de transformar sonhos e desejos em lucros.

Dito de outra forma, pode-se dizer que a produção imaginária do jovem está sendo apropriada por oligopólios audiovisuais, os quais criam uma ilusão de satisfação plena a partir dos objetos virtuais, negligenciando a dimensão temporal e levando os jovens a satisfações imediatas e pré-moldadas. As fantasias virtuais são essencialmente visuais, podendo ser associadas às sonoridades e expressões escritas - elas são uma espécie de representantes digitais de pulsões mediatizadas pela indústria cultural. Além disso, essas fantasias virtuais são majoritariamente escopofílicas, alimentando-se de tendências perverso-polimórficas, voyeurísticas-exibicionistas (Prioste, 2013).

Freud (1996 [1905]) demonstrou, em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, que, desde a infância, os desejos de olhar e de ser olhado (e o prazer a esses associados) estão presentes como pulsões parciais, e a indústria do entretenimento explora esse prazer a partir de sites que captam o olhar adolescente. No texto de 1905, Freud destaca que o prazer de olhar tem uma relação intrínseca com o de exibir-se e sustenta que, de certa forma, o voyeurismo e o exibicionismo acompanharão a sexualidade do adulto sem se configurar como perversão (a não ser que o prazer de ver e ser visto se torne um fim em si mesmo e não se converta em um elemento preliminar do ato sexual).

Prioste (2013) aponta que, entre os adolescentes, uma das principais características observadas nas fantasias virtuais foi o prazer voyeurístico e exibicionista. Não chega a ser surpreendente, portanto, que, em 2013, os responsáveis pelos dicionários da Oxford tenham escolhido o neologismo "selfie" como a palavra do ano (Ruic, 2013). Um dos motivos para essa escolha foi o fato de que a busca por essa palavra no site do portal Oxford cresceu 17.000% no último ano. A palavra em questão tem origem no termo self-portrait, que significa autorretrato e designa uma foto que é tirada (normalmente pela própria pessoa) e compartilhada na internet. A particularidade dessa foto reside no fato de que ela é tirada com o objetivo de ser compartilhada em uma rede social virtual como o Facebook, por exemplo.

Devemos considerar que a pulsão voyeurística-exibicionista é uma expressão da sexualidade infantil perverso-polimórfica que se constitui como um "ensaio da sexualidade adulta" para os adolescentes, os quais, diante de seu novo corpo, podem tentar se esconder dos olhares familiares ou buscar se exibir virtualmente, pela necessidade de ter esse novo corpo reconhecido perante seu grupo. Ao se expor perante as câmeras, os adolescentes intensificam essa atividade voyeurística-exibicionista, o que é reforçado pela sociedade do espetáculo (Debord, 1997).

O campo virtual coloca em questão, portanto, nosso modo de existir ante a virtualização e a espetacularização. Assim, vemos que impera, na internet, a ilusão de que tudo pode ser visto e exibido. Vivemos em um "império das sensações", que leva à seguinte situação: aquilo que não for sensação não pode existir. Turcke (2010) aponta que, em meio a esse mercado de sensações, reinam o prazer virtual marcado pelo gozo voyeurístico e as fantasias fast food encontradas na internet, que são uma descarga certeira para o jovem consumidor, ávido por excitação rápida. Freud (2010c [1930]) já havia observado que as satisfações diretas das pulsões eram mais intensas que o adiamento do prazer, a sua sublimação ou estados previsíveis de satisfação. Contudo, Freud não imaginava, à sua época, a enorme quantidade de produtos tecnológicos que se colocariam a serviço da excitação das pulsões voyeurísticas e sádicas, criando um ciclo de aumento da tensão psíquica e da descarga psicomotora, levando os adolescentes a uma espécie de "montanha-russa existencial" (Prioste, 2013).

Diferentemente da época de Freud, na qual os fatores socioeconômicos e culturais contribuíam para a repressão das pulsões voyeurísticas e exibicionistas, na sociedade contemporânea, temos a exaltação da liberdade e do direito ao gozo que caracteriza uma era do exibicionismo (Keen, 2012). Assim sendo, tais pulsões são transformadas em molas propulsoras do mercado, em especial no mundo virtual, que se sustenta pelo voyeurismo e pelo exibicionismo. Prioste (2013) destaca que o ciberespaço está assumindo o lugar do outro/cuidador humano e que a economia libidinal está atravessada por objetos tecnológicos, os quais se tornam alvo de investimento libidinal para todos os membros da família. Diante dessa nova configuração de investimento libidinal na tecnologia, percebemos que, na ausência do outro humano, a obturação do real se faz pelas imagens produzidas pela indústria cultural, e não a partir das imagens internas. Essa adesão à imagem pode tornar o processo de simbolização fragmentado e fazer com que os adolescentes desenvolvam um apego às imagens exteriores e aos gadgets como substitutos do objeto, bem como gratificação especular autoerótica.

Não parece estranho, portanto, que, em seu estudo com adolescentes, Prioste (2013) tenha ouvido de um jovem entrevistado que vislumbrava para seu futuro "viver sozinho", o que mostra como as satisfações intersubjetivas, ou seja, advindas dos relacionamentos com outras pessoas, estão perdendo espaço para a relação com a máquina, muitas vezes vista como mais satisfatória (Turkle, 2010). Este cenário tem tido a influência de nosso contexto social, marcado pela insegurança e pela difusão do medo, o que nos leva a colocar os outros seres humanos sob suspeita (Bauman, 2012). A indústria cultural tem fabricado o medo de modo a vender dispositivos de segurança e vigilância, assim como criar espaços de "proteção" como as redes sociais virtuais (Tiburi, 2014). Isso pode ser visto em especial em famílias que vivem em metrópoles e que preferem a brincadeira solitária dos filhos no computador do que a brincadeira na companhia de "estranhos". Essa noção do outro como ameaça, e não como fonte de satisfação subjetiva, acaba por contribuir para uma economia narcisicamente orientada às próteses digitais (Prioste, 2013). Dentre essas próteses, daremos destaque, a seguir, à mais popular rede social virtual do nosso tempo: o Facebook.

 

A busca por amparo e os laços virtuais no Facebook

A internet surgiu nos Estados Unidos, na década de 1970, ao passo que as redes sociais surgiram no final da década de 1990, tendo um rápido desenvolvimento em todo o mundo ao oferecer recursos que facilitaram o contato à distância, bem como a transmissão de informação e conhecimento. O filósofo Pierre Lévy (2000) considera que o ciberespaço é um mundo virtual, presente em potência, e que existe em um local indefinido, desconhecido, cheio de devires e possibilidades. Para o autor, há uma cultura que surge a partir do uso da rede de computadores por meio da comunicação virtual, da indústria do entretenimento e do comércio eletrônico: a cibercultura. O termo contempla todos os fenômenos relacionados ao ciberespaço, ou seja, fenômenos associados às formas de comunicação mediadas por computadores.

Os adolescentes contemporâneos estão expostos de maneira sem precedentes a essa cibercultura, uma vez que já nasceram imersos em um contexto social no qual existem Internet e redes sociais virtuais. São os chamados nativos virtuais (Turkle, 1999), os quais têm mais facilidade em assimilar e utilizar os dispositivos do mundo virtual, em oposição aos adaptados virtuais, aqueles que nasceram antes do surgimento da rede mundial de computadores e dos sites de redes sociais.

O desenvolvimento de redes sociais online criou uma nova forma de organização social, deslocando as comunidades para a rede, nas quais há uma interação diferente daquela associada à presença física imediata do interlocutor. A peculiaridade de tal interação se deve ao fato de que os perfis são elaborados pelos usuários, que se representam nas redes, independentemente de critérios de tempo e de espaço (Martino, 2010). De acordo com Lévy (2015), o ciberespaço funciona como um novo lugar de sociabilidade, originando novas formas de relações sociais, com códigos e estruturas e específicas. Para o autor, o ciberespaço pode proporcionar uma verdadeira "inteligência coletiva", ou seja, uma distribuição de saberes que não está restrita para poucos privilegiados e que leva ao enriquecimento cultural. Segundo o autor, somente com a mediação das tecnologias da informação e comunicação os saberes dos indivíduos poderão estar em sinergia.

Atualmente, existem diversos sites de redes sociais na Internet com diferentes propostas, sendo que daremos destaque ao Facebook, uma rede social virtual gratuita criada pelo estudante Mark Zuckerberg em 2004 e que possui o maior número de usuários no mundo. O Facebook tem sido a ferramenta por excelência utilizada pelos adolescentes para se comunicar com outras pessoas, expressar o que pensam, o que sentem e o que desejam a partir de comentários e postagens em geral (fotos, vídeos, músicas e textos). Não podemos nos esquecer, no entanto, que o Facebook oferece serviços como anúncios e, como qualquer empresa, visa o lucro, estando imerso em uma lógica do mercado, assim como as demais redes sociais de Internet. Nesse sentido, a congregação de pessoas no Facebook tornou-se um negócio comercial, e a lógica de mercado influencia as transações que lá ocorrem. Boyd (2008) aponta que os sites de redes sociais virtuais, embora recorram a serviços que não lhes são exclusivos, como a partilha de conteúdos ou a comunicação com outros utilizadores, distinguem-se por permitirem criar um perfil individual, publicar uma lista de amigos ou conexões, que pode estar ou não organizada, e ver e pesquisar a lista de conexões dos outros utilizadores.

Diante da rápida expansão das redes sociais, em especial do Facebook, pesquisas na área da Administração (Keen, 2012), Psicologia (Matheus, 2013; Rosa e Santos, 2013), Antropologia (Lévy, 2015), Filosofia (Lévy, 2000; Tiburi, 2014), Sociologia (Turkle, 2010) e Comunicação (Burgos, 2014; Martino, 2010) vêm buscando compreender tal fenômeno e seus desdobramentos para os usuários. Em nosso trabalho, o interesse pelo Facebook se deve ao fato de ser um veículo que faz a mediação dos adolescentes com a cultura, bem como por se configurar como uma via de acesso à subjetividade juvenil, afinal, a tecnologia incorpora características da sociedade e da cultura na qual se instala, tornando-se uma esfera inseparável da configuração sócio-histórica atual (Lévy, 2000).

A nossa hipótese é de que a utilização adolescente dessa ferramenta tem se dado como forma de lidar com o desamparo, tendo em vista que a cultura, a partir de seus ideais, não tem cumprido a função que lhes caberia segundo Freud (2010c [1930]), qual seja, a de promoção dos laços sociais e de proteção ante o desamparo, funções que têm sido destinadas ao mundo virtual. A noção de desamparo na obra de Freud remete a palavra alemã Hilflosigkeit, utilizada na obra freudiana para designar o desamparo como estado de dependência do recém-nascido para com o adulto. O desamparo, para Freud, contempla a condição de "ausência de ajuda" como possibilidade da vida psíquica. O fato de o bebê nascer imaturo torna-o dependente do outro para sobreviver - esse seria o desamparo original que funda e estrutura o psiquismo. Freud aponta que tal desamparo é a fonte principal de todos os motivos morais e que o desamparo infantil implica, para o bebê, uma abertura ao mundo adulto/do outro.

Já em Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1996 [1905]), Freud introduz a ideia de sedução materna, ou seja, a mãe (ou quem ocupa a função materna) desempenha a função de erogeneização do bebê através dos cuidados, que exercem uma sedução sobre o bebê; essa ação caracteriza o ser humano como dependente do amor do outro. Freud acrescenta, assim, uma nova dimensão na questão do desamparo, qual seja, que a condição de existência no mundo é apoiada em uma condição de desamparo do psiquismo. Portanto, dizer que o sujeito freudiano se constitui na relação com o outro é dizer que o sujeito se constrói a partir de algo que lhe é exterior.

O mal-estar na civilização (2010c [1930]) é outro texto no qual Freud trata a questão do desamparo do sujeito no campo social, ao dizer que a condição de vida em sociedade implica uma renúncia pulsional que traz um desconforto ao sujeito, sentido como um mal-estar. Esse mal-estar articula-se em torno da assimetria entre as exigências pulsionais e as possibilidades psíquicas de satisfação reguladas pela simbolização - é nessa assimetria que o sujeito pode criar objetos que promovam satisfação, além disso, ela é condição para a angústia, pois indica a condição de desamparo para o sujeito. Vemos, nessa obra, que a relação do sujeito com a civilização é marcada por um mal-estar em decorrência de um conflito sem resolução total possível e que o desamparo é a base dessa condição subjetiva do humano. Não havendo cura possível para o desamparo humano, o sujeito precisa criar destinos que ajudem a tornar sua existência possível (Menezes, 2012). A virtualidade e o Facebook têm sido um desses destinos, cabendo a questão: eles têm sido bem-sucedidos na gestão do desamparo e na construção de laços sociais? Tentaremos respondê-la doravante.

Comecemos pelo ingresso no Facebook. Estudos apontam que a escolha dessa rede social se dá por influência dos amigos e que, ao fazê-lo, os adolescentes acabam influenciando aqueles que o rodeiam (Boyd, 2009). Na sequência, temos a elaboração de um perfil virtual, através do qual os usuários se identificam e interagem com os demais. O internauta inicia o processo de construção de seu perfil, com os seus dados, seus gostos e interesses, seus amigos, e as comunidades virtuais às quais pertence - nesse sentido, podemos dizer que os adolescentes "tatuam" na tela a sua identidade. Como demonstra Tiburi (2014), na internet, nossas identidades se fundem, confundem e difundem, nossos rostos e corpos desaparecem e não há pessoas concretas, mas representações e simulações baseadas em discursos. Nesse sentido, Flusser (2007) aponta que, com o advento da tecnologia, temos nos relacionado com "não coisas", afinal o homo digitales não precisa da concretude da vida.

Ao "criar o seu perfil", os adolescentes podem expor na tela não necessariamente aquilo que eles são, mas também a imagem e/ou identidade socialmente almejada e que terá o reconhecimento da rede social virutal. Na internet, deixamos de ser uns e outros para criar espectros e avatares que são máscaras idealizadas pelo tecido social, ou seja, ela possibilita a simulação da vida. Para interagir no ciberespaço, os adolescentes precisam criar uma identidade "adequada" à comunidade virtual da qual pretendem fazer parte. Dessa forma, os adolescentes "recriam-se" em formato digital, incorporando características performáticas que transpareçam uma identidade socialmente desejada. Ao utilizar o Facebook, os usuários manifestam seus ideais e sentimentos a partir do conteúdo que publicam e compartilham - nesse sentido, as publicações são associadas à pessoa que as publica. Assim sendo, ao utilizar o Facebook, o indivíduo seleciona atributos tendo como critério a maneira que deseja ser visto (Boyd, 2009; Rosa e Santos, 2013).

Em meio a esse processo de "customização da identidade", os adolescentes buscam imagens que os identifiquem, tornando-os paradoxalmente únicos e iguais aos outros, transformando sua identidade em uma espécie de marca pessoal. O Facebook oferece recursos como postagem de fotos, vídeos e comentários que possibilitam aos usuários a criação e a categorização de seu perfil. Além disso, os dispositivos de "curtir" e "compartilhar" permitem que cada usuário publique postagens, as quais constituem uma maneira de expressar sentimentos, pensamentos, ideias, emoções e desejos (Rosa e Santos, 2013).

Ao curtir ou compartilhar uma determinada postagem, vemos, portanto, que o usuário passa a fazer parte de um determinado grupo de pessoas ou de uma determinada forma de pensar. Os adolescentes curtem as páginas às quais desejam pertencer, não necessariamente para discutir temas, mas para publicar seus interesses. Curtir algo no Facebook é fazer uma "proclamação instantânea do self" (Minerbo, 2009), é dizer "amo isto" ou "odeio aquilo", além disso, aquilo que é curtido compõe o "mosaico virtual da identidade" dos adolescentes. Vemos, portanto, que o Facebook categoriza grupos e pessoas, oferecendo, para o público, sentidos de identidade e, para os usuários, sentimentos de identidade (Rosa e Santos, 2013).

Baudrillard (1999) mostra, no entanto, ceticismo em relação às identidades forjadas nos ambientes virtuais da internet, considerando que as interações mediadas pelas redes sociais virtuais são pautadas em simulações e hiperespetacularização das identidades. Nesse sentido, o usuário tende a simular ser o que não é e substitui a realidade pela simulação. Rosa e Santos (2013) apontam que essa perspectiva desconsidera a existência da subjetividade imersa nesse contexto, pois há, por detrás dos perfis, pessoas conectadas, cujas identidades promulgadas no Facebook parecem estar relacionadas às qualidades que os usuários estão convencidos de ter, e não necessariamente a uma simulação.

Apesar do contraponto feito por esses autores, isso não muda o fato de que, no mundo virtual, há uma maior possibilidade de seleção e omissão de aspectos da identidade que serão publicados e expostos no Facebook. Em um relacionamento presencial, dissimular tais aspectos seria muito mais difícil. Assim sendo, podemos considerar que os usuários das redes sociais utilizam táticas para se representarem, o que é facilitado pela rede virtual. Os usuários do Facebook fazem um gerenciamento detalhado de informações e de fotos, visando ocultar aspectos considerados malvistos socialmente ou que vão à contramão dos "ideais" sociais contemporâneos.

Nesse sentido, podemos dizer que, ao utilizar o Facebook, os adolescentes interagem entre si consumindo não apenas as ferramentas e recursos do site, mas também os modelos de identidade que são comercializados através das interações e postagens. Rosa e Santos (2013) consideram que há, no Facebook, um processo de "Negociação de Identidades", que ocorre de forma dinâmica e interativa de acordo com o interesse das pessoas imersas no ambiente virtual e também fora da rede. Os autores apontam que o Facebook tem um "perfil padrão" estrategicamente estabelecido para seus usuários, os quais se utilizam, por sua vez, de táticas próprias para negociar suas identidades. Esse processo sofre a influência do mercado e da sociedade de acordo com seus interesses, fomentando, assim, o consumo de identidades por intermédio dos processos de identificação.

O termo "consumo de identidades" pode ser associado ao desenvolvimento tecnológico, que fez com que o consumo se desmaterializasse e passasse a contemplar uma ampla gama de possibilidades, tais como a "produção de sensações e de experiências". Desse modo, as redes sociais na Internet têm levado a uma subjetivação e à construção de um eu digital (Turkle, 1995), na qual o exercício de si passa pelo consumo e pela exposição de gostos e preferências (Pinheiro, 2008). Vemos, portanto, que a customização dos perfis é uma adequação da i dentidade do dono do perfil no Facebook (tomada como produto) aos demais usuários (tomados como consumidores). Assim, os adolescentes tendem a seguir critérios que os identificam com ideais estabelecidos pela sociedade e difundidos pelo mercado como socialmente desejados. Rosa e Santos (2013, p. 101) coletaram em entrevistas a opinião de usuários do Facebook, dentre os quais destaco a seguinte: "quando você cria o seu perfil, não é que você crie uma identidade, você cria uma identidade que não é você totalmente". Esse depoimento mostra como os perfis expostos na rede social virtual contemplam uma seleção de determinados aspectos identitários que serão expostos e que nem sempre são verídicos, mas que apontam para uma dimensão do sujeito que não podemos negligenciar.

O Facebook permite, por exemplo, a construção de si como celebridade na medida em que funciona como uma coluna social personalizada, na qual os adolescentes se retratam em festas, viagens, se divertindo com os amigos. Para os "facebookianos" que buscam um lugar para expor sua identidade, essa lógica de registrar os momentos em fotos e esperar comentários, como uma espécie de espelho para o próprio narcisismo, é fundamental. Há, no Facebook, algo como um contrato narcísico (Minerbo, 2009) recíproco que deixa implícito: "se eu elogio você, você deve me elogiar".

E por falar em narcisismo, devemos lembrar que ter amigos e fazer parte de grupos é algo vital para os adolescentes, e, no Facebook, isso não é diferente, sendo que ter muitos amigos dá ao "facebookiano" um status de popular - em contrapartida, uma página sem mensagens é um duro golpe no narcisismo dos adolescentes. A grande diferença é que, com o Facebook, a rede de amigos se presentifica no espaço virtual como uma maquete, e a experiência subjetiva de "amizade" se reifica, ou seja, o sujeito tem a experiência de ter amigos e de ser querido na medida em que sua página assim o mostra, quando os amigos deixam mensagens de afeto, elogios, comentários positivos e essas mensagens ficam expostas (Minerbo, 2009).

Há, ainda, o caso emblemático daqueles usuários que criam um perfil falso/fake utilizando informações falsas, tais como nome, fotos e interesses em seus perfis. No perfil fake, os adolescentes parecem encontrar uma possibilidade de criar uma nova identidade e de, supostamente protegido pelo anonimato, interagir com os demais usuários apenas com informações relativas ao personagem que criou, tomando atitudes no ciberespaço que não são tomadas no mundo offline. Os fakes podem ser compreendidos como uma faceta da fragmentação das identidades do homem contemporâneo (Rosa e Santos, 2013). Mas qual seria o temor dos adolescentes contemporâneos em se mostrar tal como eles são? Com que finalidade eles lançam mão de se apresentarem diferentemente do que são?

Certamente, essas questões são complexas, mas a resposta passa, necessariamente, pelo receio dos adolescentes em não corresponder àquilo que Freire Costa (1986) denominou de tipo psicológico ordinário; um perfil disseminado pela indústria cultural (e isso inclui o Facebook) com características idealizadas pela rede social virtual e que serve de referência para como os indivíduos devem se portar. Um perfil que, no entanto, é modificado constantemente seguindo a lógica do obsoletismo planejado diante da multiplicidade de referências que marca a contemporaneidade.

A globalização e a propagação da Internet certamente influenciaram esse processo de produção subjetiva múltipla e interligada que vai de encontro com a subjetividade ancorada nas tradições que caracterizava a modernidade. Diante da multiplicidade como dimensão subjetiva, os adolescentes contemporâneos parecem ser acometidos por uma desorientação e um desamparo. Para Minerbo (2009), essa falta de suporte e de amparo faz com que os adolescentes contemporâneos tenham de se constituir em meio a laços simbólicos frouxos, o que dificulta a internalização de referências identitárias estáveis, produzindo identificações pouco consistentes. Esse cenário oferece aos adolescentes a possibilidade de "ser autor" de sua identidade, o que constitui uma forma inédita de protagonismo, que pode ser vista de maneira privilegiada na utilização que os adolescentes fazem das redes sociais na internet.

Ainda de acordo com Minerbo (2009), a experiência de "ser" dos adolescentes contemporâneos não provém da interioridade, mas sim da construção de uma forma de identidade a partir dos signos produzidos e oferecidos pela sociedade de consumo. Ao contrário da subjetividade moderna, na qual os indivíduos sentiam que eram produto de seu meio e tinham uma experiência subjetiva de identidade clara, em um movimento "de dentro para fora", na subjetividade contemporânea, é o estilo de vida que determina os modos de ser, em um movimento "de fora para dentro". Essa identidade reificada leva os adolescentes a, por exemplo, consumir a "griffe x" e frequentar os "lugares y" para "ter a experiência" de ser "x" e "y" (Minerbo, 2009). Rolnik (1997), aponta que essa experiência de "ser" é um simulacro e não chega a ser internalizada, pois se consome rapidamente, precisando ser renovada. Estaríamos diante de uma dimensão aditiva da construção da identidade, como apontam alguns autores (Rolnik, 1997; Raleiras, 2009)? Essa perspectiva aponta que, diante do desamparo identitário, os adolescentes buscam alívio em comportamentos que lembram adições, tais como o consumo e o uso da internet.

Essa postura crítica adotada por alguns autores com relação ao potencial transformador das novas tecnologias digitais tem levado a uma espécie de "tecnofobia" e condenação da tecnologia. Na contramão dessa tendência, Rosa e Santos (2013) apontam o Facebook como uma referência e uma ancoragem subjetiva ante a multiplicidade existente na contemporaneidade. Nesse sentido, os autores parecem corroborar a nossa hipótese, qual seja, a de que a utilização do Facebook pelos adolescentes tem se dado como forma de lidar com o desamparo.

Não podemos ignorar, entretanto, o fato de que adolescentes têm encontrado no virtual uma satisfação sem esforços para todos seus desejos, ou seja, sem os limites da realidade, o que aliena o sujeito da sua própria natureza (Lévy, 2000). Isso nos leva a pensar em um funcionamento egoico arcaico que não consegue impor o princípio da realidade. Além disso, ao se apresentar como mais sedutor do que o mundo real, repleto de frustrações, limitações e finitude, o mundo virtual pode levar os adolescentes a um prejuízo do sentimento de realidade e do senso de identidade, levando, em última instância, ao sentimento de vazio e de desamparo. Assim sendo, devemos questionar até que ponto o Facebook tem atuado como ancoragem subjetiva, tendo em vista que o real e o virtual não são iguais e que se relacionar com alguém através de uma tela/imagem não é a mesma coisa que se relacionar com alguém pessoalmente.

Essa dificuldade crescente em separar a esfera real da virtual pode ser explicada pelo advento de dispositivos que atuam como próteses interativas na internet, fazendo com que simulacros sejam tomados como reais, fomentando uma concepção de vida como simulação. Além disso, a internet e os dispositivos tecnológicos têm possibilitado ao homem a possibilidade de viver experiências sensoriais em outras dimensões, bem como de expandir os limites do corpo e transpor as fronteiras do tempo e do espaço. Esse cenário faz com que o mundo real e o mundo virtual estejam separados por linhas cada vez mais tênues (Turkle, 1999), podendo-se considerar essa divisão como fronteiras movediças, tal como são as fronteiras entre o eu e o id no princípio da vida.

A sociedade do consumo tem se servido dos estímulos sensoriais rápidos e diversificados, a fim de que não se tenha tempo para organizá-los. Desse modo, as pulsões têm uma vazão rápida em direção ao mercado sem que haja análise crítica. E é exatamente nesse sentido, de expropriar a capacidade de pensar, que a indústria cultural tem atuado no mundo globalizado. Temos aqui os ingredientes necessários para a criação de fenômenos de massa, cuja eficácia reside na ilusão de que o desamparo e o sentimento de vazio podem ser remediados pela inserção nesses "grupos" (Cardoso, 2006).

Fazer parte do Facebook, enquanto grupo, parece estar se tornando um verdadeiro ritual, sendo que aqueles que não o fazem sentem-se excluídos, afinal, as mensagens difundidas pela indústria cultural remetem apenas aos benefícios que serão adquiridos em decorrência da inclusão nessas "coletividades". Contudo, tais formações grupais podem levar a um sentimento de exclusão subjetiva que seria percebido na obediência por parte dos adolescentes aos padrões impostos pela massa, tornando-os autômatos, isentos de crítica, capacidade reflexiva e com um funcionamento regressivo do eu (Cardoso, 2006).

Na busca por reconhecimento e visibilidade, os jovens passam a dar adesão a modismos e a viver, agir, falar e se vestir como outros membros da massa, perdendo sua singularidade e caindo na tendência à uniformidade. Contudo, como ressalta Cardoso (2006), essas massas se dissipam rapidamente e dão lugar ao culto de novos valores, sendo que os adolescentes abraçam esses novos valores, tentando esquecer o passado - ou negá-lo - para criar uma nova identidade. Matheus (2013) aponta que as novidades tecnológicas, no momento de seu surgimento, tendem a facilitar os processos cotidianos, encurtando o tempo usual de uma determinada operação, resultando na fantasia de superação do esforço de postergação que cada processo desejante exige do psiquismo. No entanto, com o passar do tempo, a novidade deixa de sê-lo e o exercício de postergação de satisfação volta a se mostrar inevitável. Isso pode ser percebido no grande número de redes sociais virtuais que surgem e caem em desuso em pouco tempo, como foi o caso do ICQ, Fotolog, MSN e Orkut, entre outros.

Garcia e Coutinho (1999) destacam que acompanhamos, no mundo contemporâneo, a emergência e a disseminação de diversas "tribos" urbanas, que se constituem como grupos de afinidade e de interesse, cada qual com traços peculiares, sendo que, na tentativa de se distinguir umas das outras, lançam mão de distintivos na imagem visual de seus membros; tais distintivos são bens de consumo que se tornam alvo de cobiça entre os membros da tribo e que seguem a lógica de exclusão/inclusão que predomina na sociedade de consumo contemporânea. As autoras apontam, ainda, que a constituição dessas "tribos" representa uma tentativa por parte de seus membros de lidar com o desamparo.

Falar em tribos e na enorme adesão que os adolescentes têm dado ao Facebook remete-nos ao texto Psicologia de massas e análise do eu, no qual Freud (2011 [1921]) define a massa como um grupo volátil, no qual algum interesse passageiro aglomerou diversos tipos de indivíduos com um interesse comum em um objeto e uma inclinação emocional semelhante. Freud afirma que, na massa, o indivíduo abandona seu ideal de eu e o substitui pelo ideal da massa, o qual pode ser ocupado pela figura de um líder, por uma ideia ou projeto que faz com que os membros se identifiquem entre si em uma relação libidinal inibida quanto a seus fins.

Nesse sentido, podemos afirmar que é o compartilhamento de um mesmo ideal que leva às identificações horizontais, as quais, por sua vez, garantem a sustentação do laço grupal. Contudo, na ausência de algo em comum a ser partilhado, o grupo fica sob ameaça de dissolução. Assim, pode-se pensar que, com a ausência do ideal na qualidade de um terceiro, o que prevalece nos grupos são identificações narcísicas, que favorecem um cenário de dissolução dos grupos (Garcia e Coutinho, 2004).

Desse modo, percebemos que há, nas tribos, uma prevalência de identificações entre os membros sem um "terceiro" no lugar do ideal de eu, o que leva a um predomínio da angústia traumática, característica das situações de desamparo e que deixam o sujeito em uma posição de extrema vulnerabilidade, à mercê da angústia e de impulsos incontroláveis. Parece-nos que isso também ocorre no uso adolescente do Facebook, onde os jovens, na ausência de algo identificável que ocupe a "função de ideal", se perdem em meio a uma multidão de elementos sem rosto, descarregando erraticamente sua tensão pulsional, reproduzindo as condições vigentes do macrocosmo do qual pretendem se proteger (Garcia e Coutinho, 2004).

Os adolescentes, ao usarem o Facebook para construir uma identidade, acabam por assumir muitas vezes uma identidade alienada, visto que não se trata exatamente da assunção de uma singularidade, mas sim de investimentos que nem sempre servem à função de amparo e de construção de laços sociais. As consequências subjetivas desse estado das coisas apontam para a intensificação do desamparo, fragilização dos laços e para a vulnerabilidade ao trauma, como tentaremos demonstrar adiante.

 

Narcisismo negativo: expressão psíquica do mal-estar adolescente

Diante da dificuldade de simbolizar e de pensar dos adolescentes contemporâneos, bem como da falta de limites entre prazer/realidade e verdadeiro/falso que destacamos em nosso estudo, cremos que seja fundamental, para uma compreensão teoricamente mais articulada, a contribuição de André Green sobre o narcisismo positivo e o narcisismo negativo. Para Green (1988), o conceito de narcisismo é um parêntese na obra de Freud entre a sexualidade e a criação da segunda tópica.

Em Introdução ao narcisismo (2010a [1914]), Freud define narcisismo como o comportamento mediante o qual um indivíduo trata seu próprio corpo de maneira semelhante a como se costuma tratar o corpo de um objeto sexual. Freud nos mostra que tal investimento sexual no próprio corpo não se encontra apenas na psicopatologia, mas também no desenvolvimento normal de todo indivíduo e estuda os fenômenos narcísicos em especial por três vias, a saber: através da psicose, da doença orgânica (hipocondria) e da vida amorosa.

Green (1988) aponta que Freud abandona suas investigações sobre o narcisismo após 1920, incluindo-o como parte das pulsões de vida e considera que Freud falhou em elaborar outras possibilidades para o narcisismo, uma vez que algumas de suas características poderiam ser vistas como parte daquilo que ele conceituou como pulsão de morte. Para defender seu argumento, o autor destaca a passagem em O Eu e o id na qual Freud considera que a transformação da libido de objeto em libido narcísica implica em uma dessexualização, ou seja, na conversão de representações de objeto sexuais em identificações (com a libido sendo domada pelo eu). Para Green, esse processo segue a mesma linha da pulsão de morte, sugerindo que alguns aspectos do narcisismo podem seguir a mesma linha do antierotismo envolvido na pulsão de destruição. Além disso, Green destaca outro trecho do texto de 1923, no qual Freud explica que a transformação de amor em ódio e vice-versa poderia invalidar as suas hipóteses ao conceber a transformação de uma pulsão em outra, fazendo cair por terra a distinção entre pulsão erótica e destrutiva.

Freud postula, assim, a existência de uma energia deslocável e neutra que poderia ser adicionada tanto a uma pulsão erótica como a uma destrutiva, não especificando se essa energia se localiza no eu ou no id, e cria a hipótese de que seria proveniente do estoque narcísico de libido, do Eros dessexualizado. Freud aponta que, se essa energia deslocável é libido dessexualizada, é licito chamá-la de sublimada, na medida em que mantém a finalidade de unir e ligar, própria a Eros.

Para Green (1988), no entanto, é possível que essa dessexualização citada por Freud na sublimação seja uma mistura das funções de Eros, com seus objetivos de ligação e união, bem como da pulsão de morte com seu objetivo de dessexualização. O autor aponta que, para Freud, a sublimação ocorre por intermédio do eu. Logo, deduz-se que a dessexualização envolvida na sublimação e o processo de desligamento ocorrem, em parte, no eu. Nesse sentido, o eu seria, para Green, o lugar de fusão e desfusão das pulsões. Freud (2010b [1920]) atribui à intricação pulsional a responsabilidade pelo movimento psíquico, no entanto, como destaca Garcia (2010), há episódios de desfusão pulsional que podem ser vistos nas psicoses, depressões, neuroses graves, estruturas narcísicas e estados limites, nos quais o que se percebe é que a função desobjetalizante domina o psiquismo com afetos e angústias que são típicas da pulsão de morte. Com esse percurso, Green chega à hipótese de um duplo narcisismo, um narcisismo positivo, com o objetivo de atingir a unidade, e um narcisismo negativo, em direção à morte psíquica.

Green (1988) considera que, enquanto a pulsão de vida tende à atividade de ligação, objetalizante e criativa realizada pela função sexual e que se caracteriza pela criação de vínculos pulsionais e por investimentos significativos, a pulsão de morte atua com uma função desobjetalizante, atacando os vínculos objetais e a capacidade de investimento, no sentido do desligamento, portanto, se opondo à vida e visando ao estado zero de tensão. A maior expressão da função desobjetalizante pode ser vista como o narcisismo negativo, com sua busca do nível zero de funcionamento psíquico e desinvestimento objetal (Garcia, 2010).

Freud (2010b [1920]) definiu "trauma" como a ruptura da camada protetora do psiquismo contra estímulos externos que inundam o aparelho psíquico pelo excesso de intensidade que bloqueia o funcionamento do princípio do prazer. Lembrando que é a transformação de energia livre em energia ligada que garante a manutenção do princípio do prazer - assim sendo, "quanto mais energia quiescente, maior a possibilidade de vinculação e menor a suscetibilidade ao trauma" (Garcia, 2010, p. 71). Vemos, nesse sentido, que a baixa intensidade vinculatória favorece o trauma ao causar falta de preparação para a angústia que se configura como uma defesa do aparelho psíquico ante as intensidades excessivas que levam ao trauma.

Ainda em Além do princípio do prazer, Freud (2010b [1920]) considera que a situação traumática pode provocar como resposta um investimento narcísico maciço, o qual não se mostra eficaz em sua ação protetora de vinculação, ou seja, apesar de esse desinvestimento no outro representar uma resposta defensiva diante de uma situação traumática, ele se mostra ineficaz na sua "tarefa protetora", pois torna o sujeito ainda mais vulnerável ao trauma, uma vez que só a atividade de ligação (função objetalizante) garante alguma proteção frente ao trauma.

Em Inibições, sintomas e angústia, Freud (2014 [1926]) explica melhor esse processo, ao associar o trauma ao desamparo, sendo que este estaria na origem da angústia, a qual se repetiria ao longo da vida como angústia sinal e angústia automática. A presença de expectativa em situações de desamparo evoca a angústia sinal e prepara o sujeito para a ação ao caracterizar a situação de perigo, exercendo, assim, uma influência protetora; por outro lado, na situação traumática, o sujeito é submetido à angústia automática e não há expectativa, o que nos leva à compreensão de que sistemas investidos são aqueles em que a expectativa está presente e a intensidade traumática é menor. Já os sistemas desinvestidos seriam mais suscetíveis ao trauma, pois o sujeito se vê invadido pela angústia automática e é inundado por uma intensidade que ultrapassa seus limites (Garcia, 2010).

Garcia (2010) considera que a função desobjetalizante e o narcisismo negativo são expressões psíquicas do mal-estar contemporâneo. Desse modo, podemos pensar que os adolescentes contemporâneos estão marcados por um desinvestimento avassalador, que, apesar de se configurar como uma tentativa de defesa frente à traumática situação de existência atual, se mostra ineficiente em tal tarefa protetora e deixa os indivíduos mais vulneráveis ao trauma, pois só a atividade de ligação seria capaz de garantir tal proteção. Os desdobramentos psíquicos do cenário atual, marcado pela indiferença e pela insuficiência (Ehrenberg, 2010), podem ser vistos nos estados narcísicos e depressivos, bem como no envolvimento com drogas, na paralisia, na apatia e na ausência de projetos dos jovens (Faveret et al., 2007).

Diferentemente da meta objetalizante da pulsão de vida, que possibilita a ligação, a simbolização e que é criada a partir dos vínculos, a meta desobjetalizante da pulsão de morte se expressa na dificuldade de representar, de pensar e no desinvestimento. Ao investir nas imagens e nas relações virtuais da internet e do Facebook, os adolescentes contemporâneos estão desinvestindo o humano/real. Desse modo, vemos que os adolescentes contemporâneos, devido à sua capacidade frágil de investimento e de construção de vínculos libidinais, apresentam uma enorme vulnerabilidade ao trauma, se caracterizando como: um sujeito pobremente vinculado e à mercê das quantidades excessivas de excitação que continuamente o afligem, caracterizando uma situação traumática de desamparo (Garcia, 2010).

 

Considerações finais

Como destacamos no início deste artigo, nossa proposta visava compreender a adolescência em meio à cultura e aos ideais contemporâneos, os quais têm lançado os adolescentes em uma busca por amparo e construção de laços na virtualidade, em especial no Facebook. Cremos que a questão não se passa por adotar uma postura maniqueísta com relação às realidades virtuais, mas sim de compreender as repercussões dessa tecnologia no psiquismo. É inegável que a virtualidade é uma forma revolucionária de representação que o homem criou e que trouxe inúmeros benefícios à humanidade, no entanto, mantendo a tensão entre os prós e contras da tecnologia, destacamos que não podemos cair na ingenuidade e esquecer os interesses mercadológicos que induzem ao uso excessivo do virtual.

Esse investimento excessivo no virtual pode trazer consequências subjetivas, como a intensificação do desamparo, a fragilização dos laços sociais e a maior vulnerabilidade ao trauma. Aprendemos com Freud que amar exige investimento pulsional com produção de significado, e isso depende da construção de representações carregadas de afeto, ou seja, depende do trabalho psíquico e do investimento da demanda pulsional em objetos presentificáveis para além daqueles ofertados no meio virtual.

Percebemos, no entanto, que há uma carência dessa capacidade nos dias de hoje, o que nos leva à questão: há perspectivas? Diante desse cenário, Garcia (2010) aponta para a análise como uma saída, tendo em vista que o analista, ao oferecer sua escuta e presença, contribui para a reativação da capacidade de investir e desejar do sujeito. Nos dizeres da autora, caberia ao analista, enquanto testemunha transferencial, possibilitar o movimento de repetição restauradora, bem como oferecer um espaço ventilado no qual o excesso possa se transformar em ausência enquanto presença em potencial e o narcisismo negativo possa ser substituído pela função objetalizante no seu processo de construção de vínculos (Garcia, 2010).

Certamente a psicanálise e o analista exercem a escuta das inquietações de cada sujeito, que, em sua angústia anônima e solitária, não deixa de se remeter ao outro da cena social. Porém, essa escuta não deve ficar restrita às clínicas psicanalíticas - a sociedade, através da cultura, também deve oferecer essa escuta e o espaço ventilado tão almejado pelos jovens, entretanto, não da forma corrente na atualidade, na qual, diante de um ambiente pouco acolhedor e violento, esse espaço tem sido relegado muitas vezes exclusivamente às redes sociais virtuais. A mudança desse cenário, marcado pelo desamparo, indiferença e fragilidade dos vínculos, passa pelo resgate da capacidade crítica, a fim de termos com a internet uma relação lúcida e a favor de nossa emancipação, e não de nossa servidão, bem como por um resgate da capacidade de investimento nos laços com o outro humano. Dizer que nada pode substituir o amparo e os laços humanos pode parecer um clichê, mas é um emblemático sinal dos nossos tempos, e são necessários artigos para nos lembrar disso.

 

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Submetido: 26/08/2015
Aceito: 29/01/2016

 

 

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