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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.11 no.3 São Leopoldo set./dez. 2018

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2018.113.04 

ARTIGOS

 

Fatores que influenciam a transição para a parentalidade adotiva: uma revisão sistemática

 

Factors that influence the transition to adoptive parenting: a systematic review

 

 

Patricia Santos SilvaI; Luísa Pellegrini ComerlatoI; Maria Isabel WendlingII; Giana Bitencourt FrizzoIII

IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 112, 90650-070, Porto Alegre, RS, Brasil. patis.psico@gmail.com, luisapellegrinicomerlato@gmail.com
IIPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Curso de Psicologia. Escola de Ciências da Saúde. Av. Ipiranga, 6681, Prédio 11, 8º andar, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. mariaisabel.wendling@gmail.com
IIIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Rua Ramiro Barcelos, 2600, sala 112, 90650-070, Porto Alegre, RS, Brasil. gifrizzo@gmail.com

 

 


RESUMO

A transição para a parentalidade é um processo complexo, influenciado por fatores ligados ao contexto histórico e social. No caso da parentalidade adotiva, pode haver uma complexificação desse processo, por envolver uma constelação de forças emocionais distintas. A partir disso, o objetivo do estudo foi compreender os fatores envolvidos na transição para a parentalidade adotiva a partir de uma revisão sistemática da literatura. Foram investigados os artigos científicos publicados entre 2005 e 2015 em língua inglesa e portuguesa nas bases Google Scholar, PsycINFO, MEDLINE, SciELO, Portal de Teses da CAPES e o periódico Adoption Quarterly. A partir da análise temática dos 19 estudos selecionados, foi possível depreender que o processo de transição para a parentalidade adotiva é influenciado por: questões relativas à homoparentalidade, características pessoais dos adotantes e das crianças a serem adotadas, dificuldades com os serviços de adoção e sintomas depressivos pós-adoção. Com isso, identificou-se a necessidade de novos estudos que abordem a temática de maneira longitudinal e que investiguem amostras mais diversificadas.

Palavras-chave: adoção, maternidade, paternidade, parentalidade adotiva.


ABSTRACT

The transition to parenthood is a complex process affected by factors related to historical and social contexts. In the case of adoptive parenthood, there may be increased complexity involved in this process by a constellation of different emotional forces. Thus, the aim of this study was to understand the factors implicated in the transition to adoptive parenthood through a systematic literature review. The review considered scientific articles published between 2005 and 2015 in English and Portuguese on the following databases: Google Scholar, PsycINFO, MEDLINE, SciELO, Portal de Teses da CAPES, and the Adoption Quarterly journal. The 19 selected studies were analyzed using thematic analysis and it was possible to conclude that the transition to adoptive parenthood is influenced by issues relating to homoparenthood, personal characteristics of adopters and the adoptees, difficulties with adoption services, and post-adoption depressive symptoms. Therefore, we noticed a trend in the current literature and it was also possible to identify the need for new studies that address these issues in a longitudinal approach and with diversified samples.

Keywords: adoption, motherhood, fatherhood, adoptive parenthood.


 

 

Introdução

O processo de construção da parentalidade é atravessado por diversos fatores, sempre se considerando o contexto social da época a que pertence (Andrade et al., 2006), já que a parentalidade é uma experiência psicológica influenciada por um determinado contexto que traz significado a essa experiência (Berthoud, 2003). Pode-se observar que houve uma mudança das sociedades tradicionais, em que as relações de aliança eram estabelecidas em função do patrimônio, para a sociedade moderna, que passou a valorizar o amor entre casais e entre pais e filhos (Zornig, 2010).

O modo como homens e mulheres vivenciaram esse processo, ao longo da história, se relaciona diretamente com o modo como a sociedade, ao longo do tempo, definiu a família (Berthoud, 2003). Esse conceito, que evoluiu com o passar do tempo e com as mudanças na sociedade, é parte fundamental para a compreensão da construção da parentalidade. O que é a base conceitual para o que hoje se entende como família (Ariès, 1981) logo, com tal transição, a família se transforma em um sistema permanente (Carter e McGoldrick, 1995).

Apesar disso, esse processo de transição para a parentalidade, que evidencia a passagem para a vida adulta (Pittman, 1994), é bastante complexo e pode ter início muito antes da chegada do filho. Segundo Stern (1997), as representações parentais sobre a criança antecederiam o seu nascimento. O processo de constituição da maternidade se iniciaria antes da concepção, a partir das primeiras relações, pela atividade lúdica infantil, a adolescência, o desejo de ter um filho e a gravidez propriamente dita (Brazelton e Cramer, 1992). Um filho passa a existir, antes de tudo, no desejo dos pais, como uma possibilidade, que irá se materializar, mais tarde, com o desenvolvimento do embrião (Berthoud, 1998). A parentalidade não existiria apenas no inconsciente, mas se construiria no psiquismo como produto da intersubjetividade e da transmissão transgeracional e organizaria o pensamento dos pais frente a si mesmos e ao filho (Solis-Ponton, 2004).

Pensando-se especificamente no processo de transição para a parentalidade adotiva, cabe apontar alguns aspectos relativos à adoção. Inicialmente, ela pode ser definida como uma forma de estabelecimento de relações de paternidade e maternidade entre pessoas sem vínculos biológicos. Caracteriza-se como uma oportunidade de proporcionar uma família às crianças privadas do convívio daqueles que a geraram e, ainda, um meio de proporcionar a possibilidade de ter e criar um filho aos pais que não puderam ou que optaram por não tê-los biologicamente (Levinzon, 2006). Segundo Hindle e Shulman (2008), a adoção envolve uma constelação de forças emocionais distintas, como a família de origem, a criança e a família adotiva, a possibilidade de procriação dos pais e a infertilidade, as leis e o sistema legal, uma rede profissional, o conjunto de valores e crenças sociais e culturais, além da ideologia e dos mitos que envolvem o tema.

Um filho é sempre um enigma (Maldonado, 1997) e carrega consigo as expectativas dos pais (Fraiberg et al., 1994). Mesmo o filho biológico, que viveu por nove meses em um estado de completa comunhão com a mãe é um desconhecido (Berthoud, 1998). Mas, um filho adotivo ainda tem a peculiaridade de não ter previsão de nascimento e contar com uma história distinta e distante da história dos pais. Além das expectativas dos pais, como ter uma vida melhor que a que tiveram, os filhos adotivos ainda contam com a dúvida em relação ao seu futuro: se as características hereditárias desconhecidas, não controláveis, e, muitas vezes, não desejadas, irão se manifestar ao longo do seu desenvolvimento (Costa, 1991). Em função disso, o modo como os vínculos irão se estabelecer e o modo como se constituirá a parentalidade adotiva parecem ser questões complexas que envolvem diferentes fatores (Paiva, 2004).

Cabe mencionar que o papel parental é uma construção. O indivíduo não nasce nem pai nem mãe, nem mesmo se torna apenas com o nascimento de um bebê geneticamente relacionado a ele. É a relação com a criança que confere sentido às palavras maternidade e paternidade (Berthoud, 1998). É preciso construir a parentalidade na relação com a criança (Dornelles, 2009), bem como na relação que se estabelece entre os pais e com a família de origem (Howard e Brooks-Gunn, 2009). Além disso, toda filiação, biológica ou não, é uma adoção, já que a criança só será considerada como filho se for emocionalmente adotada pelos pais (Miranda e Cohen, 2012) e o sentimento de pertencimento à família é fundamental para consolidação dos vínculos afetivos (Nabinger, 1997).

Dada a complexidade envolvida no processo de transição para a parentalidade, pode-se pensar que, no contexto da adoção, esse processo pode se configurar como uma experiência ainda mais difícil para os futuros pais. Por isso, o objetivo do presente estudo foi investigar as questões que podem influenciar o processo de transição para a parentalidade adotiva através de uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional. Mais especificamente, verificar o foco que vem sendo dado à produção científica da última década a respeito da parentalidade adotiva.

 

Método

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura científica a fim de compreender os fatores envolvidos no processo de transição para a parentalidade adotiva. Para isso, a busca e a análise do material bibliográfico foram conduzidas em quatro etapas. Na primeira, foram selecionadas as bases de dados eletrônicas (período entre 2005 e 2015): MEDLINE, PsycINFO, Google Scholar, SciELO, Portal de Teses da CAPES e, por ser de tema relevante à pesquisa, no periódico Adoption Quarterly. Os descritores utilizados foram: "transition + adoptive parenting", "transition + adoptive parenthood", "parenting + adoption", "parenthood + adoption"; "transição + parentalidade adotiva", "parentalidade + adoção". Nas buscas, considerou-se a opção "todos os campos", não sendo realizado qualquer tipo de seleção por título ou autor, por exemplo.

De 117 publicações encontradas nas bases de dados, 30 estudos foram selecionados após a etapa dois. Ao final da etapa três, as autoras sentiram a necessidade de excluir as Teses e Dissertações encontradas já que alguns dos estudos já haviam sido publicados em forma de artigo e se repetiam dentro do corpus de pesquisa. Os motivos de exclusão e o número final de artigos incluídos são apresentados na Figura 1 (etapas 1 a 3). Com isso, restaram 19 estudos que foram analisados para a presente revisão.

Na segunda etapa, estabeleceram-se os critérios de inclusão: (a) estudo em formato de artigo, tese ou dissertação, de caráter empírico, escrito em língua inglesa ou portuguesa; (b) participantes são pais e/ou mães adotivos ou em processo de adoção; (c) responde ao objetivo desta revisão, apresentando questões que podem influenciar o processo de transição para a parentalidade adotiva. Foram excluídas revisões da literatura, meta-análises e estudos que não tivessem como participantes pais e/ou mães adotivos.

Na terceira etapa, artigos potencialmente relevantes dentro desses critérios foram pré-selecionados, com base no título e no resumo. Posteriormente, foi realizada uma análise minuciosa, na íntegra, dos artigos pré-selecionados por duas pesquisadoras, de forma independente, para definir o número final de estudos a serem revisados, que atenderam aos critérios de inclusão. A tabulação foi realizada de acordo com ano de publicação, título, autores, local de publicação, método (quantitativo/qualitativo), tipo de delineamento (transversal/longitudinal), objetivos, caracterização dos participantes, instrumentos utilizados e principais resultados envolvendo questões relativas ao processo de transição para a parentalidade adotiva. Para cada estudo, os dados foram extraídos independentemente pelas duas pesquisadoras e as discrepâncias foram resolvidas por consenso. Ao final dessa etapa, as autoras perceberam que alguns trabalhos encontrados tinham origem no mesmo estudo, nos casos de dissertações e teses e já tinham artigos publicados. Em função disso, nesse momento, decidiu-se excluir as teses e dissertações e foram mantidos somente artigos empíricos.

A quarta etapa consistiu em uma análise temática (Braun e Clarke, 2006) dos resultados dos artigos selecionados a fim de compreender os fatores envolvidos no processo de transição para a parentalidade adotiva. A análise seguiu os passos propostos pelas autoras, começando por uma familiarização com o material, construção de uma primeira codificação, a procura de temas, revisão dos temas encontrados, definição e caracterização dos temas e a escrita dos resultados. Esta etapa também foi realizada a partir do consenso entre duas pesquisadoras, a primeira autora com auxílio da segunda. A análise foi realizada com o auxílio do software NVivo 10 "NVivo Qualitative Data Analysis Software (Version 10)" (2012) que foi fundamental para a organização, revisão e codificação dos resultados.

 

Resultados

Descrição dos estudos encontrados

A Tabela 1 apresenta de maneira resumida os estudos que foram incluídos na análise, com os delineamentos e os métodos utilizados e os principais resultados. A maioria dos artigos utilizou metodologias qualitativas (n=13) para análise dos dados. Em relação ao delineamento utilizado, a maioria foi transversal (n=13).

A Figura 2 apresenta o gráfico de frequência de publicações por ano durante o período analisado distribuídos por origem da publicação. Em relação à quantidade de publicações por ano, observa-se uma tendência variável que tem altos e baixos, sendo observada uma redução entre os anos de 2010 a 2014 e um discreto aumento em 2015. Percebe-se que o maior volume de publicação tem origem nos Estados Unidos (EUA). Além disso, cruzando-se os dados da Figura 2 com os dados da Tabela 1, percebe-se que mais da metade das publicações analisadas nesta revisão provêm de dois grupos de pesquisa americanos liderados pelas professoras Karen Foli na Purdue University, em West Lafayette - Indiana, e Abbie Goldberg, na Clark University, em Worcester - Massachusetts.

Com isso, pode-se depreender que o tema da transição para a parentalidade adotiva tem sido pouco estudado nos últimos 10 anos. Além disso, percebe-se que há publicações sobre o tema em somente três países que não são de língua inglesa (Brasil, Itália e Israel). Muitos dos estudos encontrados provenientes de outras origens (como Portugal) foram teses e dissertações que não foram publicadas em forma de artigos.

Questões que influenciam o processo de transição para a parentalidade adotiva

A Figura 3 apresenta o modelo estrutural proveniente da análise temática.

De acordo com o modelo formulado, o processo de transição para a parentalidade adotiva pode sofrer influência de cinco grandes fatores. O primeiro deles diz respeito ao gênero e orientação sexual dos adotantes, configurando a homoparentalidade. Boa parte dos estudos encontrados tratou das dificuldades encontradas por casais de gays e lésbicas nos processos de adoção. De acordo com os estudos encontrados, existem questões particulares à homoparentalidade, por exemplo, o estudo de Richardson et al. (2012) apontou que casais gays podem ter dificuldades em equilibrar o tempo e a dedicação à família e às demandas do trabalho. Outra questão que foi citada como importante por Gianino e Whitlock (2008) é a necessidade de uma reorganização de papéis em famílias de homossexuais com a chegada da criança.

Ainda envolvendo a homoparentalidade, Moyer e Goldberg (2015) encontraram que adotantes gays e lésbicas descrevem mais expectativas irreais a respeito do gênero e da raça da criança quando comparados com adotantes heterossexuais. Berkowitz (2011) também apontou que homens gays tendem a enfrentar mais dificuldades na transição para a parentalidade em função das suas identidades sexuais, mas que essas dificuldades podem ser amenizadas pela condição econômica privilegiada da maioria dos adotantes gays dos EUA. Apesar disso, Gianino e Whitlock (2008) mostraram que casais gays relataram que a transição para a parentalidade foi algo transformador das suas identidades sexuais, fazendo com que superassem, ainda antes da chegada da criança, estereótipos negativos acerca da homoparentalidade masculina.

O segundo fator que parece influenciar a transição para a parentalidade a partir dos estudos selecionados são as características da criança que os adotantes receberam. O estudo de Mateljan e Priddis (2010) mostrou que os pais que realizaram adoções internacionais percebem seus filhos de maneira positiva, mas ainda apresentavam dúvidas em relação às possibilidades da criança de desenvolver um padrão de apego seguro. Já Silva e Benetti (2015) mostraram que, mesmo na adoção tardia de um grupo de irmãos, o processo pode se dar de maneira tranquila se houver um acompanhamento especializado. Ainda, o estudo de Otuka et al. (2013) retratou uma situação bastante incomum nos processos de adoção: um casal divorciado, que já possuía filhos biológicos, que adotou um adolescente de 15 anos. A idade do adolescente e o fato dele já ter uma convivência com a família antes da adoção foram considerados para esse caso fatores cruciais para o bom estabelecimento de vínculos e a constituição da parentalidade adotiva para o casal.

Outro fator que apareceu como uma questão que pode influenciar o processo de tornar-se pais e mães adotivos são as características pessoais dos adotantes. Calvo et al. (2015) mostraram que pais que estão buscando a adoção referem mais características positivas sobre seus próprios pais, padrões de apego mais seguro - com menores níveis de ansiedade e evitação - e maiores níveis de ajustamento conjugal a partir das dimensões de ajustamento diádico (consenso, coesão e expressão afetiva) quando comparados com casais que não buscam adoção e não tem filhos biológicos. Fick e McMahon (2009) também apontaram a partir de análise de regressão que estilos de apego inseguro e estratégias de enfrentamento desadaptativas são preditores de maior estresse parental durante a transição para a parentalidade adotiva. A falta de suporte social e a dificuldade de buscar auxílio quando necessário também estiveram correlacionadas com maior estresse parental, segundo o estudo de McKay e Ross (2010).

As dificuldades relacionadas ao contato e contratação dos serviços de adoção também foram bastante relatadas nos estudos analisados. Dentro deste fator, foi possível perceber questões relativas ao preconceito por parte dos serviços em relação à adoção por homossexuais, à falta de informações fornecidas aos adotantes e às diferenças entre o sistema público de adoção e as agências privadas (principalmente nos estudos norte-americanos). A respeito da primeira questão, Goldberg et al. (2008) relataram que mulheres lésbicas sentem-se forçadas a negar a validade de seus relacionamentos e declararem-se solteiras no momento de solicitarem a adoção para concordarem com as agências e com a legislação dos EUA. Além disso, essas mulheres relataram sentirem-se ferindo seus sistemas de crenças e valores para conseguirem uma criança. Nesse mesmo sentido, Brown et al. (2009) apontaram que todos os pais e mães homossexuais do estudo referiram uma ou mais barreiras no processo de adoção em função da orientação sexual. Outra questão apontada por eles foi a falta de informações disponíveis nos serviços a respeito das possibilidades de adoção por gays e lésbicas. Ainda, neste mesmo estudo foi possível perceber que os adotantes precisaram superar barreiras encontradas na própria comunidade em relação à aceitação e suporte das escolas que buscaram para os filhos.

O último fator encontrado que parece influenciar a transição para a parentalidade adotiva é a incidência de sintomas depressivos nas mães. Essa condição foi denominada de Depressão Materna Pós-Adoção e tem sido bastante estudada atualmente. O estudo de Foli et al. (2014) reafirmou o que já havia sido encontrado pelas autoras de que a depressão materna pós-adoção está muito ligada às expectativas parentais não atendidas e irrealistas. Segundo o estudo, essas expectativas influenciariam diretamente o vínculo mães-criança durante os períodos iniciais de adaptação à família. Ainda, o que parece estar relacionado ao fator anterior a respeito dos serviços de adoção, as expectativas se associam com a qualidade da relação das adotantes com os profissionais da adoção. Outro dado interessante apontado por Hebdon et al. (2012) é que parece haver uma relação entre os sintomas depressivos e as características de personalidade das mães adotivas. Os autores mostraram que a depressão materna tem uma correlação negativa com as dimensões de personalidade extroversão, estabilidade emocional, agradabilidade, consciência e abertura. Ainda, Senecky et al. (2009) enfatizaram que não há diferença significativa entre a presença de depressão em mães adotivas e em mães biológicas, demonstrando que a transição para a parentalidade, em qualquer forma de maternidade, pode provocar mudanças e influenciar o processo de tornar-se mãe.

 

Discussão

O presente estudo teve como objetivo investigar a partir de uma revisão sistemática da literatura científica os aspectos que influenciam a transição para parentalidade no contexto da adoção. Os artigos selecionados permitiram a criação de um modelo teórico acerca do tema. De acordo com o modelo, a transição para a parentalidade adotiva sofreria repercussões de questões relativas à homoparentalidade, por características dos adotantes e das crianças ou adolescentes adotados, pela relação estabelecida com os serviços de adoção e pela incidência ou não de sintomas depressivos maternos no período pós-adoção.

A respeito das questões que envolvem a homoparentalidade, percebe-se que é uma temática muito estudada atualmente pela literatura sobre adoção. Diversos autores têm apontado que casais homossexuais tendem a apresentar maior coesão, flexibilidade e são mais dispostos a receber apoio social (Marvin e Miller, 2002). Além disso, tendem a dividir mais a responsabilidade da relação devido a uma sintonia com as necessidades e interesses de cada um (Richards et al., 2015). A respeito da escolha de adoção por homossexuais, a literatura tem trazido evidências de que casais gays que optam pela parentalidade adotiva, o fazem completamente fora de um modelo tradicional de família e têm um filho em um contexto relacional único, já que nenhum dos pais é geneticamente relacionado a ele (Goldberg et al., 2012). O estudo de Raleigh (2012) também mostrou que casais homossexuais tendem a serem mais abertos a adoção de crianças negras do que casais heterossexuais. Esses dados também vão ao encontro do estudo de Jennings et al. (2014) que mostrou que muitos gays e lésbicas relataram ter baixo apego à ideia da parentalidade biológica por não sentirem vontade de buscar meios como doação de esperma ou "barrigas solidárias".

Apesar disso, mesmo que a filiação por homossexuais seja menos impactada por padrões biológicos de parentalidade e família, um dos estudos analisados no presente trabalho mostrou que lésbicas e gays tendem a relatar maiores expectativas irreais sobre o gênero e a raça quando comparados com adotantes heterossexuais (Moyer e Goldberg, 2015). Por isso, essa parece ser uma questão ainda controversa na literatura.

Ainda a respeito da adoção por homossexuais, a homoparentalidade de maneira geral ainda suscita preconceitos que podem ser vistos como uma questão complicadora da parentalidade adotiva (Jennings et al., 2014). Como visto nos estudos analisados, o preconceito muitas vezes parte dos próprios serviços de adoção, fazendo com que os adotantes precisem negar seus próprios valores para alcançarem o desejo de serem pais e mães.

O segundo grande fator encontrado foram as características das crianças adotadas. Os estudos apontam que a idade da criança, como nos casos de adoção tardia, é uma questão que influencia a percepção dos pais sobre a adaptação a esse novo processo. Além disso, o temperamento da criança e a formação de vínculos de apego com os pais foi apontado em um dos estudos como questão importante na parentalidade adotiva.

A respeito da adoção tardia, o estudo de Costa e Rossetti-Ferreira (2007) mostrou, ao acompanhar a adoção de duas irmãs de quatro e cinco anos, que a adoção tardia possui especificidades principalmente em relação à fragilidade da construção dos vínculos. Para as autoras, o processo é mais difícil e exige um acompanhamento após a adoção para facilitar o surgimento da nova família.

Ainda sobre as características da criança, pode-se pensar que um filho é sempre um enigma (Maldonado, 1997), independentemente das características que apresenta no momento da adoção e que são apresentadas aos pais na etapa de colocação da criança. Os filhos adotivos ainda são frutos de dúvidas em relação ao seu futuro devido às características genéticas muitas vezes desconhecidas (Costa, 1991). É importante pensar que essas questões conscientes e inconscientes dos pais acerca do que desejam em um filho (Paiva, 2004) irão influenciar a constituição dos vínculos principalmente nos casos considerados mais complicados, como adoção tardia e de crianças com problemas de comportamento.

Ainda, segundo a literatura, as questões vivenciadas pelas crianças em sua história prévia à adoção também parece ser um fator importante para os pais adotivos (Hindle e Shulman, 2008). Segundo os autores, a complexidade das necessidades das crianças, as implicações da adoção durante toda a vida e as três partes integrantes (família biológica, criança e família adotiva) mostram que a realização de uma adoção bem-sucedida pode ser um processo complexo e desafiador. Tais dados corroboram os achados do presente estudo.

As características pessoais dos adotantes também foram percebidas como questões importantes para o processo de transição para a parentalidade adotiva. A respeito disso, a literatura sobre adoção mostra que algumas características favorecem o desenvolvimento de vínculos entre os pais e os filhos adotivos. Para Bowlby (1995) a capacidade de vinculação afetiva é um aspecto que deve ser trabalhado com os adotantes no momento que buscam adotar uma criança. Outra questão apontada pela literatura como algo que influenciaria a construção desses laços é a flexibilidade e a capacidade de se adaptar a novas situações, visto que essa é uma demanda constante da parentalidade (Berthoud, 2003). Essa flexibilidade também apareceu na literatura recente como um fator importante para a prevenção de problemas de comportamento das crianças (Lunkenheimer et al., 2011).

Além dessas características, os artigos analisados também referiram como relevante a capacidade dos adotantes de buscar auxílio e suporte social. A respeito do apoio social, percebe-se a importância de se avaliar a qualidade das relações e saber o quanto essa criança também poderá contar com uma rede de apoio externa à família nuclear. Pode-se apontar também a necessidade de investigar o quanto a família consegue inserir-se socialmente e buscar na rede o auxílio necessário em atividades sociais, culturais e de saúde. O estudo de McKay e Ross (2010) evidenciou que os próprios adotantes perceberam como importante poder contar com o apoio de amigos, grupos especializados em adoção e com a rede de auxílio governamental.

Nesse contexto, pode-se pensar na importância da participação da família durante os primeiros períodos pós-adoção, incluindo filhos biológicos e outros familiares. Isso porque a chegada de um novo membro ao sistema familiar provoca alterações importantes nos subsistemas que a compõem (Minuchin, 1982) e a adoção leva a uma nova constituição desse núcleo, num processo em que os integrantes sofrem uma transformação para a construção de um ambiente saudável e favorável ao desenvolvimento da criança (Otuka et al., 2012).

A respeito das dificuldades com os serviços de adoção, a literatura tem mostrado que a construção de bons vínculos entre os profissionais e as famílias é fator fundamental para favorecer o sucesso da adoção. Isso porque se os adotantes sentirem-se confortados na presença dos profissionais, estarão mais disponíveis para explicitar e enfrentar aspirações, medos, fantasias e preconceitos, compreendendo que estão em um espaço que pode auxiliá-los a amadurecer seus pensamentos (D'Andrea, 2002). Esse contato poderia ser benéfico também para que reflitam a respeito das dificuldades que estão enfrentando e busquem o auxílio necessário (Levinzon, 2014).

O processo de transição para a parentalidade adotiva, bem como a maternidade biológica, também pode sofrer impactos do surgimento de sintomas depressivos no período pós-adoção. Segundo os estudos analisados, esses sintomas encontram-se muito associados às expectativas criadas pelos pais e que acabam por serem não atendidas no encontro com a criança real. Como foi enfatizado pelos autores, não parece haver diferença entre a incidência de depressão pós-parto e de depressão materna pós-adoção (Senecky et al., 2009). Com isso, pode-se pensar que a transição para a parentalidade, em qualquer forma de maternidade, pode provocar mudanças e influenciar o processo de tornar-se mãe.

A respeito disso, a literatura tem mostrado que os sintomas depressivos maternos encontram-se muito associados às dificuldades no relacionamento entre mãe e filho, podendo ter influência em todo o funcionamento familiar (Frizzo e Piccinini, 2007). Além disso, pode ter consequências bastante negativas sobre o desenvolvimento do bebê (Frizzo e Piccinini, 2005). Com isso, percebe-se o quanto os sintomas depressivos podem impactar o processo de se tornar pais e mães adotivos.

De maneira geral, percebe-se uma tendência de boa parte dos estudos atuais em enfocar temáticas relacionadas à homoparentalidade. Sabe-se que esse é um tema bastante atual e que ainda suscita dúvidas nos profissionais que trabalham diretamente com gays e lésbicas que buscam a adoção. Além do mais, foi possível perceber que a tendência atual da literatura científica não aponta questões relativas a outras modalidades de configuração familiar ou de características dos adotantes, como a infertilidade, a monoparentalidade as pluriparentalidades, que sabidamente são questões que influenciam o tornar-se pais e mães no contexto da adoção (Park e Hill, 2013; Santos et al., 2011; Uziel, 2000).

Outra questão que pode ser discutida a respeito dos estudos encontrados é em relação aos participantes que compuseram as pesquisas. De maneira geral, os participantes pertenciam a uma classe econômica privilegiada, tinham níveis altos de escolaridade e não se valorizou nas análises a questão da raça, sendo a maioria dos participantes, em todos os estudos, brancos. Com isso, pode-se pensar que os dados que estão disponíveis a respeito do tema não podem ser generalizados, já que não levam em consideração uma multiplicidade sócio-econômico-cultural. Ainda, o fato de boa parte dos estudos serem provenientes dos EUA, que possui um sistema de adoção diferenciado de outros países, faz com que os dados apresentem esse viés.

 

Considerações Finais

O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura científica a fim de se identificarem os fatores que influenciam a transição para a parentalidade adotiva. De maneira geral, acredita-se que foi possível perceber que essa forma de parentalidade encontra-se bastante relacionada às questões que concernem à homoparentalidade, às características pessoais dos adotantes e das crianças que serão colocadas em adoção, às dificuldades com os serviços que prestam auxílio aos adotantes e à presença de depressão materna no período pós-adoção.

Apesar disso, percebeu-se que os estudos têm abordado apenas uma pequena parcela dos temas envolvidos na parentalidade adotiva, bem como não têm considerado a inclusão de uma maior diversidade das amostras analisadas. Ainda, a respeito das metodologias e delineamentos utilizados, percebeu-se que, apesar de boa parte dos estudos explorarem dados qualitativos, ainda fazem recortes transversais do processo de adoção. Nesse sentido, acredita-se que estudos futuros possam a vir a contribuir se utilizarem delineamentos longitudinais que possam investigar diferentes etapas do processo de tornar-se pai e mãe adotivo.

O presente estudo apresenta limitações em relação à inclusão de artigos somente em línguas inglesa e portuguesa. Estudos futuros podem ampliar o escopo de pesquisa a fim de incluir mais referências de outras regiões do mundo. Apesar disso, foi possível identificar a tendência da literatura atual a respeito da parentalidade adotiva. Com isso, elaborou-se um modelo teórico acerca dos fatores que repercutem nesse processo de transição, tendo sido possível contribuir para identificar as falhas na literatura e pensar em estudos futuros que abordem o tema de maneira longitudinal, que investiguem o processo de transição para a parentalidade adotiva a partir do pedido de habilitação para adoção até a chegada da criança e acompanhe o seu desenvolvimento. Ainda, pode-se pensar que uma maior variabilidade da amostra de pais e mães adotantes pode dar indícios mais abrangentes acerca do fenômeno. Por fim, a questão da transgeracionalidade da adoção, uma questão bastante presente no trabalho clínico com adotados e adotantes, também merece atenção dos estudos futuros.

 

Referências

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Submetido: 20/01/2017
Aceito: 03/11/2017

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