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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.12 no.1 São Leopoldo Jan./Apr. 2019

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2019.121.01 

ARTIGOS

 

Violência nas relações íntimas juvenis: (des)ajustamento psicossocial e estratégias de coping

 

Violence in dating relationships: psychosocial (dis)adjustment and coping strategies

 

 

Ana Patrícia SantosI; Sónia CaridadeII; Jorge CardosoIII

IFaculdade de Ciências humanas e Sociais, Universidade Fernando Pessoa. Praça 9 de Abril, 349, 4249-004 - Porto - Portugal. 33033@ufp.edu.pt
IIObservatório Permanente Violência e Crime e Centro de Investigação em Ciências Sociais e do Comportamento (FP-B2S), Universidade Fernando Pessoa. Praça 9 de Abril, 349. 4249-004, Porto - Portugal. soniac@ufp.edu.pt
IIIInstituto Universitário Egas Moniz, Centro de Investigação Interdisciplinar Egas Moniz, Campus Universitário, Quinta da Granja Monte de Caparica, 2829 - 511, Caparica - Portugal. jorgecardoso.psi@gmail.com

 

 


RESUMO

O presente estudo procurou caraterizar as vivências amorosas abusivas de jovens, o (des)ajustamento psicossocial das vítimas e as estratégias de coping utilizadas por estas. Para tal recorreu-se ao Questionário de Vivências Amorosas Abusivas (QVAA) e ao Brief COPE. A amostra final foi constituída por 287 participantes, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M=22.08; DP=1.69), sendo 80.8% do sexo feminino e 19.2% do sexo masculino. Em termos de resultados, 13.9% admitiram perpetrar violência contra o/a namorado/a e 23.7% revelaram ter sofrido algum tipo de abuso íntimo, sendo a agressão psicológica a mais referida pelos/as jovens, tanto ao nível da perpetração (41%) como da vitimação (24.2%). Foi ainda possível apurar que 65% dos/as jovens que admitiram perpetrar atos abusivos foram simultaneamente vítimas. Relativamente às consequências da violência estas manifestam-se principalmente ao nível dos sentimentos e comportamentos dos/as jovens, sendo que as estratégias de coping de tipo ativo foram as mais referenciadas (77.9%) pelas vítimas para fazer face à violência. Os resultados reforçam a necessidade de promoção de um estilo de coping adequado para lidar com as experiências abusivas.

Palavras-chave: violência íntima; coping; ajustamento psicossocial.


ABSTRACT

The present study intends to characterize abusive dating experiences among young people and the psychosocial (dis)adjustment and coping strategies used by victims. We used the Abusive Dating Experiences Questionnaire (QVAA) and the Brief COPE. The sample consisted of 287 individuals aged between 18 and 25 years (M=22.08; DP=1.69), with 80.8% female and 19.2% male. The results show that 13.9% perpetrated violence against his/her partner and 23.7% have been victimized by these behaviors, with psychological aggression presenting the most prevalent rates in terms of perpetration (41%) and victimization (24.2%). 65% of them admitted perpetrating abusive acts and being simultaneously victims. Regarding the consequences of dating violence we can conclude that they manifest mainly on feelings and behaviors of young people, and that active coping strategies were the most referred (77.9%) to deal with the impacts of violence. The results of this study reinforce the need to promote an adequate coping style to deal with abusive experiences.

Keywords: dating violence; coping; psychosocial adjustment.


 

 

Introdução

A investigação científica sobre a temática da violência nas relações íntimas focou-se, aproximadamente durante duas décadas, nas relações maritais/uniões de fato, tendo negligenciado outros contextos relacionais, entre os quais a violência no namoro (Caridade e Machado, 2006; Caridade e Machado, 2013). Contudo, é unânime que a violência nas relações íntimas entre adolescentes e jovens adultos constitui uma problemática socialmente relevante e merecedora de atenção, uma vez que se trata de um fenômeno transversal às diferentes culturas e grupos étnicos (Caridade, 2011).

A título ilustrativo, Straus (2004) realizou um estudo com 8.666 indivíduos de 31 universidades de 16 países (5 da Ásia e do Médio Oriente; 2 da Austrália-Nova Zelândia; 6 da Europa, incluindo Portugal; 2 da América Latina, e 1 da América do Norte), com idades compreendidas entre os 18 e os 40 anos, no sentido de verificar a prevalência de violência física e da violência física severa nas relações amorosas nos últimos 12 meses. Nesta investigação, 29% da amostra referiu já ter exercido agressões físicas sobre os/as parceiros/as, e aproximadamente 9.4% admitiu ter sido vítima de violência física severa. Num outro estudo, conduzido na Espanha, por Fernández-Fuertes e Fuertes (2010), com 567 jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 19 anos, 96.3% dos participantes admitiram ter perpetrado atos de violência verbal-emocional contra os parceiros, enquanto 95.4% relataram ter sido vítimas deste tipo de condutas. Ao nível da violência física, 24.3% referiram ter perpetrado atos desta natureza, e 21.7% admitiram ter sido vítimas.

Em Portugal, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) realizou um estudo com 2.500 jovens com idades entre os 12 e os 18 anos, das cidades de Porto, Braga e Coimbra. Tendo em consideração os jovens que referiram já ter estado envolvidos numa relação - 59% da amostra total - apurou-se que 8.5% já tinham sido vítimas de violência psicológica, 5% de violência física e 4.5% de violência sexual (UMAR, 2016). Efetivamente estes indicadores de violência encontrados por este estudo realizado pela UMAR revelam-se inferiores aos apurados em outros trabalhos conduzidos em Portugal (Caridade, 2011; Machado et al., 2010; Santos e Caridade, 2017) e tal poderá traduzir alguma desejabilidade social (os dados foram coletados em contexto escolar) ou mesmo a tendência para os adolescentes minimizarem e/ou relativizarem a violência nas suas relações íntimas, encarando, muitas vezes, certos comportamentos como sendo ciúmes ou ato de amor e não se reconhecem como vítimas (Ameral et al., 2017). Um outro estudo conduzido por Santos e Caridade (2017), recorrendo a uma amostra de 196 jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 20 anos residentes no concelho de Gondomar, em Portugal, verificou que 27% dos participantes admitiram ter sido vítimas de pelo menos um ato abusivo por parte do/a namorado/a e 26.5% perpetraram este tipo de condutas contra o/a seu/sua companheiro/a.

A literatura em torno da temática tem vindo a comprovar que este tipo de abuso íntimo poderá introduzir alterações significativas na vida dos/as jovens, com repercussões no seu percurso desenvolvimental. Especificamente, a vitimação por violência nas relações íntimas tem sido positivamente associada a uma ampla diversidade de consequências negativas, a diferentes níveis (comportamentais, emocionais e de saúde mental) e a longo prazo, tais como: consumo de substâncias, depressão e ansiedade, perturbação de stress pós-traumático, pobre desempenho acadêmico, ideação suicida ou mesmo envolvimento em comportamentos antissociais e comportamentos sexuais de risco e outras formas de violência interpessoal (Caridade, et al., 2018; Carter-Snell, 2015; Exner-Cortens et al., 2013; Foshee et al., 2013; Shorey et al., 2012). Refira-se que o desenvolvimento de muitos destes problemas associados à experiência de violência íntima poderão ser mitigados mediante o pedido de auxílio por parte dos/as jovens/adolescentes, seja através da rede de apoio informal (pais, pares, professores, etc.) ou formal (autoridades com competência de intervenção neste domínio) (Caridade, 2018). Contudo, a literatura documenta que os/as adolescentes/jovens que sofrem algum tipo de abuso íntimo, regra geral, não revelam a sua situação abusiva (Moore et al., 2015) e, quando o fazem, recorrem principalmente à rede de apoio informal (Sabine e Ho, 2014). A investigação realizada neste âmbito demonstra que 60% dos adolescentes vítimas e 79% dos adolescentes que usam a violência não procuram auxílio; quando optam por procurar auxílio, 61% busca o apoio dos pares e elementos da família, e raramente revelam a situação abusiva aos profissionais (Asley e Foshee, 2005). Sabe-se, ainda, que as moças e os/as adolescentes mais velhos procuram mais ajuda/apoio do que os rapazes e adolescentes mais novos (Hedje et al., 2016).

Tem sido igualmente documentado que a forma como as vítimas respondem ao abuso - estilo de coping - pode determinar a expressão e as dificuldades de ajustamento (Straight et al., 2003). A literatura da especialidade (Gutner et al., 2006) refere que os indivíduos que vivenciam eventos traumáticos utilizam diferentes estratégias de coping para lidar com a experiência abusiva. Neste sentido, torna-se pertinente analisar a forma como as vítimas enfrentam este tipo de experiências, uma vez que o coping desempenha um importante papel na adaptação psicológica dos indivíduos a situações de crise, podendo mesmo funcionar como mediador dos efeitos da violência. Assim, é possível identificar três fatores com potencial impacto no equilíbrio emocional do sujeito: i) a percepção do evento (abusivo), ii) o suporte situacional disponível; e iii) e os mecanismos de coping usados (Green et al., 2010).

Ao longo do tempo, a investigação sobre o coping tem sofrido alterações a nível teórico e também metodológico, dando origem a múltiplas definições relativamente ao conceito, que influenciam diretamente o tipo de medida utilizada na avaliação do construto. Folkman e Lazarus (1980, 1985), pioneiros na investigação sobre o coping, propuseram uma perspetiva ampla e integradora das variáveis envolvidas em situações onde os indivíduos necessitam ativar o coping. Neste sentido, é estabelecida uma relação de reciprocidade entre o indivíduo e o ambiente, sendo que um é afetado pelo outro e vice-versa. O coping define-se então como um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais, em constante transformação, que são utilizados pelos indivíduos para gerir, tolerar ou reduzir as exigências internas ou externas, quando estas são percebidas como excedendo os seus recursos individuais.

Estes autores propuseram também um sistema de classificação assente na taxonomia de coping focado na emoção versus coping focado no problema, sendo um dos mais referenciados e testados ao nível da literatura científica. O coping focado na emoção envolve esforços comportamentais para lidar com as emoções e regular o stress, podendo ser considerado adaptativo (e.g., reformulação cognitiva) ou maladaptativo (e.g., negação). O coping focado no problema (e.g., elaborar um plano de ação, procurar auxílio) consiste nos esforços cognitivos e comportamentais que são utilizados para regular o stress, e pode ser direcionado para o eu ou para o ambiente, sendo geralmente considerado uma forma adaptativa de lidar com o problema, uma vez que visam sempre a alteração da relação entre o indivíduo e o ambiente (Folkman e Lazarus, 1980).

A avaliação da eficácia das estratégias de coping não constitui uma questão consensual na literatura. Contudo, na generalidade, tem sido documentado que o coping focado no problema constitui um estilo de coping adaptativo com maior probabilidade de contribuir para um resultado emocional positivo, na medida em que o indivíduo desenvolve uma perceção de controle sobre a resolução do problema (Green et al., 2010). Por outro lado, o coping focado na emoção tende a revelar características desadaptativas, o que tem sido comprovado em diversos estudos com vítimas de violência íntima (Iverson et al., 2013; Shorey et al., 2012;).

Dada a inexistência de trabalhos em Portugal sobre esta temática, o presente estudo, de caráter quantitativo, teve como principal objetivo caraterizar as estratégias de coping utilizadas pelas vítimas para fazer face às repercussões da violência no âmbito das relações íntimas juvenis. De forma mais específica pretendeu-se: i) conhecer e caraterizar as vivências amorosas abusivas dos/as adolescentes (e.g., tipo de abuso sofrido, contextos de ocorrência das dinâmicas abusivas, reações apresentadas pelos/as adolescentes e pedidos de ajuda); ii) caraterizar o (des)ajustamento psicossocial dos/as participantes que admitiram ter sofrido algum tipo de violência nas suas relações íntimas nos últimos 12 meses; iii) caraterizar as estratégias de coping utilizadas pelos/as participantes que revelaram ter sofrido algum tipo de violência nas suas relações íntimas nos últimos 12 meses; iv) analisar a relação entre certas variáveis sociodemográficas (e.g., sexo e idade), o abuso íntimo sofrido e o (des)ajustamento psicossocial; v) analisar a relação entre certas variáveis sociodemográficas (e.g., sexo e idade) e as estratégias de coping utilizadas.

 

Método

Participantes

Participaram neste estudo 287 jovens, dos quais 232 (80.8%) eram do sexo feminino e 55 (19.2%) do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (M=22.08; DP=1.69; Tabela 1). Como critérios de inclusão considerou-se o fato de se encontrarem em idades entre os 18 e os 25 anos, e que estivessem, no momento do preenchimento dos instrumentos, ou já tivessem estado, envolvidos/as numa relação amorosa no decurso do último ano (critério de inclusão). Relativamente à escolaridade dos/as participantes, 85.7% frequentavam formação superior, 8.4% frequentavam o 12º ano, 4.2% haviam terminado a sua formação superior e 0.4% frequentavam o 9º ano. Os dados podem ser observados na Tabela 1.

Quanto às suas vivências amorosas, 73.5% dos/as participantes referiram estar atualmente envolvidos/as numa relação amorosa e 26.5% indicaram ter estado envolvidos/as num relacionamento amoroso no último ano. Os dados são apresentados na Tabela 2.

No que se refere à duração do relacionamento atual, a maior parte dos/as participantes (21.6%) relatou que este apresenta uma duração compreendida entre dois e três anos. Considerando a duração da relação passada, a maior parte da amostra (32.4%) referiu que a relação teve uma duração compreendida entre seis meses e um ano.

Instrumentos

Para a realização deste estudo recorreu-se ao Questionário sobre Vivências Amorosas Abusivas (QVAA - Caridade e Santos, 2014) e ao Brief COPE (Carver et al., 1989 traduzido e validado para a população portuguesa por Pais Ribeiro e Rodrigues, 2004). O QVAA tem como objetivo conhecer as experiências de violência existentes nas relações amorosas, bem como as suas implicações ao nível do ajustamento psicológico dos/as jovens. Este questionário é constituído por cinco secções: a primeira destina-se à caraterização sociodemográfica dos/as participantes (e.g., idade, sexo, ano de escolaridade), a segunda remete para a caraterização da situação relacional (e.g., estado da relação, duração e tipo de relação); a terceira procura caraterizar o funcionamento pessoal e/ou familiar dos/as participantes (e.g., consumo de substâncias, experiências de vitimação passadas, violência em contexto familiar); a quarta destina-se à caraterização das vivências amorosas dos/as participantes (e.g., vitimação/perpetração de violência na intimidade, impacto da violência), e uma última secção relativa a sugestões (e.g., sugestões para outros jovens lidarem com situações de violência). No presente estudo, a secção três, referente ao funcionamento pessoal e/ou familiar não foi utilizada, uma vez que não se considerou ser relevante para os objetivos da presente investigação.

O Brief COPE constitui uma versão reduzida do COPE de Carver et al. (1989), tendo como objetivo avaliar os estilos e estratégias de coping. É constituído por 28 itens, agrupados em 14 dimensões: coping ativo (itens 2 e 7), planear (itens 14 e 25), reinterpretação positiva (itens 12 e 17), aceitação (itens 20 e 24), humor (itens 18 e 28), religião (itens 22 e 27), utilização de suporte emocional (itens 5 e 15), utilização de suporte instrumental (itens 10 e 23), autodistração (itens 1 e 19), negação (itens 3 e 8), expressão dos sentimentos (itens 9 e 21), uso de substâncias (itens 4 e 11), desinvestimento comportamental (itens 6 e 16) e autoculpabilização (itens 13 e 26). A resposta a cada um dos itens do questionário é feita através de uma escala ordinal com quatro alternativas (de 0 a 3), em que zero representa "nunca faço isto" e três representa "faço sempre isto". O estudo da consistência interna do instrumento, com recurso ao Alfa de Cronbach, apresentou resultados entre 0.55 e 0.84 (Pais-Ribeiro e Rodrigues, 2004). Neste estudo encontraram-se valores de consistência interna mais baixos, comparativamente ao estudo de adaptação do instrumento para a população portuguesa, que variaram entre 0.19 e 0.68.

Procedimentos éticos e de coleta de dados

Numa fase inicial foram solicitadas as autorizações aos autores dos instrumentos para a sua utilização e administração online. Posteriormente procedeu-se à elaboração do protocolo de investigação com a descrição do estudo para submissão à Comissão de Ética da instituição acadêmica onde o mesmo foi realizado. Uma vez validado o estudo pela referida Comissão de Ética, foram disponibilizados numa plataforma online (Google Docs) os instrumentos e o consentimento informado para respectivo preenchimento. Solicitou-se a colaboração para a participação e divulgação do estudo através de contatos pessoais de e-mail (técnica de snowball) e redes sociais.

A recolha de dados realizou-se entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, ficando o questionário indisponível após esse período. No início do questionário foi feita uma descrição do estudo (objetivos, critérios de inclusão, confidencialidade e anonimato dos dados), e apresentado o consentimento informado, sendo que os participantes só poderiam avançar no preenchimento dos questionários depois de concordarem com a sua participação no estudo. Houve ainda o cuidado de, no final do preenchimento dos instrumentos, se disponibilizarem contactos de entidades de apoio à vítima (Associação de Apoio à Vítima - APAV e Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género - CIG), caso os participantes entendessem necessitar de recorrer a algum tipo de apoio. Após o término da recolha de dados criou-se uma base de dados, com recurso ao programa informático Statistical Package for Social Sciences (IBM SPSS versão 23.0), onde foram inseridas as respostas dos/as participantes para se proceder posteriormente à sua análise. A amostra final que foi considerada para análise incluiu apenas os questionários que cumpriam todos os critérios de inclusão acima descritos.

Procedimentos de análise de dados

Os dados recolhidos nesta investigação foram sujeitos a análises estatísticas com recurso ao programa informático IBM SPSS versão 23.0. Através de análises estatísticas descritivas procedeu-se à caraterização sociodemográfica da amostra, das suas vivências amorosas abusivas, impacto da violência e estratégias de coping utilizadas para lidar com este. Posteriormente realizaram-se análises estatísticas inferenciais, com recurso a testes não-paramétricos - teste de Qui-Quadrado e Coeficiente de Correlação Ponto-Bisserial - para analisar a associação (ou não) entre algumas variáveis sociodemográficas, o (des)ajustamento psicossocial e as estratégias de coping utilizadas pelos/as participantes. A utilização de testes não-paramétricos deveu-se ao facto de não estarem cumpridos os pressupostos que conferem rigor estatístico aos testes paramétricos, mediante a análise da normalidade das distribuições.

 

Resultados

Prevalência de comportamentos abusivos perpetrados e sofridos

No conjunto dos/as participantes que referiram estar, ou ter estado, envolvidos/as numa relação amorosa nos últimos 12 meses, 13.9% revelaram já ter utilizado algum tipo de conduta abusiva contra o/a atual ou antigo/a parceiro/a, e 23.7% admitiram ter sido vítima de atos abusivos por parte do/a namorado/a.

No que diz respeito aos diferentes tipos de violência verificou-se que, em termos de perpetração, a agressão psicológica foi a mais referida pelos/as participantes, tendo sido registada em 41% dos casos, seguindo-se a agressão física com 7.4%, e a agressão sexual com 3.9%. Relativamente à vitimação, a agressão psicológica foi reportada por 24.2% da amostra, sendo a mais prevalente, seguindo-se a agressão sexual referida, por 9.5% e a agressão física por 7.1% (Tabela 3).

 

 

Foi, ainda, possível verificar que relativamente aos/às participantes que admitiram usar algum tipo de violência contra o/a parceiro/a, 65% destes consideraram-se simultaneamente vítimas deste tipo de condutas por parte do/a seu/sua namorado/a.

Comportamentos abusivos e sua relação com idade e gênero

Para verificar a existência de associação entre a experiência de vitimação e o gênero dos participantes sinalizados como vítimas e/ou agressores recorreu-se ao teste de Qui-Quadrado, sendo que não se verificou existir uma associação estatisticamente significativa entre o género e a vitimação (χ2 = 0.513; p = 0.474) ou a perpetração (χ2 = 0.520; p = 0.471).

Mediante a aplicação do Coeficiente de Correlação de Ponto-Bisserial foi também possível constatar que, não existe uma associação estatisticamente significativa entre a idade dos participantes e a experiência de vitimação (rpb = 0.026; p = 0.665) ou de perpetração (rpb = 0.016; p = 0.790).

Caraterização das dinâmicas abusivas violentas

Ao nível das reações aos comportamentos abusivos, os/as participantes que admitiram ter sido vítimas relataram reagir das seguintes formas: tentar conversar com o/a namorado/a (54.4%), chorar/ficar triste (47.1%), sair/abandonar o local (33.8%), ficar sozinho/a (23.5%), defender-se (usando algum tipo de violência) (22.1%) e pedir ajuda (a amigos e/ou familiares) (22.1%). No que diz respeito às razões que levaram o/a parceiro/a a adotar comportamentos abusivos, 63.2% dos/as participantes referiram dever-se a caraterísticas pessoais (e.g., agressividade, impulsividade), 57.4% a ciúmes, 23.5% a uma forma de controle 11.8% atribuíram ao facto de o/a namorado/a ter sido vítima de violência na infância/contexto familiar, 5.9% ao consumo de drogas ilegais e 4.4% ao consumo de álcool.

Verificou-se ainda que 67.6% da amostra considerou que os primeiros comportamentos abusivos foram da iniciativa do/a parceiro/a, e 76.5% reportaram serem estes os/as principais agentes deste tipo de condutas. No que diz respeito ao lugar onde aconteceram estes comportamentos, 69.7% dos/as participantes afirmaram que decorreram em privado, 18.2% em espaços públicos e 12.1% em ambos. Questionados acerca da presença de terceiros no momento da ocorrência das condutas abusivas, 96% referiram que estas não acontecem/aconteciam na presença de outras pessoas.

Uma percentagem relevante da amostra (63.3%) admitiu já ter ponderado terminar a relação, sendo que 56.1% referiu já o ter feito, ocorrendo, contudo, uma posterior reconciliação. Considerando os/as participantes que admitiram nunca ter terminado a relação amorosa, as razões associadas a esta atitude foram: o amor que nutrem pelo parceiro/a (75%), a esperança na mudança de comportamento do/a namorado/a (40.6%), o receio de sofrer retaliações/represálias (15.6%), a vergonha de contar a situação (12.5%), a manipulação psicológica/chantagem (9.4%), e o receio que não acreditassem nele/a (3.1%).

No que respeita a pedidos de auxílio, verificou-se que somente 25% da amostra admitiu ter procurado ajuda, sendo que 52.9% recorreram à família, 47.1% a técnicos, 41.2% a amigos/pares e 11.8% à polícia.

Caraterização do ajustamento psicossocial das vítimas

Analisando as repercussões da violência no ajustamento psicossocial dos/as participantes que admitiram ter sofrido algum tipo de violência nas suas relações íntimas, foi possível verificar que estas se manifestaram maioritariamente ao nível de emoções e comportamentos. Assim, 82.4% referiram sentir-se tristes, 76.5% consideraram sentir-se irritados/com raiva, e 70.6% relataram preferir estar sozinhos/sentir-se sozinhos/ter dificuldade em adormecer (Tabela 4).

Através do teste de Qui-Quadrado, foi analisada a associação entre o gênero dos/as participantes e os itens correspondentes ao ajustamento psicossocial, concluindo-se não existir uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis (Tabela 5).

Mediante o Coeficiente de Correlação Ponto-Bisserial apurou-se existirem correlações estatisticamente significativas entre a idade dos participantes e o seu ajustamento psicossocial, nomeadamente ao nível das dificuldades de atenção nas aulas e envolvimento em conflitos familiares. Assim, a dificuldade de atenção nas aulas mostrou-se negativamente correlacionada com a idade (rpb = -.32, p = .008, p < 0.01), ou seja maiores dificuldades nesta competência cognitiva estão associadas a idades mais jovens. Também o envolvimento em conflitos familiares surgiu negativamente correlacionado com a idade (rpb = -.35, p = .003, p < 0.01), sendo que um menor envolvimento em conflitos familiares estava igualmente associado aos participantes mais jovens.

Estratégias de Coping e Vitimação

Relativamente às estratégias de coping utilizadas pelas vítimas para fazer face à violência sofrida na intimidade, 77.9% assumiram usar estratégias de tipo ativo (e.g., "concentro os meus esforços para fazer alguma coisa que me permita enfrentar a situação; tomo medidas para tentar melhorar a situação"), 70.6% de autodistração (e.g., "refugio-me noutras atividades para me abstrair da situação"; "faço outras coisas para pensar menos na situação"), 69.1% utilizaram estratégias de planeamento (e.g., "tento encontrar uma estratégia que me ajude no que tenho de fazer"; "penso muito sobre a melhor forma de lidar com a situação"), 61.8% de suporte social emocional (e.g., "procuro apoio emocional de alguém"; "procuro o conforto e compreensão de alguém"), 58.8% de autoculpabilização (e.g., "faço críticas a mim próprio"; "culpo-me pelo que está a acontecer") e de expressão de sentimentos (e.g., "fico aborrecido e expresso os meus sentimentos"; "sinto e expresso os meus sentimentos de aborrecimento"), 57.4% de reinterpretação positiva (e.g., "tento analisar a situação de maneira diferente de forma a torna-la mais positiva"; "procuro algo positivo em tudo o que está a acontecer"), 55.9% de aceitação (e.g., "tento aceitar as coisas tal como estão a acontecer"; "tento aprender a viver com a situação"), 52.9% de suporte instrumental (e.g., "peço conselhos e ajuda a outras pessoas para enfrentar melhor a situação"; "peço conselhos e ajuda a pessoas que passaram pelo mesmo"), 39.7% de humor (e.g., "enfrento a situação levando-a para a brincadeira"; "enfrento a situação com sentido de humor"), 32.4% de desinvestimento comportamental (e.g., "desisto de me esforçar para obter o que quero"; "simplesmente desisto de tentar atingir o meu objetivo"), 26.5% de religião (e.g., "tento encontrar conforto na minha religião ou crença espiritual"; "rezo ou medito"), 25% de negação (e.g., "tenho dito para mim próprio isto não é verdade"; "recuso-me a acreditar que isto esteja a acontecer desta forma comigo") e 20.6% de uso de substâncias (e.g., "refugio-me no álcool ou noutras drogas para me sentir melhor"; "uso álcool ou outras drogas para me ajudar a ultrapassar os problemas") (Tabela 6).

 

 

Mediante o teste de Qui-Quadrado, para analisar a associação entre o género dos/as participantes e as dimensões do coping utilizadas, verificou-se não existir uma associação estatisticamente significativa entre as variáveis (Tabela 7).

 

 

Com recurso ao Coeficiente de Correlação Ponto-Bisserial apurou-se, igualmente não existir associação estatisticamente significativa entre a idade dos participantes e as estratégias de coping utilizadas por estes (Tabela 8).

 

 

Discussão

O presente estudo procurou conhecer e caraterizar as vivências amorosas abusivas dos/as adolescentes e jovens no início da idade adulta, o seu ajustamento psicossocial e as estratégias de coping por estes utilizadas para fazer face à violência sofrida na intimidade. Relativamente à prevalência da violência nas relações íntimas juvenis, os dados apurados reforçam as conclusões de outros estudos, portugueses e internacionais, sobre o fenômeno (Machado et al., 2010; Machado et al., 2003; Santos e Caridade, 2017; Sabina et al., 2016), sendo que de uma forma global se verificaram índices consideráveis de violência nas relações de intimidade juvenis, quer em termos de perpetração (13.9%) quer de vitimação (23.7%). Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas entre o gênero dos/as participantes e a vitimação ou a perpetração, contrariamente ao que foi verificado no estudo de Sabina e colaboradores (2016), em que as moças admitiram recorrer a mais comportamentos abusivos, nas relações amorosas, comparativamente aos rapazes. Foi ainda possível constatar que, relativamente aos/às participantes que admitiram usar algum tipo de violência contra o/a parceiro/a, 65% destes consideraram ser simultaneamente vítimas e agressores deste tipo de condutas por parte do/a seu/sua namorado/a. Os resultados encontrados demonstraram ser mais elevados do que os verificados noutros estudos já realizados (Machado et al., 2010; Santos e Caridade, 2017; Straus, 2004). Contudo, importa realçar que a interpretação dos resultados obtidos deverá ser feita de forma cautelosa, uma vez que os estudos utilizaram diferentes instrumentos para a coleta de dados. É também importante salientar que se verificou que muitos/as participantes, apesar de não se considerarem vítimas/agressores, admitiram sofrer/perpetrar determinados atos abusivos.

Os comportamentos abusivos mais referidos pelos/as participantes a nível da vitimação remetem para a violência psicológica (41%), verificando-se o mesmo em termos de perpetração (24.2%), o que corrobora o que tem sido verificado em estudos internacionais (Fernández-Fuertes e Fuertes, 2010; Haynie et al., 2013; Sabina et al., 2016) e portugueses (Machado et al., 2010; Paiva e Figueiredo, 2003; Santos e Caridade, 2017).

Relativamente às razões que justificam a adoção de atos abusivos por parte do/a parceiro/a, as caraterísticas pessoais (e.g., impulsividade, agressividade), o ciúme e o controle foram os mais referenciados pelos/as participantes, o que vai ao encontro do que foi demonstrado por outros trabalhos (Fernández-Fuertes e Fuertes, 2010; Santos e Caridade, 2016).

Ao nível das razões que levaram os/as participantes a manter os relacionamentos abusivos, destacam-se o amor, a esperança na mudança de comportamento do/a namorado/a, o receio de sofrer retaliações/represálias, a vergonha de contar a situação, a manipulação psicológica/chantagem e, por fim, o receio que não acreditassem nele/a. Atendendo ao documentado na literatura (Roscoe e Callahan, 1983; Roscoe e Kelsey, 1986 citados por Glass et al., 2003; Ameral et al., 2017), poderá deduzir-se que os/as jovens continuam a interpretar os comportamentos abusivos por parte do/a parceiro/a como um ato de amor, desvalorizando e/ou minimizando certos comportamentos abusivos e não se identificando como potenciais vítimas de violência.

No que respeita a pedidos de auxílio, verificou-se que apenas uma pequena parte da amostra (25%) admitiu ter procurado ajuda, sendo que 52.9% recorreu à família, 47.1% a profissionais, 41.2% a amigos/pares e 11.8% à polícia. Estes resultados corroboram os encontrados em outros estudos (Ashley e Foshee, 2005; Ocampo et al., 2007; Martin et al., 2012; Madkour et al., 2016; Moore et al., 2015), que verificaram que a maioria das vítimas não recorreu a qualquer tipo de auxílio para as situações de violência, sendo que as que optaram pelo pedido de auxílio fizeram-no junto de familiares e amigos. O conhecimento do leque de recursos e respostas disponíveis por parte dos/as adolescentes, bem como a sua perceção relativamente a eficácia daqueles mecanismos de apoio parecerem constituir importantes fatores para compreender os comportamentos em termos da procura de auxílio (Madkour et al., 2016). A literatura documenta, ainda, algumas barreiras no acesso aos serviços para vítimas e agressores, tais como o estigma associado à violência no namoro, a preferência por fontes de ajuda informais e a falta de protocolos para avaliar e intervir os/as adolescentes neste tipo de situações (Moore et al., 2015).

Considerando as repercussões da violência nas relações íntimas juvenis no ajustamento psicossocial dos/as participantes, apurou-se que estas se manifestaram maioritariamente ao nível das emoções e comportamentos dos/as jovens, destacando-se: tristeza (82.4%); irritação/raiva (76.5%); preferirem estar sozinhos, sentirem-se sozinho e terem dificuldade em adormecer (70.6%). Resultados semelhantes foram encontrados por Ackard et al. (2007), que demonstraram que a violência nas relações de intimidade estava associada a maiores riscos para a saúde dos indivíduos, principalmente a nível psicológico e comportamental. Verificou-se ainda não existirem diferenças entre rapazes e moças no que diz respeito às consequências da violência íntima no seu ajustamento psicossocial, contrariamente ao que foi apurado noutros estudos (Ackard et al., 2007; Romito e Grassi, 2007) onde se verificou que as moças revelavam pior ajustamento psicossocial face a este tipo de abuso. Tendo em consideração a idade dos/as participantes, foi ainda possível constatar que os/as mais jovens tenderam a apresentar maiores dificuldades de atenção nas aulas e maior envolvimento em conflitos familiares, o que poderá ser explicado pelo fato de estes possuírem menos recursos individuais para poder lidar com este tipo de situações.

Relativamente às estratégias de coping utilizadas pelas vítimas de violência nas relações íntimas juvenis, no presente estudo apurou-se que os/as jovens recorreram maioritariamente a estratégias de coping de tipo ativo (77.9%), de autodistração (70.6%) e de planeamento (69.1%). Constatou-se ainda que não existe uma associação estatisticamente significativa entre o gênero dos/as participantes e as estratégias de coping utilizadas por estes/as, tendo-se verificado o mesmo para a idade, algo que pode ser explicado pelas características da amostra deste estudo.

 

Considerações Finais

O presente estudo procurou colmatar algumas lacunas importantes ao nível da investigação acerca do fenômeno da violência nas relações íntimas juvenis, nomeadamente, a caraterização das estratégias de coping utilizadas pelas vítimas para fazer face às repercussões da violência íntima. Pretendeu-se também prestar um contributo para o desenvolvimento de programas, quer ao nível da intervenção - na promoção de um estilo de coping adequado nas vítimas - quer da prevenção do fenômeno.

Contudo, este estudo apresenta algumas limitações. Desde logo devido ao fato de ser uma amostra por conveniência, registando-se um grande desequilíbrio amostral em termos de gênero (80.8% moças e 19.2% rapazes) o que poderá dever-se ao tipo de procedimento adotado na recolha de dados - preenchimento online - impossibilitando um melhor controle desta questão. O recurso a instrumentos de autorrelato encerra também algumas limitações, nomeadamente no que diz respeito à desejabilidade social das respostas e à falta de controle sobre o preenchimento dos mesmos. Neste sentido, e uma vez que a amostra não é representativa, não é possível extrair generalizações para a população portuguesa.

Não obstante, esta investigação acarreta implicações importantes para a prevenção do fenômeno, bem como para a intervenção com este tipo de população. Tendo em conta as evidências científicas que comprovam as consequências negativas da utilização de estratégias de coping focadas na emoção no desenvolvimento de sintomatologia (e.g., Perturbação de Stress Pós-Traumático) nas vítimas, torna-se imperativo que, no apoio prestado se procure reduzir o uso deste tipo de estratégias, e se promovam outras estratégias consideradas mais adaptativas (estratégias de coping focadas no problema). Assim, é de extrema importância que os/as profissionais identifiquem e reforcem as estratégias desenvolvidas pelos/as jovens para lidar com este tipo de experiências abusivas, centrando-se nos recursos de que estes/as dispõem e nas suas competências (Caridade et al., 2015). Assume-se por isso como urgente o desenvolvimento de estudos qualitativos que se mostrem orientados para uma análise mais aprofundada das estratégias de coping utilizadas pelas vítimas. Tal será particularmente importante para fazer face ao impacto da violência nas relações de intimidade, bem como para assegurar a eficácia da promoção de um estilo de coping adequado ao ajustamento psicológico.

 

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Submetido em: 22.04.2017
Aceito em: 12.04.18

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