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Contextos Clínicos

versión impresa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.12 no.1 São Leopoldo enero/abr. 2019

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2019.121.11 

ARTIGOS

 

Programa de educação conjugal "viver a dois": caracterização dos casais e indicadores de adesão

 

Couple relationship education program "living as partners": participants' profile and indicators of compliance

 

 

Angélica Paula NeumannI; Adriana WagnerII; Eduardo RemorII

IUniversidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Campus de Erechim. Curso de Psicologia. Avenida Sete de Setembro, 162, Fátima, 99709-910, Erechim, RS, Brasil. angelicaneumann@gmail.com
IIUniversidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Rua Ramiro Barcelos, 2600, Santa Cecilia, 90035-003, Porto Alegre, RS. adrianaxwagner@gmail.com, eduardo.remor@ufrgs.br

 

 


RESUMO

Programas de educação conjugal são estratégias que visam favorecer o aprimoramento das relações amorosas e fomentar relacionamentos mais satisfatórios e estáveis. Este estudo caracteriza 65 casais que buscaram o programa de educação conjugal "Viver a dois: Compartilhando este desafio" no que diz respeito a dados sociodemográficos, relacionais e motivacionais, e investiga se há diferenças entre aqueles que concluíram e os que abandonaram o programa. A caracterização dos participantes foi realizada por meio de análises descritivas, que indicaram que a busca pelo programa ocorreu por casais com diferentes características sociodemográficas e relacionais. A comparação entre os casais que concluíram o programa e desistiram foi analisada por meio de testes não paramétricos. Os casais que abandonaram o programa discutiam com mais frequência pelos temas relativos à infidelidade, falta de confiança ou mentiras e uso de bebida alcoólica, cigarro ou outras drogas, em comparação com aqueles que concluíram a intervenção. Conclui-se que o programa possui potencial para atrair um público variado em termos de características sociodemográficas e relacionais. Porém, casais que vivenciam conflitos graves poderiam se beneficiar mais de um atendimento individualizado em comparação com programas de educação conjugal.

Palavras-chave: relações conjugais; conflito conjugal; intervenção psicossocial.


ABSTRACT

Couples relationship education programs are strategies destined to promote the improvement of love relationships and foster more satisfactory and stable relationships. This study characterizes 65 heterosexual couples who signed in to the couple relationship education program "Living as partners: Turning challenges into opportunities" regarding sociodemographic, relational and motivational data. It also investigates the differences between those who completed and those who abandoned the program. Descriptive analyses were executed to describe participants' characteristics. Non-parametric tests were performed to compare the couples who concluded and abandoned the program. The results indicated that couples of different sociodemographic and relational characteristics signed in to the program. Couples who abandoned the program discussed more often about infidelity, lack of trust or lies, and use of alcohol, cigarettes or other drugs. It has been concluded that the program seems to attract a varied audience in terms of socioeconomic status and marital quality, but distressed couples tend to require individualized care.

Keywords: marital relations; marital conflict; psychosocial intervention.


 

 

Introdução

A conjugalidade tem um papel central na vida familiar e social. Há evidências de que a qualidade conjugal se relaciona com os mais variados domínios da vida de uma pessoa, interferindo em seu bem-estar pessoal (Scorsolini-Comin e Santos, 2010), na saúde física e mental (Robles et al., 2014), na satisfação com o trabalho (Sandberg et al., 2013) e no exercício da parentalidade (Zemp et al., 2016).

Considerando a qualidade conjugal como um dos aspectos preponderantes na saúde dos relacionamentos, torna-se importante investir em ferramentas que favoreçam a sua otimização. Estratégias de educação conjugal visam esse objetivo ao favorecer o aprimoramento das relações amorosas e fomentar relacionamentos mais satisfatórios e estáveis (Halford e Bodenmann, 2013). Tais ações buscam promover o desenvolvimento de habilidades necessárias para a manutenção da qualidade da relação, fomentando também a ampliação de conhecimentos úteis acerca da vida a dois (Halford et al., 2003).

Tradicionalmente, a educação conjugal se constitui como uma iniciativa voltada para a prevenção e promoção de saúde (Neumann et al., 2015). Sendo assim, destina-se a casais com níveis bons e médios de qualidade no relacionamento, os quais enfrentam conflitos normativos em seu dia a dia. Um de seus objetivos é diminuir o declínio natural da satisfação com a relação que ocorre ao longo dos anos (Lavner et al., 2014, Kurdek, 1999), de maneira a evitar que, no futuro, os casais tenham problemas graves (Halford e Snyder, 2012).

No Brasil, pesquisas têm evidenciado que mesmo casais com bons níveis de qualidade conjugal utilizam, com frequência, estratégias consideradas destrutivas de resolução de conflitos (Falcke et al., 2015). Estas díades lançam mão tanto de táticas construtivas, como buscar um acordo, como daquelas destrutivas, como dar às costas, ofender, insultar e ameaçar ou jogar objetos no(a) companheiro(a) (Bolze et al., 2013, Delatorre et al., 2017). Nesse sentido, os programas de educação conjugal, que trabalham com grupos de casais a partir de uma intervenção estruturada, podem auxiliar àqueles que apresentam índices moderados a bons de satisfação e qualidade conjugal, mas que, em seu dia a dia, banalizam a intimidade do relacionamento e lançam mão, em determinadas ocasiões, de comportamento destrutivos no enfrentamento de seus conflitos.

Nesta perspectiva, o programa psicoeducativo para casais "Viver a dois: Compartilhando esse desafio" foi elaborado a partir de estudos empíricos sobre a conjugalidade (Delatorre e Wagner, 2015, Scheeren et al., 2014, Scheeren et al., 2015), amparado pela epistemologia sistêmica, e está baseado na premissa de auxiliar no aprimoramento dos níveis de qualidade relacional dos parceiros. Ele tem como objetivo fomentar nos casais a ampliação do leque de estratégias utilizadas no enfrentamento de seus conflitos e promover melhores níveis de qualidade na vida a dois (Wagner et al., 2015). O programa é formado por seis oficinas, realizadas semanalmente com grupos de quatro a oito casais. São abordados os temas relativos aos mitos conjugais, aos conflitos (temas, frequência, intensidade e estratégias de resolução), sexualidade e lazer a dois. Sua operacionalização envolve a participação ativa dos casais, e contempla momentos psicoeducativos, atividades a serem realizadas entre as díades, atividades realizadas no grande grupo e tarefas de casa (Wagner et al., 2015). Esta variedade nas formas das atividades visa a proteção da intimidade dos participantes no tocante a temáticas de âmbito privado, tais como sexualidade e conflitos, mas possibilita o compartilhamento de experiências acerca de temas que, quando discutidos no grupo, permitem o aprendizado a partir da experiência dos demais.

Na literatura internacional, há uma vasta gama de investigações acerca deste tipo de programa, cuja eficácia possui evidências já estabelecidas (Rauer et al., 2014; Rhoades, 2015; Whitton et al., 2016; Williamson et al., 2015). Apesar disso, não são todas as pessoas que aderem ou se beneficiam da educação conjugal. Há indicativos de que, das pessoas que são convidadas para participar destes programas, cerca de 50% a 60% recusam (Markman et al., 1988; Rogge et al., 2013). Segundo Busby et al. (2015) quanto maior é a demanda de envolvimento dos casais em termos de tempo e quanto maior é a complexidade das tarefas vinculadas ao programa, maior é a quantidade de pessoas que declinam do convite ou que desistem durante o processo. Estudos evidenciam que as pessoas que atribuem um valor importante ao casamento, aqueles que possuem mais aderência à religiosidade, os que casam em cerimônia religiosa, os que não coabitam antes da união matrimonial, os que se mantém juntos sem períodos de separações e os que têm maiores níveis de escolaridade, apresentam maiores chances de adesão à educação conjugal (Busby et al., 2015, Halford et al., 2006, Stanley et al., 2006). Por sua vez, fatores de risco, como violência, baixa satisfação com o relacionamento ou experiências de divórcio na família de origem não tiveram relação com a participação nesses programas (Halford et al., 2006).

Tais resultados devem ser avaliados com cautela em nosso contexto, uma vez que representam dados encontrados em pesquisas internacionais e, não necessariamente, representam a realidade brasileira. É preciso considerar que o Brasil possui pouca cultura de intervenções coletivas e preventivas voltadas a aspectos familiares, como constatado na revisão de Schmidt et al. (2016). Desta forma, conhecer as características das pessoas que demonstram motivação para participar de um programa psicoeducativo destinado a abordar a conjugalidade pode contribuir para o aprimoramento e avanço de tais iniciativas em nosso país, bem como na ampliação de estratégias para atingir casais com menor probabilidade de participação.

Além disso, há poucas informações, tanto na literatura nacional quanto internacional, acerca das características que diferenciam os casais que aderem e finalizam programas de educação conjugal daqueles que desistem deles. Compreender o que distingue estes participantes também possibilita o desenvolvimento de diretrizes para os profissionais moderadores destas intervenções no que diz respeito ao manejo da individualidade daqueles que apresentam risco de desistência. Uma vez que estes profissionais estão em contato direto com os casais durante o desenvolvimento do programa, os mesmos têm a possibilidade de perceber e intervir nas situações que possam sugerir tal risco. Frente a isso, os objetivos deste estudo são caracterizar os participantes que procuraram o Programa Viver a Dois: Compartilhando este Desafio no que diz respeito a dados sociodemográficos, relacionais e motivacionais, e investigar se há diferenças entre as características daqueles que concluíram e que abandonaram o programa.

 

Método

Participantes

Participaram do estudo 130 indivíduos, isto é, 65 casais heterossexuais. A idade dos cônjuges variou entre 18 e 59 anos. Os participantes eram provenientes de cinco cidades do sul do país. Em termos percentuais, 50,8% (n = 66) dos participantes residiam em Metrópole ou região metropolitana, 20% (n = 26) residiam em cidades do interior com mais de 100 mil habitantes e 29,2% (n = 38) residiam em cidades do interior com até 20 mil habitantes.

Dentre os 65 casais que buscaram o programa Viver a dois e responderam ao questionário no pré-teste, 54 iniciaram as oficinas. Destes, 83% (n = 44 casais, 88 indivíduos) concluíram o programa (grupo adesão) e 17% (n = 10 casais, 20 indivíduos) desistiram após o início (grupo abandono). Entre os casais do grupo que abandonou, três vieram apenas na primeira oficina, três participaram até a terceira oficina, três participaram até a quarta oficina e um participou até a quinta oficina.

Instrumentos

O conjunto de instrumentos foi selecionado de modo que pudesse elucidar três eixos de análise: características sociodemográficas, características do relacionamento e características referentes à motivação para modificar aspectos da relação a dois. Os participantes responderam individualmente a todos eles.

No que diz respeito às características sociodemográficas, foi empregado um questionário elaborado para o presente estudo, com perguntas sobre idade, cidade em que o sujeito vivia, condição amorosa, tempo de relacionamento, relacionamentos anteriores, filhos, escolaridade, trabalho, renda e religião de cada membro do casal.

Para investigar as características relacionais, foram selecionados três instrumentos que versavam sobre as variáveis qualidade conjugal e conflito conjugal. Estas variáveis foram escolhidas por se alinharem tanto aos objetivos do programa Viver a dois, quanto aos temas trabalhados nas oficinas. Com base nisso, foram selecionadas escalas que já estavam adaptadas para o português brasileiro e que apresentavam bons níveis de consistência interna em estudos anteriores.

Para investigar a qualidade conjugal, empregou-se o Inventário de Estado Conjugal de Golombok e Rust (GRIMS; Rust, et al., 1988; traduzida e adaptada à língua portuguesa por Falcke, 2003). Esta escala possui 28 itens pontuados em uma escala Likert de quatro pontos (discordo fortemente, discordo, concordo e concordo fortemente). A pontuação é feita através da soma dos pontos dos 28 itens. Quanto maiores os escores obtidos, mais severos são os problemas no relacionamento conjugal. O Alfa de Cronbach encontrado no presente estudo foi de 0,86.

Para averiguar os motivos pelos quais os participantes discutiam com seus parceiros(as), realizou-se uma adaptação da subescala Conflito-desentendimento, da Escala de Conflito Conjugal (Buehler e Gerard, 2002). A escala original foi traduzida e adaptada para o português brasileiro por Mosmann (2007). Na versão original e na versão adaptada para a população brasileira, esta subescala possui seis itens que avaliam a frequência com que os sujeitos experimentam desentendimentos com seus parceiros sobre seis temas de conflitos. Pesquisas recentes, porém, têm indicado uma maior amplitude de motivos pelos quais os casais discutem (Scheeren et al., 2015). Assim, para este estudo, os temas de conflitos avaliados foram ampliados para 15, de acordo com a revisão efetuada por Scheeren et al. (2015). Os itens foram avaliados em escala Likert de 6 pontos (nunca, uma vez ao mês ou menos, diversas vezes ao mês, aproximadamente uma vez por semana, diversas vezes por semana, quase todos os dias), tal como na escala original. O Alfa de Cronbach calculado para esta subescala no presente estudo foi de 0,72.

Já para compreender as estratégias de resolução de conflitos utilizadas pelos participantes, utilizou-se o Inventário de Estilos de Resolução de Conflitos (CRSI; Kurdek, 1994, traduzido e adaptado para o português brasileiro por Scheeren et al., 2014, e validado por Delatorre et al., 2017). Este instrumento avalia os padrões de resolução de conflitos conjugais em quatro estilos: Resolução positiva dos problemas (caracterizada por compromissos e negociações), Envolvimento no conflito (quando há ataques pessoais e perda de controle durante uma discussão), Afastamento (quando um dos membros do casal se recusa a continuar discutindo um assunto) e Submissão (quando há a desistência do parceiro em defender a sua posição, adotando uma postura de obediência). O instrumento tem 16 itens medidos em uma escala Likert de cinco pontos (1 = nunca e 5 = sempre). Os valores do Alfa de Cronbach encontrados neste estudo para as subescalas foram 0,72 para Resolução positiva, 0,79 para Envolvimento no conflito, 0,63 para Afastamento e 0,50 para Submissão.

Por fim, considerou-se importante, também, investigar a motivação dos participantes para efetuar modificações na forma de se relacionar com o seu parceiro(a). Tínhamos como hipótese que esta poderia ser uma variável que explicasse as diferenças entre aqueles que concluem e desistem do programa. Assim, para o presente estudo, foi efetuada uma adaptação da Escala de Estágios de Mudança associadas ao relacionamento conjugal. A adaptação foi feita a partir de García-Llana et al. (2014). Optou-se por realizar a adaptação desta escala para o tema estudado porque um dos autores do estudo já possuía experiência com o uso da mesma na investigação de outras variáveis. Esta medida de item único está fundamentada no Modelo Transteórico de Mudança (Prochaska e DiClemente, 1982). O respondente deve optar por uma, entre seis opções, que representa a relação que tem com o seu(sua) parceiro(a). A primeira opção representa o estágio de pré-contemplação, na qual o sujeito não considera mudar seu comportamento ("Penso que não há nada que eu possa fazer para melhorar o meu relacionamento conjugal. Por isso, não penso em mudar meu modo de agir com minha esposa"). A segunda opção retrata o estágio de contemplação, no qual o sujeito está pensando em modificar o seu comportamento dentro dos próximos seis meses ("Penso que eu possa fazer algo para melhorar o meu relacionamento conjugal. Estou pensando em mudar meu modo de agir com minha esposa nos próximos seis meses"). Preparação ou decisão diz respeito ao estágio em que o sujeito está planejando modificar o seu comportamento no próximo mês ("Penso que eu possa fazer algo para melhorar o meu relacionamento conjugal. Estou decidido a mudar meu modo de agir com minha esposa nos próximos seis meses"). O estágio de ação representa o período de até seis meses no qual o sujeito já está exercitando o novo comportamento ("Penso que eu posso fazer algo para melhorar o meu relacionamento conjugal. Tanto que, há menos de seis meses, tenho feito mudanças em meu modo de agir com minha esposa"). A manutenção ocorre quando o sujeito continua comprometido com a mudança há mais de seis meses ("Penso que eu posso fazer algo para melhorar o meu relacionamento conjugal. Tanto que tenho feito mudanças em meu modo de agir com minha esposa há mais de seis meses"). Por fim, a última opção retrata o comportamento de recaída, quando o sujeito já realizou mudanças em seu comportamento, mas voltou a praticar os hábitos antigos ("Penso que eu posso fazer algo para melhorar o meu relacionamento conjugal. Nos últimos meses, mudei meu modo de agir com minha esposa. Porém, às vezes noto que ainda ajo como antes dessa mudança").

Procedimentos éticos e de coleta de dados

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob o número CAAE 43881515.6.0000.5334. Todos os cuidados éticos foram tomados e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O programa Viver a Dois: Compartilhando este desafio foi aplicado em dez grupos de casais por profissionais da psicologia, saúde, educação e assistência social. Estes profissionais estavam vinculados a Secretarias de Saúde, Centros de Referência e de Referência Especializada em Assistência Social (CRAS e CREAS), Centros de Formação em Terapia de Família e Universidades, locais situados em cinco cidades do Rio Grande do Sul e em uma cidade de Santa Catarina, geograficamente próxima à divisa entre os dois estados.

Ao todo, 30 profissionais participaram da aplicação do programa. Os mesmos estavam subdivididos em dez equipes, formadas por três pessoas cada. Os profissionais participaram de treinamento prévio ministrado por dois dos autores deste estudo e colaboradores. Diferentes pessoas colaboraram com o estudo em momentos distintos. Na capacitação, houve a participação de duas colaboradoras, psicólogas e doutorandas em Psicologia, as quais possuíam conhecimento aprofundado sobre o programa. Durante o desenvolvimento da pesquisa, houve colaboração de uma bolsista de apoio técnico, profissional formada em Psicologia, e de uma bolsista de Iniciação Científica, que estava cursando Psicologia. A atuação de ambas foi acompanhada pelas pesquisadoras em todos os momentos. Desta forma, estabeleceu-se uma diferenciação entre as equipes que aplicaram o programa nos casais, as quais estavam vinculadas a estes diferentes centros, e a equipe que efetuou a aplicação dos procedimentos de pesquisa, composta pelos autores do estudo e seus colaboradores.

Cada local responsabilizou-se pela divulgação do programa à comunidade pelos meios disponíveis em seu contexto. Diferentes estratégias de divulgação foram empregadas: anúncios em redes sociais, na mídia (rádio, jornal e canais locais de televisão), distribuição de flyers, fixação de cartazes em locais públicos, palestras e contato face a face. Este último dependeu do contexto em que o programa foi aplicado. Por exemplo, nas Secretarias de Saúde, CRAS e CREAS, havia a possibilidade de que Agentes Comunitárias de Saúde fizessem a divulgação pessoalmente, durante as visitas domiciliares. Nas Universidades, as equipes passavam nas salas de aula de diferentes cursos expondo o trabalho e, muitas vezes, entregando os flyers. Em todos os contextos, a divulgação enfocava a busca por mais qualidade na vida amorosa e a participação no programa como forma de investir no relacionamento e melhorar a vida a dois. O objetivo do programa apresentado ao público era "ajudar as pessoas a ter uma vida conjugal com mais qualidade". O período de divulgação e inscrição durou, aproximadamente, um mês em todos os locais. Em dois deles, houve necessidade de prorrogação por mais duas semanas devido à baixa procura. Os casais que se interessavam em participar do programa faziam contato com os locais para efetuar a sua inscrição. Os grupos foram formados por, no mínimo, três e, no máximo, oito casais. O programa foi oferecido gratuitamente.

Na divulgação, os casais foram convidados a participar de uma reunião informativa sobre o Programa Viver a dois, na qual explicou-se em detalhes o funcionamento do programa e da pesquisa. Aos casais que concordaram com os procedimentos de pesquisa e de intervenção, aplicou-se um questionário individual a cada cônjuge com os instrumentos previamente descritos (pré-teste). Na semana seguinte à esta reunião, as equipes locais iniciaram as oficinas com os casais, as quais se estenderam por seis semanas consecutivas.

Procedimentos de análise dos dados

Com a finalidade de obter a caracterização dos participantes que buscaram o programa Viver a dois: Compartilhando este desafio, foram realizadas análises descritivas de médias e frequências dos 130 sujeitos que buscaram o programa Viver a dois e responderam ao pré-teste. Para investigar as diferenças entre os participantes que iniciaram e concluíram o programa (n = 88) e aqueles que iniciaram, mas o abandonaram durante o processo (n = 20), foram utilizadas estatísticas não paramétricas. O teste U de Mann-Whitney foi aplicado aos dados de caráter ordinal, e os dados categóricos foram analisados por meio do teste de Associação Qui-quadrado. Optou-se por estes testes devido à discrepância no tamanho dos grupos, e pelo fato de que a maior parte dos dados apresentava distribuição não-normal. Além disso, calculou-se o tamanho do efeito mediante o estatístico d de Cohen para o teste U de Mann-Whitney, e utilizou-se o V de Cramer para o tamanho do efeito do teste de Associação Qui-quadrado. Para tanto, considerou-se que valores d entre 0,1 e 0,4 representam um efeito pequeno, valores d entre 0,5 e 0,7 representam um efeito intermediário e valores d acima de 0,8 representam um tamanho de efeito grande; os valores do V de Cramer foram interpretados no mesmo parâmetro do d de Cohen (Cohen, 1988).

 

Resultados

Caracterização dos participantes que buscaram o programa Viver a dois

Os 130 indivíduos que buscaram o programa tinham idades variando entre 18 e 59 anos. Os homens tinham, em média, 37,31 anos (DP = 11,26) e as mulheres, 35,63 anos (DP = 11,13). No que diz respeito às características sociodemográficas, percebe-se uma grande variabilidade nas suas características, especialmente no que diz respeito aos níveis de escolaridade e renda.

De acordo com a Tabela 1, havia desde indivíduos com Ensino Fundamental Incompleto e sem renda até indivíduos com Pós-Graduação Completa e vencimentos superiores a 12 salários mínimos (R$ 10.561,00 ou mais). Apesar desta variabilidade, pode-se observar que a maior parte das pessoas que procuraram a intervenção possuía estudos universitários (completos ou incompletos), representando 63% do total de participantes (n = 82).

No que diz respeito às características relacionais, percebe-se pela Tabela 2 a predominância de busca do programa por indivíduos casados oficialmente ou em união estável. O tempo médio de relacionamento foi de 12,3 anos, com uma grande variabilidade (DP = 11,30). Este período é bastante similar ao tempo médio de coabitação, indicando que, aparentemente, os participantes que coabitavam tiveram um período curto de namoro antes de passarem a residir juntos. A grande maioria dos casais estava em sua primeira união.

Os cinco motivos de conflito mais frequentes entre os participantes foram Tarefas domésticas, Tempo para ficar juntos, Comportamentos e características de cada um, Dificuldade de conversar e Filhos. As médias de conflito destes temas equivalem a discussões ocorrendo uma vez por mês ou menos (nível 2 da escala Likert), porém aproximando-se de discussões que ocorrem várias vezes ao mês (nível 3 da escala Likert). Observam-se pequenas diferenças entre homens e mulheres quanto à ordem de frequência desses conflitos.

No tocante à qualidade conjugal, constata-se que um terço dos sujeitos possuía níveis altos nesta variável, enquanto que cerca de metade dos participantes possuíam baixos níveis de qualidade em seu relacionamento. Já no que diz respeito às estratégias de resolução de conflitos empregadas, percebe-se que a mais utilizada foi a Resolução positiva, que em média era utilizada moderadamente. Em seguida, os participantes relataram que, em média, raramente utilizavam as estratégias de Afastamento, Submissão e Envolvimento no conflito.

Já no que diz respeito à motivação para a mudança de aspectos do relacionamento, como pode ser observado na Tabela 3, percebe-se que a maior parte dos indivíduos que procuraram o programa Viver a dois já vinha modificando o seu modo de se relacionar com o(a) seu(ua) parceiro(a), porém, sem conseguir manter essa mudança (Estágio de Recaída). Em seguida, percebe-se predominância de participantes nos Estágios de Contemplação e Preparação para a mudança (27,7%, n = 36), nos quais estavam pensando em, ou planejando realizar mudanças de comportamento na relação com seus parceiros(as). Aproximadamente um quarto dos sujeitos relataram estar no Estágio de Ação e Manutenção da mudança (23,9%, n = 31), nos quais já estavam exercitando o novo comportamento. Destaca-se, na Tabela 3, a similaridade entre as respostas de homens e mulheres.

Comparação entre os participantes que aderiram ao programa com os participantes que o abandonaram após o início

A comparação entre os casais que concluíram o programa Viver a dois e aqueles que o abandonaram revelou diferenças estatisticamente significativas em três variáveis. Os participantes que discutiam com maior frequência pelos temas Infidelidade, Falta de confiança ou mentiras e Uso de bebida alcoólica, cigarro ou outras drogas apresentaram índices maiores de abandono, com tamanho de efeito pequeno para Falta de confiança ou mentiras, moderado para Infidelidade e alto para Uso de bebida alcoólica, cigarro ou outras drogas. Não se encontrou diferenças estatisticamente significativas entre os casais do grupo adesão e do grupo abandono nas demais variáveis (Tabela 4).

 

Discussão

Este estudo caracterizou os participantes que buscaram o programa Viver a dois: Compartilhando este desafio no que diz respeito às suas características sociodemográficas, relacionais e motivacionais, comparando os indivíduos que concluíram o programa com aqueles que o abandonaram durante o seu desenvolvimento. O índice de abandono encontrado no presente estudo (17%) foi levemente menor do que o encontrado em investigações internacionais para programas similares, nas quais as taxas de desistência oscilaram entre 20% até 34% (Halford et al., 2017, Higginbotham e Skogrand, 2010, Rogge et al., 2013).

A amostra foi marcada por grande variabilidade nos níveis de renda e escolaridade, indicando que o programa Viver a dois se mostra como uma ferramenta atrativa nos mais variados níveis socioeconômicos. Este resultado pode decorrer do uso de estratégias de divulgação variadas e alinhadas às peculiaridades dos diferentes contextos de aplicação do programa, que parece ter resultado em uma procura condizente com cada contexto em termos de nível socioeconômico. Entretanto, percebe-se que houve um predomínio de busca por indivíduos com escolaridade elevada, sendo o nível de escolarização desta amostra maior do que o encontrado em outros estudos nacionais com casais (Schmidt et al., 2015, Wagner et al., 2015). Estudos internacionais sugerem que indivíduos com maior escolaridade tendem a participar mais de programas de educação conjugal em comparação com indivíduos que possuem menos anos de estudo (Stanley et al., 2006). Os sujeitos mais escolarizados também apresentam menor tendência a desistir do programa após o seu início (Busby et al., 2015, Rogge et al., 2013), embora no presente estudo este fator não tenha diferenciado os grupos que concluíram e aqueles que abandonaram o programa. Acredita-se que a predominância de participantes escolarizados possa ser devido aos contextos nos quais os grupos de casais foram desenvolvidos, já que seis, dos dez grupos, foram realizados por instituições de ensino. Nesse sentido, por mais que a divulgação tenha sido aberta e voltada à população em geral, ela foi realizada em grande parte por meio dos canais institucionais de cada contexto. Isso pode ter favorecido a procura por casais familiarizados com os serviços prestados e com as pesquisas realizadas por essas instituições, resultando em um possível viés na constituição da amostra.

Estudos internacionais indicam que ser casado em cerimônia religiosa (Stanley et al., 2006) e não coabitar antes do casamento (Halford et al., 2006) favorecem a participação em programas de educação conjugal. Contudo, no presente estudo tais variáveis não pareceram ter um peso significativo, uma vez que 35% da amostra era casada em cerimônia religiosa e 36% vivia em união estável, sem formalizar legalmente a união. Tais dados parecem indicar que, no contexto sul-brasileiro, a busca pela qualidade conjugal por meio de programas psicoeducativos independe de preceitos e cerimônias religiosas. Contudo, é necessário ressaltar que cerca de 85% da amostra declarou possuir alguma religião, com nível moderado de envolvimento. Assim, ainda que não tenha sido possível distinguir o quanto esses aspectos influenciaram, direta ou indiretamente, na busca por educação conjugal, estavam presentes na caracterização dos participantes.

Apesar da variedade encontrada nos níveis de qualidade conjugal dos casais que procuraram o programa Viver a dois, percebe-se que cerca de metade dos participantes apresentaram baixos níveis de qualidade, indicando que a busca pelo programa ocorre, para muitos, em decorrência da percepção de dificuldades no relacionamento. Este resultado se diferencia do observado na população em geral, conforme estudo que investigou 750 casais e identificou que, aproximadamente, 30% da amostra apresentava níveis baixos de qualidade conjugal (Mosmann et al., 2015). Nesse sentido, por ter como foco a proposta de auxiliar os casais a ter uma vida a dois com mais qualidade, o programa parece atrair casais que de fato apresentam dificuldades em seu cotidiano conjugal, constituindo-se para eles como uma possibilidade alternativa de ajuda.

Apesar disso, é importante destacar que um terço dos participantes que buscaram o programa apresentavam índices elevados de qualidade, indicando que a motivação pelo cuidado e aperfeiçoamento das formas de se relacionar faz parte de uma vida conjugal satisfatória. Sabe-se que o conflito é inerente ao relacionamento e que mesmo os casais que vivenciam bons níveis de qualidade conjugal possuem divergências em seu cotidiano. Além disso, crises do ciclo vital podem trazer momentos de dificuldade mesmo para aqueles casais com bons indicadores de saúde (McGoldrick e Shibusawa, 2016). Desta forma, considerando que a divulgação do programa foi feita a partir de uma proposta de investimento no relacionamento, pode-se depreender que os casais satisfeitos com a relação que participaram do mesmo estavam buscando aperfeiçoar-se enquanto casal para enfrentar os conflitos normativos do cotidiano.

No que diz respeito à resolução de conflitos, os participantes que buscaram o programa assinalaram utilizar estratégias de Resolução Positiva em seu dia a dia com mais frequência do que estratégias de Submissão, Afastamento ou Envolvimento no conflito, similarmente ao encontrado em outras investigações nacionais sobre conjugalidade (Bolze et al., 2013, Schmidt et al., 2015, Delatorre et al., 2015). É comum e esperado que os cônjuges utilizem mais de uma estratégia de resolução de conflitos nas desavenças do cotidiano (Delatorre et al., 2017). Nesse sentido, é possível que alguns temas de conflito eliciem o uso da Resolução positiva e que temáticas de maior intensidade emocional, por exemplo, sejam tratadas com outras estratégias. Desta forma, mesmo que a Resolução Positiva tenha sido a estratégia mais utilizada, a metodologia de investigação empregada neste estudo não permite saber o quanto o uso das demais estratégias é considerado problemático para os casais participantes, de modo que os mesmos busquem participar de um programa dedicado a resolução de conflitos.

Este resultado vem ao encontro daqueles que revelam os aspectos motivacionais dos casais, uma vez que a maior parte dos indivíduos que buscaram o programa Viver a dois demonstrou preocupação e declarou fazer investimentos no relacionamento, sendo que grande parte respondeu que já havia modificado o seu modo de se relacionar com o(a) parceiro(a) em prol de uma melhor convivência. Chama a atenção a similaridade entre homens e mulheres nos aspectos motivacionais para a melhoria da conjugalidade. Frente a isso, pode-se hipotetizar que o que diferencie os casais que buscaram o programa, comparados com aqueles que não o fizeram, seja a motivação para resolver os seus conflitos e aprimorar a relação. Talvez os casais que buscaram o programa sejam aqueles que sabem da importância de se utilizar de estratégias construtivas na resolução de seus conflitos e que possuem motivação para tentar utilizá-las, embora encontrem dificuldades de exercê-las em seu cotidiano.

Encontrou-se que os motivos de conflitos mais frequentes entre os casais que buscaram o programa foram Tarefas domésticas, Tempo para ficar juntos, Comportamentos e características de cada um, Dificuldade de conversar e Filhos. Estudos que utilizaram a Escala de Conflito Conjugal em seu formato tradicional (seis itens) reiteram o Tempo para ficar juntos e os Filhos como estando entre os três motivos de maior frequência de discussão dos casais (Costa et al., 2015, Scheeren et al., 2015). Entretanto, a ampliação de seis para quinze assuntos pelos quais os casais podem discutir demonstra que existem outros temas recorrentes em seu dia a dia, entre os quais se destaca a Dificuldade de conversar e os Comportamentos e características de cada um. A alta frequência destes temas corrobora a ideia de que muitos casais procuraram o programa Viver a dois em razão da dificuldade de manejar os seus conflitos, uma vez que a complexidade implicada na habilidade de conversar é um aspecto agravante do encaminhamento de qualquer temática necessária de ser discutida pelo casal. Da mesma forma, a dificuldade em lidar com Comportamentos e características da individualidade do(a) parceiro(a) também são aspectos transversais nas discussões sobre qualquer tema, desencadeando, muitas vezes, um processo de escalada do conflito (Delatorre et al., 2015). Nesse sentido, distinguir entre as características dinâmicas, que o cônjuge pode modificar, e aquelas estáticas, de difícil modificação, se constitui como uma estratégia que contribui para minimizar as áreas de tensão no relacionamento, juntamente com a valorização das características positivas do parceiro(a) e da relação (Costa e Mosmann, 2015). Com base nesses indicativos, parece, de fato, que a divulgação do programa Viver a dois atingiu casais com problemáticas as quais o programa objetiva trabalhar, quais sejam, dificuldades na resolução dos conflitos conjugais.

A reflexão sobre os temas de conflito também se faz relevante considerando que esta foi a única variável que diferenciou os casais que concluíram o programa daqueles que desistiram. Encontrou-se que os casais que discutiam com maior frequência pelos temas Infidelidade, Falta de confiança ou mentiras e Uso de bebida alcoólica, cigarro ou outras drogas apresentaram índices maiores de abandono ao programa. Cabe ressaltar que estes motivos estiveram entre os quatro temas com menor frequência de discussão pelos casais, corroborando a ideia de que a frequência e a intensidade das discussões são aspectos distintos dos conflitos (Scheeren et al., 2015). Os três temas que diferenciaram os casais concluintes dos casais desistentes se caracterizam por adentrar em aspectos mais densos da relação, sendo, por conseguinte, mais complexos de serem trabalhadas pelos casais. Nesse sentido, a desistência destes casais faz pensar que a participação em uma atividade psicoeducativa em caráter grupal pode ser insuficiente para dar conta das idiossincrasias de casais que possuem problemáticas mais graves e de difícil encaminhamento.

Não se encontra, na literatura, dados consistentes capazes de distinguir os casais que permanecem daqueles que desistem de programas psicoeducativos. No estudo de Allen et al. (2012), casais com história de infidelidade que concluíram um programa de educação conjugal obtiveram maiores ganhos em termos de qualidade conjugal do que casais sem história de infidelidade. Já Williamson et al. (2015) encontraram que casais com baixos índices de satisfação conjugal obtiveram mais ganhos ao participar do programa do que casais que iniciaram com índices elevados de satisfação, porém, este resultado não se confirmou em casais com problemas relacionados ao abuso de álcool e à violência física. Com base nos dados do presente estudo, apoiados pela investigação de Williamson et al. (2015), pode-se pensar que casais que apresentam indicativos de problemas muito severos no relacionamento podem se beneficiar mais de intervenções individualizadas, tal como a terapia de casal, do que de programas de educação conjugal.

Como limitações para o presente estudo, destaca-se o tamanho reduzido da amostra e a disparidade no tamanho dos grupos investigados. As diferenças encontradas entre as variáveis arrojaram tamanhos de efeito diversificados, sinalizando para a necessidade de discutir os dados com cautela. Ainda, é possível que outras variáveis, além das investigadas neste estudo, tenham maior relevância na explicação dos aspectos que diferenciam os casais que concluem daqueles que abandonam o programa. Nesse sentido, consideramos que entrevistar os casais que desistiram do programa poderia ampliar o entendimento acerca dos fatores que motivaram a desistência, favorecendo uma compreensão mais aprofundada acerca destes determinantes.

Frente ao exposto, evidencia-se que casais com diferentes níveis socioeconômicos e de qualidade conjugal buscaram o programa "Viver a dois: Compartilhando este desafio". Porém, constatou-se que aqueles casais que vivenciam temas de conflito mais graves e complexos tenderam a abandonar o programa com mais frequência. Tais dados corroboram a necessidade de elaboração de critérios de inclusão para a participação em programas profiláticos de educação conjugal, aspecto em ampla discussão na literatura internacional (Markman e Ritchie, 2015). Mais estudos sobre essa temática são necessários, porém, há evidências preliminares de que casais muito fragilizados requerem um atendimento individualizado para conseguirem encaminhar os seus conflitos de maneira apropriada, respeitando as suas peculiaridades.

 

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Submetido em: 14.04.2018
Aceito em: 06.06.2018

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