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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.12 no.2 São Leopoldo May/Aug. 2019

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2019.122.07 

ARTIGOS

 

Associações entre religiosidade - espiritualidade e as relações conjugais: estudo de revisão sistemática

 

Associations between religiosity - spirituality and marital relationships: systematic review study

 

 

Eduardo Friederichs HoffmannI; Cristofer Batista da CostaII

IUniversidade de Caxias do Sul, UCS. Graduação em Psicologia. Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 CEP 95070-560 - Caxias do Sul, RS, Brasil. E-mail: edfrihoff@gmail.com
IICentro de Estudos da Família e do Indivíduo – CEFI. Rua Carlos Trein Filho, 34, Bairro Auxiliadora CEP 90450-120 - Porto Alegre, RS, Brasil. E-mail: cristoferbatistadacosta@gmail.com

 

 


RESUMO

A religiosidade/espiritualidade (R/E) é um fenômeno presente em diferentes culturas, capaz de orientar e influenciar as relações interpessoais, estando ligado a experiências profundas e marcantes que dão sentido à vida. O objetivo nesse estudo foi avaliar as associações entre R/E e as relações conjugais. Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura científica, nas bases de dados Medline, PsycINFO, Scielo e Lilacs, por meio dos descritores "espiritualidade AND casamento" e "religião AND casamento". Na busca inicial foram encontrados 670 estudos, dos quais 18 atenderam aos critérios de inclusão. De acordo com os estudos analisados, a R/E interfere nas relações conjugais e nas decisões antes do casamento. Pode ser tanto um recurso ao casal, associado à satisfação conjugal, à capacidade de resolução de conflitos e à vivência plena da sexualidade, como um desafio, se os parceiros forem de religiões diferentes ou tiverem comportamentos rígidos acerca da doutrina e prática religiosa, aspectos que podem gerar estresse e desacordos. Identificar e compreender particularidades da religiosidade/espiritualidade de indivíduos, casais e famílias no contexto clínico é essencial para se poder intervir de forma respeitosa e empática, visto que tal consideração pode aumentar ou diminuir os efeitos da intervenção psicológica. Outros resultados e reflexões são discutidos à luz da literatura científica.

Palavras-chave: religião, espiritualidade, casamento.


ABSTRACT

Religiosity/Spirituality (R/S) is a phenomenon that pertains different cultures and can guide and influence interpersonal relationships. Furthermore, R/S is related to deep and significant experiences that gives meaning to life. The objective of this study was to assess the associations between R/S and marital relationships by means of a systematic review of scientific literature published on Medline, PsycINFO, Scielo and Lilacs databases related to the descriptors "spirituality AND marriage" and "religion AND marriage". In the initial search, 670 studies were found, but only 18 were selected due to the inclusion criteria. According to the analyzed studies, R/S affects marital relationships and decisions prior to the marriage. Thus, R/S may be considered either a resource for couples, when it is related to marital satisfaction, conflict resolution capacity and a full experience of sexuality, or a challenge, when partners have different religious beliefs or strict behaviors regarding their religious doctrine and practice. In the latter case, the aspects mentioned may generate stress and disagreement. Identify and understand the particularities of the religiosity / spirituality of individuals, couples and families in the clinical context it is essential to intervene respectfully and empathetically, whereas such consideration may increase or reduce the effects of psychological intervention. Other results are discussed in the light of scientific literature.

Key words: religion, spirituality, marriage.


 

 

Introdução

A religiosidade e a espiritualidade caracterizam um aspecto da existência humana presente nas diferentes etapas do ciclo vital (Franco, 2013; Pacciolla, 2015), e são associadas a experiências profundas e marcantes (Franco, 2013). A espiritualidade, especificamente, é considerada um aspecto para além da religiosidade, algo que dá sentido à própria vida (Pacciolla, 2015; Frankl, 2016). Trata-se de um fenômeno que pode ser experiencial, psicológico, sociológico, antropológico, político, teológico e filosófico (Dalgallarrondo, 2008).

A religião está presente nas mais diversas culturas (Amatuzzi, 2008), traz em seu arcabouço simbólico, doutrinário e disciplinar o poder de agregação social, caracterizando identidades de povos e nações, ao mesmo tempo em que constitui a subjetividade dos indivíduos (Carranza, 2005). Independentemente de ser considerada algo ilusório ou real, a religião é um fenômeno humano e pode interferir na postura ética, nos hábitos alimentares e ritos de passagem, moldando comportamentos e costumes de indivíduos e grupos (Dalgallarrondo, 2008). Na psicologia, o estudo da religião e da espiritualidade tem uma longa tradição, foi pesquisada desde Wundt, na década de 1980, assim como, pelos principais teóricos da área, como James, Freud, Bion, Jung, Maslow, Rogers, Frankl, entre outros (Marques, 2010).

O termo religião é normalmente entendido como ligado aos aspectos institucionais e o termo espiritualidade aos aspectos individuais. Walsh (2003, p. 84) compreende a religião como "sistemas de crenças organizados que incluem valores morais compartilhados e institucionalizados, crenças sobre Deus e envolvimento em uma comunidade religiosa", e a espiritualidade como algo que pode ser encontrado dentro e fora da religião, envolvendo valores, crenças pessoais sobre a condição humana e uma conexão com o cosmos e com a natureza.

Ao se referir à "psicologia da religiosidade" e à "psicologia da espiritualidade" Paiva (2005, p. 44) defende que são palavras históricas que devem ser usadas em distinção. Segundo o autor, a religiosidade está ligada a algo que transcendente o pessoal, denominado "Deus", e a espiritualidade, termo mais contemporâneo, está ligada a "ser plenamente humano, como espiritualidades estéticas, políticas, sociais e outras", não estando esta última necessariamente ligada à religião.

Evidencia-se, com base na literatura, que não há consenso e precisão na utilização dos termos religiosidade e espiritualidade. Em alguns contextos os termos são usados como complementares - espiritualidade vinculada à religião (Koenig, 2015; Moreira-Almeida e Lucchetti, 2016; Park, 2007). Em outros, a espiritualidade não está vinculada à religião (Paiva, 2005; Valle, 2005; Walsh, 2003). Marques (2010) compreende que a religiosidade e a espiritualidade estão sobrepostas, já que a primeira vai além do institucional ao incluir a dimensão da espiritualidade. Neste trabalho, a espiritualidade será entendida como colocado por Koenig (2015), ligada ao religioso, sobrenatural, ou aos pressupostos humanistas ligados ao amor, existencialismo, propósito, gratidão, paz, conexão, etc. Assim, será usado o binômio religiosidade/espiritualidade por meio das letras R/E ao longo deste artigo.

Na Europa, 72,2% da população declara pertencer a uma religião. No Brasil, 83% dos brasileiros consideram a religião algo muito importante e 37,2% frequentam semanalmente algum serviço religioso, destacando-se o envolvimento de mulheres e idosos (Moreira-Almeida et al., 2010). Historicamente, a R/E esteve associada à união entre pessoas. Ocorria, na pré-história, de as mulheres deixarem a família de origem e a sua comunidade, abrindo mão da sua prática religiosa para viver com o marido, este que deveria introduzi-la nos ritos e orações do seu grupo com o objetivo de unirem-se sob um mesmo culto, gerar vida, preservar e dar continuidade às características e tradições religiosas daquela comunidade (Turkenicz, 2012). Portanto, a relação entre R/E e o casamento existe há muito tempo, especialmente das questões religiosas interferindo na vida conjugal. As relações conjugais, por sua vez, passaram por várias transformações ao longo da história e permanecem se atualizando de acordo com as constantes mudanças sociais (Costa e Mosmann, 2015; Jablonski, 2005).

Há um número expressivo de pessoas divorciadas e recasadas, aspecto que pode indicar que o casamento continua entre os planos de vida dos indivíduos, associado ao amor, aos filhos, à família e à religiosidade, embora não seja um projeto prioritário, já que tende a ser projetado após o sucesso profissional e a realização pessoal (Zordan et al., 2009). Especialistas em relações conjugais referem que a maior parte dos jovens buscam um casamento duradouro, permeado por amor, afinidade e envolvimento afetivo (Jablonski, 2005; Zordan et al., 2009) e que a relação entre os cônjuges tem sido considerada por estes jovens como mais importante que os contratos sociais ou religiosos (Féres-Carneiro e Magalhães, 2005; Zordan et al., 2009).

Diferentemente, os casais religiosos, aqueles que incluem na vida conjugal a fé e a prática religiosa, não se percebem apenas como uma dupla, pensam-se juntos com Deus. Enfrentam os problemas e dilemas conjugais também como uma possibilidade de encontro com Deus, criando uma abertura diferente na relação e utilizando estratégias de enfrentamento de crises (Bruscagin, 2008). Em determinadas religiões cristãs, por exemplo, o objetivo não é a satisfação um do outro, mas a glória de Deus (Köstemberger, 2011).

Estudos demonstram que a religiosidade pode impactar a relação conjugal desde o momento da escolha do cônjuge. É comum que participantes de uma mesma denominação religiosa busquem encontrar possíveis parceiros dentro do grupo do qual participam, procurando compartilhar os mesmos ensinamentos, práticas religiosas e amizades (Garcia e Maciel, 2008). Além disso, a religião pode influenciar positivamente a confiança entre os casais, estando também associada à valorização e à avaliação mais positiva do casamento, ao comportamento sexual conservador e ao desejo dos indivíduos de se casar mais cedo (Figueira, 2012).

Uma pesquisa com 94 casais na Turquia teve como objetivo medir os efeitos da religiosidade na satisfação conjugal e o papel mediador da primeira entre os casais. Foi encontrado que a variável religiosidade provoca uma variação significativa na satisfação conjugal por estar associada à resolução dos conflitos e à esperança de que as coisas melhorem. Ainda, a religiosidade esteve associada às atitudes altruístas, aos maiores níveis de empatia e apoio entre os parceiros e à capacidade de perdoar (Hünler e Gençöz, 2005).

Através da santificação do casamento que ocorre quando o casal percebe que a união contém significados ou características divinas, e da intimidade espiritual, quando os parceiros se engajam em discussões sobre temas religiosos e se apoiam, a R/E foi entendida como um recurso potencial para sustentar a união nos momentos de crise e mudanças do ciclo vital (Bruscagin, 2008; Kusner et al., 2014). Ainda, um estudo teórico encontrou que casais religiosos ou que compartilham práticas religiosas semelhantes apresentam índices maiores de estabilidade e felicidade conjugal e que há influência da religião nas práticas sexuais dos casais, indicando que estas devem ocorrer apenas no contexto conjugal. Apontou também que o ensino religioso orienta o comportamento dos indivíduos, reverberando sobre diferentes aspectos da relação conjugal, como a estabilidade, a satisfação e a confiança (Koenig, 2015).

De outra forma, Villa et al. (2007) concluíram um estudo com 72 casais brasileiros em que pesquisaram as habilidades sociais de casais de três grupos religiosos distintos. Os resultados encontrados pelos autores indicaram que os ensinamentos religiosos não estão associados ao desenvolvimento de habilidades sociais entre os parceiros.

O desenvolvimento de pesquisas sobre a R/E tem avançado muito. Dentre os anos de 2000 e 2010 foram publicados mais estudos sobre a temática que em todo século XX. Porém, existem questionamentos e lacunas na literatura que precisam ser investigados (Moreira-Almeida e Luchetti, 2016; Moreira-Almeida et al., 2010). Trata-se de uma variável que pode interferir na escolha do parceiro (Garcia e Macil 2008), repercutir na manutenção e na convivência conjugal (Bruscagin, 2008; Hünler e Gençöz, 2005; Kusner et al., 2014) e nos índices de divórcio entre certos grupos religiosos (Koenig, 2015).

Alguns autores apontam a necessidade de estudos longitudinais sobre a influência da R/E nos relacionamentos amorosos, principalmente sobre as expectativas antes do casamento (Garcia e Maciel, 2008), de pesquisas envolvendo grupos religiosos minoritários (Ville et al., 2007) e de análises multidimensionais que permitam identificar com mais precisão variáveis individuais ligadas à religião. Ressaltam, ainda, a importância de estudos qualitativos que se dediquem à investigação da forma como a R/E interfere nas relações interpessoais (Figueira, 2012). É possível avançar na compreensão sobre como a R/E efetivamente interfere nas relações conjugais e de que forma isso ocorre por meio de estudos de revisão sistemática da literatura científica, estes que possibilitam mapear a literatura da área, identificar consensos, divergências e lacunas que ainda necessitam de investigação empírica. Portanto, este estudo teve como objetivo geral avaliar as associações entre religiosidade/espiritualidade e as relações conjugais. Os objetivos específicos envolveram levantar os estudos empíricos sobre a temática, analisar as características metodológicas, os objetivos e os principais resultados dos estudos encontrados.

 

Método

Delineamento

Esta é uma pesquisa de revisão sistemática por meio da qual se buscou amplamente na literatura científica, de forma metódica e estruturada, compor síntese e análise crítica de dados, caracterizando uma visão mais abrangente e isenta de julgamentos do pesquisador sobre os resultados dos artigos selecionados (Costa et al., 2015). Este tipo de estudo pode nortear outras pesquisas e projetos, além de ser um recurso para sintetizar evidências acerca do tema em análise, sendo útil para pesquisadores e profissionais em suas práticas (Sampaio e Mancini 2007). As etapas para a construção desta pesquisa foram: (1) considerações acerca do tema; (2) definição de estratégia de busca dos estudos; (3) estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão dos artigos a serem considerados; (4) análise do material coletado; (5) apresentação dos resultados e discussão.

Procedimentos de busca

A pesquisa foi realizada em quatro bases de dados: Medline; PsycINFO; Scielo e Lilacs. Os termos de busca foram adotados com base nos descritores em Ciências da Saúde (Decs/BVS), utilizando-se o operador boleano AND entre os pares de termos. As buscas foram feitas nos idiomas Inglês e Português, respectivamente ao idioma, por meio dos descritores: "spirituality AND marriage" e "religion AND marriage"; "espiritualidade AND casamento" e "religião AND casamento". O período de busca delimitado foi de 2007 a 2017, incluindo artigos publicados até outubro de 2017.

O procedimento de seleção dos estudos obedeceu aos critérios estabelecidos por Sampaio e Mancini (2007), em "Um guia para síntese criteriosa da evidência científica" e envolveu quatro etapas: (1) busca nas bases de dados por meio dos descritores, considerando nesta etapa o período e o idioma; (2) análise dos estudos por meio do título, este que deveria fazer referência ao tema proposto, ou seja, ter investigado aspectos relacionados à religiosidade, espiritualidade e/ou casamento. Devido a heterogeneidade de termos utilizados para tratar o tema em questão, foram considerados nessa etapa da avaliação, além dos termos religiosidade, espiritualidade e casamento, os estudos que traziam no título as palavras: igreja, pastor, padre, laicidade, pentecostalismo, fecundidade, sexualidade e planejamento familiar. Na etapa seguinte (3), foram excluídos os artigos repetidos, teóricos e de revisão da literatura e aqueles que não apresentavam os textos disponíveis na integra para leitura. Posteriormente, foram lidos os resumos dos estudos a fim de avaliar, por meio do objetivo, se efetivamente investigavam a relação entre religiosidade/espiritualidade e as relações conjugais. Na etapa final (4), os estudos foram lidos na integra por dois juízes independentes, passando por uma avaliação final quanto à sua inclusão, com base nos critérios definidos a priori, e estabelecimento de consenso nas avaliações divergentes.

Análise dos dados

Foi realizado inicialmente uma análise descritiva do material a fim de identificar e caracterizar os estudos que compõem a presente revisão sistemática. Em seguida, os objetivos e os resultados dos estudos selecionados foram analisados de forma qualitativa por meio da técnica de análise de conteúdo, esta que envolve a leitura repetida, exaustiva e sistemática do material. Através deste procedimento, os textos foram primeiramente destrinchados em frases e posteriormente agrupados por semelhança de conteúdo, fazendo emergir categorias temáticas à posteriori (Bauer, 2008).

 

Resultados e Discussão

Ao realizar a primeira etapa de busca, procurando por meio dos descritores nos bancos de dados, foram encontrados 670 estudos. Destes, 527 não faziam referência ao tema e foram excluídos. Posteriormente, foram excluídos 36 artigos repetidos entre as bases de dados. Os 107 estudos restantes foram analisados através dos resumos, tendo sido 21 excluídos por não atender ao critério de pesquisa empírica e, ainda, outros 68 por motivos, como: abordar a religião como um recurso para combater doenças sexualmente transmissíveis, comportamento sexual antes do casamento, discurso religioso sobre relações homoafetivas, dentre outros que não eram diretamente relacionados ao tema eleito para este levantamento. Os resultados das etapas de busca e seleção dos estudos são apresentados na Figura 1.

Após a aplicação de todos os filtros, restaram 18 artigos a serem analisados sistematicamente. A partir desta análise, verificou-se que dez estudos (56%) foram realizados nos EUA, quatro estudos (22%) em Israel, dois estudos (11%) no Brasil, um estudo (5,5%) na Irlanda e um (5,5%) na Noruega. Este resultado está em consonância com o que foi encontrado por Moreira-Almeida e Lucchetti (2016) ao confirmar que os Estados Unidos lideram as pesquisas neste campo. Por outro lado, difere do referido estudo que aponta EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália e Brasil como os cinco principais países em que o tema da R/E é investigado.

Os anos de publicação das pesquisas se concentraram em 2011, 2013 e 2014, representando 72% dos artigos. Nos anos de 2007, 2010, 2015, 2016 e 2017 foram publicados um artigo em cada ano e em 2008, 2009 e 2012 não foram encontrados estudos publicados nas bases pesquisadas. Considerando que a busca envolveu um escopo de pesquisas nacionais e internacionais dentro do período de dez anos, confirma-se a escassez de estudos sobre o fenômeno em questão, conforme apontado por outros pesquisadores (Figueira, 2012; Garcia e Maciel, 2008; Moreira-Almeida e Luchetti, 2016; Moreira-Almeida et al., 2010; Ville et al., 2007). Além disso, esse resultado pode indicar que a religiosidade e a espiritualidade em associação com o casamento sejam um aspecto pouco investigado pelos pesquisadores da área de família.

Em relação à amostra, foram avaliados um total de 25.882 pessoas nos artigos analisados, sendo que em 11 estudos os participantes foram casais e em oito foram indivíduos. Somados, totalizam 19 estudos porque no artigo "Id" 10 da Tabela 1 foram realizados dois estudos (I e II), o primeiro com indivíduos e o segundo com casais. Esse dado indica que em termos de amostra, há uma distribuição equilibrada entre os estudos, ou seja, as investigações científicas ponderam acerca da relevância de o fenômeno ser avaliado do ponto de vista do casal (diádico), mas também numa perspectiva individual.

Quanto ao tipo de pesquisa, foram encontrados mais estudos quantitativos (14) do que estudos qualitativos (quatro). Em relação ao delineamento, verificou-se a seguinte distribuição: dois estudos de caso, dois estudos com delineamento exploratório e descritivo, dois estudos com delineamento correlacional, descritivo e longitudinal, três estudos descritivos e correlacionais e nove estudos por meio de delineamento correlacional e explicativo. Esse resultado quanto ao tipo de pesquisa e delineamento corrobora outros estudos em relação à carência de investigações empregando delineamento longitudinal (Garcia e Maciel, 2008) e de pesquisas do tipo qualitativa (Figueira, 2012), ambos que podem apontar particularidades de um tema que atravessa gerações e provoca reflexos na vida dos indivíduos, casais, famílias, grupos, comunidades, sociedades, culturas, etc (Bruscagin, 2008; Garcia e Macil 2008; Hünler e Gençöz, 2005; Koenig, 2015; Kusner et al., 2014). Os dados referidos são apresentados na Tabela 1.

Na Tabela 2 são apresentados os principais objetivos e resultados dos dezoito estudos que compõem esta revisão sistemática. Os objetivos e resultados foram analisados e agrupados de forma temática.

Conforme Tabela 3, os objetivos foram organizados em três categorias e os resultados dos estudos em oito categorias. Essa diferença no número de categorias que emergiram da análise de conteúdo dos objetivos dos estudos levantados e do número de categorias que emergiram dos resultados pode refletir que a ciência avança na medida que evidencia a necessidade de ampliar o foco de investigação dos fenômenos e adotar uma postura de permanente busca de respostas. Estas que podem ou não ser conclusivas acerca do que se está avaliando e, inclusive, apontar novas direções, questionamentos e reflexões.

A análise dos objetivos presentes nos estudos indicou que a maior parte concentrou sua avaliação da R/E como recurso na relação conjugal (Fincham e Beach, 2014; Holland et al., 2016; Kusner et al., 2014; Lazar, 2017; Lopez et al., 2011; Parker et al., 2011; Pollard et al., 2014; Sabey et al., 2014; Villa et al., 2007). Esse dado vai ao encontro de outros estudos que apontam a religiosidade como um recurso que pode promover sentimentos de amor e gratidão (Koenig, 2015), essenciais em um relacionamento conjugal e, ainda, que casais religiosos praticantes podem demonstrar mais sentimentos de benevolência ao lidar com os problemas conjugais e as limitações do parceiro (Bruscagin, 2008; Köstemberger, 2011).

Das categorias que emergiram dos resultados dos estudos avaliados, duas vem ao encontro do primeiro objetivo, R/E como um recurso na relação conjugal, são elas: recursos que a R/E pode proporcionar aos casais (Fincham e Beach, 2014; Hernandez et al., 2011) e associações entre R/E e satisfação conjugal (Ciscon-Evangelista e Menandro, 2011; Fincham e Beach, 2014; Holland et al., 2016; Lazar, 2017; Lopez et al., 2011; Sabey et al., 2014). Entre os recursos apontados nos estudos são citados a prática da oração focada no parceiro, a intimidade espiritual em conversas sobre temas espirituais e a frequência a programas religiosos. Segundo os estudos avaliados, esses aspectos contribuem para o aumento do compromisso e da satisfação conjugal e estimulam os parceiros a permanecerem gentis, evitando sentimentos negativos. Estudos que corroboram essa perspectiva acrescentam que a prática religiosa estimula comportamentos altruístas e empáticos e a esperança de que os problemas conjugais serão resolvidos. Além disso, de que a R/E promove a mudança de uma perspectiva mais negativa para outra mais otimista da relação e dos conflitos (Hünler e Gençöz, 2005; Kusner et al., 2014).

A R/E e o sexo entre os cônjuges emergiu como uma categoria dos objetivos em quatro estudos (David e Weitzman, 2015; Hernandez et al., 2011; Rosenbaum et al., 2013; Shalev et al., 2013), embora, na análise dos resultados, a categoria repercussões da R/E sobre o ato sexual e a sexualidade dos casais reúna duas vezes mais estudos (David e Weitzman, 2015; Hernandez et al., 2011; Holland et al., 2016; Kusner et al., 2014; Lazar, 2017; Pedersen, 2014; Pollard et al., 2014; Rosenbaum et al., 2013; Shalev et al., 2013). Esses resultados em conjunto podem apontar que a vivência da sexualidade e a prática sexual entre indivíduos e casais religiosos é um aspecto que influencia a vida dessas pessoas e pode gerar dilemas e reflexões.

É fato que a finalidade do sexo na maior parte das religiões obedeceu, por muito tempo, a ideia de reprodução e só era permitido após o ritual do casamento na igreja. No entanto, os estudos analisados apontam que reprovar a exploração e o conhecimento do próprio corpo por meio da masturbação, proibir experiências amorosas e sexuais antes do casamento, passar da proibição para a prática sexual repentinamente ao casar, ou ser obrigado ao ato sexual após o casamento são fatores geradores de angústia e ansiedade entre os parceiros. Por outro lado, se os casais percebem o ato sexual como algo sagrado, observou-se maior satisfação sexual e conjugal, além de maior intimidade sexual e espiritual. Os indivíduos recém-casados que percebem no sexo qualidades sagradas e um canal da presença de Deus, podem investir maior tempo, energia e recursos em seus casamentos, pois o ato sexual torna-se um caminho de conexão espiritual, emocional e física.

Além disso, a emersão deste tema como foco de interesse dos pesquisadores e como resultado nas pesquisas sobre R/E e casamento, pode apontar de um lado princípios da doutrina religiosa significativamente presentes e que, muitas vezes, dão sentido à vida das pessoas (Franco, 2013; Moreira-Almeida et al., 2010; Pacciolla, 2015; Frankl, 2016), de outro, instituições, grupos, meios de comunicação e comportamentos coletivos que incentivam sexo sem compromisso, hedonismo, intolerância, entre outros aspectos (Costa e Mosmann, 2015). Portanto, duas forças aparentemente divergentes que geram dificuldades de adaptação e, consequentemente, sofrimento aos indivíduos, casais e famílias.

Conforme citado anteriormente, a R/E efetivamente influencia, caracteriza e pode ser também um desafio à vida conjugal, especialmente para aquelas pessoas que praticam com assiduidade e se comprometem com seu grupo religioso. Essa questão é abordada na terceira categoria dos objetivos (Ciscon-Evangelista e Menandro, 2011; McAloney, 2013; Pedersen, 2014; Platt e Moss III, 2010; Uecker, 2014) e também emerge entre os resultados dos estudos analisados na categoria influências e desafios à vida conjugal relacionados à R/E (Ciscon-Evangelista e Menandro, 2011; Hernandez, 2011; Holland et al., 2016; McAloney, 2013; Parker et al., 2011; Pedersen, 2014; Platt e Moss III, 2010; Shalev et al., 2013; Uecker, 2014; Villa et al., 2007).

Segundo os estudos analisados, os princípios orientadores da religião influenciam indivíduos solteiros e jovens casais, especialmente acerca da decisão pelo casamento mais cedo e pela oficialização da união em detrimento da coabitação, conforme apontam Figueira (2012) e Garcia e Maciel (2008). Apontam também que os principais desafios que podem surgir na vida conjugal ocorrem em situações em que os cônjuges não pertencem a mesma religião, se os parceiros exercitam a R/E em uma frequência e intensidade diferentes ou se um ou ambos os parceiros têm posicionamentos e crenças rígidas, corroborando outros estudos (Figueira, 2012; Garcia e Maciel, 2008; Koenig, 2015). Tais aspectos podem prejudicar características como apoio e suporte e gerar estresse, tensão e desacordos entre o casal. Pode-se pensar a esse respeito que na R/E, assim como em outras áreas que perpassam a vida conjugal, é esperado que haja afinidades entre os parceiros e, na ausência desta que sejam alcançados acordos e consensos, preservando a coesão e promovendo a capacidade de resolução dos conflitos.

Além disso, os resultados dos estudos da revisão apontam que o excesso de demanda por parte da instituição religiosa pode impactar negativamente a conjugalidade, já que pode gerar sobrecarga de trabalho e/ou falta de equidade entre os parceiros em relação ao trabalho na igreja, à profissão, ao trabalho doméstico, entre outras responsabilidades (Platt e Moss III, 2010), acarretando em desatenção e falta de tempo para o casal como marido e mulher. Ainda, que a participação e a prática espiritual precisam fazer sentido aos parceiros, ou seja, contribuir à experiência pessoal, conjugal e familiar, sob pena de interferir negativamente no casamento.

É possível conjecturar acerca dos resultados encontrados e da literatura da área que a R/E influencia a vida de indivíduos e casais religiosos, interferência que pode ser tanto negativa quanto positiva (Bruscagin, 2008; Garcia e Macil 2008; Hünler e Gençöz, 2005; Koenig, 2015; Kusner et al., 2014). Nesse sentido, é importante que cada dupla avalie se os princípios religiosos que orientam a vivência conjugal são congruentes aos valores e necessidades do casal, se há equilibro entre as atividades e responsabilidades com a igreja e a dedicação ao casamento ou, ainda, em relação ao secularismo e à espiritualidade independente como valor de um ou ambos cônjuges e o que vivenciam no relacionamento. Avaliar criticamente e ponderar sobre essas questões pode promover harmonia em relação a experiência religiosa individual e conjugal e, ao mesmo tempo, proteger a conjugalidade (Féres-Carneiro e Magalhães, 2005; Zordan et at., 2009).

Outros estudos apresentaram resultados associados a questões mais específicas. Na categoria, associações entre apego e R/E, a prática de coping religioso foi eficaz aos casais que apresentaram apego evitativo e promoveu melhores níveis de ajuste conjugal, embora não tenha interferido nos casais com apego ansioso (Lopez et al., 2011; Pollard et al., 2014); na categoria sobre R/E e o exercício da parentalidade, os resultados apontaram que pais de crianças com alguma deficiência apresentaram menores níveis de satisfação conjugal e maiores níveis de conflito; mães pontuaram mais em religiosidade que os pais e a intimidade espiritual se associou à preservação e proteção da casamento frente à parentalidade (Kusner et al., 2014; Parker et al., 2011). Conforme já referido nesta seção, determinadas questões perpassam a vivência de todos os casais, religiosos e não religiosos, por exemplo, o impacto negativo dos estilos de apego evitativo e ansioso, as dificuldades que pais de crianças com alguma característica física ou comportamental específicas enfrentam e que repercutem na relação conjugal, ou a importância de buscar recursos externos, como os ensinamentos e a prática religiosa (Bruscagin, 2008; Köstemberger, 2011), para lidar com os problemas conjugais e parentais. Tais questões mostram-se inerentes às diferentes etapas do ciclo vital (Kusner et al., 2014), e poderiam, inclusive, ser exploradas por meio de métodos de pesquisa qualitativo.

Na categoria abordagem psicoterapêutica no atendimento a casais religiosos, dois estudos apontaram a psicoeducação, o respeito aos princípios e valores religiosos dos casais e o trabalho para melhorar a comunicação e a expressão de sentimentos entre os parceiros, como promotores de redução nos níveis de ansiedade e angústia enfrentados no início da terapia (David e Weitzman, 2015; Rosenbaum et al., 2013). Esses resultados, somados aos dados e reflexões apresentadas nesse estudo podem auxiliar psicólogos e terapeutas de casal e família a identificar demandas específicas de casais praticantes de alguma religião, compreender e intervir em temas que são delicados e exigem capacidade de investigação respeitosa e empatia, além da busca por informação e conhecimento das práticas e princípios religiosos do paciente/casal.

Finalmente, alguns estudos apontaram hipóteses que não foram confirmadas, entre elas, de que a prática religiosa se associaria positivamente às habilidades sociais conjugais e de que a percepção de santificação no casamento aumentaria a frequência sexual e a satisfação com o casamento (Hernandez et al., 2011; Kusner et al., 2014; Pedersen, 2014; Pollard et al., 2014; Villa et al., 2007). Embora esse resultado seja diferente do que foi encontrado na grande maioria dos estudos avaliados e da literatura revisada, ele pode apontar a necessidade de avaliar e/ou controlar outras variáveis ao investigar o fenômeno em questão.

 

Considerações Finais

Os objetivos, geral e específicos, deste estudo foram avaliar as associações entre religiosidade/espiritualidade e as relações conjugais, levantar os estudos empíricos sobre a temática, analisar as características metodológicas, os objetivos e os principais resultados dos estudos encontrados. Por meio do levantamento sistemático foi possível constatar escassez de investigações sobre o referido fenômeno. Essa evidência deve ser considerada ao se propor novas agendas de pesquisa que envolvam as relações conjugais, principalmente, porque os resultados encontrados corroboram a literatura científica acerca da interferência das crenças e valores religiosos e espirituais na conjugalidade (Bruscagin, 2008; Figueira, 2012; Garcia e Maciel, 2008; Hünler e Gençöz, 2005; Koenig, 2015; Kusner et al., 2014; Moreira-Almeida e Luchetti, 2016; Moreira-Almeida et al., 2010; Ville et al., 2007).

Chamou atenção a ausência de pesquisas sobre R/E entre casais homoafetivos. Apenas um estudo abordou o tema (Pedersen, 2014), porém, numa perspectiva de aceitação e inclusão. Uma hipótese para esse resultado é a de que os casais constituídos por pessoas do mesmo sexo ainda enfrentam certa restrição por parte de algumas religiões, fazendo com que os mesmos se afastem da prática religiosa. Nesse sentido, a escassez de pesquisas sobre a religiosidade e a espiritualidade de casais homoafetivos pode indicar limitadores para encontrar esse público.

Não foram encontrados estudos analisando o ateísmo e a influência deste na percepção e vivência conjugal ou o secularismo como princípio orientador da vida conjugal e familiar, tampouco, pesquisas avaliando se espiritualidades independentes interferem na vida a dois e de que forma isso ocorria. Salienta-se que não foi possível discutir de forma consistente variáveis muito específicas, embora, se reconheça a necessidade de analisar toda e qualquer característica que possa interferir na vivência da R/E de indivíduos e casais, a fim de avançar no conhecimento científico e na compreensão de particularidades que envolvem a temática.

Finalmente, esse estudo se mostra relevante para a psicologia clínica, visto que levantou reflexões e apontou a necessidade de identificar e compreender especificidades e atravessamentos positivos e negativos da religiosidade / espiritualidade na vida de indivíduos, casais e famílias. Considera-se, inclusive, que os impactos negativos da R/E são, muitas vezes, pouco perceptíveis e podem gerar profundo sofrimento aos envolvidos, conforme discutido nesse estudo. Em tais situações, caberá ao profissional estar atento para que essas questões sejam trabalhadas no contexto seguro da psicoterapia. Reforça-se, assim, o cuidado ao realizar intervenções priorizando uma abordagem contextual e, sobretudo, respeitosa e empática, visto que tal consideração poderá aumentar ou diminuir os efeitos da intervenção psicológica.

 

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Recebido em: 23.08.18
Aceito em: 07.11.18

 

 

Nota. Estudo que derivou do trabalho de conclusão de curso de Especialização em Terapia Sistêmica com Indivíduos, Casais e Famílias do primeiro autor sob orientação do segundo autor.

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