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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.12 no.2 São Leopoldo May/Aug. 2019

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2019.122.10 

ARTIGOS

 

A recoabitação dos filhos e netos na perspectiva de idosas chefes de família

 

The recohabiation of children and grandchildren in the perspective of elderly family heads

 

 

Ubiracelma Carneiro da Cunha; Cristina Maria de Souza Brito Dias

Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica Rua do Príncipe, 526, Boa Vista, Recife, 50050-900, Pernambuco, PE, Brasil. ubiracelmacarneiro@gmail.com

 

 


RESUMO

O aumento significativo da população idosa no Brasil e no mundo vem ocasionando mudanças na estrutura e na dinâmica das famílias, como o crescimento de lares com três ou mais gerações corresidindo. Nesse contexto, este estudo objetivou compreender como idosas, que são avós e residem em lares multigeracionais, a partir da recoabitação por parte dos filhos, vivenciam e percebem essa situação. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa da qual participaram nove idosas que responderam a um questionário sociodemográfico e a uma entrevista semiestruturada. A entrevista foi gravada, transcrita e, posteriormente, analisada segundo a técnica de análise de conteúdo temática. Os resultados apontaram que o principal motivo da recoabitação foi a separação ou divórcio dos filhos; a maioria das idosas nutria um sentimento de satisfação e conformidade com a recoabitação, devido à ideia de que a mãe deve sempre acolher seus filhos e netos; a recoabitação ocasionou mudanças, tanto na estrutura física da casa, como no dia a dia das idosas, com o acréscimo de afazeres domésticos e de compromissos no cuidado dos netos; a maioria das participantes se considerou a pessoa que estabelece as normas de funcionamento do lar. De maneira geral, notou-se a presença de sentimentos ambivalentes por parte dessas idosas, pois embora algumas se sentissem felizes com a companhia dos filhos e netos, outras demonstraram cansaço e mesmo revolta devido à sobrecarga de trabalho.

Palavras-chave: idosas; relação entre gerações; lares multigeracionais.


ABSTRACT

The significant increase of the elderly population in Brazil and in the world has led to changes in the structure and dynamics of families, such as the growth of households with three or more cohabitating generations. Regarding such context, this study aimed to understand how elderly grandmothers, who reside in multigenerational households, experience and perceive the situation of recohabitation, resulting from the return of their children. Nine elderly grandmothers participated in this qualitative research, and answered a socio-demographic questionnaire and a semi-structured interview. The interview was recorded, transcribed, and later analysed according to the thematic content analysis technique. The results indicated that: the main reason for recohabitation was the separation or divorce of the children; most of the elderly felt satisfaction and conformity with the recohabitation, due to the idea that a mother should always welcome her children and grandchildren; recohabitation caused changes, both in the physical structure of the house and in the daily life of the elderly, adding domestic tasks and commitments with the care of the grandchildren; the majority of the participants considered themselves the person who establishes the norms of home functioning. In general, we noticed that these elderly women had ambivalent feelings about cohabitation; some felt happy with the company of the children and grandchildren, but others showed tiredness and even revolt due to the overload of domestic work.

Keywords: elderly; relationship between generations; multigenerational households.


 

 

Introdução

O envelhecimento da população mundial vem ocasionando mudanças perceptíveis na estrutura e na dinâmica das famílias como, por exemplo, o crescimento na proporção de residências com três ou mais gerações convivendo juntas, denominadas pela literatura como lares multigeracionais (Camarano e El Ghaouri, 2003; Silva et al., 2015). Além disso, os indicadores sociais apresentam um aumento de idosos, que são as pessoas de referência dos domicílios, assim como se nota uma maior participação do rendimento deste grupo etário no orçamento geral da família, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2013). Neste contexto, pesquisas vêm mostrando que a família permanece como a principal fonte de suporte em situações de crise, bem como meio de transmissão dos aspectos culturais e compartilhamento de afeto e solidariedade entre as gerações (Dias et al., 2011; Leme et al., 2016; Silva et al., 2015).

Em vários países, a corresidência não acontece apenas por necessidades dos idosos, mas também pelas necessidades da população mais jovem. Como no caso de jovens que estão permanecendo mais tempo dependentes financeiramente dos seus pais devido a instabilidades do mercado de trabalho, maior necessidade de aperfeiçoamento profissional e relações afetivas instáveis (Camarano e El Ghaouri, 2003).

Esse tipo de configuração familiar se apresenta de duas formas: "coabitação permanente" ou "recoabitação". A primeira ocorre quando as gerações sempre conviveram juntas; já a segunda dá-se quando ocorreu um afastamento físico entre as gerações, mas que, por algum motivo, voltam a morar juntas (Attias-Donfut, 1995 in Peixoto e Luz, 2007). No que se refere à chefia desses lares, a literatura científica aponta uma distinção entre a "família de idosos" e a "família com idosos". A primeira se caracteriza pelo fato de que os idosos é que chefiam o lar, e a segunda ocorre quando o idoso reside com familiares por não ter condições econômicas ou de saúde (Camarano e El Ghaouri, 2003).

Inúmeras razões podem fazer com que os filhos e os netos voltem a morar com os pais. No contexto brasileiro, esse arranjo familiar vem sendo relacionado, principalmente, ao desejo das famílias de buscar soluções diante de situações de crise, desenhando estratégias de convivência e de sobrevivência que objetivam proporcionar benefícios a todas as gerações (Camarano e El Ghaouri, 2003).

Diante das diversas possibilidades que motivam a volta dos filhos e netos para a casa dos pais idosos, duas situações parecem ser recorrentes nas pesquisas realizadas: o desemprego e o divórcio (Cunha, 2017; Dias et al., 2011; Oliveira, 2011). Peixoto e Luz (2007) ressaltam que a recoabitação devido ao desemprego dos filhos está relacionada à necessidade de manter um padrão de vida semelhante ao anterior e de garantir a sobrevivência dos que se encontram em situação mais vulnerável, sofrendo influências do contexto socioeconômico e das políticas sociais. As autoras ainda acrescentam que o desemprego também afeta a contribuição financeira de cada um dos membros da família nas despesas do lar e essa reorganização interfere no deslocamento das responsabilidades materiais. Os filhos, que agora estão desempregados, retornam a depender dos pais, revertendo a ordem da assistência financeira historicamente constituída e gerando, algumas vezes, situações de constrangimento e desagrado.

Nesse contexto, verifica-se o aumento de relacionamentos que não dão certo e que, consequentemente, acarretam um maior número de divórcios/separações e o retorno dos filhos para a casa dos pais. Assim, grande parte volta de fato a ser dependente dos pais e ainda acrescentam um ou mais filhos/netos no orçamento, o que proporciona mudanças nos papéis que competem a cada membro da família e no cotidiano familiar (Brasil, 2015).

Nesse cenário, é possível perceber aproximações entre alguns conceitos da terapia familiar e a dinâmica das relações familiares desses lares multigeracionais. Dentro desse viés, Boszormenyi-Nagy e Spark (2003) elaboraram o conceito de "ética", que se refere à obrigação de preservar o equilíbrio das trocas intrafamiliares por meio da "lei da reciprocidade", ou seja, a ética está associada à noção de justiça (Falcão et al., 2006; Nichols e Schwartz, 2007). Diante disso, pode-se questionar em que contexto vivem essas gerações, e se há reciprocidade entre os membros da família, levando em consideração os interesses do sistema como um todo e de cada um dos subsistemas.

Em continuidade a essa temática, outro conceito pode ser associado à estrutura relacional das famílias que fizeram parte desta pesquisa. Trata-se da "lealdade", que abrange o sentimento de solidariedade e compromisso que unifica as necessidades e expectativas da família (Bucher-Maluschke, 2008). Esse conceito baseia-se no papel que é delegado ao indivíduo transgeracionalmente pela sua família, e ele necessita interiorizar as expectativas do grupo familiar e apropriar-se de uma gama de comportamentos com o objetivo de realizar esses mandatos (Falcão et al., 2006; Falcke e Wagner, 2014). Assim, de acordo com Falcke e Wagner (2014), o elemento de obrigação ética na lealdade está associado, inicialmente, com a noção de dever e de justiça compartilhada pelos membros da família.

Com relação às trocas relacionais estabelecidas entre os membros da família, Boszormenyi-Nagy e Spark (2003) formularam dois tipos básicos de "exploração": a pessoal e a estrutural. A primeira ocorre quando um membro da família é explorado, de maneira aberta ou sutil, por outra pessoa que não é recíproca aos seus atos e atitudes. Já a segunda forma sucede a partir das características do sistema, que vitima ambos os participantes (Falcão et al., 2006). Em face do exposto, é possível considerar a possiblidade de ocorrer um desequilíbrio de reciprocidade nas relações dos membros de uma família multigeracional.

Segundo Falcke e Wagner (2014), as transições familiares podem ocasionar períodos de crises, ocorrendo um acúmulo de estresse no núcleo familiar que pode gerar uma estagnação do sistema ou promover mudanças evolutivas. O desequilíbrio vivenciado nesses momentos será regulado de acordo com o modo como cada família lida com as mudanças e as transições do ciclo evolutivo vital. Nessa perspectiva, a volta provisória ou definitiva à casa materna e/ou paterna provoca um novo funcionamento da organização desses lares, desde o rearranjo do espaço físico até a dinâmica de atividades diárias de cada pessoa.

No estudo de Dias et al. (2011), realizado com quinze famílias chefiadas por idosos e que possuíam três gerações convivendo juntas foram identificados alguns sentimentos experimentados pelos participantes. Os avós apresentaram uma oscilação que ia da alegria até o mal-estar e mesmo revolta por estarem nessa situação. Entretanto, verificou-se que, apesar de todas as dificuldades, eles preservam o amor e o carinho pelos netos. As filhas e a nora entrevistadas relataram que essa convivência contribuiu com o acréscimo de valores e cultura. Contudo, também apontaram sentir cansaço e preocupação por terem que satisfazer as necessidades de cada membro da família. Já os netos destacaram o amor, o cuidado e as experiências adquiridas no convívio com os avós, ao mesmo tempo em que reclamaram da vigilância por parte destes.

No que diz respeito aos benefícios desse tipo de arranjo familiar, a pesquisa em questão apontou que os idosos passam a ter companhia, atenção e alguém que cuide deles em caso de necessidade; no tocante aos filhos, eles contam com o apoio material e afetivo dos pais e sentem-se tranquilos a respeito dos seus próprios filhos, por estarem sendo monitorados pelos avós. Por fim, com relação aos netos, Camarano (2004) refere que essa configuração familiar influencia no aumento da taxa de escolaridade e na redução do trabalho por parte de crianças e adolescentes, assim como na diminuição de comportamentos de risco como, por exemplo, uso abusivo de álcool e outras drogas.

Todavia, existem outros aspectos presentes nessa convivência intergeracional. Na pesquisa de Dias et al. (2011), apresentam-se alguns fatores de conflito decorrentes das relações de poder entre as gerações. Com relação aos idosos, constataram-se situações de estresse, sobrecarga (financeira e emocional), perda de interesses pessoais (lazer, vida social) e prejuízos na saúde. No que se refere à segunda geração, eles podem vivenciar algum tipo de constrangimento por dependerem dos pais, falta de privacidade, intromissões na vida conjugal e interferências na educação dos próprios filhos. Já os netos podem se confundir com relação à autoridade, falta de privacidade e diferenças de valores em relação aos avós. Dessa forma, esses relacionamentos familiares não são conduzidos apenas por trocas harmônicas, mas também são perpassadoss por conflitos derivados das relações de poder entre as gerações, uma vez que toda família é permeada por sentimentos contraditórios. Portanto, o fato de morar na mesma residência pode acirrar esses sentimentos (Peixoto e Luz, 2007).

Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo geral compreender como as idosas que são avós e residem em lares multigeracionais, a partir da recoabitação dos filhos, vivenciam e percebem essa situação. Especificamente almejou-se caracterizar os motivos que levaram as idosas a participar de um lar multigeracional; analisar as mudanças ocasionadas pela recoabitação; identificar quem exerce a autoridade na casa; e perceber os sentimentos experimentados por essas idosas.

 

Método

Delineamento

Este estudo traz um recorte de uma pesquisa de dissertação de mestrado com abordagem de natureza qualitativa. De acordo com Minayo (2014), a pesquisa qualitativa consiste no estudo da história, das crenças, das relações, das representações, das opiniões e das percepções resultantes das interpretações construídas por cada pessoa a partir das suas experiências.

Participantes

Participaram da pesquisa nove idosas com idades entre 60 e 70 anos (M=64,4), a quem foram dados nomes fictícios para preservar sua identidade. Como critério de inclusão, essas idosas deveriam: ter idade mínima de 60 anos; residir por, no mínimo, seis meses em um lar multigeracional (três gerações) decorrente da recoabitação por parte dos filhos e netos; e estar em condições de saúde que lhes permitissem participar da pesquisa.

A pesquisadora escolheu deliberadamente as participantes que compuseram o estudo conforme os critérios de inclusão, utilizando a técnica de amostragem proposital ou intencional (Turato, 2008).

 

Tabela 1

 

Instrumentos

Utilizou-se um roteiro de entrevista composto de nove questões com os seguintes temas: motivo da recoabitação, adaptação após a recoabitação, sustento financeiro do lar, normas de funcionamento da casa, relacionamento estabelecido entre as gerações, sentimentos experimentados e expectativas quanto ao futuro. As questões foram elaboradas pelas autoras, a partir dos objetivos propostos pela pesquisa, e conduzidas de forma semidirigida, assim como foi elaborado um questionário para coletar os dados sociodemográficos das participantes.

Procedimentos de coleta e análise de dados

A pesquisadora realizou contato com algumas pessoas próximas que auxiliaram na identificação das participantes dentro do perfil almejado. Essa coleta se iniciou no mês de dezembro de 2016 e foi finalizada em maio de 2017. As idosas que apresentaram o perfil para participar da pesquisa residiam no município de Vitória de Santo Antão/PE. No contato com as participantes, buscou-se estabelecer um rapport com a intenção de favorecer a relação entrevistadora/entrevistada, explanando-se, de forma ampla, os objetivos da pesquisa e suas contribuições. Posteriormente, fez-se a leitura do "Termo de Consentimento Livre e Esclarecido", de acordo com a Resolução nº 466/12 do Ministério da Saúde - Conselho Nacional de Saúde - e da Resolução CFP nº 016/2000, que trata da realização de pesquisa, em Psicologia, com seres humanos. Após a aprovação e assinatura do referido termo pelas participantes, deu-se início ao questionário sociodemográfico e ao roteiro de perguntas da entrevista. O roteiro das entrevistas não foi seguido rigorosamente, permitindo a liberdade de expressão e a espontaneidade das idosas. Com isso, acrescentaram-se perguntas dentro dos temas abordados e/ou, adversamente, suprimiram-se algumas questões que já houvessem sido respondidas. As entrevistas foram gravadas com autorização e, posteriormente, transcritas de forma literal.

A coleta de dados foi realizada no domicílio de cada uma das participantes, em entrevista única, com duração média de 40 minutos. Como forma de resguardar suas identidades, as participantes receberam o nome de espécies de pássaros, com o qual elas concordaram. Os nomes foram escolhidos de acordo com as características da personalidade de cada idosa, percebidas através da entrevista.

Utilizou-se a análise temática do conteúdo, considerando três etapas: (a) pré-análise, que é composta pela leitura flutuante, ou seja, o pesquisador se deixa impregnar pelo conteúdo, por meio de exaustivo contato com o material, para constituir o corpus e formular algumas hipóteses de trabalho; (b) exploração do material, que consiste em separar as categorias ou eixos temáticos, a serem discutidos adiante; e (c) análise e interpretação dos resultados, com base na literatura consultada (Minayo, 2014). No escopo deste artigo, as informações foram divididas em quatro categorias para realizar a análise: 1. motivos que ocasionaram a recoabitação; 2. sentimentos experimentados; 3. mudanças ocasionadas pela recoabitação; e 4. regras estabelecidas e autoridade.

Procedimentos éticos

Para a realização desta pesquisa foram obedecidas as orientações da Resolução nº 466/12 da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, que assegura os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. A pesquisa foi aceita pelo Comitê de Ética da Universidade Católica de Pernambuco e recebeu o CAAE de número 60826316.0.0000.5206.

 

Resultados e discussão

Motivos que ocasionaram a recoabitação

Nessa categoria, oito participantes relataram que foi a separação ou o divórcio dos (as) filhos (as) o motivo principal para a recoabitação. Destaca-se que uma das idosas havia vivenciado duas vezes a recoabitação do filho, pelo mesmo motivo, como mostra o relato a seguir: "Eles foram tentar viver, mas só passaram um ano, aí ele voltou para casa. Ele casou-se depois, passou casado um bocado de anos, mas depois se separaram. Aí voltou de novo pela segunda vez" (Calopsita, 67 anos).

Esses resultados reforçam os dados encontrados nos estudos de Dias et al. (2011), Peixoto e Luz (2007) e Ramos (2012), os quais apontam que a instabilidade das relações afetivas vem ocasionando um maior número de divórcio/separação, e o retorno de alguns filhos para a casa dos pais, juntamente com seus próprios filhos. Em vista disso, convém evidenciar que a família de origem é considerada como um suporte que é mobilizado nas situações de crise, em prol da superação de momentos vulneráveis de seus membros (Peixoto e Luz, 2007).

No grupo das participantes que indicaram a separação conjugal dos filhos como razão principal da corresidência, Andorinha (60 anos) relatou ainda: "Eu estou ficando cada vez mais velha, não quero ficar só". Sendo assim, a idosa acrescentou o fato de não querer estar só na velhice como motivo secundário para acolher as outras duas gerações. Esse fato indica que, mesmo no caso de existir um motivo principal para justificar a recoabitação, pode haver outras razões implícitas que acentuam a necessidade da constituição de um lar multigeracional por parte de um ou de todos os membros da família.

Uma das idosas, Lóris (61 anos), apontou o fato de que estava sozinha como motivo principal da recoabitação, tendo sua filha e as netas para lhe fazer companhia: "Porque eu estava sozinha, aí ela veio morar para me ajudar e para ficar comigo". Esse aspecto também foi percebido na pesquisa de Dias et al. (2010) sobre jovens criados por avós e por um ou ambos os pais, em que se perceberam circunstâncias em que filhos e netos voltam a residir com pais idosos para que eles não fiquem sozinhos. Diante desse contexto, o suporte e a possibilidade de ser cuidado por pessoas da família também aparecem associados a esse tipo de arranjo familiar (Rabelo e Neri, 2015).

Nos dois últimos relatos, é possível verificar a preocupação das idosas no que se refere ao fato de ficar só e, assim, encontram como solução a corresidência, mesmo que essa não seja garantia de que irão receber o apoio que almejam (Rabelo e Neri, 2015). Esses resultados são confirmados na pesquisa de Batistoni et al. (2013), em que os autores identificaram que grande parte dos idosos esperava receber cuidados de alguém, principalmente das filhas. Com isso, a existência de pessoas disponíveis para fornecer apoio favorece os sentimentos de valorização e afeto para alguns idosos, como se observa nas falas de Andorinha e Lóris.

Sentimentos experimentados

Nos relatos das avós, perceberam-se sentimentos diversos. Duas participantes apresentaram preocupação com relação ao (a) filho (a) morar sozinho (a) com o neto (a); dessa forma, atualmente, sentem-se bem mais tranquilas por viverem mais próximas para acompanhar o cotidiano deles, como mostra o trecho a seguir: "Quando ele (filho) fala em morar sozinho eu nem gosto, porque eu acho assim que, se ele morar só, eu vou ficar preocupada com ele. E ele na minha casa não, eu estou vendo o que ele está fazendo, a hora que chega e que ele sai" (Calopsita, 67 anos).

Nas falas de três idosas, identificaram-se sentimentos de desconforto e mal-estar, seja pela separação da filha e/ou devido ao aumento das responsabilidades e conflitos no dia a dia:

Que, às vezes, é capaz da gente enlouquecer, que é muita coisa para gente só resolver (Sabiá, 63 anos).

Me senti mal, viu? Cresceu o aperreio, os meninos aperreiam tanto, e minha luta aumentou demais (Mainá, 67 anos).

Quando chegou logo eu chorei muito, fiquei com aquela angústia (Granatina, 70 anos).

Esses resultados corroboram os achados de Dias et al. (2011) e de Peixoto e Luz (2007), que expõem o sentimento de sobrecarga por parte de idosos que vivem nesse tipo de configuração familiar. As falas denotam o sofrimento dessas mulheres que não esperavam mais se ocuparem de cuidar dos netos numa idade em que não têm mais tanta energia e vigor físico, sendo então possível perceber o fenômeno da exploração pessoal, em que não há reciprocidade entre os membros da casa (Bozormenyi-Nagy e Spark, 2003).

Em contrapartida, outras três participantes relataram experiências positivas nesse tipo de arranjo familiar, enfatizando a companhia e o suporte fornecido pelas filhas e netas, bem como a ajuda financeira por parte dos filhos. "Ela (filha) me ajuda a pagar a luz, a água, tudo" (Bavete, 63 anos).

Resultados semelhantes foram encontrados na pesquisa de Silva, Júnior e Vilela (2014), na qual a população estudada se apresentou, em geral, satisfeita com a vida em corresidência, considerando essa configuração familiar como uma vivência vantajosa para todas as gerações. "Eu me sinto bem dela morar comigo. Eu me sinto bem porque família é pra ajudar o outro. Foi muito bom ela voltar para minha casa, eu gostei" (Andorinha, 60 anos).

Entre essas participantes, duas delas apresentaram sentimentos ambivalentes com relação à volta das filhas e netos para sua casa.

Eu não vou dizer que me senti muito bem [...]. Eu sou feliz com meus filhos perto de mim (Sabiá, 63 anos).

Eu me senti feliz, ela (filha) voltou para mim [...]. Tem horas que estou estressada e dá vontade de ir embora morar sozinha (Beija-flor, 69 anos).

Isso corrobora os resultados apresentados por Peixoto e Luz (2007), de que as relações familiares não são apenas conduzidas pela harmonia de trocas entre as gerações, mas também por "sentimentos contraditórios de amor e ódio, generosidade e avareza, solicitude e descaso" (p. 187) que coexistem entre os membros da família.

Uma das participantes apresentou discurso distinto das demais, demonstrando sentimento de conformidade diante da situação: "Normal! É filho mesmo, casado ou sem ser casado, é filho mesmo, a gente vai fazer o que, né?" (Graúna, 60 anos).

Frente à internalização de questões socioculturais envolvidas nesse processo, destaca-se a presença das atribuições designadas ao gênero feminino, como aquele que está no lugar de fornecer um amor incondicional e de cuidar do lar e dos outros membros da família (Lins de Barros, 2013). Com isso, além do apego, muitas mulheres podem sentir-se na obrigação de dar o suporte aos seus filhos e netos para atender às expectativas sociais.

No que se refere a mulheres idosas, isso fica ainda mais evidente, devido a uma maior naturalização da função feminina de cuidar, conforme foram socializadas no passado. Essa posição da mulher abnegada e cuidadora pode fazer parte de um padrão transgeracional mantido pela crença familiar e cultural de que a mulher deve dedicar-se à família e nunca ser "egoísta" (Nichols e Schwartz, 2007). Também se pode constatar a presença dos fenômenos da ética e da lealdade, propostos por Bozormenyi-Nagy e Spark (2003), que consistem na manutenção do cuidado e do apego aos filhos e netos, mesmo às custas de sacríficos por parte das avós.

Mudanças ocasionadas pela recoabitação

Nessa categoria, as participantes descreveram, inicialmente, as reorganizações ocorridas no espaço físico da casa, como se pode notar da fala de Bavete (63 anos): "No início foi difícil porque minha casa não tinha estrutura, ficaram tudo dormindo junto, mas depois a gente se arrumou. O apoio foi muito grande da família".

Nessa fala se percebe a ocorrência de duas das propriedades dos sistemas. Primeiro, a mudança e a adaptabilidade que preconizam que todo sistema passa por mudanças, e que precisa adaptar-se a elas, para continuar evoluindo. Da mesma forma, vemos a propriedade intercâmbio com o meio, que postula que o sistema vive num meio e que influencia e é influenciado por ele (Vasconcellos, 2002).

Nesse aspecto, ainda foram citadas as mudanças no cotidiano dessas idosas: compromisso de fazer refeições todos os dias para o filho e netos; aumento da agitação devido à rebeldia dos netos; ir levar/buscar os netos no colégio; preparar mais de uma refeição para atender aos gostos de cada um; realizar mais tarefas de limpeza da casa e levar a filha da namorada do neto para casa, duas vezes na semana.

Dessa forma, diante da recoabitação, a família busca organizar a vida doméstica de maneira a impedir as tensões entre os membros e preservar a harmonia das relações familiares. Como se observou nas falas das idosas desta pesquisa e na de Peixoto e Luz (2007), esse retorno introduz uma nova dinâmica na organização doméstica tanto na reorganização do espaço físico, quanto no ritmo do dia a dia. Assim, são espaços, compromissos e regras que devem ser sincronizadas de acordo com as necessidades de cada um (Peixoto e Luz, 2007). Porém, ao que tudo indica, em alguns casos, isso parece não ocorrer, o que prejudica principalmente as idosas.

Frente a essas mudanças, algumas idosas apresentaram certa facilidade e adequação, enquanto outras revelaram grande dificuldade e angústia diante da mudança de sua rotina e do aumento dos compromissos. Duas das que indicaram ter facilidade na adaptação às mudanças relacionaram essa atitude com o fato de que já tinham um convívio frequente com as filhas e as netas.

Só mudou uma coisinha porque os meninos, às vezes, são muito rebelde... aí eu fico meia agitada (Beija-flor, 69 anos).

É que a luta aumentou né, aí é pra roupa, pra tudo... pra fazer feira... tudo é eu (Graúna, 60 anos).

Para duas idosas, Granatina e Mainá, a recoabitação foi fonte de angústia e preocupação, pois a volta dos seus filhos com os netos significou o aumento da carga de tarefas domésticas, já que devem atender às necessidades das suas famílias ampliadas e abandonar, muitas vezes, seus interesses pessoais. Essa sobrecarga física e emocional foi um dos efeitos negativos envolvidos na convivência de famílias multigeracionais apontados na pesquisa de Dias et al. (2011).

Regras estabelecidas e autoridade

Verificou-se que a maioria das idosas indicou que elas são as pessoas que estabelecem as normas de funcionamento da casa, exigindo, muitas vezes que as regras da casa sejam sempre obedecidas. Nessa questão, vê-se que a hierarquia do sistema é mantida pelas avós, como atesta o seguinte relato:

Quem estabelece as regras na casa sou eu! Porque eles não podem voltar para minha casa e mandar. Na minha casa quem manda sou eu! Eles têm que baixar a cabeça, tanto ela (neta) como a mãe não fazem nada sem combinar comigo, não saem sem minha permissão (Sabiá, 63 anos).

Também foram relatadas outras situações como: uma idosa que divide o papel de chefia com a filha e outras duas que designaram as filhas como responsáveis para colocar as regras no lar e pela criação dos netos. No entanto, nesse último aspecto, percebeu-se que algumas avós tinham atitudes invasivas diante da educação dos filhos com seus netos.

Outras duas idosas, mesmo reconhecendo-se como chefes da casa, apresentaram certa inquietação pelo fato de, muitas vezes, não serem obedecidas pelos seus netos, chegando ao ponto de serem destratadas pelos netos, como é o caso de Granatina (70 anos): "... ele (neto) me respondia muito, quando eu falava alguma coisa que fazia coisa errada... aí eles respondiam alto pra mim... já tem muitas vezes de eu reclamar e não me obedecer. Dizia coisa comigo (referindo-se aos netos)".

Nesse cenário, Peixoto e Luz (2007) afirmam que a recoabitação sempre ocasiona uma inversão de papéis familiares, pois alguém irá perder a chefia familiar para ceder o seu lugar a outro. Como se observou, algumas idosas perderam a autoridade doméstica para o (a) filho (a), ainda que sejam as únicas ou principais provedoras do lar e donas do imóvel. Entretanto, outras conseguem manter a chefia da casa e, neste caso, quem perde o papel de autoridade do lar são os filhos dependentes.

Dessa forma, observa-se que, conforme afirma Minuchin (1990), as regras ou normas familiares constituem as fronteiras ou limites entre os variados aspectos do sistema, sendo possível indicar quem faz o que, com quem e pra que, ou seja, as atribuições de papéis no âmbito familiar. Com isso, no contexto da recoabitação, a família sente a necessidade de readaptar as fronteiras do sistema, para que cada membro exerça suas funções de modo mais adequado, evitando atitudes invasivas e promovendo a harmonia no lar (Wagner et al., 2011).

 

Considerações Finais

Diante das informações obtidas nas entrevistas, verificou-se que, de maneira geral, as idosas apresentaram sentimentos ambivalentes quanto à recoabitação, pois, embora algumas tenham referido sentimentos de satisfação e conformidade devido ao retorno dos filhos e netos para sua casa, outras relataram situações de desconforto e sobrecarga.

Neste estudo, também foi possível notar a influência das atribuições socioculturais no que se refere ao papel materno, pelo qual a mulher deve estar disponível para acolher e cuidar dos membros da família e do lar. Em vista disso, percebeu-se um padrão transgeracional mantido pela crença familiar de que a mulher deve dedicar-se à família.

Nesses lares multigeracionais, foi identificado um desequilíbrio na reciprocidade das relações e obrigações entre os membros dessas famílias, nas quais algumas idosas vivenciavam situações de exploração, de forma aberta ou sutil, por parte dos filhos e netos. Em contrapartida, notou-se que a corresidência trouxe ganhos secundários para essas idosas, por possibilitar a vigilância e o controle sobre os comportamentos dos filhos e netos por meio do cuidado, o que pode ocasionar conflitos.

As limitações deste estudo se devem ao fato de que a amostra foi constituída apenas por pessoas do sexo feminino e, assim, não foi possível contemplar a percepção masculina de idosos que chefiam esse tipo de configuração familiar. Compreende-se também que existem vários aspectos que estão envolvidos nessa situação, como: ter ou não cônjuge, o grau de escolaridade, as condições de saúde, a renda familiar, as relações estabelecidas com os filhos desde a infância, a frequência de contato, entre outros.

Desse modo, futuras pesquisas podem contemplar amostras mais diversificadas quanto às características sociodemográficas dessa população como, por exemplo, verificar esse fenômeno em outras camadas sociais. Constatou-se, também, a necessidade de investigar os outros personagens desses lares multigeracionais como os filhos e os netos.

Pode-se perceber que a recoabitação é um evento complexo e multifacetado devido à convivência cotidiana entre diferentes gerações na mesma residência. Torna-se necessário renegociar questões como: autoridade, recursos financeiros, atividades domésticas, cuidado com os netos, entre outras. Trata-se de situações em que é preciso ter respeito diante das diferenças, bem como ter flexibilidade e diálogo constante. Os resultados desta pesquisa indicam que a existência de um relacionamento de afeto, colaboração e respeito facilita a convivência entre as gerações. Entretanto, relações conflituosas, falta de colaboração dos filhos e netos, bem como interferência das avós na criação dos netos dificultam a vida em comum.

Acredita-se que os resultados deste estudo podem possibilitar o aprofundamento da compreensão da dinâmica desses lares multigeracionais, contribuindo para a literatura especializada no âmbito do envelhecimento e da família. Dessa forma, os relatos das idosas diante da recoabitação podem ser norteadores de práticas e intervenções direcionadas a esse tipo de família.

 

Referências

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Recebido em: 02.05.18
Aceito em: 09.11.18

 

 

Agradecimento. As autoras agradecem à Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) pela concessão da bolsa de mestrado.

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