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Contextos Clínicos

versão impressa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.12 no.2 São Leopoldo maio/ago. 2019

http://dx.doi.org/10.4013/ctc.2019.122.12 

ARTIGOS

 

Estratégias de intervenção para adolescentes em situações de bullying escolar: uma revisão sistemática

 

Intervention strategies for adolescents in school bullying situations: a systematic review

 

 

Francisca Valda Gonçalves; Nicolas de Oliveira Cardoso; Irani Iracema de Lima Argimon

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Avenida Ipiranga, 6681, Partenon, 9061990. Porto Alegre, RS, Brasil. vandavalda@gmail.com

 

 


RESUMO

O bullying entre adolescentes constitui-se em um grave problema social e de saúde pública, fazendo-se necessária a utilização de estratégias de intervenção que ajudem na prevenção do bullying no ambiente escolar. Sendo assim, esta revisão sistemática objetivou investigar os tipos de intervenções existentes, as quais podem ser utilizadas com adolescentes em situação de bullying escolar. As buscas por artigos científicos foram realizadas em maio de 2018, através da utilização da string "Bullying" AND "Intervention" AND"School" AND "Adolescents", em três bases de dados virtuais: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), US National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed) e American Psychological Association Database (PsycNET). Foram localizados inicialmente 1.784 artigos, restando 19 estudos após aplicação dos critérios de inclusão e de exclusão. Observou-se que as estratégias de intervenção para o bullying podem ser divididas em três categorias: 1) estratégias de intervenção mediadas por professores e equipe escolar, 2) estratégias de intervenção mediadas por profissionais de fora da escola, 3) estratégias de intervenção mediadas por alunos. Concluiu-se que as duas primeiras categorias apresentam estratégias de intervenção com boas evidências de eficácia para redução dos comportamentos relacionados ao bullying escolar. Foram localizados apenas três estudos que sugeriram o uso de intervenções mediadas pelos próprios estudantes, as quais não apresentaram altos índices de eficácia.

Palavras-chave: Bullying; intervenção; adolescentes.


ABSTRACT

Bullying among adolescents is a serious social and public health problem that requires intervention strategies to help preventing it. This systematic review aimed to investigate the types of interventions that can be used with adolescents in situation of school bullying. Searches for papers were made in may 2018, with the string "Bullying" AND "Intervention" AND "School" AND "Adolescents", in three electronic databases: Virtual Health Library (VHL), US National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed) e American Psychological Association Database (PsycNET). A total of 1784 articles were found, but 19 studies remained after applying the inclusion and exclusion criteria. It was observed that intervention strategies for bullying can be divided in three types: 1) intervention strategies mediated by teachers and school staff, 2) intervention strategies mediated by outsider professionals, 3) intervention strategies mediated by students. We found that the first two types of intervention show strategies with good evidence of efficacy in reduction of behaviors related to school bullying. Only three studies suggested interventions mediated by the students, but they did not present high levels of efficacy.

Keywords: Bullying; intervention; adolescents.


 

 

Introdução

O bullying é um fenômeno comum, especialmente entre os estudantes (Bauer et al., 2007; Rezapour et al., 2014). Costuma ocorrer entre colegas de forma deliberada, com agressões físicas, verbais e psicológicas. É um tipo de violência que persiste ao longo do tempo, ocorrendo em decorrência do desequilíbrio de poder em favor dos agressores (Olweus, 2013; Rezapour et al., 2014; Wang et al., 2009).

As vítimas de bullying frequentemente sofrem uma série de efeitos negativos, incluindo depressão, ansiedade, solidão, e relações sociais de baixa qualidade (Wolke e Lereya, 2015; Kim e Yun, 2016; Zhu e Chan, 2015). Contudo, as vítimas do bullying não são as únicas a apresentarem prejuízos psicológicos, existem autores que sugerem que as agressões realizadas podem ocorrer em decorrência de sintomas depressivos (Wendt et al., 2010). Além disso, existem ainda as chamadas vitimas-agressoras, as quais sofreram bullying e passam a praticá-lo contra outros indivíduos, gerando um ciclo de violência que se retroalimenta (Salmivalli e Voeten, 2004).

Os picos de maior vulnerabilidade ao bullying se localizam nos períodos de transição entre níveis de ensino, o que no Brasil corresponde às mudanças de ciclo, do 5º ao 6º ano do Ensino Fundamental e do 9º do Ensino Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio (Fisher, 2010; Olweus, 2013). Acredita-se que esses picos de vulnerabilidade ocorram devido à transição de etapas do ciclo vital, principalmente da segunda infância para a adolescência. Destaca-se que o período entre os 11 e 19 anos é delimitado como limite cronológico da adolescência. Durante esse período ocorre uma transição no desenvolvimento, a qual envolve mudanças físicas, cognitivas, emocionais e sociais. Essas mudanças assumem formas variadas em diferentes contextos sociais, culturais e econômicos (Papalia e Feldman, 2013).

Contudo, independentemente do contexto, estudos indicam que meninos e meninas se envolvem em situação de bullying na escola. A violência escolar na forma física é mais frequente em meninos e a forma verbal, em meninas, sendo observado que os meninos são as principais vítimas (Santos et al., 2014). Essas formas de violência causam prejuízos ao desenvolvimento emocional, social e cognitivo da criança e do adolescente, bloqueando suas potencialidades (Dornelles et al., 2012).

Dadas essas descobertas e o fato de que os esforços antibullying têm um sucesso considerado limitado (Merrell et al., 2008; Ttofi e Farrington, 2011), observa-se que o bullying no ambiente escolar entre adolescentes constitui-se em um grave problema social (Abramovay, 2003, 2012) e de saúde pública (Oliveira et al., 2014; Rezapour et al., 2014; Serra-Negra et al., 2015). Considerando a gravidade dos impactos que esse fenômeno pode causar no ambiente escolar, faz-se necessária a investigação de estratégias de enfrentamento e intervenção que ajudem na prevenção do bullying a partir do fortalecimento individual e coletivo dos adolescentes no contexto em que estão inseridos (Caballo et al., 2011).

Essa necessidade foi reforçada no Brasil em 14 de maio de 2018, data na qual foi sancionada a Lei nº 13.663, que altera a Lei nº 9.394 de 1996. A atualização da lei inclui a responsabilidade das escolas na promoção de medidas de combate ao bullying, além de incluir a obrigatoriedade de implementação de ações para a promoção da cultura da paz em seu artigo 12 (Planalto, 2018).

Sendo assim, este estudo tem por objetivo investigar os tipos de intervenções existentes as quais podem ser utilizadas com adolescentes em situação de bullying escolar, com a finalidade de apresentar intervenções eficazes, bem como para que seja possível pensar no aprimoramento e adaptação das intervenções já existentes.

 

Método

O presente estudo seguiu as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (PRISMA), que visam orientar a elaboração de revisões sistemáticas e meta-análises (Moher et al., 2009). O primeiro passo foi formular a questão da pesquisa que consistiu em investigar "quais intervenções são utilizadas em adolescentes em situações de bullying escolar?".

No processo de construção da string, foram realizados diversos testes com diferentes descritores, a fim de encontrar uma que contemplasse o maior número de estudos sobre o assunto. Depois, realizaram-se os testes com a string construída com a ajuda das ferramentas TheSaurus da Base PsycNET, do índice Medical Subject Headings (MeSH) da base PubMed/Medline e dos Descritores em Ciências da Saúde (Decs/MeSH) na base BVS. Concluiu-se que a string que mais retornou estudos foi: "Bullying" AND "Intervention" AND "School" AND "Adolescents". A qual foi utilizada nas três bases de dados mencionadas.

As buscas por artigos foram realizadas em maio de 2018 por dois juízes independentes, nas bases de dados indexadas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), US National Library of Medicine and National Institutes of Health (PubMed) e American Psychological Association Database (PsycNET). Os critérios de inclusão utilizados foram os seguintes: 1) artigos empíricos; 2) utilização das quatro variáveis: bullying, intervenção, escola e adolescentes; e 3) estudos com medidas pré-teste e pós-teste. Os critérios de exclusão utilizados foram: 1) artigos repetidos; e 2) trabalhos que não tenham passado por uma revisão por pares, como teses, dissertações e livros.

Esses critérios foram aplicados inicialmente através da leitura do título e do resumo dos artigos. Sendo excluídos os estudos que não apresentavam no título ou resumo pelo menos uma das palavras-chaves, bem como os artigos repetidos. Os pesquisadores analisaram, de forma independente, os artigos relevantes e emitiram parecer sobre a inclusão ou não desses na revisão. Nos casos em que houve divergências de parecer, foi contatado um terceiro juiz. Durante a etapa de leitura do texto completo, foram eliminados estudos que não se aproximavam do tema desta revisão, não restando divergências entre os juízes após esta etapa.

 

Resultados

Foram encontrados 317 artigos na BVS, 961 na PubMed e 506 artigos na PsycNET. Na sequência, apresenta-se um fluxograma (Figura 1) com os passos realizados para seleção dos artigos. Ao término da seleção, foram incluídos 19 artigos científicos.

É possível observar, com base na tabela 1, que todos os estudos encontrados foram realizados fora da América Latina. Embora não tenha sido delimitado um ano para inclusão dos artigos, nota-se que a maior parte dos estudos (n = 16) foram publicados publicada nos últimos dez anos. Da mesma forma, o principal idioma das publicações foi o inglês (n = 18).

Destaca-se que todos os artigos incluídos nesta revisão utilizaram o método experimental ou quasi-experimental. Quando somados, o número total de participantes dos 19 estudos selecionados é expressivo (n = 32126), sendo possível a generalização dos efeitos de algumas intervenções (para uma mesma cultura/nacionalidade).

Intervenções contra o bullying

Para melhor organização e entendimento, as intervenções identificadas nos estudos selecionados foram agrupadas em três categorias: 1) estratégias de intervenção utilizadas por professores e equipe escolar; 2) estratégias de intervenção com profissionais de fora da escola; e 3) estratégias de intervenção mediadas por alunos.

Assim, a primeira categoria agrupa as intervenções nas quais professores e equipes escolares participam ativamente do processo, recebendo treinamento prévio de profissionais da área de saúde para auxiliarem na psicoeducação dos alunos. A segunda categoria agrupa as intervenções em que profissionais de fora da escola (e.g. psicólogos, professores, pesquisadores) são agentes ativos na condução das intervenções. A terceira categoria destaca a participação ativa de alunos (e.g. como tutores, educadores de pares, líderes cibernéticos) que receberam treinamento, quando necessário, para mediar intervenções com seus colegas.

1. Estratégias de intervenção mediadas por professores e equipe escolar

Mais da metade dos estudos (n = 11) utilizou intervenções mediadas por professores e equipe escolar. Matischek-Jauk et al. (2017), a partir do programa Lions Quest, mediante treinamento prévio dos professores, propuseram atividades sobre comunicação, assertividade, resolução de problemas e habilidades sociais para a redução dos comportamentos problemáticos e melhoria do clima escolar, desenvolvendo as competências da aprendizagem socioemocional sistemática (SEL - Social-Emotional Learning). A intervenção foi eficaz para reduzir o bullying e promover o clima de classe, mas não para a saúde psicossocial. Além disso, quanto maior foi o interesse dos alunos, maiores foram os efeitos positivos encontrados.

O mesmo ocorreu com a versão longa do programa Media Heroes, a qual apresentou melhores resultados do que na versão curta de 1 dia. Esse programa foi utilizado como intervenção obrigatória, durante as aulas de ética, sobre bullying, cyberbullying e promoção da empatia, fornecendo conhecimento sobre definições, riscos, segurança na Internet e consequências legais de comportamentos online, promovendo formas assertivas para que os espectadores pudessem intervir. As atividades foram mediadas por professores que receberam 16 horas de treinamento, incluindo debates, análises de histórias escritas, notícias, filmes, e aprendizado cooperativo (Chaux et al., 2016).

O Media Heroes foi eficaz na redução dos comportamentos relacionados ao bullying e ao cyberbullying, mas não na vitimização por bullying ou cyberbullying (Chaux et al., 2016). Esses resultados, apesar de parciais, se alinham com evidências encontradas no Cyberprogram 2.0 (Garaigordobil e Martínez-Valderrey, 2015) e no KiVa, um programa projetado para prevenir o bullying tradicional que também pode prevenir o cyberbullying (Williford et al., 2012).

Uma das explicações para a ausência de efeitos significativos na vitimização pode estar relacionada a sua extensão, uma vez que os efeitos das agressões podem se manter por um longo período de tempo após sua ocorrência. Além disso, as intervenções podem contribuir para o aumento do número de relatos sobre estar sendo vítima de bullying, ao invés de esconder a agressão (Chaux et al., 2016).

Ainda no contexto de atividades em sala de aula, Low et al. (2014) propuseram um modelo de intervenção, o STR, com base no currículo escolar. Esse programa é composto por atividades que enfocam as habilidades socioemocionais, gerenciamento de emoções e reconhecimento de relatos de comportamentos de bullying. Os tópicos das lições abrangeram formação de grupos, distinção entre relatos de bullying falsos e verdadeiros, e como ser um espectador responsável. As estratégias incluíram instrução direta, ampla, e discussões em pequenos grupos, prática de habilidades e jogos, às quais foram seguidas de leituras sobre bullying. Todas as estratégias interventivas foram mediadas pelos professores, da mesma forma que os programas anteriores, o STR demonstrou eficácia após um ano de implementação, apresentando bons níveis de adesão dos alunos, redução da vitimização e auxílio dos estudantes na prevenção do bullying na escola.

Já o UHSI, proposto por Busch et al. (2013), visou a promoção da saúde na escola, focando na construção de comportamentos de saúde do adolescente através de um trabalho com a equipe escolar (professores, orientadores, direção). Os tópicos abordados foram: nutrição, exercício físico, saúde sexual, redução no uso de álcool e drogas e de comportamentos de bullying. A intervenção demonstrou eficácia, após três anos de implementação, na redução da vitimização por parte das meninas que sofriam bullying, as quais passaram a relatar os acontecimentos de forma a enfrentar seus agressores.

Outro modelo de intervenção, proposto por Ayers et al. (2012), é a SBBI que utiliza estratégias disciplinares comuns nas escolas (e.g. suspensão, detenção, retirar o aluno da sala de aula, chamar os pais) visando impedir a repetição de comportamentos de bullying. As estratégias consideradas eficazes para redução da reincidência do bullying foram: perda de privilégios e reuniões com os pais e professores. Cabe ressaltar que embora os resultados tenham sido avaliados após três anos, infere-se que este efeito possa ser observado em curto prazo.

Além das reuniões com os pais, um estudo realizado por Williford et al. (2012) observou que o KABP reduziu a vitimização dos alunos. Isso ocorreu principalmente através de atividades grupais realizadas entre os alunos, como estratégias de discussão sobre o tema bullying dentro da sala de aula, realização de trabalhos em grupo, exercícios de role-playing e jogo de computador. Em casos de identificação de comportamentos de bullying, a intervenção foi focada na construção de grupos de discussão, mediados pelos professores, com vítimas e agressores. Essa estratégia foi eficaz na redução da vitimização, contudo, os resultados foram observados após 20 sessões de uma hora aplicadas ao longo de todo o ano letivo.

Ainda na perspectiva de trabalho em grupo e em pontos específicos onde o bullying está presente, Bauer et al. (2007); Bowllan (2011) e Olweus (1994) utilizaram o OBPP, com capacitação de professores e equipe escolar para posterior implementação na escola. O OBPP trabalha com debates em sala de aula sobre a temática do bullying e supervisão de ambientes escolares (e.g. o pátio durante o recreio) onde a equipe escolar percebe maior foco de bullying. A intervenção também é composta por um sistema de reforço positivo que visa à promoção de comportamento pró-social. Além disso, alunos que praticam bullying frequentemente passam por medidas disciplinares similares às propostas por Ayers et al. (2012).

Para Bowllan (2011), a intervenção causou um impacto positivo em mulheres e professores do 7º ano. Já Bauer et al. (2007) encontraram efeitos positivos mistos, variando por gênero, etnia/raça e série, mas sem efeito geral. Olweus (1994) demonstrou que a intervenção foi eficaz na redução do bullying em ambos os sexos e melhoria do ambiente escolar. Cabe mencionar que os efeitos dessas intervenções foram observados após um (Bauer et al., 2007; Bowllan, 2011) e dois anos (Olweus, 1994).

Outros estudos formularam intervenções baseadas nos princípios do OBPP (Stevens et al., 2000a; Stevens et al., 2000b), as quais foram desenvolvidas em três módulos: o primeiro tratando da intervenção no ambiente escolar, o segundo, lidando com atividades baseadas no currículo para o grupo de pares a partir de métodos de ensino ativos como técnicas de modelagem e role-play. O terceiro, baseado na teoria da aprendizagem social, visando desenvolver um procedimento de reparação para os alunos agressores.

Em um dos estudos, as intervenções mostraram-se eficazes na redução do bullying e da vitimização somente no ensino fundamental (Stevens et al., 2000a). No segundo estudo, os efeitos de redução dos comportamentos de bullying e aumento da capacidade de resolução de conflitos apareceram em alunos do ensino médio durante o primeiro pós-teste (12 meses), mas não se sustentaram até o segundo pós-teste (18 meses) (Stevens et al., 2000b).

2. Estratégias de intervenção mediadas por profissionais de fora da escola

Seis dos estudos selecionados delinearam intervenções mediadas por profissionais de fora da escola. Em um desses estudos, psicólogos mediaram três sessões com interação online baseada em imagens e textos informativos sobre bullying, habilidades de relacionamento saudáveis e uso de álcool com feedback e orientação individualizada em cada etapa do programa (Timmons-Mitchell et al., 2016).

A intervenção SUP promoveu aumento no uso de habilidades de relacionamento saudáveis, reduzindo as probabilidades de perpetuação e de sofrer bullying verbal e físico. Ademais, os espectadores se tornaram mais ativos frente ao testemunho de comportamentos intimidadores contra colegas. Para além de seus efeitos positivos, essa intervenção é valorizada devido à possibilidade de ser aplicada em um único dia (Timmons-Mitchell et al., 2016).

O FMBPP também foi aplicado por psicólogos, os quais foram treinados durante dois dias antes da aplicação da intervenção. A estrutura do programa é composta por 15 sessões, que foram ministradas ao longo de quatro meses. As estratégias utilizadas tinham por objetivo a exposição do problema, fornecer conhecimento sobre o bullying e treinar habilidades comportamentais a serem utilizadas no combate ao bullying. O FMBPP foi eficaz na redução da influência social dos agressores, ocasionando diretamente a redução dos comportamentos de bullying entre os estudantes do ensino médio (Wölfer e Scheithauer, 2014).

Dentro desta perspectiva, a IE também foi aplicada por psicólogos e teve duração de quatro meses, contudo, não há sugestão de um número de sessões. Além disso, a IE foi aplicada somente durante as aulas de filosofia, visando enfrentar o bullying escolar através da conscientização sobre o assunto e a respeito de si mesmo e de seus comportamentos, assim como a educação sobre valores éticos. A intervenção mostrou-se eficaz na redução do bullying em sala de aula, através do fortalecimento dos laços afetivos entre os alunos e negociação de conflitos pessoais (Sánchez, 2013).

Por outro lado, a intervenção SBEI, proposta por Naidoo et al. (2016), a qual aborda a violência baseada em gênero e o bullying, foi a mais longa desta categoria ocorrendo uma vez por semana ao longo de um ano. A SBEI, segundo os autores, foi mediada por facilitadores treinados de fora da escola, contudo, a profissão desses facilitadores não foi especificada. As estratégias utilizadas incluíram discussões em pequenos e grandes grupos, dramatizações, história em quadrinhos e desenhos criativos. A intervenção foi eficaz na redução de experiências de bullying verbal.

A SNI, proposta por Perkins et al. (2011), difere significativamente das demais intervenções propostas nesta revisão, tanto por ser aplicada por professores externos à escola como em sua forma de execução. A SNI utiliza a estratégia de transmissão de normas sociais positivas, através do posicionamento de pôsteres com cenas de interação positiva por toda a escola. As mensagens de normas sociais sobre a prevalência de comportamento e opinião positiva foram criadas para cada escola com base em um questionário sociodemográfico aplicado no pré-teste. A SNI foi eficaz na redução de comportamentos de bullying e na vitimização, também houve aumento dos relatos de bullying aos professores e a familiares.

3. Estratégias de intervenção mediadas por alunos

Apenas três dos estudos selecionados delinearam intervenções com a possibilidade de mediação pelos alunos. O primeiro deles utilizou o CATS, que consistiu no treinamento de alunos do ensino médio os quais formularam e aplicaram uma intervenção antibullying em alunos do 7º ano. O treinamento dos alunos mediadores tem duração de 3 horas e consistiu na apresentação de vídeos e uma palestra sobre as principais características necessárias para identificação do bullying na escola. Cabe mencionar que esse treinamento inicial foi conduzido por psicólogos (Boulton e Boulton, 2017).

Após essa etapa inicial, os alunos mediadores participaram de quatro encontros com duração de 60 minutos para preparação de uma apresentação de 40 minutos a ser exibida aos alunos do 7º ano. O CATS foi eficaz na redução da autoculpa, melhora da autoestima e aumento da divulgação dos casos de bullying escolar (Boulton e Boulton, 2017).

Já a NTP, proposta por Palladino et al. (2016), ofereceu inicialmente um curso para os professores sobre comunicação tecnológica e redes sociais, riscos da comunicação online, bullying e cyberbullying. Após essa etapa inicial, alunos (mediadores) foram recrutados e recebem um dia de treinamento para atuar como moderadores de fórum e editores em um grupo do Facebook. A NTP foi utilizada por dois anos, reduzindo os níveis de vitimização, comportamentos de bullying e cyberbullying. Esses efeitos foram avaliados em um pós-teste, mantendo-se estáveis após 6 meses em ambos os sexos.

Por fim, a CFSP elaborada por Shaw et al. (2015), foi mediada por alunos (líderes cibernéticos) do 1º ano do ensino médio. Um treinamento de 6 horas foi fornecido, pelos médicos pesquisadores, a esses alunos. As estratégias da intervenção incluíram a revisão de políticas escolares relacionadas ao aumento da conscientização dos estudantes sobre seus direitos e responsabilidades online (especialmente como um espectador), o uso de abordagens restaurativas para lidar com incidentes de bullying e o fornecimento de treinamento preventivo de cyberbullying aos pais.

O estudo apresentou poucas evidências de mudança de resposta em relação ao bullying. Os autores apontam como possível explicação para esse resultado o fato de que os adolescentes da amostra já tinham uma compreensão estabelecida sobre o conceito de bullying e suas diferentes formas (Shaw et al., 2015).

 

Discussão

Foram localizados poucos estudos que utilizaram intervenções ao bullying e ao cyberbullying na sala de aula ou em outros espaços da escola. Observou-se que não existe consenso na literatura sobre qual a melhor intervenção a ser utilizada frente ao bullying, uma vez que as intervenções expostas neste estudo variaram entre os países. Contudo, um terço das pesquisas foi conduzida em escolas americanas (tabela 1). Esses achados são similares aos resultados de uma revisão sistemática a qual investigou sobre intervenções utilizadas no cyberbullying e observou que um terço dos estudos incluídos foi realizado na Espanha, sendo que os outros dois terços estavam distribuídos entre diversos países (Cardoso et al., 2017).

O fato de a maioria das pesquisas terem sido realizadas em países isolados, sem a replicação de determinado modelo de intervenção em diferentes culturas e nacionalidades, pode ser considerado uma limitação deste campo de estudo. Em especial devido à existência de diferenças culturais e nos modelos pedagógicos das escolas (Cardoso et al., 2017; Ttofi e Farrington, 2011). Ressalve-se que, dos 19 estudos, três implantaram o OBPP e mais dois utilizaram os princípios do OBPP com adaptações.

É importante destacar que, na implementação e avaliação do OBPP, Olweus (1994) encontrou resultados positivos em ambos os sexos, mas os outros quatro estudos Bowllan (2011), Bauer et al. (2007), Stevens et al. (2000a) e Stevens et al. (2000b) encontraram efeitos mistos. Uma possível explicação para essa diferença nos resultados pode estar relacionada à implantação das intervenções em diferentes culturas (Noruega, Estados Unidos e Bélgica).

Outro ponto relevante diz respeito ao fato de que a maioria das intervenções foi mediada por professores e/ou equipe escolar (tabela 2). Nesta perspectiva, Low et al. (2014) sugerem que a adesão pelo professor influencia a implementação de um programa de prevenção ou intervenção contra o bullying escolar. Essa visão está de acordo com os achados de Olweus (2004), o qual aponta que os professores que leem o material de um programa de intervenção tendem a reconhecer, valorizar e acreditar que é possível enfrentar o problema do bullying.

Além disso, a capacidade de ser empático com as vítimas auxilia na adesão aos programas interventivos, aumentando suas chances de êxito (Low et al., 2014; Olweus, 2004). Contrariamente, treinamento e suporte insuficientes, turma com grande número de alunos, problemas com o gerenciamento de disciplina na sala de aula, aliada à apatia do professor, podem prejudicar o andamento das intervenções (Olweus, 2004).

Salienta-se a importância da duração das intervenções, visto que a maior parte dos estudos incluídos nesta revisão (n=14) avalia a eficácia dos programas interventivos somente depois de terem sido utilizados ao longo de pelo menos um ano. Contudo, existe a possibilidade desses programas reduzirem os comportamentos de bullying e/ou melhorarem as relações interpessoais escolares em muito menos tempo, sendo necessária a realização de mais estudos que apliquem essas intervenções em menores intervalos de tempo.

Independentemente do tempo decorrido, tanto as intervenções mediadas pelos professores e equipe escolar, como as mediadas por outros profissionais, apresentaram bons resultados após sua aplicação. Observa-se, ainda, que apenas três dos estudos propuseram a utilização de estratégias de intervenção mediadas pelos próprios alunos. Sendo que uma delas não apresentou boas evidências de eficácia (Shaw et al., 2015). Existem poucos estudos na literatura que utilizam intervenções mediadas pelos alunos, sendo difícil afirmar se são de fato eficazes (Cardoso et al., 2017).

Dentro do campo das intervenções mediadas pelos próprios alunos, pesquisadores holandeses desenvolveram um software com inteligência artificial que conversa com os alunos sobre suas experiências de cyberbullying. Essa intervenção não necessita de treinamento prévio e pode ser utilizada pelos alunos ou equipe escolar sempre que necessário (Zwaan et al., 2012). Porém, da mesma forma que todas as intervenções de combate ao bullying identificadas neste estudo, esse software, assim como outras estratégias de combate ao cyberbullying, ainda não foram adaptadas para o contexto brasileiro (Cardoso et al., 2017; Wendt e Lisboa, 2014).

A escassez de intervenções no cenário brasileiro foi evidenciada anteriormente em uma revisão integrativa, a qual demonstrou que os pesquisadores brasileiros estão mais focados na realização de estudos de levantamento de dados quantitativos sobre a prevalência e incidência do bullying nacional. Ainda sobre os resultados desta revisão integrativa, curiosamente, em consonância com os resultados aqui encontrados, observou-se que a maior parte dos estudos incluídos sugere a formulação de intervenções para o combate ao bullying no Brasil (Pigozi e Machado, 2015). Contudo, não fica clara a razão pela qual essas sugestões, aparentemente, até 2018, ainda não foram atendidas.

É importante ressaltar que os resultados expostos nesta revisão salientam a importância da participação de outros profissionais da escola ou de fora dela, além dos professores, na implementação das intervenções. No Brasil, é comum que algumas pesquisas e até mesmo o governo atribuam a responsabilidade do combate ao bullying aos professores e/ou a instituição escolar (Planalto, 2018; Tognetta e Daud, 2018). De fato, é necessário investir na formação dos professores, contudo, acrescenta-se que o apoio de outros profissionais vinculados a outros órgãos governamentais e/ou consultores autônomos faz-se necessário para fornecer auxílio as escolas. Sobretudo aos professores que comumente estão sobrecarregados e próximos a exaustão física e emocional (Carlotto, 2014).

 

Considerações Finais

Este trabalho teve como objetivo investigar os tipos de intervenções utilizadas com adolescentes em situação de bullying escolar. Todas as intervenções encontradas foram desenvolvidas fora do Brasil. A maior parte delas foi utilizada em apenas um estudo, sendo necessária a realização de mais estudos que concretizem a eficácia dessas intervenções. Além disso, todas as intervenções poderiam ser adaptadas e utilizadas em outros países, e tal fato contribuiria para o estabelecimento de uma estratégia de intervenção "padrão ouro", a qual seria comparada com outras estratégias existentes.

Em relação às limitações deste estudo, destaca-se a baixa variação de idade entre os participantes dos estudos incluídos, o que torna difícil a compreensão de até que ponto as intervenções serão eficazes em diferentes idades e/ou séries. Outra limitação está relacionada a não avaliação dos possíveis vieses de pesquisa dos estudos incluídos, assim como o fato de terem sido incluídos apenas estudos com medidas pré e pós-teste. Destaca-se, ainda, que alguns dos artigos não deixaram claro quais eram todos os profissionais envolvidos nas intervenções, nem se existe alguma formação necessária ou recomendada para aplicação das intervenções.

Sendo assim, ressaltamos que a idade e/ou série para qual uma intervenção será eficaz, devem ser aspectos levados em consideração em caso de adaptação e validação dessas intervenções para a realidade brasileira. Isso tendo em vista que uma intervenção que é eficaz para os alunos do 6º ano pode não ser para os do 9º ano. Além disso, sugere-se que, entre as intervenções expostas neste trabalho, aquelas mediadas por outros profissionais em parceria com a equipe escolar sejam o foco inicial de estudos posteriores e possíveis adaptações para o contexto brasileiro. Por fim, em linhas gerais, esta revisão constata a necessidade de se desenvolver ou adaptar estratégias de intervenção ao bullying para o contexto dos alunos brasileiros.

 

Referências

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Submetido em: 13.07.18
Aceito em: 16.11.18

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