EDITORIAL

 

Editorial: editoria em tempos de pandemia

 

 

Denise Falcke

Editora Científica

 

 

Após um ano vivendo a pandemia de COVID-19, é possível refletir sobre o funcionamento do processo de editoria nesse cenário. Como funcionaram os periódicos científicos? Que mudanças puderam ser percebidas nas diferentes etapas de tramitação dos artigos científicos?

Nossa experiência evidenciou, em um primeiro momento, um aumento significativo no número de submissões. Em isolamento social, ainda se adaptando ao contexto de atividades em ambiente virtual, é possível que os pesquisadores tenham priorizado concluir os artigos que estavam em desenvolvimento. Esse incremento exigiu esforços extras da equipe responsável pela triagem e revisão inicial. Na sequência, cada editor da revista ficou responsável por um número maior de artigos e, como uma bola de neve, pareceristas foram mais acionados. Desafio sem precedentes ter que lidar com aumento dessa demanda de trabalho em um contexto de incertezas e adaptação das inúmeras outras atividades pessoais e laborais.

Mesmo assim, muitos pareceristas dedicaram-se à revisão dos trabalhos, com empenho e presteza. A eles todo o nosso agradecimento. Outros, de forma muito compreensível, mostraram-se indisponíveis e temos a certeza da possibilidade de colaborações futuras. Difícil mesmo sempre é o processo de aguardar até o final do prazo concedido e não ter retorno da solicitação, necessitando contatar novos pareceristas, sabendo que vai ficando comprometido o tempo de tramitação do artigo a cada solicitação não respondida. Talvez em nenhum lugar ou momento da formação os pesquisadores sejam orientados a, na ocasião de serem convidados a emitir parecer, responder sobre sua disponibilidade ou não para emiti-lo o mais prontamente possível.

Melhor para o processo editorial o registro da indisponibilidade do que a espera sem retorno. Foram muitas esperas sem retorno.

Observamos também aumento da demanda por informações por parte dos autores sobre o andamento do processo editorial. Sempre legítima, mas exigindo ainda mais esforços no acolhimento e retorno. Enfim, impossível não destacar um cenário já conhecido de escassez de recursos, agravado no cenário que vivemos, que exige dos membros das equipes editoriais assumirem múltiplas funções. Inúmeros desafios e grande a capacidade de superação deles. Manter um periódico científico em pleno funcionamento é um grande mérito e foi nesse espírito que chegamos ao final de 2020.

O terceiro número da Revista Contextos Clínicos do ano de 2020 está composto por 15 artigos científicos, redigidos em inglês ou em português. Dez são resultados de estudos empíricos sobre temáticas relacionadas à clínica psicológica, abordando estados psicopatológicos e o sofrimento psíquico, seja em nível individual ou relacional. Destacam-se questões referentes ao uso de mídias digitais e ao abuso de substâncias, temáticas que se tornaram ainda mais relevantes no contexto do isolamento social advindo da pandemia. Além desses, cinco artigos se caracterizam como revisões sistemáticas da literatura e abordam psicopatologias, como ansiedade e burnout, instrumentos de avaliação psicológica, relacionados à problemática da alienação parental, e intervenções clínicas no formato de treinamento de habilidades sociais.

Mais ainda do que anteriormente, no contexto atual, é essencial o agradecimento a todos aqueles que dedicaram seu tempo e sua dedicação para que esse número da Revista Contextos Clínicos fosse publicado, em especial autores, pareceristas e a equipe editorial, que não mediram esforções para que o trabalho mantivesse a excelência de sempre. Nossa forte consideração e desejo de uma excelente leitura e de tempos melhores pela frente!