SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.13 número3Razões para a manutenção do laço conjugal diante de eventos críticos em casamentos longevosA relação entre o uso de jogos digitais online e sintomas de ansiedade em crianças e adolescentes índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Contextos Clínicos

versión impresa ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.13 no.3 São Leopoldo sept./dic. 2020

 

ARTIGOS

 

O Papel da coparentalidade e da rede de apoio materna no uso de mídias digitais por bebê

 

Coparenting and mother's support network role in infant's digital media use

 

 

Laura Canani da Rosa; Bruna Gabriella Pedrotti; Manoela Yustas Mallmann; Giana Bitencourt Frizzo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Correspondência

 

 


RESUMO

Cuidar de um bebê é uma tarefa complexa e, em meio a tantas outras demandas, poder contar com a ajuda de uma rede de apoio pode ser essencial às mães e aos pais. Porém, estabelecer combinações com a rede de apoio sobre como esse cuidado será realizado pode ser um desafio, principalmente no que se refere ao uso de mídias digitais. O objetivo do presente estudo foi investigar os processos de coparentalidade e a configuração das redes de apoio das mães que utilizam mídias digitais na rotina com seus bebês e das que não o fazem, além de suas possíveis influências no acesso dos bebês às mídias digitais. Participaram deste estudo 15 mães de bebês que tinham entre 3 e 24 meses. Oito mães relataram que não ofereciam mídias digitais aos seus bebês e 7 o faziam. A partir de análise temática, identificou-se que os avós dos bebês tanto eram a principal rede de apoio das mães, quanto foram a principal fonte de exposição dos bebês às mídias digitais. Apesar de a rede de apoio ser considerada uma alternativa ao uso de mídias, esta se configura como outra fonte de acesso dos bebês a elas, mesmo sem o consenso familiar.

Palavras-chave: maternidade; práticas parentais; telas.


ABSTRACT

Caring for an infant is a complex task and with so many other demands, being able to count on a support network can be essential for parents. However, establishing combinations with them on how this care will be performed can be a challenge, especially regarding to digital media's use. The aim of the present study was to investigate who integrates the support networks of mothers that use digital media in their routine with their children and those who do not, their coparenting processes and understand their possible influences on infants' access to digital media. Fifteen mothers of infants aged between 3 and 24 months participated in this study. Eight mothers reported that they did not offer digital media to their children and 7 did. From thematic analysis, it was identified that infants' grandparents were both the main support network for mothers, and also the main source of children exposure to screens. Although the support network is considered as an alternative to the use of screens, it can comprise another source of access for infants to digital media, even without family consensus.

Keywords: maternity; parental practices; screens.


 

 

Introdução

O uso das mídias digitais, como smartphones, tablets e televisão, está muito presente na rotina de crianças pequenas (Chassiakos, Radesky, Christakis, Moreno, & Cross, 2016; Radesky & Christakis, 2016) fazendo parte da vida de muitas delas (Domingues-Montanari, 2017; Elias, Nimrod, & Lemish, 2019). Ademais, o uso vem aumentando expressivamente e tem sido evidenciado nas mais diversas faixas etárias, incluindo as crianças de até dois anos (Chassiakos et al., 2016; Nevski & Siibak, 2016). O Common Sense Media (2017), levantamento realizado nos Estados Unidos que busca conhecer o uso de mídias nas famílias com crianças de até oito anos, por exemplo, identificou um aumento no uso de tablets e smartphones por crianças de até dois anos de 10% em 2011 para 46% em 2017.

Por mídias digitais, entende-se o conjunto de dispositivos, formatos e métodos de comunicação que veiculam conteúdo digitalizado por meio de sinais digitais, como na Internet, na TV e em redes de computadores e de telefonia. Exemplos de mídias digitais incluem software de computador, aplicativo móvel, redes sociais, videogames, páginas da Web, imagens (fotos e vídeos) digitais e smartphones (American Psychological Association, 2019). Na literatura, são encontrados os mais diversos termos para designar mídias digitais, tais como tecnologias, tecnologias touchscreen, smartphones, celulares, tablets, mídias passivas, mídias ativas, dispositivos móveis, entre outros. Para fins deste trabalho, será utilizado o termo mídias digitais, exceto quando os autores de outros trabalhos optarem por termos distintos.

Um estudo brasileiro (Nobre et al., 2019) realizado com 104 crianças entre 24 e 42 meses de idade apontou que, embora o tempo de tela das crianças tenha obtido uma mediana de 45 minutos - o que se enquadra no tempo de uso indicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2019), que orienta que crianças entre dois e cinco anos façam uso das telas por no máximo uma hora diária - algumas crianças obtiveram até oito horas de exposição às telas por dia, o que excede muito o tempo recomendado. Embora a SBP (2019) oriente que bebês de até dois anos de idade não sejam expostos às mídias digitais devido a esse uso estar associado a possíveis riscos para o desenvolvimento, como problemas no sono, na visão e na aprendizagem (SBP, 2019), este uso tem sido feito de diversas formas.

Por exemplo, as famílias fazem uso das mídias em momentos de lazer e entretenimento, além de utilizá-las como um recurso educacional (Nevski & Siibak, 2016; Nobre et al., 2019). Além disso, estudos realizados no Brasil apontam que as mídias digitais são frequentemente oferecidas aos bebês por necessidades das mães, quando precisam ocupá-los para poderem realizar alguma tarefa (Mallmann & Frizzo, 2019). Ainda, uma forma de uso considerada mais problemática é utilizar esta ferramenta para acalmar e distrair os bebês em momentos de dificuldade e/ou necessidade dos cuidadores (Pedrotti, 2019) ou para auxiliar na regulação do comportamento da criança pequena (Nevski & Siibak, 2016; Nobre et al., 2019), como em situações de birras.

Ainda assim, os estudos realizados no Brasil sobre o tema são escassos e focam principalmente na figura materna e sua perspectiva quanto ao uso e oferecimento de mídias digitais aos bebês (Mallmann & Frizzo, 2019; Pedrotti, 2019). Embora as mães geralmente se ocupem mais do cuidado dos filhos do que os pais, podem existir diferenças entre suas visões e atitudes frente às mídias (Connell, Lauricella, & Wartella, 2015). Nesse sentido, a coparentalidade e suas possíveis associações com o uso de mídias digitais nas famílias também vem sendo investigada. Tal conceito refere-se a como os parceiros trabalham conjuntamente para desempenhar a função parental (Feinberg, 2003; Frizzo, Kreutz, Schmidt, Piccinini, & Bosa, 2005; McDaniel & Coyne, 2016), sendo um preditor para vários fatores como a satisfação conjugal, a qualidade parental (McDaniel & Coyne, 2016; Schoppe-Sullivan, Mangelsdorf, Frosch, & McHale, 2004), os comportamentos e a segurança emocional da criança (McDaniel & Coyne, 2016; Teubert & Pinquart, 2010).

Mais recentemente, a coparentalidade também se mostrou preditora do uso de mídias digitais pelas famílias (Brown & Smolenaers, 2018). As mídias podem desempenhar diversos papeis neste contexto. Se por um lado podem proporcionar momentos de conexão e apoio para pais e filhos através do uso conjunto, por outro também podem contribuir com interrupções nas interações entre os membros da família, tanto entre pais e filhos, quanto entre o casal parental (McDaniel & Coyne, 2016). Nesse sentido, atenta-se para a importância de que prevaleçam os momentos nos quais o uso das mídias digitais contribua positivamente com a dinâmica familiar (McDaniel & Coyne, 2016).

Muitos bebês e crianças, porém, passam uma considerável parte do seu tempo sob os cuidados de outros familiares, como os avós, e o uso das mídias digitais nesse contexto tem sido pouco investigado (Elias et al., 2019). Portanto, além de considerar os processos de coparentalidade, faz-se necessário compreender o papel dos outros componentes da família, para além da família nuclear, nesta prática, caracterizados aqui como rede de apoio. A rede de apoio é composta por sistemas e pessoas significativas que proporcionam apoio e reforço às estratégias de enfrentamento do sujeito diante das situações de vida. Fazem parte da rede de apoio os membros da família extensa, amigos, colegas de trabalho, a comunidade na qual o sujeito está inserido, bem como serviços essenciais e pessoas com quem se mantêm relações íntimas ou ocasionais (Rapoport & Piccinini, 2006). Esses laços sociais perduráveis são muito importantes para a manutenção da saúde do indivíduo em momentos de grandes mudanças e/ou de dificuldades (Juliano & Yunes, 2014).

As redes de apoio podem ser classificadas quanto ao tipo de apoio em três categorias: emocional, que remete a expressões de cuidado e conforto; informacional, no que diz respeito a orientações e informações; ou instrumental, que consiste no fornecimento de recursos, serviços e solução de problemas (Rapoport & Piccinini, 2006). Na maternidade isso não se faz diferente. O apoio social que a mulher recebe atua como fator protetivo nas circunstâncias de estresse e influencia de maneira importante no seu bem-estar, facilitando uma maternagem responsiva (Rapoport & Piccinini, 2006) e influenciando também no desenvolvimento infantil.

Ainda assim, é necessário considerar que a distância geográfica, muito comum na modernidade, é um agravante para o suporte das redes de apoio, principalmente das instrumentais (Rapoport & Piccinini, 2006). Neste cenário, as mídias digitais podem ser consideradas como aliadas nos cuidados dos filhos para mães e pais atarefados, atuando como forma de distração em um ambiente seguro para que os cuidadores possam realizar outras atividades (Pinto, Jales, Andrade, & Santos, 2016). Porém, para os pais que podem contar com a ajuda de outros familiares no cuidado de seus filhos, a rede de apoio pode ser considerada como uma alternativa ao oferecimento de telas aos bebês nesses momentos (Lampard, Jurkowski, & Davison, 2013). Por exemplo, o estudo de Lampard et al. (2013), realizado nos Estados Unidos com 146 pais de crianças de dois a cinco anos de idade, teve como objetivo identificar os fatores contextuais demográficos, familiares e comunitários associados à restrição do tempo em que as crianças eram expostas às telas. Os autores identificaram que os fatores familiares representaram as principais características associadas à restrição do tempo de exposição das crianças às telas. Isto é, em famílias que recebiam maior apoio social, o tempo de tela se mostrou menor.

Por outro lado, um estudo recente de Elias et al. (2019), que investigou o uso de mídias feito por crianças de dois a sete anos quando as mesmas estavam sob o cuidado dos avós, apresenta um contraponto a essa ideia. Participaram do estudo, feito através de questionário online, 356 avós que tinham entre 50 e 80 anos (média de 62,77 anos) e que cuidavam de seus netos pelo menos uma vez na semana. A partir dos resultados encontrados, verificou-se que as crianças passavam cerca de metade do tempo que estavam sob o cuidado dos avós fazendo uso de mídias. Conforme Wagner, Mosmann, Dell'Aglio e Falcke (2010), a interação familiar instituída estipula a maneira como as famílias lidam com as mídias digitais. Dessa forma, entende-se que aspectos relacionados à dinâmica familiar podem influenciar na oferta e na demanda do uso de mídias digitais pelos pais e seus bebês. Tendo isso em vista, o presente estudo teve como objetivos investigar os processos de coparentalidade e a configuração das redes de apoio das mães que utilizam mídias digitais na rotina com seus bebês e das que não o fazem, além de suas possíveis influências no acesso dos bebês às mídias digitais.

 

Método

Participantes

Participaram deste estudo 15 mães biológicas de bebês que tinham entre 3 e 24 meses no momento da coleta de dados. Dentre as participantes, sete afirmaram que ofereciam mídias digitais aos seus bebês, compondo o Grupo 1, e oito relataram que não ofereciam esses dispositivos aos seus bebês, compondo o Grupo 2. Apenas uma participante não residia com um companheiro, sendo que todas as demais estavam em um relacionamento com o pai do bebê. A descrição detalhada das participantes consta na Tabela 1.

A amostra deste estudo advém de um projeto maior intitulado "Os bebês, as famílias e o uso das tecnologias: um estudo multi-métodos para o desenvolvimento infantil" (Frizzo et al., 2017), que objetiva investigar como as tecnologias têm sido utilizadas nas famílias com bebês de até três anos. Os critérios de inclusão para este estudo foram: mães maiores de 18 anos, com pelo menos um filho de até 24 meses saudável e nascido a termo, que as mães fossem a principal cuidadora do bebê e que tanto relatassem não oferecer tablet nem smartphone a ele (Pedrotti, 2019) quanto relatassem que costumavam oferecer telas aos seus bebês (Mallmann & Frizzo, 2019). A amostra foi constituída de forma não probabilística, através da amostragem bola de neve (Pedrotti, 2019; Vinuto, 2014) e por conveniência, recrutada através das redes sociais do Núcleo de Pesquisa e Intervenção em Famílias com Bebês e Crianças (NUFABE).

Delineamento e procedimentos

Trata-se de um estudo de natureza exploratória e delineamento qualitativo (Robson, 2002), e flexível (Robson & McCartan, 2016), que se propõe a compreender o fenômeno a partir da definição do problema de pesquisa, sem partir de relações causais ou de associação entre variáveis. As mães que aceitaram participar do estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram convidadas a preencher a Ficha de Contato Inicial (NUFABE, 2012) e o Questionário de Dados Sociodemográficos (NUFABE, 2017a). As participantes do Grupo 1 participaram de grupos focais (Barbour, 2009) baseados no Roteiro do Grupo Focal (Mallmann & Frizzo, 2019), pois compunham uma subamostra do projeto maior, selecionado especificamente com intuito de conhecer experiências de mães favoráveis ou não ao uso de mídias digitais com bebês. Foram feitos dois grupos focais, o primeiro com 3 participantes e o segundo com 4. Em cada um deles o grupo foi convidado a pensar sobre o uso das telas nas suas famílias, de maneira aberta e flexível, com o objetivo de não interferir na interação entre as participantes. Como uma forma inicial de aquecimento (Flick, 2009), foi trazida uma pequena história, retratando a rotina de uma mãe que necessitou fazer o uso do celular com seu bebê. A partir disso as mães trouxeram seus sentimentos em relação ao tema e iniciaram a discussão, contando com o roteiro do grupo focal, com o intuito de nortear a discussão. Já as mães que compõem o Grupo 2 responderam à Entrevista sobre interação familiar sem uso de tecnologias (NUFABE, 2017b). Ambos os procedimentos foram realizados no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ou em outro local de preferência das participantes. Todas as entrevistas e os grupos focais foram gravados e transcritos para posterior análise.

Instrumentos

Ficha de Contato Inicial (NUFABE, 2012): Utilizada para obtenção de dados gerais sobre o bebê e adquirir informações de contato da família.

Questionário de Dados Sociodemográficos (NUFABE, 2017a): Instrumento utilizado para levantamento de dados sociodemográficos das participantes, como idade, raça/etnia, escolarização, condições de renda, entre outros.

Entrevista sobre interação familiar sem uso de tecnologias (NUFABE, 2017b): Entrevista semiestruturada, que visa explorar o uso que as famílias de crianças pequenas têm feito das tecnologias, qual uso os adultos fazem, o que eles pensam sobre a tecnologia, quais são as motivações que levaram os pais a evitar o contato de seu bebê com as tecnologias, o que as famílias fazem para distrair seu filho quando precisam realizar alguma tarefa, como são os momentos de interação e entretenimento da criança, quais as vantagens e desvantagens em não usar tecnologias com crianças pequenas.

Roteiro do Grupo Focal (Mallmann & Frizzo, 2019): Este instrumento teve como base a literatura revisada para a sua elaboração, buscando investigar como é o uso de tecnologias das famílias de bebês. Isso envolve o uso dos adultos, que tipo de programa os bebês assistem, em quais contextos, por quanto tempo, que pessoas oferecem a tecnologia, qual tipo de tecnologia é oferecida, o que as mães pensam sobre a tecnologia, quais as vantagens e desvantagens percebidas, quais possíveis alterações no comportamento do bebê e qual a opinião das mães em relação às críticas aos pais em relação ao seu uso de tecnologias.

Considerações Éticas

Este estudo seguiu os princípios éticos da pesquisa com relação à proteção dos direitos, bem-estar e dignidade dos participantes, como postulado pela resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. O projeto maior, do qual esse estudo faz parte, foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da UFRGS (CAEE nº 9 69947117.6.0000.5334). Todas as participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, no qual constou os objetivos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados, o sigilo, a confidencialidade e a proteção à privacidade das participantes.

Análise de Dados

A análise dos dados coletados foi feita através da análise temática, conforme proposta por Braun, Clarke, Hayfield e Terry (2019), com auxílio do software Nvivo 12 (QSR, 2018). A análise temática é um método que consiste em identificar, analisar e definir temas a partir dos dados coletados e seus padrões apresentados, no qual o pesquisador tem um papel ativo em todo o processo. Esse método possibilita uma melhor organização e descrição detalhada dos dados para que eles possam ser melhor interpretados (Braun et al., 2019). Finalmente, os dados foram discutidos com base na literatura revisada para um melhor entendimento dos resultados e ilustrados a partir de vinhetas das falas das participantes.

 

Resultados

A partir de análise temática (Braun et al., 2019), identificaram-se três temas principais: "O papel do pai", "Os avós como principal rede de apoio" e "As telas como babás". O primeiro tema é composto de dois subtemas, representados na Figura 1, e todos serão apresentados com mais detalhes e exemplificados através de vinhetas das falas das mães a seguir, para possibilitar uma melhor compreensão dos dados.

O primeiro tema, "O papel do pai", diz respeito ao envolvimento do pai na dinâmica familiar, considerando a importância do suporte parental e dos processos de coparentalidade para o uso de mídias digitais por bebês. Este tema foi dividido em dois subtemas: "Consenso parental na decisão de ofertar telas" e "Participação nos cuidados e brincadeiras com o bebê", dois fatores considerados relevantes na forma como o fenômeno se expressa nessas famílias. Em relação ao primeiro subtema, identificou-se que as mães que não utilizavam mídias digitais na rotina com seus bebês relataram mais frequentemente que houve consenso entre o casal parental nesta decisão, como fica evidente na fala da P1G2 :

"Sim... É, na verdade o [nome do companheiro], ele tem a mesma linha, assim, bem do... resgate do natural e tal então... foi uma coisa que a gente, quando conversou, já era numa opinião em comum, nunca foi assim: 'Ah, mas eu quero que eles assistam...', tipo, a gente sempre teve acordo nisso".

Em contra partida, as mães que utilizavam as mídias digitais com seus bebês relataram uma discordância maior no tema, como pode-se observar na fala da P1G1 :

"Só queria que o meu marido tivesse exatamente essa a mesma consciência que eu, porque eu tenho que... assim, ele não, não fica brabo nem nada, mas eu tenho que dizer assim[...] aí ele guarda o celular, sabe, mas se não guria...."

Já em relação ao subtema "Participação nos cuidados e brincadeiras com o bebê", dividiu-se o tipo de participação paterna em "mais interativa" e "menos interativa", baseado no relato das mães. Observou-se que as mães que não ofereciam mídias digitais aos seus filhos descreveram os pais dos bebês como mais envolvidos nos cuidados e na interação com eles, principalmente nas brincadeiras. Então, nos momentos em que a mãe estava descansando e o pai se ocupava de dar atenção ao bebê, ele realizava atividades com brinquedos tradicionais e instrumentos musicais, desprendendo maior energia e atenção àqueles momentos. Por exemplo:

"É, um consenso entre nós, a gente se divide bastante, também. Quando ele [marido da P2G2] chega em casa, e eu não tô trabalhando, né, mas ele, quando ele tá em casa, ele fica bastante com ela [a bebê] e... a nossa ideia é realmente brincar com ela, é tá ali pra ela, oferecer estímulos, né, a gente já tem, assim, algumas brincadeiras que a gente faz com ela, com bichinhos, com cores, com sons, né, ele toca, ela gosta de ver ele tocando violão..." (P2G2).

Já as mães que ofereciam mídias digitais aos seus bebês relataram que os pais de seus filhos se relacionavam de forma menos interativa ao cuidar do bebê, optando por distraí-lo com as mídias digitais:

"[...]ele [marido da P4G1] permite mais do que eu assim, no sentido de dar o celular ou botar eles na tv. Larga ela [a bebê] na galinha pintadinha e vai lá fazer as coisas dele. [...] Mas ele não usa o recurso do brinquedo. Ele já pega e pá, senta cadeirinha e já liga a galinha pintadinha. Ai eu levanto, 'não, vamos desligar a galinha, não vamos colocar a galinha pintadinha. Deixa isso pra quando nada mais funcionar, né.' Então isso é uma coisa que eu percebo assim, que ele libera mais do que eu assim... " (P4G1).

Por outro lado, mesmo no grupo de mães que ofertava telas aos seus bebês, a Participante 6 do Grupo 1 relatou que seu parceiro participava dos cuidados de seu bebê de forma "mais interativa", o que diminuía o tempo de exposição do bebê às telas:

"Lá em casa já é um pouco diferente. Meu esposo já gosta mais de sentar pra brincar com as crianças. Ou fazer eles usarem brinquedos, assim. Tanto que ele que instituiu que na hora de comer não se liga a tv mesmo. E algumas outras coisas, não que por mim, por mim eu também faço questão, mas ele é mais enfático assim, de brincar, de não usar".

Em relação ao segundo tema, "Os avós como a principal rede de apoio", identificou-se que os avós representam a principal rede de apoio para a maioria das mães, tanto das que ofereciam mídias digitais aos bebês, quanto das que não ofereciam. A ajuda oferecida por esses avós era principalmente de tipo operacional, como cuidar da criança em algum momento que nem a mãe e nem o pai estivessem disponíveis. Observa-se nas falas: "[...]quem tem ajudado bastante é a minha mãe. Ela tem pego ele na... ela que pega ele na creche." (P4G2) e "[...]quando eu voltei a trabalhar, por exemplo, a minha mãe ficou com ela, então, quando ela tinha 5 meses e a minha mãe ficava com ela." (P1G1).

Um ponto importante destacado pela maioria das mães foi o fato de que os avós, principalmente a avó materna, foram associados à principal fonte de exposição dos bebês às telas, mesmo nos casos em que as mães não ofereciam telas aos seus filhos. Inclusive, isto foi descrito como motivo de conflito entre os familiares:

"[...]qualquer manha que ela [a bebê] faz a minha mãe 'ai vem aqui', ela já puxa o celular e começa a mostrar vídeos dela mesma, que ela grava e vai ali...só que daí, tipo, eu normalmente não faço isso. [...] Aí a minha mãe, cara, qualquer coisa ela fica, daí quando a minha mãe está lá, a minha filha fica bem mais grudada [no celular], assim. E aí, por exemplo, quando a mãe quer ver alguma coisa, ou enfim, tá, acabou, a minha filha começa... aí ela fica braba, porque ela quer mais, aí ela começa a caçar o celular. Aí eu falei, não, não dá. Aí quando eu estou em casa e vejo minha mãe fazendo isso, eu falo: "mãe, não fica toda hora mostrando, dando o celular pra ela." (P3G1).

O terceiro e último tema, "As telas como 'babás'", referiu-se à importância das mídias digitais como outro componente da rede de apoio das mães no cuidado dos bebês. Estas eram oferecidas aos bebês pelas mães como uma ferramenta de distração em momentos de necessidade, em que não poderiam participar atentamente ao cuidado do bebê:

"É, pra poder cozinhar, pra poder fazer a janta dela, essas coisas né... é bem o que acontece lá em casa [...]Eu acho que é... é uma saída... Bah, esses dias... lembrei, eu tive que ir no meu cabeleireiro só fazer um teste de mechas, assim, de ficar uma hora e meia, e eu não tinha com quem deixar a [nome do bebê]... vai junto né. Aí ela queria ficar andando, e mexia nos esmaltes das manicures... isso não vai dar coisa boa. Eu falei: 'Filha vem cá.' E daí ela não queria, queria agitar, né, agitar, não sei o que... e daí eu falei: 'Tá. Senta aqui. ' Olha, acho que deve ter dado quase uma hora, aqui ó. E aí o celular, quando eu comecei a ver que ia acabar a bateria... " (P3G1).

Além disso, as mídias digitais foram reconhecidas como um recurso válido em certos momentos pelas mães que não ofereciam mídias aos seus bebês, como referido a seguir:

"Ah, eu, hã... não... não condeno, assim, né. Não... acho que... cada um... sabe o que é necessário naquele momento. Né, a gente às vezes, como mãe, ouve tanta... tanto pitaco, tanta coisa, né, só que ninguém tá vivendo o que a gente tá vivendo naquele momento. Eu não uso desse artifício, tem outras coisas que eu uso..." (P4G2)..

 

Discussão

O presente estudo investigou os processos de coparentalidade e a configuração das redes de apoio das mães que utilizam mídias digitais na rotina com seus bebês e das que não o fazem, além de suas possíveis influências no acesso dos bebês às mídias digitais. Cabe destacar que as mães do presente estudo relataram ser as principais cuidadoras de seus bebês.

A partir dos resultados obtidos, percebeu-se que, nas famílias em que as mães relataram não ofertar mídias digitais aos bebês, essa decisão foi definida a partir de um consenso do casal, o que pode ser considerado um indicador positivo de coparentalidade (Frizzo et al., 2005). Por outro lado, nas famílias em que as mães relataram fazer uso desse recurso no cuidado com os bebês, na maioria das vezes não existia um acordo definido previamente sobre o tema. Os resultados encontrados foram consonantes com a literatura no que diz respeito à importância do consenso entre o casal parental na decisão de ofertar ou não as mídias digitais aos bebês (Brown & Smolenaers, 2018).

Considerando a grande importância do suporte parental e dos processos de coparentalidade no acesso dos bebês às mídias digitais, pode-se pensar que os casais que optaram por não ofertar mídias digitais para seus bebês desempenhavam uma coparentalidade mais cooperativa, o que também pode estar relacionado ao seu próprio uso de tecnologias. Conforme aponta McDaniel e Conye (2016), há relação entre pior capacidade em desempenhar uma coparentalidade cooperativa e casais que têm uma relação mais permeada por interrupções das mídias digitais (tecnointerferência). Essas interferências também podem se estender a interrupções na relação pais-bebê, bem como maior uso e exposição das crianças às mídias digitais (Canadian Paediatrics Society, 2017). Deve-se relativizar, no entanto, que esses resultados foram baseados apenas na percepção da mãe. Novos estudos deveriam entrevistar ambos os pais, explorando mais diretamente seu uso de mídias e a interação com o bebê, algo que não foi possível neste estudo.

Ainda assim, esse achado aponta a relevância de que os profissionais busquem conversar conjuntamente com mães e pais em relação ao tema (Brown & Smolenaers, 2018), contribuindo para maior diálogo e conscientização a respeito do uso das mídias digitais no ambiente familiar. Dessa forma, quanto mais os pais refletirem sobre o uso das mídias digitais e seu papel dentro da rotina das famílias, mais se abre espaço para que elas não sejam idealizadas nem rechaçadas, mas utilizadas da melhor forma possível dentro da família (Nevski & Siibak, 2016).

A partir dos resultados do presente estudo, identificou-se também que a forma como as mídias digitais foram oferecidas ao bebê pelo pai, de acordo com o relato das mães, pareceu estar relacionada à disponibilidade paterna para ocupar-se dos cuidados do bebê. Nesse sentido, as mães que consideraram a participação paterna como "mais interativa" identificaram que o companheiro fazia mais uso de brincadeiras do que de mídias quando estava cuidando do bebê. Esse achado vai ao encontro da literatura, já que o uso das telas está relacionado à redução da interação nos momentos de cuidado do bebê (Canadian Paediatrics Society, 2017).

Na contemporaneidade, com as diferentes configurações familiares e a participação tanto do homem quanto da mulher no mercado de trabalho, os avós têm uma presença significativa como cuidadores dos netos e até nas funções econômicas do lar (Kaptijn, Thomese, van Tilburg, & Liefbroer, 2010). No caso da amostra deste estudo, de acordo com o relato da maioria das participantes, os avós são, de fato, um dos principais componentes da rede de apoio, conforme mostra a literatura, e o tipo de ajuda fornecida pelos avós no cuidado com os bebês caracterizou-se como rede de apoio instrumental (Rapoport & Piccinini, 2006).

Ademais, ao evidenciar que os avós são a principal fonte de exposição dos bebês às mídias digitais, não se sustenta a intenção de algumas mães de que, ao deixar seus filhos com os avós, estariam resguardando-os do uso de tecnologias. Isso configura mais um desafio de mães e pais ao tentar seguir as recomendações dos especialistas quanto ao tempo de exposição a telas (Beck, Takayama, Badiner, & Halpern-Felsher, 2015). Dessa forma, o presente estudo oferece um contraponto ao estudo de Lampard et al. (2013), que identificou em sua pesquisa que o auxílio da rede de apoio no cuidado das crianças estava associado à redução no tempo de exposição delas às telas.

Porém, o recente estudo de Elias et al. (2019) encontrou resultados alinhados a esta pesquisa. Além de terem identificado que as crianças que ficavam sob os cuidados dos avós faziam uso de mídias digitais cerca de metade do tempo que estavam com eles, os autores levantaram questões que podem ser relacionadas aos resultados do presente estudo. São elas a maior permissividade dos avós, que podem dispor de menos recursos para entreter a criança, principalmente quando elas vão até suas casas, e o fato de, por mais que tenham recebido orientações de seus filhos de não utilizar as telas com os netos, o tempo que os netos foram expostos às mídias não reduziu (Elias et al., 2019).

Ainda, destaca-se que os idosos estão participando cada vez mais da inclusão digital, aprendendo a utilizar as mídias digitais e inserindo-as em sua rotina assim como os mais jovens. Sendo assim, embora costumeiramente exerçam o papel de cuidar dos netos, a forma como realizam o cuidado se modificou. Hoje em dia, por exemplo, avôs e avós fazem chamadas de vídeo para interagir com seus netos, conversando, brincando e contando histórias (Azambuja & Ramos, 2019). Ademais, levanta-se a hipótese de que utilizar-se de mídias digitais para auxiliar nos momentos de cuidado com seus netos pode ser uma forma de estar disponível para a criança sem cansar-se demasiadamente com brincadeiras que exijam fisicamente dos cuidadores.

Já nos momentos em que as mães não contavam com algum membro da sua rede de apoio para prestar auxílio nos cuidados com os bebês, observou-se, no presente estudo, que as próprias mídias digitais caracterizaram-se como um componente da rede de apoio da mãe moderna. Nesse sentido, a tecnologia funcionou como uma "babá", corroborando o trazido pela literatura, que enfatiza o papel que as mídias digitais têm exercido dentro das famílias (Brown & Smolenaers, 2018; Pinto et al., 2016).

Nessa perspectiva, identificou-se também o quanto as mídias digitais, na atualidade, são frequentemente utilizadas como um recurso para distrair e acalmar os bebês quando necessário (Canadian Paediatrics Society, 2017). As demandas exigidas no cuidado de um bebê são muitas e, por muitas vezes, desafiadoras, fazendo com que os cuidadores se sintam cansados. Além disso, esse cenário pode contribuir para que eles façam uso das mídias digitais para auxiliá-los em momentos de necessidade (Mallmann & Frizzo, 2019). Porém, atenta-se para as recomendações de que não se substitua o conforto materno/paterno pelas mídias digitais na hora de acalmar o bebê (Canadian Paediatrics Society, 2017).

Nesse sentido, a culpa, sentimento que permeia a maternidade em diversos âmbitos (Souza, 2018), se potencializa com a ambiguidade de sentimentos e a falta de informações em relação ao uso de mídias (Mallmann & Frizzo, 2019). As mães que não ofertam mídias digitais aos seus bebês, entretanto, se mostraram solidárias às mães que oferecem, uma vez que entendem esses sentimentos e também sofrem com a pressão social incursa na maternidade. Frente a isso, acredita-se que o conhecimento de pais e mães em relação ao uso das mídias digitais, bem como a importância dos momentos de qualidade e trocas afetivas com seus bebês, podem contribuir para que as mídias digitais sejam usadas de forma benéfica dentro da rotina das famílias. A partir dos resultados do presente estudo, também atenta-se ao fato de que esse conhecimento deve ser dividido também com todas as pessoas que constituem a rede de apoio do bebê e de sua família nuclear, bem como as recomendações e diretrizes sobre o tema devem envolver não só os pais, mas todas as pessoas envolvidas no cuidado de um bebê.

 

Considerações finais

Este estudo teve como objetivos investigar os processos de coparentalidade e a configuração das redes de apoio das mães que utilizam mídias digitais na rotina com seus bebês e das que não o fazem, além de suas possíveis influências no acesso dos bebês às mídias digitais. Entende-se que, como o bebê também está inserido na família extensa, torna-se importante se atentar ao uso de mídias digitais desta e à forma como elas são oferecidas aos bebês.

Evidenciou-se a importância dos avós na rede de apoio, do consenso parental na decisão de ofertar tecnologias aos bebês, bem como do exercício de uma coparentalidade cooperativa, na qual mãe e pai se envolvam ativamente com o cuidado da criança, além da inserção das mídias digitais como um novo componente das redes de apoio das famílias na modernidade (Brown & Smolenaers, 2018; Pinto et al., 2016; Rappoport & Piccinini, 2006). No que se refere às particularidades da população estudada, identificaram-se diferenças entre os grupos nos processos de coparentalidade e na participação da figura paterna nos cuidados do bebê. Ademais, foram percebidas semelhanças entre eles em relação ao papel dos avós como componentes importantes das redes de apoio e como fonte de acesso às telas pelos bebês. Portanto, apesar de a rede de apoio ser comumente associada a uma alternativa ao uso de telas, esta se configura como outra fonte de acesso às tecnologias pelos bebês.

Ainda assim, este estudo apresentou algumas limitações, como o fato de não terem sido analisadas as opiniões dos membros da rede de apoio, o que não permitiu a triangulação desses dados. Além disso, o alto nível socioeconômico das participantes pode representar um viés. Porém, os diferentes métodos de coleta de dados - entrevista e grupo focal - possibilitaram a triangulação de métodos, chegando a resultados semelhantes quanto à rede de apoio (Flick, 2009).

No contexto brasileiro, não foram encontrados outros estudos que analisem a influência da rede de apoio materna no uso de tecnologias pelos bebês. Visto a relevância de considerar a família ao explorar o uso de mídias digitais pelos bebês, é necessária uma nova abordagem para a investigação que considere a rede de apoio e os processos de coparentalidade. A fim de contemplar diferentes contextos deste fenômeno, sugerem-se estudos que o investiguem em amostras de diferentes níveis socioeconômicos. Além disso, visto a importância da participação do pai no que se refere à exposição do bebê às mídias digitais, sugerem-se pesquisas que se atentem à figura paterna neste contexto. Por fim, sugerem-se também intervenções que promovam a coparentalidade, por sua influência no processo de escolha pela oferta de mídias digitais aos bebês.

 

Referências

American Psychological Association. (2019). Digital media. Thesaurus of psychological index terms. Retrieved from https://psycnetapa.ez45.periodicos.capes.gov.br/thesaurus/item?term=digital%20media        [ Links ]

Azambuja, R. M. M., & Ramos, M. N. P. (2019). Avós e netos face às tecnologias de informação e comunicação. In E. P. Rabinovich, et al. (Orgs.), Envelhecimento & intergeracionalidade [Em linha]: Olhares Interdisciplinares (Vol. 2, pp. 307-322). doi: 10.248224/978854443065.1

Barbour, R. (2009). Grupos Focais. Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]

Beck, A. L., Takayama, J., Badiner, N., & Halpern-Felsher, B. (2015). Latino parents' beliefs about television viewing by infants and toddlers. Journal of Health Care for the Poor and Underserved, 26(2),463-474. doi: 10.1353/hpu.2015.0037        [ Links ]

Braun, V., Clarke, V., Hayfield, N., & Terry, G. (2019). Thematic analysis. Handbook of research methods in health social sciences, 843-860.         [ Links ]

Brown, A., & Smolenaers, E. (2018). Parents' interpretations of screen time recommendations for children younger than 2 years. Journal of Family Issues, 39(2),406-429. doi: 10.1177/0192513X16646595        [ Links ]

Canadian Paediatrics Society. (2017). Paediatrics & child health, 461-468. doi: 10.1093/pch/pxx123        [ Links ]

Chassiakos, Y. L. R., Radesky, J., Christakis, D., Moreno, M. A., & Cross, C. (2016). Children and Adolescents and Digital Media. Pediatrics, 138(5), e20162593-e20162593. doi: 10.1542/peds.2016-2593        [ Links ]

Common Sense Media. (2017). The Common Sense Census: Media use by kids age zero to eight. San Francisco,         [ Links ] CA.

Connell, S. L., Lauricella, A. R., & Wartella, E. (2015). Parents co-use of media technology with their young children in the USA. Journal of Children and Media, 9(1),5-21. doi: 10.1080/17482798.2015.997440        [ Links ]

Domingues-Montanari, S. (2017). Clinical and psychological effects of excessive screen time on children. Journal of Paediatrics and Child Health, 53(4),333-338. doi: 10.1111/jpc.13462        [ Links ]

Elias, N., Nimrod, G., & Lemish, D. (2019). The ultimate threat? Young Israeli children's media use under their grandparents' care. Journal of Children and Media, 13(4),472-483. doi: 10.1080/17482798.2019.1627228        [ Links ]

Feinberg, M. E. (2003). The internal structure and ecological context of coparenting: A framework for research and intervention. Parenting: Science and Practice, 3(2),95-131. doi: 10.1207/S15327922PAR0302_01        [ Links ]

Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artes Médicas.         [ Links ]

Frizzo, G. B., Bandeira, D. R., Levandowski, D. C., Azevedo, E. C., Mendonça Filho, E. J., Mallmann, M. Y., ... Silva, M. A. (2017). Os bebês, as famílias e o uso das tecnologias: um estudo multi-métodos para o desenvolvimento infantil. Projeto de Pesquisa Não Publicado.         [ Links ]

Frizzo, G. B., Kreutz, C. M., Schmidt, C., Piccinini, C. A., & Bosa, C. A. (2005). O conceito de coparentalidade e suas implicações para a pesquisa e para a clínica. Revista Brasileira Crescimento e Desenvolvimento Humano, 15(3),84-94. Retrieved from http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822005000300010        [ Links ]

Juliano, M. C. C., & Yunes, M. A. M. (2014). Reflexões sobre rede de apoio social como mecanismo de proteção e promoção de resiliência. Ambiente e Sociedade, 17,135-154. Retrieved from http://www.scielo.br/pdf/asoc/v17n3/v17n3a09.pdf        [ Links ]

Kaptijn, R., Thomese, F., van Tilburg, T. G, & Liefbroer, A. C. (2010). How grandparents matter. Human Nature, 21,393-405. doi: 10.1007/s12110-010-9098-9        [ Links ]

Lampard, A. M., Jurkowski, J. M., & Davison, K. K. (2013). The family context of low-income parents who restrict child screen time. Childhood Obesity, 9(5),386-392. doi: 10.1089/chi.2013.0043        [ Links ]

Mallmann, M. Y., & Frizzo, G. B. (2019). O uso das novas tecnologias em famílias com bebês: um mal necessário? Revista Cocar, 7,26-46. Retrieved from: https://paginas.uepa.br/seer/index.php/cocar/article/view/2789/1229        [ Links ]

McDaniel, B. T., & Coyne, S. (2016). Technology interference in the parenting of young children: Implications for mother's perceptions of coparenting. The Social Science Journal, 53(4),435-443. doi: 10.1016/j.soscij.2016.04.010        [ Links ]

Nevski, E., & Siibak, A. (2016). The role of parents and parental mediation on 0-3-year olds' digital play with smart devices: Estonian parents' attitudes and practices. Early Years, 36(3),227-241. doi: 10.1080/09575146.2016.1161601        [ Links ]

Nobre, J. N. P., Prat, B. V., Santos, J. N., Santos, L. R., Pereira, L., Guedes, S. C., & Morais, R. L. S. (2019). Quality of interactive media use in early childhood and child development: a multicriteria analysis. Jornal de Pediatria, 96(3),310-317. doi: 10.1016/j.jped.2018.11.015        [ Links ]

NUFABE. (2012). Ficha de Contato Inicial. Instrumento não publicado.         [ Links ]

NUFABE. (2017a). Questionário de Dados Sociodemográficos. Instrumento não publicado.         [ Links ]

NUFABE. (2017b). Entrevista sobre interação familiar sem uso de tecnologias. Instrumento não publicado.         [ Links ]

Pedrotti, B. G. (2019). Como prescindir das novas tecnologias no cuidado e na interação com os bebês?. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,         [ Links ] RS, Brasil.

Pinto, M. B., Jales, R. D., Andrade, L. D. F., & Santos, N. C. C. B. (2016). O brinquedo e o brincar: Infância e mudanças relacionais na modernidade líquida. Revista de Enfermagem UFPE On Line, 10,3183-3189. doi: 10.5205/reuol.9571-83638-1- SM1009201601        [ Links ]

QSR. (2018). NVivo Qualitative Data Analysis Software (Version 12). QSR International Pty Ltd.         [ Links ]

Radesky, J. S., & Christakis, D. A. (2016). Increased screen time: Implications for early childhood development and behavior. Pediatric Clinics of North America, 63(5),827-839. doi: 10.1016/j.pcl.2016.06.006        [ Links ]

Rapoport, A., & Piccinini, C. A. (2006). Apoio social e experiência da maternidade. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 16(1),85-96. doi: 10.7322/jhgd.19783        [ Links ]

Robson, C. (2002). Real world research: A resource for social scientists and practitioner researchers (2nd ed.). Malden: Blackwell.         [ Links ]

Robson, C., & McCartan, K. (2016). Real world research: A resource for users of social research methods in applied settings (4th ed.). Chichester: Wiley.         [ Links ]

Schoppe-Sullivan, S. J., Mangelsdorf, S. C., Frosch, C. A., & McHale, J. L. (2004). Associations between coparenting and marital behavior from infancy to the preschool years. Journal of Family Psychology, 18(1),194-207. doi: 10.1037/0893-3200.18.1.194        [ Links ]

Sociedade Brasileira de Pediatria. (2019). Menos telas, mais saúde. Manual de Orientação, Grupo de Trabalho e Saúde na Era Digital. Retrieved from https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/_22246c-ManOrient_-__MenosTelas__MaisSaude.pdf        [ Links ]

Souza, A. L. F. (2018). Maternidade, culpa e ruminação em tempos digitais. Revista Ártemis, 25(1),89-112. doi: 10.22478/ufpb.1807-8214.2018v25n1.37640        [ Links ]

Teubert, D., & Pinquart, M. (2010). The association between coparenting and child adjustment: A meta-analysis. Parenting: Science and Practice, 10(4),286-307. doi: 10.1080/15295192.2010.492040        [ Links ]

Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: Um debate em aberto. Temáticas, 22(44),203-220. doi: 10.20396/temáticas.v22i44.10977        [ Links ]

Wagner, A., Mosmann, A. P., Dell'Aglio, D. D., & Falcke, D. (2010). Família & internet (Coleção e agora.com - A era da informação e a vida cotidiana). São Leopoldo: Sinodal.         [ Links ]

 

 

Correspondência para:
Laura Canani da Rosa
R. Ramiro Barcelos, 2600 - Santa Cecilia
Porto Alegre - RS, CEP 90035-003
Email: l.cananir@hotmail.com

Submetido em: 14.07.2020
Aceito em: 09.12.2020

Creative Commons License