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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.13 no.3 São Leopoldo Sept./Dec. 2020

 

ARTIGOS

 

Síndrome de burnout em psicólogos: revisão sistemática da literatura

 

Burnout syndrome in psychologists: systematic literature review

 

 

Sandra Yvonne Spiendler RodriguezI; Vanessa da Silva MarquesII; Michelle Engers TaubeII; Mary Sandra CarlottoII

IUniversidade Luterana do Brasil
IIUniversidade do Vale do Rio dos Sinos

Correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo objetivou levantar e sumarizar os principais resultados de pesquisas realizadas sobre a Síndrome de Burnout em Psicólogos. Foram consultadas as bases de dados PsycINFO, Scielo e PubMed entre os anos de 2009 e 2019. O procedimento de busca definido pelos descritores "Síndrome de Burnout" e "Psicólogos" obteve, após critérios de inclusão e exclusão, 16 artigos que foram avaliados a partir de oito categorias de análise. A análise dos resultados indicou predominância de estudos quantitativos e transversais, realizados nos E.U.A. As variáveis mais investigadas foram sexo e tempo de serviço na profissão. Os achados dos estudos indicam a necessidade de novas pesquisas de método qualitativo, experimental, longitudinal e que enfoquem a influência das características da personalidade do indivíduo, as formas de enfrentamento e as repercussões que o apoio da família ou os conflitos derivados dessa relação possam ocasionar.

Palavras-chave: síndrome de burnout; psicólogos; revisão sistemática.


ABSTRACT

This paper intended raise and summarize the main researches results about Burnout Syndrome among psychologists in the world. Queries were conducted on PsycINFO, Scielo and PubMed databases in the period 2009-2019. The search procedure defined by descriptors "Burnout Syndrome" and "Psychologists" identified, after inclusion and exclusion criteria, 16 articles that have been evaluated using 8 categories of analysis. The analysis of the results indicated a predominance of quantitative and cross-sectional studies, conducted in the USA. The most investigated variables were sex and time of service in the profession. The findings of the study reinforce the need for further qualitative, experimental and longitudinal research that address the influence of characteristics of the individual's personality, ways of coping and the impacts that support from family, or conflicts arising from this relationship, might cause.

Keywords: burnout syndrome; psychologists; systematic review.


 

 

Introdução

A Síndrome de Burnout (SB) é o resultado de um estresse crônico, característico do cotidiano do mundo do trabalho e relacionado, principalmente, aos estressores interpessoais presentes no contexto laboral (Leiter & Maslach, 2014). Trata-se de um fenômeno psicossocial constituído de três dimensões: Exaustão Emocional, Despersonalização e Baixa Realização Profissional (Maslach, 2017).

A Exaustão Emocional caracteriza-se pela falta ou carência de energia e um sentimento de desgaste e esgotamento emocional, a Despersonalização ocasiona o distanciamento emocional e ocorre quando o profissional passa a distanciar-se da clientela, e das demais relações do trabalho, reagindo com comportamentos negativos que tensionam e ocasionam conflitos nesta relação (Maslach, 2017). A dimensão de Baixa Realização Profissional caracteriza-se por sentimentos de insatisfação com seu desenvolvimento profissional, experimentando um declínio no sentimento de competência e na sua capacidade de interagir com as pessoas que necessita prestar atendimento (Maslach & Schaufeli, 2017).

Os trabalhadores acometidos pela SB sentem-se sobrecarregados, desmotivados e inábeis para lidar com as situações relacionais e apresentam uma evidente diminuição no seu desempenho e tem sido associada à insatisfação no trabalho, baixo comprometimento organizacional, absenteísmo, intenção de deixar o emprego e rotatividade (Maslach & Leiter, 2016). Estudos com profissionais da saúde sempre foram muito presentes na literatura quando em relação a SB, estudos realizados especificamente com psicólogos, para investigar como as demandas de trabalho, recursos e características pessoais afetam o desgaste entre estes profissionais, ainda são relativamente escassos (Casari, Boetto, & Daher, 2015; McCormack, MacIntyre, O'Shea, Herring, & Campbell, 2018).

A literatura sobre a SB aumentou consideravelmente nos últimos 40 anos, atestando o expressivo interesse da comunidade científica em investigar este fenômeno (Eckleberry-Hunt, Kirkpatrick, & Barbera, 2018). Com isso, ao longo dos anos, a SB ganhou reconhecimento e, atualmente, é considerada um risco ocupacional para diversas profissões voltadas para o atendimento de pessoas, como os profissionais da saúde e da educação. Nesses, a relação estabelecida entre trabalhador e clientes exige um contato emocional intenso e contínuo que, embora possa ocorrer de forma recompensadora, também podem configurar-se como estressantes (Maslach & Leiter, 2016).

O trabalho do profissional da saúde, incluindo-se psicólogos, envolve o cuidado do outro, mas não necessariamente a utilização dos conhecimentos psicológicos para si, o que o coloca em risco e potencializa o adoecimento ocupacional (Rodriguez & Carlotto, 2014). Nesse sentido, fatores relacionados ao trabalho, como carga laboral e relacionamentos, têm sido referenciados como fatores chaves determinantes para a SB nestes profissionais (O'Connor, Neff, & Pitman, 2018).

Considerando que, para consolidar o conhecimento sobre um determinado tema, é importante que se ordene periodicamente o conjunto de informações e resultados já obtidos para determinação de novos estudos (Hunt, Pollock, Campbell, Estcourt & Brunton, 2018). O presente estudo de revisão sistemática da literatura, tem o objetivo de levantar e sumarizar os principais resultados de pesquisas realizadas sobre à SB, em Psicólogos, nos últimos anos.

 

Método

A pesquisa bibliográfica foi operacionalizada mediante a busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados da American Psychological Association (PsycINFO), que é uma base de dados de resumos de literatura no campo da psicologia, da Scientific Electronic Library Online (SciELO), que contempla um banco de dados bibliográfico, biblioteca digital e modelo cooperativo de publicação digital de periódicos científicos brasileiros de acesso aberto. Também foi utilizado a PubMed National Library of Medicine (NCBI), que abrange buscas de acesso livre à base de dados MEDLINE. A pesquisa do material foi realizada, tendo como filtros, publicações nos últimos 11 anos, em artigos, com descritores em português e inglês, "Síndrome de Burnout" e " Psicólogos", utilizando o operador booleano "AND" entre os termos.

No processo de elaboração desta revisão, após leitura prévia do artigo e do checklist, foram seguidas as diretrizes dos principais itens para elaborar revisões sistemáticas, sendo utilizado os padrões do Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis (PRISMA) (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & PRISMA Group, 2009). O método PRISMA, visa atender a vários avanços conceituais e práticos na ciência das revisões sistemáticas, além de se tornar extremamente importante na assistência à saúde (Galvão, Pansani, & Harrad, 2015).

A leitura dos manuscritos ocorreu a partir dos seguintes critérios de inclusão, que foram estabelecidos com intuito de atender os objetivos deste estudo: 1) Bases de publicação ─ optou-se pelas bases de dados supracitadas por atenderem a critérios de abrangência nacional e internacional, acessibilidade e representatividade, 2) Idioma de publicação ─ artigos publicados na íntegra e em língua inglesa, espanhola e portuguesa; 3) Ano de publicação ─ foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2009 e 2019, totalizando um período de análise de 11 anos; 4) Modalidade da produção científica ─ estudos empíricos. Os artigos selecionados, contemplaram as publicações de pesquisas indexadas em periódicos, selecionados a partir de uma leitura prévia dos resumos, que foi orientada tendo como base a lista de verificação de conteúdo de revisões sistemáticas - PRISMA. Para tanto, foi priorizado a leitura das informações nos seguintes campos: título, resumo, métodos, resultados e discussão. Informações em relação ao financiamento, não foram contempladas, por não se tratar de um item relevante aos objetivos desta investigação.

Em seguida, utilizando-se os critérios acima mencionados para a inclusão dos estudos, foi realizado um levantamento e leitura preliminar dos resumos das 126 publicações identificadas, 81 no PsycINFO e 16 do Scielo e 29 no PUbMed, para verificação destes, e como forma de complementação, também foi utilizada uma busca manual, nas listas de referências dos artigos selecionados, onde foram encontrados cinco artigos. Na medida em que os resumos não continham as informações a serem analisadas (se realmente se tratavam de estudos científicos, em relação a SB, em Psicólogos), procedeu-se a leitura integral do estudo, proporcionando, assim, um tratamento mais apurado dos dados e por conseguinte a verificação completa dos artigos, extração e análise dos materiais.

Das 131 publicações encontradas, 115 foram excluídas: 97 artigos por não tratarem de estudos que avaliavam a SB em psicólogos, 8 por serem pesquisa teórica, 4 artigos por estarem redigidos em outros idiomas, 4 revisões sistemáticas e 2 artigos duplicados. Assim, da totalidade de artigos, resultaram 16 estudos. Para melhor compreensão e análise, os 16 artigos foram organizados por meio de uma planilha eletrônica, por dois juízes independentes, de acordo com um protocolo que avaliou oito categorias: título do artigo, revista e ano de publicação, local de realização da pesquisa, objetivo do estudo, delineamento do estudo, tipo de amostra, instrumentos secundários utilizados e resultados, o que permitiu obter um panorama detalhado da produção científica internacional sobre a SB em psicólogos.

 

Resultados

A Figura 1 ilustra os passos adotados para o processo de seleção e análise dos artigos.

A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos de acordo com as categorias de análise.

Conforme a Figura 2, percebe-se que os E.U.A., apresentam o maior número de publicações (n=5), seguido pelo Brasil (n=2). Embora as publicações estejam mais concentradas nesses países, já existem estudos publicados em periódicos na Austrália, França, Itália, Portugal, Inglaterra, México, Chile, Argentina e Suíça, todos com uma publicação. A Figura 3 apresenta um panorama de publicações por ano e curva de tendência de publicações, conforme os estudos inclusos nesta revisão.

 

 

 

 

Os anos de 2009 e 2017 foram os que concentraram o maior número de artigos, representando respectivamente, três (18,75%) e quatro (25%). Observa-se que a linha de tendência apresenta um declínio nas publicações, sendo oscilante a quantidade por ano. Com relação ao método das pesquisas, 15 estudos foram quantitativos e um qualitativo. No que se refere ao delineamento, todos foram transversais e o tipo de amostra utilizada, foram em sua maioria os estudos não probabilísticos (n=12; 80%). O instrumento para avaliação da SB mais utilizado foi o Maslach Burnout Inventory (MBI) (n=12; 75%) seguido do Cuestionario para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo (CESQT) (n=3; 18,75%) e Copenhagen Burnout Inventory (CBI) (n=1; 6,25%). A versão do MBI mais utilizada foi a destinada para a avaliação dos profissionais da saúde, Maslach Burnout Inventory-Human Services Survey (MBI-HSS) (n=11; 68,75%). A variável sexo apareceu em todos os estudos, e as variáveis idade (n=12; 80%) e estado civil (n=10; 66,6%) também foram as mais utilizadas entre as sociodemográficas, enquanto que as variáveis laborais mais pesquisadas foram o tempo de trabalho na profissão (n=13; 86,6%), área de atuação (n=8; 53,3%) e a carga horária de trabalho (n=7; 46,6%).

Rupert, Stevanovic e Hunley (2009) realizaram uma pesquisa, com psicólogos, avaliando o conflito trabalho-família e a SB entre os gêneros e encontraram importantes relações entre as variáveis estudadas e as três dimensões do burnout. O estudo apontou que a falta de controle sobre o trabalho, o comportamento negativo do cliente, a quantidade de horas destinadas ao atendimento e o envolvimento com tarefas administrativas aumentam a exaustão e despersonalização. O controle sobre o trabalho e a quantidade de horas alocadas com psicoterapia aumentam a realização profissional, enquanto o envolvimento com demandas administrativas diminui a realização pessoal. Em comparação ao nível de burnout entre os sexos, os homens apresentam níveis mais elevados de despersonalização. No que se refere ao conflito trabalho-família, o estudo apontou que, quanto maior o conflito trabalho-família, menor é a realização pessoal, maior a exaustão emocional e a despersonalização.

Estudo realizado com 190 psicólogos clínicos australianos, conduzido por Emery, Wade e McLean (2009), avaliou a relação entre as variáveis laborais e as dimensões de burnout. Os resultados evidenciaram que os profissionais que exercem atividades em instituições públicas experimentam mais exaustão e despersonalização. As mulheres apresentam maiores níveis de exaustão quando comparadas aos homens. Ainda, os profissionais que possuem menores ganhos financeiros e realizam atividades diversificadas apresentam maior realização pessoal.

Lasalvia, Bonetto, Bertani, Bissoli, Cristofalo e Marrella (2009), ao investigarem a SB em profissionais de serviços psiquiátricos italianos como psiquiatras, psicólogos e assistentes sociais, detectaram que 20%, dos 1.595 profissionais avaliados, revelaram sinais importantes de burnout. Os profissionais que atuam sem vínculo empregatício com a instituição são os que apresentam menores riscos de burnout. Foram encontrados níveis mais elevados de exaustão nos profissionais que atuam há mais de um ano, com vínculo empregatício. O estudo ainda apontou que o aumento da carga horária de trabalho é o principal preditor da exaustão, e que a despersonalização aumenta quando há poucas mudanças organizacionais e recompensas. Além disso, o aumento de controle sobre o trabalho eleva a realização pessoal, e a categoria mencionada com maior nível de burnout são os assistentes sociais, 30,8%, enquanto que entre os psicólogos o percentual foi de 12,0%.

No que tange as diferenças nas dimensões de burnout, sob a perspectiva das áreas de atuação, Senter, Morgan, Mcdonald e Bewley (2010), investigaram psicólogos americanos, e identificaram que os psicólogos do sistema prisional apresentam níveis mais elevados de despersonalização do que aqueles que atendem em instituições de idosos e centros de aconselhamento. Referem que, os psicólogos que realizam atividades em centros de aconselhamento possuem maior realização pessoal do que aqueles que atuam em presídios ou hospitais psiquiátricos públicos.

Diferentemente, uma pesquisa realizada com 52 psicólogos portugueses, conduzida por Roque e Soares (2012), encontrou baixo nível nas dimensões de exaustão emocional e de despersonalização, e alto nível em realização pessoal no trabalho. O estudo ainda revelou que o aumento de atendimento realizado com clientes com dificuldades de relacionamento eleva a exaustão do profissional.

Em outra investigação, realizada no México, com uma amostra de 30 psicólogos clínicos que trabalham na área hospitalar, apontou que nesta população, a incidência de burnout é escassa e não houve diferenças significativas quanto as características laborais. Os fatores mostram, que menos da metade deles apresentava esgotamento emocional, uma quinta parte despersonalização, e somente três casos mostravam um baixo índice de realização pessoal, mas sem haver uma correlação direta entre os três fatores em nenhum dos casos. Estes dados sugerem que, a presença da síndrome não se deve exclusivamente a fatores laborais, e que se devem levar em conta as características pessoais e sociais (Otero, Grajeda, Canto, Venegas, & Luque, 2013).

No que tange a relação de uma combinação linear de otimismo, conflito família- trabalho, e atitudes frente aos prisioneiros, um estudo realizado numa amostra com 101 profissionais de saúde mental prisionais, verificou-se forte relação entre conflito trabalho-família com experiência negativa do trabalho, sugerindo que o estresse no trabalho pode ser substancialmente relacionado à intromissão de demandas de trabalho em compromissos familiares/vida. Além disso, o otimismo também teve uma significância estatística, mas negativo relacionamento com experiência negativa de trabalho. Essa relação sugere que os indivíduos que relatam mais experiência de trabalho negativa, tendem a ser menos capazes de transcender fatores negativos de seus ambientes de trabalho, isto é, menos capazes de envolver-se e persistir apesar das dificuldades, como aqueles que demonstram disposições mais otimistas (Gallavan & Newman, 2013).

Estudo que investigou 167 psicólogos australianos teve como objetivo verificar as relações entre o burnout, definição de trabalho, anos de experiência, mindfulness e comportamentos de sustentação de carreira (Benedetto & Swadling, 2014). Os resultados apontaram elevados níveis de burnout entre a população investigada, entretanto, nenhuma diferença significativa no burnout entre psicólogos que trabalham em clínicas particulares ou privadas foram encontradas. Houve uma forte relação negativa entre mindfulness e burnout, e uma relação negativa baixa, mas significativa, entre anos de experiência, demandas de trabalho e burnout. Os comportamentos de sustentação de carreira apresentaram relações fracas com o burnout, que diminuíram após o controle da variável de mindfullness (atenção plena).

Rodriguez e Carlotto (2014) ao investigarem a prevalência e os preditores da SB em uma amostra de 518 psicólogos do Estado do Rio Grande do Sul, identificaram uma prevalência de 7,5% na amostra identificada como perfil 1 (derivado de um conjunto de sentimentos e condutas ligadas ao estresse laboral originando uma forma moderada de mal estar, mas não impossibilitando o profissional de exercer suas atividades laborais mesmo que pudesse realizá-las de forma mais eficaz). Os fatores associados sinalizaram um perfil de risco constituído de homens, profissionais sem companheiro (a) fixo (a), sem filhos, com menores ganhos financeiros, menor carga horária de trabalho semanal e maior número de atendimentos/dia. Além disso, os psicólogos que indicaram manter vínculo empregatício, não participar de grupos de estudos, exercer a Psicologia de maneira exclusiva, ou atuar em apenas uma área da Psicologia, indicam maior vulnerabilidade a SB.

Em um estudo com residentes da saúde mental que apresentaram indicadores para a SB, 50% dos psicólogos investigados apresentaram burnout. Em relação à existência de correlação entre as dimensões da SB e as variáveis profissionais, os resultados apontaram que a quantidade de horas trabalhadas foi relacionada ao esgotamento emocional, para aqueles que trabalham mais de oito horas por dia (Casari, et al., 2015).

Estudo realizado por Boccio, Weisz e Lefkowitz (2016) explorou a existência de uma possível relação entre receber pressão administrativa para comportar-se de forma não ética, e níveis de burnout, satisfação no emprego e intenções de turnover, com 291 psicólogos escolares. O estudo apontou que quase um terço dos participantes disseram ter sido pressionados para comportar-se não eticamente, sendo instruídos a negar recomendações para serviços de suporte, e concordar com decisões de alocação de educação especial inapropriadas. Os psicólogos que experimentaram pressão administrativa relataram níveis mais altos de burnout, menos satisfação com a posição atual de psicólogos escolares e com a profissão, e um maior desejo de deixar o seu trabalho e o campo da psicologia escolar.

Uma investigação realizada com amostra de 664 psicólogos franceses, revelou que os participantes foram classificados como "altos" em cada dimensão do Maslach Burnout Inventory (MBI) usando diferentes pontos de corte disponíveis na literatura e usando o método de análise de cluster. Os resultados apontaram, através da análise de cluster, quatro perfis distintos de risco de burnout, sendo "alto risco de burnout", "risco de burnout através de alta exaustão emocional", "risco de burnout através de baixo comprometimento pessoal" e "sem risco de burnout". Além disso, trabalhar em uma única empresa ou ter diferentes tipos de contrato de trabalho estão entre os preditores de burnout, mostrando o poder discriminativo dos clusters (Berjot, Altintas, Grebot, & Lesage, 2017).

Ao avaliar o impacto da regulação emocional no trabalho, as dimensões de burnout e a autoeficácia em 518 psicólogos, Rodriguez, Carlotto e Câmara (2017) assinalam que a regulação emocional prediz as dimensões de burnout e que a autoeficácia funciona como mediadora entre a regulação de emoções e as dimensões de burnout. Rodriguez e Carlotto (2017), ao investigarem os preditores de maior poder explicativo das dimensões da SB, através das análises de correlação das variáveis individuais (sociodemográficas e relacionadas à personalidade) e variáveis associadas a características do trabalho (relacionadas ao trabalho e a riscos psicossociais) identificaram que, a SB pode estar associada a uma combinação de fatores individuais e também relacionados ao trabalho, revelando como preditores de maior poder explicativo das dimensões de burnout, o excesso de trabalho e as estratégias de enfrentamento focadas na emoção.

 

Discussão

A presente revisão sistemática analisou a SB em psicólogos nos 16 artigos selecionados conforme os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Identificou-se que, a concentração de estudos foi realizada nos E.U.A. e publicada em revistas americanas, o que se relaciona, provavelmente com a própria origem do construto e com o fato de que o instrumento de avaliação do burnout foi desenvolvido nos anos 70 por Christina Maslach, psicóloga social e pesquisadora da Universidade da Califórnia, em Berkeley (Carlotto & Câmara, 2008). Até a década de 80, a SB foi investigada exclusivamente nos E.U.A. e, gradualmente, o fenômeno passou a despertar o interesse de outros países de língua inglesa. Em seguida, com a tradução e adaptação do instrumento, outros países da Europa passaram a desenvolver estudos sobre a SB (Maslach & Schaufeli, 1993).

Na década de 1980, o conceito foi introduzido na Europa Ocidental, particularmente, no Reino Unido, nos Países Baixos (Holanda e Bélgica), na Alemanha, e nos Países Nórdicos (Escandinávia e Finlândia), bem como em Israel. A partir de 1990, a SB também foi estudada no restante da Europa Ocidental e Oriental, Ásia, Oriente Médio, América Latina, Austrália e Nova Zelândia. Depois da virada do século, houve uma propagação das pesquisas sobre burnout para a África, China e subcontinente indiano (Carlotto, 2010).

É interessante destacar que, a ordem pela qual o interesse em burnout parece ter se propagado corresponde ao desenvolvimento econômico dos países envolvidos (Schaufeli, Leiter, & Maslach, 2009). Não obstante, a expansão dos estudos de burnout, de acordo com os resultados obtidos, não parece contemplar de forma expressiva, nos diferentes países, a categoria profissional de psicólogos.

A análise dos estudos indica que a maioria utilizou o método quantitativo. Este dado, corrobora com os resultados obtidos por Elvira e Cabreira (2004), que referem a relação dos estudos descritivos e correlacionais, entre burnout e variáveis, repetindo-se em quase todos os países que dedicam-se ao estudo da síndrome. Embora estudos desta natureza ainda devam ser desenvolvidos para consolidação de seus resultados, verifica-se a necessidade de produção de estudos com outros métodos, qualitativos e mistos, bem como de outros delineamentos, como os longitudinais e experimentais (Breakwell & Rose, 2010; Davis & Bremner, 2010; Kaschka, Korczak, & Broich, 2011; Mota, 2010).

Grande parte dos estudos utilizou o MBI-HSS na versão para profissionais da saúde. A utilização da versão para profissionais da saúde é a mais recorrente para avaliação do burnout em psicólogos, provavelmente, porque as amostras utilizadas referem-se, em sua maioria, a psicólogos clínicos. Em relação às variáveis sociodemográficas, as mais investigadas foram: sexo (n=15; 100%), idade (n=12; 80%) e estado civil (n=10; 66,6%). Chama atenção o fato da variável filho ter sido pouco abordada nos estudos identificados, tendo em vista que os resultados obtidos com outras categorias profissionais têm revelado associação com diferentes dimensões do burnout (Rodriguez & Carlotto, 2014; Batista, Carlotto, Coutinho, & Augusto 2010; Garrosa, Moreno-Jiménez, Liang, & González, 2008).

Com relação às variáveis laborais, o tempo de serviço na profissão (n=13; 86,6%), área de atuação (n=8; 53,3%) e a carga horária de trabalho (n=7; 46,6%) foram as mais investigadas. Embora tais resultados sejam relevantes para a compreensão do burnout em psicólogos, verifica-se que não contemplam a complexa atividade laboral desse profissional na atualidade visto que combinam múltiplas funções e vínculos de trabalho simultaneamente (Bedin, Sarriera, & Paradiso, 2013; Roque & Soares, 2012). Contudo, vale ressaltar que os resultados revelam em sua maioria, que os profissionais que atuam sem vínculo empregatício com a instituição são os que apresentam menores riscos de Burnout (Emery, Wade, & McLean, 2009; Lasalvia et al., 2009; Rodriguez & Carlotto, 2014).

O resultado da produção do conhecimento de burnout em psicólogos é bastante heterogêneo, evidenciando alguns contrastes. No que se refere à presença das dimensões do burnout, os estudos apresentam pontos de intersecção nos debates, dessa maneira, sinalizando haver, na literatura, aspectos frequentemente discutidos. Assim, fortalece-se, nos estudos, a existência de diferenças de gênero e a presença de importantes fatores de risco à SB, no contexto organizacional ou do trabalho, tais como a quantidade de carga de trabalho, o envolvimento com demandas administrativas, o comportamento negativo do cliente e a falta de controle sobre o trabalho. Tais debates também se desvelam consolidados em outras categorias profissionais, a exemplo dos professores, médicos e enfermeiros (Agudelo-Cardona, et al., 2011; Ferrari, França, & Magalhães, 2012; Zarafshan, Mohammadi, Ahmadi, & Arsalani, 2013).

Por sua vez, os achados dos estudos fortalecem a necessidade de novas pesquisas na medida em que, durante os 11 anos de produção do conhecimento analisados, evidenciam-se resultados controversos a respeito da SB em psicólogos. Não há consenso, na literatura, a respeito dos fatores relacionados ao Burnout, bem como da sua incidência e prevalência em Psicólogos. Portanto, tal falta evidencia o incipiente conhecimento que se tem sobre o fenômeno, reforçando a necessidade de se continuar estudando e produzindo conhecimento sobre o mesmo (Roque & Soares, 2012). Ademais, a influência das características próprias da personalidade do indivíduo, os conflitos no trabalho, as formas de enfrentamento e as repercussões que o apoio da família ou os conflitos que dessa relação possam ocasionar, também precisam de mais atenção da comunidade científica, tal como já ocorre em outras categorias profissionais (Carlson, Ferguson, Hunter, & Whitten, 2012; Moreno, Gil, Haddad, & Vannuchi, 2011; Trindade, 2010).

 

Considerações finais

A análise da produção científica de burnout em psicólogos permitiu resumir as evidências relacionadas à síndrome nesta categoria profissional, mapeando lacunas a serem preenchidas por novos estudos, inclusive investigando outras bases de dados e de divulgação científica, como livros, teses, dissertações e publicações em periódicos não indexados nas bases de dados selecionadas. Ampliar estudos sobre a SB em psicólogos é relevante na medida em que os grupos profissionais reagem de forma diferenciada aos fatores antecedentes da síndrome. Alguns são comuns em determinadas profissões, não sendo necessariamente fatores geradores para outras (Friedman, 1999).

Apesar dos estudos apontarem que a presença da síndrome não se deve exclusivamente a fatores laborais e que se devem levar em conta as características pessoais e sociais do trabalhador (Otero et al., 2013; Rodriguez & Carlotto, 2017), percebe-se que as publicações sobre burnout em psicólogos, ainda mostra-se embrionária, evidenciando tratar-se de um campo fértil para novas investigações.

Por fim, vale ressaltar que alguns estudos foram excluídos, por não apresentarem os resultados em separado para os profissionais da psicologia, trazendo os resultados em conjunto com outros profissionais da saúde. Apesar da relevância destes achados, percebemos como uma limitação, ao investigar exclusivamente a síndrome de burnout em psicólogos (Finkelstein, Bachner, Greenberger, Brooks, & Tenenbaum, 2018; Ramírez, et al., 2018).

Os resultados desta pesquisa devem ser interpretados no contexto de três importantes limitações: a primeira está associada aos critérios de inclusão estabelecidos. A estratégia de busca foi limitada a publicações em língua inglesa, portuguesa e espanhola, a estudos empíricos publicados nos últimos 11 anos e identificados somente em bases de dados. Assim, é possível que estudos potencialmente relevantes possam não ter sido identificados. A segunda está relacionada ao método, pois os achados dos estudos indicam a necessidade de novas pesquisas de método qualitativo, experimental e longitudinal. Por fim, a terceira sugere explorar os fatores que podem estar associados a SB, como por exemplo: a influência das características da personalidade do indivíduo, as formas de enfrentamento e as repercussões do apoio da família, bem como dos conflitos derivados dessa relação.

 

Referências

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Correspondência para:
Sandra Yvonne Spiendler Rodriguez
Av. Farroupilha, 8001 - São José
Canoas - RS, 92425-020
E-mail: sandra.rodriguez@ulbra.br

Submetido em: 30.04.2020
Aceito em: 21.12.2020

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