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Contextos Clínicos

Print version ISSN 1983-3482

Contextos Clínic vol.14 no.1 São Leopoldo Jan./Apr. 2021

 

ARTIGOS

 

Medidas de forças de caráter para crianças: revisão integrativa da literatura

 

Measures of character strengths for children: integrative review of literature

 

 

Helder Henrique Viana Santos Batista; Ana Paula Porto Noronha; Lorena Gonçalves Queiroz

Universidade São Francisco

Correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo do presente estudo foi identificar as medidas utilizadas para avaliar as forças de caráter em crianças de até 12 anos por meio de uma revisão integrativa de literatura. Considerou-se o período entre 2008 e 2020, sendo que a CAPES, a ScieLO e a Redalyc foram as bases de dados utilizadas. Foram analisados nove artigos, considerando ano de publicação, instrumentos utilizados, características amostrais e os construtos relacionados às forças. Os anos de 2013, 2014 e 2015 foram os que tiveram o maior número de publicações. As amostras dos estudos analisados foram compostas por estudantes. As variáveis associadas ao contexto escolar e construtos como a satisfação com a vida e o otimismo foram associados com maior frequência às forças de caráter. Além de ser o instrumento mais utilizado, o Values in Action-Youth parece ser o instrumento mais aceito para avaliar as forças em crianças. Conclui-se que o contexto escolar tem sido considerado um espaço importante para o desenvolvimento das forças pessoais de crianças, preservação da saúde e enfrentamento de problemas da vida.

Palavras-chave: avaliação psicológica; bem-estar subjetivo; estados emocionais.


ABSTRACT

The objective of the present study was to identify the measures used to evaluate the strengths of character in children up to 12 years of age through an integrative review of literature. The period between 2008 and 2020 was considered and CAPES, ScieLO and Redalyc were the databases used. Nine articles were analyzed, considering year of publication, instruments used, sample characteristics and constructs related to strengths. The years 2013, 2014 and 2015 were the ones with highest number of publications. The samples of the analyzed studies were composed by students. The variable associated with the school context and constructs such as satisfaction with life and optimism were more frequently associated with character strengths. In addition to being the most widely used instrument, Values in Action-Youth seems to be the most accepted instrument for assessing strengths in children. It is concluded that the school context has been considered an important space for the development of children's personal strengths, health preservation and coping with life problems.

Keywords: psychological evaluation; subjective well-being; emotional states.


 

 

Introdução

A psicologia positiva é um movimento científico que, entre outras missões, ressalta a necessidade de investigar os aspectos bons e fortes das pessoas, colocando o foco nas virtudes dos indivíduos e não somente nas doenças mentais, como historicamente aconteceu na psicologia decorrente dos prejuízos psicológicos oriundos da Segunda Guerra Mundial e da necessidade do desenvolvimento de técnicas de tratamento (Peterson & Seligman, 2004; Seligman, 2019). Tal movimento é importante por considerar o ser humano integralmente por meio de três pilares, a saber, as emoções positivas (alegria, esperança resiliência e bem-estar subjetivo), as qualidades positivas (forças de caráter e virtudes) e as instituições positivas (famílias, escolas, hospitais, comunidades religiosas ou sociedades) (Seligman, 2019).

Como forma de contraposição à tendência de patologização do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e da Classificação Internacional de Doenças (CID), Peterson e Seligman (2004) elaboraram o Values in Action (VIA) Classification of Strengths, que enfatiza as características positivas das pessoas. No VIA são apresentadas as virtudes e as forças de caráter, também nomeadas como forças pessoais (Noronha & Reppold, 2021), que as compõem: sabedoria (criatividade, curiosidade, pensamento crítico, amor pelo aprendizado e sensatez), coragem (bravura, persistência, autenticidade e vitalidade), humanidade (amor, generosidade e inteligência social), justiça (justiça, senso de coletividade e liderança), temperança (perdão, modéstia, prudência e regulação) e transcendência (apreciação do belo, gratidão, otimismo, humor e espiritualidade), totalizando seis virtudes e 24 forças de caráter.

As forças de caráter/pessoais dizem respeito a características positivas, que se manifestam por meio de pensamentos, sentimentos e comportamentos positivos, e que possivelmente tornam a vida melhor por indicarem uma maior capacidade de enfrentamento dos problemas diários (Park & Peterson, 2006; Peterson & Seligman, 2004). Ainda, as forças existem em graus, sendo possível que qualquer pessoa as desenvolva e, à medida que as praticam, se tornam virtuosas (Park & Peterson, 2006; Seligman, 2019).

Brazeau, Teatero, Rawana, Brownlee e Blanchette (2012) ressaltaram que as forças de caráter/pessoais podem se tornar estáveis na vida adulta, principalmente se forem promovidas na infância e na adolescência. Em adultos, as forças estão positivamente associadas a níveis elevados de felicidade e saúde mental (Demirci & Ekşi, 2018; Petkari & Ortiz-Tallo, 2016), de resiliência e autoeficácia (Martínez-Marti & Ruch, 2016). No cenário brasileiro, Noronha e Barbosa (2016) desenvolveram a Escala de Forças de Caráter para adultos, sendo que pesquisas a relacionaram a construtos como estilos parentais (Noronha & Batista, 2017), autorregulação emocional (Noronha & Batista, 2020b), satisfação com a vida (Noronha & Martins, 2016), bem-estar subjetivo (Oliveira, Nunes, Legal, & Noronha, 2016) e personalidade (Noronha & Campos, 2018), com resultados bastante favoráveis (Dametto & Noronha, 2019).

Entretanto, há de se considerar que crianças e adultos podem apresentar diferenças quanto às forças, sendo que as crianças tendem a apresentar maiores níveis de otimismo, senso de coletividade e vitalidade, enquanto os adultos apresentam maior presença de liderança, pensamento crítico, autenticidade e apreciação do belo (Park & Peterson, 2006). A este respeito, Quinlan, Swain e Vella-Brodrick (2012) ressaltam que os estudos relacionados às forças de caráter/pessoais em crianças são iniciais e ainda não identificaram claramente como se desenvolvem e como as crianças adquirem as forças, além de não haver consenso quanto às mais prevalentes. Além disso, os autores sugerem que as diferenças ligadas ao ciclo vital sejam investigadas mais sistematicamente por meio de estudos longitudinais, para que se compreenda o desenvolvimento das forças desde a infância.

A avaliação dos aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais possui um papel importante no que se refere à saúde mental de crianças. As medidas de avaliação com um viés negativo, ou seja, com ênfase excessiva nos déficits ou patologias infantis, sem considerar as características boas e fortes, podem prejudicar o processo de avaliação, enquadrando-as em tratamentos que rotulam e que não lhes permitem melhorar em suas dificuldades (Brazeau et al., 2012; Reppold & Almeida, 2019). Como forma de proporcionar uma avaliação mais ampla, os pontos fortes e bem desenvolvidos de crianças passaram a ser considerados, sobretudo no contexto escolar (Furlong, You, Renshaw, O'Malley, & Rebelez, 2013; Reppold et al., 2019; Schiavon, Teixeira, Gurgel, Magalhães, & Reppold, 2020) e na preservação da saúde (Guse & Eracleous, 2011).

No contexto internacional, instrumentos que avaliam forças e funcionamento positivo em crianças e adolescentes foram desenvolvidos, como o Strengths and Difficulties Questionnaire (Goodman, 1999), a Child and Adolescent Strengths Assessment Scale (Lyons, Mintzer, Kisiel, & Shallcross, 1998) e o Values in Action Inventory for Youth (Park & Peterson, 2006). Porém, eles apresentam lacunas por serem gerais, amplos, sem considerar as diferenças contextuais nas quais as crianças se inserem (Brazeau et al., 2012) e nem o fato de que algumas forças, como as ligadas ao intelecto e transcendência (espiritualidade, perdão e pensamento crítico), são mais comuns em adultos e podem ser ausentes em crianças por conta do momento do ciclo vital em que se encontram (Noronha & Barbosa, 2016; Park & Peterson, 2006).

No Brasil, os estudos sobre a psicologia positiva são incipientes, sobretudo no que se refere às forças de caráter/pessoais em crianças. São poucas as medidas identificadas para avaliar aspectos positivos em crianças no cenário brasileiro, sem instrumentos que avaliem as forças (Paludo & Koller, 2007 Pires, Nunes, & Nunes, 2015; Pureza, Kuhn, Castro, & Lisboa, 2012; Reppold, Gurgel, & Schiavon, 2015; Scorsolini-Comin & Santos, 2010). Em 2007, Paludo e Koller tiveram por objetivo apresentar a psicologia positiva, que à época era uma nova proposta científica, e indicar as possíveis contribuições e lacunas existentes nos estudos nessa vertente. As autoras identificaram aumento no número de publicações em psicologia positiva e a necessidade do desenvolvimento de instrumentos da avaliação psicológica, uma vez que no cenário brasileiro apenas um estudo havia sido desenvolvido à luz desta perspectiva.

Nessa mesma direção, Scorsolini-Comin e Santos (2010) realizaram uma revisão de literatura nas bases de dados da Scielo e LILACS, considerando o período entre 1970 e 2008, com o fim de identificar os instrumentos de avaliação psicológica elaborados com base na psicologia positiva. Os autores não encontraram medidas que avaliassem as forças de caráter/pessoais ou que pudessem ser utilizadas em amostras de crianças. Em contrapartida, Pureza et al. (2012) e Pires et al. (2015) identificaram, em suas revisões, estudos realizados com crianças na perspectiva da psicologia positiva. O bem-estar foi o tema central das pesquisas e do desenvolvimento de instrumentos na revisão realizada por Pureza et al. (2012) nas bases da Scielo, BVS-Psi e BDTD, sendo que o estudo encontrado pelas autoras foi uma intervenção com crianças e professores (Cuadra-Peralta, Fuentes-Soto, Madueño-Soza, Veloso-Besio, & Meneses, 2012).

Já Pires et al. (2015), na revisão realizada na base de dados da BVS-Psi, identificaram três estudos realizados com amostras de crianças, mas os autores não trouxeram detalhes deles. Mais recentemente, Reppold et al. (2019) apresentaram o desenvolvimento da psicologia positiva no Brasil. Os autores ressaltaram que houve avanços teóricos e técnicos na elaboração de medidas e intervenções baseadas nos pressupostos da psicologia positiva em diferentes contextos de aplicação, sendo necessárias parcerias que ampliem a difusão do estado da arte na América Latina. Entretanto, não indicaram a existência de instrumentos que avaliam as forças de caráter de crianças.

Assim, justifica-se o presente estudo considerando que existem lacunas quanto ao desenvolvimento de medidas de avaliação para crianças segundo os pressupostos da psicologia positiva, sobretudo em relação às forças de caráter/pessoais no cenário brasileiro. Dessa forma, a proposta do presente estudo foi identificar as medidas que avaliam o construto em amostras compostas por crianças e suas características psicométricas por meio de uma revisão de literatura. Além da incipiência da temática no cenário brasileiro, outra justificativa é a necessidade de se conhecer as propriedades dos instrumentos utilizados na literatura para avaliar as forças de caráter/pessoais em crianças (Schiavon et al., 2020) como forma de fornecer um material de consulta para profissionais em diversos contextos (Noronha & Barbosa, 2016; Reppold & Almeida, 2019). Ademais, o fortalecimento da ciência se relaciona diretamente com a análise da produção científica, por meio da compreensão da temática e seus enfoques teóricos.

Destaca-se também o fato que as forças podem auxiliar as pessoas a serem mais felizes (Park & Peterson, 2006; Peterson & Seligman, 2004; Petkari & Ortiz-Tallo, 2016). Em crianças, por exemplo, as que se dizem felizes apresentam maiores níveis de amor, esperança e vitalidade (Ruch, Weber, Park, & Peterson, 2014b). Schiavon et al. (2020) identificaram, por meio de uma revisão de literatura, que as intervenções educacionais para crianças e adolescentes focadas no desenvolvimento das forças de caráter/pessoais e outros construtos específicos (resiliência e satisfação com a vida, por exemplo) podem resultar em maiores atributos psicológicos positivos e mudanças positivas que contribuiriam com melhores relações sociais entre pais, alunos e professores. Ademais, as forças de caráter/pessoais são associadas positivamente à satisfação com a vida, aos afetos positivos, ao desenvolvimento da resiliência, de habilidades sociais e traços positivos da personalidade (por exemplo, extroversão e sociabilidade) em infantes, o que contribui com a manutenção da saúde (Gasparetto, Bandeira, & Giacomoni, 2017; Van Eeden,Wissing, Dreyer, Park, & Peterson, 2008; Park & Peterson, 2006; Ruch et al., 2014b), tal como afirmado anteriormente.

 

Método

A revisão integrativa da literatura foi realizada entre julho e outubro de 2020 nas bases de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Scientific Electronic Library Online (ScieLO Brasil) e da Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc) para o levantamento dos instrumentos utilizados para avaliar as forças de caráter/pessoais em crianças. Para a revisão foi considerado o período entre 2008 e 2020, dada a atualidade da temática. Na mesma direção, a escolha das bases se deu pelo fato da revisão de Scorsolini-Comin e Santos (2010) ter considerado o ano de 2008 na ScieLO, por não serem identificadas revisões de literatura que tenham incluído a CAPES ou Redalyc, por existirem lacunas quanto à avaliação do construto no cenário brasileiro e a necessidade de difundir o estado da arte da psicologia positiva na América Latina (Reppold et al., 2019). O idioma inglês foi selecionado por permitir abranger maior espectro de publicações, sobretudo onde a psicologia positiva possui maior número de estudos desenvolvidos, como a Europa e Estados Unidos. Os descritores utilizados nas três bases foram "character strengths" AND "children". Na base da CAPES foi selecionada a opção "busca avançada". Optou-se por selecionar os seguintes filtros: o tipo de material (artigos) e idioma (inglês), periódicos revisados por pares e o refinamento "positive psychology".

Foram considerados para análise apenas os artigos empíricos que fizessem uso de medidas de forças de caráter/pessoais e com amostras que incluíssem crianças com alguma das idades do intervalo etário entre zero e 12 anos incompletos (Brasil, 1990). Mesmo que alguns estudos tivessem uma amplitude etária maior, por exemplo, entre 10 e 17 anos, eles foram incluídos por contemplarem participantes com idades até 12 anos incompletos. Após a leitura de resumos e da metodologia das pesquisas - quando os resumos não continham informações suficientes - foram selecionados os artigos que atendiam ao objetivo do presente estudo. Foram excluídos da análise aqueles duplicados, publicações anteriores a 2008, revisões de literatura, relatos de experiência ou trabalhos que tivessem foco em outras áreas de conhecimento, como a medicina, ciências sociais e geografia e que não utilizavam instrumentos que avaliassem as forças de caráter em crianças. Quando as pesquisas não traziam a faixa etária dos participantes, considerou-se para análise as que indicavam a média de idade (até 12 anos). Nos artigos foi identificado o ano de publicação, os instrumentos utilizados e algumas propriedades psicométricas (número de itens, formato de resposta, índice de precisão e contexto de aplicação), características das amostras e os construtos que foram relacionados às forças de caráter.

 

Resultados

Na busca inicial, com os descritores, filtros e refinamento indicados, foram encontrados 183 artigos, sendo 165 oriundos da CAPES, oito da ScieLO Brasil e 10 da Redalyc. Desses, foram excluídos dois artigos duplicados e outros dois eram publicações anteriores à 2008. A leitura dos resumos e dos desenhos metodológicos, quando necessário, permitiu a identificação dos trabalhos que não se adequavam à proposta do presente estudo em relação ao tipo de artigo e amostra. Foram excluídos 92 artigos em razão da faixa etária da amostra não incluir crianças (p. ex., universitários, jovens, adultos, idosos) e 55 por serem revisões de literatura, relatos de experiência ou estudos de caso. Ademais, dos artigos avaliados na íntegra, 23 foram excluídos por não utilizarem instrumentos que avaliassem as forças, totalizando nove artigos para a síntese qualitativa, conforme o fluxograma da Figura 1. Os artigos incluídos na análise estão com um asterisco (*) no quadro referencial.

 

 

Inicialmente, foram identificados os anos de publicação dos artigos, sendo encontradas publicações entre 2009 e 2017, com exceção dos anos de 2010, 2011 e 2016, que não tiveram nenhum trabalho. A maioria dos estudos foi publicada nos anos de 2013, 2014 e 2015, com 2 publicações cada. As outras publicações foram realizadas nos anos de 2009, 2012 e 2017, com um trabalho por ano.

Na Tabela 1 constam os resultados encontrados quanto aos instrumentos utilizados pelos autores para avaliar as forças de caráter/pessoais, os instrumentos para avaliar outros construtos e as amostras nas quais os instrumentos foram aplicados. Todos os trabalhos analisados foram realizados com estudantes. Além disso, algumas pesquisas tiveram amostras de crianças e adultos (Ruch, Platt, & Hoffman, 2014a; Ruch et al., 2014b; Wagner & Ruch, 2015; Woodard, 2009), sendo que uma dessas amostras de adultos não foi descrita e as outras foram compostas por professores, pais das crianças ou familiares de crianças com dificuldades de desenvolvimento. Amostras adultas foram encontradas pelo fato dos estudos serem realizados em contextos escolares. Os pais/professores foram consultados com o intuito de fornecer informações sobre as crianças respondendo a alguns instrumentos, detalhados posteriormente no presente estudo.

Os instrumentos encontrados na presente revisão serão apresentados em tópicos. A quantidade de itens, o formato de resposta, a faixa etária e o contexto de aplicação dos instrumentos e os construtos que se relacionaram às forças de caráter foram as variáveis consideradas nos artigos analisados.

Values In Action-Youth (VIA-Y, Park & Peterson, 2006)

A Tabela 1 indica que a VIA-Youth foi o instrumento mais utilizado para avaliar as forças de caráter/pessoais em crianças e adolescentes (Blanca, Ferragut, Ortiz-Tallo, & Bendayan, 2017; Ruch et al., 2014a, 2014b; Wagner & Ruch, 2015), inclusive com adaptações em países como a Suíça e Alemanha. Tal instrumento possui 198 itens de autorrelato correspondentes às 24 forças de caráter/pessoais, respondidos em escala Likert de cinco pontos, sendo aproximadamente sete a nove itens pertencentes a cada força (Park & Peterson, 2006). A estrutura fatorial com cinco fatores (liderança, temperança, inteligência, transcendência e outras forças direcionadas) encontrada nos estudos que utilizaram o VIA-Y foi semelhante ao estudo original do instrumento. A consistência interna teve alfa de Cronbach acima de 0,65 nos trabalhos analisados. A faixa etária das amostras de aplicação do VIA-Y esteve no intervalo entre 10 e 18 anos, com número mínimo de 179 participantes e máximo de 1569. Além disso, Ruch et al. (2014b) adaptaram o VIA-Y para que os pais dos participantes indicassem como percebiam os filhos em relação às forças de caráter/pessoais (α= 0,80).

A satisfação com a vida de estudantes, a autoeficácia e a orientação para a felicidade foram os construtos associados ao VIA-Y. Ademais, também foram investigadas associações com instrumentos que avaliavam questões positivas específicas do contexto escolar, como o Classroom Behavior Rating Scale e o Positive Classroom Behavior Teacher Ratings, que dizem respeito à percepção de professores em relação aos alunos e o Class Clown Behavior Survey, referente aos comportamentos bem humorados do próprio aluno em sala de aula.

Strengths Assessment Inventory-Youth (SAI-Y, Rawana & Brownlee, 2010)

Apesar de também avaliar as forças em crianças e adolescentes, o SAI-Y se difere do VIA-Y por considerar os conteúdos específicos do dia a dia. O instrumento inclui 11 contextos (casa, escola, tempo livre, com os amigos, conhecendo a si mesmo, mantendo-se limpo e saudável, envolvendo-se com as coisas, fé e cultura, objetivos e sonhos, trabalho e namoro) que devem ser considerados pelo respondente. Além disso, o instrumento é composto por 12 escalas empíricas (conexão com pares, consciência de saúde, engajamento em atividades, atitude pró-social, comportamento funcional em sala de aula, envolvimento comunitário, compromisso com valores familiares, respeito pela própria cultura, habilidades de enfrentamento, bem-estar, criatividade e otimismo para o futuro). O SAI-Y possui uma pontuação total que auxilia em aspectos práticos da avaliação, como uma avaliação global, e é respondido por meio de escala tipo Likert de três pontos na qual o participante indica a frequência que cada força está presente. Os participantes também podem indicar quando um item não se aplica a eles (Brazeau et al., 2012; Rawana & Brownlee, 2010).

A escala total de forças para o conteúdo dos domínios específicos e para as escalas empíricas apresentou consistências internas com estimativas de 0,96 e 0,95, respectivamente. O SAI-Y foi aplicado em uma amostra de 572 estudantes entre 9 e 19 anos e não foi associado a outro construto (Brazeau et al., 2012).

Assessment Scale for Positive Character Traits-Developmental Disabilities (ASPeCT-DD, Woodard, 2009)

A ASPeCT-DD é um instrumento que avalia as forças de caráter/pessoais em indivíduos com deficiências desenvolvimentais, como exemplo os transtornos do espectro autista. A escala tem 26 itens, respondidos por um familiar da pessoa com alguma deficiência desenvolvimental, classificando-a em uma escala Likert de cinco pontos ("nada característico a essa pessoa" a "muito característico a essa pessoa"). O instrumento é composto por 10 domínios que indicam traços positivos e que foram identificados na literatura sobre a psicologia positiva (empatia, otimismo, gratidão, autoeficácia, humor, bondade, perdão, coragem, autocontrole e resiliência) e quatro fatores (relações positivas, enfrentamento ativo, enfrentamento de aceitação e perspectiva positiva). Além disso, um item adicional investiga a felicidade geral da pessoa avaliada ("acho que ele/ela está muito feliz"). O alfa de Cronbach foi utilizado para avaliar a consistência interna dos quatro fatores e variou entre 0,72 e 0,94 (Woodard, 2009).

A ASPeCT-DD foi utilizada em conjunto com a Nisonger Child Behaviour Rating Form, um questionário que avalia duas áreas sociais positivas, calma e adaptação social, e seis áreas de comportamento e problemas emocionais em crianças (problemas de conduta, insegurança, ansiedade, hiperatividade, autolesão, estereotipia, autoisolamento e excesso de sensibilidade. A faixa etária das 77 crianças e jovens avaliados foi de 7 a 21 anos e dos 92 adultos de 21 a 50 anos. Os participantes pertenciam a um programa que prestava cuidados educacionais e tratamentos a pessoas com autismo ou outros distúrbios relacionados (Woodard, 2009).

Positive Experiences at School Scale (Furlong et al., 2013) e Social Emotional Health Scale-Elementary (Wilkins, Boman, & Mergler, 2015)

A Positive Experiences at School Scale é uma medida de autorrelato composta por 20 itens, respondidos em uma escala Likert de 4 pontos, que avaliam o comportamento pró-social, gratidão, vitalidade, otimismo e persistência em crianças do ensino médio. Os itens do instrumento referem-se especificamente ao contexto escolar, como exemplo, os itens de comportamento pró-social ("Eu sigo as regras da sala de aula") e de otimismo ("Espero que coisas boas aconteçam na minha escola"). Por sua vez, a Social Emotional Health Scale-Elementary é uma adaptação da Positive Experiences at School Scale para o contexto australiano (Wilkins et al., 2015). A estrutura encontrada para a Social Emotional Health Scale-Elementary foi semelhante ao estudo original, sendo que o alfa de Cronbach dos fatores variou entre 0,61 e 0,88. Destaca-se que nos dois instrumentos encontram-se a gratidão, a persistência, o otimismo e a vitalidade, que são características positivas intituladas forças de caráter/pessoais.

Por serem medidas específicas para o contexto escolar, as amostras encontradas com essas duas medidas (Positive Experiences at School Scale e Social Emotional Health Scale-Elementary) foram compostas por estudantes, sendo que a faixa etária variou de 8 a 12 anos, de 112 a 1195 participantes. Em conjunto com as duas medidas, foi utilizada a Psychological Sense of School Membership Scale. Tal medida avalia o quanto o estudante se sente aceito, incluído e respeitado na escola.

Inventário de Virtudes y Fortalezas para niños (IVyF Niños; Grinhauz & Solano, 2013)

Desenvolvido na Argentina, o IVyF Niños é um questionário que visa avaliar as 24 forças de caráter de crianças considerando a classificação VIA (Peterson & Seligman, 2004). O instrumento é composto por 24 itens, um para cada força, em formato de escala Likert de cinco pontos. Ainda que tenha sido identificada uma estrutura de seis fatores, o agrupamento das forças em cada fator foi distinto do preconizado por Peterson e Seligman (2004). Os autores não calcularam a confiabilidade do instrumento. Entretanto, a solução com seis fatores explicou 46,15% da variância. O instrumento foi aplicado em 518 estudantes argentinos com idades entre 10 e 12 anos (Grinhauz & Solano, 2013).

A desejabilidade social infantil foi o construto avaliado por meio da Escala de Desejabilidad Social Infantil para obtenção evidências de validade convergente para o IVyF Niños. Esse construto diz respeito à predisposição das pessoas em responderem de forma culturalmente aceitável e apropriada com a intenção de obter aprovação de outrem.

 

Discussão

O presente estudo objetivou identificar, por meio de uma revisão integrativa de literatura, as medidas utilizadas para avaliar as forças de caráter/pessoais em crianças. A proposta do presente estudo se justifica em razão das lacunas relacionadas às medidas que avaliam características fortes e positivas das pessoas no Brasil, sobretudo crianças (Pires et al., 2015; Pureza et al., 2012; Scorsolini-Comin & Santos, 2010), além do fato das evidências de que as forças possivelmente ajudam as pessoas a serem mais felizes e saudáveis (Noronha & Batista, 2020a; Park & Peterson, 2006; Peterson & Seligman, 2004; Ruch et al., 2014b; Van Eeden et al., 2008).

Medidas de forças de caráter/pessoais em crianças e adolescentes foram investigadas, inicialmente, por Park e Peterson (2006), com o VIA-Y. Em relação ao ano das publicações encontradas, os resultados indicaram um aumento nas publicações, sendo que, atualmente, o modelo de Park e Peterson (2006) é o mais aceito para avaliar as forças em crianças. O VIA-Y, desenvolvido nos Estados Unidos, foi adaptado em países como a Suíça, África do Sul e a Argentina (Grinhauz, 2015; Grinhauz & Solano, 2013; Ruch, et al., 2014a, 2014b; Wagner & Ruch, 2015), de forma que a estrutura fatorial do estudo original também foi testada nesses países e a consistência interna foi satisfatória. O instrumento foi desenvolvido para amostras entre 10 e 18 anos e, além disso, foi adaptado para que os pais dos participantes indicassem as forças que percebiam nos filhos (Ruch et al., 2014b), o que torna a investigação relevante, uma vez que o ambiente familiar e os estilos parentais podem contribuir no desenvolvimento de otimismo (Lietz, Dix, Tarabashkina, O'Grady, & Ahmed, 2020; Weber, Brandenburg, & Viezzer, 2003), da aprendizagem, da autoestima e da forma de enxergar o mundo (Lo, Kwok, Yeung, Low, & Tam, 2017; Noronha & Batista, 2017).

Ao considerar a perspectiva familiar, o desenvolvimento do SAI-Y (Brazeau et al., 2012) parece indicar um avanço em relação à avaliação das forças em crianças, uma vez que o instrumento avalia o construto levando em conta as interações que a criança tem com a família, a escola e outros domínios. A ideia dos autores é que as forças poderiam se apresentar nas crianças de maneiras diferentes de acordo com o ambiente e as pessoas com quem convivem. A proposta de avaliar domínios específicos tem sido considerada também por outros autores da psicologia positiva em relação aos afetos (Noronha, Cobero, Barros, Campos, & Campos, 2014), permitindo uma compreensão ampliada sobre os fenômenos psicológicos.

Outro possível avanço em relação à avaliação das forças de caráter em crianças foi o desenvolvimento do ASPeCT-DD. O instrumento parece ter sua relevância, dado que é necessário considerar os aspectos patológicos das pessoas, mas também o que elas possuem de positivo, saudável, bem estruturado e forte (Seligman, 2019). O ASPeCT-DD avalia aspectos positivos e fortes de pessoas com deficiências desenvolvimentais e foi aplicado em um contexto de ensino aprendizagem. Semelhante à adaptação do VIA-Y para os pais (Ruch et al., 2014b), o ASPeCT-DD é respondido por familiares da pessoa avaliada, uma vez que as relações sociais permitem a criação de fortes vínculos e redes de apoio que contribuem no enfrentamento dos desafios inerentes à vida humana, o que pode resultar em uma perspectiva positiva (Woodard, 2009). O desenvolvimento de medidas como a ASPeCT-DD é importante pelo fato de ainda serem poucos os trabalhos que investigaram questões relacionadas a dificuldades desenvolvimentais e os pontos fortes de cada indivíduo ressaltados pela psicologia positiva (Almeida & Barbosa, 2014).

A Positive Experiences at School Scale e a Social Emotional Health Scale-Elementary foram desenvolvidas especificamente para avaliar pontos fortes de crianças no contexto escolar, possivelmente porque a as escolas, alinhadas com as perspectivas da psicologia positiva, são instituições que serviriam como veículos do melhor desenvolvimento humano (Alzina & Paniello, 2017; Schiavon et al., 2020). Esses dois instrumentos não avaliam as 24 forças de caráter, apenas algumas que são mais presentes em crianças do que em adultos, como a vitalidade e o otimismo (Park & Peterson, 2006). O desenvolvimento desses instrumentos se clarifica ao compreender que crianças e adolescentes passam uma parte considerável do dia na escola, com colegas e professores, o que faz desse espaço um ambiente propício para o desenvolvimento de pontos fortes, como as habilidades que auxiliam na convivência saudável e da resiliência frente às dificuldades (Lietz et al., 2020; Spanemberg, Salum, & Bado, 2020). Nesse sentido, o desenvolvimento de medidas de forças de caráter para crianças no cenário brasileiro poderia, inicialmente, ser aplicado no contexto escolar, de forma que pais e professores contribuíssem na avaliação, assim como o fora em outros estudos (Brazeau et al., 2012; Ruch et al., 2014b; Woodard, 2009).

No que se refere aos construtos relacionados com medidas de forças de caráter, destacam-se os que investigavam características positivas dos indivíduos. O construto mais investigado foi a satisfação com a vida de estudantes, o que pode ser explicado pelo fato de ser um construto positivamente associado a traços de personalidade (extroversão e sociabilidade) de crianças (Gasparetto et al., 2017). Assim, considera-se importante investigar as forças de caráter de forma conjunta a traços de personalidade, a fim de identificar se as crianças fazem avaliações diferentes sobre a vida como um todo quando comparadas a um adulto, sobretudo pelo fato da infância ser um período em que a família e a escola podem interferir na satisfação com a vida (Schütz, Bortolini, & Sarriera, 2016).

Além disso, o otimismo e a orientação para a felicidade foram avaliados conjuntamente com as forças de caráter/pessoais possivelmente por serem características que contribuem com uma percepção positiva em relação ao futuro, de forma que as situações estressantes sejam superadas. Ainda, crianças otimistas tendem a se sair melhor na escola que as pessimistas, além de serem vistas de forma positiva pelos pares, o que pode diminuir a probabilidade de rejeição por parte de outrem e contribuir para o desenvolvimento de bem-estar (Bandeira, Giacomoni, & Hutz, 2015; Renaud, Barker, Hendricks, Putnick, & Bornstein, 2019). Por fim, a avaliação da desejabilidade social infantil em conjunto com as forças pode ser relevante quando se tem em conta que o conteúdo delas pode ser, em si mesmo, desejável socialmente (Peterson & Seligman, 2004). Dessa forma, controlar esse tipo de viés em amostras infantis se faz necessário para que os resultados das avaliações sejam mais precisos e com melhores prognósticos (Heintz, Kramm, & Ruch, 2017; Reppold & Almeida, 2019).

 

Considerações finais

A presente revisão integrativa de literatura permitiu identificar os instrumentos utilizados para avaliar as forças de caráter em crianças, o que poderá auxiliar psicólogos que atuam com esse público a ter um material de consulta descritivo, considerando alguns contextos e suas especificidades. O VIA-Y foi adaptado em diversos países, sendo encontradas estruturas semelhantes às do estudo de desenvolvimento do instrumento e poderia ser utilizado, no contexto brasileiro, em amostras de crianças. Além disso, o SAI-Y apresentou a avaliação de algumas forças considerando diversos domínios da vida, como a família e a escola, o que torna o instrumento mais amplo e permite uma maior compreensão dos fenômenos psicológicos.

Ainda que a construção do IVyF Niños tenha sido embasada no VIA (Peterson & Seligman, 2004), a estrutura fatorial do instrumento foi distinta. Sendo assim, são necessárias mais investigações referentes ao agrupamento das forças de caráter em crianças, visto que a estrutura fatorial também tem se mostrado diferente da proposição teórica de Peterson e Seligman (2004) em amostras de adultos (Martínez-Martí & Ruch, 2016; Ng, Cao, Marsh, Tay, & Seligman, 2016; Noronha & Batista, 2020a; Solano & Cosentino, 2018). Percebe-se que as medidas relacionadas às forças de caráter avaliavam aspectos positivos dos indivíduos, mesmo que em pessoas com dificuldades de desenvolvimento. Nesse sentido, sugere-se a aplicação de medidas de forças de caráter em crianças com medidas que avaliam, por exemplo, a regulação das emoções e os estilos parentais, dado que o controle emocional pode contribuir com dificuldades psiquiátricas como a ansiedade e a depressão (De Witte, Sütterlin, Braet, & Mueller, 2017; Noronha, Baptista, & Batista, 2019; Young, Sandman, & Craske, 2019), ao passo que os estilos parentais mais equilibrados auxiliam as crianças a desenvolverem caraterísticas positivas (Lo et al., 2017; Ngai et al., 2018; Noronha & Batista, 2017; Weber et al., 2003). Investigar as forças de caráter em amostras de crianças com diagnósticos de câncer e outras enfermidades pode ser importante para compreender como as forças contribuem para a preservação da saúde e o enfrentamento de doenças e problemas da vida (Guse & Eracleous, 2011; Park & Peterson, 2006; Peterson & Seligman, 2004).

Como forma de minimizar as limitações do presente estudo, sugere-se que sejam considerados mais descritores relacionados às crianças e às forças de caráter em estudos futuros, como "infância" e "virtudes", incluir amostras de adolescentes e outros idiomas além do inglês na investigação. Além disso, faz-se necessário expandir os estudos das forças em infantes para além do contexto escolar. São recomendadas investigações que comparem as forças de caráter em crianças quanto à pratica de atividades físicas, uma vez que tais atividades trazem benefícios e a comparação de grupos que praticam e não praticam permitiria aprofundar a compreensão das forças que são mais presentes nas crianças que nos adultos, como a vitalidade, otimismo e senso de coletividade.

 

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Correspondência para:
Helder Henrique Viana Santos Batista
R. Waldemar César da Silveira, 105 Jardim Cura D'ars
Campinas - SP, 13045-510
E-mail: helder.hvb@gmail.com

Submetido em: 12.11.2020
Aceito em: 22.02.2021

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