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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

versão On-line ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.2 no.1 Juiz de fora jun. 2009

 

ARTIGOS

 

Sintomatologia ansiosa e depressiva em adultos hospitalizados: rastreamento em enfermaria clínica

 

Anxious and depressive symptomatology among adults in-patients: screening in clinical ward

 

 

Ana Beatriz Lima Delfini; Ana Paula Roque; Rodrigo Sanches Peres1

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Brasil

 

 


RESUMO

No presente estudo objetivou avaliar a sintomatologia ansiosa e depressiva em adultos hospitalizados e identificar possíveis fatores sócio-demográficos e clínicos associados. Trata-se de um estudo documental, descritivo, retrospectivo e quanti-qualitativo. A amostra foi composta por 100 pacientes internados submetidos à avaliação de rastreamento executada como rotina pelo Serviço de Psicologia de um hospital filantrópico, a qual envolve a aplicação da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão. Constatou-se que 46% dos pacientes apresentaram sintomas clinicamente significativos de ansiedade e 37% apresentaram sintomas clinicamente significativos de depressão. Níveis mais elevados de ansiedade e depressão ocorreram em pacientes do sexo feminino, de 71 a 80 anos, divorciados, assistidos por ginecologistas ou obstetras e hospitalizados por um período variando de 8 a 21 dias. Esses resultados fornecem elementos para o aprimoramento do atendimento psicológico individual oferecido como rotina no hospital. Nesse sentido, intervenções grupais foram propostas, destacando-se os grupos de apoio homogêneos.

Palavras-chave: Ansiedade; Depressão; Psicologia hospitalar; Avaliação psicológica.


ABSTRACT

The present study aims to evaluate the anxious and depressive symptomatology among adults in-patients and identify possible associated socio-demographical and clinical factors. It is a documental, descriptive, retrospective and quanti-qualitative study. The sample involved 100 in-patients submitted to the screening evaluation executed as a routine by the Psychology Service from a philanthropic hospital, which involves the application of the Hospital Anxiety and Depression Scale. Of the patients under study, was verified that 46% presented relevant clinical symptoms of anxiety and 37% presented relevant clinical symptoms of depression. Higher levels of anxiety and depression occurred on female patients, aged between 71 and 80 years old, divorced, assisted by gynaecologists and obstetricians, and under hospital internment during a period of 8 to 21 days. Those results supply elements for the improvement of the individual psychological consultation offered as routine in the hospital. In that sense, group interventions were proposed, standing out the homogeneous supportive groups.

Keywords: Anxiety; Depression; Hospital Psychology; Psychological assessment.


 

 

Ansiedade, depressão e doenças orgânicas

Vários autores - Deitos, Nascimento e Noal (1992), Furlanetto (1996) e Katon, Sullivan e Walker (2001), dentre outros - têm apontado a dificuldade de reconhecer a ocorrência de sintomas de ansiedade e depressão em adultos portadores de doenças orgânicas. Levantamentos de prevalência mostram que de 50% a 80% dos pacientes ambulatoriais e de 30% a 60% dos pacientes internados em hospitais gerais sofrem de algum distúrbio psiquiátrico, sendo que os transtornos depressivos ou ansiosos se situam entre os mais freqüentes. Entretanto, estima-se que apenas 35% deles recebem atendimento especializado em saúde mental durante o período em que permaneceram assistidos institucionalmente (Hirschfeld et al., 1997). A reversão desse cenário preocupante envolve a realização de novas pesquisas dedicadas a tal assunto.

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de sintomas de ansiedade e depressão em adultos hospitalizados e delinear seus possíveis fatores associados em termos sócio-demográficos (sexo, idade, escolaridade, estado civil e ocupação atual) e clínicos (especialidade médica responsável e tempo de internação). Como será mencionado mais adiante, a verificação de hipóteses, em virtude do desenho metodológico adotado, não foi privilegiada. Porém, tendo em vista os achados reportados por Botega e Dalgalarrondo (1993), Cabrera e Sponholz Júnior (2005), Castro et al. (2006) e Cicognini e Furlanetto (2006), duas questões norteadoras, traduzindo expectativas prévias, foram formuladas: a) "pacientes hospitalizados do sexo feminino tendem, de modo geral, a se mostrar mais ansiosos e deprimidos?" e b) "pacientes recém-admitidos no contexto hospitalar tendem a se mostrar mais ansiosos?".

Antes de abordar diretamente essas questões, aspectos gerais da ansiedade e da depressão no contexto hospitalar foram contemplados na primeira parte do presente estudo com o intuito de introduzir o tema. Mais adiante, detalhou-se o método com a caracterização da amostra utilizada e com a descrição dos procedimentos e instrumentos empregados. Os resultados obtidos foram, então, apresentados e discutidos. A guisa de conclusão, intervenções grupais - destacando-se os grupos de apoio homogêneos - foram propostas como uma possibilidade para o aprimoramento do atendimento psicológico individual oferecido como rotina no hospital em questão.

 

Aspectos gerais da ansiedade e sua ocorrência no contexto hospitalar

A ansiedade faz parte da vida do ser humano, pois é um processo fisiológico e comportamental recorrente, sobretudo, diante de situações desconhecidas. Vivenciada de modo único e pessoal, pode servir como um sinal de alerta, proporcionando melhor desempenho global e, assim, fomentando reações adaptativas. A ansiedade tende a estar associada a determinadas circunstâncias ou pode ser incessante a ponto de representar um traço de personalidade do indivíduo. Mas a ansiedade eventualmente causa mal-estar passageiro, provocando tanto sintomas psíquicos quanto sintomas físicos, tais como apreensão e nervosismo, por um lado, e palpitação, sudorese e diarréia, por outro (Cabrera & Sponholz Júnior, 2005).

A ansiedade pode ser considerada patológica, segundo Dalgalarrondo (2000), quando representa uma resposta que não corresponde devidamente a um estímulo, de modo que faz com que o indivíduo experimente insegurança, vivencie antecipação apreensiva, encontre dificuldades para se adaptar ao ambiente e apresente sinais de sofrimento. Conseqüentemente, a ansiedade patológica tende a prejudicar a auto-estima e comprometer a eficiência das defesas mobilizadas diante de adversidades. Além disso, pode restringir a socialização, afetar a aquisição de conhecimentos e obliterar a memória.

Existem atualmente diversos instrumentos de avaliação de ansiedade. No entanto, para que se possa selecionar o mais apropriado para cada caso deve-se levar em conta quais aspectos são privilegiados em sua constituição. Alguns instrumentos, dentre os quais se destacam a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) e o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), dão ênfase à sintomatologia somática, ao passo que em outros se sobressai a sintomatologia psíquica, tais como a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e a Escala Clínica de Ansiedade (CAS). Ademais, existem instrumentos com finalidades diferentes, pois alguns se prestam ao diagnóstico e outros ao rastreamento (Andrade & Gorenstein, 2000).

Keedwell e Snaith (1996) defendem que os instrumentos de avaliação de ansiedade contemplam aspectos que podem ser agrupados em cinco categorias principais, a saber: humor, cognição, comportamento, estado de hiperalerta e sintomas somáticos. Alterações no humor e na cognição envolvem, respectivamente, sensação de medo não associado a uma situação identificada e dificuldade na resolução de problemas. Variações no comportamento incluem incapacidade de se manter relaxado e apresentação de movimentos repetitivos. Caracterizam o estado de hiperalerta respostas aumentadas a estímulos e insônia. Por fim, contração muscular, tremor, taquicardia e sudorese são os principais sintomas somáticos.

No âmbito hospitalar, a exposição do indivíduo a determinadas contingências de tratamento aumentam a probabilidade da evocação de respostas indicadoras de ansiedade. Afinal, a ansiedade, como já mencionado, pode ser apenas uma resposta temporária a situações adversas. Mas deve-se salientar que cada tipo de tratamento e a história pessoal condicionam um padrão de resposta próprio. Em pacientes internados, a ansiedade disparada especificamente pela inserção em um ambiente estranho é freqüente, mas tende a se reduzir em até 24 horas após a hospitalização, sobretudo se uma relação fundamentada no respeito e na confiança for estabelecida com a equipe de saúde. O indivíduo também pode se tranqüilizar utilizando mecanismos de defesa, recorrendo à crença religiosa ou contando com a presença no hospital de familiares ou pessoas de sua confiança, como observam Cabrera e Sponholz Júnior (2005).

Porém, muitos indivíduos superdimensionam as ameaças às quais se encontram expostos no contexto hospitalar e, especialmente nos primeiros dias de internação, passam a se sentir extremamente vulneráveis por estarem confiando a saúde e, em um sentido mais amplo, a própria vida, a profissionais cuja intenção e competência são desconhecidas (Botega & Dalgalarrondo, 1993). A exposição da intimidade a estranhos, o contato com outras pessoas em situação de doença e a incerteza da evolução do tratamento também podem se tornar circunstâncias altamente ansiógenas (Katon, Sullivan & Walker, 2001). Nesses casos, freqüentemente aumenta a ocorrência de sintomas físicos inexplicáveis e o tempo de internação se prolonga de forma significativa (Kessler et al., 2001).

 

Aspectos gerais da depressão e sua ocorrência no contexto hospitalar

O humor pode ser entendido basicamente como o estado emocional interior e geralmente é classificado em três tipos, a saber: normal, exaltado ou deprimido (Dalgalarrondo, 2000). O indivíduo com humor normal possui um espectro amplo de expressões afetivas, apresenta adequado nível de energia e se percebe no controle de suas vivências. Já o indivíduo com perturbação do humor - quer seja no sentido da elevação ou do rebaixamento - se caracteriza pela perda do senso de controle das próprias emoções, pelo inapropriado nível de energia e pela experiência subjetiva de desconforto, sofrimento ou angústia, de acordo com Deitos, Nascimento e Noal (1992).

Resultante da interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, a depressão é um transtorno do humor que envolve, de modo geral, um tom afetivo de tristeza, um martirizante sentimento de desamparo e uma importante redução da autoestima. Uma pessoa deprimida experimenta, conforme Dalgalarrondo (2000), um sombrio estado de ânimo, podendo demonstrar perda de interesse, incapacidade de se sentir alegre (anedonia), idéias de inadequação e até mesmo desejos de morte. Além disso, outros sintomas também se encontram presentes, tais como alteração do grau de atividade, prejuízo da capacidade cognitiva e déficit das funções vegetativas.

Há, nos dias de hoje, uma multiplicidade de instrumentos de avaliação de depressão, mas cada um deles apresenta particularidades em termos da porcentagem de contribuição das diferentes categorias de sintomas ao escore máximo possível. Na Escala de Avaliação de Depressão de Hamilton (HDRS), os sintomas somáticos representam, assim como os sintomas cognitivos, 28% da pontuação total. Já os sintomas referentes à categoria humor são enfatizados pela Escala de Avaliação de Depressão de Montgomery-Asberg (MADRS) e pelo Inventário de Auto-Avaliação de Wakefield (WDI), uma vez que respondem, respectivamente, por 30% e 25% do escore máximo possível (Calil & Pires, 2000).

Todavia, os instrumentos utilizados para avaliação de depressão, de acordo com Thompson (1989), abrangem uma maior gama de aspectos, os quais podem ser organizados em sete categorias, a saber: humor, sociais, somáticos, motores, cognitivos, ansiedade e irritabilidade. Na primeira categoria são considerados os sentimentos de tristeza e desinteresse generalizado que conduzem à apatia e ao isolamento que caracterizam a segunda categoria. Aspectos somáticos e motores compreendem alterações no sono, no apetite e na libido, por um lado, e inibição ou lentificação corporal, por outro. Nas três últimas categorias são fundamentais desesperança, desamparo, instabilidade emocional e hostilidade auto ou hetero-dirigida.

A incidência de sintomas de depressão em pacientes hospitalizados tem sido objeto de diversos estudos (Teng, Humes & Demétrio, 2005). Porém, determinar até que ponto esses sintomas são naturais ou patológicos é uma tarefa complexa, dado que comumente indivíduos nessa condição referem os sintomas somáticos da depressão antes de apresentarem queixas dos sintomas psíquicos. Muitos deles, inclusive, chegam a negar alterações subjetivas no humor. Em contrapartida, a utilização equivocada da noção de depressão reativa e a relutância médica em estabelecer um diagnóstico psiquiátrico devido ao receio de estigmatizar o paciente podem contribuir, de acordo tanto com Botega, Furlanetto e Fráguas Júnior (2005) quanto com Furlanetto (2001), para a subnotificação de muitos casos.

Pacientes hospitalizados deprimidos sofrem um agravamento de seu estado clínico, tornam-se mais debilitados e geralmente passam a apresentar hostilidade para com a própria família durante as visitas ou para com a equipe médica, o que pode causar resistência ao tratamento (DiMatteo, Lepper & Croghan, 2000). Com isso, o período de internação tende a aumentar, o que, dentre outros desdobramentos, enseja um prognóstico mais negativo, potencializa o ônus financeiro familiar ou estatal, aumenta as chances de reinternação e eleva os riscos de morbi-mortalidade física e mental. Evidencia-se, portanto, que os mesmos devem receber atendimento especializado em saúde mental (Deitos, Nascimento & Noal, 1992).

 

Método

Tendo em vista o objetivo proposto, o presente estudo adotou o desenho metodológico da pesquisa documental, priorizando um caráter descritivo, retrospectivo e com abordagem quantiqualitativa. Assim sendo, se alinha no enfoque da pesquisa naturalística, uma vez que as investigações científicas desse tipo não têm como propósito principal testar hipóteses, mas sim descrever um fenômeno tal como ele naturalmente ocorre e nas circunstâncias que espontaneamente o geram (Selltiz, Wrightsman & Cook, 1987). A despeito disso, como já mencionado, a literatura científica consultada orientou a formulação de duas questões norteadoras, contemplando possíveis associações entre a ocorrência de sintomas de ansiedade e depressão em pacientes hospitalados e um fator sócio-demográfico (sexo) e um fator clínico (tempo de internação) em particular.

Amostra

A amostra do presente estudo foi composta por 100 pacientes adultos. A Tabela 1 revela que a maioria deles era do sexo masculino (54%) e se encontrava casada (53%) e que o nível de escolaridade mais freqüente foi o ensino médio completo (36%). Conforme a Tabela 2, a faixa etária preponderante foi aquela que compreende a variação dos 51 aos 60 anos (25%) e a aposentadoria se sobressaiu enquanto condição ocupacional (19%). Em termos da clínica médica responsável, verificou-se, segundo a Tabela 3, a predominância de pacientes da Oncologia (19%). Além disso, deve-se destacar que, de modo geral, o tempo de internação quando da coleta de dados variou de 1 a 7 dias (86%).

 

 

 

 

 

 

Foram considerados elegíveis para a composição da amostra inicial do presente estudo os pacientes adultos, de ambos os sexos, submetidos às avaliações de rastreamento executadas pelo Serviço de Psicologia de um hospital filantrópico paulista durante o segundo semestre de 2006. Trata-se, portanto, de uma amostra não-probabilística de conveniência. Ademais, vale destacar que o recorte temporal foi o critério adotado para a composição da amostra inicial. Todavia, dentre os 132 pacientes que compunham a amostra inicial, foram selecionados mais especificamente aqueles: a) que não apresentavam antecedentes psiquiátricos relatados e suspeita de déficit intelectual, quadros demenciais ou distúrbios da comunicação que pudessem comprometer a interação verbal e b) que se encontravam internados na Enfermaria Clínica Geral do hospital em questão cumprindo o tratamento médico preconizado. A amostra final foi composta por 100 pacientes tendo-se em vista que, dos 132 pacientes que compunham a amostra final, 25 não atendiam ao critério de inclusão a) e 7 não atendiam ao critério de inclusão b) acima citados.

Instrumentos e procedimentos

A coleta de dados do presente estudo foi executada a partir de consultas ao arquivo do Serviço de Psicologia do hospital em questão. Constam desse arquivo informações a respeito dos pacientes submetidos às avaliações de rastreamento realizadas como rotina pelo Serviço de Psicologia. Dentre as informações disponíveis, foram registradas mais especificamente aquelas referentes à identificação pessoal e à condição emocional dos pacientes. A identificação pessoal contempla, no caso, informações obtidas originalmente junto ao prontuário médico, a saber: idade, sexo, estado civil, ocupação atual, especialidade médica responsável pelo tratamento e tempo de internação.

Os dados sobre a condição emocional dos pacientes são aqueles originalmente obtidos mediante a aplicação da Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD). O instrumento em questão visa à identificação de sintomas de ansiedade e depressão em portadores de doenças orgânicas e faz parte do protocolo de avaliação adotado pelo Serviço de Psicologia do hospital. Compõem a HAD 14 itens do tipo múltipla escolha, os quais se dividem em uma subescala para depressão (HAD-D) e outra para ansiedade (HAD-A). O escore global das subescalas varia de 0 a 21 pontos e é resultado da pontuação total obtida em cada um dos itens, cuja gradação de 0 a 3.

A versão em português da HAD já foi testada tanto em pacientes internados quanto em pacientes ambulatoriais, tendo sido validada em ambos os casos (Botega et al., 1998; Castro et al., 2006). Vale destacar também que, em contraste com outros instrumentos que se propõem a objetivos análogos, a HAD não investiga a ocorrência de sintomas somáticos - tais como insônia, fadigabilidade, lentificação e emagrecimento - que se verificam com freqüência em portadores de doenças orgânicas. Assim sendo, mostra-se especialmente útil para a avaliação de transtornos de humor em situações de comorbidade física. Ademais, a escala é concisa e de aplicação rápida e simples (Botega et al., 1995).

Ressalte-se que as avaliações de rastreamento realizadas como rotina pelo Serviço de Psicologia do hospital respeitam uma seqüência previamente definida. Em conformidade com essa seqüência, cada um dos pacientes que compuseram a amostrado presente estudo foi abordado individualmente no leito em que se encontrava acomodado. Estabeleceu-se o rapport e forneceram-se os esclarecimentos sobre os objetivos da avaliação. O paciente então foi informado que os dados coletados seriam utilizados em prol de sua própria assistência no contexto hospitalar, bem como poderiam ser empregados no desenvolvimento de pesquisas científicas, as quais manteriam sua identidade em anonimato. A avaliação seguiu somente quando o paciente consentiu com tais condições. Por fim, deve-se esclarecer que as avaliações de rastreamento são realizadas preferencialmente nos três primeiros dias de hospitalização, mas nem sempre isso é possível em função de variações na quantidade de pacientes internados.

Vale mencionar que os dados coletados para os fins do presente estudo sobre a condição emocional dos pacientes submetidos às avaliações de rastreamento foram analisados a partir do emprego de técnicas estatísticas descritivas simples, resultando na obtenção de médias referentes aos escores das sub-escalas de ansiedade e depressão organizadas por idade, idade, sexo, estado civil, ocupação atual, especialidade médica responsável pelo tratamento e tempo de internação. Por fim, deve-se enfatizar que o presente estudo foi desenvolvido com a anuência da Direção Clínica do hospital em questão e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de filiação dos pesquisadores, o que atesta o atendimento às diretrizes propostas pela Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

 

Resultados

Considerando-se o ponto de corte estabelecido pela literatura científica especializada (8/9) para a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD), os resultados evidenciam, como se vê na Tabela 4, que 46% dos pacientes apresentavam sintomas clinicamente significativos de ansiedade. A média geral na sub-escala de ansiedade foi de 7,90 pontos e, dentre os itens que a compõem, foram obtidas as maiores médias nos seguintes: 5 (1,63), 1 (1,37) e 7 (1,34). Portanto, os sintomas de ansiedade experimentados com maior intensidade pelos participantes do presente estudo foram: preocupações difusas, tensão e incapacidade de se sentir relaxado.

 

 

Os resultados também apontam, de acordo com a Tabela 5, que 37% dos pacientes apresentavam sintomas clinicamente significativos de depressão. Na sub-escala de depressão, a média geral foi de 6,92 pontos e os itens nos quais foram obtidas as maiores médias são os seguintes: 6 (1,39), 14 (1,10) e 8 (1,06). Isso indica que os sintomas de depressão experimentados com maior intensidade pelos pacientes foram: anedonia, falta de prazer em atividades recreativas e lentidão para pensar e executar tarefas.

 

 

Pacientes do sexo feminino apresentaram uma pontuação média maior tanto na sub-escala de ansiedade quanto na sub-escala de depressão (9,23 e 7,50) do que pacientes do sexo masculino (6,83 e 6,46). Com relação à idade dos participantes do presente estudo, verificou-se que aqueles cuja faixa etária variava dos 71 aos 80 anos alcançaram uma pontuação média maior em ambas as sub-escalas (9,60 e 8,80). No tocante ao estado civil, foi constatado que na sub-escala de ansiedade ocorreu uma pontuação média maior entre os pacientes que se encontravam divorciados (9,54) ou solteiros (8,78). Já na sub-escala de depressão, obtiveram uma pontuação média maior os divorciados (8,81) ou viúvos (7,61).

Em termos da clínica médica à qual os participantes do presente estudo se encontravam vinculados, verificou-se que os que apresentaram uma pontuação média maior em ambas as subescalas são aqueles que eram assistidos por ginecologistas e obstetras (11,54 e 9,81). Por outro lado, os pacientes que eram assistidos por vasculares obtiveram as menores médias nas subescalas de ansiedade e depressão (5,50 e 5,00). Todavia, os mesmos formam uma sub-amostra de tamanho relativamente reduzido em comparação com as sub-amostras de pacientes vinculados a outras clínicas médicas. Ademais, vale destacar que mesmo entre os participantes vinculados a uma mesma clínica médica existem diferenças importantes em termos do estado de saúde, já que os diagnósticos são diversificados.

Por fim, cumpre assinalar que atingiram uma pontuação média maior na sub-escala de ansiedade os pacientes que, quando da avaliação, se encontravam hospitalizados por um período de 8 a 14 dias (7,90). Em contrapartida, a maior média na sub-escala de depressão foi registrada pela subamostra - composta por um único paciente - cujo tempo de internação variava de 15 a 21 dias (10,0). Curiosamente, a menor média em ambas as subescalas (2,00) ocorreu na sub-amostra que somava mais de 28 dias de hospitalização, a qual também foi composta por um único paciente.

 

Discussão

Como já mencionado, o presente estudo revela que, de acordo com os dados oriundos da aplicação da HAD, 37% dos pacientes avaliados experimentavam sintomas clinicamente significativos de depressão e 46% apresentavam sintomas clinicamente significativos de ansiedade. Contrastando com esse achado, uma maior prevalência de depressão (33%) do que de ansiedade (20,5%) foi reportada por outra pesquisa, cuja amostra foi composta por 78 adultos hospitalizados no interior paulista (Botega et al., 1995). Todavia, as médias obtidas pelos participantes do presente estudo nas sub-escalas de ansiedade e depressão (6,92 e 7,90) são compatíveis com aquelas verificadas na referida pesquisa (7,70 e 7,30), a qual, inclusive, introduziu a versão em língua portuguesa da HAD.

Castro et al. (2006), em outra pesquisa desenvolvida no país mediante a aplicação da HAD, identificaram a ocorrência de sintomas clinicamente significativos de ansiedade em 67% dos indivíduos de uma amostra de 91 pacientes hospitalizados para tratamento de dor crônica na capital bahiana. Além disso, sintomas clinicamente significativos de depressão foram apresentados por 46,2% desses pacientes. A elevação da taxa de prevalência de ansiedade reportada na pesquisa em questão em comparação com aquela verificada no presente estudo, porém, possivelmente se encontra relacionada à existência de importantes diferenças em termos clínicos e sócio-demográficos entre as amostras. Ocorre que, em contraste com a amostra do presente estudo, a amostra dos referidos autores foi mais homogênea em termos clínicos e constitui-se, em sua maioria, de pacientes do sexo feminino.

A anedonia foi o sintoma de depressão predominante entre os participantes do presente estudo, sobretudo entre aqueles cujo escore se situa acima do ponto de corte nessa sub-escala. Tal achado reforça que, conforme defendem diversos autores, a anedonia é um marcador importante para a identificação de depressão em pacientes hospitalizados (Furlanetto, 1996; Wooley et al., 1997). Conclui-se, assim, que privilegiar a identificação de anedonia nessa população e atribuir menor peso aos sintomas somáticos - como fadigabilidade, inapetência, lentificação e insônia - que podem ser decorrentes da condição clínica que motivou a internação tende a minimizar a notificação de falsos-positivos (Botega, Furlanetto & Fráguas Júnior, 2005; Fráguas Júnior & Alves, 2002).

Entre os sintomas de ansiedade apresentados pelos participantes do presente estudo, destacou-se a ocorrência de preocupações difusas. Possivelmente essas preocupações se encontravam associadas, em maior ou menor grau, à apreensão precipitada pelo adoecimento, às expectativas com relação ao curso do tratamento médico ao qual os mesmos estavam sendo submetidos e ao desejo de receberem alta hospitalar. Afinal, como já referido, o contexto hospitalar, por proporcionar ao paciente um contato direto com situações de dor, sofrimento e morte, é potencialmente ansiógeno (Cabrera & Sponholz Júnior, 2005).

Conforme mencionado, pacientes do sexo feminino apresentaram uma pontuação média maior tanto na sub-escala de ansiedade quanto na sub-escala de depressão no presente estudo, o que confirmou uma expectativa prévia traduzida mediante a formulação da primeira questão norteadora. Na amostra de Castro et al. (2006), 90,2% dos pacientes hospitalizados para tratamento de dor crônica com escores acima do ponto de corte na sub-escala de ansiedade eram mulheres. No que se refere à sub-escala de depressão, essa taxa foi ainda maior: 92,9%. Vale destacar que em uma pesquisa realizada por Cicognini e Furlanetto (2006) com o intuito de identificar a prevalência de transtornos depressivos em pacientes hospitalizados, o sexo feminino também foi apontado como um fator de risco.

A preponderância de mulheres entre pacientes com transtornos depressivos ou ansiosos tem sido reiteradamente apontada pela literatura científica especializada, conforme Moreno et al. (2004) e Nardi (2004). Esse fato é influenciado, ao menos parcialmente, pelos condicionamentos moldados pelas relações de gênero, uma vez que, durante o processo de socialização primária e secundária, ocorre o delineamento, com poucas variações de uma cultura para outra, dos papéis sociais masculino e feminino. Conforme esses papéis, as mulheres devem externalizar suas emoções e assumir um estilo de enfrentamento mais passivo. Os homens, em contrapartida, devem ocultar os sentimentos e cultivar a coragem heróica e a resistência diante das adversidades cotidianas.

Por outro lado, a vulnerabilidade das mulheres a transtornos depressivos ou ansiosos decorre também de fatores biológicos, dado que, ainda conforme Moreno et al. (2004) e Nardi (2004), as flutuações normais dos hormônios femininos no ciclo reprodutivo podem desestabilizar os mecanismos neurotransmissores e neuroendocrinológicos moduladores do humor e do comportamento. Além disso, a menopausa é capaz de prejudicar a ação dos hormônios femininos em áreas do sistema nervoso central associadas ao controle das emoções (Rennó Júnior et al. 2004). Justamente por esses motivos, Teng, Humes e Demétrio (2005) sustentam que a Ginecologia e Obstetrícia se destaca como uma das clínicas médicas nas quais casos de ansiedade e depressão são mais freqüentes. Os resultados do presente estudo inclusive são condizentes com esse achado.

Com relação à idade dos participantes do presente estudo, verificou-se uma pontuação média maior em ambas as sub-escalas entre aqueles cuja faixa etária variava dos 71 aos 80 anos. Tanto Veras e Murphy (2004) quanto Almeida (1999) indicam que transtornos depressivos e ansiosos são significativamente prevalentes na terceira idade e que esse fato se encontra associado ao comprometimento das funções mentais que tende a acompanhar o envelhecimento e a produzir, em maior ou menor grau, dificuldades motoras, cognitivas e intelectuais que limitam a autonomia do idoso e demandam atenção especial dos responsáveis por seus cuidados. Contudo, pode-se propor ainda que a vivência da finitude da própria existência também desempenha um papel importante no desenvolvimento de ansiedade e depressão nessa população, sobretudo em pacientes hospitalizados.

Deve-se destacar que, na amostra em questão, divorciados, solteiros e viúvos apresentaram sintomas mais acentuados de ansiedade e depressão do que amasiados ou casados. Não foi localizada a partir da revisão da literatura científica executada para os fins do presente estudo nenhuma referência apontando associações consistentes entre o estado civil e a condição emocional de pacientes hospitalizados. Todavia, parece plausível cogitar que a ausência do suporte emocional fornecido por um relacionamento afetivo estável e formalizado - ainda que simbolicamente - por meio da co-habitação tende a exercer uma influência negativa, acentuando a sensação de desamparo ou diminuindo a capacidade de vislumbrar a melhora e planejar o futuro.

Por fim, cabe discutir o fato de, dentre os participantes do presente estudo, terem apresentado escores mais elevados na sub-escala de ansiedade aqueles internados por um período de 8 a 14 dias e na sub-escala de depressão aqueles cujo tempo de hospitalização variava de 15 a 21 dias. Esse achado confirmou uma expectativa prévia traduzida mediante a formulação da segunda questão norteadora. Possivelmente isso ocorreu porque, como já mencionado, em uma etapa inicial da internação, o paciente tende a se sentir preocupado não apenas com sua condição física, mas, sobretudo, com o fato de estar confiando sua vida a pessoas cuja intenção e competência são desconhecidas nesse momento (Botega & Dalgalarrondo, 1993). Persistindo a necessidade da assistência hospitalar, surgiriam então sentimentos de desalento e desesperança motivados pela sensação de perda de controle da situação.

 

Considerações finais

O presente estudo revela uma prevalência expressiva de sintomas clinicamente significativos de ansiedade e depressão na amostra em questão. Além disso, aponta que escores mais elevados ocorreram em pacientes do sexo feminino, cuja faixa etária variava dos 71 aos 80 anos, divorciados, assistidos por ginecologistas ou obstetras e internados, quando da avaliação, por um período de 8 a 21 dias. Esses resultados não apenas colocam em relevo a necessidade de dedicar atenção especial à saúde mental de adultos hospitalizados, mas também fornecem elementos para a elaboração de um perfil sócio-demográfico e clínico inicial dos indivíduos em situação de maior risco.

Outrossim, o presente estudo subsidia o planejamento de estratégias de intervenção a serem desenvolvidas junto aos pacientes com níveis mais elevados de ansiedade e depressão. Nesse sentido, parece razoável propor que o atendimento psicológico individual oferecido como rotina pelo Serviço de Psicologia do hospital em questão poderia ser complementado por intervenções grupais. Conforme Veríssimo e Valle (2005), intervenções grupais configuram-se, para pacientes internados, como uma situação adequada para o refinamento de informações sobre a doença que os está acometendo e sobre o tratamento médico preconizado, assim como favorecem a elaboração de vivências relacionadas ao adoecimento. Logo, se mostram potencialmente proveitosas no contexto hospitalar.

Dentre as diversas modalidades de intervenções grupais existentes, os grupos de apoio parecem ser especialmente favoráveis à redução dos níveis de ansiedade e depressão em situações de comorbidade física. Afinal, segundo Schopler e Galinski (1993), além de possibilitarem o alívio dos sintomas psíquicos, os grupos de apoio favorecem o restabelecimento do equilíbrio emocional de seus participantes, pois os auxiliam não apenas a vislumbrar, mas sobretudo a utilizar estratégias de enfrentamento mais funcionais, lançando mão, para tanto, de recursos adaptativos latentes. Ocorre que, ao compartilhar situações vitais semelhantes, os indivíduos que freqüentam um grupo de apoio geralmente encontram nele um espaço permissivo para a expressão afetiva e se sentem refletidos nos e pelos outros.

Entretanto, é preciso esclarecer que os grupos de apoio tendem a ser mais resolutivos quando possuem um caráter homogêneo, ou seja, quando congregam indivíduos que apresentam características clínicas em comum. Em outras palavras, quando possuem um mesmo diagnóstico, um prognóstico semelhante ou receberam a prescrição de tratamentos análogos. Isso acontece basicamente porque a homogeneidade favorece a troca de experiências e promove a emergência da universalidade. Trata-se, de acordo com Beccheli e Santos (2001), de um importante fator terapêutico em intervenções grupais, o qual enseja uma sensação de alívio associada à dissipação de crenças errôneas - associadas, sobretudo, a idéias de culpabilidade - concernentes à doença. Conclui-se, portanto, que o profissional que se propõe a instituir um grupo de apoio no contexto hospitalar deve pautar a formação do mesmo em critérios bem definidos.

Vale enfatizar que o presente estudo ainda atesta a pertinência do emprego da HAD no rastreamento de ansiedade e depressão em pacientes hospitalizados, principalmente por se tratar de um instrumento de aplicação rápida e voltado especificamente à avaliação da sintomatologia psíquica. Sua utilização pode revelar possíveis casos de transtornos do humor que passariam despercebidos pela equipe hospitalar e, assim, subsidiar a implementação das modalidades assistenciais adequadas. Mais especificamente, o presente estudo comprova que, por ser constituída por itens de fácil compreensão, a HAD pode ser utilizada sem maiores dificuldades junto a indivíduos com baixa escolaridade, os quais constituem a maioria dos usuários da saúde pública no contexto nacional.

 

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Recebido em: 16/01/09
Aceito em: 11/08/09

 

 

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