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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

versão On-line ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.3 no.1 Juiz de fora jul. 2010

 

ARTIGOS

 

Eventos estressores e conduta social na adolescência

 

Stressful events and social conduct during adolescence

 

 

Andréia Mello de Almeida Schneider1; Janaína Thaís Barbosa Pacheco

Universidade Luterana do Brasil, Gravataí, Brasil

 

 


RESUMO

Este estudo tem como objetivo verificar a existência de relação entre a ocorrência de eventos estressores e a conduta social de adolescentes. Utilizando a Escala de Conduta Social e o Inventário de Eventos Estressores na Adolescência, buscou-se identificar, em uma amostra de 144 adolescentes, o comportamento predominante (antissocial, pró-social, desafio-oposição) e os tipos de eventos estressores mais frequentes e a intensidade percebida acerca dos eventos. A relação entre eventos estressores e conduta social foi verificada por meio do Teste-t e do Teste de Correlação de Pearson e as análises mostraram que determinadas vivências têm correlação significativa com a conduta social dos adolescentes. Os resultados indicaram média significativamente mais alta para o comportamento antissocial entre meninos. Dentre os eventos investigados, o "abuso psicológico" foi o mais frequente e o "abuso sexual" o de maior impacto. A ocorrência de "abuso psicológico" pode ser fator de risco para o desenvolvimento de "conduta antissocial".

Palavras-chave: Adolescentes, Eventos Estressores, Conduta


ABSTRACT

This study aimed to verify the existence of the relationship between the occurrence of stressful life events and the social behavior of adolescents. Using the Social Behavior Scale and the Adolescent Stressful Life Events Inventory, this study sought to identify, in a sample of 144 adolescents, the predominant behavior (antisocial, prosocial, oppositional-defiant), the most frequent types of stressful events and their perceived intensity. The relation between stressful events and social conduct was verified by means of the t-Test and the Pearson Correlation Test, and the analyses showed that some experiences have a significant relation with the adolescents' social conduct. The results showed an average significantly higher for the antisocial behavior among boys. Among the investigated events, "psychological abuse" was the most frequent and "sexual abuse" was the one causing the biggest impact. The occurrence of "psychological abuse" may be a risk factor for the development of "antisocial behavior".

Key words: Adolescents, Stressful Events, Conduct.


 

 

Os estudos sobre problemas de conduta na infância e na adolescência têm se ampliado nos últimos anos. No entanto, o conhecimento sobre seus determinantes ainda é restrito (Moffit, 2003). As pesquisas sobre os comportamentos antissociais na adolescência apontam que a vivência de eventos adversos ao longo da vida podem ser preditores de envolvimento criminal e de violência na vida adulta (Snyder, Reid, & Patterson, 2003; Reppold, 2005; Moffit, 2003).

Reppold (2005) aborda a questão dos problemas de comportamento na adolescência de uma forma ampliada, desenvolvendo o conceito de conduta social, que inclui: 1) comportamento antissocial, 2) comportamento de desafio-oposição e 3) comportamento pró-social. O comportamento antissocial (1) caracteriza-se por condutas como agressividade, desobediência, oposicionismo, temperamento exaltado e baixo controle de impulsos, entre outros (Pacheco, 2004). Por outro lado, o comportamento de desafio-oposição (2) é caracterizado pela dificuldade do sujeito em identificar seus próprios erros e por um padrão persistente de ações negativistas, hostis, vingativas e desafiadoras à figura de autoridade (APA, 2003). Conforme Lewis (1992), os comportamentos de desafio-oposição de adolescentes agridem a sociedade de forma desagradável, causando maior preocupação para aqueles que vivem perto deles do que para o próprio adolescente. Finalmente, segundo Reppold (2005), o comportamento prósocial (3) parece correr na direção oposta aos comportamentos anteriormente mencionados (antissocial e desafio-oposição), pois envolve expressão de empatia, solidariedade, atenção às solicitações, às combinações e aos direitos alheios, busca de bem-estar coletivo e controle de afetos negativos, isto é, cooperar, considerando as necessidades e desejos do outro (Souza & Vasconcelos, 2009).

Conceituando-se a adolescência como uma fase de grandes transformações, e consequentemente de conflitos (Wagner & Reicher, 2007; Reppold, 2005; Silva & Hutz, 2002; Moffit, 2003), Silva e Hutz (2002) afirmam que existem fatores de risco para o comportamento antissocial e dividem esses fatores em individuais e contextuais. Os primeiros incluiriam as características biológicas do sujeito, bem como aspectos comportamentais e cognitivos. Já os fatores contextuais incluiriam aspectos familiares, sociais e frequência de experiências de vida estressoras. Entende-se que raramente somente um desses fatores determinará o comportamento de um adolescente. Estudos que investigam componentes genéticos do comportamento antissocial têm encontrado uma modesta correlação entre esse padrão comportamental e sintomas de Transtorno da Conduta em gêmeos, mães e pais (Eyberg, O'Brien, & Chase, 2006; Jonson-Reid et al., 2010).

Quanto aos fatores contextuais, Patterson, Reid and Dishion (1992) apresentam o Modelo da Coerção, que enfatiza a aprendizagem do comportamento antissocial a partir da interação do indivíduo com o seu ambiente, especialmente a família e a escola (Pacheco, Alvarenga, Reppold, Hutz, & Piccinini, 2005). Dentre os fatores ambientais que podem contribuir para o desenvolvimento da conduta antissocial, a exposição a eventos estressores parece ter um papel importante. Os eventos estressores podem ser verificados quando há um desequilíbrio entre as percepções do indivíduo e a sua capacidade de atender à demanda de uma situação (Kristensen, Leon, D'Incao, & Dell'Aglio, 2004), isto é, o termo eventos estressores pode ser definido como sendo uma tensão que sobrecarrega o psiquismo do indivíduo, impossibilitando ou dificultando o uso de estratégias que permitam lidar com o evento que causou a tensão (Kristensen, Shaefer, & Busnello, 2010).

Durante a adolescência, é esperado que o indivíduo desenvolva habilidades para formar e manter relacionamentos e que seja capaz de atender às demandas sociais do meio no qual está inserido. Essa etapa do ciclo vital pode ser prejudicada se houver a presença de variáveis contextuais que dificultem seu desenvolvimento (DellAglio, Benetti, Deretti, D'Incao, & Leon, 2005). Dentre essas variáveis contextuais, as experiências de eventos estressores são percebidas como ameaçadoras à integridade do sujeito e podem trazer resultados adversos durante o desenvolvimento na adolescência (Silva & Hutz, 2002; Kristensen et al., 2004).

Os eventos estressores, em estudos nacionais, têm sido avaliados utilizando-se o Inventário de Eventos Estressores (Kristensen et al. 2004) para adolescente ou adaptado para crianças (Kristensen et al., 2004; Poletto, Koller, & Dell'Aglio, 2009; Wathier & Dell'Aglio, 2007). Esse instrumento inclui 64 itens que avaliam uma amplitude de eventos estressores que se referem a diferentes situações e contextos, servindo satisfatoriamente para descrever a experiência desses eventos nos indivíduos. Alguns estudos analisam os eventos considerando o domínio em que ocorrem, por exemplo família, escola ou pessoal (Poletto et al., 2009; Wathier & Dell'Aglio, 2007). Entretanto, diferentemente dessa perspectiva, este estudo priorizou analisar a experiência e o impacto de tipos específicos de eventos estressores em detrimento do contexto em que eles ocorrem. Dessa forma, analisaram-se os eventos que se referem a maus-tratos que o adolescente possa ter experienciado. Essa opção decorre de evidências empíricas sobre a relação entre a experiência de maus-tratos e a conduta social do adolescente (Kaplan & Sadock, 1990; Schmitt, Pinto, Gomes, Quevedo, & Stein, 2006).

O Ministério da Saúde (Brasil, 2002) define que maus-tratos contra crianças incluem: 1) abuso físico, 2) abuso psicológico, 3) abuso sexual e 4) trato negligente. Entende o "abuso físico" como sendo o uso de força praticado por pais ou responsáveis com o objetivo de ferir e lesar a criança, deixando ou não marcas da agressão. O "abuso psicológico" caracteriza-se por dizer, fazer ou exigir algo da criança de modo sistemático que cause danos conscientes à sua autoestima ou estrutura emocional em formação. Já o "abuso sexual" é definido como ocorrendo pelo meio da extrapolação de poder, por intermédio do qual uma criança ou adolescente é usada(o) para gratificação sexual de um adulto, ou adolescente mais velho, sendo induzida(o) ou forçada(o) a práticas de cunho sexual, com ou sem violência. A "negligência" é definida como o ato de omissão do responsável pela criança, que, apesar de informado e ter condições, intencionalmente deixa de prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento (Kaplan & Sadock, 1990). Entre as experiências traumáticas mais comuns em crianças e adolescentes associadas com o desenvolvimento de transtornos após eventos estressores traumáticos estão as situações de maustratos, especialmente abuso sexual e abuso físico (Weinstein, Staffelbach, & Biaggio, 2000; Ximenes, Oliveira, & Assis, 2009).

Apesar da definição adotada pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2002), ainda encontram-se divergências na literatura quanto à definição de maus-tratos. Contudo, os autores concordam que qualquer tipo de abuso pode ser considerado uma experiência de vida estressante que traria um alto grau de tensão (Silva & Hutz, 2002). As divergências incluem considerar que maus-tratos na infância podem incluir privação de amor parental, abrigo, alimentos e incidentes físicos que podem levar a criança ao óbito (Kaplan e Sadock, 1990), abordar maus-tratos como um domínio diferente de abuso sexual (Dell'Aglio et al., 2005), ou apontar maus-tratos como sinônimo, principalmente, de abuso físico (Deslandes, 1994). Diante de diferentes definições acerca do que se entende por maus-tratos, optou-se por utilizar a definição publicada pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2002).

Há evidências de que maus-tratos na infância estão relacionados com a prática de delitos por adolescentes (Schmitt et al., 2006). Experimentar ou testemunhar atos violentos no ambiente familiar durante a infância também tem sido associado à delinquência e à violência juvenil (Aded, Dalcin, Moraes, & Cavalcanti, 2006).

Para Reppold (2005), o prognóstico de um adolescente muda de acordo com a variedade de comportamentos manifestos e a moderação de variáveis contextuais como apoio social e histórico de maus-tratos. Um estudo realizado por Jaffee et al. (citado por Reppold, 2005) revela que a experiência de maus-tratos é associada a um aumento de 2% na possibilidade de incidência de Transtorno de Conduta entre adolescentes com baixo risco genético. Transtorno esse, que, de acordo com o DSM-IV-TR (APA, 2003), prediz um risco aumentado de Transtorno da Personalidade Antissocial na vida adulta. A literatura recente aponta na mesma direção, afirmando que a vivência de maus-tratos na infância está relacionada ao desenvolvimento de Transtornos de Personalidade (Lobbestael, Arntz, & Bernsteisn, 2010).

Considerando os aspectos levantados, este estudo tem como objetivo principal verificar a existência de relação entre a ocorrência de eventos estressores e a conduta social de adolescentes. Esta pesquisa visa, ainda, a verificar a conduta social de meninos e meninas, os tipos de vivências estressoras mais frequentes na história de vida dos adolescentes e a intensidade por eles percebida.

 

Método

Participantes

A amostra foi composta por 144 adolescentes, sendo 35,4% meninos e 64,6% meninas, alunos do Ensino Médio de escolas públicas, que atendem a adolescentes considerados de nível socioeconômico médio, da cidade de Porto Alegre. A média de idade foi de 16,1 anos. A maioria (87,5%) reside em Porto Alegre, ou seja, frequenta escolas na mesma cidade em que reside. Além disso, a maior parte deles (61,1%) reside com os pais.

A inclusão dos sujeitos na pesquisa seguiu a disponibilidade dos adolescentes no momento da visita para coleta de dados nas escolas, tomando-se como critérios a idade entre 12 e 18 anos e a condição de alunos de escola pública. Todos os sujeitos que tinham idade inferior a 12 anos ou superior a 18 e que não fossem alunos de escola pública da cidade de Porto Alegre foram excluídos deste estudo.

Instrumentos

Os dados descritivos da população foram coletados por meio de um questionário estruturado. Além disso, foi utilizada a Escala de Conduta Social proposta por Reppold (2005) e o Inventário de Eventos Estressores na Adolescência (IEEA), adaptado por Ferlin, Lima, Alchieri, Kristensen e Flores (2000).

A Escala de Conduta Social é composta por 80 itens, que avaliam a presença de comportamentos antissocial, pró-social e desafio-oposicionismo. O comportamento antissocial foi avaliado por 40 questões, que verificaram condutas agressivas ou humilhantes, vandalismo, violação de direitos alheios e de normas morais, envolvimento em brigas, intimidação, porte de armas e defraudações. O comportamento pró-social foi verificado por meio de 23 itens, que verificaram ações que envolvem expressão de empatia, solidariedade, atenção às solicitações, às combinações e aos direitos alheios, busca de bem-estar coletivo e controle de afetos negativos. Já o comportamento de desafio-oposicionismo foi verificado por 17 itens, que investigaram tentativa de controle da situação que pode dar origem a condutas inassertivas diante de demandas sociais ou a condutas de desafio, oposicionismo e agressividade, seja velada ou verbal, em circunstâncias extremas (Reppold, 2005).

A pesquisa de construção e validação da Escala de Conduta Social apresentou Alpha de Cronbach de 0,92 para o comportamento antissocial, de 0,83 para o comportamento pró-social e de 0,84 para o fator desafio-oposicionismo (Reppold, 2005). Neste estudo, o referido instrumento apresentou Alpha de Cronbach de 0,90 e 0,93 para o fator comportamento antissocial, de 0,79 para o comportamento pró-social e de 0,87 para o fator desafio-oposicionismo, o que vai ao encontro do estudo original e indica uma boa consistência interna.

Já o Inventário de Eventos Estressores na Adolescência (IEEA), proposto por Kristensen et al. (2000), avalia a presença e a intensidade de eventos estressores na história de vida dos adolescentes e apresenta 64 itens. Para cada item, o participante deveria marcar uma das alternativas, "sim" ou "não", indicando se experienciou ou não o evento descrito. Cada evento estressor vivenciado teve seu impacto atribuído por meio de uma escala de cinco pontos, sendo "1" um evento considerado de baixo impacto e "5" um evento percebido como de elevado impacto. No estudo de adaptação do Inventário, realizado com 776 adolescentes da cidade de Porto Alegre, o instrumento apresentou uma consistência interna de 0,95 (Kristensen et al., 2004). Nesta pesquisa, o Alpha de Cronbach foi de 0,89.

Como foi afirmado anteriormente, optou-se, para fins deste estudo, analisar somente os eventos estressores relacionados a maus-tratos. Para tanto, a identificação dos itens do IEEA que sugerem maus-tratos, assim como a classificação do tipo de maus-tratos, foi realizada por três juízes, todos psicólogos e pesquisadores familiarizados com a literatura na área de maus-tratos e adolescência. Esses três juízes utilizaram a classificação e a respectiva definição de cada um dos quatro tipos de maus-tratos (abuso físico, abuso psicológico, abuso sexual e trato negligente) adotadas pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2002) para categorizar, independentemente, os itens do IEEA. As categorizações foram comparadas e obteviveramse 81,5% de concordância.

Procedimento

O presente estudo foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética da ULBRA (Universidade Luterana do Brasil). A pesquisa aconteceu após contato com as instituições e a coleta do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido da escola e dos responsáveis pelos alunos. O questionário de levantamento de características do grupo, a Escala de Conduta Social e o Inventário de Eventos Estressores na Adolescência (IEEA) foram aplicados coletivamente em sala de aula, com a presença somente da pesquisadora, em um período de aula.

Análise dos Dados

Considerando-se que se trata de um estudo com delineamento quantitativo, com o intuito de responder aos objetivos da pesquisa, foram feitas análises estatísticas descritivas e inferenciais (análise de correlação Pearson, Teste-t).

 

Resultados

A fim de melhor compreender os resultados deste estudo, as informações foram divididas em três partes. Na Parte I, são apresentados os dados relativos à Conduta Social dos adolescentes investigados. Na Parte II, os dados referentes a eventos estressores e maus-tratos. Finalmente, na Parte III, apresentam-se os resultados referentes às relações entre a ocorrência de eventos estressores relacionados a maus-tratos e à Conduta Social dos adolescentes investigados.

Parte I - Conduta Social dos Adolescentes

Os dados relativos ao comportamento revelaram que os meninos apresentaram média maior para comportamento antissocial e desafiooposição. Entretanto, a análise apresentou diferença significativa somente para o comportamento antissocial (t=3,6; gl= 74; p<0,05). Já as meninas apresentaram média maior para o comportamento pró-social, mas a diferença não foi considerada estatisticamente significativa. Os resultados obtidos, para ambos os sexos, são apresentados na Tabela 1.

 

 

Parte II - Eventos Estressores

A análise do Inventário de Eventos Estressores na Adolescência (IEEA) pelos juízes permitiu a classificação de nove itens como relacionados a maus-tratos. A Tabela 2 apresenta, dentre os itens do IEEA, aqueles em que houve concordância entre os juízes quanto à classificação como maus-tratos.

É importante ressaltar que, para fins deste estudo, somente os itens descritos na Tabela 2 foram analisados, considerando-se a frequência e o impacto relatado pelos adolescentes. Dentre os tipos de eventos estressores, os mais frequentes entre os adolescentes foram os itens relacionados a "abuso psicológico". "Abuso sexual" foi o tipo de evento que apresentou menor frequência.

Parte III - Relação entre a Ocorrência de Eventos Estressores e a Conduta Social

Buscando comparar o grupo de adolescentes que vivenciou os eventos estressores investigados com o grupo de adolescentes que não teve essa vivência, quanto aos construtos da Escala de Conduta Social, realizou-se o Teste-t. São apresentados somente os resultados que tiveram diferença estatisticamente significativa. Os resultados da análise podem ser verificados na Tabela 3, na qual a média indicada refere-se aos adolescentes que marcaram as alternativas, "sim" ou "não", indicando se experienciou ou não o evento descrito.

A fim de verificar a relação entre a intensidade percebida pelos adolescentes, em relação aos eventos estressores por eles vivenciados e ao comportamento, realizou-se o teste de Correlação de Pearson. Os resultados da análise encontram-se na Tabela 4.

 

Discussão

Este estudo verificou a existência de relação entre a ocorrência de eventos estressores na vida e a conduta social de adolescentes. Além disso, verificou-se a conduta social de meninos e meninas e investigaram-se os tipos de estressores mais frequentes na história de vida dos adolescentes, bem como a intensidade percebida acerca desses eventos. A conduta social foi estudada a partir de três dimensões: comportamento antissocial, comportamento de desafio-oposição e comportamento pró-social. Entende-se que esses comportamentos são multideterminados por fatores biológicos, individuais e contextuais.

Os dados demonstram que os meninos apresentaram média maior para comportamento antissocial, com diferença significativa (t=3,6; gl= 74; p<0,05), quando comparados às meninas; por outro lado, as meninas apresentaram média maior para comportamento pró-social. Esses resultados estão de acordo com outros achados da literatura (Assis & Constantino, 2005), em especial com o estudo de construção da Escala de Conduta Social (Reppold, 2005).

Dos eventos estressores analisados, "ser xingado ou ameaçado verbalmente" (61,1%) e "sofrer humilhação ou ser desvalorizado" (50%) foram os mais frequentemente vivenciados. Ambos foram classificados pelos juízes como o mau trato denominado "abuso psicológico". A intensidade percebida pelos adolescentes acerca desses eventos foi de 2,3 e 2,6, respectivamente, sendo os menores valores dentre os itens analisados. Nesta amostra, tais resultados indicam que eventos vivenciados com maior frequência pelos adolescentes são percebidos com menor intensidade, possivelmente por um fenômeno de habituação com o evento estressor.

Os adolescentes que vivenciaram o evento "ser xingado ou ameaçado verbalmente" apresentaram média maior para comportamentos antissocial (t=2,8; gl= 142; p<0,01) e desafio-oposição (t=-2,9; gl= 142; p<0,05). Além disso, a intensidade percebida acerca do evento "ser xingado ou ameaçado verbalmente", demonstrou correlação positiva com o comportamento antissocial (r=0,34; p<0,001) e com o comportamento de desafiooposição (r=0,38; p<0,001). Nessa mesma perspectiva, os adolescentes que relataram a experiência dos eventos estressores relacionados ao "abuso físico", mediante de situações como "sofrer agressão física ou ameaça de agressão por parte dos pais" e "sofrer castigos e punições", apresentaram médias maiores no comportamento desafiooposição (p<0,05). Além disso, o impacto do último evento apresentou correlação significativa para comportamento de desafio-oposição (r=0,38; p<0,01).

Esses resultados sugerem uma relação entre abuso psicológico e abuso físico e o desenvolvimento de problemas de comportamento na adolescência, estão de acordo com outras evidências empíricas (Lobbestael et al., 2010) e podem ser entendidos por meio de processos de aprendizagem e imitação. A criança ou o adolescente exposta(o) a maus-tratos pode aprender o comportamento antissocial como estratégia de resolução de problemas e como uma forma eficaz de controlar o ambiente (Patterson et al., 1992). Por outro lado, pode deixar de aprender comportamentos adequados para a interação social, o que se manifestaria em um déficit em habilidades sociais.

Tais constatações vêm ao encontro do que Reppold (2005) propõe, ao mencionar que, para a prevenção de problemas de conduta, é importante que os pais entendam que têm a tarefa de funcionar como agente socializador e não somente estabelecer restrições e punição. É preciso que os cuidadores criem um meio que proporcione a aprendizagem de comportamentos que promovam um desempenho social satisfatório e que exerçam a função de modelos de conduta adequada e eficaz sobre o ambiente.

O evento menos frequente entre os adolescentes investigados foi "ser estuprado" (3,5%), o qual foi classificado pelos juízes como "abuso sexual". Os meninos relataram uma frequência de 5,9% e as meninas 2,2%. Alguns autores (Dell'Aglio et al., 2005; Kristensen et al., 2004; Poletto et al., 2009) assinalam que meninas são mais abusadas sexualmente que os meninos. Entretanto, nesta amostra, os dados apontaram resultado inverso, ou seja, os meninos relataram sofrer "abuso sexual" com maior frequência que as meninas. A intensidade percebida para o item "ser estuprado" foi de 4,4, a mais alta intensidade de todos os eventos investigados. Esse é o evento menos frequentemente vivenciado, conforme relato dos adolescentes, mas nem por isso menos importante, tendo em vista o impacto registrado. Para Silva e Hutz (2002), o abuso é considerado como uma experiência de vida negativa ou estressante, interferindo nos padrões esperados de resposta, o que pode pressupor uma alta probabilidade de desenvolvimento de algum tipo de desordem.

Ainda com relação ao "abuso sexual", chamou atenção o fato de o estressor "ser tocado sexualmente contra a vontade" apresentar alta frequência (12,5%) na amostra pesquisada. A intensidade relatada desse evento foi de 2,9, a mais alta intensidade após "ser estuprado", o que vem corroborar outros estudos (Dell'Aglio et al., 2005; Kristensen et al., 2004) e indica que a experiência de abuso sexual na infância ou na adolescência é vivida de forma intensa e pode ter um forte impacto sobre o seu desenvolvimento.

É importante notar que os itens classificados como "abuso sexual" não apresentaram diferença entre médias nem correlação significativa para nenhum dos três fatores da Escala de Conduta Social. Esse resultado sugere que na amostra pesquisada não houve uma relação entre ser abusado sexualmente e o desenvolvimento de problemas de externalização como comportamento antissocial ou desafio-oposição. As relações entre abuso sexual e problemas de externalização não estão claras na literatura. Assis e Constantino (2005), Schmitt et al. (2006) e Dell'Aglio et al. (2005) relatam que adolescentes com comportamento antissocial trazem, muitas vezes, relatos de abuso sexual. Por outro lado, Aded et al. (2006) afirmam que não há consenso a respeito de que crianças abusadas sexualmente venham a se tornar adultos violentos. No entanto, considerando que muitas vezes o abusador é alguém próximo ou da própria família, pode-se inferir que o adolescente tem seu núcleo fundamental de proteção, confiança e afeto atingido. É possível que estes venham a desenvolver outros tipos de problemas, mais caracterizados por internalização, como exemplo, depressão, ansiedade e retraimento. Porém, essas dimensões não foram investigadas neste estudo.

A intensidade percebida acerca do evento "sofrer humilhação ou ser desvalorizado", apresentou correlação positiva para o comportamento pró-social (r=0,31; p<0,001). Embora as correlações não sejam altas, esses resultados merecem atenção. Essa correlação pode ser explicada pelos componentes de empatia, solidariedade e controle de afetos negativos, inclusos no construto (Reppold, 2005). Esse resultado precisa ser melhor investigado, mas sugere que pode haver uma tênue diferença entre comportar-se de forma pró-social e comportar-se de forma submissa. A análise particular dos itens que avaliam essa dimensão da conduta social ilustra essa hipótese; por exemplo, "em geral, obedeço às instruções que recebo". Uma discussão ampliada dessa questão permitiria uma análise crítica do construto, bem como do instrumento.

Contudo, Reppold (2005) afirma que, embora o comportamento pró-social se correlacione negativamente com condutas antissociais e de desafio-oposição, a solidariedade pode ocorrer com pares que apresentam problemas de comportamento, gerando um bem-estar devido ao reforço dado pela comunidade. No estudo conduzido por Reppold (2005), observou-se que 24,3% da amostra pesquisada haviam cometido ato infracional por pressão ou convite do grupo de amigos, demonstrando, assim, segundo a autora, que, quando o comportamento ocorre dentro de um contexto em que existem movimentos de solidariedade peculiares àquele grupo, o comportamento pró-social pode ser compatível com o ato infracional.

Os adolescentes que experienciaram o evento estressor "ter dormido na rua", classificado pelos juízes como "negligência", apresentaram médias maiores (p=0,05) no comportamento pró-social. O impacto desse evento percebido pelos adolescentes pesquisados foi semelhante ao encontrado em outros estudos (Dell'Aglio et al., 2005; Kristensen et al., 2004). A relação entre essas duas variáveis, "dormir na rua" e comportamento pró-social, chama a atenção para a definição da última. Parece que comportamento pró-social, às vezes, é confundido com uma postura de aceitação diante de situações que envolvam figuras de autoridade ou pares de iguais com características antissociais, fazendo com que o indivíduo aceite determinadas situações que são potencialmente estressoras. Pode também indicar uma certa resignação do jovem diante de situações adversas. Essa hipótese pode ser corroborada pelo impacto relativamente baixo percebido pelos adolescentes e pela correlação entre a intensidade percebida do item "dormir na rua" com o comportamento pró-social (r=0,56).

No que se refere à "negligência", aqueles que relataram ter vivenciado "não receber cuidado e atenção dos pais" apresentaram uma média significativamente (p<0,01) maior no comportamento desafio-oposição e média marginalmente significativa (p=0,06) no comportamento antissocial. A negligência parental pode estar relacionada a diferentes fatores. O primeiro diz respeito às famílias numerosas, nas quais os cuidadores precisam dividir a atenção dada aos filhos, o que pode fazer com que venham a faltar o cuidado e a atenção que o adolescente necessita. De acordo com Kristensen et al. (2004), famílias numerosas podem ser consideradas fator de risco para o desenvolvimento de adolescentes. O segundo pode estar relacionado àquelas famílias em que os cuidadores ficam muito tempo longe dos adolescentes, por necessidade ou por falta de envolvimento na educação dos filhos. Lewis (1992) afirma que a inadequação por parte dos pais em não fornecer supervisão apropriada está fortemente associada à conduta perturbada dos filhos. Em ambas as situações, os pais estão indisponíveis enquanto agentes socializadores, para que o adolescente se desenvolva sem apresentar condutas inassertivas, de desafio, oposicionismo e agressividade em circunstâncias extremas (Pacheco, 2004).

 

Considerações Finais

Este estudo examinou a existência de relação entre a ocorrência de eventos estressores e a conduta social em uma amostra de 144 adolescentes com média de 16,1 anos de idade. Foram objetivos específicos verificar a conduta social de meninos e meninas e investigar os tipos de eventos mais frequentes e a intensidade percebida.

Dentre os resultados encontrados pelo estudo, destacam-se como de especial relevância, as relações encontradas entre "não receber cuidado e atenção dos pais", "ser xingado ou ameaçado verbalmente", "sofrer agressão física" e "sofrer castigos e punições" com as condutas antissocial e desafiooposição. Não é possível indicar em que ambientes esses maus-tratos aconteceram. No entanto, considerando que a maioria dos adolescentes investigados mora com os pais, pode-se inferir que parte dessas vivências tenha ocorrido na família. Essas relações encontradas estão de acordo com a literatura, que indica que adolescentes que sofreram abuso físico ou psicológico ou foram negligenciados têm mais probabilidade de desenvolverem problemas de comportamento (Patterson et al., 1992). Isso acontece por várias razões: a aprendizagem por meio da observação de modelos agressivos, a inibição no desenvolvimento de condutas adequadas e não-violentas e a escalada em interações coercitivas entre os membros de um mesmo grupo; por exemplo, a família.

Outro resultado que merece atenção é a alta frequência com que os adolescentes relataram experiências de abuso psicológico, abuso físico e negligência. Esse dado é significativo se considerarmos que, a princípio, a amostra não trata especialmente de adolescentes em situação de risco: a maioria dos entrevistados pertence ao nível socioeconômico médio e reside com a família, ou seja, percebe-se que a presença de maus-tratos, ainda que com intensidade pequena, conforme os relatos, transcende aspectos como pobreza e exclusão de um ambiente familiar.

As implicações desses resultados apontam para a necessidade de implementação de políticas de assistência, de educação e de prevenção ao desenvolvimento de problemas de comportamento na adolescência. Essas iniciativas podem incluir o apoio e a orientação das famílias no processo de socialização dos filhos. Além disso, medidas de proteção à exposição a eventos estressores também são ações que podem favorecer o desenvolvimento sadio desses adolescentes. Do ponto de vista metodológico, a discussão aprensentada sugere a necessidade de refinamento do instrumento que avalia Conduta Social, principalmente no que se refere à dimensão comportamento pró-social e à construção de instrumentos para a investigação da exposição a maus-tratos em crianças e adolescentes.

 

Referências

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Recebido em: 12/10/10
Aceito em: 19/11/10

 

 

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