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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

On-line version ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.4 no.1 Juiz de fora June 2011

 

ARTIGOS

 

Mídia e lesbianidade: uma análise sobre posicionamentos na telenovela Senhora do Destino1

 

Media and lesbianity: an analysis about positioning in the telenovela Senhora do Destino

 

 

Lenise Santana Borges2

Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Brasil Grupo Transas do Corpo, Goiânia, Brasil

 

 


RESUMO

Este artigo explora as formas de se posicionar sobre o tema da lesbianidade a partir de uma análise discursiva da telenovela Senhora do Destino (Rede Globo, 2004-2005). Tomam-se como ilustração dois casos: as personagens Sebastião (Nelson Xavier) e Giovani (José Wilker). Tendo o enquadre teórico-epistemológico do construcionismo social aliado a uma leitura feminista, questiona-se a inevitabilidade e fixidez da categoria identidade, abrindo caminhos para buscar sua desnaturalização. Percebe-se um duplo efeito na introdução da temática lesbianidade na novela: se, de um lado, o processo de assimilação da categoria lésbica provoca maior "familiarização" do assunto na sociedade, bem como a circulação de códigos/modelos propicia a legitimação de relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo, de outro, o modo como ocorrem os processos de legitimação/aceitação não propicia uma desestabilização de normas sociais e de modelos hegemônicos.

Palavras-chave: Psicologia Social, Lesbianidade, Construcionismo Social, Telenovela


ABSTRACT

This article explores the possible attitudes regarding lesbianity from a discourse analysis of the telenovela "Senhora do Destino" (Rede Globo, 2004-2005). Two cases were used as illustration: the characters Sebastião (Nelson Xavier) and Giovani (José Wilker). Having the theoretical-epistemological framing of social constructivism allied with a feminist reading, the inevitability and firmness of the identity category is questioned, opening up paths to search its denaturalization. A double effect is verified in the introduction of lesbianity in the telenovela: if, on one hand, the process of assimilation of the lesbian category provokes a higher "familiarization" of the issue in the society, as well as the circulation of codes/models enables the legitimization of affective-sexual relations of people of the same gender, on the other hand, the way in which the processes of legitimization/acceptance occur do not enable an unstabilization of social rules and hegemonic models.

Keywords: Social Psychology, Lesbianity, Social Construcionism, Telenovela.


 

 

A maior parte dos estudos acerca do tema lesbianidade se concentra nas Ciências Humanas (Antropologia e Psicologia), em sua grande maioria a focalizando processos de construção de lesbianidade se concentra nas Ciências Humanas (Antropologia e Psicologia), em sua grande maioria focalizando processos de construção de identidades por meio da análise das trajetórias de vida das mulheres estudadas. Pesquisas sobre a relação entre lesbianidade e mídia, e mais especificamente entre lesbianidade e telenovela, ainda são escassas. Citelli (2005) faz um levantamento de pesquisas sobre mídia nas Ciências Sociais, que enfocam a sexualidade. Os exemplos citados pela autora se situam majoritariamente em contextos da mídia escrita. No entrecruzamento entre mídia televisiva e sexualidade, ela destaca o trabalho de Hamburger (2001), que analisa as representações sobre reprodução em telenovelas brasileiras veiculadas de 1970 a 1997. Mais recentemente, Gomide (2006) e Borges (2008) analisam especificamente a relação entre telenovela e lesbianidade.

A partir de 1988, uma sequência de novelas na Rede Globo - Vale Tudo (1988-1989), Torre de Babel (1998-1999), Mulheres Apaixonadas (2003), Senhora do Destino (2004-2005), América(2005), Páginas da Vida (2006-2007) e Paraíso Tropical (2007) - indica que a temática da homossexualidade/lesbianidade vem ganhando espaço e visibilidade na mídia, o que me instiga a indagar sobre as formas como isso tem se dado.

Além da finalidade mercadológica, a recorrência de exposição na mídia televisiva do tema da homossexualidade/lesbianidade sugere uma certa abertura para esses assuntos. A TV é uma mídia bastante expressiva no cotidiano da população nacional, e as novelas ocupam lugar privilegiado em nossa sociedade não só como fonte de lazer, mas também como importante elemento de identificação popular e integração nacional (Lopes, Borelli, & Resende, 2002).

A Psicologia Social de cunho construcionista, enquadre teórico-epistemológico, oferece inúmeras possibilidades de reflexão sobre o tema na medida em que pressupõe que fenômenos sociais como a lesbianidade e sua respectiva formalização conceitual não são naturais, mas, sim, construções sociais fortemente influenciadas pela linguagem social e pelo contexto que os condiciona. A análise discursiva sobre a novela Senhora do Destino se deu a partir das práticas discursivas, entendidas como linguagem em ação, sempre múltiplas, situadas e dialógicas (Spink & Medrado, 2000; Borges & Spink, 2009).

 

A postura construcionista e as repercussões sobre a noção de identidade

As contribuições construcionistas para a Psicologia Social se configuram como uma resposta ao pensamento essencialista que advoga a ideia de uma essência irredutível, estável e nãoalienada no centro de cada indivíduo humano, o que tem provocado a redefinição de noções como identidade, self, sujeito, linguagem, sexualidade e gênero, entre outras.

Uma das preocupações da postura construcionista remete à produção e aos efeitos do conhecimento científico na vida das pessoas, constatando diferentes pesos e formas de legitimidade na construção do conhecimento, dependendo do lugar e da posição daqueles que produzem definições e noções sobre o mundo. A postura construcionista é uma poderosa aliada para questionar definições concebidas como "naturais" aquilo que se convencionou chamar de homossexualidade/lesbianidade. Essa noção está intimamente comprometida com os saberes e vozes que contribuíram para essa elaboração. As categorias específicas, como homossexualidade/lesbianidade (e os termos a elas associados - homossexual e lésbica), não precisariam necessariamente existir segundo o pensamento construcionista. Elas fazem parte de uma história recente de intenso escrutínio científico na busca incessante por definições "corretas" para aqueles que praticam atividades sexuais com indivíduos do mesmo sexo. Essa forma de fazer ciência presume a possibilidade de descobrir uma razão (biológica, psicológica) que possa elucidar o que veio a se configurar como um "tipo" de pessoa, denominada homossexual/lésbica. Hacking (2001) define "tipo" como uma grande classificação que se estabelece a partir de interações sociais, negociações de sentido e que funciona a partir de matrizes sustentadas por instituições e práticas.

Segundo Hacking (2001), essas categorizações, aparentemente inevitáveis, foram geradas dentro de determinados enfoques teóricos e culminaram em determinados produtos, isto é, em formas de tratamento, inclusão e exclusão. Mas o que está em jogo nas classificações? Para o autor, a contingência é o que marca cada classificação, pois as categorizações refletem um tipo de ciência, uma determinada atitude médica e social de uma época particular. Em sua concepção, as classificações são produzidas dentro de complexas matrizes compostas por teorias, práticas e instituições que as sustentam. Essas matrizes são responsáveis pela divulgação e circulação de determinadas ideias e práticas que operam no sentido de conformar nossa visão de mundo sobre certos assuntos.

As reflexões construcionistas ajudam a perceber que as noções sobre os objetos não são naturais, e, sim, construídas coletivamente em um processo dinâmico de negociação de sentidos.

Nesse processo interdependente entre conhecimento produzido e sociedade, a linguagem se destaca como um dos modos mais expressivos e efetivos de construção do mundo. Ela não é apenas uma forma de expressão, e, sim, uma forma de ação, uma prática social atualizada por interações cotidianas e institucionalizada por meio de matrizes que a sustentam e legitimam. Entre os vários campos empenhados em dar sentido ao mundo, a mídia, juntamente com outros saberes, cumpre a função de produzir e circular ideias, valores, referências e posicionamentos sobre o mundo.

Outro conceito fundamental para problematizar a ideia de identidade fixa e imutável é o de posicionamento proposto por Davies and Harré (1990). Segundo esses autores, as práticas discursivas nas quais os indivíduos podem se engajar são numerosas e contraditórias, e a pessoa que emerge dos processos de interações social não é fixa, mas se constitui a partir de histórias e posições assumidas nas práticas discursivas.

O posicionamento é definido por esses autores como um fenômeno da ordem da conversação, na qual a produção de sentido é sempre uma produção discursiva do self. Para Davies and Harré (1990)3, o posicionamento é "o processo discursivo através do qual os selves são situados nas conversações como participantes observáveis e subjetivamente coerentes em linhas de história conjuntamente produzidas". A análise desenvolvida pelos autores enfatiza a força das práticas discursivas, as maneiras como as pessoas são posicionadas a partir dessas práticas e como a subjetividade é gerada por aprendizagem e uso de certas práticas discursivas. Segundo Davies and Harré (1990):

Uma posição de sujeito incorpora um repertório cognitivo, assim como uma localização para as pessoas dentro da estrutura de direitos de quem usa esse repertório. Uma vez que uma posição particular é assumida como sendo propriamente sua, a pessoa invariavelmente vê o mundo a partir do ponto de vista dessa posição e em termos de imagens, metáforas, linhas de história e conceitos que são relevantes para a prática discursiva específica na qual ela se posicionou (p. 5).

De forma resumida, essa abordagem permite compreender que somos posicionados e nos posicionamos o tempo todo, e esses posicionamentos estão intimamente relacionados ao contexto social e histórico de cada um. Esse sistema conceitual aplicado no contexto da telenovela permite uma analogia: a novela pode ser considerada um conjunto de narrativas que contém diversas linhas de história, que são organizadas mediante diálogos entre as personagens e giram em torno de vários polos - eventos, personagens e dilemas morais. Os pontos de vista exibidos por cada personagem da novela dependem da interação entre os modos como ela se posiciona e como ela se vê posicionada. Dependendo das interações, posicionamentos e negociações, podem acontecer mudanças nos pontos de vista adotados pelas personagens.

 

Para se entender as formas atuais de se falar sobre a lesbianidade: breve panorama da construção dessa categoria

Antes do século XVII e do papel preponderante da ciência para explicar o mundo, a homossexualidade denominada como sodomia, e o homossexual como pederasta, era vista como um pecado gravíssimo, duramente combatida e perseguida pela Inquisição como heresia e imoralidade (Mott, 1988). Indubitavelmente, a transição da noção de pecado e crime para a de doença mental foi uma mudança significativa na forma de conceber a homossexualidade. É importante salientar que essas noções não foram totalmente suplantadas, pois as teorias de base anatômica não desapareceram. Entretanto, no final do século XIX, influenciadas mais intensamente pelas teorias científicas identificadas com essa nova racionalidade (a Psiquiatria), as "teorias anatômicas" se tornaram responsáveis por delinear as fronteiras sobre as quais os homossexuais e as lésbicas iriam se definir, criando uma nova disciplina: a sexologia.

Conforme Sterling (2001/2002), médicos como Ulrichs, Benkert, Ellis Carpenter, Kinsey e Freud, entre outros cientistas envolvidos no estudo e na sistematização das narrativas homossexuais, foram determinantes para a emergência da categoria homossexual. Na modernidade, afirma Weeks (2001), os sexólogos contribuíram para atribuir ao sexo a centralidade nas preocupações ocidentais.

Durante muito tempo, a homossexualidade e a lesbianidade foram vistas de forma indiferenciada. O destaque para a homossexualidade, conforme Weeks (2001), justifica-se porque essa modalidade sexual estava mais fortemente submetida às regulações sociais. Para o autor, se o final do século XIX é reconhecido como marco da construção da identidade do homossexual moderno, somente após quase uma geração a lesbianidade atingiu o mesmo patamar de reconhecimento. Esse período de indiferença é fundamentalmente explicado pelas diferentes suposições sobre as sexualidades feminina e masculina, particularmente pelas noções dominantes acerca da sexualidade feminina.

Faderman (2001) assinala que no século XIX ainda prevalecia a crença na assexualidade da mulher, posto que a sexualidade dominante era apenas a do homem, considerado o único portador de desejo sexual. O mundo era rigidamente separado em esfera privada e pública, e os laços entre os homens eram encorajados desde cedo. As mulheres nutriam-se mutuamente nesse ambiente doméstico, cercadas de proteção e emocionalidade. A aceitação e o estímulo da amizade íntima jamais levantavam qualquer suspeita, pois as mulheres eram, na percepção da época, assexuadas, de forma que esses laços poderiam ser descritos como "amizade romântica".

A visibilidade da sexualidade lésbica só se configura de forma mais evidente quando ela se torna um "tipo", cuja construção se dá a partir de uma matriz (Hacking, 1999, p. 10). A maioria dos historiadores localiza a emergência da categoria lésbica a partir de noções produzidas pelos sexólogos do século XIX.

 

A construção de "problemas" sociais na mídia: a novela Senhora do Destino

A mídia faz parte de uma rede de saberes - ciência, movimentos sociais, Estado e Igrejas, entre outros -, que, de forma distinta, produz e conforma ideias sobre assuntos diversificados. Sua participação no processo de construção e circulação de repertórios sobre lesbianidade na era moderna é expressiva. O poder da mídia televisiva pode ser entendido, também, por sua capacidade em converter pautas e "problemas" sociais em produtos rentáveis. As novelas fazem parte de uma engrenagem que atua sob a lógica do lucro. A aparente flexibilidade e permeabilidade das produções midiáticas permite avaliar o seu alcance tanto em termos de permanência como de transformação cultural.

A mídia televisiva, particularmente a telenovela, ocupa um lugar central na construção dos "problemas sociais" na contemporaneidade, e aproximar esferas privada e individual e esfera pública promove o acesso a códigos, modelos e representações antes acessíveis somente a algumas parcelas da sociedade.

No papel de conferir visibilidade a pautas antes confinadas ao âmbito do privado, a mídia se coloca como um lugar estratégico que tem potencial de pautar discussões no âmbito político-social, podendo atingir, desse modo, a esfera pública. Nesse sentido, a análise da telenovela se coloca como um dos caminhos possíveis para se acessar a construção de um discurso que se insere no campo social.

Senhora do Destino, novela de Aguinaldo Silva, veiculada na Rede Globo entre junho de 2004 e março de 2005, teve como protagonista central Maria do Carmo (Suzana Vieira). A trama gira em torno dessa personagem, que migra de Pernambuco para São Paulo após ser abandonada pelo marido e ter uma filha sequestrada durante a viagem. O irmão de Maria do Carmo, Sebastião, tem uma filha, Eleonora (Mylla Christie), que faz com par com Jenifer (Bárbara Borges), filha de Giovani (José Wilker). A novela, recordista de audiência, tem, por meio do romance entre as duas mulheres, uma das razões de seu sucesso, gerando inúmeras reportagens nas mídias digital e impressa.

Em Senhora do Destino (2004-2005), a relação apresentada foi entre a médica Eleonora (Mylla Christie) e a estudante de fisioterapia Jenifer (Bárbara Borges). A história das duas mostrou os conflitos de Jenifer com a descoberta do amor de Eleonora e de que esse sentimento era recíproco. Houve toda uma preparação do público e de Jenifer para o seu processo de coming out. Quando já estavam namorando, Eleonora encontrou um bebê no lixo e as duas iniciaram um processo de adoção conjunta do bebê.

A mídia pauta e veicula temas a partir do modo como a sociedade os trata, reproduzindo, inovando e alargando os sentidos a eles atribuídos. A partir de dois exemplos intranovela - as personagens de Sebastião e Giovani, respectivamente, pais de Eleonora e Jenifer -, mostro como, ao tratar de uma temática controversa, é construída uma via de aceitação do relacionamento amoroso de ambas, sustentada, basicamente, pela reprodução de um modelo de relação legitimado, o "casal", e pelos simbolismos que o acompanha - manutenção da família, do casamento e da monogamia, entre outras.

 

Posicionamentos: assimilação, normalização e transgressão em Senhora do Destino: o processo de "normalização" da relação entre Eleonora e Jenifer-aceitação/convivência intranovela

O caso Sebastião

O personagem Sebastião (Nelson Xavier), homem nascido e criado no sertão nordestino, se coloca no lugar do pai que considera que a filha necessita ser protegida e fiscalizada para "não sair da linha" e casar virgem. Nos diálogos, ele sempre se refere à Eleonora (Mylla Christie) como uma filha "exemplar", "trabalhadora" e "responsável", situação que se altera no momento em que a relação entre ela e Jenifer (Bárbara Borges) se torna conhecida. Inicialmente, a relação de Leo e Jenifer é percebida como uma amizade que ele aprova e "faz gosto".

Na cena que foi ao ar no capítulo 144, ele comenta com a esposa sobre a amizade da filha:

 


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A noção de amizade percebida por Janice e Sebastião é compatível com a ideia de que entre duas mulheres nada de "mais" pode ocorrer, já que o homem seria o único e legítimo portador do desejo sexual. Seu comentário reforça a ideia da heterossexualidade como norma. Quando Sebastião, na sua fase "homofóbica", nomeia o relacionamento de Leo e Jenifer com adjetivos que o desqualificam (desgosto, doença, imoral, depravação, safadeza, desvio de conduta, tara, médica sapatona e aberração), Eleonora, caracterizada como uma mulher forte, decidida, reage aos julgamentos do pai por meio de argumentos que transitam entre a legitimidade do amor, do desejo e do direito à felicidade.

É interessante lembrar o diálogo com Giovani, no qual aparece a mesma linha argumentativa. Sebastião continua enfatizando que a lesbianidade é uma doença e safadeza. A ideia de doença está ancorada no discurso médico produzido nas ciências biológicas e naturais, e a de safadeza é apresentada como um discurso produzido no campo moral-religioso.

Além dos argumentos de Eleonora, a conversa com Giovani é fundamental para que Sebastião comece a refletir sobre suas posições. Giovani o aconselha a não resistir ao relacionamento das duas, argumentando que é uma preferência, algo da ordem do imponderável, é mais forte, e vai além da vontade delas.

Na sequência do diálogo com Giovani, a conversa com Maria do Carmo também ajuda Sebastião a rever sua posição em relação ao amor das duas:

 


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Esses diálogos mostram o entrelaçamento de diferentes leituras e vozes. Os argumentos das personagens - Sebastião, Maria do Carmo e Janice - remontam a discursos sobre a noção de lesbianidade construída em diferentes momentos da história e da ciência. Dessa forma, a tendência a discutir a questão da lesbianidade pautada nos direitos humanos se mistura a discursos que focalizam os aspectos biológicos e patológicos da homossexualidade, ratificando a ideia da polissemia de vozes dentro de um mesmo produto cultural da mídia televisiva, a telenovela.

O caso Giovani

Giovani, viúvo, pai de João Manoel (Heitor Martinez) e Jenifer (Bárbara Borges), mora com a sogra, D. Flaviana (Yoná Magalhães). Apresentado como um homem amoroso e generoso, seu maior anseio é acertar as contas com seu passado "condenável" ("ex"-bicheiro) e se tornar um outro homem. Conhecido também por Dr. Giová, o exbicheiro, agora empresário, é apaixonado por Maria do Carmo (Suzana Vieira), mas tem uma namorada bem mais jovem, Danielle (Ludmilla Dayer), que aspira a ser uma celebridade instantânea.

Como Sebastião, inicialmente ele percebe a relação de Leo e Jenifer como uma amizade e incentiva a filha a arrumar um namorado. Ao perceber que a relação entre elas poderia ser mais que uma "amizade", Giovani pergunta a Jenifer a razão de sua relação com Eleonora. Contrariando o pressuposto de que um pai deve coibir ou reprimir relações que fogem ao padrão heteronormativo, Giovani estimula a filha a "encarar" a situação.

Na conversa, ele atua como um tradutor das emoções de Jenifer, estimulando-a a refletir sobre o teor dos sentimentos envolvidos e ponderando sobre as diferentes modalidades de afeto que uma relação pode conter. No papel de agente que instiga Jenifer a pensar, ele antecipa um julgamento sobre o que está acontecendo - um "malentendido" entre as duas. No entanto, mais do que traduzir os sentimentos da filha, ele a estimula a enfrentar seus sentimentos e a conversar com Eleonora.

 


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Giovani Não adianta falar nada. Eu vou dar-lhe um conselho e eu garanto-lhe que é daqueles dos bons, acredite. Tem certas coisas na vida que a gente deve, assim, encarar frente a frente, assim, tête-à-tête, doa a quem doer. Talvez doa um pouquinho, mas mesmo assim vale a pena encarar, porque... Olha aqui, eu aposto todas as minhas fichas em você. Eu tô do seu lado, pro que der e vier, porque você é minha filha querida e... [faz sinal com os dois polegares levantados].

Além de estimular a filha a não fugir de seus sentimentos, Giovani afirma seu apoio. Ao perceber a mudança de status da relação de ambas ele as chama para uma conversa.

 


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Gio Eu sei que das duas, vocês duas aí, você é, digamos assim, a mais experimentada no sentido de experiente, portanto, por isso mesmo é a mais falante, a mais desinibida, a mais despachada, a mais, etc. e tal. [...] Porque a Jenifer é a minha filha que eu gostaria ouvir dela a versão dos fatos.

Giovani acha que a filha não tem noção do que está acontecendo e, de certa forma, sugere que ela está sendo envolvida por Eleonora, percebida como a pessoa experiente na relação.

A ideia da sedução na homossexualidade/lesbianidade faz parte de uma visão de que sempre há um elemento que provoca e inicia alguém na prática homossexual/lésbica. Dessa forma, a iniciação na homossexualidade é concebida como uma situação na qual um dos pares está sendo levado para a experiência sem consentimento e consciência das partes.

Apesar de transitar por situações não-convencionais, como o trabalho e a relação com Daniele, Giovani se surpreende com a determinação da filha em "ficar" com Eleonora e ante a possibilidade de ela sair de casa. O questionamento sobre como Giovani deve chamar Eleonora, que sugere que a chame de Leo, insere o masculino na inteligibilidade da matriz heterossexual e na normalidade de gênero, reforçando a ideia de "casal". Ao sair da sala, todos perguntam a Giovani como foi a conversa.

Apesar de, inicialmente, não entender o relacionamento entre Leo e Jenifer, aos poucos, Giovani vai aceitando e construindo novas possibilidades de participar desse debate, colocando-se como um mediador junto às personagens: aconselha a filha a enfrentar a situação, afirmando que aposta todas as fichas nela, que está do seu lado; explica à avó, Flaviana, que "Jen ama Leo" e que "Jen quer ficar com Leo"; para o filho, João Manoel, argumenta que espadas enferrujam e falham, que quem ataca se sente ameaçado e que cada qual deve gostar de cada qual; diz a Sebastião, pai de Leo, que ele não tem saída, deve aceitar, e o aconselha a conversar com a filha.

 


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A mudança de posicionamento de Giovani em direção à maior aceitação da sexualidade da filha está intimamente vinculada aos sentidos atribuídos à lesbianidade, que encontram um lugar de legitimidade em um contexto discursivo marcado, sobretudo, pela ideia de família, amor e casamento. O encadeamento discursivo da novela, representado na linha narrativa, mostra como as ideias de família, amor e casamento estão associadas à noção de lesbianidade e tornam-se centrais para a constituição do "casal" lésbico. Nesse sentido, a lesbianidade de Leo e Jenifer desloca-se de um lugar do proscrito, do indizível, da transgressão, para um lugar de "normalização", no qual se atenuam aspectos considerados negativos ou desqualificantes, favorecendo a maior aceitação das personagens que gravitam no seu entorno e propiciando discursos e ações mais inclusivos e predispostos à convivência.

Outro aspecto merece destaque. Apesar da introdução do tema da lesbianidade na novela, alguns pressupostos sobre as relações são mantidos intactos; por exemplo: a polarização de papéis entre as duas mulheres, reforçando a ideia de que há um masculino e outro feminino - assimétricos e complementares -, ainda que apareça de modo sutil, sem marcas evidentes nos corpos, estilos de vestir, maneirismos etc. Eleonora e Jenifer apresentam-se como mulheres "bem femininas", mas as atitudes, as tomadas de decisão, mostram claramente a posição de força/fragilidade (Leo/Jen), evidenciando as assimetrias masculino/feminino nas quais as personagens se enquadram.

O tratamento conferido ao masculino/feminino, a saída para o casamento e a "evolução" do par lésbico para a maternidade são elementos sinalizadores do processo de normalização apresentado na novela.

 

Transgressão "normalizada"

A despeito do caráter inovador da inclusão do tema da lesbianidade em uma novela por meio de um discurso mais explícito, passando de uma posição de não-lugar para um lugar de reconhecimento público - portanto, transgressivo, em relação a uma situação de "apagamento" -, essa inserção só aconteceu em Senhora do Destino às expensas de uma via de normalização.

O processo de normalização tem sido tema de estudos de vários autores inseridos em áreas disciplinares distintas. Na Psicologia Social, na década de 1930, Lewin já discutia o desejo de normalização das "minorias" frente à sua exclusão e posição de subalternidade em relação à norma, a maioria psicológica (Mailhiot, 1991). Reafirmar valores de seu grupo ou buscar reconhecimento social a partir da adoção de valores mais próximos aos dominantes é um dos conflitos há tempos referido pelos grupos "minoritários".

Em Vigiar e Punir, Michel Foucault (1975) localiza o aparecimento do conceito de normalidade como decorrência da instauração do poder disciplinar surgido no Ocidente a partir do final do século XVII. Segundo o autor, a normalidade é oriunda da necessidade de transformação e aperfeiçoamento dos indivíduos em corpos dóceis e úteis, mediante estratégias de domesticação e controle, resultando na homogeinização e na coibição de possíveis desvios. Uma das esferas de domesticação é a sexualidade. Se outrora os dispositivos de controle estavam centrados nos saberes médico, jurídico e moral (Foucault, 1984), na atualidade a mídia emerge como um lugar privilegiado de controle, que funciona como disseminador de discursos de "verdade" sobre a sexualidade.

A forma como a lesbianidade foi tratada, a busca por uma aproximação do que se considera como "real", se traduz como um exemplo de transgressividade? Num terreno de múltiplas possibilidades, a relação afetivo-sexual construída por Eleonora e Jenifer é configurada por meio de uma linha "evolutiva", que vai da constituição de um "casal" nos moldes do padrão hegemônico da heterossexualidade ao empilhamento de outras instituições que o acompanham - casamento, conjugalidade, monogamia e família.

Butler (2003) chama atenção para os riscos políticos e teóricos de limitar a discussão da normalização da homossexualidade/lesbianidade no casamento e na família em termos de uma simples escolha "a favor ou contra". A autora pondera que, ao se pleitear o reconhecimento do Estado para as relações homossexuais/lésbicas, os poderes de normalização do Estado se intensificam, estreitando a margem de pensar um projeto radical no campo sexual que inclua práticas sexuais fora do casamento e das obrigações do parentesco. A polarização entre legitimidade e ilegitimidade no âmbito sexual e a insistência em buscar essa legitimação pelo Estado acabam por criar novas hierarquias e distinções entre o que é legítimo e ilegítimo - quem, e o que, está incluído na norma?

Prosseguindo com as análises de Butler (2003), seria interessante perguntar: quais práticas, na contemporaneidade, estão aptas à esfera da representabilidade? Como pensar politicamente sem incluir as esferas das posições nãorepresentáveis? A autora sugere que análises sobre questões como o casamento gay e lésbico sejam críticas de seus pressupostos e da forma como estão se qualificando em termos de um discurso político significativo. Diferentemente do que acontece na novela, na qual não há lugar para o "abjeto", tampouco para a desestabilização das normas sociais, o caminho da subversão seria a aposta numa via promissora que desestabilizasse as categorias identitárias construídas e naturalizadas pelo ordenamento jurídico.

Percorrendo as premissas de Butler (2003), Miskolci (2007) propõe pensar os processos de normalização/institucionalização de determinadas práticas, entre elas a homossexualidade/lesbianidade. O autor identifica a racionalidade do "perigo" como um dos discursos que legitima a exclusão das práticas afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Ele assinala que, desde a invenção da homossexualidade no final do século XIX, a possibilidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo representou uma suposta ameaça à ordem social. Porém, argumenta que esses temores sociais não apenas construíram a identidade supostamente "ameaçadora" do homossexual e da lésbica, mas também marcaram a constituição dos movimentos afirmativos de gays e lésbicas em busca de mecanismos de legitimação social. Como ocorre em parte do movimento homossexual/lésbico, o "casamento" é apresentado na novela como a estratégia que garantirá o reconhecimento e a legitimação.

Concordo com a análise de Rubin (1989), ao propor a hierarquização social das práticas sexuais, assinalando que determinadas práticas são mais valoradas e aceitas do que outras, dependendo da época e do contexto envolvidos. Na "roda dos prazeres" proposta pela autora, a sexualidade transita dos extremos "boa" e "má", mantendo uma faixa de respeitabilidade que está totalmente referida a contextos sociais distintos. A autora percebe que existem articulações entre marcadores sociais que são mais favorecidos do que outros na eleição sobre que práticas sexuais são consideradas mais elegíveis.

Apesar de essas análises não focalizarem especificamente o universo da mídia e das novelas, elas são úteis para pensar na forma como foram apresentadas as cenas eróticas dos casais heterossexuais e do par lésbico. As cenas eróticas do par lésbico aconteceram sempre precedidas ou sucedidas por sequências de casais heterossexuais, demarcando a hierarquização das práticas sexuais na novela. A via da hierarquização das práticas sexuais parece ser a forma encontrada na novela para silenciar a possibilidade de conceber a eroticidade da relação de Leo e Jen como algo plausível, o que só acontece pela via da insinuação ou da metáfora por meio da intimidade heterossexual.

 

Considerações Finais

É inegável o lugar ocupado pelos meios de comunicação na difusão dos corpos e das sexualidades na contemporaneidade. O investimento do poder no corpo, descrito inicialmente por Foucault (1984) e ampliado por Butler (2003), requer estratégias diferentes em tempos distintos. Com o advento dos meios de comunicação, as estratégias de produção dos corpos e das "sexualidades" atingem mais rapidamente, e de forma mais eficiente, os corpos. Por meio da imaginação, ativada pela circulação incessante de imagens e textos, o simbólico se encarrega de proliferar, produzir e incitar a sexualidade. Assim, apesar do inegável avanço na discussão de temas pouco visibilizados na mídia, a inclusão do tema lesbianidade na novela, embora contemple a necessidade de explorar assuntos pouco abordados, talvez seja insuficiente para desconstruir/desestabilizar valores tradicionais.

A polarização repúdio/aceitação é um dos motores que os veículos de comunicação utilizam para manter o interesse da audiência. No entanto, essas posições variam durante a linha narrativa da novela, indicando que as opiniões podem mudar segundo contextos, interações e negociações ocorridas. Sebastião e Giovani, pais de Eleonora e Jenifer, respectivamente, a princípio, manifestaram, de diferentes modos e intensidades, aceitar o relacionamento de ambas. Os diálogos se mostram persuasivos pela força legitimadora da ideia de amor, de casal, de família e de maternidade, culminado na mudança de atitude, primeiro de Giovani e depois de Sebastião. A argumentação que prevalece no texto é baseada na díade amor e família e as personagens Giovani e Sebastião atuam como guardiões e disseminadores de normas sociais. Fonseca (1995) lembra a necessidade de questionar noções naturalizadas como o amor e a família.

Assim, a construção de perfis "bem comportados" e adequados, tendo como referência a norma heterossexual e a tônica do amor romântico, aliados ao poder de sedução do drama, constituíram aspectos fundamentais para a permanência do assunto na novela. A mídia, especialmente a telenovela, tem uma forma particular de gerar e disseminar mensagens, atuando como espaço institucionalizado e com tendência normalizadora que constrói, reproduz e veicula repertórios sobre comportamento amoroso.

Os resultados da análise apontam para um duplo efeito na introdução da temática

lesbianidade na novela. Por um lado, há um processo de assimilação da categoria lésbica, provocando o efeito de maior "familiarização" com o assunto na sociedade, bem como de circulação de códigos/modelos que propiciam a legitimação de relações entre pessoas do mesmo sexo. Por outro, a forma como ocorrem os processos de legitimação/aceitação não propicia a desestabilização das normas e dos modelos hegemônicos. A retórica discursiva da novela é construída a partir da ideia de "casal", cuja referência se inscreve na biologia (macho e fêmea), modelo naturalizado da expressão de sexualidade e que orienta a caracterização da relação entre Eleonora e Jenifer em termos de polaridades. A forma como a temática na novela é conduzida aponta para uma tendência à normalização, reposicionando os sentidos da lesbianidade dentro da categoria "normal".

Ao incluir o tema da lesbianidade, a novela expõe o que Butler (2003) denomina de "o dilema por reconhecimento público". Por um lado, viver sem as normas do reconhecimento público pode gerar sofrimento psíquico e limitações de toda ordem; por outro, se as normas de reconhecimento não forem desafiadas criticamente, a demanda por reconhecimento pode resultar em processos de hierarquia social, fortalecendo o poder de normalização do Estado.

O paradoxo da mídia parece ser de que, apesar de ela atuar como uma via para a reflexão de temas polêmicos, como no caso da visibilização da lesbianidade na novela Senhora do Destino, há limites intrínsecos ao campo midiático para se afirmarem práticas e identidades não-hegemônicas; portanto, é preciso ter cautela quanto ao papel transgressor da mídia televisiva.

Na tensão entre reproduzir e manter discursos socialmente construídos e legitimados, talvez o grande desafio da mídia, e em especial da telenovela, seja produzir rupturas no que se refere a apresentar noções e posições de pessoas que ultrapassem exemplos que reiteram normas sociais. A telenovela, como um produto cultural da televisão submetido à regulação de seus conteúdos, tende a reiterar determinados modelos mais próximos daquilo que se reconhece como legítimo. Especificamente nessa telenovela, a estratégia de pautar e manter o tema da lesbianidade só pôde ocorrer por meio de aproximações com identidades ou práticas socialmente instituídas - família, maternidade e casamento. No entanto, pode-se afirmar que, mesmo não rompendo com as normas sociais, os efeitos de desestabilização e familiarização sugerem a possibilidade de aceitação/convivência.

 

Referências

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Documento Consultado

Senhora do Destino. Autoria: Aguinaldo Silva. Colaboração: Filipe Miguez, Maria Elisa Berredo e Nelson Nadotti. Direção: Luciano Sabino, Marco Rodrigo, Cláudio Boeckel e Ary Coslov. Direção geral: Wolf Maia. Rio de Janeiro, Rede Globo. Exibida às 21h em 221 capítulos, de 28 de junho de 2004 a 12 de março de 2005. Recuperado em 21 março, 2007, de http://www.teledramaturgia.com.br/alfabetica.htm

 

 

Recebido em: 10/05/11
Aceito em: 27/06/11

 

 

1 Apoio: CAPES
2 Contato: esinel@uol.com.br
3 Tradução informal de Mary Jane Spink, abril de 1996, utilizada para subsidiar as discussões do Núcleo Práticas Discursivas e Produção de Sentidos da PUC/SP.