SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.4 número2Avaliação de famílias ribeirinhas: uma proposta adaptada ao contextoEntre velhos e outros nem tão idosos assim: cuidado de si em tempos de biopoder índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

versão On-line ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.4 no.2 Juiz de fora dez. 2011

 

ARTIGOS

 

Reuniões mediúnicas espíritas: explorando significados e efeitos para seus participantes

 

Spiritist mediumnic meetings: exploring meanings and effects for the participants

 

 

Silvia Regina Vergílio1; Adriano Furtado Holanda

Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil

 

 


RESUMO

Mediunidade e comunicação com espíritos têm um papel relevante na cultura brasileira e estão presentes em diversas religiões. Trabalhos na área de Psiquiatria relacionam mediunidade com saúde mental e investigam o tratamento espírita de psicopatologias. Estudos no campo da Psicologia da Religião apontam que práticas religiosas provocam diferentes repercussões nos indivíduos e ressaltam a importância de investigá-las. Entretanto, na literatura psicológica, observa-se que o efeito das práticas mediúnicas não foi ainda suficientemente explorado. O objetivo deste trabalho é investigar os efeitos da participação dos médiuns em reuniões mediúnicas dentro do Espiritismo. Utilizando o método qualitativo fenomenológico, os significados da experiência mediúnica e da participação nessas reuniões foram explorados por meio dos relatos de três médiuns em entrevistas abertas. Procurou-se investigar se os efeitos auxiliam ou não os indivíduos a se adaptarem e funcionarem dentro de seus contextos sociais, buscando contribuir para um melhor entendimento desse fenômeno religioso.

Palavras-chave: Psicologia da Religião, Espiritismo, Fenomenologia


ABSTRACT

Mediumnic phenomena and communication with spirits play a relevant role in the Brazilian culture, and are present in several religions. Some works in the field of Psychiatry relate mediumnic phenomena with mental health and investigate the spiritist treatment of psychopathologies. Studies in Psychology of Religion point out that religious practices result in different effects in the individuals, and highlight the importance of studies to investigate such effects. However, in the psychological literature, the effects of mediumnic practices have not been sufficiently explored. Given this context, the goal of the present work is to investigate the effects of the participation of gifted people in mediumnic meetings within Spiritism. By adopting a qualitative phenomenological method, the meanings associated to the mediumnic experience and to the participation in such meetings were explored by means of interviews conducted with three mediums, participants in mediumnic practices within Spiritism. The work investigates whether these effects help the individuals to adapt and work out in their social context. It contributes to better understand this religious phenomenon.

Keywords: Psychology of Religion, Spiritism, Phenomenology


 

 

A religião é um fenômeno de tal complexidade que não encontra, na Psicologia, uma definição ou delimitação consensual para o termo, sendo esta considerada uma invenção essencialmente humana e um objeto de investigação que envolve diferentes dimensões: experiencial, psicológica, sociológica, antropológica, histórica, política, teológica e filosófica (Farris, 2002). A religião é um constructo multidimensional que contém diferentes aspectos que podem receber ênfases distintas, dependendo da perspectiva teórica e da investigação que se deseja fazer (Dalgalarrondo, 2008).

Segundo Farris (2002), há duas opiniões extremas quando se trata de relacionar Psicologia e Religião. A primeira opinião considera Psicologia e Religião categorias totalmente separadas de estudo e conhecimento. A segunda opinião extrema é considerar o comportamento religioso um tipo específico de experiência, seja esta psicológica, bioquímica ou social. Percebe-se que essas duas posições são limitadas em suas dimensões, dado que ambas partilham estruturas e relações sociais, políticas e econômicas complexas, que precisam ser consideradas, e isso torna suas relações bastante controversas.

A Psicologia da Religião envolve o estudo de como o indivíduo se posiciona em relação ao objeto religioso que lhe é proposto na cultura e na sociedade, seja para acolhê-lo ou rejeitá-lo. Assim, o objeto da Psicologia da Religião seria estudar o que é psicológico na religião (Paiva, 1999). Há duas grandes perspectivas a respeito do estudo psicológico da religião: a) uma perspectiva puramente descritiva do que é ou não religião, que descreve comportamentos religiosos específicos em termos do comportamento humano e como eles se expressam dentro de contextos sociais e culturais; e b) uma segunda perspectiva, que combina a descrição do comportamento religioso com a análise de como ele funciona, para ajudar os indivíduos e grupos a adaptarem-se e entenderem o mundo (Paiva, 1999).

O presente trabalho insere-se dentro da segunda perspectiva, na qual, segundo Farris (2002), a questão mais importante é investigar que tipos de comportamentos religiosos ou de crenças religiosas contribuem para o comportamento positivo de indivíduos ou grupos e quais podem contribuir para o comportamento destrutivo, ou seja, trata-se de investigar quais são os efeitos da religião para o indivíduo ou um grupo. Ainda segundo Farris (2002), um comportamento é positivo se ajuda os indivíduos ou grupos a se adaptarem e funcionarem dentro de contextos sociais como uma habilidade de funcionar e crescer. Nessa perspectiva, uma questão relevante, embora pouco explorada, é a de como diversas religiões lidam com fenômenos ditos psicopatológicos, sendo que muitos deles estão culturalmente constituídos e sancionados e apresentam diferentes repercussões sobre os indivíduos (Dalgalarrondo, 2008).

No Brasil, muitos desses fenômenos estão relacionados desde há muito tempo com a influência de espíritos e mediunidade. Isso pode ser devido à herança cultural e religiosa dos povos indígenas e africanos, e às características do catolicismo brasileiro, que, sendo bastante flexível, incorporou diversos elementos de outras práticas religiosas (Dalgalarrondo, 2008).

O fenômeno da mediunidade está associado a diversos aspectos culturais, comportamentais, éticos e políticos (Dalgalarrondo, 2008). Um exemplo desses aspectos e mais relacionado ao presente trabalho é a criação de hospitais psiquiátricos espíritas em todo o Brasil, que oferecem um tratamento espiritual além do psicológico e médico.

O fenômeno mediúnico está associado à prática religiosa denominada reunião mediúnica, encontrada em diversas religiões, mais notadamente no Espiritismo Kardecista (Kardec, 1988), que tem como grandes expoentes as figuras de Bezerra de Menezes e Chico Xavier. As reuniões mediúnicas espíritas têm como objetivo auxiliar espíritos que sofrem e se comunicam por meio de médiuns. Muitos desses espíritos estão angustiados e confusos, pois não sabem que rumo tomar na sua nova situação após a desencarnação. Outros experienciam sentimentos de ódio e vingança que os fazem infelizes. Alguns sentem ainda as mesmas dores de doenças das quais eram portadores no período de sua existência corporal.

Além de relacionar esses fenômenos à mediunidade, é bastante comum associá-los com saúde mental ou com psicopatologias. Com esse objetivo, destacam-se diversos trabalhos, principalmente da área da Psiquiatria, que mostram a influência da mediunidade na construção das ideias da Psiquiatria e da Psicologia (Jackson & Fulford, 2003; Alvarado, Machado, Zangari, & Zingrone, 2007; Araújo, 2007; Almeida, 2007; Almeida, Oda, & Dalgalarrondo, 2007; Jabert, 2008). As relações entre Psiquiatria e Espiritismo no Brasil foram temas de estudo de diversos trabalhos (Almeida, 2007; Almeida, 2004; Jabert, 2008; Isaia, 2006, 2008, 2009; Almeida, Almeida, & Lotufo Neto, 2004), que apontam para a existência, no passado, de opiniões divergentes entre psiquiatras: alguns associavam a prática mediúnica à causa de psicopatologias e outros que a consideravam apenas manifestações étnicas ou culturais. Muitos desses trabalhos apontam histórias de conflito entre Psiquiatria e Espiritismo, mas, nos dias atuais, haveria uma tendência à remissão desse conflito e a possibilidade de diálogo com a fundação de sociedades médico-espíritas (Araújo, 2007).

Puttini (2004) estuda as instituições hospitalares administradas por espíritas, no esforço de compreender as relações entre os diferentes agentes terapêuticos. Muitos trabalhos atuais versam sobre o tratamento espiritual dado às doenças mentais. Em um estudo experimental, Leão e Lotufo Neto (2007) confirmam a hipótese de que práticas espirituais contribuem com resultados positivos na evolução clínica e comportamental de pacientes portadores de deficiência mental. Atualmente, considera-se que não há elementos que possam relacionar as experiências relativas à mediunidade à causa ou desencadeamento de transtornos mentais, sobretudo quando ancoradas em grupos religiosos e práticas culturalmente sancionadas.

Uma nova posição da Psiquiatria frente aos fenômenos mediúnicos também é defendida por Almeida (2004). Ele pesquisou o perfil sociodemográfico e a saúde mental em 115 médiuns em atividade, que trabalham com sua mediunidade em centros espíritas de São Paulo e a história de suas atividades mediúnicas. Como resultado desse estudo, verificou-se que os médiuns apresentavam baixa prevalência de transtornos mentais e alto nível socioeducacional com boa adequação social, concluindo que a me1diunidade, muito provavelmente, constitui-se numa vivência diferente do transtorno de identidade dissociativa e também não pode ser associada a dificuldades de adaptação social. O trabalho evidencia a necessidade de se enxergar o fenômeno mediúnico de outra forma dentro da Psiquiatria, considerando que a participação em reuniões mediúnicas não leva a psicopatologias.

Em resumo, os trabalhos existentes procuram investigar as relações entre Espiritismo (ou mediunidade) e o tratamento de psicopatologias sem, entretanto, pesquisar quais os efeitos para os médiuns que participam ativamente de reuniões mediúnicas, não respondendo às questões relevantes para a Psicologia da Religião apontadas por Farris (2002) e mencionadas anteriormente.

Na intenção de contribuir para a resposta a essas e a outras questões, o presente trabalho tem como objetivo a investigação dos possíveis efeitos das reuniões mediúnicas em seus participantes, procurando compreender se essa participação auxilia ou dificulta os médiuns nas suas vidas cotidianas e se essa prática religiosa possibilita ou não comportamentos saudáveis, tais como os definidos por Farris (2002). Utilizando o método qualitativo de base fenomenológica, foram realizadas entrevistas individuais com três médiuns que trabalham ativamente em reuniões espíritas kardecistas, para explorar como eles vivenciam a experiência e prática da mediunidade e os efeitos dessa vivência em suas vidas.

 

Metodologia utilizada

Participantes

A amostra desta pesquisa é constituída por três sujeitos (médiuns), os quais trabalham ativamente em reuniões mediúnicas. Primeiramente, procurouse um Centro Espírita filiado à Federação Espírita do Paraná e foi obtida a autorização com o coordenador dos grupos mediúnicos da casa, o qual nos indicou um grupo mediúnico e o contato de alguns membros que poderiam participar. O critério de seleção dos indivíduos foi aceitação e disponibilidade no momento da realização das entrevistas. Todos assinaram o termo de consentimento livre esclarecido de acordo com as recomendações do Comitê de Ética que aprovou a pesquisa2.

Os participantes são identificados no texto por P1, P2 e P3 e suas características estão na Tabela 1. São duas mulheres e um homem, com idade e graus de escolaridade variados. Somente P1 não tem filhos. O tempo na doutrina espírita também varia entre eles. P1 é espírita há mais tempo. Entretanto, o tempo de participação no mediúnico dos três participantes é igual: em torno de três anos.

Instrumento

As entrevistas foram realizadas no centro espírita, e uma delas (a entrevista com P3), na casa da entrevistada, conforme sugerido por ela própria. Foram realizadas entrevistas abertas, semiestruturadas, individuais e gravadas em áudio, tendo como guia um roteiro que serviu - com exceção do primeiro item (identificação) - de temas de acordo como os objetivos a serem explorados na investigação, a fim de deixar o indivíduo livre para expor sua experiência. O roteiro (temas) é o seguinte:

1. Identificação do entrevistado (nome, endereço, idade, formação - escolaridade -, profissão, estado civil, filhos, participante há quanto tempo, tipo de mediunidade etc.).

2. Sobre a trajetória do participante na doutrina espírita: eventos, relatos de experiência dentro e fora, anteriores ou não à sua entrada na doutrina espírita.

3. Sobre a trajetória do participante no grupo mediúnico: eventos, relatos de experiência dentro e fora, anteriores ou não à sua entrada no grupo mediúnico.

4. Sobre sentimentos com relação à mediunidade e às reuniões mediúnicas.

 

Método

O método usado é o qualitativo de base fenomenológica, direcionado para os significados da experiência vivida pelo próprio sujeito. Isso indica que, apesar de se ter em mente um determinado tema, a investigação não deve ser dirigida para questões específicas ou para testar hipóteses prévias (Bogdan & Biklen, 2003). A base fenomenológica é diferente da de outros métodos qualitativos, pois visa a explorar, o mais exaustivamente possível, os significados psicológicos da experiência estudada. O referido método segue estas três etapas: a) Descrição fenomenológica, b) Redução fenomenológica e c) Interpretação fenomenológica (Gomes, 1998). Na etapa da Descrição fenomenológica, os significados da experiência mediúnica foram explorados por meio dos relatos dos próprios médiuns em entrevistas abertas. Na etapa da Redução fenomenológica, foram construídas, com todos os componentes vivenciados e verbalizados em cada unidade temática, as chamadas estruturas significativas, distinguindo nelas seus elementos invariantes, ou seja, vivenciados por todos os participantes da pesquisa e seus elementos variantes, vivenciados apenas por um ou alguns deles. E na etapa da Interpretação fenomenológica, foi explorado o sentido prático de como o participante vivencia, na sua vida cotidiana, os significados invariantes verbalizados.

 

Principais resultados

Numa primeira etapa, realizou-se a análise dos relatos dos médiuns nas entrevistas, a partir dos quais alguns assuntos comuns foram identificados, dentro dos temas abordados pelo roteiro da entrevista. A Tabela 2 apresenta um quadro resumo dos principais assuntos que apareceram nos relatos referentes à temática sobre a trajetória na doutrina espírita. A Tabela 3 apresenta os assuntos relativos aos temas trajetória no grupo mediúnico e significado da mediunidade. Nestas Tabelas, os componentes ou estruturas invariantes (o que aparece no relato dos três componentes) são apresentados em negrito. Os comuns a somente dois dos relatos também são ressaltados com um grifo.

Trajetória na doutrina espírita

Observa-se, na Tabela 2, que nenhum dos entrevistados é oriundo de família espírita. Dois deles falaram que eram de família católica. Antes de entrarem para o Espiritismo, todos os entrevistados presenciaram algum tipo de fenômeno. Embora não haja um fenômeno particular em comum mencionado pelos três, destacam-se os seguintes fenômenos mencionados por pelo menos dois deles: efeitos físicos, visão de espíritos e previsão de acontecimentos.

Outro ponto observado é que, antes de esses fenômenos acontecerem, todos eles tiveram um primeiro contato com o Espiritismo por meio da leitura da obra O Livro dos Espíritos. Apenas no caso de P1, alguns fenômenos relatados aconteceram quase que imediatamente após a leitura, mas ela relata diferenças em suas percepções desde a infância. No caso dos demais participantes, a leitura foi muito anterior ao surgimento dos fenômenos. Não foi possível fazer uma correlação entre leitura e fenômenos que possa mostrar que os fenômenos seriam fruto de uma exacerbação da imaginação influenciada pela leitura. Mas esse pode ser um ponto de futura investigação.

Nos relatos dos participantes com relação aos sentimentos associados à vivência dos fenômenos observados, destaca-se um sentimento comum, que é o medo; medo do desconhecido e de haver alguma coisa fora do seu controle; medo da loucura. A seguir, o relato de P2, que caracteriza bem essa questão que é comum a todos.

[...] e eu passei aquele dia todo assim com aquele medo - Eu devo ter enlouquecido - e eu não queria que as pessoas soubessem, eu fiquei observando as pessoas para ver se elas notavam algo, que eu tinha passado dos limites, né. [...] e passei a achar que de fato minha percepção estava certa e que eu de fato não estava louco.

Vale a pena ressaltar que esse medo não diz respeito somente a si próprio. No caso dos dois entrevistados (P2 e P3) com família (marido ou filhos), existe um ponto comum, que é o desejo de ajudar e proteger seus entes queridos também. Veja o relato de P3:

E mais, quando eu entrei na doutrina mesmo, foi, a gente procura assim, quando está com um problema na família, né. Um problema que você não entende, né [...] Aí, chegou um ponto que eu falei assim, puxa vida, é esquizofrênico [...] Ah, eu sofria muito com aquilo, pensava será que esse homem vai ficar doido. Todo mundo sofria, mas eu pensava também que eu tinha que ajudar, e queria ajudar.

Apenas um dos entrevistados (P3) procurou auxílio médico psiquiátrico para o marido. Os outros dois (P1 e P2) descartaram uma doença ("loucura") e fizeram logo a ligação com o Espiritismo. No caso de P3, a ida ao centro foi mediante conselhos de vizinhos espíritas e levou um tempo maior. Percebe-se que, nesse caso, houve um maior sofrimento também, o que se observa no relato de P1, sobre a questão de tratamento médico, e no relato de P3, dizendo o que aconteceu com o marido após sua ida ao centro espírita.

Eu tinha certeza que não estava doente. Se eu fosse procurar um médico, até hoje penso nisso, eu estaria dopada até hoje [...] talvez a medicação mais eficaz que eu tenha encontrado foi essa, procurar se conhecer, saber como esse processo funciona, entre ambos os mundos, digamos assim (P1).

A partir de hoje, você vai deixar de tomar todos. E aí eu fiquei desesperada, pensei se esse homem parar de tomar esse remédio, ele vai surtar. Vai ficar louco, porque tava ruim, né [...] ele parou de tomar cinco medicamentos e não aconteceu nada, nada, nada até hoje. Não é impressionante? (P3)

Os efeitos do Espiritismo na vida dos entrevistados são particulares à história de vida de cada um e são apresentados de forma resumida a seguir. P1 se achava desde criança uma menina diferente das demais, com interesses diferentes; era tímida e não falava com estranhos. Os fenômenos que aconteciam com ela a perturbavam e a desequilibravam emocionalmente, deixando-a ainda mais insegura e irritada. Disse que, com a entrada na doutrina, conseguiu um melhor entendimento do que se passava com ela, começou a se sentir mais segura, conseguiu vencer em muitos sentidos a timidez, conversa agora com qualquer pessoa, acha-se "normal", sentindo-se mais calma e tranquila.

Já P2, quando criança, foi prometido pela família ao seminário para se tornar padre. Como isso não era sua intenção, precisou romper com a família e com a religião também para evitar a concretização da promessa, o que lhe trouxe um longo período de descrenças, incertezas e sofrimento (angústia). O ponto decisivo para frequentar o Espiritismo (chamado de divisor de águas por P2) foi a depressão do filho, causada por uma influenciação espiritual. Ou seja, para P2, um espírito estava influenciando o seu filho, causando-lhe tristeza e depressão. P2 comprovou essa influenciação mediante um fenômeno no qual pôde, ele mesmo, se comunicar com o espírito. Nessa comunicação, ficou sabendo que o espírito que influenciava seu filho era seu pai falecido há um ano. Essa comunicação possibilitou ajuda tanto ao espírito quanto ao filho. A comunicação de um segundo espírito levou P2 ao centro espírita, para prestar-lhe ajuda, mas também por ter interesse no fenômeno, já que a elucidação do mesmo poderia dar-lhe respostas para suas dúvidas. E foi isso que aconteceu. P2 relata que no dia em que foi a primeira vez à casa espírita sentiu-se bem, viu que havia possibilidade de uma religião sem exploração, pois ali ninguém lhe cobrava nada. Conseguiu resolver suas dúvidas e, como consequência, diminuir o sofrimento e a angústia, o que o levou a repensar toda a sua vida.

P3 relata que, antes de frequentar a doutrina espírita, sofria com dificuldades de relacionamento, principalmente com a família e a sogra, isso porque sempre queria mudar o comportamento do outro. O orgulho a fazia pensar que sempre estava certa. O que a fez procurar o Espiritismo foram os fenômenos estranhos que ela pôde presenciar. O marido mudava frequentemente de comportamento, tinha mania de perseguição, com possível diagnóstico de esquizofrenia, e estava realizando tratamento psiquiátrico. A filha era triste e nervosa, apresentava ideias suicidas, sendo capaz de provocar diferentes fenômenos de efeitos físicos. Após começar a frequentar o centro espírita, P3 disse que mudanças aconteceram de imediato. O marido parou de tomar os medicamentos e nunca mais teve problema. Ela aprendeu a lidar com os fenômenos que acontecia com a filha e a ensinar a própria filha a lidar com eles. Aprendeu a lidar com a sogra e a não impor tanto o seu ponto de vista. Os problemas de relacionamento melhoraram e se sente feliz.

Está claro, nos três relatos, um motivo comum que levou os três participantes a procurarem a doutrina: existia um sofrimento (originado por diferentes motivos relacionados à história de vida de cada um), algo de estranho estava acontecendo acompanhado de insegurança e eles precisavam entender mais sobre esse algo. Constata-se a diminuição desse sofrimento, analisando-se os sentimentos e comportamentos dos participantes antes e depois de se tornarem espíritas. Outro ponto comum é que os três entrevistados tinham problemas de relacionamento que eles conseguiram superar.

Trajetória no grupo mediúnico

A análise com relação a esse tema é feita a seguir com base na Tabela 3. Percebe-se que os relatos dos participantes com relação à trajetória no grupo mediúnico, sentimentos e comportamentos anteriores e atuais, confundem-se com aqueles mesmos relatados com relação à trajetória na doutrina espírita. Todos eles retomaram pontos descritos anteriormente como resposta à pergunta relacionada a esse tema, mas também acrescentaram novos, mais específicos com relação à mediunidade e ao seu trabalho no grupo, os quais serão analisados. Por exemplo, considerando os sentimentos com relação ao mediúnico, P1 diz que sempre quis evitar, visto que queria ser o mais normal possível e que trabalhar como médium poderia chamar atenção, mas que acabou indo porque tinha necessidade de auxiliar. Necessidade de ajudar também foi mencionada por P3. Apesar de não mencionada por P2 nessa questão, essa vontade de ajudar os espíritos também foi mencionada anteriormente (Tabela 2, item sobre o porquê de ter se tornado espírita), podendo também ser considerado um elemento invariante. A seguir, os comentários de P1 e P3, que refletem bem esse aspecto:

Acho que é por isso que eu decidi participar do mediúnico, porque eu sei que aquilo que eu faço lá não tem, assim, materialmente nada a esperar (P1).

Mas também tinha aquela vontade de ajudar, de fazer alguma coisa, pelos outros, encarnados e desencarnados (P3).

Um elemento comum somente a P2 e P3 é a curiosidade sobre as reuniões mediúnicas. Eles comentam que começaram a frequentar o mediúnico para conhecer, para ver como era. Mas, atualmente, a visão de ambos sobre isso mudou.

E era mais uma distração [...]. Eu ia lá de curioso, porque eu queria ver, né. [...] hoje eu não me importo de dar nenhuma comunicação, nenhuma. Então, realmente você conseguir chegar num ponto assim, que basta estar presente, porque esta curiosidade que eu tinha se extinguiu. Porque eu era assim, ah, eu vou anotar todas as comunicações do mediúnico, sair e divulgar para provar a mediunidade para todo mundo, porque para mim era uma coisa tão importante na vida, que eu achava que todo mundo tinha que passar por isso. E hoje eu vejo que não [...] e sinto claramente que de uma ou outra forma eu cedo energia ali, que eu estou participando, e que estou sendo útil, e isso me dá a satisfação e hoje me satisfaço com isso (P2).

Com relação a como eles experienciam (sentimentos, comportamentos) sua participação na reunião mediúnica atualmente, é unanimidade que todos se sentem bem, sentem-se ajudando e cedendo energia de alguma forma para o espírito comunicante.

Um assunto fundamental nesse tema é aquele relacionado ao modo como os entrevistados veem os efeitos das participações nos grupos mediúnicos em suas vidas. Dando um exemplo, o efeito comum a todos eles é a melhora nos relacionamentos. P2 e P3 ressaltam ainda que trabalham melhor seu orgulho e aceitam mais os outros. Outra melhoria sentida por P1 e também mencionada por P3 é a facilidade material. P2 diz que tudo ficou mais fácil e P3 diz que não se importa mais tanto com dinheiro. Um efeito comum a P1 e P3 é que ambas aprendem com os diálogos dos espíritos. P1 e P3 vivenciam seus sentimentos. P3 se emociona. Embora os relatos de P1 e P3 apresentem exemplos mais concretos dos efeitos, é unânime entre os entrevistados que suas vidas mudaram em todos os sentidos, tanto material como espiritual. Seguem os relatos:

É lutar contra, para aceitar que aquilo era parte da minha vida. E, olha, mudou muito a minha vida, assim, não só no sentido espiritual de eu ter mais tranquilidade, mais paz interior, mas parece que, assim, o mundo material mudou junto, assim, as minhas coisas, as preocupações com o mundo material mudaram muito também, está facilitando, quando a gente não se preocupa com as coisas materiais, elas vão acontecendo naturalmente. Então, em tudo, nos relacionamentos, no emprego, na família. Depois de tantos anos, até um namorado eu arranjei. Nesse sentido, eu cresci bastante. Amadureci. Acho que já sou normal (P1).

Mudou, nossa, a família [...] Eu devo ter mudado com as minhas atitudes [...] Então, eu mudei muito nesse ponto, né, trabalhando meu orgulho. [...] Não brigamos mais [...]. A gente pensava muito em ganhar dinheiro, em juntar. Hoje, não. A gente vive muito bem, não se preocupa mais tanto com o futuro. A gente vive, assim, de outra maneira (P3).

Um fato a ser investigado e mencionado apenas por P1 é que ela sente que a troca de energias que acontece na reunião mediúnica contribui para fortalecer o seu organismo físico:

Isso faz bem não só para nossa mente, mas também para nosso corpo [...] você doa energia que não é tão boa assim e recebe uma melhor depois, que é como fazer uma troca. Eu dou minha energia que não é tão boa assim, mas que é melhor que a do espírito que está se comunicando, e eu recebo a energia dos mentores do grupo e sinto paz. Então, fisicamente, eu acabo melhorando com isso. [...] para a parte psicológica, a gente recebe auxílio quando o dialogador está falando com o espírito.

Significado da mediunidade

Com relação ao significado da mediunidade, pode-se dizer que a experiência de participar em um grupo mediúnico dentro de uma casa espírita produziu muitos efeitos na vida de cada um, contribuindo para diminuir o sofrimento em um dado momento da vida deles. P1 vê na mediunidade uma oportunidade de auxiliar e a possibilidade de os médiuns se modificarem para melhor. Esse sentido também é compartilhado por P3, que menciona a palavra "evolução". Tanto P3 como P2 mencionam também a palavra mudança, com um sentido de recomeço e recondução. P2 refere-se à sua recondução para Deus e para a religião e P3, para um caminho certo. Interessante notar que, para ambos, a mediunidade também tem o significado de certeza, de resposta para as dúvidas, mostrando, para P3, qual direção seguir e provando, para P2, de que Deus e espíritos existem. Disso, tem-se um significado comum a todos os entrevistados, que é o de mudança, segundo eles, para melhor.

Parece que eles compartilham a ideia de que nunca estarão livres do sofrimento e que participar nos grupos mediúnicos possibilita-lhes aprender e utilizar os esclarecimentos que os espíritos recebem para lidar com seus problemas de uma maneira melhor (positiva), tornando-os, de certa maneira, felizes.

Eu encontrei pelo menos a solução para a maioria dos meus problemas psicológicos, através do estudo da mediunidade, que eu consegui aprender que tudo isso era real e que eu precisava aprender a conviver com tudo aquilo de maneira positiva. Aí, foi mudando. [...] A única coisa, assim, é que a mediunidade faz com que a pessoa se torne um pouco melhor do que ela é, porque você vê o sentimento dos outros, participa deles, e então você não pode dizer assim eu não conheço, porque a gente só pode dizer que eu conheço quando a gente vive, né. E as comunicações mediúnicas fazem a gente viver no trabalho da gente aquelas experiências que a gente não teria mesmo que a gente vivesse 100, 150 anos, porque não teria tempo de viver aquilo tudo (P1).

Aquilo para mim foi a mudança, né, realmente o divisor de águas, pois, a partir dali, eu tinha certeza. Para mim, foi uma mudança muito grande, ou eu estava louco. Mas como eu achava que não estava louco, então eu tive que reformar muita coisa. Isto muda muita coisa. [...] A mediunidade me conduziu à espiritualidade, não tenha dúvida. [...] Então, esta percepção de que a mediunidade, de que isso existe, me reconduziu para um lado espiritual melhor do que o anterior, né (P2).

Sem contar que a gente fica superemocionada [...] a gente aprende com os depoimentos que a gente ouve, lá dos espíritos. A gente vê o sofrimento, vê o quanto eles sofrem porque fizeram da maneira errada. Isso faz com que a gente procure fazer as coisas certas. [...] Acho que é esse aí de recomeço. Parece que tudo que a gente sabia, fazia, tava errado, parece que agora a gente tá no caminho certo [...] disse para mim [...] você é uma pessoa que sabe administrar seus problemas. Acho que é por isso que eu digo que não tenho problemas, que sou feliz (P3).

 

Discussão

Nesta seção, algumas questões são exploradas. Em primeiro lugar, com relação à chegada dos três participantes ao Espiritismo. Todos chegaram devido a fenômenos estranhos que eles não conseguiam explicar, geradores de medo, angústia e sofrimento. Percebe-se em P1, o primeiro que procurou tratamento psiquiátrico, que esse sofrimento foi maior e, em todos os relatos, o Espiritismo parece ter sido uma saída para muitos dos problemas dos entrevistados. Esses resultados estão de acordo com Dalgalarrondo (2008), que apresenta a religião como sendo uma explicação para fenômenos cotidianos de difícil compreensão e aceitação, e como doadora de significado à experiência humana, uma instância de significação e ordenação da vida, de seus reveses e sofrimentos. Nesse sentido, a religião é fundamental para os momentos de maior impacto, pois oferece um significado ao sofrimento.

Uma questão que pode ser colocada é: será que se os entrevistados fossem de família espírita esse sofrimento teria sido menor para eles? Essa questão poderá ser investigada em trabalhos futuros. Outra questão está relacionada ao rumo que os entrevistados tomaram: se eles tivessem frequentado outra religião, teriam encontrado o mesmo significado? P1 frequentava a igreja católica, que não lhe forneceu as "explicações" (significados) que buscava. Que rumos teriam seguido se não tivessem tido o contato inicial com a obra kardequina ou o Espiritismo? P1 relata a certeza de não precisar de tratamento médico e de ter alcançado a adaptação social que parecia distante dado o seu desequilíbrio. Já P2 relata a certeza de não estar loucotr.

Esses relatos parecem muito contraditórios com aqueles relatados por Drury (1973). Em seus estudos, ele observou que o tratamento dos problemas físicos de seus pacientes fazia desaparecer os problemas espirituais. Um fato a ser investigado e mencionado apenas por P1 é que ela sente que a troca de energias que acontece na reunião mediúnica contribui para fortalecer o seu organismo físico. Será que os médiuns estariam menos sujeitos a doenças físicas também? Essa é uma questão a ser explorada, ou seja, o inverso do trabalho de Drury (1973), o tratamento espiritual auxiliaria no tratamento ou evitaria o aparecimento de problemas físicos?

Há que se considerar que todos os indivíduos entrevistados, apesar de relatarem experiências espirituais que podem ser consideradas sintomas psicopatológicos e de terem relatado no passado certo grau de desequilíbrio emocional, possuem atualmente alto grau de adaptação social. Uma explicação para isso caminha na direção da relevância da religião, tal como apontado pelo trabalho de Jackson e Fulford (2003), que assinalam o campo religioso como um contexto cultural no qual o indivíduo consegue se aceitar como normal e, assim, não desenvolver patologias. A distinção entre experiência religiosa e psicopatologia depende da maneira pela qual os próprios fenômenos estão inseridos nos valores e crenças de cada paciente. Jackson e Fulford (2003) consideram a natureza corriqueira dessas experiências espirituais - 30% a 60% da população relatam ter sentido uma presença espiritual - e seus significados para os indivíduos mostram que uma atenção maior a esses fatos deve ser dada.

Dalgalarrondo (2008) fornece um quadro com 14 características a serem consideradas para se diferenciarem experiências espirituais e psicopatológicas, tais como as relatadas pelos entrevistados: conteúdo das vivências, experiências sensoriais, grau de certeza e insight, duração, orientação com relação a outras pessoas, positividade e implicação do sujeito etc. Dessas experiências, destaca-se o diagnóstico de esquizofrenia recebido pelo marido de P3. Percebe-se que, no caso dos entrevistados, algumas dessas características se apresentavam de maneira patológica antes do Espiritismo. Por exemplo, havia falta de controle e insight, os entrevistados se sentiam passivos diante dos fenômenos para os quais não conseguiam atribuir sentido e viviam orientados para si. Após a entrada na doutrina e o trabalho com a mediunidade, as vivências começaram a ter um sentido positivo para eles, sentido de autorrealização, de orientação para o outro, de auxílio aos demais por meio da sua mediunidade. É o que Dalgalarrondo (2008) chama de produção de frutos espirituais e de o sujeito se perceber agindo e produzindo sua vida.

Isso está intimamente ligado ao significado que a mediunidade tem para os entrevistados. O significado comum é o de mudança numa direção positiva, para melhor. Para eles, participar nos grupos mediúnicos possibilita-lhes aprender e utilizar os esclarecimentos que os espíritos recebem para lidar com seus problemas no dia a dia. Parece que a prática da mediunidade permite uma interlocução que promove a saúde nos indivíduos, para permitir sua capacidade de crescimento e de adaptação ao seu contexto social, tal como apontado por Farris (2002).

 

Considerações finais

O objetivo do trabalho foi estudar os possíveis efeitos da prática de reuniões mediúnicas, investigando como os médiuns participantes vivenciam essa experiência. Para todos os entrevistados, a prática da mediunidade dentro do Espiritismo é a chave para a resolução de seus problemas: problemas de relacionamento e familiares, problemas de falta de significado para grandes questões existenciais, tais como: existe ou não alma? O que acontece após a morte? Por que isso está acontecendo comigo? A mediunidade é a prova que precisavam; a certeza para suas dúvidas. Nela, encontraram o significado para o sofrimento, que passaram a compreender e a enfrentar para alcançar mudanças positivas em suas vidas. Pode-se dizer que, para todos eles, a mediunidade veio acompanhada de sofrimento, mas que conseguiram compreendê-lo e integrar essa compreensão à sua totalidade psicológica, transformando suas experiências, que à primeira vista pareciam patológicas, em episódios significativos e de autossatisfação. Esses resultados são corroborados pelos de Magalhães (1997), que diz ser a religião um ato fundamental da constituição humana e ressalta sua capacidade de transcender as relações sociais e buscar a autossatisfação na subjetividade do encontro com o sagrado.

As experiências dos entrevistados poderiam ter sido identificadas como patológicas, mas elas passaram a ser consideradas normais após a entrada para o Espiritismo não só dado o contexto religioso, mas também, e principalmente, pelo controle exercido sobre as mesmas que os entrevistados conseguiram alcançar. Isso mostra que, para os entrevistados, a participação nas reuniões espíritas é de alguma forma terapêutica.

Outras possíveis investigações derivadas do presente trabalho envolvem explorar a trajetória e o significado associado à mediunidade para participantes originários de famílias espíritas, a fim de verificar possíveis diferenças com relação aos entrevistados. Dado o relato de P1, parece também ser interessante realizar um trabalho inverso ao de Drury (1973), para investigar se o tratamento espiritual e a participação no grupo mediúnico auxiliam ou evitam o aparecimento de problemas físicos. Estariam os médiuns menos sujeitos a doenças?

Existem, portanto, ainda questões a serem investigadas. Este trabalho representa apenas um primeiro passo para auxiliar a compreender melhor essa prática religiosa e os valores envolvidos que não podem passar despercebidos aos profissionais da Psicologia.

 

Referências

Almeida, A. A. S. (2007). Uma fábrica de loucos: psiquiatria e espiritismo no Brasil (1900 - 1950). Tese de doutoramento, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.         [ Links ]

Almeida, A. A. S., Almeida, A. M., & Lotufo Neto, F. (2004). A mediunidade vista por alguns pioneiros na área de saúde mental. Revista Psiquiatria Clínica, 31(3),132-141.         [ Links ]

Almeida, A. A. S., Oda, A. M. G. R., & Dalgalarrondo, P. O. (2007). O olhar dos psiquiatras brasileiros sobre os fenômenos de transe e possessão. Revista de Psiquiatria Clínica, 4(1),34-41.         [ Links ]

Almeida, A. M. (2004). Fenomenologia das Experiências Mediúnicas: Perfil e Psicopatologia de Médiuns Espíritas. Tese de doutoramento, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.         [ Links ]

Alvarado, C. S., Machado, F. R., Zangari, W., & Zingrone, N. L. (2007). Perspectivas históricas da influência da mediunidade na construção de ideias psicológicas e psiquiátricas Revista Psiquiatria Clínica, 34(1),42-53.         [ Links ]

Araújo, E. S. (2007). Médicos, Médiuns e Mediações. Um Estudo Etnográfico sobre médicos-espíritas. Dissertação de mestrado, Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.         [ Links ]

Bogdan, R., & Biklen. (2003). Qualitative Research for Education-an Introduction to Theories and Methods. Boston: Ally and Bacon.         [ Links ]

Dalgalarrondo, P. (2008). Religião, psicopatologia e saúde mental. São Paulo: Artmed.         [ Links ]

Drury, M. O. C. (1973). Madness and Religion. The danger of words. Londres: Routledge and Kegan Paul.         [ Links ]

Farris, J. R. (2002). Psicologia e religião. A relação entre religião e saúde mental. Estudos de Religião, 22,163-178.         [ Links ]

Gomes, W. (1998). Fenomenologia e Pesquisa em Psicologia. Porto Alegre: Editora Universidade.         [ Links ]

Isaia, A. C. (2006). Espiritismo, modernidade e discurso médico-psiquiátrico: a tese de Brasílio Marcondes         [ Links ]

Machado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 26. Recuperado em 12 janeiro, 2009, de http://sbph.org/reuniao/26/trabalhos/Artur%20Cesar%20Isaia.pdf        [ Links ]

Isaia, A. C. (2008). O discurso médico-psiquiátrico em defesa do Espiritismo na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro nos anos 1920. Revista Brasileira de História das Religiões, 1(1),206-212.         [ Links ]

Isaia, A. C. (2009). O campo religioso brasileiro e suas transformações históricas. Revista Brasileira de História das Religiões, 3,95-105.         [ Links ]

Jabert, A. (2008). De médicos e médiuns: Medicina, Espiritismo e loucura no Brasil da primeira metade do século XX. Casa de Oswaldo Cruz. Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde, Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.         [ Links ]

Jackson, M., & Fulford, K. W. M. (2003). Experiência Espiritual e Psicopatologia. In M. H. Freitas & I. Ghesti. Experiência Espiritual e Psicopatologia [Série texto didático] (pp. 9-58). Brasília: Universa.         [ Links ]

Kardec, A. (1988). O livro dos espíritos (S. Gentile, Trad.) (40a ed.). Araras: Instituto de Difusão Espírita.         [ Links ]

Leão, F. C., & Lotufo Neto, F. (2007). Uso de práticas espirituais em instituição para portadores de deficiência mental. Revista de Psiquiatria Clínica, 42(1),54-59.         [ Links ]

Magalhães, A. C. M. (1997). Método de pesquisa em ciências da religião: revisando paradigmas. Estudos de Religião, 13,9-24.         [ Links ]

Paiva, G. J. (1999). Psicologia e religião na discussão atual. Estudos de Religião, 16,15-26.         [ Links ]

Puttini, R. F. (2004). Medicina e religião no espaço hospitalar. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 22/01/11
Aceito em: 29/11/11

 

 

1 Contato: srvergilio@gmail.com
2 A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro (HEPBR), Curitiba, PR. Folha de rosto: 291514, CAAE: 00007.0.087.000-09.