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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

On-line version ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.6 no.1 Belo Horizonte June 2013

 

ARTIGOS

 

Alegria momentânea: paradas do orgulho de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais

 

Momentary joy: lesbians, gays, bisexuals, travestites and transsexuals pride parades

 

 

Jaqueline Gomes de Jesus1

Universidade de Brasília, Brasília, Brasil

 

 


RESUMO

Paradas do orgulho de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) são eventos de visibilidade para essa população. Originadas nos Estados Unidos como marchas de denúncia ante a violência contra homossexuais, no Brasil se tornaram manifestações com características carnavalescas. O presente estudo investigou as paradas a partir das percepções dos seus participantes. Foram aplicados 183 instrumentos de evocação ao termo "parada" para frequentadores das paradas de Brasília (n=123) e Goiânia (n=60). Os dados foram analisados por meio do software EVOC. Observou-se que os termos mais evocados das paradas são "alegria" (F=46, RM=1,978), "diversidade" (F=25, RM=2,360) e "liberdade" (F=8, RM=2,412). Conclui-se que os participantes compreendem as paradas como momentos propícios à liberdade de expressão dos afetos.

Palavras-Chave: Movimentos sociais, Orientação sexual, Identidade de gênero, Evocação.


ABSTRACT

Lesbians, Gays, Bisexuals, Travestites and Transsexuals (LGBT) pride parades are events of visibility to this population. Originated in the United States as marches of complaint due to the violence against homosexuals, in Brazil these parades became manifestations with carnival-like characteristics. The present study investigated the parades through the views of their participants. One hundred and eighty three (183) instruments evoking the term "parade" were applied to people attending the parades in Brasília (n=123) and Goiânia (n=60). The data were analyzed by means of the software EVOC. It was noticed that the more evoked terms were "joy" (F=46, RM=1,978), "diversity" (F=25, RM=2,360) and "freedom" (F=85, RM=2,412). The conclusion was that participants understand parades as propitious moments for free expression of affections.

Keywords: Social movements, Sexual orientation, Gender identity, Evocation.


 

 

A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais - ABGLT (2008) estima que, em 2008, ocorreram no Brasil mais de 195 paradas do orgulho de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). Em 2011, esse número subiu para 387 paradas (ABGLT, 2011), um aumento aproximado de 50%.

De acordo com a Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais de São Paulo - APOGLBT (2012), desde 2007 a parada do orgulho LGBT de São Paulo vem atingindo a média de 3,5 milhões de participantes. O número elevado de paradas e seu potencial agregador de público, considerando suas características originais, demonstra que elas foram absorvidas e adaptadas à cultura brasileira.

 

Paradas do orgulho LGBT

Iniciadas em 28 de junho de 1970 nas cidades de Nova Iorque e São Francisco, como marchas de teor estritamente político, denunciando a violência contra os homossexuais (QQ Magazine, 2004), as paradas se remetiam a um fato histórico: a revolta do bar nova-iorquino Stonewall, ocorrida em 28 de junho de 1969, onde centenas de frequentadores enfrentaram a repressão policial no estabelecimento (Dunlap, 1999).

No Brasil, a primeira manifestação pública pelos direitos de LGBT foi uma passeata contra a violência policial, ocorrida em 13 de junho de 1980, na cidade de São Paulo (Trevisan, 2006). As primeiras paradas do orgulho LGBT se subscrevem no momento que Prado e Machado (2008) identificam como o de surgimento do movimento LGBT contemporâneo, e também o de melhor organização desse movimento, decisivo para a luta por igualdade dessa população, particularmente gays e lésbicas, que "puderam manifestar publicamente antagonismos políticos contra a opressão sobre orientação sexual" (p. 99).

As paradas são articulações sociais representativas da racionalidade das manifestações de massa, conforme apregoado por Surowiecki (2004), dado serem resultantes da organização de longo prazo efetuada por grupos de defesa dos direitos humanos de LGBT, os quais se constituem como um movimento social relativamente estável e coeso, face à variedade de instituições e identidades de grupo que o compõem.

O movimento social LGBT corresponde ao modelo dos novos movimentos sociais (Gohn, 1991), caracterizados por uma ação coletiva menos dependente do Estado, a qual vem ao encontro do atestado na teoria das minorias ativas (Moscovici, 2011), que reconhece a relação entre os grupos excluídos e a sociedade que os oprime, propondo que o sistema está em processo de constante mudança, devido ao conflito de forças entre os grupos majoritários (conformados) e os minoritários (inovadores).

Eribon (2008) identifica nas estratégias privadas (assumir sua identidade) e nas públicas (visibilizar estilos de vida por meio das paradas do orgulho) do movimento LGBT mecanismos de subversão da estrutura social de inferiorização das subjetividades, de ruptura dos guetos e, portanto, um paralelismo com o movimento feminista, no que tange ao questionamento do status quo e a busca por emancipação de suas sociabilidades.

O presente artigo objetiva compreender a percepção de participantes de paradas do orgulho LGBT, como evento político carnavalizado e rito social, a partir de pesquisa realizada nas cidades de Brasília e Goiânia.

Identidade e sexualidade

Os excluídos (minorias ativas), por estarem à margem da sociedade, mantêm contato com o "mundo exterior" maior do que os membros dos grupos incluídos, percebem coisas que estes não conseguem e se tornam potenciais inovadores/influenciadores na sociedade, porque não estão em equilíbrio com ela:

A norma exige uma resposta original por parte de cada indivíduo. Quando uma pessoa imita a resposta minoritária, diferencia-se dos outros unicamente por ter validado a resposta minoritária.... Num grupo que insiste na originalidade, o efeito da minoria será, antes de mais nada, o de provocar imitações da resposta minoritária e logo fazer nascer no grupo respostas originais. (Moscovici, 2011, p. 167)

Há obstáculos para a plena cidadania de LGBT, devido aos estigmas historicamente associados a eles (Goffman, 1988; Galinkin, 2003). As discriminações sofridas pelos membros desse grupo envolvem assimetrias de poder, desigualdade de direitos e, inclusive, violência física e psicossocial expressa por meio de assassinatos (Mott, 1996, 2000, 2001).

Mudanças sociais levam a mudanças identitárias, que repercutem também no campo da sexualidade, porque o discurso cria identidades, inclusive sexuais, tendo em vista que o gênero é uma construção performativa:

... "performance" não é um "ato" ou evento singular, mas uma produção ritualizada, um ritual reiterado sob e por meio de constrangimento, sob e por meio da força da proibição e do tabu, com a ameaça de ostracismo e até mesmo morte. (Butler, 2003, p. 95)

A produção de saberes é concomitante às relações de poder. Isso incorre no dispositivo da sexualidade, o qual institui o sexo como uma forma de verdade acerca dos indivíduos, forma de controlar os corpos e os prazeres, um foco de saber-poder.

A sexualidade é elemento central dessa discussão pública, identitária, na qual as práticas sexuais se tornam elementos de identificação social na sociedade contemporânea e objeto de reflexão e visibilidade (Giddens, 1993; Foucault, 1988).

Entre pessoas heterossexuais e homossexuais não existe uma fronteira conceitual prática concretamente definida, e o desempenho (performance) de gênero se coloca como um aspecto socialmente construído (Butler, 2009). A suposta fixidez da sexualidade é abalada pela existência de pessoas que se desviam da heteronormatividade, como lésbicas, gays e bissexuais; e daquelas que vivem a ambiguidade de gêneros, como drag queens e drag kings, ou que não se identificam com o gênero que lhes foi imposto ao nascer, como as/os transexuais e travestis.

LGBT buscam, a exemplo da luta feminista, transformar assuntos tidos como privados em pautas de ordem pública. O grande desafio é preservar as intimidades mesmo que tornando as práticas nelas vividas em assunto de discussão e justificativa para a participação política.

Segundo Prado e Machado (2008), a prática do silêncio e da dissimulação é um elemento intrínseco do preconceito contra pessoas LGBT. As representações sociais acerca de homossexuais, mesmo entre pessoas com maior escolaridade, estão relacionadas a preconceitos, sutis ou flagrantes, ancorados em explicações morais, religiosas ou patologizantes, as quais: "colaboram com a manutenção de uma representação social do homossexual como portador de alguma doença que precisa ser curada, seja ela biológica ou psicológica" (Lacerda, Pereira & Camino, 2002, p. 175).

O movimento social organizado, por meio das paradas do orgulho, objetiva mudar essa lógica, ao mostrar para a sociedade em geral que existe uma pluralidade interna (visibilidade) e ao reclamar das autoridades a igualdade de oportunidades e de direitos (legalidade e legitimidade como grupo social).

Carnavalização e ritualização

Retomando e aprofundando o conceito bakhtiniano da carnavalização (Bakhtin, 1987), DaMatta (1983, 1986, 1991) aponta o carnaval brasileiro como um momento de catástrofe controlada, em que, durante um tempo, invertem-se os papéis sociais estabelecidos. Historicamente, o carnaval tem sido para a população LGBT um espaço transitório de afirmação de sua identidade, no qual ela não é de todo aceita pela sociedade, porém tolerada dentro de certos parâmetros estereotipados (Green, 2000).

Como espaços de "ruptura com o rigor da vida cotidiana" (Silva, 2006, p. 288), as paradas se aproximam do carnaval, visto que o caráter carnavalesco, no Brasil, temporariamente permite visibilizar os invisíveis. As paradas têm um caráter carnavalesco não apenas pela sua movimentação em desfile, animada por personagens variados, fantasiados ou não, e fundo musical, mas também pela sua linguagem festiva, que serve para revelar os paradoxos da sociedade.

As paradas brasileiras combinam elementos de festa e de política, diferenciando-se das congêneres norte-americanas, porque, nestas, somente membros de grupos organizados podem participar (Trindade, 2005). Ao objetivar a normatização da participação social dos LGBT, as paradas têm um caráter reivindicatório, ao mesmo tempo em que dramatizam e exacerbam as diferenças internas entre os LGBT, e em relação à população em geral.

As paradas se definem, assim, como ritos, ao romperem temporariamente com a rotina e realizarem performances de identidades e papéis sociais. Fundamental ressaltar que, para Peirano (2003), tanto o carnaval como a marcha política se constituem como rituais, na acepção de que, no ritual carnavalesco, prevalece "a sugestão de que o momento extraordinário pode se transformar em rotina" (p. 44), enquanto na marcha política, a natureza ritualística está em seu caráter sacrificial, remontando, como evento único e especial, às procissões, mas partindo dessa estrutura para dispor de seu caráter questionador.

Pensando-se nas paradas do orgulho, advém a sugestão de que estas se encontram entre essas duas dimensões, possuindo características de ambos: a do carnaval, que tentar realizar utopias, e a da marcha política, que questiona o status quo. As paradas, entretanto, perderam o caráter de unicidade das marchas e adotaram o perfil de rotina dos carnavais.

Participação

Nas sociedades contemporâneas, caracterizadas pela pluralidade de sujeitos participativos e pela descentralização do espaço político (Prado, 2001), as paradas do orgulho LGBT se colocam como momentos, na dinâmica social, de encontro entre a subjetividade dos indivíduos e a objetividade das reivindicações políticas.

As paradas têm encontrado forte ressonância e estimulado a participação de vários segmentos sociais. A parada de São Paulo, considerada pelos organizadores como a mais representativa do Brasil em número de participantes, em 2008 teve público estimado de 3,4 milhões de pessoas (Folha Online, 2008).

Com relação à orientação sexual, pesquisa do Instituto Datafolha (2005) mostrou que 46% dos presentes no ano de 2005 na parada paulista se declararam heterossexuais (66% entre as mulheres e 32% entre os homens, o que reitera fatores de gênero relacionados à disposição pessoal em estar presente nesses eventos), 42% homossexuais e 11% bissexuais. Ou seja, pouco mais da metade se identificou como homossexual ou bissexual, o que mostra a heterogeneidade da parada, com uma ampla representatividade da população geral que não exclusivamente homossexual ou bissexual.

Ainda com relação à parada de São Paulo no ano de 2005, Carrara, Ramos, Simões e Facchini (2006) identificaram que 38,7% dos homens se consideram homossexuais, e 3,9% bissexuais; entre as mulheres, 17,8% se consideraram homossexual, e 4,9% bissexual. Quanto aos motivos relatados para comparecimento, 57,6% informou que lá estava "para que os homossexuais tenham mais direitos" (Carrara, Ramos, Simões & Facchini, 2006, p. 21).

Agregando-se as razões para comparecimento com a sexualidade autoatribuida pelos participantes, em termos majoritários, observou-se que 78,5% das mulheres homossexuais e 72,8% dos homens homossexuais lá estavam para que "homossexuais tenham mais direitos", enquanto 54,3% das mulheres heterossexuais e 46,35% dos homens heterossexuais participavam da parada por "curiosidade/diversão".

Esse dado é significativo para demonstrar a heterogeneidade ideológica dos participantes do evento, fato que repercute na representação social acerca das paradas, visto que 57,6% dos entrevistados relataram ter algum engajamento social pelos direitos dos LGBT, 26,7% estavam no evento por curiosidade ou diversão, 8,9% por solidariedade com amigos ou parentes homossexuais, 4,1% para "paquerar", 1,6% por trabalho e 1,1% por outras razões não especificadas (Carrara, Ramos, Simões & Facchini, 2006). Porém, a motivação básica de garantir direitos não necessariamente pode ser traduzida em mobilização política efetiva e produtiva.

Os dados apresentados por Facchini, França e Venturi (2007) demonstram um hiato entre opiniões progressistas e conhecimento de instrumentos legais com relação às demandas da população LGBT: dentre os participantes da parada de 2006 em São Paulo que foram vítimas de alguma agressão homofóbica, apenas 1% a denunciou a grupos de defesa dos direitos dos LGBT.

Isso vem se somar aos dados quanto a esse tipo de violência no Distrito Federal e entorno (Jesus, 2003), em pesquisa na qual se constata que, em 2000, somente 3% dos casos de violência contra LGBT foram registrados em delegacias.

Territorialidade

A questão do uso do território é crucial para compreender a lógica social e identitária das paradas, seus participantes e observadores, afinal, é Milton Santos (2007) quem ensina que, no mundo globalizado, a localização das ações está diretamente relacionada com a eficácia das ações, não à toa que os atores com poder se colocam nos melhores territórios, em detrimento dos demais, porque "os lugares repercutem os embates entre os diversos atores e o território como um todo revela os movimentos de fundo da sociedade" (p. 79).

O território, no entendimento de Galinkin (2003) é um campo de forças sociais e representações simbólicas em que as pessoas desenvolvem estilos de vida e ideias, tanto individuais quanto coletivos, a partir do contato, da apropriação e da oposição.

O trajeto de cada parada é um indicativo da visão e objetivos dos organizadores. Em São Paulo, ela é tradicionalmente realizada, em seu trecho mais significativo, ao longo da Avenida Paulista, descendo a Consolação e terminando na Praça da República, local que identifica a cidade de São Paulo.

Há, além disso, um caráter econômico implícito na realização, a qual faz parte da programação turística oficial da cidade, o que é reforçado pelos eventos paralelos, em grande parte pagos, realizados em parques temáticos e em feiras ao ar livre; em todos esses momentos, são vendidos produtos com símbolos da população e da militância LGBT.

Em Brasília, nos últimos anos, a parada tem saído da pista em frente ao Congresso Nacional e terminado na Rodoviária do Plano Piloto, o que sugere a ideia de que os LGBT emprestam importância a uma visibilização política para as autoridades e, posteriormente, visibilização social à população em geral.

Pode-se associar essa lógica de ocupação de território às características próprias do lugar-Brasília, arquétipo do urbanismo moderno que busca racionalizar os elementos da natureza (Romero, 2003), com isso levando "os espaços urbanos a uma impessoalidade, um total esvaziamento do espaço público, ou melhor, uma neutralização desses espaços" (p. 36). Brasília, capital de urbanização recente, apresenta contraditória relação entre a cidade idealizada, calcada no mito esperançoso da fundação, e a cidade real, administrativa, com terrenos públicos apropriados para interesses privados (Peluso, 2003).

Em Goiânia, a marcha começa a sua concentração na Avenida Araguaia, em um trecho entre dois parques muito frequentados para encontros sexual-afetivos entre homens, o Mutirama e, principalmente, o Botafogo, e segue em direção à Praça Cívica, palco histórico de manifestações políticas goianas, e retorna ao ponto de início na avenida, onde as pessoas se dispersam.

Indica-se, dessa forma, que o movimento local assume as particularidades de sua identidade marginalizada, apropria-se de um território e fala à sociedade organizada, a partir de um espaço público que é tomado provisoriamente pela determinada minoria ativa.

Percebem-se aí diferentes paradigmas quanto à delimitação das identidades, dos territórios do grupo e sua inserção na sociedade. Em São Paulo e Brasília, busca-se a integração do LGBT ao território social, enquanto em Goiânia um território está delimitado (o bosque), e se procura dialogar com os outros territórios.

As paradas de Brasília e de Goiânia fazem parte do processo nacional não apenas de ampliação do número de paradas, mas também de sua interiorização, para além das grandes capitais nacionais. Silva e Caldas (2007) trazem elementos que ajudam a compreender a proliferação de paradas do orgulho em todo o País. Essa expansão estaria relacionada às estratégias das lideranças LGBT locais em trazer foco às questões da população em centros urbanos de menor porte, com base em orientações ideológico-políticas da ABGLT, que, como associação nacional que engloba 257 organizações não governamentais, destaca a importância da visibilidade massiva para promoção da cidadania, orientando a suas afiliadas que:

Uma parada tem o poder de acabar com a intolerância e o preconceito social? A parada, por si só, não tem este poder. Mas, ela contribui diretamente mostrando à sociedade civil brasileira e paulista a força da comunidade GLBT. Uma manifestação de massa de mais de um milhão de pessoas terá uma grande repercussão política. (Pedrosa, 2004, p. 1)

 

Método

Participantes

Participaram 183 respondentes ao instrumento aplicado durante a realização das paradas de Brasília e de Goiânia, no ano de 2007, sendo 123 participantes de Brasília e 60 de Goiânia. Foram coletados dados pessoais acerca das variáveis gênero, identidade de gênero - identificação do respondente quanto a se, além de se reconhecer como mulher ou homem (gênero), era transexual, travesti ou crossdresser -, cor/raça, orientação sexual, religião e escolaridade. A Tabela 1 descreve as características sócio-demográficas da amostra pesquisada.

Considerações demográficas quanto ao público estimado de participantes das paradas de Brasília e de Goiânia, como de quaisquer outros eventos públicos realizados a céu aberto, sem controle de acesso e bilheteria, não são decorrentes de análise científica e costumam ser inflacionados pelos organizadores. Desse modo, calcular a representatividade percentual dos resultados demográficos apresentados, com base em números divulgados nos meios de comunicação, sem qualquer registro válido e fidedigno realizado no momento, seria temerário. Portanto, restringe-se a análise dos dados à sua representatividade interna.

No que se refere a gênero, a participação registrada de homens (55% dos respondentes de Brasília e 45% dos de Goiânia) e mulheres (45% dos respondentes de Brasília e 55% dos de Goiânia) foi equivalente, considerando-se que as pequenas diferenças podem ser decorrências do método de coleta de dados por conveniência. A representatividade de homens e mulheres transexuais e das travestis foi baixa com relação ao total de respondentes (2%).

Quanto à cor/raça, a maioria dos respondentes se identifica como pessoas brancas (49%), seguidas das pessoas negras (43%), considerando o critério adotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - de somar as autodeclarações de pretos e pardos (Osório, 2003), indígenas (2%) e outros 6% que não quiseram se identificar racialmente. Comparada à composição de cor/raça nacional, a dos respondentes apresenta, de forma geral, presença menor de pessoas negras no evento e maior de indígenas.

No tocante à orientação sexual, a maior parte dos respondentes se identificou como homossexuais (57%), seguidos dos heterossexuais (21%), bissexuais (18%) e de pessoas que não identificaram sua orientação sexual (4%), apresentando assim maior frequência de pessoas homossexuais e bissexuais com relação à pesquisa realizada em São Paulo pelo Instituto Datafolha (2005), apresentada na introdução do artigo.

No aspecto religioso, predominaram cristãos (39%) e pessoas que não se identificavam com uma religião, mas se consideravam religiosas, o que pode ser entendido como expressão de alguma espiritualidade (25%). Número significativo se assumiu como de ateus (13%) e somente um como seguidor de religião afrobrasileira (umbanda, candomblé, tambor de mina, batuque, omoloko e congêneres).

Grande número dos participantes entrevistados apresenta escolaridade elevada com relação à população brasileira, por estarem cursando o nível superior (39%) ou o ensino médio (31%), ou terem concluído o nível médio (11%) ou o superior (6,5%).

Instrumentos e procedimentos

A escolha por Brasília e Goiânia se deve à proximidade geográfica, a qual permitiu melhor deslocamento dos pesquisadores entre as cidades. Os questionários foram aplicados a uma amostra de conveniência, selecionada aleatoriamente no momento de realização dos eventos, antes de ser ligado o som dos trios elétricos, o que inviabilizaria a devida orientação dos respondentes.

Os participantes responderam a um instrumento de evocação sobre o termo indutor "parada" (Anexo 1), no qual lhes era primeiramente solicitado que falassem as palavras ou expressões que lhes vinham à mente quando ouviam o termo indutor, e então era pedido que indicassem quais dessas palavras ou expressões consideravam as três mais importantes, por ordem de importância.

Explica-se a utilização do termo supracitado, e não da denominação oficial "parada do orgulho LGBT" ou seus derivados pelo fato de que aquele é tanto popularmente conhecido como mencionado cotidianamente nos meios de comunicação para se referir ao evento, representando um referencial "constituído por elementos afetivos, mentais e sociais particulares, e sendo esse fenômeno um determinante forte da realidade material, cognitiva e social dos atores envolvidos" (Jesus, 2005, p. 73).

Análise dos dados

Os dados coletados foram processados no software EVOC (Vergès, 2000), o qual correlaciona a frequência das palavras (F) e a ordem em que são evocadas (conhecida pelo termo técnico de "ranking médio" (RM).

Considerou-se que as palavras mais importantes para o grupo pesquisado, enquanto constituintes do núcleo central da representação social quanto às paradas do orgulho LGBT (Abric, 1994, 2001; Sá, 1996), seriam aquelas que apresentassem maior correlação entre os fatores F e RM.

Os elementos centrais ou nucleares correspondem à compreensão mais estável e consensual do grupo acerca do tema; há ainda os elementos intermediários ou periféricos próximos, que remetem a conceitos que, apesar de instáveis, tendem a se aproximar do núcleo constituinte do esquema conceitual do grupo; e existem os elementos periféricos distantes, em geral conceitos de subgrupos dentro do grupo pesquisado que não correspondem à percepção geral sobre o tema (Sá, 1996, 1998).

Atribuiu-se, ainda, que os elementos com frequência menor que 5 seriam excluídos da análise. Para fins de diferenciação entre elementos centrais e periféricos, foi definido que aqueles com F maior ou igual a 10 e RM menor que 2,5 (significando que a palavra ficou entre a primeira mais citada e até 0,5 pontos antes da terceira palavra mencionada) seriam tidos como centrais; as palavras com F maior ou igual a 10 e RM maior ou igual a 2,5, e os com F menor que 10 e RM menor que 2,5 (significando isso uma ordem de evocação entre 0,5 pontos antes da terceira palavra e até as demais palavras menos citadas) seriam enquadrados como periféricos próximos; e os elementos com F menor que 10 e RM maior que 2,5 seriam considerados periféricos distantes.

 

Resultados

As 1.151 palavras analisadas foram distribuídas graficamente em quadrantes, conforme os dados apresentados após o processamento pelo EVOC em termos de frequência (F) e ranking médio (RM).

Os termos centrais foram localizados no quadrante superior esquerdo, os elementos intermediários ou periféricos próximos nos quadrantes superior direito e inferior esquerdo, e os periféricos distantes no quadrante inferior direito. Os elementos mais significativos são apresentados no Quadro 1, conforme F e RM com relação ao termo indutor "parada".

Observa-se que os termos mais evocados e considerados mais importantes são "alegria" (F=46, RM=1,978), "diversidade" (F=25, RM=2,360) e "liberdade" (F=85, RM=2,412). Pontue-se a centralidade de "alegria", na construção cognitiva coletiva sobre a parada, ante a "liberdade", que é mais frequente. Alegria é quase sempre a palavra mais lembrada para se remeter ao evento; é, desse modo, constituinte das ideias acerca da parada.

Nos campos periféricos próximos, salutares para aqui se refletir acerca de algumas palavras, encontramos como mais frequentes "respeito" (F=48, RM=2,625) e "festa" (F=36, RM=2,611), e com evocação mais imediata "cidadania" (F=6, RM=1,833) e "coragem" (F=6, RM=2,000). São essas as ideias periféricas, na concepção de Sá (1996), que permitem aos participantes das paradas se adaptarem à realidade concreta.

A centralidade da dimensão afetiva, identificada nos elementos centrais, é reiterada nos elementos periféricos próximos "amizade" (F=13, RM=3,846), "amor" (F=17, RM=3,118) e "beijo" (F=5, RM = 2,400).

 

Discussão

A alegria está no campo do afetivo, é uma emoção, afeto com elevada intensidade e duração mais breve do que o sentimento da felicidade (Jesus, 2011). A alegria decorre dos efeitos psicossociais do evento imediato (a parada) na pessoa.

A alegria é diferente da noção de "diversidade", que está no âmbito cognitivo e se referencia aos sujeitos que participam do evento. Liberdade é um conceito, porém envolve o desejo por elementos não necessariamente presentes. Aproxima-se da alegria por funcionalidade: a expectativa de ser livre alegra os frequentadores das paradas.

As vivências da alegria e da liberdade podem ser analisadas a partir de um espectro mais amplo do que o apenas psicossocial, incluindo a conjuntura sócio-histórica: as paradas surgiram no contexto da abertura política no Brasil, a partir dos anos 80 do século XX, período final da ditadura militar iniciada em 1964.

Cidadãos de diferentes classes sócio-econômicas, origens geográficas, cores, etnias, sexos, idades, orientações sexuais, identidades de gênero, habilidades físicas, religiões, entre outras dimensões da diversidade, saíram dos seus espaços de exclusão, dos seus guetos, para demandar publicamente o direito a se expressar e a participar das decisões políticas.

Esse foi um momento crítico para a visibilidade política da população LGBT, que, por meio da sua organização em movimentos sociais, buscou fortalecer sua identidade e sua inclusão na sociedade em geral (Parker, 1992). Foi nessa realidade em que o tema da liberdade se colocou como central para todos os brasileiros que os LGBT encontraram oportunidades de expressão pública (MacRae, 1990).

O que se pode abstrair dos dados é que, na prática social, a alegria, a liberdade e a diversidade presentes na parada se expressam, objetivamente, por meio da festa, no caso uma festa realizada no espaço público, tal qual o carnaval, que, como explica Peirano (2003), remontando a DaMatta, "permite um conjunto de gestos que, em geral, só se realizam em casa" (p. 43). A expectativa de ser respeitado(a) nessa festa, enquanto se expressa um ideário coletivo de liberdade individual, é que estimula a presença no protesto festivo (a parada).

Sintetizando a ideia central das paradas em uma expressão, poderíamos afirmar que ela é: momento em que pessoas diferentes se alegram por serem livres na diferença. É essa concepção determinada histórica, social e ideologicamente que marca a memória coletiva dos participantes.

Têm-se, nesse aspecto, duas polaridades correlacionadas: uma em que a pessoa se reconhece como cidadão, porque, naquele momento, pode expressar sua individualidade com aceitabilidade social; outra em que esse ato é considerado corajoso, porque não é cotidiano.

 

Considerações finais

A relação das paradas do orgulho LGBT com a constituição psicossocial dos seus participantes, como integrantes de uma coletividade, é expressa no reconhecimento público das identidades coletivas que ali se visibilizam, e se reflete na própria percepção dos participantes quanto ao evento e a si mesmos, de modo que as paradas apresentam a capacidade de:

... produzir novas formas de pertencimento grupal (implicação emocional dos envolvidos), e a ampliação das redes de relações intra e inter grupos. Não obstante, as transformações operadas nessa dimensão vão influenciar aspectos mais estruturais do cotidiano desses grupos e no imaginário deste segmento social. (Machado & Prado, 2009, p. 1)

Como no carnaval, a expressão antes reprimida das individualidades resulta nos múltiplos planos de expressão que conhecimentos: as fantasias, os comportamentos expressos fora das limitações rotineiras, as músicas específicas.

Histórica e socialmente as paradas brasileiras foram construídas dentro do paradigma carnavalesco, na forma de se expressar nas ruas, apesar de, ideologicamente, remeterem a outro universo, o das marchas políticas, pautado por seus discursos contextualizados. Tal asserção não corresponde a negar que paradas surgiram ou surgem de contextos institucionais, o que tem ocorrido a partir de relações mais próximas (incluindo financiamento) de algumas delas com os movimentos sindicais e governamentais, a exemplo da Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, cuja primeira edição ocorreu em 1998:

... ao contrário de todas as Paradas que conhecemos, em nossa cidade este evento foi inaugurado e dirigido durante 7 anos por um grupo de Lésbicas (ALEM) que surgiu da relação de uma de suas fundadoras com partidos e sindicatos comprometidos com ideais da extrema esquerda da política brasileira, influenciando toda a militância GLBT em Belo Horizonte, posicionando aliados e adversários. (Machado, 2007, p. 12)

São inspiradoras as várias definições para a parada dadas pelos respondentes, centenas das quais, infelizmente, apenas os pesquisadores terão acesso pleno. Vale revelar que um dos participantes definiu a movimentação ora em curso como um "estilo de vida segundo o qual se atinge a felicidade mesmo que momentânea".

Essa observação é significativa das colocações observadas, configurando o evento como um momento de expressão da emoção da alegria, tantas vezes confundida com o sentimento da felicidade, definido por Ferraz, Tavares e Zilberman (2007) como "um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e de prazer, associados à percepção de sucesso e à compreensão coerente e lúcida do mundo" (p. 234).

Correlacione-se essa definição com a parada, em especial no que se refere à percepção de sucesso, e conclui-se que a satisfação dos participantes, mais do que tão-somente resultante dos estímulos ambientais, visuais e sonoros, deve-se a questões predominantemente subjetivas, à percepção em si de realização em âmbito pessoal e coletivo, durante um período, em contraste com uma rotina de dificuldades para expressão dos sentimentos.

Os direitos, nessa esfera de compreensão do mundo, refletem mais os anseios pessoais que o reconhecimento de desafios políticos. Não há nas paradas pesquisadas a mesma coesão ideológica entre o discurso dos frequentadores e os slogans do evento que existe, por exemplo, nas marchas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST (Chaves, 2000). Provavelmente a diferença está em que esse "sujeito político", o MST, produz poder político com suas marchas, enquanto a comunidade LGBT conquista influência social com a expressividade ritual e carnavalizada de suas paradas.

No processo de democratização da sociedade brasileira, proliferam formas de alianças - vínculos funcionais entre sujeitos políticos diferentes, em prol de demandas particulares - entre os movimentos cada vez mais frequentes, com a incorporação mútua de bandeiras de diferentes movimentos. Apesar de não estabelecerem uma articulação, entendida como uma relação equânime entre sujeitos políticos, em prol de projetos contra-hegemônicos, os movimentos feminista e LGBT, por exemplo, "se unem em torno de uma determinada reivindicação contrária a certa prática ou discurso específico da hegemonia.... para fortalecer ações contraofensivas a essa prática ou discurso" (Prado & Costa, 2011, p. 703), que se caracteriza pelas lógicas sexistas hegemônicas.

Para Butler (2003), o movimento LGBT será bem-sucedido em sua identificação se adotar, como uma das estratégias, a contraposição a qualquer normalização político-identitária, mesmo que advinda do próprio movimento. A teoria queer, como teoria da pós-identidade, porém, não parece coadunar com a lógica de atuação prática do movimento LGBT, que, como indica a própria sigla, busca reforçar a fixidez de suas identidades sociais, e reivindica, na sociedade, espaços para a expressão dessa diversidade, estando mais próxima ideologicamente de uma proposta de política identitária, cuja expressão se nota nas Paradas do Orgulho LGBT.

No que tange especificamente a identidades homossexuais, Bersani (1996) argumenta que, apesar de discursos relativistas questionarem o binarismo heterossexual/homossexual, pessoas homossexuais ainda têm uma especificidade identitária: o desejo por pessoas do mesmo gênero, e negá-lo seria apagar a própria identidade de gays e lésbicas.

Somente podem ser efetivamente influentes as minorias que inovam, opondo-se conscientemente e de maneira firme à norma majoritária, por meio da "defesa de uma contra-norma que faz dela um sócio ativo potencial nas relações sociais" (Moscovici, 1991, p. 79).

É com esse posicionamento de ruptura com o estabelecido que o movimento social LGBT, como representante da minoria ativa LGBT, introduz elementos novos na discussão sobre gênero e sexualidade, e perturba a estabilidade do grupo majoritário, por meio das paradas, que por isso tendem a ser criticadas.

Como afirmaram Doms e Moscovici (1991), movimentos de ruptura com a sociedade em geral tendem a ser depreciados. Essa pode ser uma explicação possível para a permanência de opiniões pejorativas ou mesmo de ridicularização que ainda existem em nossa sociedade com relação às paradas, associados à dificuldade em compreender a festa como elemento constitutivo, porém não central, das paradas.

Cada pequena ação de uma pessoa, em prol da livre expressão da orientação sexual e da vivência da identidade de gênero, independentemente de seu sexo biológico e mesmo que não ela não seja lésbica, gay, bissexual, transexual ou travesti, é uma iniciativa minoritária ativa, de modo que cada pequeno momento de expressão do desejo e da liberdade, da participação em uma parada até à oposição ante a uma piada preconceituosa, é uma defesa do direito das pessoas serem quem são.

As paradas do orgulho LGBT são o exemplo de que a ocupação de territórios, por vezes barulhenta, ruidosa, ultrapassa a barreira da mera visibilidade, pode representar mais do que a conquista de direitos fundamentais para uma minoria ativa, mas também a transformação dos horizontes ideológicos de toda a sociedade.

 

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Recebido: 08/06/2012
Aceito: 25/02/2013

 

 

1 Contato: jaquelinejesus@unb.br

 

 

ANEXO 1 - Instrumento de evocação

Quais são as primeiras palavras ou expressões que lhe vêm à mente com relação à Parada?

1. ___ 2. ___ 3. ___ 4. ___ 5. ___ 6. ___

Marque com um X as 3 palavras mais importantes, que para você melhor representam o evento.

Dessas 3 palavras, qual você considera a mais importante?

Gênero: (F) (M)

É travesti? ( ) Sim ( ) Não É transexual? ( ) Sim ( ) Não É crossdresser? ( ) Sim ( ) Não

Cor/Raça: ( ) Preta ( ) Parda ( ) Branca ( ) Indígena ( ) Asiática

Orientação sexual: ( ) Homossexual ( ) Heterossexual ( ) Bissexual

Religião: ___ Escolaridade: ___