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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

versão On-line ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.7 no.1 Juiz de Fora jun. 2014

 

ARTIGOS

 

Dependência química, amizade e desenvolvimento humano1

 

Substance abuse, friendship and human development

 

 

Janine Marinho DagnoniI,2; Agnaldo GarciII

IUniversidade do Estado da Bahia, Teixeira de Freitas, Brasil
IIUniversidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil

 

 


RESUMO

Existem muitos estudos sobre a influência dos amigos no uso/abuso de substâncias, mas sem conclusões definitivas. Neste sentido, o presente trabalho objetiva investigar a rede de amigos no início do uso de drogas e a rede atual de adolescentes usuários do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad) de uma cidade do interior da Bahia, para verificar as mudanças na constituição e características destas redes. Treze adolescentes com idade média de 16,6 anos responderam a um questionário semi-estruturado. Os dados foram submetidos a análises descritivas, de frequência e de conteúdo. Os resultados sugerem tendências para a compreensão de relações entre dependência química e amizade relacionadas ao desenvolvimento humano. A amizade no mundo das drogas diferenciou-se por atividades conjuntas de risco (roubo, tráfico, etc.). Os usuários de substâncias psicoativas relatam influência direta e indireta de amigos no início e na manutenção do uso de drogas e o uso parece diminuir o número de amigos até restringi-los ao ambiente familiar.

Palavras-chave: Dependência Química, Amizade, Adolescência.


ABSTRACT

Much has been studied about the influence of friends on the use and abuse of psychoactive substances, however, there is no definite conclusion on the subject. In this sense, the present work is relevant since its general goal is to investigate the network of friends at the beginning of the drug use and the present network of adolescent users under treatment in Psychosocial Alcohol and Drugs Mental Healthcare Center (CAPS-ad) of a country town at Bahia State (Brazil), to check the changes in the constitution and in the characteristics of these networks of friendship at the time of initial use and when they were interviewed. Thirteen teenagers (with an average of 16.6 years-old), users of CAPS-ad, answered a semi-structured questionnaire. Data were analyzed by descriptive, frequency and content aspects. The results suggest important trends of the relationship between substance abuse and friendship related to human development. The friendship in the world of drugs seems to differ by the performance on risk-related activities (stealing, drug traffic, etc.). The psychoactive substance users perceive the direct and indirect influence of friends in the beginning and during the maintenance of drug use and such use, on the other hand, seem to influence the friendships, reducing the number of friends up to restrict them to the family environment.

Keywords: Substance Abuse, Friendship, Adolescence.


 

 

A dependência química é um tema contemporâneo e relevante devido ao aumento do número de usuários, à diminuição da idade de início de uso e à diversidade de drogas utilizadas nos últimos anos (Laranjeira, 2007; Soldera, Dalgalarrondo & Filho, 2004; Tavares, Béria & Lima, 2001). Ademais, são muitos os impactos deste uso, como, por exemplo, a violência doméstica (Ziberman & Blume, 2005), acidentes, mortes no trânsito e criminalidade (Brasil, 2003; Brasil, 2009).

Koller, Morais e Cerqueira-Santos (2009) mencionam que o desenvolvimento humano ocorre em função de um processo onde há uma "interação recíproca da pessoa com seu contexto através do tempo, sendo uma função das forças que emanam de múltiplos contextos e de suas relações" (p.24). Esta afirmativa está consonância com a teoria ecológica de Bronfrenbrenner (1996), que afirma que, para haver desenvolvimento saudável, é importante vivenciar ambientes distintos, mediados pela relação de vínculos apoiadores positivos, considerados os vínculos estabelecidos entre pessoas que promovem uma convivência harmoniosa entre os ambientes frequentados. Estes vínculos diminuem os conflitos cognitivos gerados pela convivência com a diferença, exercendo, portanto, uma força positiva a favor do desenvolvimento. Koller, Morais e Cerqueira-Santos (2009) apresentam também fatores de risco ao desenvolvimento humano, que são aqueles que estão presentes no contexto ecológico e aumentam a probabilidade de que a pessoa desenvolva problemas físicos, psicológicos, comportamentais e sociais, como ocorre, por exemplo, no caso da dependência química.

Neste aspecto, cabe ressaltar a adolescência como contexto, visto que é justamente nesta fase que o jovem se encontra mais vulnerável ao expandir seu círculo de relacionamentos para além dos limites familiares (Papalia & Olds, 2000; Senna & Dessen, 2012), e neste processo há um grande investimento e esforço a favor da constituição de seu senso de identidade, em busca de autonomia (Smetana, 2011; Pratta & Santos, 2006). Feeney (2007) afirma que, para o desenvolvimento efetivo da autonomia, é importante que o indivíduo em desenvolvimento se sinta seguro nas relações de apoio que o cercam, para que se sinta à vontade ao explorar terrenos desconhecidos, tendo a certeza de que, caso as novas experiências não sejam satisfatórias, haverá um lugar seguro ao qual recorrer. Estabelece, assim, uma importante relação entre dependência e independência, no que diz respeito aos relacionamentos humanos. A dependência é, portanto, um

Processo clínico pelo qual os indivíduos estão aptos a se direcionar para figuras de apego para aprender, explorar e descobrir quando se sentem seguros e contentes e pelo qual os indivíduos estão aptos a se mover em direção as figuras de afeto para conseguir conforto, segurança quando ameaçados de alguma forma (Feeney, 2007, p.268).

Neste sentido, verifica-se o papel das relações no desenvolvimento, sendo necessário um pouco de dependência no que tange a relacionamentos interpessoais de qualidade, para o alcance da autonomia humana. Pereira e Garcia (2007) afirmam que indivíduos oriundos de contextos culturais que valorizam a família podem apresentar dificuldades na adaptação a ambientes que valorizam a autonomia emocional frente à família, pois uma maior dependência nas relações familiares poderia estar associada a uma menor influência exercida pelos amigos. Isto poderia ser considerado, portanto, um argumento a mais a favor da importância da dependência de certos vínculos para se mostrar autônomo diante de outros, já que, ao diferenciar-se de seus amigos, pela aproximação com a família, os indivíduos constituiriam sua identidade. Neste caso, a dependência dos vínculos familiares promoveria a diferenciação do grupo de amigos, partindo da dependência para a independência como foi defendido por Feeney (2007).

A importância das relações para o desenvolvimento não é um tema recente. Piaget (1932/1994) já afirmava que, para haver o desenvolvimento da autonomia, as relações de cooperação entre iguais seriam fundamentais. A restrição à interação e relação em níveis hierarquicamente distintos, como pode ser o caso, por exemplo, das relações familiares, tende a dificultar a emergência da autonomia e a favorecer a manutenção do indivíduo em um nível heterônomo do desenvolvimento. Assim, uma fase de heteronomia seria fundamental para o desenvolvimento da autonomia, que necessariamente deveria substituir progressivamente a fase anterior. Seguindo esta mesma lógica, os estudos de Guardia e Patrick (2008) afirmam que nas relações recíprocas (românticas e de amizade), as pessoas têm mais potencial para troca mútua, o que favorece a motivação para satisfação das necessidades psicológicas básicas, quer sejam a autonomia, a pertença ou a competência.

Para os mesmos autores, na adolescência, os amigos e parceiros são figuras centrais e a satisfação das necessidades neste contexto se torna vital para o bem-estar e funcionamento da relação. Ademais, a satisfação das necessidades fornece uma base para o desenvolvimento da orientação das pessoas, que possibilitará o engajamento em atividades. Pelo convívio com os outros, as pessoas desenvolvem razões para se envolver e manter seus comportamentos. O comportamento pode, assim, ser regulado por motivação intrínseca, onde, a partir de um maior grau de autonomia, o indivíduo age por interesse e por prazer na atividade por si mesma, é regido por uma tendência geral de regular o comportamento. Assim, maiores índices de motivação autônoma garantem mais comportamentos positivos na interação, como aproximação do outro, pedir esclarecimento e conduzir compreensão do parceiro.

Em geral, maior autonomia se traduziria em mais abertura e flexibilidade nas relações e, portanto, de acordo com Bukowski, Simard, Dubois e Lopez (2011), os adolescentes podem se colocar em risco caso não consigam traduzir interações comportamentais em representações de amizade mais abertas e flexíveis. Schat e Kelloway (2008) também apresentam o suporte social como efeito moderador de bem-estar, satisfação e comprometimento, em uma revisão ampla de estudos realizados, em especial, no ambiente empresarial.

Steinberg (2001) também afirma que a adolescência é uma fase onde o indivíduo se encontra mais vulnerável para assumir riscos, pois, a atividade cerebral dopaminérgica aumenta, o que favorece a busca por recompensas imediatas.

Ainda, é marcante a dificuldade no controle cognitivo, o que desfavorece a análise dos custos potenciais dos comportamentos de risco, dentre os quais se encontra o uso abusivo de drogas, aumentando as chances de se engajar nos mesmos. Tendo em vista que a dependência química impõe riscos ao desenvolvimento humano, os relacionamentos podem se tornar fatores de proteção, caso se tornem influências que melhorem e alterem respostas pessoais a certos riscos de desadaptação ou adoecimento (Koller, Morais & Cerqueira-Santos, 2009).

Edwards (2004) avaliou americanos em tratamento pelo abuso de substâncias e encontrou que os fatores de proteção mais relevantes neste processo foram: sentir-se cuidado, experiências espirituais, insight, comprometer-se, empoderamento da auto-estima, alívio da dor emocional, remorso, reconexão com valores tradicionais, segurança e gratidão, dentre outros. Todos eles eram relacionados ao apoio e suporte emocional. Ferreira e Garcia (2008) também ressaltam a importância do apoio social de parentes e amigos na adaptação de adolescentes com doenças crônicas. Estes dados representam uma evidência a mais para a concepção de que os relacionamentos interpessoais são fatores primordiais para intervenção diante da dependência química, na medida em que se apresentam como fatores de proteção que facilitam a adaptação dos indivíduos às circunstâncias adversas advindas do abuso de substâncias.

Amparo, Galvão, Alves, Brasil e Koller (2008) inserem escola, amigos e família entre as principais redes de proteção aos comportamentos de risco. Del Prette e Del Prette (2008) discutem a importância do desenvolvimento de habilidades sociais como a empatia na relação entre os adolescentes enquanto fator de proteção a comportamentos disruptivos, a exemplo daqueles relacionados à dependencia química. Ainda, Dishion e Owen (2009) afirmam que o uso de substâncias em jovens adultos pode ser considerado como um resultado da influência de amigos e de processos de seleção destes amigos, e ressaltam que trabalhos de prevenção deveriam considerar aspectos subjacentes aos âmbitos inter e intrapessoal ao uso crônico, dependência e abuso de substâncias psicoativas. Papalia e Olds (2000) ressaltam a vulnerabilidade dos adolescentes à influência dos amigos, no contexto mais específico da adolescência, onde o tema das relações de influência exercidas entre os pares se torna evidente, incluindo tanto estimular o uso quanto mantê-lo e, em alguns casos, ser suporte para parar de usar. Em conjunto, estes dados refletem que a relação entre amizade e dependência química é bastante complexa.

Ciesla, Valle e Spear (2008) apresentam um estudo com adolescentes em tratamento pelo abuso de álcool nos Estados Unidos da América e, na tentativa de investigar os fatores determinantes da recaída, encontraram que, além de raça, sexo e uso de maconha, fatores ligados ao relacionamento interpessoal, como participação em grupos que promovam suporte social, bom rendimento escolar e ter amigos que dão suporte demonstraram estar associados negativamente à recaída. No entanto, verifica-se que em um estudo que investigou o impacto do uso de álcool pelo melhor amigo, pelo irmão e pelo amigo do melhor irmão no uso do adolescente, em delineamento onde foram estudadas famílias com dois irmãos, os resultados demonstraram que o maior efeito encontrado foi pelo processo de seleção de parceiros (Polen, Engels, Vorst, Scholte & Vermulst, 2009). Os efeitos dos amigos e dos irmãos não se sustentaram ao longo do tempo, o que foi avaliado longitudinalmente.

É possível verificar, a partir dos estudos apresentados, que muito já foi estudado sobre os aspectos inerentes à influência dos amigos no uso e abuso de substâncias, no entanto, não há uma conclusão definitiva. É neste sentido que o presente trabalho encontra sua relevância, pois tem como objetivo geral investigar a rede de amigos no início do uso de drogas e a rede atual de adolescentes usuários do CAPS-ad de uma cidade do interior da Bahia, para verificar as mudanças na constituição e características destas redes de amizade no momento inicial do uso e quando foram entrevistados. Os objetivos específicos são: (1) caracterizar a amostra; (2) avaliar as motivações para envolvimento com a droga (iniciar, continuar a usar e para parar de usar, se for o caso); (3) caracterizar a rede de amigos do início do uso e a atual e (4) investigar a percepção da influência dos amigos para o uso/não uso de drogas.

 

Método

Foram entrevistados treze adolescentes, sendo dez meninos e três meninas, com idade média de 16,6 anos (variando de 14 a 18 anos), usuários do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-ad), presentes na instituição em outubro e novembro de 2009 e fevereiro e março de 2010, os quais foram convidados pelo coordenador do serviço e demonstraram disponibilidade para participar, caracterizando uma amostra por conveniência, apesar de terem sido os únicos adolescentes a frequentarem o serviço no período da coleta de dados.

A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada, com questões fechadas e abertas, que deveriam ser justificadas e exemplificadas. A análise foi descritiva e de frequência para os dados das questões fechadas e de conteúdo, de acordo com Bardin (1997) para as questões abertas.

 

Resultados e Discussão

Caracterização da amostra

Dos treze entrevistados, sete se caracterizaram como católicos, mas apenas dois referiram que estavam envolvidos efetivamente com o catolicismo. Outros dois se denominaram evangélicos (Assembléia de Deus e Batista) e outros dois se denominaram evangélicos/católicos.

Oito entrevistados não estavam estudando, sendo que dois pararam na 4ª série, dois na 5ª, dois no supletivo, um no 1º ano do segundo grau e um na 8ª série. Quatro participantes interromperam seus estudos por algum tempo, por causa das drogas, mas retornaram aos estudos em 2010. Destes, três retornaram na 6ª série do ensino fundamental e um no supletivo de 5ª e 6ª séries. Apenas um encontrava-se em ensino regular, no 3º ano do ensino médio.

As drogas que os entrevistados relataram usar foram diversas, desde lícitas (cigarro e álcool) a ilícitas (maconha, crack, cocaína e outras), como pode ser verificado na Tabela 1. Nem sempre o entrevistado relatou que usava apenas um tipo de droga. Dentre os treze usuários, dois relataram que usavam apenas maconha e um que experimentou cocaína uma vez, mas passou mal e nunca mais usou. A idade de início de uso da droga variou de 11 a 16 anos e as drogas que mencionaram foram usadas desde o começo da prática. O tempo de uso variou de um a sete anos.

 

 

Quanto à utilização social de drogas, nove entrevistados relataram utilizar as drogas acompanhados e seis sozinhos. Dos onze usuários de maconha, seis afirmaram utilizá-la acompanhados. Em relação ao uso de crack, a maioria relatou que o uso era feito sozinho (n=4). Estes dados refletem que, nesta amostra, o uso de maconha pode ser considerado uma atividade de grupo. Desta maneira, a convivência com os colegas acaba reforçando o próprio uso, já que eles pertencem àquele grupo e participam das atividades inerentes a ele, aspecto que, segundo Pratta e Santos (2006) pode ser considerado característico da adolescência.

Outro dado relevante, decorrente deste estudo e condizente com as atividades inerentes ao grupo indica que doze dos treze participantes estavam envolvidos com o crime, praticado em conjunto no grupo. O único participante que não teve qualquer envolvimento com o crime relatou apenas o uso de álcool e continua regular na escola. Este dado está consistente com a literatura (Minayo & Deslandes, 1998; Beato Filho, 2001), que afirma que os índices de criminalidade são maiores em ambientes onde há uso e tráfico de drogas. Isto sugere a necessidade urgente de atuação diante do problema das drogas frente ao envolvimento do usuário com o crime e sua adesão e continuidade com os estudos na adolescência, a fim de minimizar a criminalidade e maximizar a adesão aos estudos, o que seria um fator favorecedor para o desenvolvimento saudável.

Motivações para envolvimento com a droga

Os exemplos e justificativas dos participantes foram categorizados por análise de conteúdo, de modo que foram encontradas cinco categorias relacionadas ao início do uso de drogas: (1) busca de bem-estar (para ficar "doidão", porque acha legal, gostoso ou divertido) (n = 12); (2) influência (influência dos amigos, ter facilidade de acesso à droga, considerar ter a "mente fraca" e alguém na família usar); (3) lidar com problemas/sofrimento (presença de sofrimento na família, fim de namoro, para esquecer problemas, perda de ente querido) (n=9); (4) aspectos relacionados ao pertencimento grupal (conseguir respeito e se sentir mais forte e corajoso) (n=4) e (5) curiosidade (n=3). Estes resultados encontram-se coerentes com os de Pratta e Santos (2006), que apresentam como fatores motivadores para o início do uso de drogas curiosidade, diversão ou prazer, busca de bom relacionamento com outras pessoas e uso por parte dos amigos, dentre outros.

Quanto aos motivos pelos quais os participantes continuaram usando drogas depois de terem começado, novamente cinco categorias foram encontradas: (1) influência (n=6) (três dos amigos e três por considerar ter a "mente fraca"); (2) lidar com problemas/sofrimento (presença de sofrimento na família, fim de namoro, para esquecer problemas, perda de ente querido) (n=5); (3) busca de bem-estar (para ficar "doidão", porque acha legal, gostoso ou divertido) (n=3); (4) para se sentir mais forte e corajoso (n=3); (5) Outros (n=3): medo de morrer, não sei (resposta literal do participante, como foi utilizado em todas as outras categorias), abstinência. Os dados sugerem que os motivos são parcialmente diferenciados para o início e a manutenção do uso de drogas.

A curiosidade, por exemplo, na manutenção em comparação ao início do uso, deixa de aparecer como aspecto referente ao pertencimento grupal. A influência se torna o motivo mais preponderante, a busca de bem-estar diminui e a busca de se sentir mais forte e corajoso surge como fator mais importante na manutenção do uso em comparação aos motivadores para início. Um aspecto que justificaria esta mudança é que os efeitos maléficos do uso de drogas podem começar a aparecer, como a diminuição da rede, por exemplo, e "tornar-se corajoso e forte", pode ser um veículo não de pertença grupal, mas, de se destacar no grupo ou chamar a atenção dele. De acordo com Dishion e Owen (2009), o fato dos amigos e conhecidos continuarem usando drogas por perto aumenta a probabilidade de o participante do grupo usar.

São vários os motivos que levaram alguns dos usuários a pensar em parar o uso de drogas: (1) a família ser contra o uso e apoia parar (n=8); (2) ameaça à saúde/vida (proximidade da morte, saúde) (n=7); (3) envolvimento com o crime (roubos, tráfico, prisão) (n=5); (4) sentimento de abandono/perda de confiança (n=4); (5) sentimentos morais (vergonha, arrependimento, muito sofrimento/humilhação) (n=4) e (6) influência divina ("Deus tocou meu coração") (n=1).

Caracterização da rede de amigos do início do uso e a atual

Os participantes indicaram os amigos principais da época em que iniciaram o uso de drogas e aqueles do momento da entrevista, distinguindo os amigos que não influenciaram o uso de drogas, daqueles considerados como tendo influenciado, assim como sua origem. A Tabela 2 apresenta o número de amigos apresentados pelos participantes em cada um dos contextos de interação, indicando se influenciaram ou não o uso de drogas, tanto na rede de início quanto na rede do momento da realização da entrevista.

Houve uma restrição da rede inicial (n=51) para a rede atual de amigos (n=18). No início, a rede era composta, principalmente, por amigos do bairro (n=39), enquanto na rede atual predominam pessoas da família (n=6) e Deus (n=4). Um dos participantes afirmou não ter tido amigos em nenhum momento e outros dois consideram que atualmente não têm amigo algum. No início e atualmente houve influência dos amigos no processo. Em apenas um caso houve aumento da rede, onde o participante manteve a rede inicial e resgatou uma amizade da infância ao parar de usar drogas.

Os participantes foram solicitados a informar quem eram seus amigos antes do uso, no decorrer do uso e após terem parado (quando foi o caso), sem fazer qualquer distinção ao tipo de amizade estabelecida. Cinco participantes relataram que alguém deixou de ser seu(sua) amigo(a) depois de começar a usar droga, e onze fizeram novas amizades, por conta do uso de drogas, por conta de atividades conjuntas relacionadas ao uso (comprar, usar, buscar, encontrar formas de obter a droga, até mesmo roubando). Oito participantes perceberam mudança nos relacionamentos atuais por causa do uso de drogas. Destes, cinco relataram que a mudança foi marcada por uma restrição da convivência, como exemplifica os seguintes relatos: "distanciei de tudo, hoje é só o pai"; "quando usava andava só com eles, hoje que parei ando com todos e prefiro andar com os que não usam"; "nunca mais os vi".

Os demais (n=3) relataram perceber diferença, no entanto, não demonstraram clareza quanto ao tipo de mudança. Onze perceberam que o uso de drogas influenciou os relacionamentos de modo negativo, incluindo: diminuição da confiança (n=4), diminuição da intimidade (n=1), restrição da rede (n=2), envolvimento com o crime (n=2), maior agitação e perturbação (n=2). Dois perceberam mudanças positivas, pois relataram que ficaram mais abertos e obtiveram mais respeito.

Os resultados apresentados encontram sustentação na literatura. Segundo Souza, Kantorski e Mielke (2006), a rede de suporte de usuários de CAPS-ad é bastante comprometida. Tendo em vista os impactos da restrição das redes de apoio e de pares para o desenvolvimento humano de maneira integral (Bronfrenbrenner, 1996; Piaget, 1932/1994; Muza & Costa, 2006), os resultados demonstram que os entrevistados se encontram em situação de risco. Mangia e Muramoto (2005) ressaltam a importância das redes sociais, por propiciarem "o desenvolvimento de ações solidárias e de suporte ao enfrentamento de questões do cotidiano entre grupos vulneráveis, além da construção e fortalecimento do sentido de pertencimento a um grupo social" (p. 26).

Coerentemente, Paludo e Koller (2005) afirmam que o ambiente da rua pode aumentar a vulnerabilidade do jovem, exigindo dele uma maior resiliência para lidar com os riscos e evitar os possíveis efeitos negativos. E a maioria dos amigos dos participantes deste estudo emerge deste contexto. No entanto, apesar de precisarem de amigos para lidar com as adversidades da rua, os amigos precisam dar suporte para tanto e, como grande parte dos participantes afirmou que a qualidade da amizade não era tão satisfatória, a diminuição da rede pode ter um lado positivo.

Neste sentido, uma restrição da rede de convivência pode significar uma diminuição do suporte para enfrentamento dos riscos e para o fortalecimento do sentimento de pertença, fundamental à saúde do adolescente (Senna & Dessen, 2012). No entanto, apesar da restrição do número de amigos, os participantes se voltam mais à família, que se apresenta como uma fonte de apoio central, um retorno às referências de socialização primária, um momento de dependência temporária, um porto seguro, a partir do qual partem em busca de sua autonomia, o que pode proteger o participante dos riscos e influências da rua, já que a literatura apresenta a importância da mudança de hábitos da época de uso, o que implica mudança na rede de amigos e de lugares que o usuário frequentava (Silva & Serra, 2004).

É importante considerar que este retorno à família é decorrente da restrição do grupo de amigos externos a ela, ocasionado pelo uso crônico de substâncias, o que se espera que não seja definitivo e o adolescente possa ampliar novamente sua rede de apoio e suporte, incluindo pares que deem suporte social satisfatório, a partir de relacionamentos recíprocos, de cooperação a favor do desenvolvimento saudável, aspecto já ressaltado anteriormente (Piaget, 1932/1994), como também fundamental para o desenvolvimento da autonomia.

Influência dos amigos para o uso/não uso

Doze participantes perceberam a influência de amigos para usar droga, quer seja influência direta (chamavam para usar, ofereciam, falavam que era bom) (n=11), influência indireta (viam usando, sentiam o cheiro, dava vontade) (n=8) ou influência em atividades conjuntas (ajudavam roubar, iam junto comprar droga, enturmavam-se) (n=6).

Todos relataram ter tido ajuda de amigos ou colegas para obter a droga e 12 disseram que os amigos/colegas estavam usando e ofereceram/colocaram a droga para eles(as), sendo que um relatou que sabia quem vendia e foi atrás desta pessoa para comprar. Alguns (n=7) afirmaram terem influenciado alguém a usar, sendo que 67% (n=4) das pessoas influenciadas aceitaram e acabaram usando drogas por influência do participante.

Alguns foram ajudados por mais de uma fonte de apoio a parar de usar drogas. 18,75 % dos participantes (n=3) afirmaram não ter parado e, dos 81,25% (n=13) que afirmaram ter parado ou estar tentando parar, alguns (n=6) disseram que a família ajudou. Outros (n=4) afirmaram que ninguém ajudou, que pararam ou estão tentando parar sozinhos; um disse estar sendo ajudado pelo CAPS-ad; um afirmou ter sido ajudado por um amigo e outro por um conhecido mais velho.

Quanto ao tipo de apoio dado ou recebido, alguns autores (Ferreira & Garcia, 2008; Schat & Kelloway, 2003) foram fontes de inspiração para a escolha das categorias utilizadas neste estudo. Em relação aos resultados, os participantes afirmaram ter recebido e dado apoio emocional para parar de usar droga, relataram que davam conselhos, inclusive salientando que "não era bom" usar drogas. Consideraram como apoio emocional recebido os amigos sentirem-se preocupados com o participante. Como apoio material recebido, os participantes disseram que recebiam bicicleta emprestada, arma, drogas, dinheiro para comprar drogas e roupas de marca no momento do início do uso.

Já no momento da entrevista, recebiam especialmente roupas, oportunidade de estudo, dinheiro e preocupação com o bem-estar. Quanto ao apoio informacional recebido anteriormente, recebiam informação sobre endereços onde comprar drogas, onde obter dinheiro para comprar drogas, onde assaltar, incentivo para iniciação sexual precoce, local de festas e mulheres interessadas. O apoio informacional atual recebido foi de "coisas boas", conforme afirmou um participante, além de estratégias e locais para buscar ajuda e não usar mais drogas e se afastar de amigos que usavam drogas.

Estes exemplos sugerem que os amigos praticavam atividades de risco em conjunto, o que foi considerado como apoio em alguns casos e que, mesmo sendo em pequena incidência, e sem necessariamente parar de usar droga, em outros casos, eles conversavam e se apoiavam na tentativa de parar. Segundo Pereira e Garcia (2007), a influência é apresentada como um fator importante nas relações.

 

Considerações Finais

Os dados indicam a percepção, por parte dos usuários de drogas, da influência direta e indireta de amigos no início e na manutenção do uso de drogas. Este uso, por sua vez, parece influenciar as amizades, diminuindo o número de amigos e restringindo-os ao ambiente familiar. A amizade no mundo das drogas parece diferenciar-se por atividades conjuntas de risco (roubo, tráfico, compra etc.). Mas, no presente estudo, nem toda influência percebida dos amigos foi negativa, apesar de todo estímulo dos amigos para iniciar o uso, permitir acesso à droga, assim como estimular a manutenção do uso. E em alguns casos, os amigos apoiaram a recuperação do usuário de drogas.

Cabe ainda considerar que, no processo de recuperação da dependência química, o afastamento dos amigos que influenciam o uso é considerado uma estratégia eficiente. Assim, a diminuição da rede de amigos no momento da entrevista não deve ser vista apenas negativamente, mas um retorno ao núcleo familiar em busca de segurança para explorar o mundo com maior autonomia. No entanto, é importante que novas amizades sejam feitas a fim de ampliar a rede de suporte social a favor do desenvolvimento saudável.

A partir das considerações feitas, ressalta-se a importância de intervenções junto aos adolescentes visando o tratamento e prevenção, como: (a) oportunizar espaços onde os adolescentes possam estabelecer redes de amizade e de apoio em geral, quer sejam atividades físicas, artísticas e/ou culturais e educacionais, dentre outras; (b) capacitar a equipe profissional e (c) enfocar o trabalho interdisciplinar. Na medida em que a problemática da dependência química pode ser considerada multifatorial, estas intervenções devem ser realizadas a partir de uma mobilização tanto individual quanto focada nos pares e pais, levando em conta a sua influência como fontes de suporte social.

Considera-se que a pesquisa apresentada foi exploratória, pelo tamanho da amostra, estratégia de coleta de dados e por ter sido feita em um único local, o que dificulta a generalização dos dados. No entanto, os resultados sugerem questões relevantes que podem ser melhor avaliadas em estudos futuros com amostras maiores e em outros contextos de investigação.

 

Referências

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Recebido em: 02/12/12
Aceito em: 20/06/13

 

 

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