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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

On-line version ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.8 no.1 Juiz de fora June 2015

 

ARTIGOS

 

Metas e estratégias de socialização de pais e avós de crianças em acolhimento institucional

 

Goals and strategies of socialization of parents and grandparents of children in institutional care

 

 

Amanda Cristina Ribeiro da Costa1; Lília Iêda Chaves Cavalcante; Fernando Augusto Ramos Pontes

Universidade Federal do Pará, Belém, Brasil

 

 


RESUMO

Estudos mostram que metas e estratégias de socialização são conhecimentos, valores e padrões de comportamento que cuidadores esperam que suas crianças apresentem quando adultas. O estudo objetivou conhecer as metas e estratégias de socialização de 30 pais e 30 avós de crianças em acolhimento institucional. A partir de entrevista semiestruturada, as respostas com frases ou palavras de mesmo sentido foram agrupadas e organizadas em categorias. Nos dois grupos, prevaleceram metas de socialização voltadas ao desenvolvimento pessoal, tais como "ser estudioso", "ter uma boa profissão". As estratégias mais mencionadas pelos participantes foram "estudar" e "ter amor e carinho da família". Foram observadas diferenças nas metas de socialização emitidas por pais e avós no que se refere à importância dada por eles às relações familiares para o desenvolvimento infantil, mesmo quando a criança, como é o caso da população pesquisada, foi afastada do convívio com os pais ou outro responsável como uma medida de proteção sociojurídica.

Palavras-chave: Metas de socialização; Estratégias de socialização; Acolhimento institucional.


ABSTRACT

Studies show that socialization goals and strategies are knowledge, values and behavior patterns that caregivers hope their children show in adulthood. The objective of this study was to compare socialization and strategies of 30 parents and grandparents of children in Institutional Care. From semi-structured interviews, the answers with phrases or words of the same meaning were grouped and organized into categories. In both groups, socialization goals geared to personal development such as "be studious", "have a good profession" prevailed. The most mentioned strategies by the participants were "to study" and "have family love and affection." Differences were observed in the socialization goals issued by parents and grandparents in terms of the importance given by them to family relationships as regards children's development, even when the child, as in the case of the surveyed population, was removed from living with parents or with another person responsible for him/her as a measure of protection.

Keywords: Goals of socialization, Socialization strategies, Residential care.


 

 

A família, como agente da socialização primária, leva o indivíduo a assimilar e reproduzir padrões culturais. É durante esse processo que a criança adquire atitudes e respostas, que, geralmente, estão em consonância com o contexto no qual está inserida. Como resultado, a criança produz comportamentos e tende a agir de acordo com as regras sociais e valores culturais específicos (Zayas & Solari, 1994; Reddy, Hicks, & Jonnalagadda, 2011). Em diferentes sociedades e culturas tem sido colocada aos pais a função de preparar a criança para que ela seja capaz de compreender e interpretar como funcionam as relações existentes do mundo.

Os pais exercem grande influência na formação dos vínculos afetivos, da autoestima, construindo modelos de relações que são transferidos para outros contextos e momentos de interação, como a escola, centros de lazer, dentre outros. São várias as evidências de que o comportamento de cuidado entre pares, coetâneos ou não, está presente em situações nas quais a criança imita a atitude parental de proteção à prole (Cavalcante & Costa, 2011). Mães e pais também são apontados na literatura como os principais responsáveis pela construção de uma rede de apoio que pode ser ativada para superação de um momento de estresse, quando se coloca de forma mais evidente a necessidade de proteção, resolução de conflitos e o restabelecimento de uma dinâmica familiar saudável (Deković, Wissink, & Marie Meijer, 2004; Dessen & Polonia, 2007; Pesce, Assis, Santos, & Oliveira, 2004).

Com a existência de diferentes arranjos familiares, na atualidade, assim como os pais, os avós têm se tornado cuidadores habituais de seus netos. Estudos (Becker & Steinbach, 2012) têm mostrado que existem diversos motivos para que a figura dos avós esteja se sobressaindo cada vez mais nas famílias, dentre eles, é possível citar: aco-residência com os filhos, a elevada taxa de divórcios, o aumento da longevidade, a extensa rotina de trabalho dos pais, além dos casos em que eles não podem cuidar de seus filhos. As razões para isso são muitas, mas destaca-se o fato de muitas vezes os pais serem considerados incapazes de exercerem as funções parentais por motivos diversos, entre eles o uso de drogas ou terem cometido atos ilícitos. Desse modo, os avós deixam de serem vistos apenas como pais de reserva, cuidadores eventuais, e passam a ser percebidos como proeminentes figuras na socialização e criação dos netos (Mainetti, Claudia & Souza, 2013). De maneira geral cumprem um papel destacado no processo de socialização da criança, mas principalmente quando assumem a criação de netos que se encontram em situação de risco, seja por morte dos pais ou qualquer outra forma de impedimento, gravidez precoce e/ou despreparo para cuidar dos filhos, mas também em casos de paternidade incerta (Araújo& Dias, 2010; Matsukura & Yamashiro, 2012).

Nesse sentido, os principais agentes socializadores da criança, depois dos pais, são os avós - segmento que conta com uma visibilidade sociodemográfica hoje cada vez maior. De acordo com dados censitários recentes, no Brasil, existe uma pessoa idosa para cada duas de até 15 anos de idade (IBGE, 2012). De outro, os avós contam hoje com um aparato jurídico pronto para respaldá-los quando se faz necessário agir como guardiões de seus netos da infância à adolescência (Araújo & Dias, 2010). Outro aspecto a ser considerado é que a relação entre avós e netos é tão envolta em afetos, responsabilidade, cortesia, boas maneiras e reciprocidade como a que aproxima pais e filhos (Geest, 2004), pois, quando na condição de cuidadores habituais, é comum vê-los exercer influência na formação de seus valores, identidade pessoal e metas de socialização (Becker & Steinbach, 2012; Mainetti et al., 2013).

Nos casos em que a família não consegue desempenhar a função esperada de cuidado e proteção da criança e do adolescente e quando outros dispositivos sociais e educacionais não apresentam resultados no sentido de assisti-los em suas necessidades básicas e especiais, são tomadas medidas protetivas preconizada em lei. Nela, está prevista a permanência da criança em uma instituição de acolhimento (abrigo institucional, casas-lares e similares), mas esta medida não pode desconsiderar a importância que a família tem para o desenvolvimento nos primeiros anos, desta forma, é imprescindível a manutenção dos vínculos familiares mesmo quando a criança está sob uma medida protetiva, geralmente isto é garantido por meio de visitas dos familiares às instituições, um momento importante em que podem ser observados diversos tipos de interações e práticas de cuidado, que devem ser levados em conta para o processo de desligamento da criança da instituição (Silva, Magalhães & Cavalcante, 2014).

Poucos estudos têm se dedicado a compreender os conhecimentos, valores e padrões de comportamento de famílias de crianças acolhidas institucionalmente, o que se sabe até então - e que é consenso na literatura - é que elas geralmente estão em situação de vulnerabilidade social, seus responsáveis possuem baixa escolaridade, estão em situação de desemprego ou inseridos no mercado de trabalho informal com renda inferior a um salário mínimo (Rosseti-Ferreira et al, 2012). A pouca produção acadêmica traduz na realidade a invisibilidade das famílias no processo de acolhimento institucional, em que as instituições pouco reconhecem as dificuldades dessas pessoas em exercer a função de proteção, cuidado e educação de seus filhos, necessitando de um apoio especial nesse sentido.

Diante desse cenário, torna-se importante realizar estudos que investiguem os sistemas de crenças e práticas de cuidados que podem contribuir para o desenvolvimento saudável e expressão de padrões de interação positivos para com a criança, mesmo que ela esteja vivendo em um contexto de desenvolvimento alternativo ao familiar. Isso porque os valores percebidos como normativamente importantes para os familiares são em certa medida internalizados pelas crianças (Tam et al., 2012).

Pelo exposto, entende-se que as crenças que a família possui, sobretudo, pais e avós, advêm de ambientes físicos e sociais com características específicas, e influenciam o desenvolvimento infantil na medida em que suas ideias e metas de socialização refletem os modelos culturais e servem como estruturas de representação para estratégias de parentalidade (Bezerra & Alves, 2012; Lam, Keller, Yovsi & Chaudhary, 2008). No sistema de crenças estão inseridas as expectativas dos cuidadores em relação ao futuro das crianças, sendo essas metas parentais definidas como objetivos ou aquisições finais que devem ou deveriam ser idealmente alcançados, imaginados implícita ou explicitamente pelos pais em relação à forma que gostariam que seus filhos fossem. Ou seja, as metas de socialização dizem respeito aos conhecimentos, valores e padrões de comportamento que os pais esperam que seus filhos venham a adquirir à medida que crescem e podem variar entre as culturas ou dentro de uma mesma cultura, sendo influenciadas também por características da pessoa em desenvolvimento(Diniz & Salomão, 2010; Moinhos, Lordelo & Moura, 2007; Reddy et al, 2011).Além disso, vale ressaltar que as famílias querem transmitir os valores que eles endossam pessoalmente, mas também os valores que eles consideram ser normativamente importantes na sociedade (Tam et al, 2012).

No Brasil, os estudos buscam relacionar as características das metas de socialização mencionadas pelos cuidadores das crianças e os modelos culturais aos quais elas tendem a se encaixar: autônomo, relacional ou autônomo relacional (Bandeira, Lucia, & Moura, 2009). Este desafio se coloca em um momento no qual se observa que estudos sobre a psicologia dos cuidadores surgem em várias regiões do Brasil, mas, em geral, envolvendo as mães e os pais e os avós (Moinhos, 2005; Piovanotti, 2007; Silva, 2008; Lordelo et al. 2012; Vieira& Branco, 2010).

Na região norte do país, Silva (2008) desenvolveu em estudo sobre as metas e estratégias de socialização de 100 mães primíparas residentes em dois contextos, urbano e rural, no estado do Pará. Quando comparados os dados da pesquisa, as mães do contexto rural apresentaram baixa escolaridade e suas metas foram englobadas nas categorias automaximização/auto-aperfeiçoamento e bom comportamento. Enquanto que as mães do contexto urbano apresentaram um número maior de metas de socialização relacionadas à automaximização/autoaperfeiçoamento e expectativas sociais. O que segue a tendência de outros estudos que mostraram as metas de cuidadores do contexto urbano mais relacionadas à autonomia e contexto não-urbano orientando para um modelo interdependente.

No sudeste brasileiro, Bandeira, Moura & Vieira (2009) realizaram pesquisa sobre metas de socialização com 30 casais na cidade do Rio de Janeiro. As respostas sobre metas de socialização foram englobadas nas categorias autoaperfeiçoamento e expectativas sociais, e quando, considerado o gênero dos participantes, os pais almejavam para a criança características mais sociocêntricas, tais como, "ser solidária", "ser realizada espiritual e profissional", "ter respeito pelos outros". As mães deram respostas de cunho mais individualista, como por exemplo, "ter um bom caráter", "ser educada", entre outras. Quando perguntados sobre as estratégias para alcançarem essas metas, os pais e as mães informaram que os ensinamentos e o bom exemplo dado por eles seriam fundamentais, ou seja, acreditam que a participação deles é muito importante para que os filhos desenvolvam as qualidades desejadas.

Os artigos citados acima adotaram as categorias utilizadas por Seidl-de-Moura et al (2008) em estudo sobre metas de socialização de mães primíparas em sete cidades do Brasil. Nele, os autores organizaram as respostas das mães às perguntas "Que qualidades você desejaria que seu filho tivesse quando adulto?" e "O que você acha necessário para que ele desenvolva essas qualidades?" a partir das seguintes categorias: autoaperfeiçoamento, autocontrole, emotividade, expectativas sociais e bom comportamento e outras. Do mesmo, foram consideradas as categorias utilizadas por esses autores para definir os tipos de estratégias de socialização: centradas em si, centradas no contexto e centradas na criança.

À medida que são investigadas e interpretadas as cognições parentais (sistema de crenças, valores, metas) tomando-se como referência, contudo, somente os objetivos traçados pelos pais para os seus filhos, acaba-se por se dar pouco ou nenhum destaque ao fato de que a família vem sofrendo alterações substanciais em sua estrutura e dinâmica. Talvez, entre as mais significativas mudanças em curso, está o fato de que os avós vem assumindo mais e mais o papel social e culturalmente destinado aos pais - provedor do sustento da família (Areosa, 2010), cuidador habitual da criança (Melca, 2013), guardião legal dos netos (Araújo e Dias, 2010). Por conseguinte, o que esses avós aspiram para seus netos e o que eles idealizam em termos de metas e estratégias de socialização, reveste-se de evidente importância e passa a inspirar estudos como os que, até então, envolviam apenas os pais. Afinal, são vários os avós que fazem parte do cotidiano dos netos e assumem o papel de seu cuidado primário, especialmente em caso de orfandade, perda da guarda provocada por situações abandono e maus tratos por parte dos pais e/ou responsável legal. Em razão disso, considera-se ser importante realizar estudos que busquem conhecer similaridades e diferenças entre as metas de avós e de pais de crianças, particularmente quando estas se encontram afastadas do convívio familiar por medida de proteção sociojurídica.

Mais raramente, tem-se buscado conhecer a psicologia dos familiares de crianças que estão se desenvolvimento em instituições de acolhimento, particularmente as metas e estratégias de socialização que eles criam para seus filhos e netos. Em estudo de Cavalcante e Magalhães (2013) com o objetivo de discutir como aspectos do contexto eco cultural em que vivem mães e avós contribuem na definição de metas de socialização para crianças em situação de acolhimento institucional, foi realizada entrevista semiestruturada com esses familiares. Os resultados foram organizados em categorias pré-estabelecidas, quais sejam: expectativa social, bom comportamento, automaximização, autocontrole e emotividade. A categoria mencionada com maior frequência foi expectativa social, 77% das mães e 73% das avós citaram metas que enfatizam a importância da educação, como cursar faculdade, ter uma boa profissão, ter bom caráter, dentre outras. A categoria bom comportamento foi a segunda mais mencionada, seguida de automaximização, autocontrole e emotividade.

Assim, considera-se atual a investigação das metas de socialização de pais e avós cujas crianças foram afastadas do seu núcleo familiar sob a alegação de que estariam sendo expostas a práticas de maus tratos por parte de algum familiar. No âmbito dessa discussão, entende-se ser importante conhecer a perspectiva de futuro colocada para crianças que, muitas vezes, por razões diversas, estão implicados na violação de seus direitos fundamentais, como o respeito à vida, à saúde e à integridade física, psicológica e sexual (Cavalcante & Costa, 2011).

Nesse sentido, este estudo teve como objetivo comparar as metas dos pais e avós de crianças que se encontravam em instituições de acolhimento, identificando similaridades e diferenças entre elas e sua conexão com o Nicho Desenvolvimental estudado. Em outras palavras, procurou verificar se o fato de pais e avós serem de gerações distintas, isto é, terem sido socializados em épocas e contextos diferentes, pode ter resultado em metas de socialização diferentes para seus filhos e netos.

 

Método

Participantes

Participaram 30 pais (mães e pais) e 30 avós (avós e avôs) de crianças que estavam em situação de acolhimento institucional à época da realização da pesquisa. Dentre os pais, 25 eram do sexo feminino e 5 do sexo masculino, todos na faixa etária de 15 e 42 anos (M=36,4; Dp=8,93). No que se refere aos avós, 27 eram do sexo feminino e 3 do sexo masculino, com idades entre 37 e 71 anos (M= 54,06; Dp=8,99). Para fins deste estudo, os dados obtidos sobre escolaridade foram organizados em torno das seguintes categorias: ensino fundamental incompleto, ensino fundamental completo, ensino médio incompleto e ensino médio completo, que compreendem as séries respondidas pelos pais e avós. De acordo com as respostas, observou-se que 80% dos pais entrevistados possuíam apenas o ensino fundamental incompleto. Em relação aos avós, a predominância também foi de ensino fundamental incompleto (63%), acompanhando a tendência observada entre os pais das crianças acolhidas. No entanto, destes avós, 16,3% eram analfabetos e, no que diz respeito aos pais, nenhum se declarou sem alfabetização. A escolha dos participantes foi por conveniência, tendo sido abordados os pais e avós que frequentavam o espaço de acolhimento infantil para visitar seus filhos ou netos à época em que foi realizada a pesquisa.

Com relação ao perfil das crianças, verificou-se um total de 73 crianças que receberam visitas, sendo 44 do sexo masculino e 29 do sexo feminino, nas faixas etárias: de um mês até 01 ano e 11 meses (32,8%), 02 anos até 03 anos e 11 meses (24,6%), 04 anos até 05 anos e 11 meses (12,3%), a partir de 06 anos (30,1%). No que se refere ao motivo de acolhimento, a principal causa foi a negligência familiar (58,9%), seguida de abandono (31,5%), genitor ameaçado de morte (4,1%), abuso sexual (2,8%) e violência doméstica (2,7%). Sobre o tempo de acolhimento, foi identificado que 34,2% das crianças estavam acolhidas num período de até três meses, 46,6% estavam acolhidas de três a cinco meses e 19,2% estavam na instituição de quatro meses a um ano.

Ambiente

A pesquisa foi realizada na Região Metropolitana de Belém, em uma instituição de acolhimento infantil, a qual atende crianças de zero a seis anos em situação de vulnerabilidade social. A coleta de dados foi realizada no pátio da instituição, comumente chamado de barracão. Quando a pesquisa foi realizada eram feitas em média três visitas familiares por dia às crianças, sendo estas realizadas todos os dias da semana, em geral pelos mesmos familiares das crianças que estavam acolhidas naquele período. Nestes momentos os familiares eram abordados, mas eram ouvidos apenas os que aceitavam colaborar com a pesquisa.

Instrumentos e técnicas

Buscando alcançar os objetivos da pesquisa, foram utilizados dois instrumentos básicos para a coleta dos dados. O primeiro instrumento foi uma Ficha de Informações Sociodemográficas com o objetivo de coletar dados sobre idade, estado civil, local de nascimento (interior ou capital), nível de escolaridade e atividade profissional dos participantes da pesquisa. O segundo instrumento foi o roteiro para Entrevista de Metas e Estratégias de Socialização, proposta por Miller e Harwood (2001) e adaptada para o contexto brasileiro por Seild de Moura e tal (2008). O roteiro para realização de entrevista semiestruturada foi composto de duas questões abertas elaboradas por Miler e Harwood (2001): 1) Quais as qualidades você desejaria para seu filho/ ou neto tenha quando ele for adulto?: 2) O que você acha que é necessário para que ele desenvolva essas qualidades?

Procedimento da coleta dos dados

O estudo teve início com o período de autorização à Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Pará para a realização da pesquisa na instituição selecionada. Posteriormente, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da universidade a qual estava vinculado o projeto de pesquisa sob o protocolo nº 146/11.

Nos primeiros contatos com os potenciais participantes da pesquisa, foi apresentada aos pais e avós de crianças em acolhimento institucional a relevância social e acadêmica da pesquisa. No momento inicial, explicavam-se os objetivos da pesquisa e, em seguida, era lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). No caso de concordância e disponibilidade, os participantes assinavam o referido termo e era estabelecido um horário conveniente para a realização das entrevistas.

A coleta dos dados foi realizada nas dependências internas de um espaço de acolhimento institucional infantil e consistiu na aplicação de uma entrevista semiestruturada, onde inicialmente se verificavam os dados sociodemográficos dos participantes e, em seguida, eram realizadas as perguntas referentes às metas e estratégias de socialização.

Procedimento de análise dos dados

As entrevistas sobre metas de socialização foram gravadas e transcritas na íntegra. Na entrevista para obter os dados sociodemográficos, a pesquisadora leu cada uma das perguntas aos participantes e registrou por escrito a resposta dada pelos pais e avós que aceitaram colaborar com a pesquisa.

Os dados coletados para a descrição sociodemográfica e entrevistas semiestruturas foram organizados em planilhas do programa Excel (Microsoft). A análise conduzida objetivou descrever as metas e as estratégias de socialização nos termos utilizados pelos participantes. Por isso, buscou-se um procedimento de análise de dados que preservasse os detalhes dos conceitos, observando as categorias que emergiram no conteúdo dos discursos dos participantes, em vez do usual método de organização por categorias pré-definidas.

A partir de então, selecionou-se conforme a ordem em que apareciam, todos os descritores de qualidades desejadas, ignorando as repetições. Os descritores foram configurados como palavras isoladas (honesto, obediente) ou frases descritivas (que tenha um trabalho, que seja uma pessoa feliz). Os descritores foram registrados conforme um princípio de mínima redução, ou seja, os sinônimos foram registrados como descritores diferentes (delicado, gentil, atencioso). Quando as qualidades estavam no meio de sentenças completas, se fez necessário adotar formas apropriadas para resumir a frase. Desta maneira, foi escolhido um descritor, o que envolveu alguma redução. Exemplo disso são frases com o mesmo teor, porém enunciadas de maneiras diferentes (que seja estudioso, que ele goste de estudar) foram convertidas em um único descritor (ser estudioso). Procurou-se, também, preservar diferentes significados associados ao descritor.

Em seguida, os descritores foram organizados em bancos de dados apropriados, no programa Excel (Microsof) para análise do número de menções de metas e estratégias de socialização citadas por pais e avós, e verificar as que eram comuns, ou seja, mencionadas por ambos.

 

Resultados

O estudo teve como objetivo conhecer as metas e estratégias de socialização de 30 pais e 30 avós de crianças em acolhimento institucional. A partir de entrevista semiestruturada, as respostas com frases ou palavras de mesmo sentido foram agrupadas e organizadas em categorias. A quantidade de descritores (palavras ou frases), com a qualidade desejada, foi muito aproximada entre os participantes, os pais mencionaram 18 e os avós 20 descritores, estes últimos levando uma ligeira vantagem quanto à variedade das metas estipuladas ou almejadas para seus netos.

Como mostrado na Tabela 1, foram encontrados 10 descritores comuns aos pais e avós das crianças acolhidas institucionalmente, foram palavras ou frases que retratam as metas de socialização relacionadas aos valores sociais, como por exemplo, "ser estudioso" (57%), "ter uma boa profissão" (30%), "ser trabalhador" (22%). Já o bom comportamento de seus filhos e netos quando forem adultos, foram mencionados a partir de expectativas como "respeite" (9%), "seja honesto" (7%). Além disso, metas que visam o bem-estar emocional da criança foram citadas por pais e mães, exemplo "seja feliz" (5%).

Em relação aos oito descritores mencionados pelos pais e mães, foram encontradas frases que remetem aos valores pessoais como "seja qualificado", "nos deem orgulho" e palavras que representam metas de socialização de desenvolvimento de características pessoais como ser inteligente, esperto e bem-estar de seus filhos como saudável. Somente os pais disseram duas frases na negativa que são elas: "não mintam", "não sejam ignorantes".

Os avós, por sua vez, mencionaram metas que se encaixaram em dez descritores relacionados aos valores e papeis sociais. Vale destacar o fato de terem mencionados metas de socialização relacionadas aos papeis familiares, diferentemente dos pais que não disseram nenhuma palavra ou frase que pudesse ser alocada em descritores como "sejam pais amorosos", "sejam carinhosos com seus filhos". Outra diferença é que o descritor "ser religioso" que não fora encontrado entre as metas dos pais, porém apareceu nas respostas dos avós. Assim como os pais, os avós fizeram alusão às qualidades relacionadas ao bem-estar, valores sociais e bom comportamento de seus netos no futuro, por meio de frases como "tenha conforto", "tenha uma boa condição financeira", "pratique esportes", "tenha juízo", dentre outras. Abaixo a Tabela 2 indica a frequência e o percentual dos atributos comuns mencionados pelos dois grupos de participantes.

Pode-se perceber que os descritores relacionados aos valores sociais como "seja estudioso" foi mencionado por 50% pais e mães e 67% dos avôs e avós, "tenha uma boa profissão" obteve um percentual de 30% de menções em cada grupo, "seja trabalhador", foi citado por 30% dos pais e mães e apenas 13% dos avós e avós. Por não ter sido estipulado um número mínimo de menções para que os descritores fossem apresentados na tabela, observaram-se palavras e frases que foram referidas apenas uma vez pelos pais e duas vezes pelos avós, como por exemplo, "seja feliz" e "tenha qualidade de vida".

No que concerne às estratégias de socialização que seriam necessárias para a consolidação das metas futuramente, a Tabela 3 mostra que também foram referidas estratégias comuns a ambos os grupos, mas algumas se diferiram entre si.

Dentre as sete estratégias comuns aos dois grupos, a mais citadas foram "ter uma boa educação" (50%), "ter amor e carinho da família" (30%), "estudar" (30%). Além disso foram mencionadas outras estratégias que estão relacionados ao papel da família na socialização dos filhos e netos, sendo elas: "ter orientação da família" (8%), "ter incentivo da família" (7%), e "cuidado materno" (7%), em que foram incluídas frases como "vai precisar do capricho da mãe", "ajuda da mãe", "sempre estar ao lado da mãe", "ficar perto da mãe para que ela possa ensinar o caminho a seguir", dentre outras.

Os pais mencionaram palavras e frases que resultaram em onze estratégias, dentre eles quatro estão relacionados à família como "ajuda financeira da família", "acompanhamentos dos estudos", "bom convívio familiar" e "união da família". Outras quatro estratégias estão relacionadas às características que as próprias crianças deveriam desenvolver como: independência, bom comportamento, disciplina e dedicação. Ainda tiveram duas estratégias que seriam "ter um bom marido" e "proteção divina".

Os avós também mencionaram quatro estratégias relacionadas à família, sendo boa criação, apoio da família, bons conselhos e diálogo. Foram citadas estratégias voltadas às características da criança: força de vontade, coragem, atenção, brincar e compreensão. Além disso, um descritor menciona "bons professores" e outro uma "boa condição financeira", somando onze diferentes estratégias de socialização.

No que se refere à frequência que as estratégias foram mencionadas, o descritor "ter uma boa educação" é o mais frequente tanto entre os pais (40%), quanto entre os avós (57%), somando um total de 29 menções entre os dois grupos. Em relação às estratégias mais citados por grupo, temos a estratégia "estudar" entre 40% dos pais, mencionada como a principal estratégia para que seus filhos alcancem as metas de socialização e os avós que apontaram o "amor e carinho da família" (57%), como fundamentais para que seus netos alcancem as metas idealizadas por eles, sendo citadas 17 vezes. Deste modo, percebe-se que tanto os pais quanto os avós pensam em estratégias de socialização para seus filhos, embora elas sejam diferentes.

 

Discussão

Os resultados apontam que os pais e avós de crianças acolhidas institucionalmente priorizaram metas de socialização relacionadas ao desenvolvimento profissional, valores sociais e bom comportamento. Vale ressaltar que tanto os pais e mães quantos os avôs e avós possuem um baixo nível de escolaridade, moram em áreas da periferia da cidade. Além dessas características socioeconômicas, o fato de seus filhos e netos estarem em situação de acolhimento institucional, talvez contribua para eles pensem em um futuro que assegure aos seus filhos e netos aquilo que eles próprios não tiveram condições de alcançar na vida adulta e nem puderam oferecer às suas crianças: estabilidade financeira, boa profissão e alta escolaridade. Além do mais, o próprio contexto socioeconômico e cultural destaca e valoriza a realização profissional, tendo em vista as novas exigências da sociedade capitalista sobre o potencial produtivo do indivíduo. Isso é perceptível também em outros estudos que investigaram as metas de socialização e apontaram respostas de mães que idealizaram seus filhos como trabalhadores, possuidores de boa profissão (Lordelo et al, 2012; et al, 2008; Piovanotti, 2007).

Verificou-se nos descritores de atributos comuns que os pais e avós prezam pelo respeito, isso nos mostra que essa é uma questão que ainda se constitui como um valor acentuado na sociedade e ajuda a cultivar a reciprocidade nas relações familiares, como apontam Sarti (2010) e Anderson (2011). Em relação aos descritores divergentes entre pais e avós, percebe-se que os pais mencionaram metas que prezavam pelo bem estar dos filhos e idealizando características que se julgam necessárias para o desenvolvimento profissional e pessoal, como "inteligentes" e "espertos". Os avós, diferentemente dos pais, mencionaram metas referentes aos papeis familiares de seus netos. Infere-se, com isso, que eles prezam pela qualidade da relação familiar possivelmente por dois motivos: o primeiro por seus filhos não conseguirem cumprir sua função de cuidado, proteção e provimento dos netos, somando-se a isso fatores de risco que levaram a criança a ser acolhida institucionalmente (Cavalcante & Magalhães, 2013).

Neste sentido, quando se observa o número total metas de socialização dos participantes da pesquisa, isto é, categorias mencionadas pelos dois grupos, percebe-se que os pais e avós deste estudo pensaram em atributos pessoais e de alcance de expectativas sociais, um resultado que se aproxima de um modelo cultural autônomo-relacional, em geral associado ao contexto urbanizado brasileiro (Silva, 2008; Bandeira, Moura & Vieira, 2009; Diniz & Salomão, 2010). Vale ressaltar que para alcance dessas metas fatores com a disponibilidade de recursos no ambiente familiar e social são primordiais, ou seja, a família, mas também a rede de apoio social, têm papel fundamental nesse processo. Isto manifesta a complexidade da tarefa parental de educar os filhos e netos, que exige por parte dos cuidadores constante esforço, principalmente quando se considera que esses pais, mães, avôs e avós vivem e um contexto de vulnerabilidade social.

Quando se conhece as respostas entre os dois grupos, pode-se perceber que os pais seguem uma tendência de pensar em metas pessoais, de orientação individual, prevalecendo aspectos de autonomia. Em contrapartida, os avós pensaram em atributos pessoais e também em valores e papeis sociais de seus netos e especialmente relacionado ao desenvolvimento das atribuições familiares. Essa característica mais relacional das metas idealizadas por pais e avós pode estar associada com um modelo cultural interdependente que preza pelas relações próximas e têm sido comuns em estudo com pessoas de baixo nível socioeconômico e baixo nível educacional (Silva, 2008).

Portanto, a importância das relações familiares seria uma diferença geracional encontrada no estudo, isso corrobora a noção de que a transmissão cultural, bem como as metas de socialização, pode variar conforme as gerações (Borges & Magalhães, 2011). Embora as boas relações familiares tenham sido metas de socialização traçadas somente por avós, quando tratamos das estratégias de socialização, percebemos que o papel da família é citado por ambos os grupos, ou seja, tanto pelos pais, quanto pelos avós.

Dado o contexto social em que a legislação sobre a infância e adolescência, bem como políticas públicas, tem enfatizado a importância da família para o desenvolvimento saudável dessas pessoas e ainda o próprio ambiente físico e social em que a pesquisa fora realizada, os pais e os avós não hesitaram em colocar a família como central para o alcance das metas idealizadas por eles. Vale lembrar que o acolhimento institucional é uma medida provisória e excepcional, nesse sentido, essas metas e estratégias podem ser desenvolvidas ao longo do processo de reintegração familiar das crianças que é almejado, desde que as famílias sejam reconhecidas como protagonistas no contexto do acolhimento institucional e sejam auxiliadas na superação das adversidades que levaram a exposição das crianças a situação de risco.

Também em virtude da noção de que as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, dentre eles a educação, percebemos que os pais e avós de crianças em acolhimento institucional reconhecem a fundamental importância da educação para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus filhos e netos, o que denota que eles traçam metas e estratégias congruentes para suas crianças.

 

Considerações Finais

O presente estudo possibilitou conhecer as metas e estratégias de socialização de pais e avós de crianças em situação de acolhimento institucional. Optou-se por não fazer a análise por meio das categorias pré-definidas e utilizadas em outros estudos, pois já tinham sido apontadas nos trabalhos que elas não conseguiam abarcar mais de 10% das falas, sendo estas englobadas na categoria "outros".

O estudo avançou também no sentido de conhecer melhor a psicologia dos cuidadores familiares de crianças que estão em vulnerabilidade social e sob a medida protetiva de acolhimento institucional, não mostrando no geral muitas diferenças em comparação a outros estudos com participantes do mesmo background cultural (Cavalcante & Magalhães, 2013; Silva, 2008). Todavia, os resultados obtidos pela estatística descritiva apontaram diferenças entre as metas de socialização em função das gerações, pais e avós, de modo que os últimos apresentaram metas de socialização de um self mais relacional, o que provavelmente está relacionado à baixa escolaridade ou inexistência de mesma e da influência do sistema de crença dos mesmos, que provavelmente fora mais tradicional.

Feitas essas considerações, é necessário apontar as limitações do trabalho e sugerir proposições para os futuros trabalhos que se desenvolvam nesta área. Primeiramente, não foram feitos testes estatísticos para verificar a influência de variáveis nas metas e estratégias de socialização, uma vez que este estudo busca fazer uma análise mais qualitativa e descritiva no que tange as metas e estratégias. Além disso, as metas e estratégias não foram observadas conforme o gênero dos pais e dos avós, pelo fato da amostra do sexo masculino ser muito pequena.

De um modo geral, percebeu-se coerência entre as metas e estratégias de socialização pensadas por pais e avós, em conformidade com outros estudos realizados no estado e no país, em que o perfil e as metas encontradas se aproximam de um modelo de orientação cultural autônomo-relacional e no caso dos avós com idealização de alocentrismo familiar. Ademais, observou-se a presença de metas de socialização presentes em outros estudos e geralmente associadas à estabilidade profissional, bom nível de educação e bem estar dos futuros adultos. Espera-se que pesquisas futuras possam abranger um número maior de participantes e que as metas de socialização de pais e avós de crianças em acolhimento institucional sejam comparadas dentro de uma mesma família.

 

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Recebido em: 23/11/2015
Aceito em: 23/11/2015

 

 

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