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Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

versión On-line ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.8 no.2 Juiz de fora dic. 2015

 

ARTIGOS

 

O uso do genograma na psicoterapia psicanalítica familiar

 

The use of the genogram in family psychoanalytic psychotherapy

 

 

Ricardo da Silva Franco1; Maíra Bonafé Sei

Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil

 

 


RESUMO

Objetivou-se, por meio desta pesquisa, investigar o uso do genograma na psicoterapia psicanalítica familiar, para compreensão do papel que esta técnica pode desempenhar no setting familiar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que fez uso do material clínico advindo de sessões com famílias realizadas em uma clínica de psicologia de uma universidade pública. O material clínico coletado foi analisado por meio do referencial psicanalítico e pôde-se compreender que o genograma pode contribuir para a compreensão da dinâmica familiar, elucidando aspectos da transmissão psíquica geracionale, com isso, também o desenvolvimento do processo terapêutico. Conclui-se que esta é uma técnica que pode favorecer o desenvolvimento da psicoterapia psicanalítica familiar, especialmente quando empregada de forma mais livre e espontânea, dando margem para o aparecimento de aspectos inconscientes, mais difíceis de serem acessados de outra maneira.

Palavras-chave: Genograma, Psicanálise de Família, Serviço-escola de Psicologia.


ABSTRACT

The objective by means of this research was to investigate the use of the genogram in family psychoanalytic psychotherapy so as to understand the role that this technique can play in the family setting. It is a qualitative research that made use of clinical material arising from encounters with couples and families held in a psychological clinic at a public university. The clinical material collected was analyzed through the psychoanalytic theory and it could be understood that the genogram can contribute to the understanding of family dynamics, elucidating aspects of generational psychic transmission and thus the development of the therapeutic process as well. The conclusion is that this is a technique that may favor the development of family psychoanalytic psychotherapy especially when used in a freeer and spontaneous way, giving rise to the appearance of unconscious aspects which are more difficult to be accessed otherwise.

Keywords: Genogram, Family Psychoanalysis, Psychological University Clinic.


 

 

Com o aumento da complexidade, do interesse e das pesquisas na área da saúde da família na contemporaneidade, o genograma tornou-se uma importante ferramenta sistematizada utilizada por diversos profissionais da saúde e não mais somente pelos terapeutas familiares (Athayde & Gil, 2005; Castoldi, Lopes & Prati, 2005; Correia & Martins, 2009; Freitas, 2008; Kruger & Werlang, 2008; Machado, Soprano, Machado, Lustosa, Lima & Mota, 2005; Mello, Viera, Simpionato, BiasoliAlves & Nascimento, 2005; Muniz & Eisenstein, 2009; Pavarini, Luchesi, Fernandes, Mendiondo, Filizola, Barham & Oishi, 2008; Penso, Costa & Ribeiro, 2008; Rebelo, 2007; Tannús, Ramos, Santos, Carneiro, Paiva & Tannus, 2011; Waters, Watson & Wetzel, 1994; Wendt & Crepaldi, 2007). Esta estratégia auxilia-os a entender a estrutura e a dinâmica de funcionamento de seus pacientes (McGoldrick & Gerson, 1985/2000; Revilla, 2006), seja no atendimento individual ou em grupo, como, por exemplo, no caso das terapias familiares.

A técnica consiste na representação gráfica do grupo familiar no decorrer de várias gerações (Cerveny & Dietrich, 2008; McGoldrick, Gerson & Petry, 2008). Pode-se considerar o genograma como uma espécie de árvore genealógica da família. É empregado para a coleta e o registro de dados tanto objetivos quanto subjetivos da estrutura, da dinâmica e do histórico familiar. Neste sentido, McGoldrick e Gerson (1985, p. 17) conceituam o genograma como "un formato para dibujar um árbol familiar que registra información sobre los miembros de uma família y sus relaciones durante por lo menos três generaciones". Para estes autores, o genograma favorece uma apreensão das normas familiares e a construção de hipóteses sobre a influência da família na problemática apresentada e as mudanças desta ao longo do tempo.

A produção gráfica da composição familiar ao longo das gerações possibilita ao profissional visualizar os aspectos genéticos, médicos, sociais, culturais e emocionais de cada grupo. Pode-se, assim, solicitar a inserção de dados objetivos, tais como: o número de membros, nomes, idades, doenças genéticas, membros falecidos, datas de aniversário, datas de casamento, divórcios etc (Athayde & Gil, 2005; Castoldi et al., 2005; Correia & Martins, 2009; Machado et al., 2005; Mello et al., 2005; Muniz & Eisenstein, 2009; Pavarini et al., 2008; Rebelo, 2007). Os membros da família são mapeados e os tipos de vínculos entre eles, bem como as características individuais, são descritas no desenho. Além disso, podem ser inseridos dados de ordem mais subjetiva como: crenças, regras, valores, mitos, traços de personalidade de cada membro, papel de cada integrante na dinâmica da família entre outras informações (McGoldrick & Gerson, 1985/2000; McGoldrick et al., 2008; Penso et al., 2008; Revilla, 2006; Vitale, 2012; Waters et al., 1994; Wendt & Crepaldi, 2007).

Além de tais informações registradas de forma concreta, o profissional pode obter ainda dados comportamentais dos pacientes a partir da sua observação direta durante a confecção do genograma. Se o paciente ou a família se irrita ao falar sobre algum determinado membro, como o grupo se relaciona enquanto produz o desenho, quais assuntos são tocados, quais materiais são disponibilizados e escolhidos para o uso, dentre outros asectos. Entende-se, assim, que estes dados podem enriquecer e contribuir para a análise da pessoa ou família.

Trata-se de um instrumento norteador para a elaboração de possíveis hipóteses acerca da estrutura e do funcionamento familiar, delineando de maneira mais esclarecedora a queixa trazida ou o problema em questão. Baseando-se nessa melhor compreensão do grupo familiar, pode-se, então, pensar em intervenções apropriadas. Deve-se destacar a possibilidade dos próprios pacientes, com o uso do genograma, visualizarem, identificarem e refletirem sobre os pontos positivos e as dificuldades que permeiam a si mesmos e ao grupo (McGoldrick & Gerson, 1985/2000; McGoldrick et al., 2008; Wednt & Crepaldi, 2007).

Outro ponto interessante destacado refere-se à questão das gerações. O uso do genograma baseia-se na ideia da história familiar extrapolar a família nuclear, isto é, determinados padrões familiares podem estar presentes e repetindo-se há mais de uma geração, sejam eles positivos ou negativos (Penso et al., 2008; Vitale, 2012).

Machado et al. (2005) argumentam que este recurso possibilita apreender a repetição de relações no seio da família, bem como de patologias, sendo relevante no campo de "doenças com traço familiar ou hereditário, aquelas influenciadas por fatores psicossociais e/ou socioambientais" (p. 150). Isso permite uma visão mais nítida aos profissionais de saúde e aos familiares acerca dos padrões repetidos ao longo das gerações.

O genograma passou a ser um instrumento altamente sistematizado capaz de organizar os dados coletados e registrados da família durante o processo de avaliação nas diversas áreas da saúde (McGoldrick & Gerson, 1985/2000; Rebelo, 2007; Revilla, 2006; Waters et al., 1994), com uso inicial por médicos de família, para registro e acompanhamento do histórico médico das famílias em atendimento de maneira eficaz e confiável (McGoldrick et al., 2008; Wendt & Crepaldi, 2007).

Foi denominado num primeiro momento de "diagrama familiar", tendo sido posteriormente chamado de "genograma", em 1972, por Philip Guerin (Penso et al., 2008). Ulterior, teóricos como Eileen, Pendegast, McGoldrick e Gerson contribuíram para que o genograma tivesse cada vez mais um rigor científico (Penso et al., 2008; Wendt & Crepaldi, 2007).

Como um instrumento sistematizado e científico, o genograma possui determinadas regras para ser construído. Todavia, embora existam determinadas regras para a sua elaboração, elas podem ser adaptadas de acordo com o contexto. Por exemplo, em um consultório médico o genograma tenderá a ser executado de maneira mais objetiva não abrindo tanta possibilidade para os dados subjetivos. Já dentro de um ambiente psicoterápico, como o caso deste trabalho, os pacientes puderam dispor de um espaço mais livre e criativo para a confecção de seus genogramas.

Diante deste panorama, objetiva-se, então, apresentar e discutir o uso do genograma enquanto uma ferramenta auxiliadora na psicoterapia psicanalítica familiar a partir do recorte e da análise de dois casos clínicos. O diferencial deste trabalho pauta-se na aplicação do genograma com as famílias atendidas, haja vista que o foco dado à aplicação do mesmo centrou-se mais no aspecto projetivo dele do que nas questões técnicas da aplicação valorizadas pelos demais profissionais das áreas de Saúde. Em relação à psicanálise o trabalho fundamenta-se, mais especificamente, nos aportes teóricos da psicanálise de família, que dá grande importância para o fenômeno da transmissão psíquica geracional, discutido por René Kaës (Trachtenberg & Chem, 2013).

Transmissão psíquica geracional e a psicoterapia psicanalítica familiar

Configura-se como uma árdua tarefa encontrar uma definição universal para o conceito de família, pois esta tem sofrido constantes e profundas modificações ao longo do tempo, especialmente nas últimas décadas. Zimerman (2004, p. 375) argumenta que "a tradicional família nuclear, constituída por pais, filhos, avós, tem cedido um considerável espaço a outras composições distintas e atípicas" como, por exemplo, a união de casais homossexuais.

Pode-se, assim, entender família como um grupo influenciado pela transmissão psíquica geracional, com a construção da subjetividade de cada indivíduo acontecendo no espaço familiar e social (Correa, 2003). O inconsciente de cada sujeito leva consigo a marca de outros inconscientes que estão presentes e configuram seu contexto (Gomes & Zanetti, 2009; Granjon, 2001). Magalhães e Féres-Carneiro (2004, p. 244) argumentam que o "sujeito não é auto-engendrado, e o trabalho psíquico de constituição da subjetividade implica a metabolização da herança no confronto com o outro que transmite".

Tem-se a hipótese central de ser o material da vida psíquica algo passível de transmissão entre e intergerações de uma família (Correa, 2003). Todavia, o que seria esse material que vem do outro ao qual o sujeito se submete, seja para seu benefício ou para sua própria ruína? Transmitem-se, de um espaço psíquico a outro, essencialmente, afetos, representações, fantasias, valores, mitos, crenças etc (Lawall, Trivellato, Shikasho, Filgueiras, Silva & Almeida, 2012; Trachtenberg, Kopittke, Pereira, Chem & Mello, 2013).

Segundo alguns autores, seria preferencialmente transmitido entre as gerações aquilo que é denominado como conteúdos negativos (Trachtenberg et al., 2013), ou seja, materiais brutos não simbolizados, elaborados e digeridos, sem a possibilidade de metabolização e integração de seus conteúdos. Para Kaës (1998, p. 9), "aquilo que não se retém, aquilo de que não se lembra: a falta, a doença, a vergonha, o recalcamento, os objetos perdidos, e ainda enlutados". Esse mecanismo de transmissão recebe o nome de transmissão psíquica transgeracional (Henriques & Gomes, 2005).

Observa-se, desse modo, que a transmissão psíquica transgeracional refere-se aos aspectos traumáticos, patológicos e sintomáticos transmitidos (Lawallet al., 2012; Trachtenberg et al., 2013). Nas palavras de Garcia, Pires e Penna (2010, p. 69) "a transgeracionalidade é uma forma de transmissão transpsíquica e envolve aspectos negativados, não representados na mente dos pais, que são transmitidos ao psiquismo dos filhos em estado bruto, não elaborado". Como um conteúdo não simbolizado e elaborado, em estado de suspensão, ele é transmitido para as gerações seguintes em que é feita, entre os membros familiares, uma aliança inconsciente, um pacto denegativo. Sobre esse pacto, Trachtenberg e Chem (2013, p. 26) indicam que este se organiza como uma aliança inconsciente expressando o negativo "no âmbito da intersubjetividade e se caracteriza por oferecer a cada sujeito do conjunto aquilo que tem como destino a repressão, a denegação, a recusa, a rejeição ou o enquistamento no espaço interno de um sujeito ou de vários sujeitos". Pode-se dizer que o pacto denegativo está presente naquilo que origina e fundamenta tanto os grupos, como a família, quanto o sujeito singular.

No entanto, não se transmite somente o negativo, mas também aspectos positivos passíveis de elaboração. Segundo Kaës (2001) é herança psíquica além dos conteúdos negativos "aquilo que ampara e assegura as continuidades narcísicas, a manutenção dos vínculos intersubjetivos, a conservação e complexidade das formas e da vida: ideias, mecanismos de defesa, identificações, certezas, dúvidas" (p. 9). Esse mecanismo de transmissão recebe o nome de transmissão psíquica intergeracional (Gomes & Zanetti, 2009).

Ao se refletir sobre a prática da psicoterapia familiar psicanalítica, que aponta para a influência da transmissão psíquica geracional no estabelecimento das relações entre os familiares, entende-se que o terapeuta deve estar preparado, então, para considerar a história, acontecimentos, laços de no mínimo três gerações. Segundo Zimerman (2004, p. 375), "é fácil imaginar o intenso jogo de identificações projetivas cruzadas, que se processam entre os membros da família, com as respectivas atribuições de lugares a serem ocupados, papéis a serem executados e expectativas a serem cumpridas".

Nesse sentido, o funcionamento familiar tem de ser observado e analisado como um sistema interacional e não, simplesmente, como um modelo mecânico de papéis não conectados (Riley, 1998). Percebe-se uma complexa rede de relações em que o sofrimento trazido à sessão refere-se ao grupo em sua totalidade e não apenas a um indivíduo, pois todos possuem papéis influenciadores e interligados (Ramos, 2006).

Nota-se, assim, quão complexa a psicoterapia familiar pode ser. Exige do terapeuta uma maior sensibilidade para compreender a família como um todo e certo manejo para lidar com todos presentes numa mesma sessão. Neste sentido, entende-se que o uso de recursos artístico-expressivos pode se apresentar como uma atividade pertinente para o processo terapêutico familiar, tendo em vista a complexidade da psicoterapia psicanalítica familiar.

Compreende-se que os recursos artístico-expressivos podem colaborar para a expressão de aspectos inconscientes, dado que o inconsciente manifesta-se mais pela via de imagens e, assim, por meio das atividades expressivas, os conteúdos poderiam fugir da censura com maior facilidade (Naumburg, 1991). No campo da psicoterapia familiar psicanalítica, observa-se que os recursos artístico-expressivos possibilitam uma via de comunicação e expressão além das palavras (Sei, 2011), que coloca crianças, adolescentes, adultos e idosos em um mesmo nível, haja vista as diferenças cognitivas existentes entre os familiares (Manicom & Boronska, 2003). Além disso, as produções são materiais concretos passíveis de análises posteriores (Liebmann, 2000).

Quanto ao uso dos recursos artístico-expressivos, McMurray e Schwartz-Mirman (1998) defendem que eles podem ser utilizados por meio de atividades estruturadas, nas quais o sujeito faz uso dos materiais a partir de uma atividade mais dirigida e guiada pelas instruções do terapeuta. Argumentam que uma segunda forma de atuação baseia-se em um processo criativo mais livre e espontâneo, haja vista que a fonte de inspiração da pessoa seria seu próprio mundo interno, similar ao processo de associação livre da técnica psicanalítica.

Nesta pesquisa compreendeu-se o uso do genograma enquanto um recurso artístico-expressivo, com uma proposta de atividade mais estruturada no setting terapêutico familiar (McMurray & Schwartz-Mirman, 1998). Foram disponibilizados nas sessões com as famílias vários materiais (lápis de cor, tinta, jornais, revistas, colas, tesouras, papel sulfite, cartolinas, giz de cera etc.) para a confecção do genograma e elas tiveram maior liberdade para construírem seus genogramas.

São passadas instruções gerais quanto à organização das informações, contudo sem uma intensa atenção às regras de composição do genograma. Com isso, acaba-se por concebê-lo mais como uma técnica projetiva, expressiva, por meio da qual a família pode trazer os lapsos nas representações dos vínculos, os pequenos erros na configuração do genograma, que acabam por registrar no papel aspectos inconscientes relativos aos vínculos e histórias das famílias atendidas. Ao se considerar, então, o genograma como uma produção artístico-expressiva do grupo familiar, este teria a capacidade, no setting analítico, de funcionar como um objeto mediador e mobilizador dos processos psíquicos que viabiliza um acesso ao material recalcado e fomenta um processo elaborativo por parte dos indivíduos (Zanetti, 2013).

 

Método

Trata-se de um estudo teórico-clínico baseado na apresentação de recortes de caso clínico de psicoterapia psicanalítica familiar e, assim, o método qualitativo se mostra apropriado (Turato, 2005). Tal tipo de estudo busca investigar aspectos como os significados, simbolizações, representações do indivíduo em estudo (Bassora & Campos, 2010).

Sobre a pesquisa qualitativa na psicologia clínica, Pinto (2004, p. 74) argumenta tratar-se de um procedimento construtivo-interpretativo e acrescenta que está "é sempre uma pesquisa-ação, pois conforme a ação vai sendo construída, ela é também investigada e interpretada e, com isso, o próprio processo vai sendo modificado".

Quanto ao emprego da pesquisa qualitativa na modalidade de atendimento clínico familiar, Wendtet al. (2007, p. 303) argumentam que ao estudar "pequenas amostras, os estudos qualitativos privilegiam as regularidades, mas se preocupam com as singularidades nas análises de cada grupo familiar em especial".

Participantes

Participaram deste estudo duas famílias atendidas em psicoterapia psicanalítica realizada em um serviço-escola de Psicologia de uma universidade pública do interior paranaense. Os atendimentos compunham um projeto de extensão de psicoterapia psicanalítica familiar e esta investigação insere-se em um projeto de pesquisa que visa investigar a psicoterapia psicanalítica realizada no contexto do serviço-escola de Psicologia. Com isso, todas as famílias em atendimento são previamente convidadas a participar desta pesquisa com apresentação dos objetivos do estudo e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Ressalta-se que este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da universidade na qual estes projetos são desenvolvidos e as famílias participantes assinaram o TCLE, tendo sido realizado o esclarecimento acerca dos riscos e benefícios da participação na pesquisa e a garantia do direito de retirada do consentimento a qualquer momento.

Procedimentos

Dentre as famílias atendidas em psicoterapia psicanalítica familiar em um serviço-escola de Psicologia, foram selecionados dois casos nos quais o genograma tivesse sido aplicado. Ressalta-se, conforme Turato (2005) que a escolha da amostra no caso da pesquisa qualitativa é intencional, com busca proposital de pessoas que vivencial a questão que está sendo pesquisada, com a seleção destas duas famílias tendo sido efetuada após a realização dos atendimentos.

Quanto ao genograma proposto nos atendimentos, ele delineia-se como uma atividade proposta de maneira mais livre e projetiva, caracterizando-se mais como um recurso artístico-expressivo do que como um instrumento estruturado de coleta de dados. Assim, são expostas apenas informações sobre a representação habitual de homem (□) e mulher (○), da ligação de casamento (―), filiação (│) e fraternidade (┌─┐), sem esclarecimento de como se representa divórcio, adoção, morte, doenças, dentre outras informações pertinentes sobre o vínculo e histórico da família.

Entende-se que desta forma os aspectos inconscientes podem se evidenciar, trazendo informações mais amplas sobre histórico e dinâmica da família. Além de um maior conhecimento sobre o grupo familiar, compreende-se que o genograma pode exercer um papel elaborativo para a família (Zanetti, 2013), aspectos que justificam sua inserção do atendimento destes indivíduos.

Por se tratar de um estudo teórico-clínico, buscou-se relacionar, na análise dos dados, a literatura referente ao uso dos recursos artístico-expressivos na psicoterapia psicanalítica (Naumburg, 1991; Sei, 2011) e à psicanálise de família (Gomes & Zanetti, 2009; Granjon, 2001; Ramos, 2006) aos dados coletados, a saber relatos das sessões familiares e imagens dos genogramas desenhados pelas famílias.

 

Resultados e Discussão

Almejou-se, com este trabalho, compreender o papel desempenhado pelo genograma na psicoterapia psicanalítica de casal e família. Por meio do material clínico advindo dos atendimentos, observou-se que o genograma que potencializou a compreensão acerca da dinâmica familiar. Por meio deste recurso, que se mostrou como um recurso artístico-expressivos, foi possível acessar conteúdos inconscientes, expressos, por exemplo, nos lapsos na confecção do genograma ou questionamento sobre o posicionamento de membros da família. Além disso, tornou mais evidente as repetições que permeiam as gerações.

As próprias famílias foram as responsáveis por desenhar seus genogramas e quando este se apresentava muito confuso, solicitava-se que estas refizessem os desenhos, apontando para determinados aspectos observados nas primeiras representações. Entende-se que, com isso, tem-se uma primeira elaboração de questões vivenciadas pelas famílias que as podem visualizar, concretamente (Liebmann, 2000), e transformá-las pela via imagética, contribuindo para este processo elaborativo (Zanetti, 2013).

De maneira a ilustrar tal argumentação, são apresentados dois casos de famílias atendidas em psicoterapia psicanalítica familiar, junto às quais o genograma foi aplicado.

Caso 1

A família nuclear era composta por: Ana, de 33 anos, casada com Felipe, de 31 anos, pais de Felipe Rafael, de 5 anos. Em atendimento apenas mãe e filho compareciam. Ana procurou o atendimento por consequência de o marido ser usuário de crack. Tiveram inúmeras separações e voltas ao longo do casamento. Felipe fugiu de casa, novamente, no mesmo dia que começariam a terapia familiar.

O filho do casal vinha apresentando um histórico de comportamentos agressivos na escola. A mãe temia que ele pudesse começar a fazer as mesmas escolhas erradas do pai. Havia também agressões físicas entre o casal. Em certo episódio a mãe de Ana sentiu o desejo de matar seu genro com veneno, porém Ana interviu expulsando-o de casa. Ana mora com o filho junto da mãe, avó de Felipe Rafael.

Felipe levava o filho para contextos extremamente inapropriados para o garoto. Em uma destas circunstâncias, levou-o para uma casa utilizada para o consumo de drogas, algo exposto pela primeira vez no processo terapêutico, ao se solicitar que cada um fizesse uma linha da vida.

Posteriormente, com o andamento das sessões, descobriu-se que Felipe acabou fugindo para a casa de um irmão em outra cidade e estava morando na garagem deste. Mantinha minimamente um contato com o filho, ligando para ele, por exemplo, em seu aniversário.

 

 

Dois genogramas foram construídos ao todo, cada um em uma sessão diferente. O primeiro foi confeccionado pela família de modo mais livre e espontâneo a partir de instruções gerais, permitindo e facilitando o contato com o material recalcado (McMurray & Schwartz-Mirman, 1998; Naumburg, 1991; Sei, 2011; Zanetti, 2013). Mãe e filho tiveram a sua disposição vários tipos de materiais como lápis de cor, giz de cera, canetas, revistas, cola entre outros. Ana teve de montar sozinha ambos os genogramas, enquanto o filho desenhava outras coisas. O material escolhido por ela foi o lápis grafite comum, sem a presença de qualquer outra cor que não o cinza.

Sendo um instrumento empregado para a coleta e o registro de dados referentes à estrutura, à dinâmica e à história familiar (Machado et al., 2005; Mello et al., 2005; McGoldrick et al., 2008; Penso et al., 2008; Waters et al., 1994; Wendt & Crepaldi, 2007), pode-se observar neste genograma os seguintes dados objetivos: o nome de cada membro; um número mais aproximado do total de membros; as uniões; os divórcios e as mortes. Foram expostas informações importantes sobre a composição do grupo familiar ao longo das gerações.

Em relação aos dados subjetivos, esses trazem aspectos interessantes a respeito da estrutura e da dinâmica de funcionamento do grupo familiar (McGoldrick & Gerson, 1985/2000; McGoldricket al., 2008; Penso et al., 2008; Revilla, 2006; Vitale, 2012; Waters et al., 1994; Wendt & Crepaldi, 2007). No genograma, a família de Ana está representada de maneira mais organizada e compreensível em comparação com a de seu marido. Já a família dele aparece de forma confusa e aglomerada.

A subjetividade de cada sujeito é construída no espaço familiar e social, pois o inconsciente de cada um leva a marca dos outros inconscientes presentes em seu contexto (Gomes & Zanetti, 2009; Granjon, 2001). Tal consideração é pertinente para se refletir sobre a informação dada por Ana acerca de sua mãe e a família, apresentadas como pessoas frias, reservadas e seguidoras de regras. Já os familiares por parte de seu pai são descritos como alegres e festivos. A mãe de Ana buscou em seu exmarido justamente o seu oposto, assim como ela em Felipe, repetindo, de certa forma, a escolha da mãe.

Observa-se uma estranha ligação entre os pais e avós de Felipe que sugere um incesto dentro da família. A mãe de Felipe, Telma, pode ser considerada irmã de seu marido, João, pois quando a mãe da Telma veio a falecer, a mãe do João adotou Telma. Os dois começaram um relacionamento com 15 anos e posteriormente se casaram. Há uma linha que une todos os avós de Felipe, como se seus pais fossem irmãos.

Felipe Rafael no genograma parece estar afastado de todos, como se de fato não tivesse amigos. Além disso, pode-se observar os desenhos feitos por Felipe Rafael ao lado do genograma em si. Ele traz a importância que o genitor ocupa em sua vida por meio da representação de determinados eventos com o pai nos quais a presença da mãe está ausente. Segundo Garcia et al. (2010), a transgeracionalidade diz respeito à transmissão psíquica dos aspectos negativos, não representados na mente dos pais e que são transmitidos ao psiquismo dos filhos em estado bruto. O pai, que foi abusado em sua infância, não abusa do filho, mas o expõe a mesma história que ele esteve exposto levando-o para lugares perigosos de uso de drogas. Felipe recebeu o mesmo nome do pai, desse modo, pode-se levantar a questão: fará ele a aliança inconsciente com o pai aceitando tal herança e reeditando a história da família?

Outro dado interessante presente são os corações que Ana atribuiu aos parentes pelos quais têm mais carinho como, por exemplo, seu cunhado a quem considera como um irmão.

 

 

O segundo genograma realizado pela mãe esteve pautado mais na primeira forma de atuação da prática arterapêutica mencionada por McMurray e Schwartz-Mirman (1998), ou seja, configurou-se como uma atividade mais estruturada, com orientações mais diretivas por parte da terapeuta responsável pelo caso na tentativa de melhor organizar as informações registradas na primeira versão do genograma. Os dados objetivos presentes são praticamente os mesmos do desenho anterior com o acréscimo de dois itens importantes: (1) a legenda contendo os símbolos para alcoolistas, dependente de drogas, deficiente físico e mortes e (2) aparece a informação sobre algum abuso na infância vinculado ao Felipe.

Tendo em vista que a família não pode ser entendida como um modelo mecânico de papéis separados, mas como uma complexa rede de relações (Ramos, 2006; Riley, 1998), o sofrimento trazido e vivenciado na sessão, na verdade, refere-se ao grupo em sua totalidade e não apenas a um indivíduo (Magalhães & Féres-Carneiro, 2004; Ramos, 2006). Baseado nesses novos dados sobre os alcoolistas e os dependentes de drogas, torna-se evidente que a história familiar extrapola a família nuclear (Gomes & Zanetti, 2009; McGoldrick et al., 2008; Penso et al., 2008; Ramos, 2006), visto que a história trazida como queixa se repete tanto na família de Ana quanto na de Felipe. O irmão de Ana era alcoolista, assim como seu cunhado era alcoolista e viciado em drogas, porém ambos conseguiram vencer seus vícios.

A relação incestuosa mais uma vez está presente por meio das setas que unem os avós de Felipe no topo do genograma. Felipe outra vez aparece meio isolado. Ana e Felipe ainda permanecem unidos como casal no desenho, não há o símbolo de separação na linha que os liga mesmo ele morando na casa de seu irmão, em uma cidade distante daquela na qual Ana habita.

Por fim, o material utilizado por Ana é novamente o lápis grafite sem a presença de nenhuma cor e os membros da família de seu pai não aparecem, eles que são descritos como alegres e festivos. Nesse sentido, pode-se levantar a questão: a parte feliz deve permanecer oculta? A sessão é o lugar de trazer somente as coisas ruins? Parece que só há espaço para as histórias confusas, tristes ou de superação.

Caso 2

A família era composta por: Beatriz, de 41 anos, casada com Caio, de 41 anos também, pais de Aline, 11 anos, e Pedro, 8 anos. Beatriz tinha um terceiro filho mais velho, Roberto, de 20 anos, fruto de seu primeiro casamento. Entretanto, o jovem não morava com eles, já era casado e possui uma filha. No atendimento somente mãe e filha compareciam, com Pedro tendo participado das sessões iniciais.

Beatriz buscou pelo atendimento por indicação do Hospital Universitário da cidade. Sua filha era diagnosticada com TDAH e Transtorno de Personalidade, porém ela não soube especificar qual transtorno de personalidade. O pai estava preso por ter abusado da filha. Embora a mãe tenha feito a denúncia, ela tinha dúvidas sobre a veracidade dos fatos, pois encontrava-se em uma posição ambivalente entre amor e ódio em relação a esse parceiro. Por vezes acreditava que a menina pudesse ter inventado a história, haja vista que lidar com tais fatos deveria ser uma tarefa extremamente árdua. Ela visitava o marido com regularidade na prisão e os dois faziam planos para quando ele saísse de lá.

Aline apresentava comportamentos agressivos na escola, assim como sua mãe também os havia apresentado. Beatriz conta que sempre havia sido agredida pelo pai desde quando sua mãe estava grávida.

 

 

Aline verbalizou que a sua família, a família nuclear, formaria a base para toda a árvore genealógica, contudo, a imagem produzida assemelhou-se a um labirinto sem saída. Um mergulho numa complexa rede de relações marcadas por histórias e acontecimentos difíceis, sendo tudo registrado pela cor cinza do grafite. As demais cores apareceram nas margens. Pode-se questionar: as cores estão fora do genograma, assim como as coisas boas?

Enquanto uma ferramenta sistematizada, contém dados objetivos importantes (McGoldrick et al., 2008; Wendt & Crepaldi, 2007). Neste genograma, são observados os seguintes aspectos: grande parte dos nomes de cada integrante familiar ao longo das gerações, um número mais próximo da quantidade total de membros, um número mais próximo da quantidade total de membros de cada sexo, as doenças presentes na história familiar (HIV e esquizofrenia), a identificação dos membros de drogas (álcool, cigarro etc.) do grupo familiar, quais membros do sexo feminino estavam grávidas e a informação do marido de Beatriz que estava preso.

Nota-se, novamente, que a história da família extrapola a da história da família nuclear (Gomes & Zanetti, 2009; Paiva, 2009; Penso et al., 2008), pois muitos casos de alcoolistas e usuários de drogas aparecem e repetem-se nos dois lados da família.

Nesse mesmo sentido, a influência da transmissão psíquica na formação do inconsciente (Gomes & Zanetti, 2009; Kaës, 1998; Kaës, 2011; Paiva, 2009; Trachtenberg et al., 2013) pode ser vista na identificação de Beatriz com a sua mãe na escolha de um parceiro. As histórias se repetem, assim, o pai de Beatriz a agredia desde quando ainda estava na barriga da sua mãe, pois ele queria que a esposa a abortasse. Beatriz escolheu um parceiro que, assim como seu pai, agredia a filha. Caio abusou de Aline em um ato de pedofilia.

Conforme alguns autores defendem, transmite-se preferencialmente entre as gerações os chamados conteúdos negativos, materiais brutos difíceis de elaboração (Gomes & Zanetti, 2009; Kaës, 1998; Paiva, 2009; Trachtenberg et al., 2013). Essa identificação mencionada entre mãe e filha sobre a escolha de um parceiro relaciona-se com a transmissão psíquica transgeracional, isto é, refere-se a um aspecto traumático, patológico e sintomático não simbolizado transmitido de uma geração à outra (Gomes & Zanetti, 2009; Henriques & Gomes, 2005; Lawallet al., 2012; Trachtenberg et al., 2013). O negativo no caso desta família pode ser a violência, as situações abusivas.

Em certo episódio, Paulo, pai de Beatriz, agrediu tanto sua esposa que quando os filhos chegaram em casa pensaram que sua mãe estava morta. Alberto, irmão de Beatriz, irado e para proteger seus irmãos e suas irmãs pegou um machado e matou o pai com cem machadadas. Permaneceu preso durante um mês e depois foi absolvido das acusações, porém Alberto acabou se envolvendo com drogas e contraiu HIV, vindo a falecer. Aline, de maneira semelhante, teve de fazer o mesmo que o seu tio, prendendo o pai. As esposas não conseguem colocar um limite em seus parceiros e são os filhos que acabam tendo de fazê-lo. Beatriz também não elaborou toda essa violência, transmitindo-a para a filha que reedita sua história.

Há um processo de negação, pois Beatriz nega ter escolhido um sujeito violento. O ego na tentativa de se proteger contra ideias ou afetos dolorosos, não passíveis de elaboração, utiliza-se dos mecanismos de defesa, dentre eles tem-se a negação. Dessa maneira, Beatriz nega os aspectos negativos do marido, por vezes duvidando da própria filha dizendo que pode ter sido uma invenção da menina, assim como sua mãe negava os de seu pai. Todavia, a própria Aline também se encontra dividida entre encarar e negar as atitudes do pai.

Interessante, desse modo, dizer que a legenda "preso" somente foi colocada após a terapeuta questioná-los se mais alguém fora ele havia sido preso. Neste momento colocam a grade no lugar que representa Caio, mas ainda assim somente metade do quadrado foi marcado com a grade, visto que metade da pena já foi paga. Nas palavras de Aline, ela já perdoou o pai. Agora falta a lei perdoá-lo.

Neste genograma o filho mais velho de Beatriz aparece como fruto da sua atual união, porém no segundo desenho descobre-se que ela esteve em um casamento anterior à união com Caio. Sobre uniões, observa-se não haver nenhuma separação registrada.

 

 

Este genograma trata de uma evidente tentativa de organização dos dados familiares com o auxílio da terapeuta. Todavia, ainda assim não tenham conseguido desenvolver o genograma. Compreende-se que talvez, eles ainda não estivessem prontos para desenrolarem todas as histórias da família, como, por exemplo, o fato de Caio também usar drogas, ou seja, ainda não estavam preparados para se aventurarem pelos caminhos desconhecidos do labirinto inicialmente representado. Pode-se visualizar o primeiro casamento de Beatriz com José e a primeira separação registrada tanto neste quanto no genograma anterior.

 

Considerações finais

Considera-se, por meio da investigação realizada, que o genograma se mostrou uma importante ferramenta norteadora para os terapeutas familiares. Colaborou para a formulação de possíveis hipóteses acerca da estrutura e do funcionamento familiar nos dois casos analisados, delineando de maneira mais esclarecedora a queixa trazida ou o problema em questão.

Compreende-se, além disso, que a inserção, na psicoterapia psicanalítica familiar, do genograma realizado de forma mais projetiva, funcionando como um recurso artístico-expressivo, possibilitou uma maior acessibilidade ao material recalcado do grupo (Sei, 2011; Zanetti, 2013), especialmente no que se refere aos aspectos negativos da transmissão psíquica transgeracional. A dificuldade de separação de ambas as esposas diante de relacionamentos conjugais insatisfatórios, histórias pregressas de violência, símbolos acrescentados ilustram concretamente aspectos que talvez não aparecessem no discurso destas famílias.

Entende-se, ademais, que a solicitação, em sessão, de um segundo genograma pode fomentar o papel que esta técnica tem na promoção de uma elaboração sobre questões trabalhadas no atendimento. Observa-se, assim, que mudanças na representação da família podem ser executadas após a percepção dos lapsos e dificuldades presentes no primeiro genograma. Estes "erros", esquecimentos, impasses podem ser vistos e trabalhados verbalmente, gerando a conscientização acerca de aspectos até então inconscientes.

Como pôde ser percebido por meio deste trabalho, defende-se que o uso do genograma, concebido desta maneira mais projetiva e menos técnica, pode colaborar para o acesso de conteúdos ainda inconscientes para casais e famílias, contribuindo para o desenvolvimento da psicoterapia psicanalítica familiar. Pensa-se, assim, que uma melhor compreensão do grupo familiar pode ser suscitada com resultados como estes podendo ser disseminados junto a terapeutas e demais profissionais da saúde, cuja reflexão pode contribuir para a aplicação de intervenções apropriadas junto a este público.

 

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Recebido em: 16/11/2015
Aceito em: 19/01/2016

 

 

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