SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.11 número2Ideologização da violência no capitalismo: contribuições da psicologia da libertação de Martín-BaróA produção científica brasileira sobre apoio social: tendências e invisibilidades índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Gerais : Revista Interinstitucional de Psicologia

versión On-line ISSN 1983-8220

Gerais, Rev. Interinst. Psicol. vol.11 no.2 Belo Horizonte jul./dic. 2018

http://dx.doi.org/10.36298/gerais2019110205 

ARTIGOS

 

Assédio moral/mobbing e saúde mental: revisão sistemática de literatura

 

Moral harassment/mobbing and mental health: a systematic literature review

 

 

Francesca StephanI; Amanda Soares GonçalvesII; Gabriela Fernandes de Paula CunhaIII; Igor da Cruz Monsores SilveiraIV; Márcia Bastos MirandaV; Tatiana de Souza CarolinoVI; Thiago Daniel de OliveiraVII; Vivian Daniele de LimaVIII; Lelio Moura LourençoIX

IUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: francesca_st@yahoo.com.br
IIUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: amandasg.psi@gmail.com
IIIUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: gabiifernandes.c@gmail.com
IVUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: igormonsoresjf@gmail.com
VUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: bastmiranda@gmail.com
VIUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: tatianadszcrln0@gmail.com
VIIUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: thiagooliveira484@gmail.com
VIIIUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: vivianlimah@gmail.com
IXUniversidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, Brasil. E-mail: leliomloureco@gmail.com

 

 


RESUMO

O assédio moral, ou mobbing, é um tipo de violência interpessoal que provoca prejuízos na saúde e no bem-estar dos trabalhadores. Este estudo analisou publicações sobre a relação entre assédio moral e saúde/doença mental, por meio de busca de artigos em bases de dados associando os termos "saúde/doença mental" e "assédio moral/mobbing", em português, inglês e espanhol, entre os anos de 2005 e 2017. Foram encontrados 106 artigos. Observou-se que o ano de maior publicação foi 2012 com 19 artigos. O Brasil publicou 27 artigos e a Espanha 18. Treze artigos estudaram trabalhadores da área da saúde, quarenta e cinco artigos utilizaram metodologia quantitativa e foram encontradas 30 revisões de literatura. Como resultado, destacamos a presença da depressão e ideação suicida como principais consequências observadas e as produções sobre medidas de prevenção e intervenção do assédio moral no trabalho.

Palavras-chave: Mobbing. Saúde mental. Revisão sistemática.


ABSTRACT

Workplace bullying (or mobbing) is a sort of interpersonal violence that damages health and welfare of workers. This research analyzed articles about the link between "workplace bullying" and "mental health/illness". A systematic literature review was performed in several databases, associating the terms "mental health/illness" and "workplace bullying/mobbing", in Portuguese, English and Spanish, between 2005 and 2017. One hundred and six articles were found. It was observed that the year of greatest publication was 2012 with nineteen articles. Brazil published twenty-seven articles and Spain eighteen. Thirteen articles studied health workers, forty-five articles used quantitative methodology and thirty literature reviews were found. As a result, we highlight the presence of depression and suicidal ideation as the main consequences observed and productions on measures of prevention and intervention of bullying at work.

Keywords: Mobbing. Mental Health. Systematic Review.


 

 

Introdução

O trabalho foi por muito tempo negligenciado como importante referencial e fonte de bem-estar na vida das pessoas. Historicamente, houve um distanciamento do entendimento das implicações do trabalho na saúde mental, como se determinados aspectos objetivos e subjetivos das atividades laborais não pudessem atuar provocando adoecimento (Borsoi, 2007; Vasquez-Menezes, 2012). As perspectivas atuais da Saúde do Trabalhador e da Psicologia Social partem do pressuposto de que ele é um organizador da vida social do indivíduo, por fornecer condições para o desenvolvimento pessoal e ser um espaço de reafirmação da autoestima, de construção da história individual e de identidade social (Ferreira & Mendonça, 2012, Paz & Botton, 2013). Todavia, o trabalho nem sempre possibilita a realização profissional e pessoal do sujeito e pode produzir problemas ocupacionais, comprometendo a saúde física e mental do indivíduo (Brasil, 2011; Dejours, 2015).

Os transtornos mentais relacionados às atividades laborais se traduzem atualmente em um problema de grandes proporções, dadas a sua alta prevalência e diversidade de categorias profissionais em que incidem (Brasil, 2015; Sampaio & Marin, 2004; Tamayo, Mendonça & Silva, 2012). Observa-se ainda, apesar da luta de séculos dos trabalhadores e os direitos já adquiridos, um distanciamento entre práticas organizacionais e os direitos sociais conquistados pelos trabalhadores que, por vezes, são prejudicados nessa relação, tornando-se mais suscetíveis ao adoecimento mental (Druck & Seligmann-Silva, 2010; Maeno & Paparelli, 2013).

As dificuldades na compreensão das doenças ocupacionais ocorrem devido à dificuldade em identificar, de forma objetiva, seus determinantes. Por vezes, os profissionais não associam suas condições de sofrimento às atividades laborais, e quando as dificuldades emocionais e físicas decorrentes do processo nocivo no trabalho se instalam, o trabalhador tende a se afastar de sua atividade, ou dela é afastado, com diagnósticos que geralmente não refletem seu verdadeiro quadro de saúde (Borsoi, 2007; Paschoal & Tamayo, 2004).

Um dos fenômenos mais discutidos na saúde ocupacional é a saúde mental. A adoção de novas tecnologias, incorporação de novos métodos de gestão, a pressão por metas e a precarização das relações de trabalho contribuíram de forma significativa para o surgimento de novas doenças ocupacionais, como a Síndrome de Burnout (Vasconcelos & Faria, 2008). Ainda, segundo esses autores, a ameaça de demissão, o trabalho desprovido de significação, a falta de suporte social, o risco de acidentes, a mudança na posição hierárquica, a deficiência da comunicação organizacional, as longas jornadas de atividades, e a pressão exercida pela organização, são alguns dos fatores que predispõem o adoecimento mental no trabalho.

O foco dos estudos em saúde mental do trabalhador está nos fatores psicossociais e ambientais que podem provocar o comprometimento emocional e trazer prejuízos à saúde. Recentemente, tem-se abordado duas frentes de investigação: a dos fatores psicossociais, separados ou combinados de acordo com modelos teóricos, e a dos fatores centrados na pessoa, tais como assédio moral no trabalho e conflitos da díade trabalho-família (Laine, Saastamoinen, Lahti, Rahkonen & Lahelma, 2014).

Considerado um tipo de violência interpessoal no trabalho, o assédio moral (AM) caracteriza-se por um tratamento desleal de um indivíduo (ou indivíduos) no ambiente de trabalho, que não foi estimulado ou incentivado pela vítima e que se repete ao longo do tempo (Amazarray, 2010; Soboll & Jost, 2011; Trijueque & Gómez, 2010). Também chamado de mobbing, é um fenômeno que tem afetado parcela significativa de trabalhadores em todo o mundo. O relatório apresentado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2000 sobre "violência no trabalho" afirma que 53% dos trabalhadores do Reino Unido já tinham relatado serem vítimas de violência sexual e moral e que 8,1% da população ativa da Europa é vítima de assédio moral. Na África do Sul, 80% dos entrevistados já tinham relatado ter sofrido comportamentos hostis no trabalho pelo menos uma vez na vida. Os dados de prevalência variam muito conforme a população estudada e os instrumentos utilizados (Einarsen, 2005; Freitas, Heloani & Barreto; Koga & Stephan, 2015; Rueda, Baptista & Cardoso, 2015). No Brasil, ainda faltam pesquisas que possam identificar a prevalência e incidência do assédio moral na população de trabalhadores.

Ainda existem dificuldades conceituais acerca da definição do que seja assédio moral e de seus limites, entretanto há um reconhecimento na literatura sobre o fato de o assédio moral envolver um tratamento desleal por um indivíduo (ou indivíduos) no ambiente de trabalho, que não foi estimulado ou incentivado pela vítima e que tem duração determinada no tempo. É considerado um fenômeno multidisciplinar estudado por áreas diferentes de conhecimento e em diversas partes do mundo. Por isso, não é incomum que esse fenômeno receba nomes distintos. No Brasil têm sido utilizados os termos assédio moral, assédio psicológico e mobbing como sinônimos do mesmo processo (Garcia & Tolfo, 2011; Koga & Stephan, 2015; Paz & Botton, 2013), e serão dessa forma considerados na presente pesquisa.

O termo mobbing, que provém do verbo inglês to mob, significa cercar, assediar, atacar, foi empregado, inicialmente, pelo etiologista Konrad Lorenz para denominar o tipo de agressão praticada por algum animal que, circundando ameaçadoramente um membro do grupo, provoca sua fuga pelo medo de ser atacado ou morto. Nos anos 1980, o sueco Heinz Leymann associou o conceito de mobbing a um tipo de comportamento semelhante no local de trabalho (Leymann, 1996), relacionado às condutas humanas no ambiente laboral. Leymann (1996) tornou-se referência nos estudos sobre o mobbing no ambiente de trabalho e o conceituou como uma forma de comunicação hostil e desprovida de ética que ocorre de forma sistemática por um ou mais indivíduos.

Diferentemente de outras formas de violência no trabalho, o assédio moral (ou mobbing) se caracteriza pela constância da agressão, pela repetição (Garcia & Tolfo, 2011). Esse fato é corroborado por Nascimento (2004), ao afirmar que o "assédio moral se caracteriza por ser uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras" (p. 928).

A francesa Marie-France Hirigoyen também se interessou pelo estudo do fenômeno, tornando-se autora de referência sobre o tema. Segundo ela, o assédio moral é definido "como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho" (Hirigoyen, 2009, p. 17). Nota-se que, mesmo com as divergências conceituais, os pontos comuns que perpassam as definições de assédio moral estão relacionados ao ato de repetição da conduta violenta e ao prejuízo psíquico, físico e social da vítima.

Em 2007, a pesquisa do Workplace Bullying Institute (Faria, Mixon Jr. & Salter, 2012), revelou que 13% dos trabalhadores norte-americanos, estavam, no momento da pesquisa, sendo intimidados no local de trabalho, enquanto 24% foram vítimas de assédio no passado. O mesmo levantamento relatou também que cerca de metade de todos os trabalhadores norte-americanos foram alvo de mobbing no local de trabalho ou testemunharam o abuso contra um colega de trabalho.

No contexto brasileiro, a discussão sobre o assédio moral no trabalho ganhou destaque a partir da pesquisa realizada por Margarida Barreto, uma das mais conceituadas autoras do tema (Garcia & Tolfo, 2011). Em sua investigação pioneira, Barreto (2000) entrevistou 2.072 trabalhadores do Sindicato de Trabalhadores das Indústrias Químicas, Plásticas, Farmacêuticas, Cosméticos e Similares de São Paulo e constatou que 42% dos trabalhadores já haviam sofrido constrangimento no trabalho. Barreto (2005) realizou outro estudo com 42 mil trabalhadores de empresas públicas e privadas, organizações não governamentais, sindicatos e entidades filantrópicas. Verificou-se que 23,8% dos entrevistados sofreram humilhação ou constrangimento no ambiente de trabalho, em ações repetidas e, na maioria das vezes, praticadas pelos seus superiores. Outra conclusão relevante dessa pesquisa, é que o assédio moral se transformou em um problema de saúde pública.

Martins & Ferraz (2011) afirmam que ainda há uma escassez de informações a respeito das consequências do assédio moral para a saúde e bem-estar dos trabalhadores. Entretanto, algumas consequências imediatas desse tipo de violência são apontadas, tais como confusões mentais, estresse, sentimentos de medo (Caniato & Lima, 2008), pensamentos autodestrutivos, alcoolismo e uso de narcóticos (Freitas, 2007). Alguns autores mencionam ainda os possíveis desdobramentos gerados em médio e longo prazo, sendo as consequências mais visíveis os quadros depressivos, alguns transtornos de ansiedade, como fobia social e transtorno do pânico, irritabilidade, baixa autoestima, melancolia, apatia, falta de concentração, fadiga, distúrbios digestivos e enxaquecas (Cardozo et al. 2012; Dikmetas, Top & Ergin, 2011; Freitas, 2001; Jardim, 2011).

Einarsen & Nielsen (2015) conduziram um estudo longitudinal e prospectivo com trabalhadores noruegueses, cujo objetivo foi investigar a relação entre a exposição prolongada ao assédio moral no trabalho e possíveis problemas na saúde mental. Os resultados demonstraram que a exposição a comportamentos de intimidação no ambiente de trabalho produziu níveis elevados de angústia nas vítimas por até cinco anos após o evento, evidenciando que o assédio moral está associado ao sofrimento psíquico em um longo prazo. Foi concluído também que a exposição, quando percebida como humilhante, direcionada e intencional prevê níveis de angústia que levam a comportamentos ansiosos ou depressivos. Verkuil, Atasayi & Molendijk (2015) também demostraram que o assédio moral no local de trabalho está positivamente relacionado com ansiedade, depressão e com o Transtorno do Estresse Pós-Traumático, além de outras queixas psíquicas.

Rodríguez-Muñoz, Moreno-Jiménez & Sanz-Vergelc (2015) argumentam que a dificuldade em estabelecer afirmações seguras da relação entre assédio moral e saúde mental é que a maioria dos estudos emprega desenhos de pesquisa transversais, o que limita fortemente as conclusões sobre qual é de fato essa relação e a duração de seus efeitos. Essa mesma investigação reforça algumas das conclusões de estudos que seguem a mesma linha. O objetivo do artigo de Rodríguez-Muñoz, Moreno-Jiménez & Sanz-Vergelc (2015) foi analisar as relações recíprocas entre a exposição ao assédio moral no trabalho, saúde psicológica (ansiedade e depressão) e o bem-estar (vigor). Os resultados mostraram que o assédio moral teve um efeito negativo sobre o bem-estar e um impacto positivo sobre a ansiedade, ou seja, o assédio reduz a energia do indivíduo e abre precedentes para a manifestação de sintomas ansiosos. Já em relação à depressão, não foi possível estabelecer a correlação ou qualquer tipo de previsibilidade com o assédio.

O presente estudo teve como objetivo fazer um levantamento de artigos científicos publicados nas bases de dados PsycINFO, Redalyc, Dialnet e Medline, associando os temas assédio moral no trabalho e saúde mental/doença mental, e analisar as publicações encontradas segundo indicadores de autoria, nacionalidade, periódico, ano de publicação, público participante, metodologia, instrumentos e objetivo do estudo.

 

Método

Realizou-se uma revisão sistemática da literatura, que visa "quantificar os processos de comunicação escrita e o emprego de indicadores bibliométricos para medir a produção científica" (Reveles & Takahashi, 2007, p. 246).

A pesquisa foi realizada por meio de busca eletrônica de artigos indexados nas bases de dados do Centro de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (Capes) que contemplassem a temática do assédio moral, suas implicações clínicas e seu impacto na saúde do trabalhador. Foram utilizadas as combinações dos descritores "saúde mental/doença mental" associando-os com os termos "assédio moral e/ou mobbing" para realizar a busca. Os estudos foram avaliados no período de 2005 a 2017, considerando parâmetros como autoria, nacionalidade, periódico, ano de publicação, público-alvo, metodologia, instrumentos e objetivo do estudo.

Na etapa inicial, realizou-se uma busca eletrônica no banco de dados das seguintes bases: a) PsycINFO, b) Redalyc, c) Dialnet e d) Medline. A PsycINFO é considerada referência nas publicações em Psicologia e na área de saúde e das ciências humanas de forma geral. A Redalyc é referência em produção científica interdisciplinar na América Latina, Caribe, Espanha e Portugal. Dialnet é uma base de dados internacional de produção em língua espanhola especializada em ciências humanas e sociais. A Medline é uma base de dados especializada em publicações na área das ciências da saúde.

Foram selecionados os artigos que obedeciam aos critérios de inclusão: estudos nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola; publicados entre 2005 e 2017; ensaios clínicos; artigos originais, transversais ou longitudinais que contivessem os referidos descritores no título e resumo e que contemplassem o tema. Foram excluídos artigos duplicados, indisponíveis para leitura integral, que não apresentassem adequação em relação à temática do estudo, além de livros, capítulos de livro, monografias, dissertações e teses.

Foram encontrados 156 artigos no total, sendo 41 duplicados. Após a leitura de títulos e resumos, restaram 115 artigos para serem analisados por meio de uma leitura flutuante, que teve como objetivo avaliar a presença da associação de temas e filtrar os artigos de modo a manter a propriedade desta pesquisa. Dessa forma, restaram 106 publicações selecionadas para esta revisão, sendo realizada nelas a análise integral, sistemática e crítica dos dados presentes na literatura, responsáveis por gerar os dados da discussão subsequente.

 

Resultados

A seguir serão descritos os resultados alcançados a partir da revisão sistemática de literatura sobre a relação entre assédio moral e saúde/doença mental. Foram encontrados 106 artigos científicos a partir da busca supracitada e serão descritos os resultados referentes à autoria dos artigos, destacando o nome do primeiro autor dos artigos, nacionalidade das pesquisas, periódico de publicação, ano de publicação, público-alvo, metodologia utilizada nas pesquisas, instrumentos utilizados e objetivos dos estudos.

Considerando o período de busca estipulado, no ano de 2005 não foi encontrada nenhuma publicação de artigos sobre a temática. As primeiras seis (5,7%) publicações foram no ano de 2006. Já em 2007, a quantidade de artigos caiu para dois (1,9%). Observou-se um aumento no ano de 2008, com oito (7,5%) publicações e, em 2009, sete (6,6%) publicações. No ano de 2010 houve seis (5,7%) artigos publicados. A partir de 2011, percebeu-se que um aumento significativo na frequência de publicações, uma vez que foram publicados 15 (14,2%) artigos neste ano e 19 (17,9%) em 2012, o que se deve, provavelmente, ao fato de mais discussões relacionadas ao assédio moral no trabalho neste período. Foram publicados 10 (9,4%) artigos em 2013, 12 (11,3%) artigos em 2014, e em 2015 foram observadas seis (5,7%) publicações. No ano de 2016, foram publicados sete (6,6%) artigos abertos sobre a temática, e em 2017 oito (7,5%) artigos. A Tabela 1 apresenta os dados acerca da publicação anual de artigos sobre a temática estudada.

 

 

Em relação à nacionalidade das publicações, foram considerados os países onde as pesquisas foram realizadas. A respeito desses resultados, nota-se uma concentração de trabalhos no Brasil, o qual apresenta 27 (25,5%) publicações sobre o tema, seguido pela Espanha, com 18 (17%) e México com seis (5,7%). Também França, Itália, Colômbia, Austrália e Dinamarca destacam-se com cinco produções (23,5%). Enquanto isso, os outros 20 países publicaram juntos 30 (28,3%) artigos, sendo que cada um deles teve de um a três trabalhos publicados. Mais detalhadamente, Estados Unidos, Turquia e Finlândia publicaram três artigos, e Alemanha, Argentina Canadá e Holanda, dois. Os países que tiveram apenas uma publicação foram: Malásia, Uruguai, Taiwan, Venezuela, Bolívia, Equador, Polônia, Suécia, Bósnia Herzegovina, Lituânia, Noruega, Inglaterra e Japão.

 

Tabela 2

 

Foi analisado o primeiro autor das publicações, pois, segundo Witter (2005), a análise dos primeiros autores já oferece indicadores importantes do desenvolvimento dos estudos na área pesquisada. Em relação ao primeiro autor, verificou-se que somente sete deles tiveram mais de uma publicação sobre a associação de temas no período analisado. Isabelle Niedhammer publicou três artigos, Âse Marie Hansen, Judith MacIntosh, Suely Aparecida Mascarenhas, Suzana Mayoral Blasco, Giovanni Nolfe e Thiago Soares Nunes publicaram dois artigos. Os demais 91 primeiros autores apresentaram apenas uma publicação durante o período analisado. É possível observar que a produção ainda é pouco centralizada, já que poucos autores publicaram mais de um artigo durante o período de 2005 a 2017.

No que diz respeito aos periódicos de publicação, somente 13 (14,6%) tiveram mais de uma publicação sobre a temática no período analisado. A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional se destacou com cinco publicações. A revista é da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) e tem como objetivo o desenvolvimento do conhecimento e o debate técnico-científico no campo da Saúde e Segurança no Trabalho. O periódico International Archives of Occupational and Environmental Health, de origem alemã, é referência em artigos sobre ciências da saúde e teve três publicações sobre a temática no período analisado. Os periódicos brasileiros AMAzônica, Psicothema Revista de Psicologia e Ciência & Saúde Coletiva; a venezuelana Revista Salud de los trabalhadores; o suíço International Journal of Environmental Research and Public Health; os norte-americanos Issues in Mental Health Nursing Journal of Nursing Management; a revista espanhola Norte de Salud Mental; a revista inglesa Occupational Medicine (Lond); o Scandinavian Journal Of Psychology e o Scandinavian Journal of Work, Environment and Health, apresentaram duas publicações cada um. Os outros 76 periódicos analisados contam com uma publicação cada um durante o período.

Com base na análise dos objetivos dos artigos encontrados, houve um agrupamento destes segundo semelhanças, no intuito de permitir um melhor entendimento dos artigos encontrados. Dos 106 artigos analisados, 36 deles (33,9%) tiveram como foco principal de análise as consequências do assédio moral propriamente ditas. Esses artigos abordaram as consequências de uma forma geral e, de forma específica, analisaram a relação do assédio moral com a depressão, ansiedade, estresse, distúrbios de sono e Burnout. Outros 24 (22,6%) abordaram aspectos conceituais e as características principais do assédio moral. Além disso, 11 (10,4%) artigos abordaram a questão de identificação, prevenção e intervenção em assédio moral, e 11 (10,4%) estudos foram sobre índices de prevalências na população, seja população geral ou trabalhadores de setores específicos. Outros sete (6,6%) artigos focaram especificamente o assédio moral em meio educativo, e seis (5,7%) estudos focaram as percepções dos trabalhadores sobre o tema. Mais seis (5,7%) estudos abordaram a relação entre assédio moral e gênero e os impactos na saúde emocional. Outros cinco (4,7%) estudos abordaram os fatores de risco para o desenvolvimento do assédio moral nas relações de trabalho. Importante destacar que todos os artigos descritos apresentaram relação com o tema da saúde mental. Os dados sobre os objetivos dos estudos estão expostos na Tabela 3.

Outra característica analisada foi a população participante das pesquisas. E de acordo com esta, temos 37 artigos (34,9%) que contemplam trabalhadores de uma forma geral, seguidos por 25 revisões (23,6%) de literatura sem público-alvo específico e 13 (12,2%) que tratam de trabalhadores da área da saúde. Vale ressaltar que sete (6,6%) artigos levaram em conta trabalhadores já em vulnerabilidade física ou psíquica, 11 (10,4%) deles foram realizados com trabalhadores do Serviço Público e seis (5,7%) publicações privilegiaram os trabalhadores da educação. Outros dois (1,9%) estudos focaram nos trabalhadores rurais e/ ou agrários, dois (1,9%) trabalhadores do serviço bancário e dois (1,9%) profissionais que exercem atividades com idosos. Por último, apenas um (0,9%) estudo com foco em gestores e líderes foi encontrado. Os dados supracitados encontram-se expostos na Tabela 4.

Concernente à metodologia dos artigos encontrados, observa-se o predomínio do método quantitativo, totalizando 45 publicações (42,5%). Os estudos de revisão foram utilizados em 30 das publicações analisadas (28,3%), dentre elas uma reflexão narrativa. Já entre os 19 estudos que utilizaram a metodologia qualitativa (17,9%), destacam-se três deles, que realizaram estudos de caso. Ademais, 12 das publicações (11,3%) optaram pelo método misto, ou seja, utilizaram estratégias de coleta de dados quantitativa e qualitativa.

Em relação aos instrumentos utilizados nos estudos, foi observado que 30 (28,3%) artigos são revisão de literatura, seguido de 22 (20,7%) artigos que não têm especificado o questionário utilizado e nove (8,5%) que utilizam como instrumento a entrevista clínica. Outros cinco (4,7%) tratam-se de estudos de caso, sete (6,6%) artigos utilizam como instrumento questionários desenvolvidos pelos próprios pesquisadores, e três (2,8%) trabalham com grupos focais. Além das formas de coleta de dados descritas anteriormente, foram identificados 38 diferentes instrumentos utilizados em 31 pesquisas (29,2%). Catorze desses instrumentos buscaram avaliar a saúde de maneira geral, sete tratam diretamente da ocorrência de violência no ambiente organizacional, seis instrumentos objetivam avaliar as condições de trabalho e satisfação do trabalhador, três o estresse, três a depressão especificamente, dois deles avaliavam os sintomas somáticos e cognitivos, dois avaliaram a autoestima, dois a ocorrência da Síndrome de Burnout. Para o diagnóstico específico do mobbing, destaca-se o uso do instrumento Questionário de Atos Negativos Revisado - NAQ-R (Einarsen & Hoel, 2001), utilizado em 10 estudos, seguido do instrumento Leymann Inventory of Psychological Terror (Leymann, 1992), elaborado e validado por Heinz Leymann, utilizado em três artigos. Para a avaliação das condições de saúde mental dos trabalhadores, mais especificamente para avaliar a Síndrome de Burnout, foi utilizado o instrumento Maslach Burnout Inventory (Maslach & Jackson, 1986) em três artigos.

De maneira geral, os resultados encontrados com o presente estudo são de grande valia, pois por meio da revisão bibliográfica foi possível observar o panorama nacional e internacional das pesquisas existentes, além de identificar possíveis lacunas para futuros estudos, contribuindo assim para gerar uma base mais consistente de conhecimento acerca da temática. Notou-se um crescimento no número de produções de artigos científicos nos últimos 10 anos, com destaque para a produção brasileira. Esses estudos são necessários não somente para a compreensão e identificação do fenômeno do assédio moral, mas também para auxiliar em intervenções no intuito de promover bem-estar e qualidade de vida dos indivíduos.

 

Discussão

Os resultados apresentados na presente revisão de literatura nos apontam indicadores que precisam ser analisados à luz do aporte teórico e das pesquisas sobre o tema. Os dados acerca da autoria dos artigos apontam para alguns aspectos relevantes. Somente alguns autores tiveram mais de uma publicação sobre o tema durante o período analisado, o que poder indicar ainda um número reduzido de especialistas nessa área. A produção pouco centralizada por parte dos autores demonstra que existem poucos núcleos de pesquisa sobre o tema no mundo, ainda que o assédio moral seja um complicador agravante para a saúde do trabalhador e para o clima organizacional nos tempos atuais.

Destacamos aqui algumas informações sobre os autores que mais publicaram sobre a temática nos últimos anos. Esses dados são importantes para identificarmos os autores importantes e atuantes na área. A autora que mais publicou no período analisado, Isabelle Niedhammer, é biomédica especializada em saúde pública e pesquisadora do Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Saúde das Populações da Universidade Paris XI, na França, e pode ser considerada uma das grandes referências na área. Um de seus estudos procurou mapear a relação entre doenças psicossociais e absenteísmo no trabalho nos países europeus (Niedhammer, Chastang, Sultan-Taïeb, Vermeylen & Parent-Thirion, 2013), enquanto outro estudou a relação entre assédio moral e uso de drogas psicotrópicas (Niedhammer, David, Degioanni, Drummond & Philip, 2011), e ainda outro procurou entender a relação entre assédio moral no trabalho e problemas de sono (Niedhammer, David, Degioanni, Drummond & Philip, 2009). Por sua vez, o Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Saúde das Populações da Universidade Paris XI, na França, destaca-se, portanto, como referência mundial de estudos sobre a relação entre assédio moral e saúde mental.

Outros autores se destacam com duas publicações sobre a temática no período analisado. Âse Marie Hansen, pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde Ocupacional na Dinamarca, buscou em um dos seus estudos investigar a relação entre assédio moral no trabalho e problemas de sono (Hansen, Hogh, Garde, Persson, 2014), enquanto outro teve foco na relação entre assédio moral no trabalho e saúde mental (Hansen, Hogh & Persson, 2011). Já Judith MacIntosh, pesquisadora da University of New Brunswick e especializada em violência, abuso e assédio moral no mercado de trabalho, publicou um trabalho que teve como objetivo que os participantes explorassem formas de diminuir, eliminar ou analisar comportamentos de assédio moral (MacIntosh, 2006), e outro que buscou explorar como o assédio moral no local de trabalho e suas consequências para a saúde afetaram as participantes (MacIntosh, 2012).

Suely Aparecida Mascarenhas, professora da Universidade Federal do Amazonas, desenvolveu uma pesquisa que apresenta a relação entre assédio moral e mobbing com os desafios para a convivência ética no trabalho (Mascarenhas, 2008), além de outra que busca o diagnóstico da ocorrência do mobbing no contexto da educação básica e superior de Humaitá, interior do Amazonas/Brasil (Mascarenhas, Carochinho, Silva & Romano, 2012). Em relação a Giovanni Nolfe, coordenador do Centro Clínico de Psicopatologia do Mobbing e Incompatibilidade na Itália, tem-se um trabalho com o objetivo de associar assédio moral no trabalho e transtorno mental (Nolfe, Petrella, Zontini, Uttieri & Nolfe, 2010) e outro que avalia as dimensões psicopatológicas do assédio moral no trabalho (Nolfe, Petrella, Blasi, Zontini & Nolfe, 2007). Por fim, Thiago Soares Nunes, especialista em Gestão de Pessoas nas organizações pela Universidade Federal de Santa Catarina, buscou em um de seus estudos apresentar as consequências do assédio moral identificadas por servidores docentes e técnico-administrativos em uma universidade federal brasileira (Nunes & Tolfo, 2012), enquanto em outro teve como foco avaliar políticas e práticas para prevenir e combater o assédio moral no trabalho em uma universidade brasileira (Nunes & Tolfo, 2012).

Como evidenciado nesses estudos, as consequências do assédio moral têm sido pesquisadas por autores referência no tema, e de uma forma geral envolvem um prejuízo na segurança e saúde no trabalho e não somente uma questão individual de saúde mental.

Segundo Freire (2008), para a Organização Mundial de Saúde (2004), a depressão, o transtorno do estresse pós-traumático e a ansiedade generalizada são as doenças psiquiátricas mais frequentemente diagnosticadas em pacientes que sofreram assédio moral. Também podemos observar entre aqueles que sofreram assédio moral no trabalho o chamado "transtorno adaptativo", que consiste em uma condição psiquiátrica decorrente de uma resposta individual a estressores, assim como algumas mudanças sociais na vida do indivíduo afetado e incluem sintomas que indicam aflição e incapacidade para trabalhar ou desempenhar outras atividades (Freire, 2008; OMS, 2004).

Segundo o estudo de Rugulies et al. (2012), na pesquisa com 5.701 mulheres trabalhadoras do setor de cuidados à saúde do idoso da Dinamarca, o assédio moral no local de trabalho aumentou o risco de Transtorno Depressivo Maior (TDM) nessa população. Corroborando os achados desses estudos, Henning et al. (2017) verificaram, em uma revisão sistemática, inúmeras consequências e comorbidades relacionadas ao assédio moral - sendo a mais citada o uso e abuso de álcool, associados com comportamentos hostis e desrespeitosos. Outro dado desse estudo discute o desenvolvimento de psicopatologias em vítimas de assédio, apurando que elas estão mais propensas a exibir problemas associados à depressão, ansiedade e irritabilidade quando comparadas aos seus colegas não assediados, além de perda de confiança e autoestima, fadiga, estresse, baixa satisfação com a vida, desenvolvimento de traumas, que, em casos extremos, pode resultar em suicídios (Khoo, 2010; Venco & Barreto, 2010). Nesse sentido, Leach, Poyser & Butterwoth (2018) conduziram um estudo de revisão pioneiro a respeito da associação entre o assédio moral e comportamentos e pensamentos envolvidos na ideação suicida. Eles constataram que a maioria dos estudos analisados (66,7%) demonstraram uma forte associação entre esses temas, com uma relação significativa e positiva entre o mobbing e a ideação suicida, o que reforça as graves consequências desse ato no ambiente de trabalho.

Com todas essas consequências, os estudos de intervenção têm ganhado espaço, na tentativa não só de identificar o assédio no ambiente de trabalho, mas também como forma de prevenção. Os estudos que avaliam estratégias de intervenção e prevenção do assédio moral procuram evitar ou atenuar as consequências para os trabalhadores. A intervenção direta ao assédio envolve avaliação dos riscos e desenvolvimento e implementação de planos de ação. Na prevenção existem aquelas proativas, com políticas e planos antiassédio; as que visam ao fortalecimento dos recursos individuais dos trabalhadores; e ainda as que objetivam reduzir os danos causados. As intervenções podem ser divididas entre aquelas voltadas para os indivíduos diretamente envolvidos no assédio, na interface indivíduo × organização e intervenções voltadas para as organizações (Glina & Soboll, 2012). Nesse sentido, Gillen, Sinclair, Kernohan, Begley, Luyben e Gobservaram (2017) observaram três tipos de intervenção preventivas, sendo elas: intervenção em nível organizacional, intervenção em nível individual e intervenção multiníveis, envolvendo a organização, o trabalho desempenhado e a percepção individual. Apesar da relevância das intervenções, os autores relatam que elas trouxeram pouco retorno efetivo na prevenção dessa forma de violência.

Os estudos sobre conceitos e características do assédio moral evidenciam o desenvolvimento de um arcabouço teórico sobre o constructo assédio moral. O assédio moral começou a ser estudado sistematicamente a partir da década de 1990 (Leymann, 1996; Koga & Stephan, 2015), mas ainda existem lacunas no entendimento do conceito e na própria nomenclatura utilizada. Estudos dessa natureza são fundamentais para o fortalecimento teórico da temática (Solanelles, Salas & Carballeira, 2010; Trijueque & Gómez, 2010). Da mesma forma, os estudos sobre a prevalência de assédio moral entre os trabalhadores são de vital importância para verificar a amplitude dessa forma de violência interpessoal, observando peculiaridades e especificidades de acordo com a população de trabalhadores pesquisada e assim propiciar um melhor entendimento com o comprometimento à saúde emocional dos trabalhadores (Tamayo, Mendonça & Silva, 2012).

A metodologia utilizada nos estudos evidenciou a maior utilização de estratégias quantitativas de coleta de dados, demonstrando que grande parte dos pesquisadores optou por utilizar escalas de mensuração. Apesar da utilização de diferentes metodologias, alguns artigos de revisão constatam que a grande dificuldade em compreender os fenômenos relacionados ao assédio moral e seus desdobramentos é a baixa qualidade metodológica dos estudos (Leach, Poyser & Butterworth, 2018; Gillen et al., 2017; Henning, et al., 2017). Os estudos tendo o mobbing ou assédio moral como tema principal, foram associados a fatores como prevalência na população geral ou populações específicas, a formas de manifestações do assédio, suas consequências, aos índices de rotatividade no trabalho devido ao problema, às diferenças de gênero das vítimas do assédio e aos mecanismos fisiológicos do estresse que interagem com o mobbing. Os estudos de revisão de literatura se destacaram também na escolha metodológica dos autores e demonstram a necessidade de entendimento do fenômeno e suas características principais. Estudos qualitativos na área ainda precisam ser mais explorados, pois permitem entender mais a fundo as impressões e experiências dos trabalhadores diante de situações de assédio moral vividas no trabalho.

Os resultados acerca dos objetivos das pesquisas apontam a concentração de estudos a respeito das consequências do assédio moral para os trabalhadores, entretanto, o que se observa é um baixo aprofundamento dessa temática, reforçando a necessidade de publicações mais detalhadas sobre essas consequências. Grande parte dos estudos foca nos trabalhadores em geral, todavia, àqueles que têm priorizam determinadas classes trabalhadoras, que destaquem suas respectivas rotinas e características de trabalho, também são importantes, tanto para compreender as peculiaridades de tais ocupações quanto para entender quais as diferenças e semelhanças do processo que envolve o assédio moral e a saúde mental entre as diversas profissões.

Os trabalhadores da saúde têm recebido atenção nos estudos que problematizam as consequências do assédio moral para a saúde emocional de suas vítimas, e os enfermeiros são os profissionais mais estudados. Tal ponto de vista pode ser reafirmado a partir dos resultados encontrados neste trabalho, uma vez que, tratando-se de estudos que focaram em um grupo específico, o nicho de trabalhadores da área da saúde destacou-se pelo número de artigos (10 artigos). Já a quantidade de artigos que envolveram servidores públicos (10 artigos) evidencia a ideia comum de que repartições públicas são alvos potenciais desse fenômeno, o que pode ser associado ao fato de que tais ambientes apresentam a peculiaridade de não considerarem demissões, dando ao agressor a disponibilidade de lançar mão do assédio em forma de humilhações e sobrecarga. No setor privado, o assédio moral é mais evidente, dura menos tempo e termina geralmente com a saída da vítima; mas no setor público, ele pode durar anos, pois as pessoas são protegidas pela organização (Caran, Secco, Barbosa & Robazzi, 2010).

Os trabalhadores em vulnerabilidade física ou psíquica também foram alvo de um número considerável de estudos, o que se deve à importância de investigar casos em que o assédio moral trouxe consequências variadas à saúde, como doenças e distúrbios. Os professores, por sua vez, foram a população-alvo de quatro artigos (4,1%). Sobre eles recaem dificuldades disciplinares e pedagógicas, pois suas tarefas não podem ser inteiramente codificadas e, assim sendo, estigmatizá-los torna-se uma alternativa fácil (Horenstein et al., 1998). Nesse sentido, tem-se que ambientes educativos tendem a ser ambientes onde existem situações que podem ser entendidos como assédio moral. Os demais trabalhos trazem como população-alvo os trabalhadores rurais e/ou agrários, trabalho do serviço bancário, cuidadores de idosos e trabalhadores em posição de gestão e liderança. No entanto, chama a atenção o número reduzido de estudos direcionados aos trabalhadores bancários, uma vez que muitos estudos na área de saúde mental do trabalhador são desenvolvidos com essa classe. A categoria bancária, por ser marcada por mudanças decorrentes da reestruturação produtiva que transformaram o trabalho e seu contexto, leva ao aparecimento de queixas de assédio moral e a consequências mais sérias na saúde (Maciel, Gonçalves, Matos & Rodrigues, 2008). Neste estudo, encontramos apenas dois artigos relacionados, sendo um deles um estudo de caso sobre óbito de um trabalhador bancário, o que aponta para uma preocupação em relação a essa categoria e para mais estudos focados nesses profissionais.

 

Considerações Finais

Revisões sistemáticas de literatura sobre associações entre temas são um importante recurso de mapeamento inicial da produção acadêmica na área de interesse. O entendimento do panorama das pesquisas sobre a relação entre assédio moral e suas consequências na saúde mental permite a apropriação de características dos principais resultados encontrados pelos autores da área.

Este trabalho evidenciou que há uma preocupação por parte da comunidade acadêmica em ampliar o entendimento dos comprometimentos de saúde mental decorrentes das relações de trabalho quando na presença de assédio moral, portanto as investigações existentes ainda precisam ser complementadas, principalmente em termos de prevenção e programas efetivos de combate e conscientização do problema. A preocupação com setores profissionais específicos, como profissionais de saúde e servidores públicos, permite a apropriação necessária das características peculiares das relações de trabalho desses setores profissionais, e assim pensar em ações de promoção de melhores relacionamentos interpessoais no trabalho. O ideal é que essas categorias profissionais sejam estudadas distintamente, promovendo, dessa forma, ações personalizadas e mais eficazes em cada contexto. Destacam-se nesse panorama os estudos com professores, representantes de um setor em luta constante por valorização e melhores condições de trabalho e, também por causa disso, vulneráveis a relações interpessoais violentas no trabalho. Outra reflexão a respeito dos resultados apresentados é que muitos estudos se preocupam com as consequências do assédio moral no trabalho, apontando os possíveis malefícios desse ato para a vítima, portanto poucos apontam os prejuízos para as organizações como um todo ou propõe soluções efetivas para a redução dessa realidade.

É imprescindível destacar as limitações desta pesquisa. O número de artigos encontrados neste estudo permitiu somente discutir informações generalistas apontadas por eles. Faz-se necessário a utilização de instrumento específico de análise dos dados para realizar a avaliação de qualidade dos estudos. No entanto, o objetivo do artigo se restringiu a um levantamento de artigos científicos publicados nas bases de dados indicadas associando os temas assédio moral no trabalho e saúde mental/doença mental e, portanto, o objetivo foi alcançado.

A análise dos estudos recentes sobre a relação entre assédio moral no trabalho e implicações na saúde mental dos trabalhadores evidenciou a necessidades de desenvolvimento de pesquisas empíricas epidemiológicas com objetivo de levantar indicadores mais específicos sobre as práticas do assédio moral no trabalho, assim como de estudos que tragam indicadores fortes a respeito da relação entre suicídio e mobbing. Estudos de intervenção que promovam principalmente aspectos preventivos são necessários, assim como ações efetivas de combate ao assédio moral no trabalho por parte dos órgãos públicos e privados.

 

Referências

Amazarray, M. R. (2010). Violência psicológica e assédio moral no trabalho enquanto expressões de estratégia e gestão. Tese de doutorado, Universidade Federal de Rio Grande do Sul.         [ Links ]

Barreto, M. M. S. (2000). Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações. São Paulo: Educ.         [ Links ]

Barreto, M. M. S. (2005). Assédio moral: a violência sutil - Análise epidemiológica e psicossocial no trabalho no Brasil. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.         [ Links ]

Borsoi, I. C. F. (2007). Da relação entre trabalho e saúde à relação entre trabalho e saúde mental. Psicologia & Sociedade, 19(1), 103-111. doi.org/10.1590/S0102- 71822007000400014        [ Links ]

Bradaschia, C. A. (2007). Assédio moral no trabalho: a sistematização dos estudos sobre um campo em construção. Dissertação de mestrado, Fundação Getulio Vargas.         [ Links ]

Brasil, Ministério da Previdência Social (2011). Auxílios-doença acidentários e previdenciários segundo os códigos da Classificação Internacional de Doenças - CID-10. Recuperado em novembro 2015, de http://www.previdencia.gov.br/conteudoDinamico.php?id=502.         [ Links ]

Caniato, A. M. P., & Lima, E. D. C. (2008). Assédio moral nas organizações de trabalho: perversão e sofrimento. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 11(2), 177-192.         [ Links ]

Caran, V. C. S., Secco, I. A. D. O., Barbosa, D. A., & Robazzi, M. L. C. C. (2010). Assédio moral entre docentes de instituição pública de ensino superior do Brasil. Acta Paulista de Enfermagem, 23(6), 737-744. doi.org/10.1590/S0103-21002010000600004        [ Links ]

Cardozo, B. L., Crawford, C. G., Eriksson, C., Zhu, J., Sabin, M., Ager A., & Simon, W. (2012). Psycho logical Distress, Depression, Anxiety, and Burnout among International Humanitarian Aid Workers: A Longitudinal Study. PloS ONE, 7(9), 1-13. doi:10.1371/journal.pone.0044948        [ Links ]

Dikmetas, E., Top, M., & Ergin, G. (2011). An Examination of Mobbing and Burnout of Residents. Turkish Journal of Psychiatry, 22(3), 1-12.         [ Links ]

Dejours, C. (2015). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez.         [ Links ]

Einarsen, S., & Nielsen, M. B. (2015). Workplace Bullying as an Antecedent of Mental Health Problems: A Five-Year Prospective and Representative Study. International Archives of Occupational and Environmental Health, 88, 131-142.         [ Links ]

Faria, J. R., Mixon Jr, F. G., & Salter, S. P. (2012). An Economic Model of Workplace Mobbing in Academe. Economics of Education Review, 31, 720-726.         [ Links ]

Ferreira, M. C., & Mendonça, H. (Orgs.). (2012). Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Franco, T., Druck, G., & Seligmann-Silva, E. (2010). As novas relações de trabalho, o desgaste mental do trabalhador e os transtornos mentais no trabalho precarizado. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 35(122), 229-248.         [ Links ]

Freire, P. A. (2008). Assédio moral e saúde mental do trabalhador. Revista Trabalho, Educação e Saúde, 6(2), 367-380. doi.org/10.1590/S1981-77462008000200009        [ Links ]

Freitas, M. E. (2001). Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de Administração de Empresas, 41(2), 8-19.         [ Links ]

Freitas, M. E. (2007). Quem paga a conta do assédio moral no trabalho?. RAE-eletrônica, 6(1).         [ Links ]

Freitas, M. E., Heloani, R., & Barreto, M. (2008). Assédio moral no trabalho. São Paulo: Cengage Leaning.         [ Links ]

Garcia, I. S., & Tolfo, S. R. (2011). Assédio moral no trabalho: culpa e vergonha pela humilhação social. Cutitiba: Juruá Editora.         [ Links ]

Gillen P. A., Sinclair M., Kernohan W. G, Begley C. M., Luyben A. G. (2017). Interventions for Prevention of Bullying in the Workplace. Cochrane Database of Systematic Reviews, 1, 1-67. doi: 10.1002/14651858.CD009778.pub2        [ Links ]

Glina, D. M. R., & Soboll, L. A. (2012). Intervenções em assédio moral no trabalho: uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 37(126), 269-283.         [ Links ]

Guimarães, L. A. M., & Rimoli, A. O. (2006). Mobbing (assédio psicológico) no trabalho: uma síndrome psicossocial multidimensional. Psicologia: teoria e pesquisa, 22(2), 183-192.         [ Links ]

Hansen, Å. M., Hogh, A., & Persson, R. (2011). Frequency of Bullying at Work, Physiological Response, and Mental Health. Journal of psychosomatic research, 70(1), 19-27.         [ Links ]

Hansen, Å. M., Hogh, A., Garde, A. H., & Persson, R. (2014). Workplace Bullying and Sleep Difficulties: A 2-year Follow-Up Study. International Archives of Occupational and Environmental Health, 87(3), 285-294.         [ Links ]

Heloani, J. R. (2004). Assédio moral - UM ensaio sobre a expropriação da dignidade. RAE-eletrônica, 3(1), 1-8.         [ Links ]

Henning, M. A., Zhou, C., Adams, P., Moir, F., Hobson, J., Hallet, C., & Webster, C. S. (2017). Workplace Harassment among Staff in Higher Education: a Systematic Review. Asia Pacific Education, 18(4), 521-539. doi: 10.1007/s12564-017-9499-0        [ Links ]

Hirigoyen, M. F. (2009). Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral (4a ed.). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.         [ Links ]

Horenstein, J. M., Voyron-Lemaire, M. C., Reverzy, C., Lelievre, F., Kremer, N., & Faucheux, J. (1998). Les pratiques du harcèlement en milieu éducatif. Collection MGEN.         [ Links ]

Jardim, S. (2011). Depressão e trabalho: ruptura de laço social. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 36(123), 84-92.         [ Links ]

Koga, B. M., & Stephan, F. (2015). Assédio moral no trabalho: perspectiva das dissertações e teses na área da psicologia da capes. In L. M. Lourenço L. X. & Senra, (2015). Violência e agressividade humana: perspectivas psicossociais e educacionais. Curitiba: Editora Juruá         [ Links ].

Laine, H., Saastamoinen, P., Lahti, J., Rahkonen, O., & Lahelma, E. (2014). The Associations between Psychosocial Working Conditions and Changes in Common Mental Disorders: a Follow-Up Study. BMC Public Health, 14(588), 1-11.         [ Links ]

Leach, L. S., Poyser, C., & Butterworth, P. (2018). Workplace Bullying and the Association with Suicidal Ideation/Thoughts and Behaviour: A Systematic Review. Occupational and Environmental Medicine, 74, 72-79. doi:10.1136/oemed-2016-103726        [ Links ]

Leymann, H. (1996). The Content and Development of Mobbing at Work. European Journal of Work and Organizational Psychology, 5(2), 165-184. Retrieved April, 18, 2016, fom http://www.zku.amu.edu.pl/kuba/angelski/mobbing1.pdf        [ Links ]

Maciel, R. H., Gonçalves, R. C., Matos, T. G. R., & Rodrigues, S. (2008). Auto relato de situações constrangedoras no trabalho e assédio moral nos bancários: uma fotografia. Revista Psicologia & Sociedade, 19(3).         [ Links ]

MacIntosh, J. (2006). Tackling Work Place Bullying. Issues in Mental Health Nursing, 27(6), 665-679.         [ Links ]

MacIntosh, J. (2012). Workplace Bullying Influences Women's Engagement in the Workforce. Issues in mental health nursing, 33(11), 762-768.         [ Links ]

Martins, M. C. F., & Ferraz, A. M. S. (2011). Propriedades Psicométricas das Escalas de Assédio Moral no Trabalho - Percepção e impacto. Psico-USF, 16(2), 163-173.         [ Links ]

Maeno, M., & Paparelli, R. (2013). O trabalho como ele é e a saúde mental do trabalhador. In M. A. Silveira, L. I. Sznelwar, L. S., Kikuchi & M. Maeno (Org.). Inovação para desenvolvimento de organizações sustentáveis: trabalho, fatores psicossociais e ambiente saudável. Campinas: CTI Centro de Tecnologia da Informação "Renato Archer". 141-166.         [ Links ]

Mascarenhas, S. A. N. (2008). Bullying e mobbing: desafios para a convivência ética no trabalho. AMAzônica, 1(1), 124-148.         [ Links ]

Mascarenhas, S. A. N., Carochinho, A., da Silva, J. D. L., & Romano, T. A. (2012). Diagnóstico da ocorrência do mobbing no contexto da educação básica e superior de Humaitá, interior do Amazonas/Brasil. AMAzônica, 9(2), 252-268.         [ Links ]

Maslach, C., & Jackson, S. E. (1986). Maslach Burnout Inventory: Second Edition. Palo Alto, CA: Consulting Psychologists Press.         [ Links ]

Nascimento, S. A. C. M. (2004). Assédio moral no ambiente do trabalho, Revista LTR, 68(8), 922-930.         [ Links ]

Niedhammer, I., David, S., Degioanni, S., Drummond, A., & Philip, P. (2009). Workplace Bullying and Sleep Disturbances: Findings from a Large Scale Cross-Sectional Survey in the French Working Population. Sleep, 32(9), 1211-9.         [ Links ]

Niedhammer, I., David, S., Degioanni, S., Drummond, A., & Philip, P. (2011). Workplace Bullying and Psychotropic Drug Use: The Mediating Role of Physical and Mental Health Status. Annals of Occupational Hygiene, 55(2), 152-163.         [ Links ]

Niedhammer, I., Chastang, J. F., Sultan-Taïeb, H., Vermeylen, G., & Parent-Thirion, A. (2013). Psychosocial Work Factors and Sickness Absence in 31 Countries in Europe. The European Journal of Public Health, 23(4), 622-629.         [ Links ]

Niedhammer, I., Lesuffleur, E., Alvaga, E., & Chastang, F. (2015). Classic and Emergent Psychosocial Work Factors and Mental Health. Occupacional Medicine, 65, 125-134.         [ Links ]

Nolfe, G., Petrella, C., Zontini, G., Uttieri, S., & Nolfe, G. (2010). Association between Bullying at Work and Mental Disorders: Gender Differences in the Italian People. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 45(11), 1037-1041.         [ Links ]

Nolfe, G., Petrella, C., Blasi, F., Zontini, G., & Nolfe, G. (2007). Psychopathological Dimensions of Harassment in the Workplace (Mobbing). International Journal of Mental Health, 36(4), 67-85.         [ Links ]

Nunes, T. S., & da Rosa Tolfo, S. (2012). Assédio moral no trabalho: consequências identificadas por servidores docentes e técnico-administrativos em uma Universidade Federal Brasileira. Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, 5(3), 264-286.         [ Links ]

Nunes, T. S., & da Rosa Tolfo, S. (2012). Políticas y prácticas de prevención y combate al acoso moral en una universidad brasileña. Salud de los Trabajadores, 20(1), 61-73.         [ Links ]

Organización Mundial de la Salud (2004). Sensibilizando sobre el acoso psicológico en el trabajo. In: Protección de la Salud de los Trabajadores, Genebra.         [ Links ]

Paschoal, T., & Tamayo, A. (2004). Validação da Escala de Estresse no Trabalho. Estudos de Psicologia, 9(1), 45-52.         [ Links ]

Paz, P. L., & Botton, A. (2013). Problematizando o assédio moral: as consequências no ambiente de trabalho. Revista Psicologia em Foco, 5(5), 41-61.         [ Links ]

Reveles, A. G., & Takahashi, R. T. (2007). Educação em saúde ao osteomizado: um estudo bibliométrico. Revista da Escola de Enfermagem USP, 41(2), 245-250. Recuperado em 29 agosto, 2016, de http://www.ee.usp.br/reeusp        [ Links ]

Rodríguez-Muñoz, A., Moreno-Jiménez, B., & Sanz-Vergelc, A. (2015). Reciprocal Relations Between Workplace Bullying, Anxiety, and Vigor: A Two-Wave Longitudinal Study. Anxiety, Stress, & Coping, 28(5), 514-530.         [ Links ]

Rueda, F. J. M., Baptista, M. N., & Cardoso, H. F. (2015). Construção e estudos psicométricos iniciais da Escala Laboral de Assédio Moral (ELAM). Avaliação Psicológica, 14(1), 33-40. doi: 10.15689/ap.2015.1401.04        [ Links ]

Rugulies, R., Madsen, I. E. H., Hjarsbech, P. U., Hogh, A., Borg, V., Carneiro, I. G, Aust, B. (2012). Bullying at Work and Onset of a Major Depressive Episode among Danish Female Eldercare Workers. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health, 38(3), 218-227. doi:10.5271/sjweh.3278        [ Links ]

Soboll, L. A., & Jost, R. C. F. (2011). Assédio moral no trabalho: uma patologia da solidão usada como estratégia de gestão organizacional. In: Saúde dos Bancários. São Paulo: Publisher Brasil.         [ Links ]

Solanelles, J. E., Salas, C. A., & Carballeira, A. R. (2010). "Mobbing" el acoso laboral: revisión de los principales aspectos teórico-metodológicos que dificultan su estudio. Actualidades en Psicología, 23(1), 1-19.         [ Links ]

Tamayo, O, M. R., Mendonça, H., & Silva, E. N. (2012). Relação entre estresse ocupacional, coping e burnout. In M. C. Ferreira & H. Mendonça, H. Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Trijueque, D. G., & Gómez, J. L. G. (2010). Workplace Bullying: Prevalence and Descriptive Analisys in a Multi-Occupational Sample. Psychology in Spain, 14(1), 15-21.         [ Links ]

Ugarte, M. C. D. (2005). O corpo utilitário: da revolução industrial à revolução da informação. Anais do IX Simpósio Internacional Processo Civilizador: Tecnologia e Civilização. Ponta Grossa.         [ Links ]

Vasconcelos, A., & Faria, J. H. (2008). Saúde mental no trabalho: contradições e limites. Psicologia & Sociedade, 20(3), 453-464.         [ Links ]

Vasques-Menezes, I. (2012). Relação entre estresse ocupacional, coping e burnout. In M. C. Ferreira & H. Mendonça, H. (2012). Saúde e bem-estar no trabalho: dimensões individuais e culturais. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Verkuil, B., Atasayi S., & Molendijk, M. (2015). Workplace Bullying and Mental Health: A Meta-Analysis on Cross-Sectional and Longitudinal Data. Plos One, 1-11.         [ Links ]

Witter, G. P. (2005). Leitura no Reading Research Quarterly. In G. P. Witter (Org.). Metaciência e Psicologia (pp. 137-154). Campinas, SP: Alínea.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 22/05/2018
Aprovado em: 14/03/2018

Creative Commons License