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Cadernos Brasileiros de Saúde Mental

versão On-line ISSN 1984-2147

Cad. Bras. Saúde Ment. vol.8 no.20 Florianópolis  2016

 

ARTIGOS

 

Do sonho à realidade: a arte de viver, conviver e (re)criar

 

Dream to reality: the art of living, living and (re) create

 

 

Deborah Mendes de Araújo Andrade1,I; Alessandra Sanches Vicençotto2,I,II; Elen Patrícia Gomes Zaponi 3,I; Maria Della Coletta4,I; Mariana Soragni5,II; Nicelle Juliana de Paula Sartor6,III

IAssociação Arte e Convívio, Botucatu, SP
IICAIS Professor Cantídeo de Moura Campos, Botucatu, SP
IIIUNESP, Botucatu, SP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente relato de experiência tem por objetivo demonstrar o processo de construção de um espaço diferenciado no cuidado em Saúde Mental no município de Botucatu e todas as suas implicações e desafios no cotidiano que envolve as relações de trabalho, o acesso a cultura e o empoderamento dos usuários. A Associação Arte e Convívio é um lugar onde os participantes têm a oportunidade de se "banhar de cultura" devido à forma como o cotidiano da entidade acontece. Compreendemos cultura não apenas como a arte em si mas também como todas as trocas possíveis que as pessoas fazem nas relações diárias.

Palavras-chave: Saúde Mental; Trabalho; Atenção Psicossocial; Cultura.


ABSTRACT

This experience report aims to demonstrate the process of building a differentiated space in Mental Health Care in Botucatu and all its implications and challenges in everyday life involving the employment relationship, access to culture and the empowerment of users. The Association Art and Coexistence is a place where participants have the opportunity to "bathing culture" because of the way the daily life of the organization happens. We understand culture not only as the art itself but also to all possible changes that people make in everyday relationships.

Keywords: Mental Health; Work; Psychosocial Care; Culture.


 

 

1 NO TÚNEL DO TEMPO

Na tradição de conviver
Vertendo em arte
O processo do encontro
Nas tintas vibrantes de um caleidoscópio
O volver do infinito
Para que segundos dancem
Em nossas cristalinas vidas
Em nossos dias
Arte e Convívio (Bento7)

Ao relembrarmos nossa história, quantas histórias. Os trabalhadores, usuários e familiares dos serviços de Saúde Mental de Botucatu, quando gestaram a proposta da Associação Arte e Convívio (AAC), a pensaram como um lugar onde as trocas culturais permeassem o tempo todo as relações cotidianas, o respeito às diferenças fosse seu lema e a discussão e efetivação do direito ao trabalho fosse sua mola mestra. O presente relato de experiência vem aqui partilhar da riqueza desse lugar, que traz em suas ações, o desejo de "respirar cultura" e no que isso implica na vida de cada um de seus participantes. Iniciaremos nossa apresentação resgatando um pouco da nossa história.

As duas grandes guerras do século XX provocaram uma nova ordem social, principalmente nos países industrializados da Europa e Estados Unidos, que reorganizaram os sistemas de saúde e movimentos da Reforma Psiquiátrica, resultando numa diminuição da população dos Hospitais Psiquiátricos. Outro resultado importante desses movimentos foi a desconstrução de saberes/ práticas/ discursos comprometidos com o paradigma da redução da loucura à doença e permitiram a construção social de uma nova forma de estar com os pacientes. Com este novo paradigma, surgiu a necessidade de construir-se um novo campo de atenção que contemplasse novas formas de lidar com o sofrimento mental. (BASAGLIA, 1991 ).

No Brasil, durante o período da ditadura militar, compreendido entre 1964 e 1985, houve um processo de sucateamento e privatização da Saúde Pública. Este processo contribuiu para o agravamento das situações dos Hospitais Psiquiátricos Brasileiros, com superlotação, deficiência em recursos humanos, maus tratos e péssimas condições de hotelaria. Os profissionais que trabalhavam e conviviam com essa situação em seu dia a dia iniciaram o Movimento de Reforma Psiquiátrica, que almejava transformar não só a assistência, como também a relação da sociedade com o paciente e, sobretudo, a concepção do Transtorno Mental. Esse movimento repercutiu no Congresso Nacional com a promulgação da Lei 10.216, em 2001, que dispõe sobre os direitos das pessoas portadores de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, colocando a internação como último recurso. (BRASIL, 2001 )

Concomitantemente ao que ocorria em nível nacional, durante o processo de tramitação da Lei Paulo Delgado, era introduzido no município de Botucatu, discussões, reflexões e novas práticas no cuidado em Saúde Mental. Tais ações começaram a ganhar força ainda dentro dos Serviços de Saúde Mental, que com a presença de um grupo de profissionais que se contrapunham ao modelo vigente, possibilitaram a aproximação da sociedade civil organizada com os pacientes e familiares. Pensaram então, na criação de um espaço onde fosse possível ocupar um lugar para além da "doença", uma Associação de Usuários, Familiares e Trabalhadores dos Serviços de Saúde Mental de Botucatu, mais conhecida como Associação Arte e Convívio (AAC), cuja história será brevemente descrita a seguir.

Para que se saísse do sonho e da utopia, buscando chegar ao concreto, foi e ainda é preciso ousar. Por meio das primeiras discussões em grupos de sala de espera no Ambulatório de Saúde Mental, no início da década de 90, os usuários trouxeram o desejo de trabalhar e terem o seu próprio dinheiro, o que os possibilitaria ocupar espaços sociais como cinemas, supermercados, lanchonetes, praças, eventos culturais da cidade, entre outros.

Outra questão que nos impulsionou a fundar a Ong foi e percepção de que havia uma lacuna na vida dos usuários dos serviços de saúde mental atendidos na rede8. Quando perguntávamos a eles o que eles haviam feito entre uma consulta e outra, a resposta quase unanime era: dormi, não fiz nada, assisti TV.

As discussões ocorridas nesse grupo impulsionaram as primeiras experiências de oficinas9 de trabalho, como por exemplo, a encadernação, que criava blocos a partir da reutilização de papéis descartados pelos serviços; a construção da oficina de mosaico que ocorreu através da parceria com usuários do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira/Campinas que vieram até Botucatu para nos ensinar a técnica. Outro fato marcante foi a organização de uma grande festa junina para a arrecadação de dinheiro para formalizar a ONG, compondo a primeira experiência de comercialização desse coletivo, que ganhando corpo e desejos mais ousados, rompe com o serviço de saúde e passa a ocupar uma sala no Mercado Municipal cedida pela Prefeitura. Após dois anos, em 1998, a AAC se constitui legalmente, agora com CNPJ, Estatuto e Regimento Interno.

Através de uma parceria com a Secretaria de Cultura, conquistamos um espaço maior onde funcionavam as oficias de costura, encadernação e mosaico e na qual recebíamos os usuários dos Serviços de Saúde Mental do município e os internos do Hospital Psiquiátrico Prof. Cantídio de Moura Campos, que faziam as atividades de geração de trabalho e renda e convivência, propiciando a eles a experiência de, neste momento, se descolarem do lugar de doentes uniformizados para ocuparem o lugar de cidadãos.

Nesta época a AAC começa a ganhar visibilidade, espaço físico e espaço na sociedade, despertando o interesse da Universidade e de uma importante fundação do município (Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar - FAMESP). Após conversas e projetos foi possível se firmar um termo de parceria possibilitando parte do financiamento da instituição, inclusive com a contratação de profissionais de nível superior. Com o passar dos anos foram firmados outros convênios e parcerias em nível municipal, federal e internacional.

A construção da AAC foi e continua sendo marcada por contradições e desafios, sobretudo quando busca discutir e vivenciar a questão do direito ao trabalho e suas implicações e de se desvincular de um lugar historicamente construído de que as pessoas com transtornos mentais só podem ter acesso ao trabalho enquanto terapia. Diariamente nos deparamos com a possibilidade de avançarmos enquanto empreendedores e com receio de entrarmos em um modo capitalista de produção, de propormos um ritmo de trabalho adoecedor. Como desconstruir esse lugar de terapeuta, de técnico e construir o lugar de empresário, de empreeendedor? E como desconstruir neles esse lugar de paciente, de doente e construir com eles o lugar de trabalhador, de empreendedor? Sabemos que precisamos nos haver diariamente com essas questões e a medida em que nos revemos e avançamos, vamos construindo um corpo mais potente coletivamente.

Ao longo de seus 21 anos de história, a riqueza desta organização está na capacidade e possibilidade de ser mutável, sem seguir protocolos estabelecidos, onde cada ação tem como eixo central o usuário.

Cabe ressaltar que a cultura sempre fez parte dessa trajetória: cursos de teatro gratuito aos usuários tendo como resultado três belos espetáculos dignos de lotar o teatro com a peça "Um caipira na cidade grande", cujo processo foi marcado pelo envolvimento dos trabalhadores junto aos usuários com a participação de outros atores e espaços sociais. Houve também curso de pintura em tela onde muitos talentos desabrocharam, vidas floresceram e exposições lindas foram partilhadas. Toda essa historia pregressa, permitiu com que, em 201 1 fossemos contemplados no Edital do Ponto de Cultura sendo possível a manutenção das oficinas culturais na entidade.

 

2 A CULTURA NOSSA DE CADA DIA

Acreditamos que cultura, trabalho e arte são libertadores no sentido de expressar afetos e (re) significar vidas, trazendo consigo um contorno muito consistente aos usuários de Saúde Mental.

Segundo Santos (2006) a cultura expressa toda a riqueza e multiplicidade das formas de existência dos homens em suas relações sociais e os caminhos produzidos por eles nas condições materiais da sua existência. Pensar sobre ela implica em olhar para cada um de nós como seres sociais que são produzidos e reproduzidos nos campos das relações que fazemos parte, desde a família, grupos, trabalho, a conhecimento, ideias, concepções ideológicas e formas de pensar a própria existência. A AAC sempre buscou construir um espaço onde as relações empoderassem os sujeitos que participam dela, valorizando as diferenças, trabalhando com as potencialidades de cada um e trazendo para seu cotidiano diversas formas de expressão cultural, para que assim, cada um possa se apropriar dessa riqueza cultural e expressá-la em sua subjetividade e nas suas vivências.

O cotidiano da AAC é permeado por núcleos de trabalho e por espaços como Cineclubes, oficinas de Convívio e Lazer, Expressão Corporal e Dedo Prosa. Além da construção de um espaço coletivo de decisões, que trazem aos seus participantes temáticas sobre a Luta Antimanicomial, Economia Solidária, Reforma Psiquiátrica, SUS, SUAS, Defesa e Garantia de Direitos e a importância da participação política dos usuários de saúde mental nos Conselhos Municipais.

Pensando então esse sujeito, esse ser-no-mundo, cujas referências anteriores eram medicação, casa, serviços de Saúde Mental e internação, ele vem agora, marcado pelo trabalho e pela cultura. Acreditamos que essas múltiplas facetas da AAC permitem que seus participantes "respirem cultura" sendo estimulados a falar de afetos; a dançar; cantar; vivenciarem relações com diferentes pessoas ampliando sua rede social e quebrando preconceitos; ocupem outros lugares de lazer, incitando a sociedade a lidar com as diferenças e eles a ocuparem lugares sociais, além do lugar social de trabalhadores e artesãos. Outra questão importante é o empoderamento que passam a ter sobre a própria vida, tendo agora mais autonomia e poder decisório de onde se quer ir e como o fazer.

Nas oficinas de geração de trabalho e renda, ao longo desses anos, nos dedicamos a aprender novas técnicas, criando e recriando com papéis recicláveis, tecidos e azulejos. Foram várias tentativas e erros, mas o desejo de produzir e efetivar cada núcleo como um local que gerasse renda, fez com que todos aprendessem juntos. Recebemos várias dicas, fizemos capacitações, buscamos novas matérias primas e técnicas. Concomitantemente, os produtos foram sendo confeccionados artesanalmente, grandes encomendas foram realizadas e a cada passo, o fortalecimento desse espaço de trabalho e cultura.

Hoje os núcleos de trabalho funcionam de segunda a sexta e nossa produção exige de cada um de nós uma certa ousadia de nos movimentarmos na busca de novos fornecedores, novos jeitos e formas de fazer cada peça e de um alinhamento com a tendência do mercado, o material disponível e/ou com a encomenda do cliente.

Cabe ressaltar o quanto a cultura de cada oficina e a cultura de cada participante faz de nós diversidade, faz desse espaço um lugar de troca e de enriquecimento. Navegando na Arte (encadernação), Arte em Cacos (mosaico), Entre Linhas (costura) não são apenas os nomes de cada núcleo de trabalho e sim o processo que todos passamos quando trabalhamos nelas. Quando recebemos uma encomenda ou elaboramos um produto novo, todos mergulhamos neste projeto e pensamos juntos na criação (cores, formatos, tamanhos) e nos organizamos a cada entrega. Os desafios são grandes, pois é feito de forma conjunta e apesar de ter um coordenador, todos são responsáveis pela produção, desde seu planejamento, organização do processo de trabalho, cuidados com materiais, orçamento, limpeza do local, cuidado com os maquinários, relacionamento entre os trabalhadores, resolução de problemas, adaptação do processo de trabalho de acordo com as habilidades de cada um, possibilitando aos trabalhadores uma troca de vivências e costumes diversos.

Outro núcleo de trabalho muito importante, com o diferencial de ser prestador de serviços, é o Arte e Convívio Café, que se constitui como a mais nova experiência de trabalho da AAC. Localizado em um complexo que conta com a Faculdade de Tecnologia, Hospital Estadual, Centro de Atenção Integral à Saúde, Clínica de Álcool e Drogas e Fundação Casa, possibilita aos seus trabalhadores a aproximação com as mais diversas culturas e vivências.

O contato com essa diversidade de público coloca os usuários da Saúde Mental, no lugar de trabalhadores do Café. Essa possibilidade de ocupar um novo lugar na sociedade, (re) significa as relações que os mesmos estabelecem com o outro e com a vida.

Durante conversa com um dos trabalhadores Augusto onde foi questionada a importância do trabalho e da Arte e Convívio na sua vida, o mesmo traz que todas as atividades que ele passou aqui foram pontos vitais para que se transformasse de um "coitado que toma medicação para uma pessoa que ocupa um lugar na sociedade" (sic), conta ainda que no inicio do seu tratamento ele só frequentava o CAPS e hoje traz historias para além dele. Conta com orgulho, de um episódio onde estava trabalhando e como de costume tinha levado o seu violão para cantar nos momentos mais tranquilos. Enquanto cantava a música Ave Maria, uma senhora que havia ido visitar um familiar internado, parou para ouvi-lo. Vinte dias após o episódio, a mesma senhora retornou para outra visita e solicitou que ele cantasse novamente Ave Maria para ela.

Os trabalhadores trazem ainda esse espaço como a possibilidade de vivência e reorganização da vida, com a presença de uma rotina, de contato com outras pessoas; "antes eu ficava todos os dias na cama e agora eu tenho uma rotina, eu acordo cedo, levo meu filho para escola, vou para o trabalho..." (Margarida). "Aqui gosto de vir, pois estou fora de casa, distraindo, trabalhando, conversando com colegas, ocupando a cabeça com os caras. Muito bom sempre estar porque aqui tem os amigos". (Bruno)

Segundo Silva e Silva (2006, s/p.) a "cultura é todo o complexo de conhecimentos e toda habilidade humana empregada socialmente", e o Café enquanto espaço de cultura, possibilita a troca desse conhecimento, que atravessa os diferentes públicos que o frequentam e que ainda contribui para a quebra do estigma cultural existente para com as pessoas com transtorno mental.

Apesar dos muitos desafios, temos certeza de que estamos em um caminho interessante. Quando perguntamos aos trabalhadores: qual é a importância do seu trabalho para sua vida? No que a AAC contribui na sua vida? A resposta vem...

Aqui eu me sinto bem, tive uma melhora boa, sinto que faço reabilitação. O fato de ter os profissionais juntos, lado a lado, faz com que eu me sinta fortalecido, mesmo sabendo que aqui não é lugar de tratamento para as pessoas com transtornos mentais. Antes eram muitas crises, me sentia muito só. A AAC fez com que meus pensamentos mudassem em relação às situações traumáticas e permitiram que eu crescesse através do convívio com as demais pessoas. Antes eu era visto como um louco que faz mal à sociedade e agora sou visto como uma pessoa normal, que desenvolveu um certo dom que estava guardado e foi resgatado pelo contato com a AAC. (Joaquim)

Estar na AAC significa o controle da minha saúde, significa que estar aqui trabalhando é o jeito prático de continuar saudável. Há dezesseis anos estou aqui e nunca mais fui internada. (Neuza)

Estar na AAC é estar ausente da condição de solitário, é não ficar parado no tempo. Viver em companhia social e junto a ela crescendo em todo o seu desenvolvimento. (Paulo)

A Arte e Convívio me descontrai, ajuda a diminuir a ansiedade e assim diminui os remédios, pois é... bom sempre estar com amigos novos, escutar uma boa música e bater papo legal, trabalhar e receber e administrar o meu dinheiro sozinho. (Roberto)

Todos os dias nos deparamos com as mudanças feitas na vida desses trabalhadores, mudanças essas que possibilitam a eles um resgate da cidadania de forma ampla. A nossa grande questão de toda essa diversidade cultural e afetiva é: os usuários se apropriam ou não deste espaço enquanto um lugar de cultura? Aos que se permitem afetar e serem afetados pela AAC, temos provas vivas de quantas vidas foi possível pulsar a partir desses encontros... Onde diagnósticos, remédio e doença foram apenas pano de fundo em meio ao nosso cenário diário, mas onde o cuidado, as relações horizontais e o desejo de sair da fôrma, foi o inevitável "doce diário de nossas relações".

No momento, nossos novos desafios são o espaço Arte e Convívio Loja e Café, um local bonito e aprazível para a comercialização dos nossos produtos, junto com a possibilidade do cliente saborear outros sabores e boas conversas. Para além das boas conversas, projetamos que esse lugar seja um lugar político de resistência aos retrocessos nas políticas públicas, além de ser um espaço de troca cultural (música, poesia, arte).

A arte de um bom café
Uma boa prosa de cores ao íris
Que recíprocam felicidades de nossas experiências
Dos usuários aos colaboradores
Dançar numa música de silêncios de amor
Clamamos um ao outro
Desses prosas e poesias
Aprendemos a compor convívio
Doce néctar dos florais de Bach (Bento)

Esse acalento descrito por Bento, diz muito da energia que permeia nossos dias de Arte e Convívio, onde, apesar de não sermos um local de tratamento da "doença", promovemos saúde através da arte dos encontros, da busca coletiva de um mundo melhor, onde a ousadia de se (re) inventar a todo o dia e de ser e não ser, e de construir e desconstruir faz desse lugar um movimento instituinte e não instituído, faz daqui movimento e não paralisia. E do movimento, se produz vida.

 

REFERÊNCIAS

RODRIGUES, K. L. Economia solidária e a produção de cidadania na saúde mental: um estudo dos dispositivos de inclusão social pelo trabalho no estado de São Paulo. São Carlos: UFSCAR. 2015. s/p. (Mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade) Programa de Pós-Graduação de Educação e Ciências Humanas. Universidade Federal de São Carlos, 2015.         [ Links ]

BASAGLIA, F. (Org.). A Instituição Negada - Relato de um Hospital Psiquiátrico. Rio de Janeiro: Graal, 1991.         [ Links ]

SANTOS, J. L. O que é cultura? 16ª. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. (Primeiros Passos, v. 110)

SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2006. Disponível em: <http://www.igtf.rs.gov.br/wp-content/uploads/2012/03/conceito_CULTURA.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2016.         [ Links ]

BRASIL. Lei 10.216 de abril de 2001. Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Diário Oficial da União, Brasília, DF, Seção 1, Eletrônico, p. 2, 9 abr. 2001.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Deborah Mendes de Araújo Andrade
E-mail: dedehmendes@gmail.com

Alessandra Sanches Vicençotto
E-mail: lefsanches@gmail.com

Elen Patrícia Gomes Zaponi
E-mail: elen_to@hotmail.com

Maria Della Coletta
E-mail: mariadellacoletta@hotmail.com

Mariana Soragni
E-mail: mari_soragni@hotmail.com

Nicelle Juliana de Paula Sartor
E-mail: nicellejuliana@hotmail.com

Artigo encaminhado: 15/03/2016
Aceito para publicação: 01/12/2016

 

 

1 Psicóloga e psicoterapeuta graduada pela UNESP/Assis. Aprimoramento em Saúde Mental e Saúde Pública. Formação em Esquizoanálise e Esquizodrama. Membro da ABRAPSO Núcleo Cuesta e militante da luta antimanicomial. Atua na Associação Arte e Convívio-Botucatu/SP.
2 Assistente social graduada pela UNIFAC/Botucatu. Aprimoramento em Saúde Mental da UNESP/Botucatu. Militante da luta antimanicomial. Atua na Associação da Arte e Convívio Botucatu/SP.
3 Terapeuta Ocupacional graduada pela USC/Bauru. Especialista em Terapia Ocupacional uma visão dinâmica aplicada a Neurologia. Aprimoramento em Saúde Mental infanto-juvenil na UNESP/Botucatu. Atua na Associação da Arte e Convívio - Botucatu/SP.
4 Assistente social graduada pela UNIFAC/Botucatu. Psicodramatista. Aprimoramento em Saúde Mental na UNESP/Botucatu. Militante da luta antimanicomial. Sócio fundadora e atual Presidente e Coordenadora Técnica da Associação da Arte e Convívio - Botucatu/SP.
5 Terapeuta Ocupacional graduada pela UFSCar - São Carlos. Aprimoramento Profissional em Terapia Ocupacional em Atenção Psicossocial pela UNESP/Botucatu. Militante da luta antimanicomial. Atua na Enfermaria de Psiquiatria do CAIS Professor Cantídeo de Moura Campos/Botucatu.
6 Psicóloga graduada pela UNESP/Bauru. Residência em Saúde da Família e Comunidade da FAMEMA/Marília. Mestranda do programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, UNESP/Botucatu.
7 Os nomes utilizados são fictícios para preservar a identidade dos participantes.
8 Neste momento, em Botucatu, os serviços de saúde mental ofertados eram: Hospital Psiquiátrico Professor Cantídio de Moura Campos; Ambulatório Regional de Especialidades (ARE); Centro de Saúde Escola (CSE); UNESP/FMB/Btu: Hospital-Dia de Psiquiatria e Ambulatório de Psiquiatria.
9 Cabe ressaltar que não utilizamos mais o termo Oficina uma vez que tem raízes voltadas à área da saúde, porém o estamos utilizando para fins didáticos. Para melhor elucidação sobre o tema consulte RODRIGUES, K. L., 2015.

 

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