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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

On-line version ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.7 no.1 Florianópolis June 2007

 

EDITORIAL

 

A RPOT está mudando. E se trata de uma mudança muito significativa nesta sua curta história de vida. Seguindo a tendência dos principais periódicos científicos passamos a ser uma revista on line. Isto significa, antes de tudo, a possibilidade de um acesso mais amplo e rápido ao conhecimento produzido na nossa área.

A revista está passando por profundas mudanças. Uma delas é a sua inserção no SEER - Sistema de Editoração Eletrônica de Revistas Científicas. Trata-se de um grande passo para a indexação da revista, providência fundamental para que possamos pleitear uma melhor classificação no Qualis Periódicos da CAPES. O SEER possibilita a realização on-line de todos os passos da editoração da revista, desde a submissão manuscritos pelos autores, até a avaliação dos artigos pelos consultores e a hospedagem dos artigos em página da internet. O sistema possibilita uma gestão mais moderna da editoração dos artigos, reduzindo etapas, facilitando o controle do ritmo das avaliações dos manuscritos, e a disponibilização dos artigos na íntegra para todos.

Esse processo de inserção da revista no SEER está sendo realizado na UFSC e, aos poucos, todos os números da revista serão colocados no formato digital (endereço da web www. http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/rpot). Com a finalidade de racionalizar os custos e facilitar o acesso de todos à revista, decidiu-se transformar a RPOT em revista eletrônica. Estão sendo estudadas formas de acesso privilegiado (em primeira mão e exclusivo por um tempo determinado) aos últimos números da revista aos associados da SBPOT e aos assinantes da RPOT. Os número de 2006/2 já se encontra disponível para consulta de todos.

Além disto, os editores da revista, apoiados pela SBPOT, empreenderam uma campanha para atualização da mesma. Obtivemos sucesso, pois, já estamos com o segundo número de 2007 em fase final de revisão, quase pronto para publicação, e o primeiro de 2008 com três artigos aprovados e outros dez em processo acelerado de avaliação. Esse esforço incluiu uma ampla chamada de artigos, visando a estimular a submissão de manuscritos à revista, assim como a racionalização dos processos de gestão interna da tramitação dos artigos, que, até a migração definitiva da revista o SEER, ainda estão sendo feitos manualmente. Essa campanha resultou no recebimento de 14 artigos à revista somente no mês de fevereiro do corrente ano.

Outra providência rumo à modernização da Revista foi aprimorar as normas de publicação. As novas normas, elaboradas após uma ampla pesquisa em revistas científicas nacionais e estrangeiras de renome, contêm mudanças importantes, baseadas em padrões e normas de excelência em editoração de revistas científicas nacionais e internacionais. Entre as alterações constam: a adoção das normas da APA, a exigência de declarações de cessão de direitos autorais dos artigos, de carta de autorização para publicação, assinada por todos os autores e co-autores, e também o aprimoramento das orientações sobre a submissão e formato dos manuscritos.

Com a finalidade de agilizar a rotina de apreciação dos manuscritos pelos consultores, mudamos a sistemática de avaliação dos artigos, que até agora vinha sendo realizada com várias idas e vindas do editor para o consultor, do editor para o autor com pedidos de alteração dos artigos com base nos pareceres, do autor novamente para os consultores da revista para verificação das alterações. Esse processo mostrou-se pouco eficiente e era, em parte, responsável pelos atrasos na publicação dos números da revista. Outra providência foi a ampliação do número de consultores da revista. Isto foi feito com o intuito de tornar mais eficiente a tramitação dos manuscritos. Além disto, os editores passaram a realizar uma análise prévia detalhada do formato do artigo e da adequação do conteúdo à política de publicação da revista, antes de enviá-lo aos consultores ad hoc. Todas as fases de editoração sofreram mudanças para aumentar a eficiência dos processos de avaliação e de revisão dos artigos.

O processo de mudança está em curso e temos pela frente grandes desafios! Nos próximos dois meses, a RPOT cumprirá a seguinte agenda: publicar as novas normas, aprimorar as ferramentas de editoração de artigos, entre as quais: a lista de verificação de alterações nos textos, a ficha de avaliação dos manuscritos; racionalização e digitalização das rotinas de editoração por meio do SEER; alteração da página da revista na internet e digitalização dos artigos dos dois números de 2007. Isto tudo terá que ser realizado até o final do mês de julho deste ano!

Este primeiro número, que marca transição tão significativa para a revista, nos oferece um conjunto de artigos que, uma vez mais, revelam a diversidade de interesses e possibilidades de investigação e reflexão que caracterizam a Psicologia Organizacional e do Trabalho como área de estudo e campo de aplicação.

O primeiro trabalho, de autoria de Wanderley da Silva, Jacob Laros e Luciana Mourão apresenta a construção e validação de escalas de auto e heteroavaliação da atuação gerencial. A complexidade e as mudanças em curso na atuação gerencial são desafios que marcam o cenário atual, com implicações muito nítidas sobre as demandas de qualificação para as funções gerenciais. Por outro lado, precisamos dispor de ferramentas confiáveis e teoricamente embasadas para avaliar os diversos fenômenos organizacionais. O trabalho apresentado é uma contribuição significativa para a área de estudos sobre gestão e desempenho gerencial, ao tornar disponíveis escalas com adequados indicadores psicométricos para auto e hetero-avaliação do desempenho gerencial. O segundo trabalho, de Hélder Régis, Antonio Virgilio Bastos e Sônia Calado nos apresenta uma análise das redes sociais informais construídas entre gestores de incubadoras de base tecnológica. Utilizando as ferramentas conceituais e metodológicas do estudo de redes sociais, o estudo revela o potencial de contribuição desta ferramenta para a compreensão de importante fenômeno organizacional - a preparação de gestores para tocarem seus negócios a partir de redes que constrói com outras pessoas e organizações. O estudo constitui, certamente, um estímulo para que estudos sobre redes sejam ampliados no contexto nacional, seguindo tendência que se observa na literatura internacional. O terceiro artigo, de autoria de Vanisse Grassi, Maria da Graça Corrêa Jacques e Ticiana Schossler, discute a questão das práticas de consultoria em Psicologia Organizacional e Trabalho. Apoiado na análise de duas empresas de Consultoria no Rio Grande do Sul, o estudo nos fornece um interessante panorama das transformações que ocorreram no tipo de serviços prestados desde os anos 1970, quando recrutamento e seleção eram predominantes. As transformações no mundo do trabalho, nas estruturas e práticas de gestão organizacional conduziram a um crescimento das consultorias e a uma diversificação das práticas ofertadas. O estudo agrega informações importantes para a reconstrução histórica da prática em POT, o que é de grande valor para a área. O quarto artigo de autoria de Graciela Sanjutá Soares e Faria Alessandra Rachid retoma o clássico tema das interfaces entre trabalho e família, focalizando-o em um estudo entre bancários. Após uma discussão ampla sobre a inserção da mulher no mercado de trabalho, apoiada em dados secundários, o trabalho relata dados sobre como bancários percebem e as estratégias que utilizam para equilibrar as pressões decorrentes das demandas de trabalho e família. Juliana de Carlo e Yára Bulgacov discutem, no quinto artigo, a noção de trabalho feminino entre trabalhadores do chão de fábrica de uma empresa líder no setor de eletrodoméstico. Apoiado em uma análise de narrativas, as autoras concluem que os mesmos traços que historicamente eram utilizados para justificar o lugar da mulher fora da fábrica são, hoje, utilizados para justificar o seu lugar dentro da produção. È importante, também, a constatação de que este espaço da mulher continua sendo alvo de discriminação e segregação tanto em termos ocupacionais quanto ao de acesso a posições hierárquicas na empresa. Os dois artigos finais voltam-se para a questão da qualidade de vida no trabalho, tema que continua merecendo a atenção de pesquisadores e profissionais. O primeiro deles, de autoria de Thiago Lopes Carneiro e Mário César Ferreira, centra-se no estudo dos possíveis impactos da redução da jornada de trabalho para a qualidade de vida no trabalho. Apoiado no enfoque teórico da Ergonomia da Atividade, os autores revelam que a redução da jornada está associada a melhores índices de QVT e que os trabalhadores relatam vários ganhos, inclusive de produtividade. Apesar destes resultados, os autores apresentam uma visão crítica da efetividade da política de QVT na organização participante do estudo. Finalmente, Denise Dascanio e Maria Cristina Lunardelli discutem a Qualidade de Vida no Trabalho em contexto de empresas familiares. O ensaio toma os indicadores de QVT propostos por R. Walton, um modelo que teve impacto importante na pesquisa sobre este fenômeno, discutindo-os a partir da realidade das empresas familiares. Destas reflexões, as autoras chegam à conclusão de que o contexto específico das empresas familiares torna ainda mais difícil propiciar as condições apontadas como geradoras de maior qualidade de vida no trabalho.

Integra este número a resenha do livro, Coerção e suas implicações, de autoria de Sidman, traduzido para o português no ano de 2001, mas ainda pouco divulgada no Brasil. A resenha elaborada por Nádia Kienen e Silvio Paulo Botomé (2001) recomenda fortemente a leitura da obra por ser um marco importante no estudo da coerção e do assédio moral. O livro discute processos comportamentais coercitivos em relações interpessoais, inclusive em situações de trabalho e em organizações de qualquer tipo. A resenha do livro estimula o leitor a refletir mais profundamente sobre o assédio moral e o instiga a realizar pesquisas sobre disfarces e níveis de coerção presentes nas relações entre pessoas em ambientes de trabalho.

Queremos registrar que nesta nova fase da revista estamos fazendo um esforço expressivo no sentido de atualizar a publicação dos novos números, para que em futuro próximo possamos vir a tornar a RPOT uma revista com periodicidade quadrimestral. Queremos, assim, cumprir a nossa meta de fomentar a pesquisa de qualidade e a sua divulgação para uma comunidade ampla, não apenas de alunos e pesquisadores, como também de profissionais que enfrentam os desafios da atuação profissional no nosso país.

Finalmente, desejamos manifestar nossos mais sinceros reconhecimentos pelas efetivas contribuições prestadas à Revista, enquanto estiveram na coordenação da mesma, aos editores associados, Professor Doutor Jairo Borges-Andrade (UnB) e Professor Doutor Antônio Virgílio Bittencourt Bastos (UFBA), bem como ao Professor Doutor José Carlos Zanelli (UFSC), este último, editor geral por sete anos, desde a fundação da Revista.

 

Gardênia da Silva Abbad (UnB)
Narbal Silva (UFSC)
Sônia Maria Guedes Gondim (UFBA)

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