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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versión On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. v.8 n.1 Florianópolis jun. 2008

 

Editorial rPOT - No 1/2008

 

 

É com imenso prazer que apresento aos leitores o primeiro volume de 2008 da rPOT. Este número apresenta oito interessantes artigos que trazem novidades para profissionais e pesquisadores interessados em assuntos contemporâneos e relevantes, ligados aos complexos mundos do trabalho e das organizações.

Esta edição da rPOT veicula artigos de pesquisadores de diferentes universidades públicas e privadas brasileiras e de um pesquisador colombiano. Entre os artigos, há seis pesquisas empíricas, um ensaio teórico e uma revisão de literatura. As pesquisas abordam temas variados e adotam diversas estratégias metodológicas de coleta e de análise de dados. Há pesquisas que utilizam, ao mesmo tempo, múltiplas fontes, com abordagens qualitativas e quantitativas, o que espelha uma disposição dos pesquisadores em utilizar diferentes procedimentos e técnicas de pesquisa. Esse parece ser um sinal de amadurecimento da área de Psicologia Organizacional e do Trabalho, que preza pela escolha de estratégias metodológicas variadas, consideradas mais compatíveis com as complexas questões de pesquisa da área. Isso foi feito naturalmente pelos autores dos artigos deste número da rPOT. Orgulhamo-nos também de contar, neste número, com uma revisão de literatura. Esse tipo de artigo, apesar de importante, ainda é escasso em publicações científicas da psicologia e da administração.

Espero que vocês gostem deste número da rPOT! Vejam, a seguir, uma breve síntese dos artigos.

O primeiro artigo aborda importante tema da área de psicologia organizacional e do trabalho: a socialização organizacional. Trata-se de uma pesquisa realizada com servidores de uma Instituição Pública de Ensino Superior por uma equipe de pesquisadores: Samid Danielle Costa de Oliveira, Marília Lino, Livia de Oliveira Borges, Virgínia Carvalho, Simone Melo, Alda Lima da Silva, Flávia Bahia, Nayra Souza e Glauber Steven. O texto descreve um estudo que investigou a percepção dos servidores de uma universidade sobre o processo de socialização organizacional. Os resultados são interessantes, em especial os que indicam problemas de falta de suporte organizacional para os que possuem mais tempo de serviço na instituição. Os processos de socialização organizacional, se considerados os resultados dessa pesquisa, precisam ser revistos e aprimorados. Tais processos parecem estar excluindo os mais idosos, o que é algo social e politicamente inadequado. Mais pesquisas são necessárias sobre questões de idade e socialização organizacional, uma vez que as expectativas de vida dos brasileiros estão crescendo e, em breve, mais pessoas idosas estarão ativas no mercado de trabalho e, é claro, necessitando de políticas e práticas inclusivas de socialização em organizações e trabalho.

O segundo artigo revisa a literatura sobre outro importante assunto da área: criatividade nas organizações. O texto, redigido por Maria de Fátima Bruno, Heila Veiga e Laura Macedo, abre caminho para novas pesquisas, na medida em que apresenta uma análise detalhada da produção científica publicada em revistas brasileiras de Psicologia e Administração e, além disso, sugere uma instigante agenda de pesquisa para incentivar pesquisadores a investigarem processos criativos em grupos e organizações. Nas áreas de Psicologia, Administração e Economia, esses temas têm sido tratados junto com outros, igualmente relevantes, como inovação e mudança organizacional.

Em seguida, o pesquisador colombiano Andrés M. Pérez-Acosta apresenta uma pesquisa que investiga a influência do número de estímulos sobre a preferência por objetos publicitários. Trata-se de um estudo experimental que suscita novas questões de pesquisa sobre comportamento humano e publicidade.

O quarto artigo é um ensaio teórico sobre assédio moral e retaliação organizacional, realizado por Helenides Mendonça, Ana Raquel Torres e Daniela Zanini. No texto, as autoras analisam e relacionam esses conceitos e, além disso, sugerem a inserção desses temas em pesquisas e análises organizacionais.

Raul Perillo e Bartholomeu Tróccoli assinam o quinto artigo, que relata a aplicação da técnica de modelagem por equações estruturais em uma pesquisa que relaciona gênero com satisfação de clientes de serviços bancários. Os resultados são instigantes, pois indicam diferenças de gênero em alguns aspectos da satisfação do cliente com serviços bancários, o que suscita novas questões de pesquisa e implicações práticas para o aprimoramento das relações entre bancos e seus clientes.

Da autoria de Alexsandro Medeiros Nascimento, Antonio Roazzi, Rita Castellan e Leonardo Rabelo, o sexto artigo trata da imagem do executivo bem sucedido e a questão da corporeidade. A pesquisa foi realizada para responder a questão "Quais as características que um executivo precisa possuir para garantir seu sucesso profissional?". Os resultados foram obtidos por meio de análises qualitativas e quantitativas e interpretados a partir de referenciais teóricos oriundos do Interacionismo Simbólico, do Construcionismo Social e da Teoria das Facetas. Trata-se uma pesquisa que deveria ser aplicada em outros contextos e amostras, dada a sua relevância e consistência teórico-metodológica.

O sétimo artigo aborda a influência de fenômenos de mentoria e redes sociais nos executivos de uma empresa do ramo de transportes. O texto relata uma pesquisa de Denise Clementino de Souza e Sônia Maria Calado Dias, realizada com base em análise qualitativa de histórias da vida de executivos. Os resultados desse estudo indicaram que a rede de mentores ajuda no desenvolvimento dos profissionais mentorados, servindo-lhes de apoio pessoal e à carreira. Esses temas são muito importantes e pouco estudados em POT no Brasil, apesar de estarem muito ligados às áreas de treinamento, qualificação, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho, que têm uma produção robusta.

O oitavo e último artigo, Redes Sociais e Mudança em um Grupo de Produtores Rurais do Planalto Central, de Elaine Neiva e Maria Júlia Pantoja, descreve e analisa a estrutura social e as reações dos indivíduos durante a concepção de uma associação de produtores rurais do Distrito Federal. As entrevistas ressaltaram a característica solitária do trabalho do produtor, vinculado a seu pequeno negócio. Os resultados indicaram que as reações à mudança foram de desconfiança e temor e que o trabalho do produtor rural é solitário. As redes entre os produtores caracterizam-se por pouca interação entre seus constituintes. Estudos como esse fornecem pistas sobre o porquê de algumas associações de produtores rurais nem sempre serem bem sucedidas, além de propiciarem informações valiosas sobre como aprimorar os processos de mudança e a formação de redes sociais entre trabalhadores rurais.

Aproveito a oportunidade para informar-lhes que estamos envidando esforços para finalizar, o quanto antes possível, o segundo volume de 2008. Alguns artigos estão em fase final de avaliação e, assim que possível, disponibilizaremos aos associados da SBPOT, em primeira mão, mais um número completo da revista. Aproveito este espaço também para agradecer o empenho dos dois assistentes editoriais, Rodrigo R. Ferreira e Vitor Werner dos Reis, pela dedicação às atividades que resultaram em mudanças radicais na rPOT.

Este ano de 2008 foi marcado por inúmeras mudanças na rPOT, sendo que algumas delas já estão disponíveis a todos! Entre essas mudanças, estão:

1) a transformação da rPOT em revista eletrônica, com a inclusão de todos os números já publicados;

2) a adoção de novas normas para submissão de artigos à revista;

3) a elaboração de nova ficha de avaliação de artigos;

4) a elaboração de uma lista de verificação da qualidade do artigo para os autores que desejarem submeter artigos à rPOT;

5) a regularização das autorizações dos autores e co-autores para publicação dos artigos na revista;

6) o planejamento orçamentário e a administração financeira da revista pela SBPOT;

7) a realização de duas amplas campanhas para submissão de artigos à revista;

8) a ampliação do número de consultores da revista.

Os próximos desafios são ainda maiores do que os que já superamos: atualizar, indexar e automatizar a gestão da revista. Contamos com a colaboração de todos!

 

Gardênia da Silva Abbad
Co-Editora - Universidade de Brasília
gardenia.abbad@gmail.com
Brasília, 14 de novembro de 2008.

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