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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versão On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.12 no.1 Florianópolis abr. 2012

 

EDITORIAL

 

 

Este número da rPOT reúne o conteúdo das dez conferências realizadas por ocasião do VCBOT, no Rio de Janeiro, em maio de 2012. Tais conferências foram proferidas por professores e pesquisadores especialistas em suas respectivas áreas de conhecimento e pertencentes a diversos centros acadêmicos ao redor do mundo. O conjunto dos textos aqui reunidos constitui um painel rico e diversificado de temas que certamente serão do interesse do leitor brasileiro interessado no aprofundamento de questões tais como gestão multi-cultural, desemprego, imigração, relação trabalho-família, violência no trabalho, empreendedorismo e questões relativas aos desafios da POT neste início de século. Os artigos são aqui apresentados na língua original em que foram escritos. Na sequência, e a título de contextualização ao leitor, sintetizamos brevemente o conteúdo de cada um dos textos.

O primeiro, Desempleo y bienestar psicológico en Brasil y España: Un estudio comparativo, de autoria de José Luis Álvaro Estramiana (Universidad Complutense de Madrid), Sonia Maria Guedes Gondim (Universidade Federal da Bahia), Alicia Garrido Luque (Universidad Complutense de Madrid), André de Figueiredo Luna (Universidade Federal da Bahia) e Marina Campos Dessen (Universidade de Brasília), tem como objetivo, a partir de um estudo empírico, analizar as relações entre desemprego e bem-estar psicológico, comparando amostras de trabalhadores empregados e desempregados do Brasil e da Espanha.

Na sequência, o artigo The Foundations of Cross Cultural Management, de Mark F. Peterson (Florida Atlantic University) e Mikael Soendergaard (Aarhus University), apresenta e discute as raízes das pesquisas atuais em gestão inter-cultural, as quais, segundo os autores, podem ser encontradas nas ciências sociais, como antropologia, sociologia, psicologia e economia. Os autores discutem, ainda, as principais áreas-tópicos dentro dessas disciplinas, oferecendo um rico e atual panorama sobre esse domínio de estudos interdisciplinar, com evidentes implicações para a pesquisa e a compreensão das diferenças interculturais no ambiente gerencial.

O terceiro artigo, O mundo do trabalho em imagens - Memória, história e fotografia, de Maria Ciavatta (Universidade Federal Fluminense), tem como objetivos discutir o mundo do trabalho a partir da análise de fotografias existentes em arquivos públicos e privados das cidades do Rio de Janeiro, São Paulo Campinas e Bologna (Itália). A autora argumenta que a reconstrução histórica da memória, por meio de análise de material dos acervos pesquisados, contribui para a compreensão dos mundos do trabalho, constituídos por diferentes memórias e diferentes visões do trabalho e dos processos vivenciados pelos trabalhadores.

Deste, o leitor segue para o artigo Trabalho e família: perspectivas teóricas e desafios atuais, de Elizabeth Joan Barham (Departamento de Psicologia / Universidade Federal de São Carlos) e Ana Carolina Gravena Vanalli (Programa de Pós Graduação em Psicologia / Universidade Federal de São Carlos). Nele, as autoras discutem as articulações entre vida profissional e vida familiar. Analisam os fatores socioculturais que produzem diferenças entre homens e mulheres em termos da articulação dessas duas esferas, apresentam modelos teóricos dedicados a compreender a questão, e propõem estratégias para lidar com as demandas e pressões inerentes na referida articulação.

O próximo artigo, Violencia en el trabajo: perspectivas y desafios actuales, de Aristeo Santos López (Universidad Autónoma del Estado de México), reflete sobre o fenômeno da violência, e como ele tem se incorporado no cotidiano da sociedade. Em particular, o autor centra-se na discussão da realidade latino-americana, onde a vida é dominada, depois da família, pelo trabalho. Justamente por sua importância, entender as formas de violência no trabalho torna-se um importante mecanismo para se compreender aspectos sociais e culturais mais amplos.

O sexto artigo, Empreendedorismo e liderança: perspectivas e desafios atuais, de Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá (Universidade Federal do Ceará), apresenta e discute diferentes perspectivas de estudos e pesquisas sobre liderança e empreendedorismo ao redor do mundo. O texto traça, sucintamente, os principais caminhos seguidos por pesquisadores de realidades culturais diversas com suas contribuições para compreensão do tema. O autor conclui que todas as perspectivas analisadas buscam contribuir para o melhor delineamento desses dois importantes conceitos.

O leitor chega então ao artigo Psicologia organizacional e do trabalho na era da aceleração: macro e nanodesafios atuais na pesquisa e na prática profissional, de Antonio Caetano (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Portugal). Neste, o autor debate os principais desafios para o campo da POT na atualidade, tais como a necessidade de se incorporar a dimensão temporal nos estudos empíricos, tanto macros quando micros, e a necessidade de os pesquisadores voltarem-se mais intensamente para a construção de teorias que possam contribuir para a melhoria do bem-estar e do desempenho dos indivíduos no trabalho.

Continuando, no oitavo artigo, Organizational justice research: present perspectives and challenges, de Ronald Fischer (Victoria University, Wellington), seu autor apresenta um panorama da pesquisa em justiça organizacional, especialmente no que tange às diferenças culturais. Especificamente, o texto apresenta quatro diferentes modos de sistematizar as percepções de justiça para a compreensão do processo no qual os indivíduos fazem avaliações relativas à justiça. Dando especial atenção à justiça distributiva, o autor sugere a reconceitualização da teoria da equidade, contribuindo, em sua avaliação, para o avanço tanto teórico quanto prático no âmbito deste tema.

O próximo artigo, Gestão Social do Desenvolvimento de Territórios, de autoria de Tania Fischer (Universidade Federal da Bahia), argumenta que os sentidos e os significados da gestão social do desenvolvimento de territórios podem ser compreendidos na contemporaneidade quando se considera o território como a origem e o destino das ações. O texto está estruturado em termos de respostas ao "quem se faz, onde, como e quando se faz, quem são os gestores sociais, que perfis e designs formativos têm os gestores sociais. Para isso, a autora apoia-se na experiência de um programa de formação de gestores sociais.

Por fim, o último texto, Qualidade de Vida no Trabalho: Perspectivas atuais e desafios futuros, de Jáder Sampaio (Universidade Federal de Minas Gerais), apresenta uma revisão de literatura sobre QVT , com base na análise de livros de autores brasileiros, artigos publicados na base Scielo e artigos internacionais encontrados na base Periódicos CAPES. Três conceitos nucleares orientam a produção na área: o humanismo (que ora repousa em motivação, ora em satisfação), a participação do empregado em decisões de gestão e o bem-estar. Foi proposta uma agenda com ações para a dialética do avanço-ruptura neste campo de conhecimento.

Convidamos o leitor a desfrutar dos textos que ora lhe são apresentados, na certeza de que sua leitura contribuirá para o avanço da teorização e da pesquisa em Psicologia Organizacional e do Trabalho em nosso país.

 

Pedro F. Bendassolli & Sonia Gondim
Editores convidados