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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versión On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.15 no.2 Brasília jun. 2015

http://dx.doi.org/10.17652/rpot/2015.2.editorial 

EDITORIAL

 

 

Pedro F. BendassolliI; Ana Carolina de Aguiar RodriguesII; Janice Janissek de SouzaIII; Mary Sandra CarlottoIV

IEditor-Chefe - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
IIEditora Associada - Universidade de São Paulo (FEA-USP)
IIIEditora Associada - Universidade Federal da Bahia (UFBA)
IVEditora Associada - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS)

 

 

Recentemente, foi publicado a versão 2013 do SCImago Journal & Country Ranking, que classifica as revistas científicas baseadas em indexação na Scopus (http://www.scimagojr.com/journalrank.php?). Considerando apenas os periódicos em Psicologia Latino-americanos, a posição do Brasil revela-se mais favorável que a de vizinhos como Argentina, Colombia, Chile, Colômbia e México. No total, são listados 17 periódicos, com um SJR variando de 0,10 a 0,36. Apenas a título comparativo, o Annual Review of Psychology, primeiro no ranking global em psicologia (categoria "miscellaneous"), possui um SJR de 10,87.

Esse resultado pode ser considerado de vários ângulos. Primeiro, revela a maior visibilidade da psicologia brasileira na região. Até mesmo em relação à Espanha e a Portugal o Brasil tem melhor posição. Isso é reflexo de um esforço coletivo de aprimoramento de nossos periódicos, observado nos últimos anos, e para o qual contribuíram processos como o de avaliação Qualis, da Capes. Segundo, embora promissor, colocado contra o contexto, esse cenário revela que ainda temos muito a trilhar, considerando que há um número muito maior de periódicos nacionais em psicologia (ao redor de 50% dos mais de 2 mil periódicos da última base Qualis são periódicos nacionais) do que os que aparecem nesse ranking. É nesse sentido que a rPOT, como já anunciamos aqui, está em processo de indexação na Scopus. Terceiro, a utilização do Scopus, para além do ISI, tem se firmado como um importante marcador da qualidade da produção científica (baseada em citações).

É também interessante considerar que a mensuração das citações é feita pelo abstract dos artigos publicados. Considerando que a quase totalidade dos periódicos brasileiros em psicologia que estão indexados no Scopus publicam seus textos em português, vê-se aí um enorme campo de possibilidades, no sentido de que, provavelmente, esses indicadores poderiam melhorar mais, caso os artigos fossem integralmente produzidos em inglês. Evidentemente, internacionalizar não equivale, simplesmente, a publicar em inglês, a já denominada "língua oficial da ciência". A qualidade do que se traduz em outro idioma deveria ser o principal ponto de preocupação. Nesse sentido, podemos nos questionar: em que consiste um artigo de qualidade? Cada periódico possui seus critérios, e muitos deles são compartilhados e já relativamente estabelecidos (por exemplo: base teórica sólida, problema bem definido e equacionado, método coerente, discussão articulada às hipóteses/objetivos, conclusões assertivas e que revelem as implicações sobre a realidade), mas a questão da qualidade é, a nosso ver, um aspecto decisivo a ser levado em consideração e que merece reflexão adicional, pois o crescimento dos periódicos brasileiros nos mais variados rankings internacionais, para além das indexações, depende da qualidade do que é produzido no país.

Pensando especificamente no subdomínio da Psicologia das Organizações e do Trabalho, e afora os critérios mencionados acima, o que levar em consideração no momento de avaliar a qualidade de uma publicação potencial? Uma determinada perspectiva teórica, por exemplo, tem "mais chance" do que outras de ser citada pelos pares? Seria a linguagem da "quantificação" dos fenômenos uma via necessariamente capaz de conduzir a já mencionada visibilidade? Alguma inovação estatística mais robusta, ao invés de análises descritivas/ correlacionais de dados? Ou ainda a capacidade das ideias de transformar, verdadeiramente, a prática?

Como editores, percebemos que, a rigor, não parece ter grande impacto o fato de um artigo ser derivado de pesquisa "qualitativa", "quantitativa" ou "mista". Disso não parece decorrer uma avaliação definitiva sobre seu mérito - e potencial capacidade de ser citado. Tampouco nos parece que uma inovação metodológica, por si só, seja critério suficiente para isso. Nem uma sofisticação teórica desvinculada de um diálogo verossímil com a realidade. Muitos outros exemplos poderiam ser dados, e todos eles apontariam para uma certa harmonia que extrapola o próprio artigo e remete à pesquisa da qual ele se originou. Harmonia com respeito à presença de vários ingredientes que o tornam um produto de qualidade. Um único desses ingredientes, por mais importante que seja, pode não ser suficiente para garantir um material de qualidade.

Assim, em nosso entendimento, a qualidade corresponde a um ciclo, e esse ciclo remete à pesquisa, à origem ou à fonte do artigo. Uma pesquisa mal planejada (independentemente do que isso signifique dentro das mais variadas tradições teóricas da área), um problema mal escolhido, decisões frágeis em termos de métodos e operacionalizações, tudo isso inviabiliza correções quando o artigo já está escrito. Daí que, como editores, temos optado pela rejeição de artigos cujas alterações implicariam, por exemplo, em refazer aspectos chaves da própria pesquisa empírica (ou teórica) da qual ele derivou. Nesse momento, o artigo é avaliado em termos de sua qualidade originária. E é por isso que, a nosso ver, a internacionalização da produção não deveria ser pensada do fim para o começo, mas o inverso. Como estamos orientando nossos alunos? Como nós, como pesquisadores, estamos escolhendo nossos problemas de pesquisa, e o quanto refletimos sobre formas consistentes de abordá-los? Sem essa reflexão de partida, fica praticamente impossível pensar em qualidade a posteriori (no artigo). Nem seria concebível pensar em internacionalização, pois, a rigor, só deveríamos divulgar aos outros (ainda mais em escala planetária), o que julgamos ter sido feito com o primor necessário durante a realização da pesquisa. Como dissemos, trata-se de uma reflexão fundamental e que deveria ser sempre estimulada na comunidade científica.

Por fim, encerramos com uma boa notícia a nossos leitores/autores. Desde que a rPOT mudou seus procedimentos, em outubro de 2014, temos aprimorado expressivamente o tempo de tramitação de nossos manuscritos. Por exemplo, conseguimos reduzir o tempo de decisão editorial média de 6 meses ou mais para 4 meses (120 dias). A fase do desk review, um momento importante de todo o processo editorial, foi reduzido de uma média de 30 para 17 dias. Grande parte desse resultado, se não todo ele, se deve ao trabalho diligente das Editoras Associadas, e também ao nosso Apoio Editorial. Além disso, ele é prova de nosso compromisso com nossos autores - o de oferecer a eles uma revista B1 com um tempo de tramitação compatível com suas legítimas demandas de publicação de pesquisas realizadas com rigor e qualidade. Nossa POT só tem a ganhar com isso!

Desejamos uma excelente leitura a todos!

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