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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versión On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.17 no.1 Brasília mar. 2017

http://dx.doi.org/10.17652/rpot/2017.1.11598 

Revisão da literatura latino-americana sobre aposentadoria e trabalho: perspectivas psicológicas

 

Review of latin american literature on retirement and work: psychological perspectives

 

Revisión de la literatura bibliográfica latinoamericana sobre jubilación y trabajo: perspectivas psicológicas

 

 

Samantha de Toledo Martins Boehs; Paloma Fraga Medina; Marúcia Patta Bardagi; Iúri Novaes Luna; Narbal Silva

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo teve como objetivo realizar revisão da literatura sobre aposentadoria e trabalho, a partir de perspectivas psicológicas, com base em artigos publicados em periódicos brasileiros e latino-americanos. Para tal, foi realizada a busca em três bases de dados eletrônicas (SciELO, LILACS e PePSIC), sem restrição de data inicial, com publicações até junho de 2016. Foram utilizados os termos "aposentadoria" e "trabalho" e suas versões em inglês e espanhol. Considerando os 42 artigos selecionados para análise, observou-se um significativo aumento do número de estudos sobre o tema nos últimos anos, com predominância de estudos empíricos – caracterizados como relatos de pesquisa – tanto qualitativos quanto quantitativos, sobretudo a respeito do tema "preparação para a aposentadoria". Destacou-se a necessidade da diversificação nas abordagens e dos métodos de pesquisa e intervenção sobre o tema na América Latina, a fim de favorecer a confiabilidade e abrangência dos resultados alcançados.

Palavras-chave: aposentadoria; trabalho; revisão de literatura.


ABSTRACT

This study aimed to perform a literature review on retirement and work, from psychological perspectives, based on articles published in Brazilian and Latin American journals. For this purpose, a search in three electronic databases (SciELO, LILACS, and PePSIC) was made, regardless of initial date, for publications dated until June 2014, using the Portuguese-language terms for "retirement" and "work", and their versions in English and Spanish. Considering the 42 articles selected for analysis, a significant increase in the number of studies on the subject was observed in recent years, with a predominance of empirical qualitative and quantitative studies characterized as research reports, especially on the topic of "Preparation for Retirement". The need is emphasized for diversifying the theoretical approaches and methods of research and intervention on the subject, in Latin America, to promote the reliability and completeness of results.

Keywords: retirement; work; literature review.


RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo realizar una revisión de la literatura bibliográfica latinoamericana sobre jubilación y trabajo, desde una perspectiva psicológica, con base en artículos publicados en revistas brasileñas y latinoamericanas. Para tanto, se hizo una búsqueda en tres bases de datos electrónicos (SciELO, LILACS y PePSIC) sin restricción de fecha inicial, y publicados hasta junio de 2016. Fueron utilizados los términos "jubilación" y "trabajo" y sus versiones en inglés y español. Considerando los 42 artículos seleccionados para el análisis, se observó un aumento significativo del número de estudios sobre el referido tema en los últimos años, predominantemente de los estudios empíricos, caracterizados como informes de investigación, cualitativos y cuantitativos, especialmente respecto del tema "Preparación para la jubilación". Hay la necesidad de diversificar los enfoques y métodos de investigación e intervención concerniente al tema en Latinoamérica, para facilitar la confiabilidad y el abarcamiento de los resultados.

Palabras-clave: jubilación; trabajo; revisión de la literatura.


 

 

Este estudo parte da perspectiva de que o trabalho é uma categoria central para a compreensão das sociedades, cria padrões de referência e influencia diretamente a forma como as pessoas se reconhecem e são reconhecidas (Zanelli, Silva, & Soares, 2010). Se, para a sobrevivência, o trabalho deve satisfazer as necessidades humanas básicas, na perspectiva psicológica desempenha uma função essencial na construção da subjetividade (Clot, 2006; Luna, 2005). O trabalho fornece ritmo, cronologia e frequência às etapas da vida, possibilitando às pessoas acreditarem e orgulharem-se de si, influenciando, assim, no desenvolvimento da identidade, do autoconceito e da autoestima (Zanelli et al., 2010).

Comumente vinculada ao tema do trabalho, a aposentadoria é um conceito cercado de ambiguidade, existindo múltiplos critérios pelos quais alguém pode ser chamado de "aposentado", incluindo a cessação da carreira, a redução do esforço de trabalho, o recebimento de uma pensão ou simplesmente o fato de a pessoa reconhecer-se como "aposentada" (Ekerdt, 2010). Contribui para esse fato a utilização indiscriminada dos termos "trabalho" e "emprego". Ao passo que o primeiro diz respeito, de forma genérica, a uma "relação de dupla transformação entre o homem e a natureza, geradora de significado" (Codo, 2006, p. 80), o segundo, de forma específica, inclui a jornada de trabalho, a relação de dependência (subordinação) e o estabelecimento de salário. Assim, a ausência de determinado trabalho ou emprego, até então utilizados como referência para o sujeito, nos aspectos ligados ao reconhecimento de si no mundo, em alguns casos, faz com que alternativas precisem ser elaboradas com o objetivo de reaprender a interagir com a vida na aposentadoria.

Devido ao aumento significativo da expectativa de vida da população e, consequentemente, dos anos vividos após a aposentadoria, diversos estudos têm sido desenvolvidos sobre os aspectos que circundam o tema (França, 2009; Hermida & Stefani, 2011; Hershey & Henkens, 2013). A pesquisa realizada pela Unidade de Mercado de Trabalho e Seguridade Social, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), revelou que, embora a América Latina conte com uma população relativamente jovem, a região enfrenta um rápido envelhecimento populacional; logo, os aproximadamente 40 milhões de idosos que haviam na região, em 2010, se tornarão 140 milhões, em 2050 (Bosch, Melguizo, & Pagés, 2013).

O tema "aposentadoria" se caracteriza como multidisciplinar e tem sido estudada por pesquisadores de diferentes áreas, como a sociologia, a economia, a enfermagem, a geriatria, a administração, a psicologia, entre outras (Canizares & Jacob Filho, 2011; Pinto, 2013). No campo da psicologia, existem subdisciplinas que estudam o fenômeno da aposentadoria sob as perspectivas psicológicas distintas, que, segundo Shultz e Wang (2011), podem ser subdivididas em quatros grandes áreas: psicologia do desenvolvimento, psicologia industrial/organizacional, psicologia vocacional e psicologia clínica/aconselhamento. Segundo os autores, compreender a aposentadoria sob uma perspectiva psicológica diferencia-se de outras concepções das ciências sociais que estudam o tema (p. ex., a econômica e a sociológica), visto que as últimas visualizam de maneira mais ampla o fenômeno da aposentadoria como o resultado de mudanças econômicas ou da dinâmica social, não sendo capazes de produzir conhecimentos aprofundados em relação ao nível micro e individual. Compreender a aposentadoria sob uma perspectiva psicológica significa enfatizar o estudo dos antecedentes comportamentais, subjetivos e os resultados da aposentadoria, considerando as diferenças inter e intraindividuais durante o processo de aposentadoria (Shultz & Wang, 2011).

Na perspectiva da psicologia do desenvolvimento, os estudos têm sido voltados para a compreensão das histórias individuais, localizando a aposentadoria em uma das fases do ciclo de vida - a velhice. Os pesquisadores dessa perspectiva, além de examinarem os antecedentes e os resultados da aposentadoria para os indivíduos (Fehr, 2012; Shultz & Wang, 2011), consideram também aspectos relacionados aos hábitos de trabalho e lazer, aos padrões de participação da força de trabalho e preferências anteriores, bem como às experiências em outras esferas da vida. Os psicólogos desenvolvimentistas também têm investigado como os aposentados se ajustam à vida após a aposentadoria (Van Solinge & Henkens, 2008).

Sob a ótica da psicologia organizacional e do trabalho, as pesquisas têm sido voltadas para a influência dos fatores psicológicos da pré-aposentadoria nesse processo. A centralidade e a identificação com os papéis de trabalho têm se relacionado negativamente com os resultados de ajuste (Quick & Moen, 1998; Roesler, 2014), assim como o estresse e a insatisfação no trabalho (Lowis, Edwards, & Singlehurst, 2011; Van Solinge & Henkens, 2008) têm sido relacionados positivamente com a transição e o ajuste na aposentadoria. Os antecedentes e resultados das decisões de bridge employment também têm sido foco de estudo na área (Dingemans, 2012).

Segundo Shultz e Wang (2011), do ponto de vista da psicologia clínica e vocacional, busca-se estudar formas de auxiliar os indivíduos a fazer uma transição bem-sucedida, investigando diversos aspectos que podem ter influência na decisão de aposentar e no enfrentamento de uma nova fase de vida. Os aspectos relacionados ao planejamento financeiro (Hershey, Jacobs-Lawson, McArdle, & Hamagami 2007), às relações familiares e às conjugais (Phua & McNally, 2008) costumam ser tratados por estudos sob essa perspectiva.

As revisões mais recentes da literatura sobre a aposentadoria foram feitas por Wang e Shultz (2010), autores norte-americanos, enfatizando os tipos de abordagens teóricas e empíricas que têm sido utilizadas em relação ao tema desde os anos de 1980 e, na América Latina, por Hermida e Stefani (2011), autoras argentinas, sobre a aposentadoria e seu impacto na saúde.

Tendo em vista as lacunas observadas nas revisões de literatura internacionais, nos estudos empíricos sobre aposentadoria, surgiu a necessidade de verificar o estado da arte das pesquisas sobre o tema da aposentadoria, a partir de perspectivas psicológicas. Este estudo teve como objetivo fazer uma revisão dos artigos científicos publicados em periódicos brasileiros e latino-americanos que abordassem a aposentadoria e o trabalho, a partir de perspectivas psicológicas. Entre os pesquisadores, é de comum acordo que a análise da produção científica em áreas específicas, por meio de revisões sistemáticas da literatura e de pesquisas bibliométricas, é importante para o avanço do saber, favorecendo o monitoramento das áreas de pesquisa, auxiliando na sistematização de informações e grupos de trabalho, bem como permitindo que sejam identificadas lacunas de temas que precisam de mais pesquisas para gerar novos conhecimentos científicos (Aguiar & Conceição, 2012; Teixeira, Lassance, Silva, & Bardagi, 2007).

 

Método

Para atingir o objetivo proposto, realizou-se uma busca em três bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC). A base SciELO foi escolhida pela abrangência, a LILACS por contemplar estudos da América Latina e o PePSIC por ser um portal específico de publicações científicas brasileiras e latino-americanas na área de psicologia e ciências afins. Como estratégia complementar de busca, foram verificados os sites: portal de periódicos da CAPES, o Google Acadêmico e a rede social ResearchGate. Como o objetivo era mapear os estudos em periódicos revisados por pares publicados no Brasil e na América Latina, além do inglês (retirement and work), os descritores da pesquisa foram utilizados na língua portuguesa (aposentadoria e trabalho) e espanhola (jubilácion y el trabajo). Foram filtrados somente os artigos revisados por pares que estavam disponíveis em texto completo e não houve delimitação de data inicial, sendo, entretanto, considerado como último período de abrangência o mês de junho de 2016.

Após a leitura dos títulos e dos resumos localizados nas bases de dados mencionadas, foram aplicados alguns critérios de exclusão. Foram excluídos os artigos publicados por autores de países fora da América Latina e aqueles que não tinham relação direta com o tema da aposentadoria. Na sequência, foram excluídos os estudos que abordavam a aposentadoria sob a ótica de disciplinas externas à psicologia. Após a aplicação de tais critérios, foi verificado se o artigo tinha sido contabilizado em mais de um idioma na mesma base e se um mesmo artigo foi contemplado em mais de uma base. A verificação do número de artigos foi realizada na seguinte sequência: SciELO, LILACS, PePSIC, portal de periódicos da CAPES, Google Acadêmico e ResearchGate. Quando encontrado algum tipo de repetição, os trabalhos foram considerados somente uma vez.

Após esses procedimentos, foi realizada a leitura completa e a análise dos estudos com base nos seguintes critérios:

• Ano e revista de publicação;

• Tipo de artigo e de análise de dados - foram subdivididos em empíricos e teóricos. Os empíricos, com dados obtidos a partir de pesquisa sistematizada (relato de pesquisa) ou do resultado oriundo de alguma prática de intervenção (relato de experiência). Os artigos foram classificados de acordo com o tipo de método utilizado para a análise dos dados: qualitativo, quantitativo e/ou misto;

• Afiliação institucional dos autores e número de artigos publicados por instituição - foram observados o número de autores em cada um dos artigos, bem como sua afiliação institucional, país e unidade federativa. Nos artigos com dois ou mais autores de universidades diferentes, cada um pontuou uma vez e quando os autores pertenciam a mesma instituição esta foi contabilizada uma única vez. Cada autor foi considerado uma única vez na contagem do número de autores por instituição de origem, independentemente de quantos artigos tivesse produzido, pois o objetivo era mapear em quais instituições e quantos pesquisadores existiam publicando sobre o tema;

• Classificação em relação à área da psicologia - a classificação foi feita com base na taxonomia de Shultz e Wang (2011), com adaptações. Os artigos foram classificados em três áreas da psicologia: (a) psicologia do desenvolvimento, (b) psicologia organizacional e do trabalho e (c) psicologia clínica e vocacional. Foram mantidas as duas primeiras classificações propostas por Shultz e Wang (2011), no entanto, pela similaridade dos temas tratados optou-se por enquadrar na mesma área os artigos produzidos pela psicologia clínica e vocacional.

 

Resultados

A busca inicial forneceu um total de 1.786 referências. Após a leitura dos títulos e dos resumos, 1.299 artigos foram excluídos inicialmente por não terem sido publicados por autores da América Latina. Dos 487 restantes, 154 foram desconsiderados por não terem relação direta com o tema da aposentadoria. Outros 125 artigos foram excluídos por tratarem de aposentadoria sob a ótica de disciplinas externas à psicologia. Após a aplicação de todos os critérios de exclusão e retiradas as duplicações, restaram 47 trabalhos. Após a leitura na íntegra, cinco deles ainda foram descartados, pois os resumos não condiziam com o conteúdo. Dessa forma, ao final, foram selecionados 42 artigos que atenderam aos critérios de inclusão.

Tendo em vista os critérios utilizados para análise dos artigos selecionados, foi possível notar que, até o ano de 2005, os estudos sobre o tema aposentadoria e trabalho na América Latina sob as perspectivas psicológicas eram incipientes. Nesse período, foram encontrados somente 5 artigos que tratavam sobre o tema. No entanto, entre os anos de 2006 e 2010, houve um aumento significativo de publicações (13 artigos) e, entre 2011 e 2016, o número de artigos praticamente duplicou em relação ao período anterior (24 artigos), demonstrando um crescimento nos estudos sobre aposentadoria e trabalho nos últimos anos. Em relação aos periódicos, sete revistas concentraram um maior número de artigos sobre o tema investigado, contemplando em conjunto, 55% das publicações, sendo elas: Revista Brasileira de Orientação Profissional (5), Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (5), Cadernos de Psicologia Social do Trabalho (3), Psicologia em Estudo (3), Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia (3), Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento (2) e Psicologia Ciência e Profissão (2). Em todas as outras revistas foi encontrado somente um artigo publicado sobre o tema.

Em relação ao tipo de artigo e método de análise de dados (Tabela 1), a maior parte dos trabalhos encontrados se caracterizava como empírico (76,20%), sendo compostos prioritariamente por relatos de pesquisa (81,25%) e por estudos de caráter quantitativo (46,88%). Dos dez artigos teóricos encontrados, três foram elaborados a partir de revisão da literatura sobre o impacto da aposentadoria na saúde (Hermida & Stefani, 2011), sobre saúde mental e trabalho (Panozzo & Monteiro, 2013) e sobre família, trabalho e aposentadoria (Antunes & Moré, 2014). Tanto Costa e Soares (2009) quanto Rodrigues, Ayabe, Lunardelli e Canêo (2005) discutem sobre o papel do psicólogo na orientação/preparação para a aposentadoria. Antunes, Soares e Silva (2013) ressaltam a importância de se considerar a interface entre aposentadoria e contexto familiar durante o processo de orientação.

 

 

França e Soares (2009), Leandro-França e Murta (2014) e Zanelli (2012), ao analisarem os aspectos e as variáveis que podem facilitar ou dificultar o bem-estar das pessoas na transição para a aposentadoria, abordam o tema sobre diferentes aspectos. As primeiras autoras trazem a discussão a partir de uma perspectiva mais ampla a respeito do envelhecimento dos trabalhadores nas organizações, ao passo que, Leandro-França e Murta (2014) e Zanelli (2012) focam na análise das características individuais, psicossociais e organizacionais que facilitam ou dificultam o enfrentamento adequado dos estressores na transição para a aposentadoria. No último artigo, caracterizado como teórico, França, Menezes, Bendassolli e Macedo (2013) discutem estudos que abordam as variáveis que podem influenciar a decisão de continuar trabalhando, mesmo quando já aposentado, considerando os fatores que fazem aumentar a permanência dos trabalhadores na organização, a saída definitiva do mercado ou a adoção do bridge employment,1 caracterizado por regimes de trabalho remunerado após a aposentadoria ou recebimento de uma pensão.

A maior parte dos artigos empíricos (18) contém pesquisas com trabalhadores no período anterior à aposentadoria. Onze tiveram como foco profissionais que já estavam oficialmente aposentados, sendo que dois deles (Cintra, Ribeiro, & Andrade, 2010; Cockell, 2014) analisaram aposentados que continuavam exercendo algum tipo de atividade profissional informal. Somente três estudos contemplaram trabalhadores aposentados e não aposentados simultaneamente (Duarte & Melo-Silva, 2009; Feijóo, 2007; Soares, Luna, & Lima, 2010). Nos estudos de Feijóo (2007) e Soares et al. (2010), foram utilizados diferentes participantes em relação ao status de aposentadoria (não aposentados e aposentados). Somente o artigo de Duarte e Melo-Silva (2009) teve como foco compreender a aposentadoria considerando as percepções dos mesmos sujeitos em dois períodos distintos: pré e pós-aposentadoria.

Considerando os 32 artigos empíricos, somente seis (França, Menezes, & Siqueira, 2012; Leandro-França, Murta, Negreiros, Pedralho, & Carvalhedo, 2013; Leandro-França et al., 2015; Marangoni & Mangabeira, 2014; Murta et al., 2014; Soares et al., 2010) se enquadravam como relato de experiência. Os demais artigos foram classificados como relato de pesquisa. Quanto ao método de análise dos dados, evidencia-se a predominância de artigos com abordagem quantitativa (15), seguidos pelos artigos com abordagem qualitativa (13). Somente nas pesquisas publicadas por Cuello e Concha (2011), no Chile, por Laguardia, Rangel, Iglesias e Gutiérrez (2010), em Cuba, por Leandro-França et al. (2013) e Leandro-França, Murta e Villa (2014) no Brasil, o método misto foi utilizado (4).

Dos quinze artigos quantitativos analisados, salienta-se que sete estavam relacionados à construção, validação e utilização de escalas (Árraga, Sánchez, & Pirela, 2014; Feijóo, 2003; França & Carneiro, 2009; Leandro-França et al., 2014; Menezes & França, 2012; Nalin & França, 2015; Rafalski & Andrade, 2016). Algumas escalas identificadas foram: a Escala de Fatores-chave para o Planejamento para a Aposentadoria (KFRP – Key Factors on Retirement Planning), validada para o Brasil por França e Carneiro (2009); Escala de Atitudes em relação à Aposentadoria (Feijóo, 2003) e Escala de Mudança em Comportamento de Planejamento da Aposentadoria (EMCPA), desenvolvida por Leandro-França et al. (2014). A Process of Retirement Planning Scale (PRePS) foi validada para o Brasil por Rafalski e De Andrade (2016). Os demais artigos quantitativos utilizaram a coleta dos dados com questionários próprios.

Em geral, os estudos qualitativos analisados utilizaram como instrumento de coleta de dados as entrevistas (estruturada e semiestruturada); a combinação de mais de uma técnica de coleta de informações apareceu apenas em quatro artigos. Murta et al. (2014) utilizaram, além da entrevista, a intervenção informativa e a vivencial; Leandro-França, Seidl e Murta (2015) aplicaram intervenção breve; o estudo de França et al. (2012), se utilizou também da técnica de grupo focal; e o de Cintra et al. (2010), realizou uma combinação de entrevista com observações sistemáticas.

Quanto ao país e ao estado de origem dos autores dos artigos selecionados, 34 foram escritos por pesquisadores brasileiros, 4 por argentinos, 1 por chilenos, 1 por cubanos, 1 por mexicanos e 1 por venezuelanos. Observou-se a preponderância de quatro estados brasileiros: Rio de Janeiro (21,4%), Santa Catarina (16,6%), São Paulo (16,6%) e Distrito Federal (14,3%), que, juntos, representaram 68,9 % do total. Quanto à afiliação institucional dos autores, entre as instituições de origem, três universidades se destacaram, a UNIVERSO, do Rio de Janeiro, com nove artigos, a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade de Brasília, ambas com seis publicações. Juntas, essas universidades representam 50% de participação nos artigos identificados.

Em relação às áreas da psicologia, utilizando-se a classificação feita por Shultz e Wang (2011), dos 42 artigos analisados, sete foram classificados como concebidos sob a ótica da psicologia do desenvolvimento, cinco como psicologia organizacional e do trabalho e 21 como clínica e vocacional. Foram identificados, ainda, nove trabalhos que se localizaram entre as áreas da psicologia, sendo que seis deles encontraram-se entre duas áreas e três entre as três áreas. O resumo dessas informações pode ser conferido na Tabela 2.

Entre os artigos que tratavam da aposentadoria e do trabalho sob a perspectiva da psicologia do desenvolvimento, dois abordavam o significado da aposentadoria (Árraga et al., 2014; Hermida et al., 2014). Árraga et al. (2014), ao realizarem uma pesquisa com 177 aposentados venezuelanos comparando o significado de aposentadoria para homens e mulheres, adultos e idosos e entre pessoas que estivessem aposentados forçada ou voluntariamente, verificaram que aqueles que se aposentaram de maneira forçada atribuíam um significado mais negativo à aposentadoria do que os voluntários. Enquanto Hermida et al. (2014) descobriram que para as mulheres, a aposentadoria é uma fase de descanso e de um novo começo, e, para os homens, é vista como um processo de perda. Outros dois artigos (Duarte & Melo-Silva, 2009; Moreira 2011) estavam voltados para a compreensão das histórias individuais com uma aproximação entre aposentadoria e envelhecimento, ressaltando as perdas físicas e psicológicas dessa etapa.

Bruns e Abreu (1997) apontaram as dificuldades enfrentadas para lidar com as outras esferas da vida fora do trabalho, quando a realização pessoal fica condicionada a um esboço de projeto para ser executado após a aposentadoria. Feijóo (2003) e Hermida e Stefani (2011) estudaram as atitudes de enfrentamento frente à aposentadoria. Enquanto Feijóo (2003) analisou a relação existente entre o grau de satisfação na aposentadoria com o uso do tempo livre, Hermida e Stefani (2011) se voltaram para a análise da complexidade do fenômeno e seu impacto na saúde fisiopsicológica.

Entre os cinco artigos sobre aposentadoria na perspectiva da psicologia organizacional e do trabalho, em dois foram estudados os preditores da decisão de aposentadoria com trabalhadores não aposentados (França, 2009; Menezes & França, 2012) e outros dois estudos tratavam especificamente sobre o retorno dos aposentados ao mercado de trabalho (Cockell, 2014; Khoury et al., 2010). Ainda, foi identificado um trabalho (França et al., 2013) no qual os autores discutiram amplamente sobre os artigos publicados em relação aos fatores preditivos da decisão de aposentadoria.

Não obstante os processos de preparação para aposentadoria (PPAs) frequentemente encontrem-se vinculados às organizações, especialmente ao setor de gestão de pessoas (Costa & Soares, 2009; França et al., 2012; Zanelli et al., 2010), neste estudo eles foram classificados na área da psicologia clínica e vocacional. Tal classificação justifica-se pelo fato de que nos PPAs o foco está no desenvolvimento pessoal, caracterizando-se por proporcionar um espaço de planejamento, fala e escuta individual ou em grupo em que possíveis sentimentos de ambivalência relacionados à aposentadoria podem ser discutidos e repensados.

Na psicologia clínica e vocacional, a preponderância dos estudos esteve relacionada aos processos de preparação para a aposentadoria (Bressan et al., 2013; Cuello & Concha, 2011; França & Carneiro, 2009; França et al., 2012; França et al., 2014; Laguardia et al., 2010; Leandro-França et al., 2013; Leandro-França, Murta, & Iglesias, 2014; Leandro-França et al., 2014; Leandro-França et al., 2015; Marangoni & Mangabeira, 2014; Murta et al., 2014; Pérez et al., 2006; Rafalski & De Andrade, 2016; Rodrigues et al., 2005; Selig & Valore, 2010; Soares et al., 2010). Os outros três estudos classificados sob uma perspectiva clínica e vocacional, apesar de constarem comentários a respeito da preparação para a fase da aposentadoria, estavam focados em aspectos específicos, como a personalidade (Leão & Gíglio, 2002), a condição financeira (Cintra et al., 2010) e o bem-estar dos aposentados (Oliveira et al., 2009).

Alguns artigos foram considerados na interface do conhecimento entre as diferentes áreas da psicologia. Dois (Feijóo, 2007; Magalhães et al., 2004) foram compreendidos na interface entre a psicologia do desenvolvimento e a psicologia organizacional e do trabalho. Na interface entre a psicologia do desenvolvimento e a clínica/vocacional dois estudos foram identificados (França & Soares, 2009; Nalin & França, 2015) e na interface entre a psicologia organizacional e do trabalho e a da clínica/vocacional foi possível localizar um artigo (Costa & Soares, 2009). Três artigos (Leandro-França & Murta, 2014; Panozzo & Monteiro, 2013; Zanelli, 2012) foram concebidos na interface entre as três áreas da psicologia.

 

Discussão

Apesar de nos resultados ser demonstrado que o número de publicações sobre aposentadoria a partir de perspectivas psicológicas, entre 2011 e 2016, foi duas vezes mais frequente do que a quantidade de estudos publicados no período anterior (2006-2010), é importante considerar que, em parte, tal incipiência também pode ter sido resultado da opção metodológica deste estudo, que considerou somente os artigos publicados em periódicos revisados por pares. Vale ressaltar que, na área de psicologia, tratando-se de Brasil e América Latina, até o início dos anos 2000, o número de periódicos científicos revisados por pares era significativamente menor e com frequência, em sua maioria, os resultados das pesquisas eram divulgados por meio de livros.

Em geral, percebe-se a relevância dos estudos brasileiros no cenário latino-americano a partir dos artigos encontrados nesta revisão. Este dado indica uma preocupação dos pesquisadores brasileiros com a temática da aposentadoria, seja em termos de número maior de instituições em que pesquisadores estão produzindo sobre o tema, seja em relação ao aumento observado nas publicações nacionais ao longo do tempo, em comparação à produção em outros países latinos. A partir dos dados, percebe-se, ainda, que há uma distribuição irregular nas publicações sobre aposentadoria entre pesquisadores de estados distintos no Brasil, indicando a necessidade de criação de novos núcleos de estudos sobre o tema para que se atinja maior abrangência. Além disso, ao contrário do que ocorre nos cenários norte-americano e europeu, no Brasil e demais países da América Latina, os estudos multicêntricos ainda são incipientes.

No Brasil, França et al. (2014) apontam duas universidades que têm núcleos especializados na preparação para a aposentadoria, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que vem trabalhando com o tema há mais de 30 anos e a Universidade de Brasília, que está engajada na preparação de multiplicadores para a implantação do programa para seus servidores. Essas universidades, em conjunto com a UNIVERSO, aparecem nos resultados como duas das mais produtivas. O intercâmbio de informações, as pesquisas em rede e o auxílio nos processos de criação e desenvolvimento de novos laboratórios e equipes de pesquisa em psicologia sobre o tema favorecem a contextualização dos estudos, bem como a identificação das generalizações possíveis.

Grande parte dos trabalhos sobre o tema em outros países da América Latina (como Peru, Chile, República Dominicana, México e Uruguai) está relacionada com a previdência e os fundos de pensão, demonstrando, talvez, uma maior preocupação com a sustentação financeira. Pode-se observar que os estudos sobre aposentadoria e trabalho com um enfoque mais psicológico têm sido publicados preponderantemente no Brasil sendo ainda incipientes em outros países da América Latina.

Em relação aos periódicos, além dos artigos terem sido publicados em revistas da área da psicologia, também foram encontrados estudos em revistas do campo da gerontologia (Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento, Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Revista Kairós), demonstrando, assim, que os estudos sobre a aposentadoria e as formas de lidar com a ausência/presença do trabalho vêm sendo discutidos em conjunto com as questões sobre o envelhecimento humano.

A classificação dos artigos empíricos de acordo com o método utilizado para a análise dos dados demonstrou uma alta prevalência de estudos quantitativos e qualitativos de caráter transversal, diferentemente da maior parte das literaturas norte-americana e europeia, que tendem a priorizar abordagens longitudinais (Hershey & Henkens, 2013; Pinquart & Schindler, 2007; Zhan, Wang, Liu, & Shultz, 2009). Esses resultados podem estar demonstrando que no Brasil e na América Latina os estudos sobre aposentadoria ainda se encontram em uma fase mais exploratória. Identifica-se, assim, para o avanço da área, a relevância do desenvolvimento de pesquisas longitudinais com maior número de participantes, e que contemplem a diversidade de públicos e tipos de trabalhadores nos contextos latino-americanos, especialmente os de maior vulnerabilidade de trabalho. Segundo França et al. (2013), "o estado da pesquisa sobre aposentadoria no Brasil, quando vista da psicologia, ainda tem muitos desafios a superar, especificamente no que diz respeito à abrangência dos estudos" (p. 558).

Percebe-se também uma discrepância entre o número de estudos e trabalhos realizados sobre aposentadoria com a visão das perspectivas da psicologia do desenvolvimento e da psicologia organizacional e, do trabalho em relação aos estudos efetivados do ponto de vista da psicologia clínica e vocacional. A maior parte dos artigos sob as óticas da psicologia clínica e vocacional refere-se ao tema da preparação para a aposentadoria. Essa discrepância aponta para necessidade do desenvolvimento de novos estudos acerca da aposentadoria e do trabalho a partir dos referenciais teóricos da psicologia vocacional, pensando-se em construtos como transição, adaptabilidade de carreira, entre outros. Os estudos sobre a preparação para a aposentadoria parecem refletir a necessidade de as organizações fornecerem um espaço qualificado para auxiliar na saída do trabalho. Um dado interessante nos resultados desta revisão é o número de estudos sobre a construção e a validação de instrumentos, o que indica uma importante vinculação dos estudos latino-americanos com a área da avaliação psicológica.

Os resultados dos artigos analisados apontam que mesmo com o predomínio dos trabalhos sobre a preparação para a aposentadoria, algumas lacunas ainda precisam ser mais bem exploradas. Leandro-França et al. (2015), ao investigarem as mudanças relevantes nos comportamentos dos participantes de uma intervenção breve referente ao planejamento para aposentadoria, sugerem essa estratégia como alternativa para a diminuição dos custos e do tempo envolvido nos programas tradicionais de preparação para a aposentadoria, a fim de que mais trabalhadores sejam contemplados.

Outro importante ponto que merece ser mais bem explorado e discutido nos estudos é a questão da avaliação dos programas de preparação para a aposentadoria. Mesmo entre as empresas que oferecem a preparação para a aposentadoria, são raras as organizações que realizam a avaliação após seis meses ou dois anos da saída do trabalhador (França et al., 2014). Tal avaliação "permitiria verificar o impacto do programa na saúde após a aposentadoria e avaliar se as metas a médio e longo prazo definidas pelo modelo lógico foram alcançadas" (Murta et al., 2014, p. 8).

Os resultados revelam que, no Brasil e na América Latina, os estudos sobre aposentadoria e trabalho sob as perspectivas psicológicas que investiguem a aposentadoria, considerando todas as etapas do processo de maneira integrada, são quase inexistentes; exceto Duarte e Melo-Silva (2009) e outros três estudos que pertencem ao núcleo de pesquisa da Universidade de Brasília: Leandro-França et al. (2013), Leandro-França et al. (2014), Murta et al. (2014). Shultz e Wang (2011) ressaltam a importância de se compreender e examinar a aposentadoria a partir de uma visão processual, em que as três fases (preparação, tomada de decisão e ajuste) sejam percebidas em um contínuo, de forma interligada. Alguns estudos internacionais que, em geral, utilizam recortes de pesquisas longitudinais, têm feito uso de abordagens mais processuais para examinar os aspectos ligados à aposentadoria e ao trabalho (Hershey & Henkens, 2013; Pinquart & Schindler, 2007; Zhan et al., 2009).

Em relação aos métodos de pesquisa, percebe-se ainda uma diferença significativa quanto à abrangência dos resultados das investigações realizadas e publicadas na América Latina em comparação aos estudos de outros continentes. Internacionalmente, muitos estudos são realizados com amostras de representatividade nacional. Clarke, Marshall e Weir (2012) estudaram a população norte-americana, Dingemans e Henkens (2014), a holandesa, ao passo que Cho e Lee (2014) realizaram um estudo comparativo entre aposentados da Coreia do Sul, Alemanha e Suécia (2014). No Brasil e na América Latina não foram encontrados estudos dessa natureza, explicitando mais uma lacuna de pesquisa a ser superada.

Outra importante limitação revelada a partir da análise dos resultados configura-se como o caráter incipiente das publicações do Brasil e da América Latina sobre a relação entre aposentadoria e trabalho com pessoas que já estão aposentadas. Tendo em vista o aumento da expectativa de vida da população, o tempo que as pessoas têm vivido após aposentarem-se pelos órgãos de previdência social e as mudanças de comportamento em direção a um envelhecimento ativo, mais atenção deve ser dada nesse sentido, sobretudo em ver o bridge employment como uma das possibilidades de atuação na aposentadoria. Entre todos os artigos empíricos analisados neste estudo, somente um abordava o bridge employment (Menezes & França, 2012), enquanto internacionalmente essa é uma área amplamente investigada (Dingemans, 2012; Feldman & Beehr, 2011; McNamara et al., 2011; Pundt, Wohrmann, Deller, & Shultz, 2015).

A análise dos 42 artigos forneceu uma visão macro sobre tendências de distribuição da produção do conhecimento científico em relação ao tema aposentadoria e trabalho na América Latina, permitindo a identificação de lacunas e o levantamento de diretrizes para futuras pesquisas. Todavia, a opção pela busca dos periódicos em bases de dados e ferramentas de busca eletrônica (portal de periódicos da CAPES, o Google Acadêmico e a rede social ResearchGate) pode ser identificada como uma limitação deste estudo, especialmente em razão de que parte do conhecimento produzido pode estar no formato de dissertações, teses e livros. Ressalta-se que o fato de se constituírem como bases de abrangência local e internacional, associadas à utilização de filtros específicos para a América Latina, aumenta a probabilidade de que os trabalhos relevantes, tendo em vista o escopo da investigação, tenham sido localizados.

O aprofundamento e a diversificação das abordagens e dos métodos de pesquisa e de intervenção sobre o tema, a partir de abordagens psicológicas, bem como a ênfase no caráter processual, no intercâmbio de informações entre pesquisadores e na criação e no desenvolvimento de equipes de pesquisa, surgem como caminhos promissores para dar continuidade aos avanços já conquistados.

 

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Endereço para correspondência:
Samantha de Toledo Martins Boehs
Rua Prefeito Lothário Meissner, 632, 2º andar, Jardim Botânico
Curitiba, PR, Brasil 80210-170
E-mail: profsamantha.toledo@gmail.com

Recebido em: 25/10/2015
Primeira decisão editorial em: 20/06/2016
Versão final em: 27/07/2016
Aceito em: 27/07/2016

 

 

1 Bridge employment representa a fase de transição em que os trabalhadores mais velhos estão iniciando a libertação psicológica da força de trabalho, mas ainda não estão totalmente preparados para começarem a vida como aposentados, considerando a ausência das responsabilidades de trabalho (Wang, Adams, Beehr, & Shultz 2009).

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