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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versão On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.21 no.1 Brasília jan./mar. 2021

http://dx.doi.org/10.5935/rpot/2021.1.20315 

Sentidos do trabalho em diferentes trajetórias ocupacionais da enfermagem: um estudo de caso

 

Meanings of work in different occupational nursing pathways: a case study

 

Compromiso laboral en gerentes: influencia de los recursos personales y laborales

 

 

Karynne PradoI; Anderson de Souza Sant'AnnaII; Daniela Martins DinizIII

ICentro Universitário de Sete Lagoas - UNIFEMM, Brasil
IIFundação Getúlio Vargas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP), Brasil
IIIUniversidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), Brasil

Informações sobre os autores

 

 


RESUMO

O objetivo do estudo foi investigar os sentidos do trabalho atribuídos por profissionais de enfermagem a partir de suas distintas trajetórias profissionais. O sentido do trabalho foi investigado a partir de abordagem proposta por Morin (2008) e Morin e Cherré (1999), compreendendo análise de fatores como utilidade social, desenvolvimento, relacionamento, autonomia, reconhecimento e retidão moral. De natureza qualitativa, a pesquisa envolveu a aplicação de questionários e entrevistas com enfermeiros que vivenciaram diferentes trajetórias ocupacionais, incluindo o uso de técnica projetiva de imagens. Os resultados revelam que os enfermeiros conferem sentidos ao trabalho de maneira multifacetada dependendo da trajetória profissional que vivenciam. Porém, há amplo consenso em relação a alguns fatores subjetivos que influenciam no modo como compreendem seu ofício, particularmente, o impacto social do trabalho do enfermeiro, as oportunidades de desenvolvimento, a importância de um reconhecimento sistêmico e a retidão moral no exercício da profissão.

Palavras-chave: enfermagem, sentidos do trabalho, carreira, trajetórias ocupacionais.


ABSTRACT

The objective of the study was to investigate the meanings of work attributed by nursing professionals from their different professional trajectories. The meaning of work was investigated based on the approach proposed by Morin (2008) and Morin and Cherré (1999), comprising analysis of factors such as social utility, opportunity for development, relationship, autonomy, recognition, and moral rectitude. A qualitative study was carried out involving the application of questionnaires and interviews with nurses who experienced different occupational trajectories, including the use of a projective image technique. The results reveal that nurses give meaning to work in a multifaceted way depending on the professional trajectory they experience. However, there is a broad consensus regarding some subjective factors that influence the way they understand their profession, particularly the social impact of a nurse's work, the development opportunities, the importance of systemic recognition, and moral rectitude in the exercise of the profession.

Keywords: nursing, senses of work, career, occupational trajectories.


RESUMEN

El objetivo del estudio es investigar los significados del trabajo atribuidos por los profesionales de enfermería de sus diferentes trayectorias profesionales. El sentido del trabajo se investigó con base en el enfoque propuesto por Morin (2008) y Morin y Cherré (1999), percibiendo el análisis de factores a través de su utilidad social, la oportunidad de desarrollo, la relación, autonomía, reconocimiento y rectitud moral. Se realizó un estudio cualitativo que incluyó la aplicación de cuestionarios y entrevistas con enfermeras que experimentaron diferentes trayectorias ocupacionales, incluido el uso de la técnica de imagen proyectiva. Los resultados demostraron que las enfermeras confieren sentidos al trabajo de manera multifacética, dependiendo de la trayectoria profesional que experimentan. Sin embargo, existe un amplio consenso en relación a algunos factores subjetivos que influyen en la forma en que entienden su profesión, sobre el impacto social producido por el trabajo del enfermero, las oportunidades de desarrollo derivadas del ejercicio de la profesión, la importancia del reconocimiento sistémico y la rectitud moral. En el ejercicio de la profesión.

Palabras clave: enfermería, sentidos de trabajo, carrera, trayectorias ocupacionales.


 

 

O trabalho, historicamente, apresenta ampla importância na vida das pessoas, sendo, não raro, considerado critério imprescindível para se definir o valor de um ser humano. É percebido também como uma das principais formas de inserção do indivíduo na sociedade. Por conseguinte, o trabalho faz parte do cotidiano das pessoas que, em geral, passam a maior parte do seu tempo realizando algum tipo de labor. Assim, a carreira escolhida e o ambiente de trabalho apresentam-se determinantes para o bem-estar do indivíduo, interagindo concomitante com as demais instâncias da vida do sujeito (Pauli, Kilimnik, Ruffatto, & Lazzarotto, 2017).

No contexto das profissões, a enfermagem se caracteriza pela arte do cuidar. Apresenta função ampla no contexto da saúde e propicia diversas trajetórias profissionais aos trabalhadores. O profissional pode ocupar posições voltadas às atividades assistencial, gerencial, educativa e de pesquisa (Felli et al., 2011). Quanto à sua formação, nas últimas duas décadas observou-se um aumento na oferta de cursos de nível técnico/superior, dada à expansão do escopo de atuação do enfermeiro (Silva, Araújo, Machado, & Antonio, 2017), como nas Unidades Básicas de Saúde, na docência, nos hospitais, ampliando as alternativas de trajetórias profissionais na enfermagem (Costa, Borges, & Barros, 2015; Rodrigues et al., 2016).

A diversificação dos campos de atuação, contudo, não é o único fator que contribui para a satisfação do trabalhador. Tal satisfação depende da conjugação de diferentes aspectos relacionados a fatores objetivos e subjetivos relacionados ao indivíduo, ao trabalho e à organização. Diante da amplitude de fatores intervenientes, a percepção do sujeito em relação a seu trabalho pode ser positiva ou negativa dependendo do nível de satisfação que apresenta, quer seja diante das condições materiais do ofício, quer seja diante dos sentidos subjetivos que o indivíduo atribuiu ao seu trabalho (Sbissa, Ribeiro, & Sbissa, 2017).

Nessa direção, a literatura aponta a existência de diversos fatores extrínsecos e intrínsecos ao trabalho que influenciam o sentido que os profissionais conferem ao seu ofício, como, por exemplo: características específicas da tarefa, aspectos de natureza individual (satisfação, autonomia, aprendizagem), aspectos do contexto organizacional (condições de trabalho, remuneração, relacionamentos interpessoais), e aspectos da dimensão social (impactos que o trabalho gera para a sociedade) (Nardi, 2015; Schmidt, Barbosa, Pinceli, & Lucca, 2017). Desse modo, é suposto que, além de aspectos econômicos e regulatórios, o sentido do trabalho seja influenciado por questões de natureza subjetiva; como, por exemplo, por um ambiente agradável e humanizado em que a dignidade humana e os valores pessoais e relacionais sejam considerados (Morin, 2008; Vilas Boas & Morin, 2016).

Não obstante, os estudos na área, durante muito tempo, foram conduzidos privilegiando a investigação de fatores tangíveis que afetam o sentido que o indivíduo atribui ao seu trabalho (Sbissa et al., 2017; Schmidt et al., 2017). Considerando, ainda, a multiplicidade de fatores que influenciam tal significado (Morin, 2008; Sbissa et al., 2017), torna-se relevante estudar, no contexto da enfermagem, os aspectos considerados prioritários a partir da percepção de profissionais da área. Dados de pesquisa do Conselho Federal de Enfermagem, por exemplo, evidenciam situações de precariedade do trabalho, multiempregos, baixos salários, instabilidade do vínculo empregatício, dentre outros (Coren-Mg, 2017). Rodrigues et al. (2016) acrescentam, ainda, o advento de equipes multidisciplinares na área da saúde tão valorizadas no discurso, mas de difícil execução, em face das difíceis relações entre médicos, enfermeiros e técnicos. Tais condições, certamente, impactam na forma como os enfermeiros conferem sentidos ao seu trabalho.

No campo da enfermagem, muitos estudos têm tido como alvo a extensa carga horária dos enfermeiros e os danos à sua saúde (Araújo, Silva, Melo, Menezes, & Santos, 2019; Rodrigues, Barrichello, & Morin, 2016; Silva et al., 2017). A legislação no Brasil permite a adoção de turnos de trabalho. Isso possibilita que esses profissionais possam atuar em mais de uma jornada laboral, podendo prejudicar o cuidado ao paciente e à própria saúde (Silva et al., 2017). É apontado em pesquisas que a sobrecarga de trabalho debilita a saúde física e psíquica do profissional e deteriora as condições de trabalho, o que reflete em piora qualidade do cuidado ofertado pela equipe (Beserra, Souza, Moreira, Alves, & D'Alencar, 2010; Duarte & Simões, 2015).

Nesse contexto, insere-se a proposta do estudo, cujo objetivo foi investigar os sentidos do trabalho atribuídos por profissionais de enfermagem a partir de suas distintas trajetórias profissionais. O sentido do trabalho foi investigado a partir dos construtos propostos por Morin (2003, 2008) e Morin e Cherré (1999): utilidade social, oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, relacionamento com colegas, autonomia, reconhecimento e retidão moral.

Em termos de sua relevância, o estudo se justifica tendo em vista que a enfermagem possui diversas trajetórias de atuação, e cada área possui diferenças nas atividades exercidas. Reiteradamente, o trabalho em enfermagem é relacionado ao esforço físico, jornada extensa, estresse, desvalorização profissional e outros fatores de risco (Duarte & Simões, 2015). Desse modo, pesquisar o sentido do trabalho para o enfermeiro parece ser relevante devido às contribuições para compreender tanto fatores relacionados à subjetividade do trabalhador, quanto as expectativas dele; expectativas que, muitas vezes, são aparadas pela organização do trabalho (Schmidt et al., 2017). Sublinha-se, ainda, que tal debate é particularmente relevante na atual crise da saúde pública mundial decorrente do Coronavírus, que ampliou consideravelmente a importância do papel do enfermeiro nas instituições de saúde ao redor do mundo.

Além das questões práticas da profissão, esse estudo é relevante do ponto de vista teórico ao buscar elucidar os fatores considerados relevantes para o sentido do trabalho na perspectiva de enfermeiros que vivenciaram diferentes trajetórias profissionais. A literatura sobre sentidos do trabalho apresenta multiplicidade de fatores impactantes, sem consenso acerca dos mais relevantes (Schmidt et al., 2017; Vilas Boas & Morin, 2016). Além disso, existem poucas pesquisas sobre esse construto aplicadas no contexto particular da enfermagem (Araújo et al., 2019; Rodrigues et al., 2016). Ressalta-se, por fim, que estudo recente de Neves, Nascimento, Felix Jr., Silva, & Andrade (2017), cujo objetivo foi analisar os artigos publicados sobre "significado do trabalho" no Brasil, revela que o trabalho continua sendo uma temática de investigação relevante, pois constitui um dos valores essenciais do indivíduo e, ainda, exerce importante papel na autorrealização, na identidade e na subjetividade deste.

 

Os Sentidos do Trabalho

O trabalho, além do alcance material e econômico, simultaneamente afeta as dimensões social, psíquica e biológica. É um instrumento que introduz o indivíduo no mundo e permite a prática e aprimoramento de suas competências, gerando valor que proporciona o sentimento de valorização e realização pessoal, e até mesmo sentido para a vida (Morin, 2008).

De acordo com a percepção de cada trabalhador, o ofício pode apresentar variadas definições. Diferente do emprego, que é uma ocupação estabelecida por tarefas pagas em um processo economicamente organizado; o trabalho pode estar conexo ou não ao retorno financeiro, ter ou não vínculo empregatício, ser ou não agradável, sendo uma atividade que enquadra o sujeito no mundo e oferece o sentimento de pertencimento (Morin, 2001, 2008). Nesse sentido, além de importância econômica, o trabalho tem uma função fundamental na sociedade, pois permite a interação entre pessoas e influencia o âmbito psíquico e a constituição da identidade do sujeito (Silva et al., 2017).

A importância do trabalho está associada ao sentido que as pessoas atribuem a ele. Logo, o sentido do trabalho é algo subjetivo e está associado aos aspectos culturais e sociais do sujeito, além de ser comumente associado a conceitos como satisfação no trabalho, motivação, e qualidade de vida (Rodrigues et al., 2016). Assim, o sentido do trabalho é um processo subjetivo influenciado pela história individual e pela inserção social do sujeito. Desse modo, conforme propõem Nardi (2015) e Schmidt et al. (2017), a relação subjetividade-trabalho é afetada por diversos aspectos, como: geração, cor, raça, etnia, gênero, grau de escolaridade, mercado de trabalho, além de contextos socioeconômicos, culturais e políticos.

Vilas Boas e Morin (2016) destacam que o sentido do trabalho está conectado à maneira como o trabalhador entende as suas experiências no ofício. Essa percepção corrobora a de Wrzesniewski, Dutton, & Debebe (2003), que relacionam o sentido do trabalho à interpretação dada pelo profissional acerca do que realiza. Para Ciulla (2000), o sentido do trabalho engloba o fator objetivo, associado às condições de trabalho; e o fator subjetivo, associado às percepções dos trabalhadores. Para Michaelson, Pratt, Grant, & Dunn (2014) esses fatores intervêm um no outro. Rosso, Dekas, & Wrzesniewski (2010), por sua vez, indicam que o sentido do trabalho pode ser caracterizado a partir de quatro grupos: i) o eu, no sentido de motivações e valores; ii) o outro, em relação à família, trabalho em equipe e liderança; iii) o contexto relacionado à natureza das atividades, a missão da empresa e a cultura organizacional; iv) a vida espiritual.

Assim, sabe-se que o trabalho pode ser compreendido de maneiras diferentes, e essas diferentes compreensões variam de acordo com o trabalhador que o exerce (Bitencourt, Gallon, Batista, & Piccinini, 2011). Há aqueles que o percebem como emprego, se interessando primeiramente pelos retornos materiais. Há também os que o consideram como carreira e, assim, se interessam não apenas pelos rendimentos, mas principalmente pela possibilidade de progresso profissional. Ainda, por fim, há os que consideram o trabalho como vocação, entendendo a profissão como uma "missão" e o seu ofício como inerente à sua vida particular (Wrzesniewski et al., 2003).

A partir da constatação de que o sentido do trabalho interfere no desempenho dos indivíduos e organizações, diversos estudos foram realizados e têm contribuído com esse campo de conhecimento. Desde 1950, o sentido do trabalho é investigado através de vários enfoques teóricos: sociotécnica, psicanálise e psicossomática, existencialismo moderno, perspectivas construcionista e pós-moderna, com distintas abordagens metodológicas (Morin, Tonelli, & Pliopas 2007).

Hackman e Oldham (1976) foram os primeiros autores a desenvolver estudos empíricos direcionados para o sentido do trabalho através da abordagem da qualidade de vida. Os autores formularam um modelo com três características principais: variedade das tarefas, identidade do trabalho, e significado do trabalho. Elas colaboram para o sentido do trabalho, repercutindo sobre a satisfação e, consequentemente, para o nível de produtividade dos trabalhadores.

Destaca-se, também, as pesquisas desenvolvidas pelo grupo Meaning of Work International Research Team (Mow), que constatou que a construção do sentido individual do trabalho é influenciada pelos contextos organizacional, social e familiar; sendo esse um construto psicológico multidimensional e dinâmico, resultante de variáveis pessoais e ambientais. Assim, três dimensões do sentido do trabalho foram estabelecidas.

Centralidade do trabalho. Refere-se ao quanto o trabalho é importante na vida do trabalhador.

Normas sociais sobre o trabalho. Relaciona-se aos padrões sociais pertinentes ao trabalho, considerando dois elementos antagônico: os deveres e os direitos.

Resultados do trabalho. Concerne à finalidade do trabalho e o resultado que ele gera (Prates, Silva, & Piccinini, 2014).

Nessa direção, Morin (2001), partindo das variáveis propostas pelo grupo Mow, propõe que o sentido do trabalho é composto por três elementos: o significado, a orientação e a coerência. O primeiro está associado à representação que o trabalhador tem de sua atividade e aos valores que confere ao seu trabalho. A orientação, por sua vez, está relacionada ao que a pessoa busca no trabalho e ao que a orienta em suas atuações. O terceiro elemento, a coerência, está associado ao equilíbrio entre pessoa e trabalho. Estudo posterior de Morin et al. (2007) apontou temas recorrentes quando se discute sobre sentidos no trabalho, classificados em três dimensões: individual (satisfação pessoal, autonomia, aprendizagem); organizacional (utilidade e relacionamentos); e a dimensão social (inserção na sociedade e contribuição para a sociedade).

Morin (2008), baseando-se no trabalho de Morin e Cherré (1999), propõe seis fatores antecedentes ao sentido do trabalho, sendo três relacionados ao indivíduo (utilidade do trabalho, a autonomia e o desenvolvimento) e três relativos ao ambiente de trabalho (o reconhecimento, as relações e a retidão moral) (Tabela 1). Tais dimensões foram corroboradas em estudos posteriores (Rodrigues, Barrichello, Irigaray, Soares, & Morin, 2017; Rodrigues et al., 2016; Vilas Boas & Morin, 2016).

A pesquisa de Rodrigues et al. (2016), por exemplo, foi aplicada no setor de enfermagem com o objetivo de analisar o sentido do trabalho para os profissionais da área utilizando os seis construtos da Tabela 1. Tais autores fizeram uma comparação entre o sentido do trabalho na ótica dos enfermeiros de hospitais públicos versus enfermeiros de hospital privado, considerando que são realidades diferentes em relação aos recursos disponíveis e ao perfil dos pacientes atendidos. Os resultados indicaram que os funcionários do hospital privado percebem menor autonomia, menor utilidade social, menor reconhecimento e menor retidão moral em seu local de trabalho em relação aos enfermeiros do hospital público. Assim, a equipe de enfermagem de hospitais públicos apresentou um sentido no trabalho mais positivo, o que os autores sugerem estar ligado ao propósito social da função que esses profissionais executam no contexto público.

Araújo et al. (2019), por sua vez, investigaram o sentido do trabalho junto a enfermeiros que exercem a função de gestão em unidades de saúde básica da cidade de Fortaleza. Os resultados empíricos sugerem que:

(...) na dimensão individual, os enfermeiros gestores denotam uma perda de identidade, por conta da falta de atenção devida à atenção básica, em detrimento da intensa burocracia da gestão. Na dimensão organizacional, a utilidade do trabalho foi o aspecto mais destacado nos depoimentos dos entrevistados. Já quanto à dimensão social, verificou-se que a contribuição social é percebida por meio da maioria das práticas exercidas pelos enfermeiros gestores (Araújo et al, 2019, p. 59).

Muitos estudos têm tido como alvo a extensa carga horária no serviço da enfermagem e consequentes danos à saúde desses trabalhadores. A legislação, no Brasil, admite turnos que permitem estes profissionais atuem em mais de uma jornada de trabalho, podendo afetar o cuidado ao paciente e à própria saúde deles (Silva et al., 2017). Pesquisas apontam que a sobrecarga de trabalho prejudica a saúde física e psíquica do profissional e as condições de trabalho refletem na qualidade do cuidado ofertado pela equipe (Beserra et al., 2010; Duarte & Simões, 2015).

Apesar de, geralmente, associar o sentido do trabalho em enfermagem à origem da profissão, relacionada à abnegação e sacrifício; percebe-se que o sentido para tais profissionais está relacionado também ao "[...] empoderamento e ascensão socioeconômica". (Rodrigues et al., 2016, p. 207). Por outro lado, Duarte e Simões (2015) também encontraram no discurso do pessoal de enfermagem a insatisfação em relação à falta de motivação e de reconhecimento. Mencionaram, ainda, a sobrecarga de trabalho, a desvalorização da profissão, o envolvimento direto com as "dores" e com o sofrimento dos pacientes e as inadequadas condições de trabalho, aspectos citados também no estudo de Silva et al. (2017).

O estudo de Silva et al. (2017) evidencia os dilemas enfrentados pelos profissionais da área: ora demonstram o desejo da desistência da profissão devido à responsabilidade de lidar com a saúde humana e ora evidenciam a satisfação de contribuir com o próximo; ora exibem a satisfação do reconhecimento dos pacientes e ora relatam a árdua dupla jornada de trabalho; ora expõem as conquistas que a profissão proporcionou e ora destacam a decepção com a desvalorização do profissional. Nesse sentido, percebe-se uma mistura de amor pelo trabalho com as adversidades que ele proporciona.

 

Método

O estudo empírico que subsidiou os resultados desse artigo possui natureza qualitativa e foi orientado pela estratégia de estudo de casos múltiplos. Para Minayo (2001, p. 21), a pesquisa qualitativa permite a compressão de significados, crenças, valores e atitudes captando a complexidade dos fenômenos, das relações e dos processos que não podem ser resumidos à mensuração de variáveis. Por se tratar de um estudo que busca valorizar a percepção do sujeito e como ele se sente em relação ao trabalho, entende-se que o método qualitativo foi o mais adequado para captar a subjetividade dos enfermeiros participantes da pesquisa (Yin, 2010).

Participantes

O público-alvo do estudo foram enfermeiros que atuam em uma cidade Mineira (MG), - localizada a 70 Km da capital Belo Horizonte-, e que vivenciam diferentes contextos de trabalho, sendo: E1) docente de curso de graduação em enfermagem; E2) enfermeiro autônomo; E3) empregado de empresa; E4) colaborador de hospital; E5) atuante em atenção primária no setor público. A escolha dos participantes foi baseada em três critérios: i) profissionais com formação superior na área e exercício da profissão há no mínimo cinco anos, para que fossem capazes de abordar em profundidade a questão dos sentidos do trabalho na área; ii) enfermeiros com distintas trajetórias profissionais para possibilitar um panorama abrangente e comparativo da profissão; iii) profissionais que atuam na cidade alvo do estudo por uma questão de acessibilidade geográfica do pesquisador.

A caracterização dos enfermeiros participantes da pesquisa foi sintetizada na Tabela 2. 80% dos entrevistados possuem título de pós-graduação; desses, 20% com pós-graduação stricto sensu. Ressalta-se, ainda, que todos se especializaram nas áreas em que atuam. No quesito vínculo trabalhista, 40% dos participantes afirmaram atuar em quatro empregos, 20% informaram ter três atividades profissionais, e 40% indicaram trabalhar em apenas um emprego. 20% dos participantes atuam em dois cargos na mesma empresa, corroborando a situação de multiempregos no setor de enfermagem no Brasil.

 

 

Instrumentos, Procedimentos de Coleta de Dados e Cuidados Éticos

A coleta de dados da pesquisa ocorreu em novembro/2018 e em três etapas, sendo que a primeira fase envolveu a aplicação de um questionário para captar o perfil dos enfermeiros; a segunda, a realização de entrevistas norteadas por um roteiro semiestruturado e em profundidade; e a terceira fase envolveu a aplicação da técnica de recortes e colagem de gibi.

O roteiro da entrevista, por sua vez, contemplou questões relacionadas ao sentido que o sujeito atribui ao trabalho envolvendo, particularmente, seis dimensões: utilidade social, oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, relacionamento com colegas, autonomia, reconhecimento e retidão moral. O tempo médio de cada entrevista foi de 100 minutos, as quais foram gravadas e transcritas, de forma manual, para facilitar o tratamento dos dados. Salienta-se, por fim, que o roteiro foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer n° 2.989.593) e os sujeitos entrevistados assinaram o Termo do Consentimento Livre e Esclarecido e um termo de autorização para gravação de voz.

A entrevista permite o uso de recursos visuais como fotografias, revistas, jornais e outros, possibilitando maior interação com o entrevistado e permitindo a complementação dos achados da pesquisa (Boni & Quaresma, 2005; Brito, Caçador, Caram, & Moreira, 2013). Com base nisso, utilizou-se a Técnica de Gibi com intuito de contribuir para a riqueza dos dados coletados. A revista gibi usada para esse estudo foi escolhida de maneira aleatória. Em todas as entrevistas, foi utilizada a mesma revista em número, edição e ano. Foram aceitas para essa pesquisa figuras contidas em toda a revista, inclusive da contracapa, sendo considerado o direito de escolha dos entrevistados do estudo. Para a realização da técnica do gibi, foi solicitado ao entrevistado que indicasse uma figura do gibi que representasse uma das duas questões feitas pelo pesquisador, especificamente: "Qual o sentido do meu trabalho?"; "Um trabalho sem sentido é...". Posteriormente, foi solicitado ao participante que esclarecesse o motivo da escolha das figuras.

Procedimentos de Análise de Dados

Quanto à análise dos dados, Bardin (2011) sugere a realização de três etapas adotadas no presente estudo: pré-análise e categorização, exploração do material e tratamento dos dados, e elaboração de inferências. Nessa pesquisa, foi analisado, primeiramente, o relato de cada entrevistado, organizando os trechos de entrevista de acordo com as categorias centrais do estudo que foram definidas com base nos trabalhos de Morin (2003, 2008) e Morin e Cherré (1999). Segundo tais autores, o sentido do trabalho pode ser definido por seis construtos centrais: utilidade social, oportunidades de aprendizagem, relacionamento com colegas, autonomia, reconhecimento e retidão moral (os quais serviram de parâmetro para a estruturação da seção de análise de dados do artigo). Na sequência, foi feita a análise comparativa das percepções dos enfermeiros, buscando levantar convergências e divergências entre elas.

 

Resultados e Discussão

Os Construtos do Sentido do Trabalho

Utilidade social. Com relação ao primeiro construto teórico do estudo, os dados permitem inferir que há consenso entre os entrevistados de que os seus trabalhos possuem utilidade social, mesmo considerando os diferentes campos de atuação dos enfermeiros participantes da pesquisa. A E1 (professora da área), por exemplo, descreveu que a sua contribuição para a sociedade se dá através da sua participação na formação de profissionais competentes o que contribui, de forma indireta, para a qualidade da saúde no país.

A busca por formar profissionais diferentes, que tenham uma consciência ética, que sejam mais humanos, então, a contribuição que a gente tenta deixar o tempo todo [...] é de formar essas pessoas não só para ir lá e trabalhar e fazer, mas de saber ouvir, de saber escutar, de saber abordar as pessoas, de ter a preocupação com o outro, que eu acho que é a essência da enfermagem, essa humanização. (Relato E1).

Já a profissional que atua no setor administrativo do hospital (E4) reconheceu que o impacto social do seu trabalho para a população ocorre de uma maneira indireta e entende que o paciente só será beneficiado se realizar um trabalho eficiente do ponto de vista administrativo. O profissional autônomo (E2), por sua vez, confirmou a utilidade social de seu trabalho enfatizando uma atuação direta junto aos seus pacientes destacando o cuidado pessoal com os mesmos e o desconto para clientes sem posse: "[...] eu percebi que esses cinquenta reais vai fazer falta em alguma coisa de questão básica, eu prefiro não cobrar o dinheiro, eu não cobro" (Relato E2). O E3, por sua vez, enfatizou que a sua contribuição está relacionada à disseminação de informações sobre saúde e enfermagem em campanhas e palestras dentro e fora da empresa, sendo considerado um multiplicador desse conhecimento. Assim, conforme apontam estudos na área, o enfermeiro se insere em diversos territórios relacionais e correlacionais com o paciente, familiares e com a equipe, considerando as necessidades de cada um e com o propósito de prestar a eles um cuidado humanizado e integral (Araújo et al., 2019; Rodrigues et al., 2016).

Do exposto, os dados empíricos permitem inferir que todos os profissionais entrevistados detectaram utilidade social em suas atividades, mesmo exercendo diferentes funções no campo da enfermagem. Na docência, percebeu-se a satisfação e a importância de compartilhar o conhecimento em prol da formação de novos enfermeiros. No âmbito hospitalar, mesmo na área administrativa, a colaboradora consegue contribuir indiretamente para um melhor atendimento ao paciente. O profissional autônomo percebe a utilidade social em sua atividade ao auxiliar pessoas de baixa renda e praticar um atendimento humanizado; o funcionário da empresa, ao disseminar dados em saúde; e a enfermeira da atenção primária, através de sua atuação na prevenção de agravos e na promoção de saúde dos usuários do serviço.

Tais dados, analisados à luz da literatura, permitem inferir que a forma como ocorre a prática laborativa e o que ela produz impactam na maneira como o sujeito analisa a sua atuação e auxilia na formação de identidade profissional (Morin et al., 2007). Por ser uma apreensão subjetiva, é necessário que a concretização do trabalho seja percebida e tenha valor aos olhos do trabalhador (Morin, 2001). Portanto, compreende-se que o trabalho que tem sentido é o que estimula e satisfaz o indivíduo no cumprimento de suas atividades.

Oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Analisando o segundo construto teórico do estudo, a Entrevistada E1 salienta que a natureza do seu trabalho docente possibilita desafios constantes e um aprendizado sistemático na relação com os seus alunos e pares, aspecto considerado relevante para o sentido do trabalho na perspectiva da entrevistada. O relato de entrevista (abaixo) tangencia essa discussão.

[...] Isso é desafiador, isso para mim é bom, porque é uma maneira também de me instigar. Sempre que eu me sinto acomodada demais, ou eu saio, ou eu busco alguma coisa diferente mesmo, que vai me desafiar, enquanto estiver me desafiando, para mim está prazeroso, porque é sinal de que eu estou aprendendo! (Relato E1).

Ao ser questionada sobre o sentido do trabalho na técnica de gibi, E1 elegeu uma figura associada ao desenvolvimento profissional, mas não sob uma ótica individual e sim coletiva. Ou seja, importa para a professora um processo de aprendizagem em que todos os envolvidos aprendem e evoluem. Tal dado aponta um elemento subjetivo do sentido do trabalho, conforme já evidenciado na literatura da área (Nardi, 2015; Rodrigues et al., 2016; Schmidt et al., 2017).

Já E2 busca oportunidades de desenvolvimento ampliando/diversificando as atividades realizadas pela empresa e oferecendo serviços adicionais na sua área de atuação (abrangendo tanto o âmbito assistencial, como o administrativo):

Tem várias coisas, tem os atendimentos domiciliares, as consultorias, a gente emite pareceres de análise de setores, treinamentos a gente dá, tem muita coisa, você pode achar "mas como é que ele faz isso tudo?". Eu me dedico o máximo. (Relato E2).

 


Figura 1 - Clique para ampliar

 

O Entrevistado E3, por sua vez, enfatiza que a organização oferece oportunidades de desenvolvimento e capacitação, o que, na sua visão, contribui para uma maior satisfação no trabalho. De acordo com a entrevistada, há um incentivo à Qualidade de Vida no Trabalho na empresa, repercutindo na saúde do profissional e estimulando uma atuação com excelência.

No caso da Entrevistada E4, embora a sua atuação não esteja ligada diretamente à assistência de enfermagem junto ao paciente, o seu desenvolvimento profissional é estimulado ao gerenciar equipe multiprofissional na área de saúde. Portanto, é um trabalho que fornece inúmeros desafios e oportunidades de aprendizagem.

Em linhas gerais, E1 entende que a sua atuação como docente proporciona um desafio diário que a instiga a buscar novos conhecimentos para compartilhar com os seus alunos; E2 percebe a oportunidade de desenvolvimento profissional na sua atuação com diversos clientes e em diversos cenários; E3 destaca as oportunidades de aprendizagem a partir das capacitações oferecidas pela empresa; E4 tem sob a sua responsabilidade equipes de diversas áreas da saúde o que proporciona desafios e constante aprendizagem; e E5 percebe a oportunidade de aprendizagem ao trocar experiências com profissionais que atuam em outras unidades de saúde.

Pode-se inferir, portanto, que de uma forma ou de outra, todos os entrevistados têm a percepção de que encontram oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento na função que exercem, mesmo considerando as diferentes ocupações. Ademais, todos corroboraram a noção de que essa condição favorece positivamente o sentido que atribuem ao seu trabalho.

Autonomia. Com relação à autonomia, terceiro construto analisado, a maioria dos entrevistados relata possuir liberdade no exercício de sua atividade, embora exerçam funções diferentes. Os dados empíricos apontam que a autonomia na tomada de decisão e a iniciativa foram considerados fatores fundamentais na área de enfermagem, pois "adversidades" e contingências emergem frequentemente no dia a dia do enfermeiro, exigindo autonomia para a resolução de problemas. A docente E1, por exemplo, demonstra autonomia a partir da sua prontidão na resolução de problemas que emergem nas situações cotidianas de trabalho:

Eu procuro não depender do ambiente para eu ter meu desempenho, porque a gente sabe que existem várias adversidades nos nossos ambientes de trabalho e se a gente se condicionar a elas, a gente não se desenvolve. [...] eu nunca cruzo os braços e isso é uma questão que eu trago também para a formação do enfermeiro (Relato E1).

O ensino articulado com a prática permite autonomia ao enfermeiro, já que o conhecimento facilita a vivência do papel profissional e permite interferir no âmbito social de modo humanizado e qualificado (Kraemer, Duarte, & Kaiser, 2011).

Nessa direção, E2 relata que, por ser proprietário de empresa, ele possui liberdade para exercer o seu ofício de acordo com os seus ideais e conhecimentos, o que considera uma grande motivação para o trabalho (Kraemer et al., 2011). Os autores pontuam que a falta de estímulo para o desenvolvimento laboral e a baixa autonomia prejudicam o sentido do trabalho.

Ao ser questionado sobre o sentido do trabalho na técnica de gibi, E2 elegeu uma figura associada à noção de liberdade para exercer o seu ofício da forma como deseja, indicando que essa condição representa um aspecto importante para o sentido que ele atribui ao trabalho.

 

 

A Entrevistada E4, por sua vez, salienta que o seu trabalho requer uma autonomia com responsabilidade, pois o seu cargo de gerência permite interferência na tomada de decisões da instituição, o que demanda, ao mesmo tempo, um senso de responsabilidade (Andrade, Silva, Seixas, & Braga, 2017). Todavia, essa "autonomia responsável" é um aspecto considerado importante para a sua satisfação no ambiente de trabalho, na visão de E4. A Entrevistada E5 também confirma que autonomia é uma condição importante para o sentido do trabalho, dado que "(...) no âmbito da atenção primária, há muito que ser feito. Portanto, preciso de autonomia para realizar". Na ausência de liberdade, "ficamos amarrados", como pontuado anteriormente por E2.

Um dado emergente na pesquisa associado ao construto "autonomia" foi que o nível de conhecimento dos profissionais foi considerado uma condição fundamental para o exercício de um trabalho com autonomia.

Relacionamento com colegas. Com relação às relações interpessoais no trabalho, outro construto central desse estudo, a maioria dos entrevistados demonstrou satisfação em ter boa convivência com a equipe, evidenciando que a dimensão de relacionamento é condição fundamental para o trabalho ter sentido. Conforme indica relato: "Eu falo que eu estou em lua de mel dessa relação. A equipe hoje está muito próxima do objetivo, da missão do curso e isso facilita muito, porque aí, todo mundo trabalha no mesmo propósito." (Relato E1).

Corroborando a opinião de E1, o Entrevistado E3 enfatiza que não tem sentido um trabalho conduzido com autoritarismo e destaca a importância de se considerar a potencialidade e a percepção do outro num relacionamento de trabalho. Como argumentou Kraemer et al., (2011), o enfermeiro necessita conhecer melhor a si e o outro, interagindo sistematicamente com a sua equipe e apresentando uma relação confiável com o grupo. O autor acrescenta que atuar em um ambiente laboral que permite boas relações contribui para o zelo, para o afeto e para a cooperação, favorecendo um trabalho com sentido (Kraemer et al., 2011).

Assim como E1 e E3, os Entrevistados E2 e E4 reconhecem a boa relação que possuem com a equipe que trabalham. Entendem que cooperar é uma atitude fundamental para o ambiente de trabalho que se cria: "Eu tenho um bom relacionamento, todo mundo me atende a qualquer dia, seja aqui do hospital, seja o secretário de saúde, seja o diretor". (E4).

Apesar dos entrevistados relatarem inicialmente "bons relacionamentos" no trabalho, foram comuns nos relatos menções sobre conflitos relacionais entre enfermeiros e médicos, corroborando dados do estudo de Rodrigues et al. (2016). A Entrevistada 5, por exemplo, relata a sua dificuldade de interagir e dividir tarefas com a outra enfermeira da unidade de saúde, o que gera prejuízos ao desempenho da equipe local, já que não há uma atuação colaborativa. Tal situação, além de gerar insatisfação e um ambiente de trabalho conflituoso, prejudica a atuação do profissional de enfermagem: "Muito difícil trabalhar, porque a outra enfermeira é bem individualista e a gente tem que trabalhar em conjunto, em equipe mesmo" (Relato E5).

Nessa direção, estudos apontam que o sentido do trabalho é influenciado pelo nível de colaboração entre os indivíduos na resolução de problemas diários. Confiança, generosidade, interação social e apoio mútuo são valores buscados pelos profissionais no ambiente de trabalho, mas infelizmente nem sempre identificados e incentivados (Tambasco et al., 2017).

Reconhecimento. Com relação a esse construto, estudos como o de Silva et al. (2017) apontam que, no caso da enfermagem, o reconhecimento pode advir de diversas fontes: do paciente atendido, da sua família, dos colegas, das instituições às quais o profissional está vinculado. No campo empírico, o relato do enfermeiro autônomo E2 aponta que, mesmo após o falecimento do paciente, ele continua sendo a referência da família para sanar dúvidas relativas à profissão, o que parece ser uma forma de valorização.

Na perspectiva de E3, o reconhecimento foi ilustrado pelas ações de incentivo à qualificação pelas empresas e pela ocupação de um cargo gerencial (de confiança), no caso de E4. "O fato de ter iniciado aqui como auxiliar administrativo e hoje estou na coordenação técnica, ou seja, eles dão oportunidade de crescimento. Na ocasião me proporcionou recursos, incentivos para a graduação, para a pós-graduação com bolsas" (Relato E3).

Para Morin et al. (2008), situações que proporcionam satisfação ao trabalhador afetam o seu desempenho no trabalho. Em se tratando da área da saúde (que trata da vida dos pacientes), torna-se fundamental criar políticas que contribuam para o bem-estar do profissional.

Atrelada às políticas de reconhecimento fornecidas pela organização está a remuneração (Tambasco et al., 2017), que foi considerada um fator secundário para o sentido do trabalho na visão de todos os profissionais entrevistados. Ou seja, os dados empíricos sugerem que há fatores subjetivos mais relevantes para o sentido do trabalho do que a questão pecuniária; como, por exemplo, a utilidade social do trabalho, as oportunidades de desenvolvimento e o reconhecimento. Portanto, a remuneração, embora importante, não representa a principal condição de satisfação no trabalho na visão dos sujeitos entrevistados (E1, E2, E3, E4, E5).

De toda forma, os entrevistados percebem que a remuneração que recebem é satisfatória em relação à média salarial da região. Esse achado diverge do estudo de Tambasco, Silva, Pinheiro, & Gutierrez (2017), que evidenciou que mais da metade dos profissionais da saúde entrevistados se sentia insatisfeita em relação à remuneração (considerava o salário baixo).

Não obstante, os dados empíricos apontam que um salário justo parece não ser suficiente para que parte dos enfermeiros entrevistados se sinta efetivamente valorizada. Relatos de entrevistas evidenciam a insatisfação de alguns enfermeiros em relação ao reconhecimento no trabalho. Emergiram expressões como: reconhecimento superficial e ausência de feedback positivo das organizações em relação ao trabalho, sobretudo, pelos enfermeiros que atuam no hospital e na empresa.

Retidão moral. Por fim, o último construto analisado nesse artigo é a retidão moral. No caso da enfermagem, para existir uma atuação pautada na retidão moral, segundo Kraemer et al. (2011), o cuidado precisa ser realizado de maneira humanizada em prol da coletividade. Logo, torna-se imprescindível que o enfermeiro tenha conduta ética e esteja alicerçado no conhecimento técnico-científico. Nessa perspectiva, foi possível observar, nos relatos dos entrevistados, o valor que eles atribuem a aspectos relacionados à retidão moral:

Tem que ter a questão do amor ao próximo, do cuidado, da atenção, do respeito com o ser humano, porque se eu tenho isso em mim até hoje depois de 10 anos, eu quero que todos os meus colaboradores tenham a mesma coisa (Relato E2).

É o que eu faço todo dia, resolver problema para o paciente, isso me dá muito prazer, não deixar o paciente desassistido (Relato E4).

Portanto, nota-se um interesse dos profissionais entrevistados em oferecer uma assistência à saúde pautada em valores humanistas e éticos. E2, por exemplo, relatou que busca trazer para a equipe profissionais capazes de oferecer um atendimento humanizado e respeitoso. E3 busca ser transparente com os clientes da empresa. E4 busca fornecer uma assistência customizada às necessidades do paciente. Nesse contexto, E2 elegeu a seguinte figura para ilustrar o sentido que ele atribui ao trabalho, e que tem relação com a noção de retidão moral:

Todavia, se esse é um comportamento valorizado pelos enfermeiros entrevistados, eles relatam que já passaram por situações de "assédio moral" e "constrangimento" em algumas situações de trabalho, o que pode causar danos físico e mental ao profissional (Hagopian, Freitas, & Baptista, 2017). Os dados indicam, ainda, que tais situações contribuem para afetar negativamente o sentido do trabalho para todos os profissionais entrevistados. O relato de E4 ilustra situação dessa natureza: "Eu trabalho com pessoas perversas, que intimidam. Tem um doutor aí, que eu já falei que vou gravar as minhas ligações com ele e vou entrar na justiça".

 

 

Nesse seguimento, estudos na área revelam que os profissionais de enfermagem estão suscetíveis a sofrer assédio moral no trabalho, pois lidam com equipes multidisciplinares (profissionais com diferentes níveis de instrução) e são frequentemente submetidos a situações de stress, como: divergências nas relações com pacientes e famílias, embates entre médicos versus enfermeiros, etc. (Bonito, Santos, Souza, & Mendes, 2018; Hagopian et al., 2017). E4, por sua vez, selecionou a seguinte figura para ilustrar um trabalho sem sentido na técnica de gibi:

Há relatos, também, de tratamentos diferenciados para pessoas, dependendo do cargo e função que ocupam. Eles indicam a ausência de políticas organizacionais baseadas na equidade, o que, na visão dos entrevistados, gera um sentimento de "sofrimento" e "angústia".

Os dados obtidos permitem inferir que as relações de trabalho e o contexto organizacional impactam no estado emocional dos sujeitos. Privilégios e o assédio moral manifestos nas organizações ampliam a precarização das condições laborais e contribuem para uma percepção negativa em relação ao sentido do trabalho para o sujeito (D'Arisbo, Boff, Oltramari, & Salvagni, 2018).

 

Considerações Finais

Os resultados desse estudo revelam que enfermeiros conferem sentidos ao trabalho de maneira multifacetada, sendo diversos os fatores que interferem no modo como compreendem o seu ofício e em como isso reflete na sua vida laboral e pessoal. Os depoimentos evidenciam a realidade dos sujeitos entrevistados considerando várias instâncias de sua vida e mostram a importância da subjetividade para o sentido do trabalho. Ou seja, fatores subjetivos como a utilidade social do trabalho, as oportunidades de desenvolvimento, o reconhecimento da outra parte e os relacionamento interpessoais foram consideradas condições fundamentais para um trabalho com sentido, na visão dos sujeitos entrevistados. Portanto, mais do que aspectos tangíveis, como a questão pecuniária, o sentido que o enfermeiro atribui ao seu ofício depende de condições de natureza mais subjetiva.

Com relação à utilidade social, observou-se percepção unânime dos profissionais em relação ao impacto social do trabalho de enfermeiro para a sociedade. Entendem o seu ofício como um instrumento fundamental para o bem-estar do outro, demonstrando uma preocupação com a qualidade de vida e de saúde da população. Tais resultados corroboram achados prévios da literatura, os quais evidenciam que o enfermeiro que identifica utilidade social nas suas ações tanto percebe sentido em desempenhá-las quanto possui maior motivação em seu labor.

No que se refere às oportunidades de desenvolvimento, observou-se que os enfermeiros têm a percepção de que o trabalho que exercem oferece tais possibilidades. Essa realidade, consequentemente, amplia as percepções positivas em relação ao sentido do trabalho atribuído pelos profissionais. Constatou-se, também, que os desafios que enfrentam no dia a dia da profissão favorecem a criatividade e a evolução de suas capacidades profissionais e emocionais. Ademais, observou-se que as instituições que oferecem um trabalho desafiador e proporcionam meios para o crescimento do colaborador são beneficiadas com um maior nível de satisfação dos enfermeiros, bem como com um melhor serviço de assistência fornecido ao paciente, o que contribui para o desempenho organizacional.

Outro achado relevante do estudo é que todas as áreas de atuação dos enfermeiros exigem não apenas o que o conhecimento técnico de enfermagem, mas também competências interpessoais/emocionais. Ou seja, é fundamental que o profissional desenvolva habilidades de comunicação e sensibilidade para que possa oferecer uma assistência humanizada.

 


Figura 4 - Clique para ampliar

 

Quanto à autonomia, os resultados apontam que a permissão para exercer a atividade laboral com liberdade e participações nas decisões proporciona empoderamento e bem-estar nos profissionais, sendo ela uma característica de trabalho percebida pela maioria dos enfermeiros entrevistados. A atividade do enfermeiro, muitas vezes, exige a resolução de contingências que emergem no cotidiano do trabalho, o que requer que o profissional detenha autonomia para a solução desses problemas. Portanto, um trabalho que tem sentido é um labor que fornece autonomia e permite iniciativa por parte do profissional competente.

No tocante ao relacionamento, observou-se que os colaboradores enfatizam a importância de atuar em um ambiente que proporciona relações saudáveis. A maioria dos entrevistados mencionou que o trabalho exercido com uma equipe entrosada gera resultados mais efetivos e proporciona um ambiente de trabalho harmonioso. A relação interpessoal, portanto, é mencionada por todos os enfermeiros como um fator fundamental para o sentido do trabalho. Não obstante, apesar dos entrevistados relatarem "bons relacionamentos" no ambiente de trabalho, foram comuns relatos sobre conflitos relacionais entre enfermeiros e médicos.

Quanto ao reconhecimento, as investigações apontam que os enfermeiros entrevistados esperam que ele venha não apenas da organização contratante; mas também dos pares, do paciente, dos familiares, e da sociedade. Isso posto, o reconhecimento é considerado, por todos os entrevistados, um importante fator subjetivo para o sentido do trabalho.

Por fim, no que tange à dimensão de retidão moral, observou-se que há uma elevada preocupação dos profissionais em atuarem respeitando aspectos éticos e morais. Por outro lado, há relatos de situações de assédio moral vivenciados pelos enfermeiros no ambiente de trabalho provocadas, muitas vezes, por um "sentimento de superioridade" do médico em relação ao enfermeiro. As descobertas apontam, ainda, que tais situações contribuem para afetar negativamente o sentido do trabalho atribuído pelos profissionais entrevistados.

Um achado curioso é que os construtos "relacionamento com os colegas", "reconhecimento" e "retidão moral" interagem entre si, influenciando mutuamente o sentido do trabalho dos profissionais. Em vista disso, sugere-se que novos estudos aprofundem na investigação sobre a compreensão das interrelações que podem existir entre os construtos de sentidos do trabalho pesquisados neste estudo. Ademais, recomenda-se que estudos quantitativos sejam conduzidos nesse campo de estudos, com o intuito de construir escalas validadas a partir dos seis construtos analisados nesse trabalho. Desse modo, além de mensurar o percentual de importância de cada fator/construto no sentido do trabalho, será possível medir a correlação e as relações de causa e efeito entre eles.

Em suma, sem a intenção de generalizar os resultados, os resultados desse estudo contribuem para um conhecimento mais profundo de situações vivenciadas por enfermeiros em diferentes campos da profissão, considerando-se a escassez de estudos sobre sentidos do trabalho aplicados no contexto da enfermagem. Ademais, ao elucidar os fatores considerados relevantes para o sentido do trabalho na perspectiva de enfermeiros, esse estudo contribui com a literatura na área, a qual ainda carece de consenso em relação aos fatores que efetivamente impactam na construção do sentido atribuído pelo sujeito ao seu trabalho. Outra contribuição está relacionada a um resultado do estudo que revela a importância de fatores subjetivos na determinação do sentido do trabalho para o enfermeiro; descoberta relevante, considerando-se que pesquisadores no tema, durante muito tempo, privilegiaram a investigação de fatores objetivos.

Do ponto de vista empírico, os resultados dessa pesquisa podem contribuir com insights para a elaboração de políticas de pessoal que privilegiem os aspectos elencados pelos enfermeiros como críticos para o sentido e o bem-estar no trabalho. Em conclusão, o debate empreendido nesse artigo é particularmente relevante na atual crise da saúde pública mundial decorrente do COVID, que ampliou consideravelmente a importância do enfermeiro nas instituições de saúde.

Quanto às limitações da pesquisa, apesar de contar com enfermeiros que vivenciaram diferentes trajetórias, seria recomendável a inclusão de um número maior de entrevistados, visando a abarcar outros olhares acerca do fenômeno investigado. Sendo assim, os achados não permitem generalização, tendo em vista a natureza qualitativa do estudo. Ademais, a pesquisa não foi conduzida de forma transversal abarcando um período longo e, portanto, reflete o sentimento e a percepção do entrevistado em um dado momento da sua vida e carreira.

 

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Informações sobre os autores:
Karynne Prado
Av. Marechal Castelo Branco, 2765 - Santo Antônio
35701242 Sete Lagoas, MG, Brasil
E-mail: karynneprado@yahoo.com.br

Anderson de Souza Sant'Anna
E-mail: anderson.santanna@fgv.br

Daniela Martins Diniz
E-mail: danidiniz09@yahoo.com.br

 

 

Submissão: 08/04/2020
Primeira decisão editorial: 17/07/2020
Versão final: 04/09/2020
Aceite: 04/09/2020

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