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Revista Psicologia Organizações e Trabalho

versión On-line ISSN 1984-6657

Rev. Psicol., Organ. Trab. vol.22 no.1 Brasília ene./mar. 2022

http://dx.doi.org/10.5935/RPOT/2022.1.22208 

10.5935/RPOT/2022.1.22208 ARTIGOS

 

Rotina e saúde do professor universitário: impacto da COVID-19

 

Routine and health of the college professor: impact of COVID-19

 

Rutina y salud del profesor universitario: impacto del COVID-19

 

 

Anelise Rebelato MozzatoI; Fernanda Rebelato MozzatoII; Maira SgarbossaI; Geizi Cássia Bettin do AmaranteI

IUniversidade de Passo Fundo (UPF), Brasil
IIUniversidade do Vale do Itajaí (Univali), Brasil

Informações sobre os autores

 

 


RESUMO

A pandemia da COVID-19 impactou professores, estudantes e o sistema educacional. A necessidade de distanciamento social demandou do ensino universitário a releitura de práticas educacionais e a adoção do modelo remoto de ensino, que impactou diretamente na atividade do docente. Diante disso, este estudo objetiva investigar o impacto da COVID-19 sobre a rotina e a saúde do professor universitário, tendo como campo de pesquisa uma Universidade comunitária localizada no norte do estado Rio Grande do Sul. Para tanto, utilizou-se de uma abordagem quantitativa de pesquisa para a validação das três hipóteses propostas. Os resultados evidenciaram que a COVID-19 impactou negativamente a rotina pessoal e profissional dos docentes e sua saúde física e mental, que foram aliados à sobrecarga de trabalho, riscos ergonômicos, articulação do espaço familiar com o profissional, entre outros. Contudo, frente às mudanças compulsórias, reformulações no sistema de ensino-aprendizagem foram aplicadas, tornando-o mais criativo, reflexivo, dialógico e emancipatório.

Palavras-chave: COVID-19; professor universitário; saúde.


ABSTRACT

I The COVID-19 pandemic impacted teachers, students and the whole education system. The need for social distancing required university teaching to review educational practices and adopt the remote teaching model, which directly impacted the professors' activity. Therefore, this study aims to investigate the impact of COVID-19 on the routine and health of the university professor, having as a research field a community university located in the north of the state of Rio Grande do Sul. For this purpose, we used quantitative research to validate the three proposed hypotheses. The results showed that COVID-19 negatively impacted the teachers' personal and professional routine and their physical and mental health, which were combined with work overload, ergonomic risks, and mixing of the family space with professional space, among other impacts. However, in the face of compulsory changes, reformulations in the teaching-learning system were applied, making it more creative, reflective, dialogical and emancipatory.

Keywords: COVID-19; college professor; health.


RESUMEN

La pandemia del COVID-19 afectó a profesores, estudiantes y al sistema educativo. La necesidad de distanciamiento social le exigió a la enseñanza universitaria la relectura de las prácticas educativas y la adopción del modelo de enseñanza remota, lo que incidió directamente en la actividad del docente. Frente a esto, el objetivo de este estudio fue investigar el impacto del COVID-19 en la rutina y la salud del profesor universitario, teniendo como campo de investigación una universidad comunitaria ubicada en el norte del estado de Rio Grande do Sul. Para ello, se utilizó un abordaje cuantitativo de investigación para validar las tres hipótesis propuestas. Los resultados mostraron que el COVID-19 tuvo un impacto negativo en la rutina personal y profesional de los docentes y en su salud física y mental, los cuales se combinaron con sobrecarga laboral, riesgos ergonómicos, articulación del espacio familiar con el profesional, entre otros. Sin embargo, ante los cambios obligatorios, se aplicaron reformulaciones en el sistema de enseñanza-aprendizaje, haciéndolo más creativo, reflexivo, dialógico y emancipatorio.

Palabras clave: COVID-19; profesor universitario; salud.


 

 

O novo coronavírus, ou SARS-COV-2, responsável pela pandemia da COVID-19, trouxe consigo uma série de consequências e mudanças nos hábitos e condições de vida da população mundial, sobretudo o isolamento social a fim de conter a contaminação e a disseminação do vírus, o que repercutiu em grandes impactos transversais. Em um emergente contexto de mudanças e repercussões psicossociais geradas pela evidente crise sanitária (Castilho Sá, Miranda, & Canavêz, 2020), encontra-se também a educação, enfrentando diversos desafios e apresentando preocupações aos sistemas educacionais dos países em todo o mundo.

As medidas de distanciamento social necessárias para evitar a disseminação do vírus fizeram com que professores e estudantes, habituados a frequentar diariamente o espaço físico de ensino, fossem obrigados a reinventar todo o processo ensino-aprendizagem em casa, em um diminuto período de tempo, e com a mente ocupada com todas as incertezas que repentinamente assolaram a sociedade. Cessaram-se prontamente as aulas presenciais e o Ministério da Educação (MEC) autorizou, em caráter excepcional, as aulas à distância (Normativas da Portaria nº 345/2020), inclusive, em 17 de abril foi publicada uma Portaria autorizando tal modalidade até o final do ano de 2020. No início de 2021, ainda sob efeitos da Portaria 1.038, de 7 dezembro 2020, o MEC deliberou que as atividades letivas deveriam ocorrer de forma presencial a partir de 1º de março de 2021 (podendo ainda ser suspensas por determinação das autoridades locais) observando os protocolos de biossegurança para o enfrentamento da pandemia, podendo ainda fazer uso de recursos educacionais digitais para a integralização da carga horária das atividades pedagógicas.

De imediato, muitas das assimetrias educacionais pré-existentes foram agravadas e problemas como a falta de trilhas de aprendizagem alternativas à distância e as lacunas de acessibilidade de docentes e alunos a Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para promoção do Ensino à Distância (EAD) foram evidenciados. Para completar o cenário, no Brasil muitos desencontros entre decisões governamentais relacionadas à educação dificultaram as tomadas de decisões, sobretudo relacionadas à esfera pública, fato que acarretou atrasos superiores a um semestre letivo em diversas instituições. Em contrapartida, a esfera privada agiu rapidamente introduzindo a reposição das aulas remotamente, utilizando plataformas diversas, cuja utilização, muitas vezes, já era feita por unidades institucionais, facilitando o manejo e ampliando as possibilidades e recursos.

Mesmo com a ação rápida da rede privada, a situação emergente não deixou de ser paradoxal, principalmente devido à possibilidade de maior precarização do trabalho e, por outro lado, à abertura de oportunidades para novos aprendizados (Lhuilier, 2020). Ademais, Giust-Desprairies (2020) contribui ao articular com o contexto do trabalho, com apontamentos acerca das consequências sociológicas e psicológicas decorrentes da pandemia.

A partir da revisão integrativa1 de literatura sobre tema , foi possível mapeá-lo, identificando lacunas de pesquisa. Fica evidente que as atuais adversidades no ensino universitário são muitas e que os docentes estão imersos em constantes desafios (Klapkiv & Dluhopolska, 2020; Machynska & Dzikovska, 2020; Nuere & Miguel, 2020; Onyema, Deborah, Alsayed, Noorulhasan, & Sanober, 2019; Watermeyer, Crick, Knight, & Goodall, 2020). Também ficou perceptível que muitos são os trabalhos de pesquisa que retratam a realidade dos profissionais da saúde diante da pandemia da COVID-19, devido à exposição desses na linha de frente no combate às consequências patológicas do vírus emergente (Exemplos: Dinakaran, Manjunatha, Kumar, & Suresh, 2020; Giorgi et al., 2020; Santos et al., 2020; Vindegaard & Denros, 2020; Zhang, Wang, & Yin, 2020). Entretanto, há um número menor de trabalhos que tratam da saúde do professor (Exemplos: Araújo, Lima, Cidade, Nobre, & Rolim Neto, 2020; Shigemura, Ursano, Morganstein, Kurosawa, & Benedek, 2020; Silva, Estrela, Lima, & Abreu, 2020; Sunjaya, Herawati, & Siregar, 2021; Wang & Wang, 2020).

No contexto das pesquisas desenvolvidas durante o atual período pandêmico, neste artigo tem-se como foco o trabalhador docente, ficando centrado no ensino universitário não-público, em razão das vastas diferenças entre o ensino público e o particular. Assim, entende-se como pertinente abordar a realidade e a saúde dos professores universitários, sobretudo da rede privada de ensino, os quais também necessitaram passar por uma rápida adaptação do trabalho em um ambiente remoto pouco ou nada conhecido e dominado por eles (Camacho, Joaquim, Menezes, & Sant' Anna, 2020). Dado o exposto, apresenta-se a primeira hipótese desta pesquisa.

Hipótese 1. A pandemia da COVID-19 alterou a percepção de trabalho dos professores universitários, levando-os a buscar adaptação e trabalhar mais do que o habitual.

Como referem Nuere e Miguel (2020) e Ferreira e Barbosa (2020), o ensino universitário enfrentou desafios sem precedentes, incluindo a notória intensificação do trabalho docente e a vulnerabilidade que o acomete. Assim, Kramer e Kramer (2020) e Castro, Oliveira, Morais, & Gai (2020) salientam as necessárias reformulações relacionadas ao mundo do trabalho. Nesse contexto, Godoi, Kawashima, Gomes, & Caneva (2020) e Onyema et al. (2020) referem que nesse momento tanto professores quanto alunos foram desafiados com a transição para a educação on-line.

Com toda essa situação exposta, os professores passaram a viver paradoxalmente vários aspectos: utilização de tecnologias, saúde física e mental, espaço da vida pessoal e profissional. Quanto às questões tecnológicas, como salientam Machynska e Dzikovska (2020), paradoxalmente os professores universitários enfrentaram o desafio de, rapidamente e sem devida instrução, identificar e aprender a trabalhar com as ferramentas e tecnologias apropriadas para o ensino remoto e, por outro lado, tiveram a oportunidade do aprendizado e desenvolvimento das suas habilidades em tais plataformas educacionais. Diante da nova realidade imposta pela situação pandêmica, muitos profissionais viram-se obrigados a mudar sua dinâmica de trabalho.

Com a pandemia, o trabalho do professor universitário foi impactado abruptamente e, necessariamente, cada docente teve que voltar o olhar para a sua própria prática profissional. Por mais que as atuais adversidades no ensino universitário sejam muitas, como referem Machynska e Dzikovska (2020) e Nuere e Miguel (2020), não se pode negar que os desafios enfrentados pelos professores apresentam tanto aspectos positivos quanto negativos (Machynska & Dzikovska, 2020), sobretudo os relacionados à utilização de tecnologias e conexões digitais (Nuere & Miguel, 2020; Watermeyer et al., 2020). Todavia, mesmo com os inegáveis desafios, experiências positivas têm sido vivenciadas por Universidades, como exemplificam Mckimm, Gibbs, Bishop, & Jones (2020) e Klapkiv e Dluhopolska (2020).

Entretanto, não se pode negar que a emergente migração on-line por parte das universidades gerou, em muitos professores, uma disfuncionalidade significativa, perturbando seus papéis pedagógicos e suas vidas pessoais (Grant, Wallace, & Spurgeon, 2013; Oliveira, 2004; Watermeyer et al., 2020). Ou seja, a rotina do professor foi inquestionavelmente acometida, o que leva a segunda hipótese desta pesquisa.

Hipótese 2. A pandemia da COVID-19 influenciou na rotina pessoal de cuidados dos professores universitários.

Destaca-se que a rotina do professor universitário se apresentava cotidianamente repleta de interações sociais e profissionais com pessoas de diversas idades, com diferentes interesses, proporcionando-o um vasto repertório social e uma constante socialização. Os diversos vínculos sociais, como o familiar, as amizades e as próprias relações no contexto universitário consistem em fonte de apoio ao indivíduo, principalmente quando enfrenta problemas, doenças ou situações difíceis (Ruiz & Gerhardt, 2012; Sanicola, 2008). Deste modo, como afirmam Asmundson, Abramowitz e Richter (2010), especialmente para esses profissionais ambientados em um contexto universitário em todas as suas características, o isolamento tem o potencial de desencadear diversos sintomas, que, por sua vez, podem evoluir para transtornos psicológicos. Tais transtornos psicológicos podem ser agravados, especialmente nas pessoas que já possuem alguma desordem psíquica (Huremovic, 2019).

Tratando-se da realidade imposta pela pandemia, Maunder et al. (2003), Araújo et al., (2020), Brooks et al. (2020) e Shigemura et al. (2020) referem que a saúde mental de pessoas em isolamento social pode ser muito prejudicada devido ao medo de infectar-se ou infectar membros da família. O isolamento do professor, independente da sua vontade, tem o potencial de trazer sensações de medo e ansiedade que podem se agravar, uma vez que, durante uma pandemia, depara-se constantemente com inconstâncias e incertezas (Shigemura et al., 2020). Dados os possíveis prejuízos na saúde física e mental dos professores, expõe-se a terceira hipótese desta pesquisa.

Hipótese 3. A pandemia da COVID-19 impactou os professores universitários, debilitando sua saúde física e mental.

Com a singularidade da pandemia vivenciada, cada vez mais mazelas são apontadas nas pesquisas, inclusive as relacionadas à saúde física e mental das pessoas. Lhuilier (2020) afirma que o momento de pandemia tem demonstrado diversas dimensões de vulnerabilidade no mundo do trabalho, repercutindo em vários dilemas relacionados à saúde do trabalhador. Especificamente relacionado ao trabalho docente, Araújo et al. (2020) e Gusso et al. (2020) tratam do explícito adoecimento dessa categoria, sobretudo em razão das inúmeras incertezas, medos e inseguranças, elevando o nível de estresse, ansiedade e depressão, muitas vezes chegando ao esgotamento.

Portanto, estudos apontam que a pandemia impactou os(as) docentes(as) universitários(as), debilitando sua saúde física e mental, podendo estar relacionada a fatores já referenciados por Pimentel (1999) e Pereira Neto, Londero-Santos e Natividade (2019). Especificamente, entre as pesquisas realizadas, Silva et al. (2020) chamam atenção para o adoecimento dos docentes nesse momento pandêmico, o que não é diferente com a população em geral com o prolongamento da pandemia, como bem pontuam Sunjaya et al. (2021).

Assim, desafios visíveis e invisíveis que permeiam a educação necessitam de mais pesquisas. Por mais que o estudo de caso aqui desenvolvido seja único, ele contribui para com o gap de pesquisa sobre o tema e o universo da pesquisa. E ainda, dada a atualidade e a emergência do tema, fica evidente a necessidade de mais pesquisas, sobretudo empíricas.

Diante do exposto, esta pesquisa tem como objetivo investigar o impacto da COVID-19 sobre a rotina e a saúde do professor universitário, tomando como campo de pesquisa uma Universidade comunitária do norte do Rio Grande do Sul, a qual imediatamente retomou as suas atividades remotamente, trabalhando dessa maneira todo o primeiro semestre de 2020 e seguindo com o modelo híbrido no segundo semestre desse mesmo ano, bem como todo o ano de 2021 (aulas teóricas continuam no modelo remoto e as práticas são realizadas presencialmente, seguindo as instruções normativas do momento relacionadas a todos os cuidados). Para tanto, os procedimentos metodológicos são delineados.

 

Método

Visando a confirmação ou refutação das hipóteses aqui apresentadas, esta pesquisa classifica-se como exploratória descritiva, realizada por meio de pesquisa de levantamento com survey interseccional (Köche, 1997) e com abordagem quantitativa (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2009).

Participantes

Esse estudo se propõe a investigar os impactos da COVID-19 sobre a rotina e a saúde do professor universitário de rede privada, tomando como campo de pesquisa uma Universidade comunitária do norte do Rio Grande do Sul, a qual imediatamente retomou as suas atividades remotamente. Para tanto, a população pesquisada é composta por todos os professores do ensino superior que fazem parte do seu quadro funcional (aproximadamente 720 docentes).

Dada a dificuldade de atingir 100% da população, considerou-se uma amostra mínima, de acordo com o cálculo amostral, com a margem de erro de 10% e com intervalo de confiança de 90%, assim, a amostra esperada era de 87 respondentes. Entretanto, o número de questionários respondidos ultrapassou a amostra estimada, chegando em de 105 questionários completamente respondidos.

Esta amostra foi formada por 56,7% de docentes do gênero feminino, contra 43,3% docentes do gênero masculino, com idade entre 30 a 59 anos (92,5%), na sua grande maioria casados (60%), com um ou dois filhos (63,8%), dividindo o mesmo lar com 2 a 4 pessoas (89,5%). Quanto a escolarização dos docentes, mais de 85% possuem título de mestre (50,5%) ou doutor (35,2%), o que sugere que estes possuem conhecimentos relevantes para o ensino nas áreas em que atuam. No tocante à crença/religião, a maioria dos docentes são católicos (60%) e os demais, exceto os 25,7% que se consideram ateus, seguem os dogmas da religião afro-brasileira, espiritismo, evangelismo, cristianismo luterana ou budismo.

No que concerne ao tempo de exercício como docente, a maioria dos participantes possuem longos anos de experiência profissional, sendo que 40% dos docentes atuam na profissão entre 10 a 19 anos; 24,8% tem entre 20 a 29 anos de experiência; 19% encontram-se na docência entre 4 a 9 anos e os demais 9,5% estão entre 30 a 39 anos. Apenas 6,7% dos docentes estão com a carreira de docência em estágio inicial (até 3 anos). Esse percentual elevado de professores com vastos anos de exercício na docência, indica que o perfil da amostra pesquisada é experiente no meio.

No referente à carga horária de trabalho semanal, mais de 38% dos docentes dedicam 40 horas semanais para a docência, enquanto quase 26%, 20 a 30 horas semanais, bem como, 17% ocupam entre 31 a 39 horas semanais para a atividade e 19% dedicam menos de 20 horas semanais. Ainda, 60% dos docentes ministram aula para 5, 6 ou mais turmas. Diante disso, evidencia-se a existência de docentes com dedicação exclusiva à profissão, bem como aqueles que exercem concomitantemente outras atividades.

Instrumentos

Os dados foram coletados no final do mês de novembro por meio de um questionário elaborado na plataforma Google Forms e enviado por e-mail institucional a cada professor. Antes da aplicação do questionário, visando a sua validade, ele passou por um pré-teste junto a um grupo de 5 professores universitários de outras Instituições de Ensino Superior, no início do mês de novembro de 2020. O questionário foi elaborado pelas autoras, tendo por base a revisão integrativa realizada, o referencial teórico e o objetivo delineado, ele foi estruturado em cinco partes, composto por 35 questões (32 fechadas e 3 abertas), visando identificar o máximo de dados relacionados ao objetivo da pesquisa: 1) Dados pessoais; 2) Dados profissionais; 3) COVID-19 e saúde; 4) COVID-19 e rotinas; 5) COVID-19 e percepções. Observa-se na Tabela 1 que foram formuladas assertivas para os dois construtos desta pesquisa (saúde - física e mental, rotinas), em relação as quais se solicitou aos docentes que indicassem o seu grau de concordância com cada frase em uma escala likert de cinco pontos.

 

 

Procedimentos de Coleta de Dados e Cuidados Éticos

Seguiram-se os procedimentos éticos de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, segundo à resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466/2012. Como se trata de uma pesquisa que envolve a participação de seres humanos, o projeto foi encaminhado para apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e aprovado (CAAE: 36567520.6.0000.5342), no intuito de assegurar os direitos dos participantes. Após sua aprovação, o questionário foi encaminhado como um convite a todos os participantes da pesquisa, não havendo, de forma alguma, a obrigatoriedade de resposta. Assim, a participação na pesquisa foi formalizada por meio da assinatura digital do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) seguindo as diretrizes do CEP.

Procedimentos de Análise de Dados

Os dados coletados foram tratados por meio de método de análise estatística descritiva e multivariada de Análise Fatorial Explorátória (AFE) e Modelagem de Equações Estruturais (MEE), com a utilização do software SPSS. A análise estatística permite uma visão de conjunto do ponto de vista tanto das variáveis envolvidas, quanto dos impactos da COVID-19 sobre a saúde e rotina do professor universitário. Desse modo, as três hipóteses delineadas nesta pesquisa puderam ser confirmadas ou refutadas, estando elas relacionadas aos três aspectos: 1) percepção do docente sobre o trabalho; 2) rotina pessoal e; 3) saúde física e mental.

Os dados coletados foram analisados por meio de estatística descritiva e escala de confiabilidade de Alfa de Cronbach para a compilação dos dados sociodemográficos e, a hipótese 1. Para testar as hipóteses 2 e 3, foi utilizada a AFE e MEE através do software SPSS e Amos. A técnica multivariada foi escolhida porque examina diversas relações de dependência simultaneamente (Hair et al., 2009). Essa técnica é entendida por autores do campo (Klem, 2002; Thompson, 2002; Ullman, 2007) como uma mistura de análise fatorial e análise de regressão, que permite aos pesquisadores testar estruturas fatoriais de instrumentos de medida psicométrica.

 

Resultados e Discussão

Esta seção expõe os resultados da pesquisa, atendendo ao objetivo proposto inicialmente. A primeira hipótese de pesquisa investigou sobre a nova rotina de trabalho do docente. Para a verificação dessa hipótese, foram realizadas estatísticas descritivas para quatro perguntas sobre COVID-19 e rotina profissional, com três opções de respostas, conforme Tabela 2.

 

 

Frente ao exposto pela Tabela 1, observa-se a avaliação de confiabilidade pelo Alfa de Cronbach, que consiste em calcular a correlação existente entre cada item do teste e os demais itens, ou o total dos itens. Hair et al. (2009) estabelecem a expectativa de erro da medida. Quanto mais próximo de 1,00, menor a expectativa de erro e maior a confiabilidade do instrumento, sendo considerado uma boa escala de confiabilidade os valores a partir de 0,700. O resultado obtido foi de 0,738, o que demonstra um grau de fidelidade e adequação aceitável.

Diante disso, os resultados alcançados por meio das respostas dos docentes permitem aceitar a hipótese 1, evidenciando que a pandemia alterou a percepção de trabalho dos docentes universitários, levando-os a buscarem adaptação e trabalharem mais do que o habitual. Na primeira assertiva pode ser observado que 73,3% apresentaram dificuldades em estabelecer um horário de trabalho específico, pressupondo que executaram suas atividades além dos horários em que estariam em sala de aula ou pesquisa. A expressiva maioria dos participantes afirmou que têm trabalhado mais do que o habitual (81,9%) e 43,8% não está conseguindo concluir as atividades laborais. Nesse contexto, Ferreira e Barbosa (2020) destacam que antes da pandemia e do isolamento social, as jornadas de trabalho dos docentes já eram longas, entretanto, o contexto de trabalho remoto aumentou ainda mais o tempo de trabalho, principalmente em razão da preparação das aulas em caráter virtual, a qual inclui, inclusive, a compreensão antecipada do manuseio da tecnologia.

Além disso, Ferreira e Barbosa (2020) também aludem que a autonomia do docente sobre o próprio trabalho ficou prejudicada durante a pandemia, devido à impossibilidade de domínio sobre a própria imagem, sensação de menor controle do trabalho e aumento de manipulações e acusações, condições potencializadas pelo ensino remoto. Ademais, o ensino remoto demandou adaptação, capacidade de criar, editar e publicar conteúdos, imaginação, esforço e produção, além do habitual (Camacho et al., 2020). Desse modo, refere Oliveira (2004) que o profissional pode sofrer com a fragmentação da identidade e desvalorização da profissão, devido à necessidade de realizar tarefas que não consistiam na prática habitual da profissão, dispendendo mais tempo para o trabalho e elevando a carga laboral.

Quanto à última assertiva, 50,5% dos respondentes consideraram que seu local de trabalho remoto é confortável ou adequado, sendo que praticamente a outra metade considerou parcialmente confortável (41%). Frente a essa questão, Moffat e Vickery (2002) chamam a atenção para a postura e importância de dispor de equipamentos e meios para mantê-la correta e adequada. Os autores referem que o grande número de horas que os docentes passam em uma mesma posição durante o dia pode acarretar riscos ergonômicos, seja pela falta dos equipamentos apropriados, temperatura, som e luminosidade, ou por desinformação.

Machynska e Dzikovska (2020) e Nuere e Miguel (2020) afirmam que com a pandemia, o trabalho do professor universitário foi impactado abruptamente e, necessariamente, cada docente teve que voltar o olhar para a sua própria prática profissional. Machynska e Dzikovska (2020) acrescentam que os professores viveram paradoxalmente vários aspectos: utilização de tecnologias, saúde física e mental, espaço da vida pessoal e profissional. Assim, não se pode negar as conturbações na vida pessoal e profissional do fazer pedagógico do docente, que no cenário pandêmico, aconteceu no espaço da vida pessoal, elevando os desafios na busca do equilíbrio entre as tarefas profissionais e domésticas (Losekann & Mourão, 2020; Watermeyer et al., 2020). Consoante a isso, os docentes descreveram os seus pensamentos mais recorrentes sobre o trabalho durante a pandemia, os quais são apresentados em forma de nuvem de palavras2 (Figura 1).

 

 

Observa-se que dentre as múltiplas preocupações referentes ao trabalho, destacam-se a exaustão pelo excesso/sobrecarga de trabalho e reuniões online, preocupação em relação ao futuro profissional e da instituição de ensino, sentimento de impotência, incompetência sobre as diversas atividades e demandas profissionais, insegurança, incertezas quanto ao retorno das atividades presenciais, estresse, desmotivação, insatisfação com o desempenho profissional e dos alunos, dentre outros pensamentos negativos. Diante disso, cabe ressaltar que os professores, salvo os que já trabalhavam com a educação à distância (EAD), tiveram uma mudança disruptiva em suas atividades. Sem serem avisados ou consultados e até mesmo capacitados, rapidamente tiveram que ser capazes de trabalhar com ferramentas tecnológicas diversas, necessárias ao ensino remoto. Além desses aspectos, Gusso et al. (2020) destacam as dificuldades que envolvem o enfrentamento de casos de adoecimento por COVID-19, seja dentro do próprio domicílio do indivíduo, de familiares, bem como o estresse gerado em função do distanciamento social e das demandas relacionadas as atividades familiares e domésticas.

Para executar o MEE, primeiro procedeu-se à validação dos construtos por meio da AFE nos indicadores para analisar as hipóteses 2 e 3, cujo objetivo abrangente foi identificar as relações subjacentes entre as variáveis medidas. Dado o fato de que as variáveis foram originalmente relacionadas neste estudo, fez-se necessário passar os construtos por um processo de validação.

Ambos os construtos obtiveram KMO (Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de amostragem) com valor aceitável (Rotina = 0,735; Saúde Física e Mental = 0,888 > 0,50). O teste indica que as variáveis analisadas estão relacionadas e, portanto, o uso da análise fatorial faz sentido. Realizada pelo método de rotação Varimax com normalização Kaiser. Esse procedimento é utilizado para validar a fidedignidade do instrumento que avalia os itens do trabalho.

Baseado na distribuição estatística de χ2 (Qui-Quadrado), o teste de esfericidade de Bartlett testa a hipótese nula de que a matriz de correlação é uma matriz identidade, isto é, não há correlação entre as variáveis. O resultado obtido para o teste foi de valor-p (Sig = 0,000), que é inferior a 0,001, conclui-se que as variáveis são correlacionadas, ou seja, as variáveis são consideradas boas medidas fatoriais para os dois construtos de pesquisa.

As comunalidades indicam a quantidade de variância explicada pelos fatores comuns a essas variáveis, ou seja, a proporção da variância das variáveis originais atribuída ao fator considerado. Conforme estipulado, espera-se que um fator deverá explicar pelo menos metade da variância de cada variável original (comunalidade ≥ 0,50). Nesse caso, as comunalidades são superiores a 0,50 indicando que boa parte da variância dos itens manifestos é explicada pelos fatores Rotina e Saúde Física e Mental. Ao prosseguir-se na EFA, verificam-se os autovalores próprios iniciais (eigenvalues) maiores de 1. Mais uma vez, ambos os construtos tiveram, devido ao critério de raiz latente, suas extrações realizadas através de um fator pré-existente, que permite a derivação de um número de fatores e variáveis.

O último requisito a ser considerado na EFA são as cargas fatoriais para cada variável. Com o resultado obtido nos autovalores próprios iniciais, três componentes foram extraídos através do método de extração de análise de componente principal. O valor almejado para as cargas fatoriais é de ≥ 0,30, todas as variáveis apresentaram fortes cargas fatoriais, acima do valor almejado. Por fim, o construto foi submetido à análise de confiabilidade Alfa de Cronbach, que apresentou o valor 0,627 para o construto Rotina e 0,868 para o construto Saúde Física e Mental. Portanto, com confiabilidade ≥ 0,60, os construtos são considerados fidedignos.

Após a validação inicial dos construtos através da AFE, propõe-se um modelo integrado para a MEE. Trata-se, em seguida, de fazer a transição da análise exploratória, na qual o pesquisador não controla as variáveis que descrevem cada fator, a um modo de confirmação, em que o pesquisador especifica os indicadores de cada construto (fator). Conforme pode se observar na Figura 2 do modelo integrado, os dados coletados são indicadores ou variáveis manifestas do modelo de mensuração e são utilizados para medir os construtos latentes.

Prossegue-se, então, para a análise das relações estruturais. Na Tabela 4, referente ao Coeficiente padronizados e significância das relações do modelo proposto, são apresentados os resultados das Hipóteses 2 e 3, sendo que as hipóteses foram analisadas por meio do método de Mínimos Quadrados Parciais para estimação da modelagem de equações estruturais, pelo fato de tal método permitir a modelagem de variáveis latentes com indicadores formativos.

 

 

A amostra desta pesquisa se mostra adequada para a análise das hipóteses por meio do PLS, via bootstrapping. O bootstrap calcula os intervalos de confiança dos parâmetros em circunstâncias nas quais outras técnicas não são aplicáveis, em particular quando o número de elementos da amostra é reduzido, e valor-p mais confiáveis para amostras pequenas (Hair, Black, Babin, Anderson, & Tatham, 2009). Os índices de qualidade de ajustamento apresentados na Tabela 3, em sua maioria atingiram os valores desejados.

 

 

O qui-quadrado atingiu significância do nível de aceitação, no entanto, seguindo a recomendação de Hair et al. (2009) e Kline (2011), de que para amostras maiores podem ser consideradas a relação entre qui-quadrado/graus de liberdade. No modelo, a divisão do qui-quadrado pelos graus de liberdade é igual a 1,319, o que fica dentro do limite, que é a obtenção de um valor inferior a 3,00.

Pode se observar que os índices RMSEA, GFI, CFI, NFI e TLI apresentam valores aceitáveis, sendo (> 0,90). PGFI, PCFI e PNFI também com níveis satisfatórios (> 0,60). Sendo esses índices critérios fundamentais para o modelo.

Frente ao exposto, observa-se que as hipóteses 2 e 3 são aceitas, uma vez que os valores dos coeficientes apresentaram "valor-p" significativos estatisticamente para todas as variáveis.

A Hipótese 2 da pesquisa testou se pandemia da COVID-19 influenciou na rotina pessoal de cuidados dos professores universitários, sendo que todos os resultados foram significativos 1%, conferindo sua aceitação. Com a pandemia, o trabalho do professor universitário foi impactado abruptamente, repercutindo sobretudo em sua rotina pessoal. Diante disso, verificou-se as alterações de quatro variáveis de segunda ordem do constructo "rotina pessoal e COVID-19", constatando que a maior alteração se deu no lazer, seguido da rotina pessoal, exposição ao sol e, por fim, as atividades físicas. A pandemia trouxe muitas restrições, com ela, atividades antes realizadas ao ar livre ou em ambientes como academias, centros massoterapêuticos e outros, foram suspensos total ou parcialmente. As medidas de contenção social impostas em razão da então falta de vacina para cura do vírus, causaram o "recolhimento" das pessoas em suas casas e para algumas, ao sedentarismo involuntário.

Longe das salas de aula, o aumento do volume e horas de trabalho, bem como o compartilhamento do espaço de trabalho, em muitos casos, com o espaço da família, desencadeou nos docentes ansiedade e sobrecarga de trabalho. Um possível problema de trabalhar em casa de acordo com Grant et al. (2013) é a sobreposição causada pelo trabalho físico, que pode causar problemas de saúde mental, incluindo trabalho excessivo. Mencionam os autores que o pensamento no trabalho ainda pode permanecer após o computador ter sido desligado. O lar é visto como um local de restauração, e misturar trabalho e atividades domésticas no mesmo local causa impacto sobre o bem-estar mental e físico.

As condições do distanciamento devido à COVID-19 impuseram aos professores a busca por outras formas de organização pedagógica para manutenção da rotina acadêmica dos alunos. Diversos desafios relacionados ao ensino remoto, tais como a adaptação e flexibilização em relação a uma nova forma de ensino e a aprendizagem, utilização das ferramentas tecnológicas para o ensino, gerou sentimento de insegurança, incompetência e dúvidas; alteração na motivação e engajamento dos alunos no ambiente virtual; dificuldades enfrentadas pelos estudantes que impactaram também na relação pedagógica; as demandas e cobranças institucionais se agravaram (Godoi et al., 2020). Nesse contexto, Losekann e Mourão (2020) ao tratar do Home Office como resposta à imposição do momento, afirmam que muitos são os desafios dos trabalhadores na busca do equilíbrio entre as tarefas profissionais e domésticas. Lhuilier (2020) apregoa que fica notória a intensificação do trabalho docente e a vulnerabilidade que o acomete. No momento de pandemia foram evidenciadas diversas dimensões de vulnerabilidade no mundo do trabalho, repercutindo em vários dilemas relacionados à saúde do trabalhador, refere o autor. A sobrecarga de trabalho pode prejudicar de forma distinta o impacto sobre sua vida, sua autonomia, suas interações sociais e a possibilidade de exercer devidamente seu trabalho (Canguilhem & Caponi, 1995).

Em relação à hipótese 3, ela também foi aceita como estatisticamente significativa a 1 e 5% (Tabela 4), cujas variáveis observáveis demonstraram que a pandemia da COVID-19 impactou os professores universitários, debilitando sua saúde física e mental. Observa-se que os principais motivadores dessa causa se relacionaram a fatores como: aumento das dores de cabeça dificuldade de concentração, maior incidência de tristeza, irritação, esgotamento mental, alterações na rotina do sono, necessidade de remédios de uso contínuo, dentre outros males, já apontados em estudos anteriores por Pimentel (1999), Pereira Neto, Londero-Santos e Natividade (2019), CEPEDES (2020). Aliado a essas consequências, Maunder et al. (2003), Brooks et al. (2020) e Shigemura et al. (2020) referem que a saúde mental de pessoas em isolamento social em razão da situação pandêmica, como foi o caso da maioria dos docentes universitários, pode ser muito prejudicada devido ao medo de infectar-se ou infectar membros da família. Além disso, muitas vezes, por não conseguir atingir os objetivos propostos pela instituição, e em razão às diversas pressões pertinentes ao manuseio das tecnologias e gravações de aulas, os docentes acabam adoecendo (Silva et al., 2020).

Estudos também revelam que as tecnologias digitais necessitam transcender a educação bancária de propagação de conhecimentos, precisando ser criados ambientes de participação, reflexão dialógica, alargando o raciocínio clínico, crítico, diferenciado (Mckimm et al., 2020). Em equivalência, observações internacionais já revelam o adoecimento docente revelado pelas incertezas, estresses, ansiedade e depressão, induzindo à síndrome do esgotamento profissional (Araújo et al., 2020).

Quando ao pertencimento ao grupo de risco da COVID-19, do total de 105 respondentes, 69,5% disseram não pertencer ao grupo de risco da COVID-19, enquanto 22,9% se caracterizaram como pertencentes ao grupo de risco e 7,6% desconhecem. Apesar da maioria não se enquadrar no grupo de risco, há um número considerável considerado mais vulnerável. Nessa concepção, os docentes foram direcionados a descrever quais são os pensamentos e/ou sentimentos mais recorrentes em relação à saúde durante o período de pandemia. As respostas são apresentadas em forma de nuvem de palavras3, na Figura 3.

Observa-se na Figura 3 a predominância de muitos sentimentos, sobressaindo-se o medo e a preocupação, estando relacionados com o medo de adoecer, contrair o vírus, perder familiares e morrer, preocupação com a saúde física e mental, falta de exercícios físicos, dores no copo, cansaço, ansiedade, esgotamento, depressão, dentre outros. De acordo com Asmundson et al., (2010), profissionais ambientados em um contexto universitário, com o isolamento, apresentam um potencial elevado de sintomas negativos, que, por sua vez, podem evoluir para transtornos psicológicos, especialmente aqueles que já possuíam alguma desordem psíquica (Huremovic, 2019).

Ao encontro desses aspectos, os docentes também foram direcionados a descrever a respeito do impacto da pandemia sobre o trabalho (H1), sobre a rotina pessoal (H2) e sobre a saúde física e mental (H3). Algumas das respostas de tal questão aberta são evidenciadas na Tabela 5, retratando e corroborando com a aceitação das hipóteses.

Nota-se que muitas foram as consequências da pandemia sobre a saúde dos docentes, existindo uma diversidade de reações frente a uma mesma situação. O medo da infecção foi potencializado em razão do exponencial aumento do número de mortos pela COVID-19 no momento da realização do questionário. Assim, Asmundson e Taylor (2020) referem que diante da realidade pandêmica, surgiu o constructo denominado "coronafobia" para caracterizar o sofrimento e medos ocasionados pela pandemia.

Por fim, na expectativa do retorno às atividades presenciais, os docentes foram levados a discorrer sobre quais são os pensamentos que os rondam quando o assunto é o retorno às atividades "normais". Eis algumas das respostas: "Não sei se eu quero voltar para às atividades normais"; "Tenho medo, mas desejo de retomar às mesmas"; "Quero que volte o quanto antes"; "Só volto depois da vacina, e que o retorno seja gradual e seguro"; "Sem vacina, nem pensar em retorno"; "Gostaria muito de poder voltar, mas com todos os protocolos de segurança"; "Espero ansiosa por isso, porém ainda temos o vírus".

Dentre as respostas, fica evidente que o sentimento e desejo dos docentes de retorno às atividades presenciais se conflitam com o medo de contrair o vírus. Shin e Liberzon (2010) e Garcia (2017) afirmam que o medo é um dos sentimentos mais presentes nas pessoas diante de pandemias e todas as incertezas inerentes. O medo é intrínseco à biologia humana, protegendo o indivíduo de riscos e ameaças, porém, em excesso, torna-se nocivo, podendo desencadear em depressão, ansiedade generalizada e ansiedade por medo da morte. Tratando-se da realidade imposta pela COVID-19, o isolamento do ambiente de trabalho elevou as sensações de medo e ansiedade, uma vez que os docentes depararam-se constantemente com inconstâncias e incertezas (Shigemura et al., 2020). O medo da infecção ainda pode ser potencializado, surgindo preocupação excessiva com os sintomas fisiológicos, necessidade de buscar medidas de reasseguramento, estresse relacionado às perdas sociais e ocupacionais (Asmundson & Taylor, 2020).

 

Conclusões

Chegando ao final desta pesquisa, pode-se afirmar que o objetivo foi alcançado, sendo que foi possível investigar o impacto da COVID-19 sobre a rotina e a saúde do professor universitário, havendo a confirmação das três hipóteses propostas. Fica evidente, por meio dos resultados obtidos, que a pandemia da COVID-19 impactou os docentes nas esferas da vida pessoal, social, econômico-financeira, psíquica e sobretudo laboral. O isolamento social ampliou as preocupações, impactando direta ou indiretamente a atividade docente e, por conseguinte, refletindo significativamente na saúde mental e física, aliado às preocupações e conturbações entre o espaço do lar e profissional.

A rápida demanda pela "reinvenção docente" obrigou-os a se adequarem a novas práticas de ministrar aulas, sem perder a "criatividade" a fim de torná-las mais aprazíveis. Atrelado a tais exigências e aos longos períodos em frente ao computador, riscos ergonômicos, aumento da monotonia, redução da concentração, entre outros se intensificam, desencadeando crises de ansiedade, estresse ou até mesmo depressão. Entretanto, diante de reflexos negativos apresentados e vividos pelos docentes, visualizam-se potenciais conhecimentos e aprendizados, que apesar de serem implementados compulsoriamente em razão da pandemia, se apresentam como possibilidade da promoção de um processo de ensino-aprendizagem mais criativo, reflexivo, dialógico e emancipatório, tão clamado pelo ensino.

Contudo, como limitações do estudo, salienta-se primeiramente que ele foi realizado em uma única Universidade comunitária, e os resultados não podem ser generalizados para todo o campo universitário do Brasil. Também se aponta como limitação de pesquisa a utilização de apenas abordagem quantitativa, limitando a resposta dos participantes. Outra limitação refere-se ao fato do presente estudo ser de corte transversal, realizado em um período de tempo específico.

Com as discussões tecidas neste artigo, espera-se contribuir para lançar luz a problemas que os professores universitários enfrentaram com a Covid-19, ficando evidente a necessidade de se pensar e propor ações com o intuito de minimizar os impactos sofridos. Nessa lógica são apresentadas sugestões para pesquisas futuras: 1) Aplicar os ins¬trumentos de medida utilizados nesta pesquisa em outros con¬textos e amostras, como por exemplo em outras Universidades, inclusive públicas, realizando comparações; 2) Adotar abordagem metodológica qualitativa ou mista (quanti-quali) a fim de aprofundar o entendimento; 3) Realizar análises confirmatórias das estruturas empíricas utilizadas nesta pesquisa; 4) Aprofundar as discussões sobre a saúde do professor universitário; 5) Verificar outros impactos na saúde do professor universitário; 6) Criar programas de promoção à saúde e prevenção do adoecimento para minimizar os impactos anteriormente citados; 7) Realizar pesquisas longitudinais sobre a temática.

Por fim, salienta-se como imprescindível a sensibilização da gestão universitária e do próprio quadro dos professores com o intuito de minimizar o sofrimento e promover a saúde dos docentes nesse momento ímpar vivenciado na sociedade. Para tanto, emerge a necessidade de repensar atitudes e ações voltadas a rotina e saúde do professor universitário em razão do impacto da COVID-19.

 

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Informações sobre os autores:
Anelise Rebelato Mozzato
E-mail: anerebe@upf.br

Fernanda Rebelato Mozzato
E-mail: mozzato97@gmail.com

Maira Sgarbossa
E-mail: 114278@upf.br

Geizi Cássia Bettin do Amarante
E-mail: 126993@upf.br

Submissão: 10/02/2021
Primeira Decisão Editorial: 05/12/2021
Versão Final: 19/12/2021
Aceito em: 07/01/2022

 

 

1 Para a revisão integrativa de literatura, dada a atualidade do tema, a pesquisa foi realizada no ano de 2020 nas bases de dados Web of Science, Scopus, Pepsic, Scielo, Spell, Mendline e Lilacs. Realizaram-se doze buscas nas referidas bases de dados, em língua portuguesa e inglesa, no título, nos resumos e palavras-chave, sem delimitação de área do conhecimento, com as seguintes combinações de termos: Busca 1: "pandemia" AND "educação superior"; Busca 2: "covid-19" AND "educação superior"; Busca 3: "coronavírus" AND "educação superior"; Busca 4: "pandemia" AND "ensino superior"; Busca 5: "covid-19" AND "ensino superior"; Busca 6: "coronavírus" AND "ensino superior"; Busca 7: "pandemic" AND "higher education"; Busca 8: "covid-19" AND "higher education"; Busca 9: "coronavirus" AND "higher education"; Busca 10: "pandemic" AND "university education"; Busca 11: "covid-19" AND "university education"; e Busca 12: "coronavirus" AND "university education". Na busca geral, foram localizados 646 estudos, encontrados nas bases de dados na Web of Science, Scopus, Scielo, Medline e Spell. As demais bases não retornaram resultados. Após a aplicação dos filtros (de inclusão: ano 2020, artigos, revisões e journals; de exclusão: teses, livros e artigos que não atendiam ao objetivo da pesquisa, bem como, estudos relacionados ao processo de educação no ensino superior relacionado a rede pública), ficaram 384 estudos, sendo que 120 destes estavam duplicados (localizados em mais de uma base de dados ou busca). Excluídos os estudos duplicados, foi realizada a leitura do resumo, introdução e conclusão de 264 artigos a fim de verificar se atendiam ao objetivo desse estudo. Com essa etapa, foram excluídos 260 estudos, restando 4, os quais se aproximam da temática proposta.
2 A nuvem de palavras foi formada com base nas respostas da seguinte questão aberta "durante a pandemia, quais são os pensamentos mais recorrentes que você tem sobre o seu trabalho?". As respostas foram organizadas manualmente em um documento no software Word®, listando todas as palavras em ordem de maior e menor frequência. Em paralelo, utilizou-se o software Wordle®, um programa on-line de acesso livre que cria nuvens de palavras, onde digitou-se as palavras, repetindo-as quantas vezes foram mencionadas entre os participantes. Quanto maior o tamanho da palavra, maior sua frequência de citação pelos respondentes.
3 A nuvem de palavras foi formada com base nas respostas da seguinte questão aberta "durante a pandemia, quais são os pensamentos mais recorrentes que você tem sobre a sua saúde?". A organização e listagem das respostas, bem como a geração da nuvem de palavras por meio do software Wordle®, seguiu as mesmas etapas já referidas na Figura 1.

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