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Revista de Psicologia da UNESP

versão On-line ISSN 1984-9044

Rev. Psicol. UNESP vol.15 no.1 Assis jan./jun. 2016

 

ARTIGOS

 

Alienação e criatividade na constituição da subjetividade: contrapontos entre Lacan e Winnicott

 

Alienation and creativity in subjectivity's constitution: counterpoints between Lacan and Winnicott

 

 

Carolina Sakiyama; Érico Bruno Viana Campos

Faculdade de Ciências - UNESP Bauru

 

 


RESUMO

O artigo parte da discussão sobre a constituição da subjetividade em uma perspectiva psicanalítica e, mais especificamente, o quanto uma pessoa repete o desejo do outro e o quanto ele, autenticamente, pode criá-lo na definição de sua identidade. O objetivo desta pesquisa é discutir a dicotomia entre alienação e criatividade na constituição da subjetividade. Para tanto, se respaldará na teoria do narcisismo e se utilizará principalmente dos conceitos de alienação e desejo, da teoria lacaniana, e de criatividade e espaço potencial, da teoria winnicottiana. Compreendendo que as contribuições de ambos os autores são originais e importantes para esta reflexão, busca-se utilizá-las para ajudar a entender os dilemas fundamentais que se colocam na definição da identidade dos seres humanos.

Palavras-chave: Psicanálise. Narcisismo. Alteridade. Alienação. Criatividade.


ABSTRACT

This article approaches the constitution of subjectivity under a psychoanalytic perspective, specially trying to understand how much someone repeats other's desire and how much he can authentically create it in its own identity definition. Its objective is to discuss the dichotomy between alienation and creativity in subjectivity's constitution. In this sense, it will be based in the narcissism, especially employing the concepts of alienation and desire from Lacanian theory and Winnicott's concepts of creat ivity and potential space. Understanding that the contributions of both authors are original and important to this discussion, it stands that they are useful to enable the further understanding of the fundamental dilemmas in defining human identity.

Keywords: psychoanalysis, narcissism, alterity, alienation, creativity.


 

 

Introdução

Este artigo consiste em um ensaio teórico, de caráter exploratório e preliminar, que tem por objetivo a discussão sobre a constituição da subjetividade em uma perspectiva psicanalítica, partindo de um tema clássico na psicologia e no senso comum, que é o quanto uma pessoa repete o desejo do outro e o quanto ele autenticamente pode criá-lo na definição de sua identidade. Para tanto, se respaldará na teoria do narcisismo e se utilizará dos conceitos de alienação e desejo, da teoria lacaniana, e a criatividade e espaço potencial, da teoria winnicottiana. Compreendendo que, embora partindo de quadros de referência teórica distintos, as contribuições de ambos os autores são originais e importantes para esta reflexão, procura-se utilizá-las para ajudar a entender os dilemas fundamentais que se colocam na definição da identidade dos seres humanos. Em especial, é uma problemática que incide sobre uma questão fundamental que permeia toda a compreensão do narcisismo e mesmo a concepção de sujeito em psicanálise, dentro do paradoxo que classicamente foi anunciado por Freud, com base em Goethe: "Aquilo que herdaste de teus pais, conquista -o para fazê- lo teu" (FREUD, 1912/1996, p.160).

O conceito de narcisismo (FREUD, 1914/1996) foi de grande importância para a teoria psicanalítica, uma vez que, por meio dele, houve a necessidade de se repensar a constituição da subjetividade. Não obstante, trata-se de um conceito ambíguo e não suficientemente sistematizado na teoria freudiana. Em sua obra, Freud (1914/1996, 1921/1996, 1940/1996) não deixa claro o momento do narcisismo no âmbito dos estágios de desenvolvimento psicossexual. Comentadores clássicos (GARCIA-ROZA, 1998; LAPLANCHE; PONTALIS, 1998) apontam essas disparidades, mostrando como, antes de 1920, o narcisismo primário era caracterizado como o momento de unificação do ego, indicando uma fase intermediária entre o autoerotismo e o narcisismo secundário, que era indefinidamente relacionada à constituição ego ideal ou ideal de ego. Depois de 1920, no entanto, o narcisismo primário passa a se confundir com autoerotismo, podendo-se entender que, a partir daí, o primeiro constituiria um estágio anobjetal do desenvolvimento da libido. Dessa forma, o conceito de narcisismo, apesar de fundamental para o entendimento da construção da subjetividade humana, é apenas incipiente na teoria psicanalítica de Freud e ganhou variados caminhos nas escolas pós-freudianas.

Contudo, apesar das disparidades, o resgate e ampliação do conceito do narcisismo pelos pós-freudianos permitiu chegar à posição contemporânea que pensa o narcisismo não só como uma etapa do desenvolvimento da libido, mas também como fundamental à constituição do sujeito. Trata-se de uma formação necessária e permanente do indivíduo que traz a marca da alteridade (CAMPOS, 2014; GARCIA-ROZA, 1998). Sendo o narcisismo primário definido como uma extensão do narcisismo dos pais, tem-se que este necessariamente se configura na emergência do eu com base na relação com os outros. É nesse sentido, inclusive, que esse conceito nos interessa, pois é essencial para entender a construção da subjetividade humana e como isso ecoa na vida das pessoas. Constituindo um projeto de vida e fruto do desejo dos pais, o ser humano será marcado pela projeção narcísica parental e o seu narcisismo terá como essência a intersubjetividade e a alteridade, já que se dá em uma relação entre sujeitos. De acordo com Magalhães:

Assim, o recém-nascido carece dos principais atributos que definem o ser humano. Esta carência só pode ser preenchida por figuras que exercerão a função materna e a função paterna, que desde estas funções engendrarão um corpo erógeno, uma sexualidade no sentido psicanalítico do termo. (2004, p. 55)

No que diz respeito a este trabalho, apesar de compreender a importância das contribuições da Psicologia do Ego e da teoria kleiniana para o conceito de narcisismo, o enfoque será baseado na teoria lacaniana e winnicottiana. A nossa hipótese é de que as saídas apontadas por Lacan e Winnicott são mais interessantes e originais para a problemática em estudo, além de se posicionarem em contraponto uma à outra no campo do paradoxo enunciado sobre a constituição da identidade, enunciando também posições distintas com relação ao lugar da alteridade na constituição da identidade do eu.

 

Lacan e a alienação na constituição do sujeito do inconsciente

A constituição da subjetividade na teoria lacaniana possui aspectos originais, como dito anteriormente. No que diz respeito ao constructo da teoria do narcisismo, o autor aprofunda tal temática ao resgatar o papel da alteridade como fundamental ao desenvolvimento da identidade nos sujeitos. Por meio do estágio do espelho, Lacan (1949/1998) aponta para a insuficiência do ser que nasce e a necessidade do Outro como alguém capaz de dar sentido e significado à experiência e à existência do bebê. Na condição de ser insuficiente, portanto dependente e desamparado, demanda um outro capaz de reconhecê-lo como sujeito, enquanto ele mesmo não o possa fazer. Isso quer dizer que há um assujeitamento da criança ao outro, no registro do imaginário, como a primeira forma de alienação ao desejo do Outro, fundamental para dar alicerces à constituição de sua subjetividade. O segundo constructo teórico desse autor, igualmente importante para essa temática, contíguo ao estágio do espelho, é o complexo de Édipo - a segunda alienação pela qual o sujeito passa, mas que não diz respeito ao registro imaginário e sim ao simbólico. Por meio da castração se reconhece a falta e, com ela, o sujeito passa a ser um sujeito marcado pela incompletude. Por essa razão, é capaz de simbolizar e constituir sua subjetividade nesse regime de simbolização, que é propriamente da ordem do desejo (LACAN, 1953/1999). Dessa forma, discorrer sobre ambos os constructos teóricos de Lacan é fundamental para este trabalho, no sentido de compreender o desenvolvimento do psiquismo no que diz respeito à constituição de um sentimento de identidade do eu, pelos mecanismos de alienação e simbolização.

A questão do narcisismo em Lacan é desenvolvida e aprofundada com base em um operador conceitual que aparece muito cedo na obra deste autor, que será o cerne de sua teoria sobre o registro do Imaginário. Lacan (1949/1998) formula a teoria do estágio do espelho que, de acordo com Garcia-Roza, constitui uma experiência que se dá na criança "a partir dos seis meses de idade e lhe permite formar uma representação de sua unidade corporal por identificação à imagem do outro, matriz a partir da qual se formará o primeiro esboço de eu"(1998, p. 67). Essa experiência não se refere necessariamente à concretude da criança frente ao espelho e sim à relação dela com o outro, pois se trata de um processo de constituição do eu, que para Lacan está articulado ao processo geral de estruturação da subjetividade.

Nesse percurso, Lacan (1958/1999) resgata a problemática do narcisismo em psicanálise e o inclui como momento na constituição e resolução do complexo de Édipo, trazendo concepções inovadoras, em especial a proposição de uma diferenciação de dois tipos do narcisismo, um primário e um secundário, como dois momentos estruturantes da subjetividade. De acordo com Garcia-Roza, para a teoria lacaniana existe um primeiro narcisismo ligado a uma identificação à imagem unificada corporal que abre espaço ao ego ideal, e um segundo narcisismo que se relaciona propriamente a uma idealização da imagem do outro, na qual impera o ideal do ego, de tal forma que "a formulação de Lacan tem a vantagem de articular de modo coerente narcisismo primário e narcisismo secundário, identificação narcísica primária e identificação narcísica secundária e, ainda, eu ideal e ideal do eu" (GARCIA-ROZA, 1998, p. 66).

Essas duas formas de narcisismo estão articuladas em uma teoria geral da constituição da subjetividade por meio do modelo dos três tempos do complexo de Édipo (LACAN 1958/1999). De acordo com Dor (1989), o primeiro tempo é caracterizado por uma "confusão primeira entre si e o outro" (p.79), em que a referência primordial e o seu assujeitamento é operada pela presença de um semelhante. O segundo tempo diz respeito já à capacidade da criança em reconhecer o outro do espelho como não sendo o real e sim uma imagem, enquanto o terceiro tempo se configura como a consolidação da compreensão pela criança de que o reflexo no espelho é uma imagem e que sua presença naquele reflexo diz respeito a ela mesma. Concomitante ao terceiro tempo da fase do estágio do espelho, ocorre o primeiro momento do Édipo, em que a criança identifica-se com o desejo da mãe, caracterizando uma relação de assujeitamento, ou seja, uma identificação fálica da criança com a mãe. Com essa dinâmica identificatória, surge a necessidade de uma instância mediadora, a função simbólica do pai, que irá interditar o acesso onipotente da criança à mãe. Tal privação demarcará uma falta à criança, pois ela terá de renunciar a ser o objeto de desejo da mãe e esta, por sua vez, também aceitará a enunciação da lei paterna como forma de legitimá-la. Ao final do complexo de Édipo, a criança introjetará a lei paterna, sendo ela mesma portadora e perpetuadora dessa simbolização, o que permitirá não somente a repressão dos impulsos pela assimilação dessa lei, mas também, pela falta, proporcionará à criança um espaço de simbolização e, portanto, de transformação.

Nesse esquema geral da constituição da subjetividade, pode-se notar uma inflexão importante da abordagem lacaniana para o tema do narcisismo, a saber, o reconhecimento da alienação ao outro como imprescindível e constituinte de sua própria subjetividade. Como apontam Bleichmar e Bleichmar:

Nesta identificação com uma imago que não é mais do que a promessa daquilo que virá a ser, há uma falácia: o sujeito se identifica com algo que não é. Na verdade, acredita ser o que o espelho ou, digamo-lo logo, o olhar da mãe lhe reflete. Identifica-se com um fantasma; usando o termo lacaniano, com um imaginário. Desde muito cedo, o homem fica preso a uma ilusão, da qual procurará se aproximar pelo resto de sua vida. [...] Portanto, vemos que o estágio do espelho não é apenas um momento do desenvolvimento do ser humano. É uma estrutura, um modelo de vínculo que operará durante toda a sua vida (1989, p.144).

Dessa forma, o estágio do espelho de Lacan, não só se configura como uma passagem estrutural na constituição do sujeito, mas também se identifica como a primeira alienação pela qual o indivíduo passará. Pelo olhar da mãe é que se produz a identidade do bebê, de forma que o sujeito se aliena ao desejo da mãe sendo ele próprio posicionado como objeto de desejo dela, ou seja, em ser o falo materno. Mas essa alienação originária só se sustenta na medida em que a função materna é sustentada e medeia a estrutura geral da rede simbólica da linguagem e da cultura, de tal forma que, como ressalta Dor (1989), a subjetividade se constitui em uma dupla alienação ao registro da alteridade: o outro imaginário e o Outro simbólico. Assim, a segunda alienação - afirma Lacan - refere-se ao campo do simbólico, produto do Complexo de Édipo, em que o sujeito interditado e castrado pela Lei do Pai, renuncia sua posição de objeto de desejo da mãe, para se permitir "ter" o falo, em vez de "ser" o falo. A díade mãe-bebê é quebrada, uma vez que ocorre a aceitação da lei da castração por meio da produção da chamada metáfora paterna, em que o significante do desejo materno é recalcado e há o deslocamento do valor fálico para o significante do "nome-do-pai" (DOR, 1989). A identificação paterna e o recalque introduzem uma mudança profunda no que diz respeito ao aparelho psíquico, pois instaura o funcionamento simbólico propriamente dito, mediado pela linguagem verbal. Da substituição do "falo" pelo "nome-do-pai" surge o "[...] universo significante que exige nossa subordinação às leis da linguagem (o Outro)" (BLEICHMAR; BLEICHMAR, 1989, p.160).

Ainda nessa perspectiva, o narcisismo é o momento de implantação do circuito pulsional, e as necessidades que se manifestam por meio de tensões no bebê são sanadas pela mediação do Outro que, por sua vez, possui a capacidade de interpretar os sinais advindos da criança e, consequentemente, nesse processo de recepção e interpretação de sinais, são evocadas as próprias fantasias, que se referem ao desejo. Com base nessa vivência de satisfação é que se constitui a pulsão. Ela emerge como exigência e retorna como significado, ou seja, das necessidades e tensões do recém-nascido, os cuidadores suportam-nas, interpretam e, ao mesmo tempo, inserem seu desejo no outro por meio das fantasias (MAGALHÃES, 2004).

Portanto, para a teoria lacaniana clássica, existe uma dupla alienação, e ambas são estruturantes do processo de constituição do sujeito. A primeira delas, inaugurada no estágio do espelho, diz respeito ao campo do imaginário, e a segunda, produto do complexo de Édipo, refere-se ao campo simbólico. Independente do sistema, seja no nível imaginário seja no simbólico, a alienação, como propriedade intrínseca à constituição da subjetividade, tem como uma das principais características uma dialética intersubjetiva, apoiada na concepção hegeliana de uma dialética do senhor e do escravo (BLEICHMAR; BLEICHMAR, 1989). Embora essa posição clássica de Lacan, calcada no campo do significante e da articulação simbólico-imaginária, tenha sido revista a partir do último momento de sua obra, marcado pela inflexão para o campo do gozo e para a prevalência do registro do Real (DOR, 1989), essa visão geral da constituição da subjetividade foi a que prevaleceu e se consolidou como o legado lacaniano no âmbito mais geral da psicanálise contemporânea.

Dessa forma, tendo em vista a discussão deste artigo, umas das contribuições mais fundamentais que Lacan legou foi o resgate da alteridade na formação do eu e a reiteração da força da alienação para a constituição da subjetividade. No entanto, essa visão do narcisismo é de caráter estrutural e impessoal, na medida em que a função materna nada mais é do que um mediador da estrutura simbólica da linguagem. Isso implica que sua visão da constituição da subjetividade é pautada pela alienação como condição originária, da qual o sujeito só pode se apropriar - e por ela responsabilizar-se - por meio da assunção da falta como condição de simbolização. Essa conquista do simbólico é o que permite ao sujeito se constituir como uma identidade diferenciada, destacada da alienação mortífera e psicotizante própria das origens imaginárias do desejo.

 

Winnicott e a criatividade na formação do espaço potencial

A teoria de Winnicott interessa a este trabalho, pois permite uma reflexão acerca da constituição da subjetividade que fornece um contraponto à proposta de Lacan, calcada na alienação como forma de constituição do sujeito. Winnicott, ao propor uma teoria do desenvolvimento maturacional do ser humano, amplia a compreensão do narcisismo pelo estabelecimento de uma gradação entre o eu e o outro, ou seja, a conquista de uma personalidade unificada é produto de um longo processo de integração do eu, no qual o espaço potencial e a criatividade se destacam como elementos centrais.

Winnicott "formulou uma teoria do amadurecimento pessoal normal, considerada por ele mesmo como a espinha dorsal (backbone) do seu trabalho teórico e clínico" (DIAS, 2003, p.17) que se baseia no entendimento do papel do ambiente nos estágios primitivos na constituição da personalidade humana (WINNICOTT, 1983). Além disso, o autor também explicita, por essa teoria, a influência materna como fundamental na constituição da subjetividade.

Pensando no esquema geral do desenvolvimento da personalidade, o enfoque winnicottiano proporciona uma visão maturacional a respeito do sujeito, como dito anteriormente, o que significa que suas contribuições tendem a ser significativas principalmente nos estágios de desenvolvimento originário. No entanto, os principais conceitos do autor, no que concerne a este trabalho, como, por exemplo, a constituição do verdadeiro self, os fenômenos e objetos transicionais, a criatividade e espaço potencial, todos eles se referem, inicialmente, ao narcisismo primário e ao estágio da dependência absoluta, embora se prolonguem até o estágio edípico e se mantenham como dimensões fundamentais da subjetividade.

Winnicott não renega o complexo de Édipo, ao contrário, ele é incluído em sua teoria do amadurecimento. Além disso, também traz considerações importantes a respeito dessa fase, pelas conceituações de elemento masculino e feminino puro, sentimento de ambivalência perante a castração, além da figura paterna, caracterizada pelo autor como figura importante do ambiente, por ser capaz de sobreviver, castigar e perdoar, atuando como promotor do estágio de preocupação (WINNICOTT, 1990). Contudo, por conta da riqueza de seu trabalho teórico, principalmente no que se refere aos estágios primitivos de desenvolvimento, nos quais, segundo o autor, residem as bases da personalidade e da saúde psíquica do sujeito, foram destacadas, ao longo de sua trajetória profissional, principalmente as temáticas relacionadas aos estágios de desenvolvimento anteriores ao complexo de Édipo.

No que diz respeito, propriamente, a sua teoria, em primeiro lugar, Winnicott (1983) ressalta a importância que o ambiente tem, ao receber o bebê, como um facilitador da sua constituição. Nele, o papel da mãe é crucial para o seu desenvolvimento e irá conduzir o sujeito do mundo subjetivo para a realidade externa, mas sem perder de vista os objetos subjetivos criados por ele. Isso é configurado como um processo de integração, na qual a mãe, como principal referência e base de sustentação, irá fornecer para o bebê as primeiras ferramentas para a concepção da sua personalidade, ou seja, para a formação da identidade do eu a partir de uma relação primariamente indiferenciada. Nesse sentido, a mãe suficientemente boa é aquela que consegue manejar a delicada relação com o bebê por meio do holding (sustentação), do handling (manejo) e da apresentação do objeto (DIAS, 2003). Além disso, ela é simultaneamente função, ambiente e objeto que possui a capacidade de frustrar a criança e, ao mesmo tempo, sustentá-la no sentido emocional e psíquico mais profundo (ABRAM, 2000).

Em segundo lugar, em sua teoria, destaca-se outro tema, referente à importância do brincar na constituição subjetiva (WINNICOTT, 1975). Trata-se da questão do paradoxo no estabelecimento de uma gradação entre o eu e o outro, em que serão ressaltados os fenômenos e objetos transicionais. Nesse aspecto, entende-se que o autor destaca o papel da ilusão e da criatividade como fundamento essencial do sentimento de continuidade de ser e, portanto, núcleo do verdadeiro self. O self, como experiência fundamental no âmbito da existência e parte do desenvolvimento sadio do bebê (verdadeiro self), deve-se ao fato de os cuidados ambientais serem recebidos desde o início. Como a mãe também é parte desse ambiente, ela atende às necessidades do bebê de maneira adequada, possibilitando, inclusive, que ela se coloque no lugar do bebê. Nesse regime de cuidados, é possibilitada a continuidade da experiência de ser do bebê, que não é traumatizada por demandas e intrusões que forçam uma diferenciação precoce entre a experiência do bebê, o ambiente e seus objetos. Essa continuidade é base para um sentimento de autenticidade e de propriedade, fundamental para o estabelecimento de um núcleo originário da subjetividade, que será então o verdadeiro self (WINNICOTT, 1990).

Esse verdadeiro self, portanto, é constituído em um regime de indiferenciação entre o eu e o outro, que vai sendo progressivamente suplantado ao longo do desenvolvimento emocional, de um estado de dependência absoluta para uma perspectiva de independência. Mas essa progressão não é entendida pelo autor de forma linear ou com uma demarcação clara entre os estágios de indiferenciação e diferenciação, pelo contrário. Além disso, ressalta a importância da ilusão de onipotência do bebê sobre o ambiente como condição primária de toda subjetividade e também dos processos de simbolização.

Outro aspecto a ser destacado na compreensão da gênese da subjetividade e dos processos de simbolização, para Winnicott (1975), são os fenômenos transicionais e a concepção de um espaço potencial como área intermediária entre o eu e o outro. Os fenômenos transicionais são aqueles que expressam o paradoxo inerente a essa transição entre eu-outro, paradigmaticamente ilustrado pelos objetos transicionais como simultaneamente objetivos e subjetivos. Ou, ainda, constituindo um espaço potencial como área intermediária da experiência. É o que atesta Klautau:

Portanto, os objetos e fenômenos transicionais podem ser entendidos como algo que é produzido para que o espaço entre o bebê e a mãe permaneça permanentemente potencial, isto é, para que este espaço nunca se constitua realmente como uma falta, não estabelecendo, assim, uma descontinuidade na experiência de dependência primitiva. (2002, p.129)

Nesses fenômenos, a questão fundamental é da ordem da onipotência, porém, de uma ilusão que não é alienante ou falsa e sim base da criatividade. Isso porque esse objeto-subjetivo primário é fruto da ilusão de que foi criado pelo desejo do bebê. Nesse sentido, essa ilusão:

[...] não aponta para a realização de um desejo, [...] nem se refere à busca ideal a ser alcançado, [...]. Tampouco diz respeito à ordem pulsional ou serve de proteção contra o desamparo, mas implica na conceituação de um território intermediário entre a realidade pessoal e o mundo externo, que constitui a partir de um paradoxo cujo valor reside em ser sustentado como tal. (GARCIA, 2007, p. 172)

Assim, o bebê, que depende em absoluto da mãe e acredita que esta faz parte conjuntamente consigo, é o mesmo bebê que se sente capaz de criar onipotentemente o ambiente. Os fenômenos transicionais caracterizam o paradoxo, pois se inserem em um espaço intermediário em que interno e externo não estão definidos para o bebê. Isso, de acordo com Dias (2003), é chamado de "repouso criativo" e união/separação mãe-bebê, ou seja, o eu e o não-eu. A criatividade aqui reside na capacidade e potencialidade que o bebê possui para suavizar a entrada da realidade externa e, consequentemente, a percepção dela objetivamente. Isso quer dizer que os fenômenos transicionais também podem ser caracterizados como uma atividade simbólica, já que o bebê está criando um novo espaço e um novo mundo, por meio da criação de um espaço potencial, a terceira área da experiência, que não é delirante nem objetiva (BLEICHMAR; BLEICHMAR, 1989). Nesse momento, a tarefa de separar os fatos das fantasias também não é considerada fundamental, pois é um espaço essencial que aglutina as experiências singulares e a continuidade de ser rumo ao mundo objetivo por meio da criatividade.

Dessa forma, pode-se entender que Winnicott, com os conceitos de fenômenos e objetos transicionais, bem com os de potencialidade criativa e de espaço de ilusão, levanta questões importantes a respeito da constituição da subjetividade e da identidade. De acordo com essa concepção, o amadurecimento é considerado um percurso pelo qual se inicia na dependência rumo à independência, que, no entanto, nunca será absoluta. Além disso, a constituição do eu não é pautada pela falta como condição de simbolização e de apropriação dos sentidos que constituirão uma história própria para o senso de identidade, mas sim pelo seu fundamento em um núcleo de verdadeiro self como continuidade de ser e indiferenciação entre eu e outro. A simbolização não é o ultrapassamento da onipotência mortífera, e o sujeito nunca se desliga por completo de seu solo narcísico originário, o que instaura uma visão menos dicotômica sobre as polaridades entre o que é repetição e o que é criação. Em suma, apesar da independência nunca ser completa, sendo uma condição inerente das pessoas, ela não anula o sentimento de se estar vivendo sua própria vida, ou seja, existe a possibilidade de criar e ter sensação de autenticidade e originalidade próprias. Nesse sentido, Winnicott contribui para se pensar em um sujeito que, em sua origem, não é fundamentalmente alienação, mas ilusão criativa.

 

A subjetividade entre a alienação e a criação

A dicotomia existente entre o herdado e o criado no contexto da constituição da personalidade inicialmente surge no tecido vincular do grupo familiar. É nesse espaço narcísico que se encontram as alianças e os pactos inconscientes que promovem a seguridade e a continuidade do investimento libidinal para o sujeito e o seu conjunto:

A criança, desde a sua vinda ao mundo, é requerida para compartilhar os enunciados dos ancestrais, assegurando a continuidade geracional e a identidade familiar, ás vezes, ao custo da sua integridade psíquica e até mesmo somática, já que estes enunciados poderão contradizer suas próprias percepções internas e externas. (CORREA, 2003, p.40)

Dessa forma, no que diz respeito à constituição da subjetividade, existem os aspectos que emergem pela via da elaboração, no sentido de possibilitar transformações e diferenciações do indivíduo em relação ao seu grupo ou família. Ou seja, referem-se a um "sujeito que não é somente beneficiário, herdeiro, servidor forçado, mas também adquirente singular daquilo que lhe é transmitido" (TRACHTENBERG, 2012, p. 158). Há, também, o sujeito que se torna depositário das angústias dos outros, como uma espécie de um self habitado e parasitado que invade violentamente o psiquismo do sujeito. Sem possibilidade de preservar a singularidade e subjetividade do sujeito, resta-lhe a compulsão à repetição e a necessidade de ocupar o lugar que lhe é determinado.

Diante do exposto, podemos dizer que ambas as teorias endossam, a partir de seu olhar sobre o momento do narcisismo, perspectivas distintas sobre o fundamento da subjetividade, as quais estão calcadas em posições diferentes sobre a falta e a relação eu-outro. A tradição lacaniana enfatiza a submissão ao desejo do outro como uma forma de alienação que só pode ser suplantada pela instauração da castração. Nesse caso, a falta age como constituinte do circuito do desejo e da própria subjetividade, daí a máxima de que o sujeito do inconsciente é constituído e marcado pela falta. Como endossa Klautau, o que há de fundamentalmente novo em Lacan é o "prisma com que lida com esta relação mãe-bebê, acentuando o valor construtor da noção de falta para o desenvolvimento do psiquismo". (2002, p.136).

Já para Winnicott, a ilusão é necessária e se estabelece ancorada em um senso de continuidade, constituindo a base da criatividade. Nesse sentido, é um autor que contribui ao estabelecer nuances na distinção entre o eu e o outro e na própria concepção de falta, afirmando o paradoxo e ambiguidade como características fundamentais da experiência subjetiva:

Ao voltar a afirmar que a separação é impossível, Winnicot se refere, então, ao lugar onde vivemos como aquele em que se dão a junção e a separação, o eu e o não-eu, o espaço da ilusão, portanto, como território do paradoxo criativo. A singularidade e a variabilidade das experiências pessoais e as vicissitudes da vida de cada um constituem a marca de origem deste espaço potencial onde a produção do símbolo de certa forma evita a separação... separando. Mais uma vez, o paradoxo, mais uma vez, a ilusão, solo de constituição subjetiva na teoria winnicottiana. (GARCIA, 2007, p.173)

O mundo interno e o externo convivem na subjetividade da criança por meio do espaço potencial, que Winnicott delimitou como a terceira área da experiência humana, pois nela residem os fenômenos e objetos transicionais. Além disso, esse mundo intermediário é um espaço potencial de repouso e experimentação que abriga a criatividade que estará presente ao longo da vida da pessoa, vinculada à autenticidade do verdadeiro self.

Algumas aproximações já foram feitas entre a teoria winnicottiana e a lacaniana, em especial por abordarem a metáfora do espelho na constituição subjetiva e também por tematizarem o narcisismo a partir da noção de uma função materna (ARAÚJO, 2005; DINIZ; ROCHA, 2006). Contudo, trata-se de concepções muito distintas. A teoria lacaniana parte do pressuposto de uma ilusão que se produz a partir do desejo do Outro, ou seja, de uma concepção de alienação originária, como posição ontológica fundamental sobre a concepção do eu, em que a concepção de alteridade é marcada pela falta (POLI,2005). Já alteridade, para Winnicott, se expressa mediante uma certa seguridade que a mãe proporciona ao bebê, dando a ele a possibilidade da construção de um self por meio de sua potencialidade e criatividade, dentro da terceira área de experiência, onde só posteriormente um eu poderá emergir de forma diferenciada (DIAS, 2003). Nesse sentido, a ênfase é na continuidade e em gradações na instauração da falta na diferenciação entre eu e outro. Além disso, é o solo de indiferenciação e continuidade do verdadeiro self que é base para a criatividade e a autenticidade.

 

Considerações Finais

Diante do exposto, pode-se concluir que, em linhas gerais, em uma perspectiva lacaniana, a concepção de narcisismo deve ser ultrapassada pela assunção da falta que permitirá o desenvolvimento dos processos de simbolização, que estão na base do desejo propriamente dito, por meio da triangulação edípica. Nesse sentido original, o desejo é produto da renúncia e o narcisismo é uma resistência a esse destino necessário que remete ao campo da recusa, da psicose e da alienação mortífera. O que a teoria do amadurecimento de Winnicott mostra, por sua vez, é uma outra dimensão do narcisismo, na qual a sustentação da realidade e da autenticidade não é fruto somente da renúncia e da falta, mas de um processo em que uma reserva de ilusão, onipotência e criatividade pode ser garantida como núcleo da personalidade e fundamento da realidade. Por fim, são concepções distintas de origem da subjetividade, já que o primeiro autor parte de uma diferença já dada entre a experiência do bebê e o registro da alteridade, enquanto o segundo parte de uma indiferenciação originária, anterior ao eu, o que o faz, inclusive, renunciar a utilizar propriamente o termo narcisismo.

Nesse sentido, pensando nos dois diferentes enfoques, é possível refletir sobre os processos de simbolização desse momento do desenvolvimento como sendo essenciais à constituição da subjetividade. A simbolização não significa apenas uma parcela de maturidade adquirida pela criança, mas, fundamentalmente, com essa capacidade - seja ela advinda da castração do complexo de Édipo, como corrobora Lacan, seja da criatividade desenvolvida no espaço potencial da criança, como diz Winnicott - abre-se a possibilidade para que o ser humano (pelo reconhecimento de incompletude, mas assegurado em um solo de ilusão), faça a travessia de um espaço de indiferenciação para um espaço de diferenciação, consiga buscar o que lhe falta.

No sentido de problematizar sobre os filhos como projeto de vida dos pais, somado à indissociabilidade da sua constituição subjetiva e, ao mesmo tempo, a constante busca de se livrar dessas amarras, resultando em uma responsabilidade pelas escolhas que a condição de liberdade humana implica, a concepção lacaniana e winnicottiana permite entender o paradoxo em que as amarras inconscientes do desejo fornecem um legado e as próprias condições de autonomia no movimento em busca de sentido, marcando uma posição ética trágica na concepção de sujeito própria da psicanálise.

Em consonância com essas questões, pode-se entender a autonomia dos sujeitos como uma falsa ideia que, desvinculada da compreensão da determinação do desejo, se torna ingênua. É justamente por meio do reconhecimento desses limites que existe a possibilidade de transformação da inadequação que já nasce com o sujeito. A criança, tanto para Winnicott como para Lacan, não poderá desenvolver uma subjetividade capaz de simbolizar e, portanto, adentrar no meio social e cultural, sem que ocorra a frustração e a falta, isto é, a perda do viver onipotentemente e o lugar de completude. Por conta disso, a mãe é somente suficientemente boa e, assim como a criança, a mãe também é barrada pela falta.

Portanto, refletir sobre o processo de simbolização dos sujeitos é retomar os mecanismos básicos das primeiras relações do bebê, como, por exemplo, a castração, a falta, o desejo, os fenômenos transicionais e a criatividade.

Apesar de os conceitos abordados neste trabalho serem apresentados didaticamente de forma separada, a oposição entre alienação e criatividade não pode ser entendida como uma dicotomia. A transformação - de objeto do desejo dos pais até sujeito do desejo - revela-se uma tarefa para a vida toda, em que a alienação, a criatividade e a simbolização operam como constantes ao longo das experiências dos indivíduos. Dessa forma, as teorias de Winnicott e Lacan revelam concepções fundamentais, no que diz respeito à constituição da subjetividade, que abordam fenômenos distintos e mesmo díspares. Seus objetos teóricos são distintos e partem de concepções muito diferentes sobre a subjetividade, o que torna qualquer ideia de complementaridade ou mesmo de oposição teórico-conceitual inviável. Não obstante, permitem pensar, cada um ao seu modo e em suas limitações, as polaridades dessa dicotomia que atravessa a constituição da identidade do eu. Isso porque a compreensão da autonomia na constituição de um sentimento de identidade própria necessariamente perpassa a questão da alienação e da castração. No entanto, a assimilação desses limites de forma alguma deve ser restritiva ou determinista. Além disso, o escopo das abordagens teóricas trabalhadas transcende o recorte aqui efetuado, de forma que as aproximações e os contrapontos apontados só podem ser entendidos a partir de uma perspectiva genérica sobre o legado desses autores. Não obstante, as considerações aqui apresentadas podem servir de balizas de referência para uma investigação mais aprofundada e sistemática sobre as articulações entre essas duas tradições, no contexto da psicanálise contemporânea. Nesse sentido, caracteriza-se propriamente o caráter exploratório deste ensaio e suas limitações.

De todo modo, é possível concluir afirmando que é a partir do real reconhecimento da alienação e das amarras inconscientes que permeiam a vida dos seres humanos que se torna possível transformá-las por meio da criatividade, de forma que os processos de simbolização sempre se desenvolverão no âmbito dessa dicotomia originária. Da mesma forma que o sentimento de pertencimento a um grupo não se baseia em relações concretas de aprisionamento e sim em referenciais simbólicos ideais, pode-se pensar que as diferentes modalidades identificatórias construídas ao longo da vida possam ter muito mais a serventia de uma constituição singular transformadora do que de uma compulsão à repetição.

 

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