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Revista de Psicologia da UNESP

versão On-line ISSN 1984-9044

Rev. Psicol. UNESP vol.19 no.1 Assis jan./jun. 2020

http://dx.doi.org/10.5935/1984-9044.20200004 

ARTIGOS

 

A imaginarização do campo político e suas consequências

 

The imaginarization of the political field and it's consequences

 

 

Luís Otavio Pereira Nicodemos

Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ)

 

 


RESUMO

O campo político no Brasil vem passando por momentos de turbulência, principalmente após o ano de 2013. Diante disso, os fenômenos de agressividade e intolerância política vêm ganhando notoriedade e, no intuito de analisar tais questões, nos utilizaremos da psicanálise freudiana e de alguns conceitos da metapsicologia, como narcisismo, bem como do Lacan do imaginário, em textos como O Estádio do Espelho como formador da função do Eu (1949/1998), para tentar lançar luz sobre algumas dessas questões, como a contribuição dessa imaginarização dos fenômenos de intolerância política no país, nos últimos anos, em especial até o ano de 2018.

Palavras-chave: psicanálise; política; agressividade; Brasil


ABSTRACT

The political field in Brazil has been going through moments of turbulence, especially after the year of 2013. In face of this, the phenomena of aggressiviness and political intolerance have been gaining notoriety and in order to analyze such issues, we will use Freudian psychoanalysis and his concepts such as narcissism, as well as the Lacan of the imaginary in texts such as The Mirror Stage as Formative of the Function of the I (Lacan, 1949/1998) to try to shed light on some of these issues, such as the contribution of this imaginarization of politics to the phenomena of political intolerance in the country, specially until the year of 2018

Key words: psychoanalysis; politics; aggressiveness; Brazil


 

 

A psicanálise é tradicionalmente pensada como um campo de investigação e de tratamento psíquico que privilegia a clínica. Entretanto, desde Freud, nos seus mais de 30 anos de prática e desenvolvimento teórico, outras áreas de aplicações da psicanálise já foram se desenhando. Podemos citar, por exemplo, os ditos textos sociológicos de Freud, como Psicologia das Massas e Análise do Ego (1922/2011) ou o Mal-Estar na Civilização (1930/2010), onde o autor trabalha as relações sociais e seus paradigmas, bem como as relações dos processos psíquicos do indivíduo com o campo social em que está inserido.

Tal tradição de pensamento da psicanálise dentro do social se expandiu e se encontra cada vez mais articulada com outras áreas do conhecimento, como a sociologia, a filosofia e a ciência política. Podemos citar como exemplos os trabalhos do teórico esloveno Slavoj Zizek, Violência (2007/2014) e Pensar o Atentado ao Charlie Hebdo (2015) e, no Brasil, os trabalhos feitos por pesquisadores como Christian Dunker, em Mal-Estar, Sofrimento e Sintoma (2015), ou como Vladimir Safatle, em Pensamento Binário (2015) e Por uma crítica da economia libidinal (2008).

Com esse referencial de pensamento, propomos discutir a agressividade pautada na intolerância política que se desenha no Brasil nos últimos anos, principalmente a partir de 2013, com as grandes manifestações nas ruas e suas consequências no cenário político.

De acordo com Secco (2013), essas manifestações não eram marcadas ideologicamente, mas tinham em comum o fato de serem contra a política tradicional de modo geral, com 84% das pessoas se declarando sem partido. Um indicativo plausível da crise de legitimidade que a política enfrentava e que, possivelmente, culminou nos resultados dos dois últimos ciclos eleitorais do país, com a presença de figuras tidas como outsiders do campo político tradicional.

As eleições que se seguiram em 2014 já colocaram em evidência situações relacionadas a esse tipo de agressividade com motivações políticas que até então não se mostrava com tanta evidência. Uma notícia veiculada em 2014 pelo site UOL, em parceria com a Folha, apontava o grande aumento no número de crimes de ódio nas redes sociais. De acordo com o texto, "discussões em redes sociais sobre as eleições fizeram aumentar em 84% o número de denúncias de crimes de ódio cometidos na web. As páginas incluem conteúdo relacionado a racismo, homofobia, xenofobia, neonazismo e intolerância religiosa."1 Segundo levantamento presente na notícia, a diferença entre o período logo antecedeu as eleições de 2014 em comparação com o mesmo período sem eleições de 2013, é enorme: "8.429 denúncias envolvendo crimes de ódio no Facebook e no Twitter foram feitas entre 1º de julho e 6 de outubro deste ano; 3.018 páginas hospedavam os conteúdos. No mesmo período de 2013 - sem eleições-, foram 4.583 denúncias para 1.719 páginas" (UOL, 2014).

Quatro anos depois, já nas eleições presidenciais de 2018, a situação se mostra agravada e a polarização alcança novos patamares, culminando até em assassinato. O mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, foi morto com doze facadas após o primeiro turno da eleição presidencial, em decorrência de uma discussão política. Segundo o irmão da vítima que estava presente no ocorrido, ele e Romualdo estavam em um bar com um primo e começaram a falar sobre o resultado do primeiro turno das eleições. Eles haviam votado no candidato do PT, Fernando Haddad, quando, no decorrer da conversa, o agressor se intrometeu defendendo o outro candidato a ir para o segundo turno, Jair Bolsonaro. A discussão se agravou até que o criminoso pagou a conta, foi em casa, buscou uma faca e esfaqueou Romualdo e mais uma pessoa. De acordo com a Delegada do caso "Foi mesmo uma discussão por causa de política, até a vítima sobrevivente já confirmou. O autor do crime estava defendendo Bolsonaro e a vítima, do lado do PT. De acordo com as testemunhas, houve ofensas verbais de lado a lado. O autor então foi em casa, pegou a faca, voltou e fez o que fez" 2.

A própria facada sofrida pelo então candidato à presidência Jair Bolsonaro, amplamente noticiada pela mídia no período, pode ser citada como um dos exemplos do clima político intenso que atravessa o país nesses últimos anos, em conjunto com outros dados.

As posições que o Brasil ocupa no ranking de crimes contra minorias nos últimos anos é outra informação relevante nesse contexto. Em 2013, nosso país foi responsável por 44% das mortes LGBT no mundo, além de ocupar o primeiro lugar no ranking mundial de assassinatos de transexuais no mesmo período.3

Tal tendência se agravou nos anos seguintes, sendo registrado um aumento de 30% nos assassinatos LGBT entre 2016 e 2017, segundo levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), em reportagem do jornal O Globo em 2018. De acordo com a notícia, "a cada 19 horas um LGBT é assassinado ou se suicida vítima da 'LGBTfobia', o que faz do Brasil o campeão mundial desse tipo de crime. " O número se torna ainda mais impressionante ao se levar em conta outro trecho da notícia: "Segundo agências internacionais de direitos humanos, matam-se mais homossexuais no Brasil do que nos 13 países do Oriente e África onde há pena de morte contra os LGBTs" 4

A intolerância religiosa se faz presente também dentro desse cenário. De acordo com notícia do Correio Brasiliense5, o Brasil apresenta pelo menos 200 casos desse tipo por semestre, sendo as religiões de matriz africana as que mais sofrem esse tipo de violência.

A quantidade de exemplos que podemos extrair da mídia é enorme e evidencia o patamar que o Brasil ocupa como um país altamente intolerante. Essa dificuldade de lidar com as diferenças, cada vez mais presente nos regimes democráticos ocidentais, parece resultar nesse tipo de agressividade dentro da política que circula fortemente no Brasil de hoje.

Podemos, então, tomar, como uma primeira base teórica para pensarmos essa agressividade, os textos freudianos que apontam essa tendência inata para a agressividade que nós, seres humanos civilizados, possuímos, mas tentamos reprimir para sustentar a vida em sociedade.

No decorrer de sua obra, Freud aponta que o psiquismo humano é organizado entre o conflito de forças antagônicas entre si e que a civilização se utiliza de dispositivos que levam o indivíduo a renunciar a essas tendências primitivas, pois, se elas fossem exercidas livremente, levariam a uma autodestruição da sociedade. Posteriormente, tais tendências foram nomeadas como pulsões de vida e pulsões de morte (Freud, 1920/2010) e apresentam entre si uma tensão fundamental que visa satisfazer tanto o indivíduo quanto a cultura (ou civilização), por meio desse conflito direto e duradouro (1930/2010).

Por vezes, essa renúncia às tendências agressivas não se dá de forma completamente eficiente, ocasionando episódios de violência que atravessam o cotidiano da sociedade e a história da civilização como um todo. O debate sobre esses episódios não é novo e vem sendo feita desde a antiguidade por filósofos como Platão, Sócrates e depois, na modernidade, por Kant (Perine, 2002).

Já no século XX, temos a famosa troca de cartas entre Albert Einstein e Freud no período entre guerras do século passado. O mundo, traumatizado com os horrores da Primeira Guerra e na beira da ocorrência da Segunda, buscava caminhos e discutia sobre nossa capacidade para a violência com os outros, a fim de que se entendesse e tentasse evitar novos conflitos de tal magnitude (Monteiro, 2002). Nessas cartas, Einstein questiona Freud não só sobre as guerras entre nações, mas também sobre as guerras civis, com base na intolerância religiosa e nas perseguições às minorias, que viriam a ganhar outro capítulo na Segunda Guerra. ( Freud, 1933/1996).

Freud responde comentando que essa dimensão agressiva é inerente à nossa constituição do Eu e que, por mais que nós, enquanto sociedade, desenvolvemos mecanismos para reprimir tais tendências, essas pulsões agressivas encontram caminhos para sua satisfação. Tal constituição do Eu pode ser remontada ao nosso primeiro momento de relação com nossa imagem, no narcisismo primário, quando o indivíduo passa a ter uma organização das suas pulsões, antes autoeuróticas, e passa a direcioná-las a outros objetos externos. Nessa passagem pelo narcisismo, a criança se torna capaz de identificar sua própria imagem de modo organizado e é a partir desse momento que a identificação com o outro é possível.

Se agora o Eu tem uma imagem de si, ele consegue se relacionar e identificar com a imagem dos outros e, portanto, determinar se tal imagem lhe agrada, desagrada ou, ainda, se lhe parece, ou se é, diferente e estranho ao Eu. É assim que o indivíduo adquire a capacidade de poder amar ou odiar o outro e de formar grupos entre si, mostrando as implicações da forma como a identificação atravessa nossos afetos cotidianos e a sua importância para o entendimento de como nos organizamos socialmente (Freud, 1914/2010).

Desse processo do narcisismo primário, temos ainda dois subprodutos: o Eu Ideal e o Ideal do Eu, como proposto por Freud no texto Introdução ao Narcisismo de 1914. De modo sucinto, o Eu Ideal seria a imagem da criança que ainda desfruta de plena satisfação libidinal e ocupa o lugar da fantasia e expectativa dos pais e da sociedade; trata-se do eu enquanto objeto dos outros que a circundam. Porém, a passagem pelo processo do narcisismo provoca o afastamento dessa imagem. Já o Ideal do Eu é uma instância formada num segundo momento do processo de narcisismo e cumpre uma função de direcionar o Eu a determinado objeto, tomado como referência, para poder desejar e ser aceito. É também responsável pelo movimento que fazemos de substituição das nossas referências, como os pais ou outras figuras que admiramos e tentamos ser iguais, no decorrer da vida. No entanto, aquilo que tomamos como nosso Ideal do Eu é, portanto, um lugar inalcançável e mutável em nossa constituição e traz outras implicações.

Dentre tais implicações, podemos comentar em que medida, no relacionamento com os outros, o Eu é atravessado pelas escolhas narcísicas, ora sendo influenciado por essa tentativa de retorno a essa imagem perfeita que ocupava na fantasia e expectativa dos pais e da sociedade, ora influenciado por essa instância que o direciona a ser como determinada pessoa, ideia ou valor que toma como referencial. Desse modo, podemos destacar que, nas formações grupais, o Ideal do Eu ocupa um papel importante no processo de construção e coesão de um grupo, quando indivíduos colocam a mesma determinada figura ou ideia nesse lugar de Ideal do Eu. Há ainda outros mecanismos, cujo processo de identificação contribui para essa dinâmica psíquica grupal que comentaremos mais à frente, com o texto Psicologia das Massas e Análise do Eu (1922/2011), e sua relação com o contexto político nacional.

Ainda sobre o processo de constituição do Eu, Jaques Lacan realiza, em sua releitura da obra freudiana, um retorno a esse conceito do narcisismo e faz alguns apontamentos sobre a nossa constituição imaginária, em referência ao que ficou marcado no ensino de Lacan como registro Imaginário. Esse registro corresponde a um dos três aspectos da realidade humana - os outros dois registros são o Simbólico e o Real - e diz respeito à nossa relação com a construção da nossa imagem e a constituição do Eu, com a identificação e a nossa relação com a imagem dos outros, com nossos afetos de amor e ódio e também com tudo que tem uma representação imagética ao nosso redor. É, também, o território da alienação do Eu em relação à sua própria imagem, da dificuldade em lidar com aquilo que não reconhecemos como semelhantes e, ainda, o território da ênfase no valor do Eu para o indivíduo (Lacan, 1953/2012). O registro Simbólico representa o campo da linguagem, da introdução da lei em nosso processo de subjetivação, do inconsciente estruturado como linguagem, visto que Lacan, baseado na linguística de Ferdinand de Saussure, introduz na psicanálise o conceito de significante e sua cadeia. O Simbólico é, por excelência, a intermediação dos conflitos pela palavra, nossa capacidade de significar experiências e elaborar sobre elas, enquanto o Real é tudo aquilo que escapa ao Imaginário e ao Simbólico, o que sobra na realidade, mas que ainda assim ajuda a dar forma a todo o conjunto dos três registros, revelando as repetições na vida do sujeito que aparentam carecer de sentido, mas ainda se mantêm. É o que sentimos, mas é impossível de ser nomeável na nossa realidade psíquica (Lacan, 1953/2012).

Sendo assim, o enfoque no registro Imaginário nesse escrito se mostra como uma chave de leitura privilegiada para a análise do indivíduo com a sociedade, os grupos que a compõem e a importância da imagem nas relações e no surgimento do Eu, como Lacan indicou no texto Estádio do Espelho Como Formador da Função do Eu (1949/1998), em que comenta as três fases do reconhecimento da criança de sua própria imagem. Tais fases se dariam por um reconhecimento de sua imagem do reflexo no espelho ou na imagem de um outro semelhante.

Num primeiro momento, a criança não tem a representação de uma imagem daquilo que a representa, enxergando-se como um corpo em pedaços, sem unificação. Quando ela se vê no espelho, ela não reconhece o reflexo como uma representação virtual daquilo que se apresenta, mas sim como a imagem de um outro que é real. Daí vem o fenômeno das crianças pequenas que, quando se veem no espelho, tentam olhar atrás do espelho para verificar se tem alguém ali. O segundo momento é a fase do transitivismo na relação com o espelho, quando já há o reconhecimento de que aquilo que se apresenta no espelho não é algo real, mas sim a representação de algo.

Já no terceiro momento, a criança aprende que aquilo que se apresenta no espelho é a representação da imagem daquilo que é o seu corpo e, portanto, ocorre uma simbolização daquilo que ela é. Sua imagem unificada, então, se sustenta por meio desse espectro imaginário onde ela também se aliena (Lacan, 1949/1998).

Todo esse processo de identificação da própria imagem possibilita algumas conclusões. O Eu só é reconhecido por si mesmo a partir da imagem do outro (Lacan 1949/1998). Esse momento é atravessado por duas dimensões distintas, uma erótica, resultante do enfoque do investimento libidinal em sua própria imagem, e outra agressiva, pois, se o Eu só é reconhecido pelo outro, esse outro pode ameaçar o seu lugar. É o surgimento da paranoia original do Eu em relação ao outro, marcado pela agressividade constitutiva da formação de sua imagem (Guillot, 2014).

A criança, ao passar por esse processo dentro dessa dimensão imaginária, expõe uma dualidade na forma que se relaciona com o outro: ou ela o ama ou o odeia. A possibilidade de amar e odiar, do reconhecimento da incoerência de que o outro possa ser bom e ruim, amado e odiado, ainda não existe em seu repertório. O Eu, por ser imaginário, é sentido como completo e sem contradições, e seus sentimentos devem se comportar como tal, já que ainda não possui a capacidade simbólica da intermediação da linguagem e, portanto, não se estrutura como um Sujeito capaz de elaborar e reconhecer as contradições de si mesmo e do mundo a sua volta (Lacan, 1956-57/1995).

Desse modo, só podemos pensar em identificação se pensarmos também em agressividade, e as implicações sociais dessa dualidade são importantes. O primeiro apontamento diz respeito ao grande valor psíquico que essa crença na unidade do Eu tem para o indivíduo. Como consequência, quando a imagem dessa unidade é abalada por algum fator externo, por exemplo, ao se deparar com alguém que se mostra oposto ao que tenho como de mais fundamental no meu Ideal de Eu, o indivíduo levanta todas as suas defesas em meio ao medo de retorno àquele estado anterior à pré-identificação de sua própria imagem. Além disso, a noção da importância dessa crença pode ser extrapolada para a crença da unidade grupal, e os paralelos entre as reações de agressividade, ao ser ameaçados, da mesma forma, são significativos.

Num segundo momento, podemos supor que a agressividade circundante na política atual brasileira seria uma inflação imaginária e, por consequência, uma deflação simbólica da palavra e da nossa capacidade de intermediar nossos conflitos internos e lidar com o que é diferente. Dessa forma, as implicações advindas do processo de constituição do eu e de sua própria imagem são chaves de leitura plausíveis para o esforço de lançar luz sobre essa questão da intolerância política brasileira e a sua relação com a imaginarização das nossas relações dentro da política nacional.

 

A "imaginarização" na política brasileir

Um dos possíveis pontos de partida para analisarmos nosso problema são as eleições presidenciais de 2014. Dentre os candidatos mais fortes naquele páreo, dois se destacaram e levaram a disputa para o segundo turno. Um deles era Aécio Neves, neto de Tancredo, carregando o importante sobrenome do avô e tomando para si contornos de única boa alternativa ao governo petista que se perpetuava há três mandatos.

Do outro lado, tínhamos Dilma Roussef, a "Dilmãe" de seus eleitores, tentando a reeleição em meio a um governo desgastado pelos escândalos de corrupção e resultados econômicos não muito animadores. A disputa, acirrada como foi, acabou sendo vencida por pouca vantagem por Dilma, sendo então reeleita a um mandato que não chegaria ao fim.

Anos após o impeachment de Dilma, nas eleições presidenciais de 2018, seu predecessor Lula volta ao debate como uma das opções de voto mais fortes para as eleições de 2018, sendo o candidato mais próximo do ex-presidente na disputa ao cargo presidencial o deputado federal ultraconservador Jair Bolsonaro.

Assim como no ciclo eleitoral anterior, de 2014, as redes sociais efervesceram com o debate e o grau de mitificação que os candidatos tomaram em 2018. Um rápido exame nas redes sociais dos candidatos já tornava possível ver a grandeza e a força de suas bases de apoio, bem como a maneira como essas figuras eram representadas: enquanto um apresentava fotos de caráter messiânico e paternas em relação ao povo, o outro era chamado pelos seus apoiadores como "Bolsomito", num chiste criado pelos seus apoiadores na junção do sobrenome do candidato e a palavra "mito".

A agressividade que esses grupos manifestavam entre si também era evidente. Não só envoltos numa figura política específica, mas também nas diferentes opiniões que, devido a esse atravessamento político circulante na sociedade, esses grupos são identificados como sendo do espectro da "esquerda" ou da "direita". Inclusão, igualdade de direitos, políticas sociais, como o Bolsa Família6, e nível de controle do Estado na economia são exemplos do campo não mais de debate, mas sim de embate entre esses grupos opostos.

A política se torna, então, dominada pela eterna disputa entre dois lados que se atacam e buscam subjugar o outro nos territórios de conflito, seja nas ruas, seja na internet. A possibilidade de debate e comprometimento entre as partes se mostra inerte e o foco se torna a vitória de um e a derrota do outro. As tentativas de entendimento e diálogo com aquele que se mostra diferente é substituída pelo desejo da sua destruição. O próprio fato de se pensar a política com dois lados opostos já marca a dimensão imaginária em que são organizados esses conflitos, em referência à própria dualidade da nossa relação com o outro, quando passamos pelo processo do narcisismo.

Se, por um lado, os processos psíquicos fazem o indivíduo ser e agir de certa maneira, por outro, a sociedade favorece determinadas formas de ação e de pensamento. Então, quais seriam as influências da nossa forma de organização social atual no modo como nos relacionamos? Nosso contexto de uma sociedade capitalista contemporânea provoca a mercantilização de todos os aspectos da vida, e a imagem é um deles. Ela se torna não apenas um produto do mercado, mas a sua razão final (Debord, 1963). O indivíduo então se torna alienado nessa espetacularização e vive atravessado pelo enfoque nessa lógica da imagem, inclusive na maneira como escolhemos nossas profissões, como construímos nossos relacionamentos e como desfrutamos de nosso tempo. A cultura da ostentação em conjunto com a vastidão do alcance das redes sociais como Instagram e Facebook parecem consequências esperadas desse modo de subjetivação.

O capitalismo neoliberal, longe de ser apenas uma política econômica ou uma ideologia, se configura mais como uma racionalidade que interfere nos modos de subjetivação dos indivíduos e na configuração da sociedade (Dardot; Laval 2008/2016). Nessa racionalidade, a ênfase se encontra na supervalorização do indivíduo e de sua imagem. É a era do "eu" focado constantemente, do incentivo ao empreendedorismo individual, da valorização excessiva da imagem nas mídias sociais, do incentivo à competição e ao crescimento profissional, em detrimento de ações coletivas: é o momento do "Você S.A.".

Os fatores que determinam as nossas formas de subjetivação na sociedade são muitos, porém é possível ver a influência importante dessa lógica narcísica, focada no objeto "eu", que é impulsionado em nossa sociedade brasileira atual. Logo, se a nossa constituição é atravessada por esses fatores, a forma como criamos laços também parece ser influenciada por eles. Ou seja, criamos laços, formamos grupos e nos afeiçoamos àqueles com os quais nos identificamos e enxergamos como mais parecidos com nós mesmos, e não conseguimos ser tolerantes com aqueles que se apresentam tão diferentes de nós.

O campo da política, epítome do modo como nos relacionamos, ganha contornos excessivamente narcísicos, dificultando a característica mais fundamental do regime democrático - o debate com objetivo da conciliação - e se transforma num território dominado pelas identificações, apaixonamentos e ódios, onde a escolha de candidato é meramente pautada naquele que se vê como igual, enquanto quem é oposto merece apenas hostilidade. Portanto, a política excessivamente gerida pelas imagens e identificações, a imaginarização da política, vem também como uma das consequências da influência da subjetivação neoliberal, individualista, que favorece laços primordialmente entre "iguais".

Tratando-se desse registro imaginário, um dos conceitos que devemos retomar como chave de leitura privilegiada para a análise de nossas questões é a identificação, fundamental no modo como nos constituímos e nos relacionamos com os outros. Freud, no texto Psicologia das Massas e Análise do Eu (1922/2011), comenta a importância da identificação na construção e sustentação de um grupo. Sua atuação se daria por duas maneiras distintas: a primeira é a identificação do Eu com a figura de um líder ou uma ideia; a segunda, a identificação com o grupo. No primeiro aspecto, a instância do Ideal do Eu é que exerce o papel principal ao nos direcionar a tomar determinado objeto como referência do que queremos ser, deixando marcas no indivíduo que se modifica de acordo com o "modelo" que está seguindo, em comum acordo com os outros membros (Roudinesco, Plon, 1997).

No cenário político brasileiro, essa relação fica evidente com o engajamento massivo focado nas figuras de maior relevância no país, movimentando milhões de pessoas. Nas suas redes sociais, nas ruas ou em seus atos e caravanas, a imagem de Lula e Bolsonaro são cultuadas como profetas bíblicos de outras eras. Não apenas isso... todo esse afeto investido nessas figuras provoca como consequência a inflação narcísica das suas imagens (Freud, 1914/2010). Se, por um lado, temos um político que toma para si o papel de herói salvador da pátria sofrida de outros governos, o defensor da "moral e bons costumes", do outro temos uma figura que se considera transcendendo as limitações da carne.7

Já no segundo aspecto, a identificação atua na formação grupal, em relação à ligação que os membros têm entre si, por meio do afeto que circula entre seus pares, advindo do reconhecimento de que são integrantes de um mesmo grupo e que possuem um mesmo objetivo. É, também, um reconhecimento da imagem do ideal ou líder que os uniu, e isso é principalmente representado na política brasileira pelo antagonismo entre os grupos "bolsonarista" e "petista", um paralelo da dualidade entre direita e esquerda, conservadores e progressistas. Desse modo, tratando-se de política, o foco no Eu e na imagem, reforçado pelo individualismo dessa forma atual de subjetividade neoliberal, favorece apenas as conexões entre versões de si mesmo, referenciadas num mesmo ideal coletivo centrado na mesma figura. Ou seja, mais do que indivíduos relacionando propriamente com a alteridade, temos o laço que gira primordialmente em torno de quem se vê como semelhante.

Se não podemos pensar identificação sem agressividade, as consequências dessa dificuldade de lidar com alteridade são evidentes. O indivíduo que reconhece o outro como parte de um grupo oposto aos seus ideais, demonstra nada mais do que a intolerância, manifesta agressivamente nas diversas áreas de disputa como a internet, com os ataques virtuais e cancelamentos, e nas ruas, com episódios que muitas vezes acabam em violência física.

Essa relação imaginária e dual do "somos nós contra eles" favorece que a segregação entre os grupos se acentue, enquanto o campo da política é cada vez mais extremado e perde sua capacidade de debate e conclusões comuns, em detrimento do poder da imagem e da identificação: é a deflação da palavra como mediadora de conflitos na sociedade diante da inflação do imaginário.

Dentro dessa hostilidade ao diferente, o indivíduo ou grupo é atravessado por um processo de despersonalização do outro que passa a ser encarado como um objeto a ser destruído.8 A noção civilizada de que possam ser adversários - e não inimigos -, em uma competição política, parece difícil de ser alcançada. Freud, inclusive, em 1930 já nos alertava, no texto O Mal-estar na Civilização, sobre a força das pulsões movidas por paixões, como essa identificação excessiva com um líder ou ideal, serem mais intensas do que as pulsões movidas pela razão. Logo, quanto mais intensa a paixão, mais forte é a identificação e mais agressiva é a reação a quem se oponha a isso.

Alguns outros exemplos podem ser citados para ilustrar a agressividade provocada entre grupos opostos no ano eleitoral de 2018, como o caso do empresário de 57 anos, oposto ao partido dos trabalhadores (PT), que foi agredido e acabou desacordado após ofender figuras políticas desse partido. Segundo a notícia, após gritar ofensas em frente ao Instituto Lula, ele foi confrontado por seguidores e "Quando tentava atravessar a pista, recebeu um chute de um apoiador de Lula. Ele bateu a cabeça na caçamba de um caminhão que passava na hora e caiu desacordado. Jornalistas e outras pessoas que testemunharam a cena pediram socorro."9 Em outro exemplo, ainda no mesmo ano, a caravana do expresidente Lula, que já vinha sendo hostilizada e atacada com pedras e ovos pelo sul do país, foi alvejada por tiros, quando passava no estado do Paraná, no percurso entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. Dois dos veículos foram atingidos, porém ninguém ficou ferido.10 É notável que, ao observarmos a troca de hostilidade entre dois grupos que se enxergam de forma tão diferentes entre si, podemos verificar uma dinâmica grupal semelhante. Essa intolerância, que se transforma em episódios de violência entre os grupos, parece vir, então, como uma representação das contradições que não foram elaboradas e significadas propriamente pelos seus membros, possivelmente devido à intensidade das formas de relações imaginárias centradas na dualidade do semelhante/diferente que temos atualmente.

Desse modo, podemos concluir que a formação do Eu - e sua realidade psíquica imaginária, de acordo com a metapsicologia psicanalítica, associada a essa lógica social neoliberal focada na imagem e na hipertrofia do eu - conduz a um desinvestimento na dimensão da palavra como principal mediadora de laços. No que se refere à estruturação desses laços, as consequências da pouca mediação por meio da palavra, como forma de intermediar e sustentar as diferenças, abre caminho para que a identificação seja a principal amarração entre indivíduos e torne possível a deflagração de tantos fenômenos de intolerância e agressividade no Brasil de hoje. Mais do que indivíduos em contato com a alteridade, temos laços que se estruturam em torno do semelhante como igual e rival, e que são agravados pelas consequências da individualização advinda da subjetividade neoliberal, tendo como destaque a imaginarização do campo político.

 

Referências

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Correio Brasiliense (2018). Em seis meses, Brasil teve mais de 200 casos de intolerância religiosa. https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/11/03/interna-bra-sil,717238/em-seis-meses-brasil-tevemais-de-200-casos-de-intolerancia-religiosa.shtml Data de acesso: 19 jun.2019        [ Links ]

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Recebido em: 16/09/2019
Aprovado em: 12/08/2020

 

 

1 Uol (2014). Crimes de ódio em redes sociais disparam durante período eleitoral. <http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1530211-crimes-de-odio-em-redes-sociais-disparam-no-periodo-eleitoral.shtml>. Data de acesso: 13 ago.2017.
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4 O Globo. (2018). Assassinatos de LGBT crescem 30% entre 2016 e 2017, segundo relatório https://oglobo.globo.com/sociedade/assassinatosde-lgbt-crescem-30-entre-2016-2017-segundo-relatorio-22295785 Data de acesso: 19 jun.2019
5 Correio Brasiliense. (2018). Em seis meses, Brasil teve mais de 200 casos de intolerância religiosa https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2018/11/03/interna-brasil,717238/emseis-meses-brasil-teve-mais-de-200-casos-de-intolerancia-religiosa.shtml. Data de acesso: 19 jun.2019
6 "Bolsa Família emerge como agenda de polarização, mostra DAPP Report": acessado no http://dapp.fgv.br/bolsa-familia-emerge-comoagenda- de-polarizacao-mostra-dapp-report/
7 El Pais (2018). "Lula: 'Eu não sou um ser humano, sou uma ideia. E não adianta tentar acabar com as ideias.'" Acessado no dia 18 jun.2018 https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/08/politica/1523145272_467301.html
8 Exame (2018). " 'Vamos fuzilar a petralhada' diz Bolsonaro em campanha no Acre". Acessado em 15 ago. 2020, disponível em: https://exame.com/brasil/vamos-fuzilar-a-petralhada-diz-bolsonaro-em-campanha-no-acre/
9 Estado de Minas (2018). "Polícia civil encerra inquérito de empresário agredido em frente ao Instituto Lula" Acessado no dia 15 jun.2018, em: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/04/21/interna_politica,953273/policia-civil-encerra-inquerito-de-agredido-em-frente-a-instituto-lula.shtml
10 G1 (2018). "Ônibus da caravana de Lula no Paraná são atingidos por tiros". Acessado no dia 15 maio 2018, em https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/onibus-da-caravana-de-lula-sao-atingidos-por-tiros-no-oeste-do-parana-diz-assessoria.ghtml

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