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Revista de Psicologia da UNESP

On-line version ISSN 1984-9044

Rev. Psicol. UNESP vol.19 no.1 Assis Jan./June 2020

http://dx.doi.org/10.5935/1984-9044.20200006 

ARTIGOS

 

O desamparo como categoria afetiva fundamental do mal-estar na atualidade: um ensaio psicanalítico

 

Helplessness as a fundamental affective category of current malaise: a psychoanalytic essay

 

 

Érico Bruno Viana Campos; Amanda Nunes da Silva

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP)

 

 


RESUMO

Este artigo consiste em um ensaio teórico psicanalítico, com o objetivo de caracterizar o desamparo como categoria afetiva fundamental do mal-estar na atualidade. Os resultados mostram que o desamparo precisa ser caracterizado como categoria afetiva da subjetividade humana, em três dimensões: objetiva, de natureza constitucional biológica; psíquica, de natureza psíquica singular e subjetiva; estrutural, de natureza ontológica e ética. Destacam-se dois eixos de discussão: (1) a importância do desamparo na gênese da subjetividade e sua relação com a violência; (2) as modificações no laço social contemporâneo, que trazem o desamparo para o centro da dinâmica defensiva do aparelho psíquico, com uma tonalidade afetiva que se desloca do âmbito da castração e da culpa para a dor e o luto. Conclui-se que, para além das caracterizações do desamparo como condição e como estado, é preciso avançar na direção do manejo técnico e interventivo e, portanto, construir mais efetivamente uma clínica do desamparo.

Palavras-chave: teoria psicanalítica; desamparo; mal-estar; cultura.


ABSTRACT

This article consists of a theoretical essay on psychoanalysis with the aim of characterizing helplessness as a fundamental affective category of malaise in the current time. The results show that helplessness needs to be characterized as an affective category of human subjectivity, in three dimensions: objective, of as a biological constitutional nature; psychic, of as a singular and subjective psychic nature; structural, as an ontological and ethical nature. Two axes of discussion stand out: (1) the importance of helplessness in the genesis of subjectivity and its relation with violence; (2) the changes in the contemporary social bond that bring the helplessness to the center of the defensive dynamics of the psychic apparatus, with an affective tone that moves from the realm of castration and guilt to pain and mourning. It is concluded that beyond helplessness characterization as a condition and as a state, it is necessary to move towards technical and interventional management and, therefore, to construct a clinic of helplessness more effectively.

Key words: psychoanalytic theory; helplessness; malaise; culture.


 

 

Introdução

A problematização do desamparo perpassa a teoria psicanalítica ao longo dos vários momentos da obra freudiana e segue como referência para o estudo do mal-estar humano. Como conceito psicanalítico, o desamparo corresponde a uma condição fundamental da vida humana que indica a impotência do indivíduo em duas dimensões. A mais ampla diz respeito a uma condição de desamparo estruturante e fundante do psiquismo, obrigatória para a construção da subjetividade humana e para a vida social. Há também uma dimensão que remete propriamente à situação psíquica de desamparo: a impossibilidade de satisfação pulsional perante o outro, colocando o sujeito de encontro com a experiência de perda e da angústia. Desse modo, como Freud afirmou em seu texto Projeto para uma Psicologia científica (1895/1996), o desamparo é a fonte de todos os motivos morais.

Assim, o desamparo é a condição originária da subjetividade humana e também seu horizonte contínuo, na medida em que toda a dinâmica defensiva e a mobilização da angústia é, em última instância, uma tentativa de prevenção de sua repetição. Considerando que as tentativas de evitar tal repetição se ligam a um desamparo estruturante da vida social e individual, torna-se necessário retomar as etapas de surgimento e desenvolvimento do aparelho psíquico para que se possa compreender como se manifestam as formas de sofrer do sujeito. Não obstante, também é preciso considerar os diferentes determinantes culturais que resultam em experiências de sofrimento específicas.

A condição originária de desemparo é suplantada ao longo da gênese do aparelho psíquico por meio de novas modalidades de relação com os objetos e de significação de suas perdas. A perda desses objetos, seja das relações de objeto narcísicas seja das edípicas, reflete uma dimensão do desamparo, na medida em que exprime a impotência das exigências pulsionais do indivíduo frente às restrições da cultura e da realidade. Isso significa que as perdas de objeto são vividas pelos sujeitos como situações de desamparo não limitadas ao período de constituição inicial do psiquismo, acompanhando os indivíduos ao longo da vida adulta. Quando o aparelho psíquico está constituído, o desamparo se expressa como uma experiência de angústia. A angústia, por sua vez, sinaliza a situação de perigo, que corresponde à revivência da condição estrutural de desamparo, motivada pela perda do objeto, de tal forma que "será sempre a perda do outro amado que remeterá à condição de abandono total, de desajuda, de desamparo ante o aumento pulsional" (Menezes, 2012, p. 71).

A reflexão crítica do mal-estar na cultura feita por Freud (1930/1996) evidenciou que a subjetividade do homem moderno se baseava fundamentalmente na incerteza gerada pela perda da confiança na figura do pai protetor, materializado na ideia de Deus. Desse modo, a fim de alcançar um estado de segurança, os homens deveriam abdicar de seus impulsos, tendo necessariamente que lidar com o mal-estar difuso, efeito do sentimento inconsciente de culpa. Como caracterizou Birman (2000), a teoria freudiana pode ser entendida como uma resposta à crise da subjetividade moderna e de seus valores patriarcais e burgueses, constituídos em torno da figura do estado liberal e do conhecimento racional. Outros autores corroboram essa contextualização da contribuição da psicanálise para uma certa crítica dos fundamentos da modernidade (Figueiredo, 1995; Bauman, 1998; Costa, 1999). Para nossos propósitos, cabe destacar que certos determinantes histórico-culturais, resultantes das alterações econômicas, políticas e sociais, surtidas na mudança da ordem da sociedade tradicional para a da sociedade moderna (basicamente a instituição de um sujeito psicológico e de indivíduo social modernos), implicaram uma perda de garantias constituídas na estabilidade do mundo subjetivo, colocando a cada um a necessidade de se constituir como sujeito psicológico, a partir de sua condição de liberdade e de autodeterminação (Figueiredo, 1995). Essa condição de instituição subjetiva implica a responsabilidade de se constituir no risco e nas vicissitudes das relações alteritárias, com referências identificatórias que se tornam cada vez menos totalizantes. Essa angústia da liberdade, por assim dizer, é o horizonte ético que começa a se indicar na aurora da modernidade e que, a partir de sua crise, coloca o sujeito sob o signo do mal-estar e também do desamparo.

De maneira semelhante, pode-se notar modificações nas formas de subjetividade contemporânea, se comparadas às da modernidade. Enquanto Freud (1930/1996) afirma que o homem civilizado trocou possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança, "os homens e mulheres pós-modernos trocaram um quinhão de suas possibilidades de segurança por um quinhão de felicidade" (Bauman, 1998, p. 10). O que está em jogo é uma reconfiguração do mal-estar e do desamparo da modernidade. Já há uma literatura relativamente bem estabelecida na área dos estudos psicanalíticos sobre as condições socioculturais contemporâneas, que indicam as consequências subjetivas do aprofundamento da crise da modernidade, considerando o excesso de liberdade individual e a desregulamentação da ordem (Bauman, 1998; Birman, 2000, 2005, 2014; Costa, 2005). Esses autores indicam a perda de reconhecimento do outro e de ligação com a alteridade nas relações humanas contemporâneas, indicando uma tendência de valorização do individualismo e do consumismo na constituição e manutenção dos vínculos sociais. Para enfrentar a experiência de sofrimento, os sujeitos contemporâneos passam a buscar a exterioridade e a estetização do eu a todo custo, expressões características da cultura do narcisismo, da sociedade do espetáculo, da cultura performática e outros termos que têm sido cunhados nesse debate sobre a pós-modernidade (Birman, 2005). Segundo a proposta específica de Joel Birman (2000, 2005, 2012), haveria um enfraquecimento do registro dentro-de-si e uma valorização do fora-de-si como parâmetro instituinte dos modos de subjetivação da atualidade, implicando a valorização de um modelo de sujeito voltado para a performance e exaltação de seu eu no exterior. Considerando esse modo de ser característico da contemporaneidade agregado à falha de simbolização nas relações de vínculo narcísico, produz-se uma nova caracterização do sofrimento. A literatura psicanalítica sobre esse assunto tem abordado a especificidade das relações interpessoais e do vínculo social, ancorada na ideia de uma crise da função e da imago paterna na atualidade (Pombo, 2018), fomentando a constituição de um laço social perverso (Poli, 2004) e de formas características de sofrimento, as chamadas psicopatologias contemporâneas.

Embora a problemática do desamparo seja um horizonte importante da metapsicologia, só recentemente ela tem sido resgatada, principalmente em função das demandas próprias dos modos contemporâneos de constituição da subjetividade e de seus reflexos psicopatológicos, com destaque para a ansiedade generalizada na forma de pânico (Pereira, 1999; Menezes, 2006) ou no esvaziamento subjetivo e no tédio, próprios da relação com a morte e nas depressões na atualidade (Campos, 2013, 2016). Portanto, a problematização do desamparo reaparece justamente na medida em que as particularidades das relações sociais da atualidade provocam novos efeitos na angústia e no enfrentamento da dor e do mal-estar, demonstrando um rearranjo na caracterização das formas de sofrimento humano e apontando possíveis saídas para essas experiências de dor, luto e castração. Nesse sentido, o presente ensaio visa a indicar o desamparo como categoria afetiva fundamental do mal-estar na atualidade, por meio de uma revisão de sua caracterização na teoria psicanalítica, no contexto da investigação das circunstâncias histórico-culturais que modulam os sofrimentos característicos das novas formas de subjetivação.

 

O papel do desamparo na gênese da subjetividade

Enquanto substantivo, o desamparo remete a uma desajuda, à impossibilidade do cuidado de um outro. No que refere à possibilidade de vida social, é possível remeter esse substantivo a algumas impotências da vida humana. Para Freud (1930/1996), seriam a impotência do sujeito diante da violência de outros homens, a impotência diante das forças da natureza e a impotência diante da decadência eminente do próprio corpo. A cautela para não pensar que essas impotências são meramente condições que causam experiências de mal-estar e sofrimento individuais é reconhecer que se trata de condições da própria existência humana. A impossibilidade de ação ou até de elaboração psíquica, quando somos atingidos por alguma destas direções, como a violência, a perda, a doença ou o catastrófico, se articula com o desamparo primordial e somos confrontados de modo mais ou menos direto, com mais ou menos anteparos, com o "trauma do real irrepresentável" (Betts, 2013, p. 10).

O desamparo fundamental e originário é, de fato, uma condição anterior à experiência humana individual e constitutiva da ordem social. A civilização surge, desse modo, de uma necessidade de se deslocar de uma condição originária e traumática, limitando as possibilidades de satisfação libidinal e colocando os sujeitos diante da experiência da angústia, da falta e da situação ou experiência do desamparo. É nesse sentido que devem ser entendidas as atribuições feitas por Freud (1926/1996) ao explicar como se dão as representações dos sujeitos no deslocamento de objetos para esquivar da angústia.

Como sistematiza Menezes (2012), em diversos de seus textos de análise cultural, Freud atribui à figura do pai a mediação de autoridade simbólica para a possibilidade de vida em sociedade. No caso de Totem e tabu (Freud, 1913/1996), trata-se da repressão dos impulsos destrutivos e violentos a outros homens, graças ao assassinato do pai da horda, ou seja, daquele que detinha a figura de pai e protegia a todos. Em Psicologia de grupos e análise do ego (Freud, 1921/1996), a figura do pai é o objeto de identificação e idealização que constitui o vínculo grupal. Já em O futuro de uma ilusão (Freud, 1927/1996), a figura de Deus é explanada como uma figura de pai protetor, criação dos homens para explicar os fenômenos da natureza aos quais eles não podem controlar nem se proteger. Em ambos os textos, o que está em jogo é uma figura de pai que protegerá homens e mulheres, como resposta para evitar a revivência traumática da condição de desamparo fundamental.

Em Mal-estar na civilização (1930/1996), Freud faz uma reflexão da condição de desamparo dos indivíduos diante desses diversos temas, nas particularidades da modernidade, uma cultura em que havia a perda do ideal em Deus, da figura do pai ideal e protetor. Essa condição impôs aos indivíduos uma construção psíquica individual para evitar o desamparo.

Ainda nesse texto, Freud discorre sobre o mal-estar proveniente do relacionamento com outros indivíduos, considerado o mais penoso dentre todas as fontes de sofrimento. De acordo com Mograbi e Herzog, "não há laço social ou pacto simbólico capaz de resguardar o sujeito da ação destrutiva do outro" (2006, p. 131) no que tange ao relacionamento entre indivíduos. Portanto, há uma destrutividade sempre presente nos relacionamentos interpessoais.

Para que seja possível uma vida social minimamente harmoniosa, é necessário que haja uma interiorização de autoridade simbólica que permita uma vida social relativamente saudável. A interiorização da moralidade é causada, de acordo com Mograbi e Herzog (2006), pelo amor e também pelo terror do sujeito diante da violência do outro, ou seja, da desilusão nos pactos simbólicos entre os homens. A questão da violência como parte constitutiva do laço social será explicitada posteriormente neste texto; mas cabe dizer por hora que o que introduz o sujeito na ordem simbólica é uma necessidade de resposta ao desamparo estrutural. Ao internalizar a autoridade simbólica, a pulsão de morte é capaz de controlar o sujeito, de modo que sua agressividade passe a se manifestar como sentimento de culpa, de forma a subverter o impulso destrutivo para a autoridade e estar a serviço dela. Não só a agressividade está em jogo, mas também a experiência da angústia.

A partir da transição da sociedade tradicional para a moderna, os elementos para efetuar a interiorização da moral e da autoridade simbólica tiveram de ser alterados. Alguns elementos podem ser explicitados como mediadores: o Estado, suas leis e, como longamente investigado na psicanálise freudiana, os pais. Os pais, como os indivíduos que introduzem um novo sujeito à cultura, servem como figuras ideais, conforme as quais a construção da subjetivação da criança se estruturará, por meio de identificações no complexo edipiano:

Os pais se apresentam como modelos na medida em que fazem exigências para a criança, por meio de injunções e proibições, e ofertam seu amor de acordo com o cumprimento da lei que impõem. Logo, o sujeito deve passar a renunciar a busca de relação narcísica para que possa haver novas identificações e investimento objetal. (Mograbi & Herzog, 2006, p. 128)

Para compreender como se dá essa renúncia da relação narcísica para novos investimentos objetais, é necessário retornar ao processo de constituição do Eu desde seu início. Por enquanto, foi possível explicitar brevemente como a condição estrutural de desamparo permite a vida civilizatória e o laço social. Contudo, ao transpor a relação do desamparo com a constituição individual da subjetividade humana, deve-se considerar uma discussão metapsicológica a respeito dos fenômenos psíquicos.

A fim de discutir a noção de desamparo em uma perspectiva metapsicológica, parte-se necessariamente da sua dimensão inicial na vida humana, ou seja, a prematuração do aparelho neurológico do bebê recém-nascido. Essa dimensão primordial enfatiza tanto uma perspectiva econômica quanto dinâmica dos efeitos individuais do desamparo. No caso do ponto de vista econômico, se destaca o estado de absoluta dependência do humano enquanto bebê, visto que ele necessita de auxílio externo para diminuição da tensão interna. Aqui, o desamparo se relaciona com uma condição objetiva de impotência, relacionada à incapacidade psicomotora do bebê em satisfazer suas próprias necessidades vitais (Menezes, 2012). Nesse sentido, a dependência aos cuidados maternos é vista como reflexo da necessidade de amparo de um desamparo motor-sensorial, fundante do psiquismo e protótipo de toda situação traumática.

No que diz respeito a uma perspectiva dinâmica desse processo inicial de constituição do eu, enfatiza-se o investimento fundamental que o cuidado materno provê para o bebê. Esse investimento não diz respeito apenas a um amparo objetivo, mas a um auxílio materno que desvela algo de caráter sexual, inconsciente e enigmático, para além da conservação de vida do bebê prematuro (Menezes, 2012). Ao admitir que o sujeito é construído por algo que o transcende e lhe é exterior, abre-se espaço para uma nova consideração: o caráter traumático da construção da sexualidade infantil. Sintetizando a reflexão, pode-se dizer que a incapacidade de administração da tensão interna do bebê também é um conflito dinâmico, na medida em que o cuidado materno é impassível de simbolização por parte da criança, já que seu aparelho psíquico se encontra num estado muito inicial.

Esse estágio inicial de vida remete a uma relação, entre criança e mãe, profundamente estudada pela Psicanálise, havendo diferenças entre as compreensões de diferentes psicanalistas. A compreensão lacaniana de como se dá esse processo inicial de vida com a presença da mãe é particularmente interessante para a pesquisa em questão. De acordo com a teoria lacaniana, para que um sujeito possa se constituir, é necessário que um outro dê significados para nomear as sensações do bebê, introduzindo-o à linguagem, visto o desamparo fundamental a partir do qual todo ser humano nasce (Dör, 1991). Esse outro, geralmente a mãe, tem função de Outro, um Outro que inicia a entrada da criança na cultura, numa relação totalizante com o bebê, configurando o narcisismo no âmbito do estádio do espelho (Lacan, 1966/1998). Essa relação, de acordo com a terminologia lacaniana, é uma relação fálica e onipotente, na qual bebê e mãe são apenas um, numa relação fusionada. Nessa relação absoluta e não obstante ilusória, todos os sofrimentos e perigos da criança são protegidos pela mãe que, por sua vez, "sustenta uma ilusão de proteção absoluta e um objeto idealizado de amor" (Menezes, 2012, p. 73). É pela relação fálica entre mãe e criança que se abre a possibilidade para simbolização, e essa relação desvela que a mãe exerce seu papel de proteção em função do desamparo original, motor e psíquico.

A relação fálica entre mãe e criança deve ser suplantada pela mediação paterna, na qual a criança é privada de sua onipotência para com a mãe. Como exposto na teoria lacaniana, trata-se da castração da criança e da mãe, num movimento que de fato dá à criança acesso ao simbólico (Dör, 1991). É consenso que a castração expõe uma falta fundamental no sujeito. A esse respeito, Menezes (2012) descreve que, se o processo de desilusão de seu narcisismo primário for realizado por uma função materna adequada, será possível que a descoberta da realidade do desamparo seja uma experiência tolerável. Trata-se de um processo de separação da mãe com a criança, necessária para que a criança possa investir em outros objetos. Nesse sentido, Betts afirma que "a inclusão do sujeito de desejo no laço social resulta no estabelecimento da inscrição de uma falta no Outro, e marca um processo singular, diferencia-do, para cada sujeito, mesmo estando entre outros, por fazer parte de uma equipe ou de um coletivo" (2013, p. 15)

 

Sobre o seu deslocamento contemporâneo

Do ponto de vista da particularidade do laço social que se forma nas relações sociais atuais, destaca-se que o que se alterou, desde a sociedade moderna, é o surgimento da lógica de consumo desenfreado, conjuntamente com uma noção de imperativo de prazer a todo custo. Nesse sentido, Betts (2013) retoma Lacan, que diz ser o laço social formado pelo discurso, sendo este uma estrutura linguageira que organiza a comunicação e especifica as relações objetais dos sujeitos. Na passagem da modernidade para a atualidade, o laço social foi-se gradativamente organizando de modo mais predominante no discurso do capitalista e no discurso da ciência (Betts, 2013). O que propriamente interessa ao nosso tema é como esses discursos podem caracterizar o mal-estar e as experiências de dor dos sujeitos pós-modernos. Por ora, cabe desdobrar os efeitos no mal-estar no que se refere à lógica consumista contemporânea. Sobre essa questão, Betts afirma:

No discurso do capitalista, o sujeito do inconsciente, sujeito de desejo, é visto exclusivamente segundo sua potência fálica de consumidor manipulável pelo marketing, alienável no gozo de consumo dos objetos ofertados. É o discurso do analista que vem recolher pela escuta o sujeito de desejo foracluído pela universalização (...) que o discurso do capitalista cala pela mercantilização do desejo com a oferta de consumo de toda sorte de objetos que fazem semblante ao obscuro objeto do desejo. (2013, p. 13-14)

Afirmar que o sujeito do inconsciente se reduz à sua capacidade de consumir significa afirmá-lo enquanto sujeito excluído de qualquer desejo que se desvie da lógica de consumo. Essa configuração da relação de objeto é muito diferente da busca por felicidade na modernidade estudada por Freud. Na modernidade, os valores eram outros, pois prevalecia a busca do ser, e não do ter. Contudo, o caminho tecido pelos homens e pelas mulheres ao longo da época moderna - caminho que alcançou a dita pós-modernidade ou modernidade radicalizada - transformou a relação dos sujeitos com a autoridade simbólica que interioriza alguma moral para a vida em sociedade. Ao analisar a cultura atual, vê-se um ritmo exigente e destrutivo dos mercados, crises econômicas mundiais recentes e constantes, assim como uma perda de garantias no Estado e no coletivo. Há um grande sentimento de impotência perante essa conjuntura, observando-se uma perda da subjetividade interiorizada das pessoas (Salles & Ceccarelli, 2012). Ora, essa perda de subjetividade está justamente acoplada nessa nova visão de sujeito: um sujeito cujo prazer somente é reconhecido se estiver inserido numa ordem consumista. É importante distinguir o consumismo a que se refere ao caracterizar a busca contemporânea pela felicidade. Não se trata somente da aquisição de bens de consumo, mas sim de uma relação consumista entre os sujeitos da atualidade. Para que se possa aprofundar a compreensão desse fenômeno, cabe voltar às proposições de Joel Birman, em suas considerações acerca do mal-estar na atualidade.

Quando Birman (2000) discorre sobre uma estetização, a todo custo, do eu e a uma exigência infinita da performance, ele está afirmando uma confusão entre ser e parecer. Na projeção de si para o mundo, o sujeito somente se reconhece pelo olhar do outro. O outro é resumido, portanto, a um espectador. Nesse sentido, amplia-se a compreensão do argumento de que as relações sociais atuais se constituem a partir de uma dinâmica na qual a alteridade é negada, numa prevalência de relação de vínculo narcísico. Se o reconhecimento da alteridade se constitui de uma diferenciação entre o eu e o outro, vê-se que esse reconhecimento não está mais em jogo para a felicidade dos sujeitos contemporâneos, visto que o outro é meramente um espectador que reflete a imagem de si. Há um esvaziamento das experiências subjetivas do registro dentro-de-si, da reflexão interna do sujeito sobre si mesmo, e uma prevalência da cultura da imagem. O outro é um objeto a ser consumido a fim de valorizar a própria imagem.

Esses elementos permitem afirmar uma diferença comparativa importante entre a relação que se faz com o desamparo estrutural da subjetividade humana na contemporaneidade e na modernidade. Se, para a procura do prazer, ou, melhor dizendo, para a fuga do desprazer, o sujeito moderno devia reprimir suas pulsões destrutivas, internalizando o sentimento de culpa para um bem-estar de critérios éticos, a relação se inverte na contemporaneidade, predominando um bem-estar ditado por critérios estéticos. Na atualidade, o sentimento de culpa está vinculado à impossibilidade de se inserir como sujeito da performance e do consumo, e as pulsões devem ser satisfeitas a qualquer custo, justamente para que não haja encontro com a angústia e com o desamparo. De acordo com Freud (1930/1996), a busca pelo prazer está muito mais atrelada à fuga do desprazer e do sofrimento. Nesse sentido, pouco ou nada mudou. Ainda somos fundamentalmente desamparados, seja na necessidade de laço social e de amparo na vida infantil seja na efetivação da construção da vida civilizada e da sexualidade individual. O que distingue a atualidade da modernidade está nos objetos e ideais à nossa oferta e, como efeito, a demanda que fazemos dos objetos ofertados. Nas palavras de Saroldi: "Se a sociedade da produção precisava de um supereu que barrasse o gozo manipulando a culpa, a sociedade de consumo precisa de um supereu que incite ao gozo ilimitado e que, por isso mesmo, não pode ser satisfeito por nenhum objeto possível" (2015, p. 136-137).

O trecho citado indica outro fator presente na busca por felicidade contemporânea e que é de nosso interesse. Conjuntamente à lógica consumista de investimento objetal, caracteriza-se uma busca incessante por prazer. Essa reflexão é inevitavelmente uma questão que envolve a relação dos sujeitos com o desamparo fundante da vida humana. A escolha moderna, para lidar com sua condição estrutural, foi de renunciar ao prazer para prover-se de maior segurança, enquanto retirava considerável liberdade para a concretização da felicidade. Na atualidade, como afirmou Bauman (1998), a dinâmica se inverte: a busca agora é pelo risco.

Nesse mesmo sentido, Birman afirma que ser sujeito na pós-modernidade é "ter de recomeçar insistentemente seu percurso singular, ter de lidar com seu desamparo em um mundo em que universalidade e totalidade não mais existem" (2000, p. 95). A perda dessa referência espaço-temporal diz respeito, portanto, a uma perda de reconhecimento do outro, manifesta por um individualismo excessivo e uma falta de garantias da vida coletiva em geral, incluindo o Estado, a religião e o bem-estar social. Os indivíduos contemporâneos estão, portanto, fadados a pagar pelo preço do prazer que demandam, custando-lhes cada vez mais segurança. Que efeitos essa falta de segurança gera nos sujeitos? Fortes responde:

A insegurança e a liquidez das coisas geram imediatismo e falta de perspectiva de futuro. (...) O indivíduo é obrigado a se defrontar com uma vulnerabilidade advinda de um mundo sem amparo, pois é difícil pensar de onde este último pode vir em uma sociedade que se torna cada vez mais uma "sociedade de indivíduos", ou seja, quais seriam as formas possíveis de proteção em uma sociedade "pós-proteção", pós Estado da previdência (...). (2009, p. 1137)

Ao utilizar a expressão sociedade de indivíduos, a autora aponta que, para além de se inverter a lógica do domínio do público para o privado, a esfera do privado coloniza e esvazia a esfera do público. Mais que isso, a autora aponta para a fragilidade das relações sociais atuais, visto que as pessoas se tornam cada vez mais responsáveis individualmente pelos riscos que a sobrevivência lhes coloca, e o que seria tarefa coletiva está subjugada à tarefa individual. Essa fragilidade se relaciona com um último aspecto da caracterização das particularidades do laço social contemporâneo e de sua relação com o desamparo. Trata-se da relação entre violência e laço social.

Pelo que foi descrito até então, pode-se entender que a violência é elemento constitutivo do laço social. A internalização da autoridade simbólica e a interiorização da moral também têm um caráter destrutivo e violento, na medida em que a entrada do bebê na cultura é uma experiência traumática (Marin, 2002). Pela perspectiva da psicanálise francesa contemporânea, pode-se dizer que o bebê é violentado pelo discurso, pelas significações que a mãe lhe dá. A violência aparece, novamente, na necessidade de reconhecer "um mundo em confronto com sua psique: reconhecer um espaço separado do próprio" (Marin, 1998, p. 3). Trata-se da constituição do reconhecimento da alteridade. Ao mesmo tempo que todo esse processo de construção da subjetividade permite investimentos objetais alteritários, permitindo uma relação criativa com o mundo, deve-se admitir o caráter violento e traumático nessa constituição.

O trabalho de Marin (1998, 2002) aprofunda a questão da violência enquanto quinhão imprescindível para o laço social, com base em duas dimensões que, na perspectiva da pesquisadora, interessam à caracterização do desamparo contemporâneo e à sua diferenciação do desamparo moderno. Para a autora, há um paradoxo entre a negação da violência e suas intensas manifestações na sociedade contemporânea.

Como é que quando o que mais assusta o homem é o ter que assumir ser violento - tendo que reprimir e frustrar, assumindo o lugar da lei e da ordem (...) - maiores têm sido as manifestações de violência em nossa sociedade? (...) O que penso é que quanto mais se procura negar a violência - a presença do outro na relação com cada um, ousando assumir e determinar o lugar que esse um ocupa frente ao desejo daquele outro - mais se abandonam os sujeitos aos seus próprios impulsos, à ilusão de ser onipotente. Certamente a reação onipotente é uma resposta possível frente a situação de desamparo à qual é submetida o homem contemporâneo. Para esse indivíduo, a ideia de submissão ao outro é insuportável. Rompem-se laços sociais. Estar só acaba por tornar-se o modelo ideal da maturidade. (Marin, 1998, p. 3)

Quando a psicanalista afirma as tentativas de evitar assumir ser violento e assumir o lugar de lei do sujeito contemporâneo, ela está apontando para uma relação contemporânea do sujeito para com a autoridade simbólica. Como já foi exposto, a autoridade simbólica é intrinsecamente relacionada à necessidade de repressão das pulsões do indivíduo para a possibilidade de vida social. Ela requer que as pulsões agressivas e destrutivas dos sujeitos se manifestem como sentimento de culpa, colocando a destrutividade do sujeito a favor da autoridade e da vida coletiva. Ora, se o que está em jogo na contemporaneidade é um imperativo de prazer individual sobreposto à coletividade, percebe-se que a internalização da autoridade simbólica foi suplantada pela satisfação das pulsões. Ao mesmo tempo que se pinta um mundo onde a satisfação do prazer é bela e nega-se a experiência de dor que a violência acarreta, o imperativo de prazer a todo custo da sociedade contemporânea viabiliza a satisfação de pulsões destrutivas.

Por outro lado, a falha nas identificações alteritárias estruturantes fomenta não só modalidades de simbolização mais concretas como também problemáticas na constituição da unidade do Eu e dos seus ideais, levando ao espectro narcísico das manifestações psicopatológicas e também às chamadas problemáticas narcísico-identitárias (Roussillon, 2012), a saber, sofrimento ligado à difusão identitária própria da pós-modernidade. Em especial, elas indicam falhas na constituição do registro alteritário fundamental à subjetividade, que implica, do ponto de vista psicanalítico, a ligação do traumatismo pulsional em libido e, portanto, operações de erogeneização e de vinculação, que permitem que o sofrimento se coloque no âmbito propriamente do desamparo. Nesse sentido, ganha destaque a proposição de Birman (2012) acerca da preponderância do registro da dor psíquica em detrimento do sofrimento. Entende-se por dor psíquica aqui o puro transbordamento traumático da pulsão para além das possibilidades de simbolização ou vinculação, colocando inclusive o sujeito aquém da posição de se sentir desamparado, na medida em que a intuição da capacidade do "outro" (tanto em sua dimensão intersubjetiva quanto estrutural) em socorrer e a própria constituição de um apelo em direção a ele se veem comprometidos. Para Birman (2014), essa posição de sofrimento própria da dor, que se constitui e se mantém aquém do registro alteritário, seria denominado de desalento, em oposição ao desamparo. Na mesma direção encontramos também o trabalho de Figueiredo e Coelho Junior (2018) que, a partir de uma vertente mais winnicottiana e remontando a Ferenczi, indicam o registro subjetivo das agonias impensáveis como experiências afetivas próprias do sofrimento contemporâneo, em que a dimensão do apelo alteritário também se encontra comprometida.

De todo modo, podemos, por essa perspectiva, evidenciar o paradoxo da relação da sociedade atual com a violência e com o desamparo: por um lado, são experiências constantemente recusadas e negadas no registro da interações sociais; por outro lado, a impossibilidade de seu reconhecimento infiltra-se nos vínculos sociais, produzindo irrupções traumáticas que acabam por reforçar saídas de reasseguramento e de individualização da ordem do narcisismo secundário, o que dificulta o reconhecimento da alteridade e assim por diante, em um ciclo vicioso e pernicioso.

Ainda sobre a interiorização da autoridade simbólica contemporânea, é interessante aprofundá-la em suas expressões concretas, no sentido de avançar na consideração das possibilidades de saída e gestão do mal-estar na atualidade. Isso implica, por um lado, poder endossar uma posição de crítica e de resistência (Birman, 2005), mas, por outro, poder avançar nos dispositivos e ações que têm sido produzidos no movimento de ampliação da clínica psicanalítica para além do modelo psicoterápico tradicional. Por sua vez, essa reflexão depende e fomenta a discussão sobre os fundamentos propriamente metapsicológicos de como entender as dinâmicas subjetivas individuais contemporâneas. A contribuição específica deste artigo à discussão se deu na tentativa de circunscrever o desamparo como noção fundamental psicanalítica, indicando como a constituição do psiquismo e do laço social se dão, considerando a relação do desamparo físico (objetivo) e do desamparo psíquico (subjetivo) no contexto de um desamparo ontológico (estrutural). Além disso, procurou-se indicar que essa condição de desamparo remete instrinsicamente ao registro alteritário e das relações de objeto, por meio de uma posição subjetiva que é fundamentalmente da ordem afetiva, ou seja, que é nas relações com os outros e por meio da afetividade que podemos ser violentados, seduzidos e encontrar salvação, retomando o espírito seminal das afirmações freudianas.

 

Considerações finais

Tendo em vista o exposto, parece-nos razoável sustentar que a ampliação e o aprofundamento na compreensão do desamparo em psicanálise levam à sua afirmação como categoria afetiva fundamental da subjetividade humana, de importância paradigmática para o seu estudo no contexto sociocultural da atualidade, marcada pelo aprofundamento e ultrapassamento das balizas da modernidade ocidental.

Contudo, há ainda algumas lacunas em relação à delimitação do desamparo em termos mais específicos e aprofundados. No decorrer de nossa revisão da literatura, pudemos perceber que o desamparo é muitas vezes indicado em sua superficialidade - como, por exemplo, apontar o desamparo como "uma das marcas do nosso tempo", sem considerar que o desamparo é, propriamente, marca de qualquer tempo humano. Nota-se também que o desamparo é utilizado ora como modo de substantivar uma condição fundamental de despreparo para a vida ora como maneira de adjetivar uma manifestação de falta de ajuda ou de garantias na vida do indivíduo - o estar desamparado. Entendemos que a face do desamparo que mais deve ser aprofundada em estudos seguintes é o reconhecimento de sua importância para investimentos objetais futuros. Melhor dizendo, a necessidade de trazer esse conceito para a prática psicanalítica, no sentido de usufruir o que a Psicanálise tem a dizer sobre o desamparo, para apontar saídas mais saudáveis e criativas para as escolhas individuais. Em suma, é preciso sair de uma discussão ontológica ou ética geral sobre a subjetividade humana, para assumir a sua operacionalização técnica na escuta e na prática dos psicanalistas, tanto na clínica padrão quanto em sua dimensão ampliada - uma clínica do desamparo. As pesquisas e os estudos acerca do desamparo enquanto condição e em suas especificidades contemporâneas devem prosseguir, visto que se notou grande importância do tema para a compreensão das relações sociais prevalentes na atualidade e das possibilidades de atuação do(a) psicólogo(a) e do(a) psicanalista.

 

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Recebido em: 22/06/2019
Aprovado em: 17/08/2020

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