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Revista do NUFEN

versão On-line ISSN 2175-2591

Rev. NUFEN vol.2 no.1 São Paulo jun. 2010

 

ARTIGOS

 

A Psicologia e a pós-graduação na UFPA

 

Psychology studies and post-graduation at UFPA

 

 

Roseane Freitas Nicolau1; Ana Cleide Guedes 2

Universidade Federal do Pará - UFPA

 

 


RESUMO

Este artigo apresenta o Programa de Pós-Graduação em Psicologia, destacando as circunstâncias que antecederam sua fundação e enfatizando sua proposta e linhas de pesquisa, bem como o esforço empreendido no sentido de criar e fortalecer um curso que se propõe responder a demanda clínica e social em uma região carente de estudos na área. Sabe-se que as agências de fomento vêm incentivando a inserção social da psicologia, valorizando a produção científica que tem como vetor essa preocupação. Assim, enfatizamos aqui o trabalho que vem sendo desenvolvido para tornar a produção científica do Programa coerente com sua proposta de compromisso social e o esforço de construir um conhecimento fundamentado teórica e metodologicamente com o que há de mais atualizado em nosso campo, empenho necessário para que esta não se torne uma mera descrição de procedimentos técnicos, mas uma política de produção de saber capaz de sustentar as práticas psicológicas.

Palavras-chave: Pós-Graduação; Inserção Social; Produção Científica.


ABSTRACT

This article presents the Post-Graduation Program in Psychology emphasizing the circumstances, which preceded its foundation as well as its proposal and lines of research. Also, it focuses the effort undertaken towards creating and fortifying clinical studies and social demand in a geographical area that lacks studies in this field. It is well known that developmental agencies have promoted social insertion of psychology, besides stimulating scientific production concerning this field of research. This paper gives special emphasis on the work that has been developed in order to make scientific production coherent to social commitment. The paper proposes, also, a theoretical and methodologically construction supported by the latest contributions in the field. For the authors, such procedure is necessary in order not to make a mere description of technical procedures but, rather, a political production of knowledge, which is capable of supporting psychological procedures.

Keywords: post-graduation; scientific production; social commitment.


 

 

INTRODUÇÃO

Este artigo visa apresentar o Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará, destacando o contexto e as circunstâncias que antecederam sua fundação, sua proposta e linhas de pesquisa, bem como o esforço empreendido no sentido de criar e fortalecer um curso que se propõe responder à demanda clínica e social em uma região carente de estudos na área. Nosso curso se alinha com a proposta de inserção social da psicologia, atualmente estimulada pelas agências de fomento, que vêm incentivando e valorizando a produção científica que tem como vetor essa preocupação. Portanto, a ênfase da discussão deste artigo recai sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido para tornar a produção científica do Programa coerente com sua proposta de compromisso social e o esforço de construir um conhecimento fundamentado teórica e metodologicamente com o que há de mais atualizado em nosso campo, empenho necessário para que esta não se torne uma mera descrição de procedimentos técnicos, mas sim uma política de produção de saber capaz de sustentar as práticas psicológicas na região amazônica. Para responder as questões regionais surgidas no seio das práticas psicológicas precisamos investigar, no interior mesmo das atividades clínicas e sociais da psicologia, o que se constitui como entrave ou elemento propiciador de dispositivos clínicos e analítico-institucionais capazes de operar com eficácia na solução de problemas humanos identificados em nossa realidade regional.

Partindo desta premissa, a proposta do Programa baseia-se na concepção segundo a qual a atividade de pesquisa deve estar relacionada com a demanda surgida no âmbito da prática da Psicologia, particularmente onde ela encontra enormes desafios: o campo clínicoinstitucional, levando em conta o contexto sócio-histórico e as particularidades regionais onde o programa está inserido. É nossa preocupação considerar as características da região Amazônica, marcada por imensas distâncias intra-regionais, que se constitui de múltiplos grupamentos de grande complexidade cultural, histórica e étnica. Daí, a necessidade de se estabelecer linhas e grupos de pesquisa em subáreas e em temáticas que venham a contribuir para a discussão de problemas relevantes para a região, produzindo um conhecimento capaz de propor alternativas e soluções, o que é uma necessidade central da região amazônica, ainda carente de mestres e doutores para promover seu desenvolvimento.

Ao considerarmos o contexto social e histórico em nossa produção, partimos da premissa que antecede toda discussão sobre a Psicologia e funda a concepção aqui apresentada, a de que se trata de uma produção da cultura ocidental. Como produto da cultura é social e histórica, o que resulta em ser também produtora de cultura, amálgama dinâmico desde sua nascente. O psicólogo brasileiro vem desenvolvendo novas práticas, no sentido de considerar o contexto social e a participação dos psicólogos em instituições antes impensáveis, como hospitais, serviços de saúde pública, Ministério Público, Justiça, assistência social a vários setores excluídos da sociedade, para não falar das questões políticosociais levantadas pelos impasses irredutíveis das demandas sociais por melhores condições de vida das populações de baixa renda. Isso, certamente, constitui um grande desafio para a formação e a expansão do campo da clinica.

A pesquisa e ensino da Psicologia no âmbito das Universidades desenvolveram-se muito ao longo do século XX, gerando um grande sistema cientifico que, na atualidade, tem significativa extensão e não cessa de crescer, com seu amplo lastro teórico-metodológico derivado de modos diversos de produção de conhecimento, garantido pela avaliação entre os pares e, expresso em cursos de graduação e pós-graduação, congressos, periódicos, livros e, saindo da academia, corporações profissionais zelosas de sua manutenção e reprodução.

A propósito da crescente produção de conhecimento da Psicologia brasileira, consideramos que Serra (2004) está equivocada ao afirmar que há "baixa produção cientifica e [...] falta de divulgação ou divulgação falha e ineficiente dos conhecimentos existentes na área" (p.27). Tal equívoco decorre da especificidade inerente à produção em Psicologia, como demonstra Tourinho (2008) quando afirma que o sistema de pós-graduação em Psicologia no Brasil está construído sobre uma base de produção de conhecimento diversificada internamente e diferenciada de outras áreas de conhecimento. Assim, ainda que suas funções primárias sejam a geração de conhecimento novo e a formação de quadros competentes para essa produção e a inovação tecnológica sejam crescentes, os modelos de aferição dessa produtividade impedem sua visibilidade, pois estão fundamentados e são compatíveis com um tipo de base de produção de conhecimento encontrado principalmente nas chamadas hard sciences. Para este autor, o cenário em que cresce a pesquisa em Psicologia é tal que "objetivos extensionistas, prestação de serviços, formação de quadros profissionais e contribuição para formulação e efetivação de políticas públicas estão presentes e acabam por implicar funções e encargos adicionais" (TOURINHO, 2008, p.362). Isso significa dizer que aos pesquisadores se apresentam como necessárias "a interação com dinâmicas institucionais não acadêmicas, desafios metodológicos originais, realizações as mais diversificadas e um volume possivelmente maior de trabalho" (p. 362).

Suas considerações o levam a conclusão de que esse cenário implica em que a avaliação da pós-graduação em psicologia precisa avançar no sentido de "agregar uma aferição mais elaborada de seu impacto social". Pensamos que isso corresponde a uma conclusão consistente sobre a própria Psicologia no país. Nesse sentido, propomos considerar que os psicólogos brasileiros ainda precisam, por um lado, reconhecer seu crescimento e suas dificuldades, no sentido de atender as demandas sociais e, por outro lado, admitir a necessidade de investir mais em sua capacidade de produzir conhecimento novo, ou seja, novos conceitos e teorias para dar conta dos problemas humanos. Ao contrário do refúgio em guetos teóricos e escolásticos, cabe aos psicólogos investir em produzir conhecimento construindo programas de pós-graduação e centros de pesquisa, única maneira de ampliar redes teórico-conceituais consistentes entre diferentes abordagens. Além disso, estabelecer laços sociais entre os psicólogos da academia e os da profissão e, entre psicoterapeutas e psicólogos que, entre si, diferem mais pelo narcisismo das pequenas diferenças (FREUD, 1921) do que por sua irredutível e mesma condição humana, no contexto de um país e um continente que resiste aos diferentes modos de imperialismos, há mais de quinhentos anos.

Neste sentido, buscamos dar visibilidade às produções que tem impacto no meio social, participando na organização de eventos como o 6º Congresso Norte Nordeste de Psicologia (CONPSI), cujo tema "compromisso social" foi central nas discussões. Realizado por este Programa, juntamente com o Programa de Teoria e Pesquisa do Comportamento, o Conselho Regional de Psicologia e a Faculdade de Psicologia, em maio de 2009, em Belém – Pará, este evento demonstra, por si mesmo, o reconhecimento da necessidade de inserção da região no debate nacional desenvolvido nas três últimas décadas. Agregou-se à temática a referência à "unidade na diversidade", buscando alargar o horizonte do nosso enfoque para os impactos possíveis dos fazeres e saberes psicológicos sobre a realidade social que pretendemos ver transformada, na direção do respeito pleno às necessidades humanas. No livro de conferências do congresso essa perspectiva foi explicitada como segue:

Constituímos uma comunidade [...] cultivamos convergências, que incluem o compartilhamento de objetivos que remetem àquele compromisso. Valorizar essas aproximações é essencial para fortalecer a área, conferir densidade à sua unidade e projetá-la em espaços diversos de interlocução com a sociedade (TOURINHO, MOREIRA E NENO, 2009, p. 9).

O fomento de uma política que visa expandir o horizonte da produção e divulgação do conhecimento gerado internamente por meio do diálogo e do intercâmbio entre seus pesquisadores e membros de várias redes locais, nacionais e internacionais foi amplamente atendido com a realização deste congresso. Numerosos trabalhos deram conta das práticas e saberes psicológicos desenvolvidos não só na capital e no interior do Estado do Pará, mas também no Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Maranhão, bem como os Estados do Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste, constituindo um congresso pluralista onde verdadeiramente a produção cientifica brasileira encontrou espaço de divulgação e debate, em um exemplo único historicamente. Esta realização demonstra o empenho do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) em caminhar na direção da inserção social. Com apenas cinco anos de existência, não temos ainda como estabelecer indicadores precisos para avaliar o impacto do curso na sociedade. Entretanto, a análise da produção de dissertações e da origem dos nossos alunos podem se constituir como elementos importantes para refletirmos sobre o nosso curso. Ou seja, tomamos esses pontos como indicadores indiretos da qualidade e do desempenho do PPGP. Isso não elimina a necessidade de desenvolvermos futuramente procedimentos de análise que permitam obter indicadores mais precisos sobre esse impacto, como por exemplo, o motivo de ingresso no curso, o destino dos egressos e seu desempenho em suas respectivas áreas de atuação. Mas, analisar o que se produziu até aqui já é um primeiro passo para refletir sobre um curso tão jovem, mas também tão necessário no contexto de nossa região.

 

O PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA - PPGP

O Programa de Pós-Graduação em Psicologia, fundado em 2005, é uma unidade acadêmica do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas e compreende o Curso de Mestrado. Sua organização inicial contou com a determinação de um grupo de professores que elaboraram o projeto do Programa aprovado pela CAPES: Profª. Ana Cleide Guedes Moreira, Prof. Andre de Lima Barreto e Prof. Ricardo Pimentel Mello. Empenhados em levar adiante o projeto de implantação do curso, estes professores, juntamente com os professores Airle Miranda de Souza, Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel, Ernani Pinheiro Chaves e Ana Maria Digna compuseram o corpo docente com o qual o PPGP iniciou suas atividades. Sua criação veio atender uma demanda importante, tanto do ponto de vista teórico-metodológico, quanto do anseio dos egressos do curso de Graduação, uma vez que, até aquele momento, existia um único Programa de Pós-Graduação na área de Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento, criado em 1987, sendo que o curso de graduação em Psicologia da UFPA foi criado em 1974. Considerando que no âmbito da Psicologia, não havia, em toda região amazônica, um Programa de Pós-Graduação que contemplasse mais especificamente a área de intervenção do psicólogo em instituições clínicas e sociais, com recursos teóricometodológicos voltadas para o estudo dos processos de subjetivação, a implantação do PPGP veio criar condições para o alargamento e diversificação da produção científica na área de ciências humanas e sociais aplicadas, cumprindo um papel decisivo na formação de profissionais e pesquisadores altamente qualificados, para atuação na vida acadêmica e também nos demais setores sociais, governamentais e não governamentais.

Surgido inicialmente como uma atividade de intercâmbio, o Programa de Pós- Graduação em Psicologia se origina do Mestrado Interinstitucional em Psicologia Clínica PUCSP/ UFPA/UEPA/ CAPES realizado entre 1998 e 2000. Nesta oportunidade, o Mestrado Interinstitucional formou dez novos Mestres em Psicologia Clínica, em um contexto histórico em que só havia duas professoras com mestrado e um professor com doutorado em psicologia clínica no Estado do Pará. Seu corpo discente configurou-se entre alunos recém formados e professores dos Departamentos de Psicologia Social e Escolar e do Departamento de Psicologia Clínica do curso de graduação em Psicologia da UFPA e três professores da Universidade Estadual do Pará, cumprindo a missão de titulação de professores e fortalecimento e aperfeiçoamento da graduação.

O curso de mestrado em Psicologia tem como objetivo principal a formação de pessoal de alto nível para o exercício de atividades de pesquisa, de magistério e de profissão qualificada no contexto de uma região carente de investimentos públicos visando conduzir a uma redução das desigualdades relativamente à competência científica e ao desenvolvimento de aptidões para a pesquisa, além de servir como fase de preparação ao curso de doutorado, que finalmente permite fechar o ciclo de formação de pesquisadores acadêmicos. Nesse sentido, o PPGP não tem medido esforços para construir as condições necessárias para a oferta de doutorado na área, em médio prazo.

Para conjugar esses objetivos, temos organizado Seminários Internos de Avaliação do PPGP sistematicamente, estabelecendo metas a serem cumpridas visando melhorar nossa avaliação junto a CAPES. No I Seminário, elaboramos um Plano de Metas para o ano de 2008, que reavaliado em nosso II Seminário, resultou na reformulação do Projeto Político Pedagógico e do Regimento Interno, que homologado pelo colegiado, recebeu encaminhado Administrativo.

Reconhecendo que sua estrutura curricular inicial era de fato muito carregada de disciplinas teóricas prevemos para o novo currículo um número menor de créditos e de disciplinas, e ampliamos as atividades acadêmicas de pesquisa, tais como, atividades laboratoriais, trabalhos de campo, grupos de estudo e pesquisa e, participação em eventos científicos. Assim, nesta fase de transição, os alunos já estão sendo inseridos em tais atividades, embora ainda tenham que cursar 26 créditos do currículo em vigor, mas já inseridos nas atividades programadas do novo Projeto Pedagógico, a ser implantado definitivamente para a turma de 2010.

Nesse sentido, o ano de 2008 foi significativo para o Programa, pois iniciamos um processo de reformulação visando adequar a proposta de implantação, a partir do que foi sugerido após a visita de consultores da CAPES em maio de 2008, cujo Relatório embasou nosso II Seminário de Avaliação e a proposta de alteração da Área de Concentração e Linhas de Pesquisas, visando adequá-las às necessidades atuais relativamente às demanda detectadas. Em conclusão a este processo de avaliação e planejamento e atendendo as recomendações dos consultores, suprimimos a definição de área de concentração em Psicologia Clínica e Social, levando em consideração a diversidade que marca o campo da psicologia como ciência, até que a consolidação do Programa permita definir nossa vocação fundamental face à capacidade instalada e a problemática regional para pesquisa e ensino.

No que se refere à ampliação das possibilidades teórico-metodológicas, a reformulação, é bom destacar, pressupõe uma importante mudança no Programa, que vem sendo construída desde 2007, com o credenciamento de 05 novos professores: 02 em 2007 e 03 em 2008, tornando possível não apenas ampliar o número de vagas ofertadas, como também reformular as Linhas de Pesquisa, com a inclusão de uma nova linha denominada Cultura e Subjetividade. Assim, o Programa mantém uma boa média no número de seus docentes, permitindo uma reelaboração sustentada nas sugestões dos avaliadores e nas novas possibilidades teórico-metodológicas, incluindo aí a reformulação da Grade curricular, visando um melhor desempenho.

 

LINHAS DE PESQUISA E CORPO DOCENTE:

Para o desenvolvimento e consolidação do Programa, as atividades gerais – pesquisas, disciplinas, dissertações – estão distribuídas em três linhas de pesquisa, às quais estão vinculados diversos projetos de pesquisa e dissertações em andamento, como descreveremos a seguir:

Linha 1- Estudos Psicanalíticos e Psicopatológicos da Subjetividade.

Esta linha de pesquisa investiga processos inconscientes de subjetivação e sofrimento psíquico, visando contribuir para a produção de um saber que articule teoria e prática psicanalítica em instituições, na cultura e na arte. Filia-se ao campo psicanalítico, mas vincula-se também a outras áreas do conhecimento, tais como a Filosofia e as Ciências Sociais, visando compreender não apenas a constituição de um conceito ou de uma problemática, mas também a sua inserção em debates e épocas específicos.

Compreendem esta linha alguns sub-temas, tais como:

Investigações com populações de baixa renda, especialmente no setor saúde, questionando a Formação do Psicólogo em suas relações com o princípio constitucional de integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, desenvolve pesquisas sobre sexualidade, sofrimento psíquico e vulnerabilidade ao HIV/AIDS e dispositivos clínicos em Hospital-Geral. No eixo que articula Psicanálise e Arte, as questões teóricas ganham um contorno mais concreto, na medida em que seu objeto preferencial de análise é a produção artística da região em suas diversas modalidades: da literatura ao cinema, das artes plásticas à fotografia, da mitologia amazônida às manifestações próprias às culturas tradicionais da região. Privilegiam-se ainda nesta linha as representações do corpo, da sexualidade, da saúde e da doença, do normal e do patológico, constituintes fundamentais de modos de subjetivação contemporâneos, cujos contornos se investigam no atendimento terapêutico realizado com populações de baixa renda.

Fazem parte da linha os docentes Ana Cleide Guedes Moreira, Roseane Freitas Nicolau, Ernani Pinheiro Chaves, Maurício Rodrigues de Souza e Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira.

Linha 2 - Prevenção e Tratamento Psicológico. Esta linha articula saberes da psicologia clínica, Gestalt-Terapia e da Psicodinâmica voltados ao campo da promoção e intervenção em saúde dos sujeitos e grupos, do desenvolvimento humano, da personalidade. Interessa-se pelos níveis conceituais e metodológicos e tem como objetivos:

Investigar no domínio da área clínica, criticamente engajada, questões teóricas e empíricas relacionadas ao sistema psicológico da Gestalt-terapia; Contribuir para o aprimoramento da aprendizagem em pesquisa de psicólogos interessados nas temáticas: desenvolvimento humano, ética do cuidado, subjetividade masculina, feminina e violência; fome emocional e nutrição psicológica.

Compõem esta linha os seguintes professores: Airle Miranda de Souza, Adelma do Socorro Gonçalves Pimentel e Janari da Silva Pedroso.

Linha 3 - Subjetividade e Cultura. Esta linha foi implantada para atender as novas propostas teórico-metodológicas inseridas com a entrada de novos docentes. À medida que projetos específicos foram se desenvolvendo, a linha traçou seu objetivo, que é trabalhar as relações entre subjetividade e cultura a partir das seguintes perspectivas: a questão da alteridade, tomando como base o enfoque psicanalítico, tornando possível a análise e debate desta questão por meio da relação com a filosofia e as ciências humanas ou ainda com as diversas formas de expressão artística; Estudo dos processos de subjetivação, história e política em Foucault, Deleuze e Guattari. Cultura, subjetividade e sociedade contemporânea; Estudo do pensamento de Michel Foucault e suas relações com o campo psi: psiquiatria, psicologia e psicanálise.

Fazem parte desta linha os docentes: Prof. Ernani Pinheiro Chaves, Profª. Flávia Cristina Silveira Lemos, Prof. Maurício Rodrigues de Souza, Prof. Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira e Prof. Alcindo Antônio Ferla.

Todos os docentes do Programa estão vinculados às linhas de pesquisa e projetos específicos, que envolvem seus orientandos do Mestrado e alunos da graduação, através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Visando a formação de pesquisadores desde o início de seu ingresso na Universidade, os professores estão ampliando a participação de alunos da graduação, estimulando em seus grupos de pesquisa a participação de bolsistas voluntários, além de orientar monografias de conclusão do curso de graduação em Psicologia. Outra estratégia que visa à formação de pesquisadores é receber profissionais que trabalham em instituições e que trazem fecundas questões e problemas a serem investigados a partir da prática concreta do psicólogo. Estes profissionais tem se engajado nos grupos de pesquisa e se candidatam posteriormente ao mestrado com um problema oriundo de sua práxis e amadurecido pelas reflexões produzidas no grupo.

Contamos em nosso quadro com cinco professores líderes de grupos de pesquisa registrados no CNPq. São eles: Profa. Ana Cleide Moreira, que lidera o Laboratório de Psicanálise e Psicopatologia Fundamental; Prof. Ernani Chaves, que lidera o grupo Filosofia Contemporânea e, juntamente com o prof. Mauricio Rodrigues, lidera também o grupo Filosofia, Psicanálise e Cultura; Professores Airle de Souza e Janari Pedroso, lideres do grupo Pesquisa e Ações em Psiquiatria e Psicologia da Saúde – PAPPS.

Além disso, alguns projetos são desenvolvidos conjuntamente pelos professores do PPGP, os quais citamos por considerarmos que oferecem uma visão geral das temáticas desenvolvidas nos projetos coordenados por cada professor. São eles:

01- Psicologia, Instituição e Cultura: vinculações com a clínica, coordenado pela Profa. Adelma Pimentel e contando com a participação dos professores Ana Cleide Guedes Moreira, Roseane Nicolau, Mauricio Souza, Ernani Chaves, Flávia Lemos e Janari Pedroso este projeto é apoiado pela FAPESPA.

02 - Relações de gênero, saúde e produção de subjetividade: vulnerabilidade e a feminização da epidemia do HIV-AIDS em Belém e Barcarena. Este Projeto é aprovado pelo CNPq e coordenado pela Profa. Ana Cleide Guedes Moreira, dele participando as Professoras. Roseane Nicolau, Adelma Pimentel e Flávia Lemos.

03- Projeto de Cooperação Acadêmica entre o PPGP e o Programa de Pós- Graduação em Psicologia Clínica da PUC/Rio. Atendimento Psicológico a populações de baixa renda: desafios metodológicos, financiado pela CAPES, do qual participam os Professores Ana Cleide Guedes Moreira, Ernani Chaves, Roseane Nicolau e Adelma Pimentel.

04- Incorporação da tecnologia de linhas de cuidado na Saúde Suplementar: análise multicêntrica de experiências no ciclo mãe-bebê e em saúde mental nas Regiões Norte e Sul do Brasil a partir de marcadores selecionados. Este projeto é financiado pelo CNPq e coordenado pelo Professor Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, com a participação da Profa. Ana Cleide Guedes Moreira.

 

A PRODUÇÃO CIENTÍFICA

No quadro abaixo podemos visualizar a produção do mestrado, com um total de 28 dissertações defendidas. De modo geral, pode-se dizer que as dissertações se originam, principalmente, de problemas surgidos na prática clínica-institucional, refletindo a necessidade de produzir conhecimento capaz de sustentar essa prática. Observando os títulos pode-se dimensionar esse foco na elaboração de projetos de pesquisa.

 

 

Pelos títulos pode-se perceber que o tema das dissertações envolve a problemática que emerge no âmbito da atuação do psicólogo, onde se recolhe o material a ser analisado e elaborado teoricamente. Assim, de modo geral, podemos afirmar que nossa produção se origina da prática profissional respondendo, portanto, a uma demanda social.

Outra observação importante é que esta produção é marcada pela diversidade teórica e metodológica que caracteriza a própria psicologia, da qual enfatizamos dois aspectos:

1) a reflexão teórica que articula pensamentos e idéias rumo ao avanço na produção de conhecimento. Este aspecto refere-se à reflexão e a produção de conhecimento teórico, temático e metodológico;

2) a produção oriunda da demanda social e do trabalho do psicólogo nas instituições, que instrumentaliza o mestrando para o exercício crítico, científico e criativo de sua profissão em diversas disciplinas e temas, e para uma atuação inovadora e ajustada a condições e necessidades regionais; Neste sentido, o PPGP tem ajudado a formular respostas para questões surgidas na prática profissional do psicólogo, causando impacto sobre a atuação profissional pós-titulação, tanto daqueles que estão inseridos na carreira acadêmica, quanto dos que trabalham na prática da psicologia em instituições.

 

O ALUNO DO PPGP

Desde o seu início, grande parte dos ingressos no PPGP é constituída, tanto de profissionais que trabalham em instituições, como de docentes, seja do ensino superior, seja do ensino médio. O Programa procura estimular os novos mestres a ingressarem na docência, mantendo-os vinculados às atividades de pesquisa, cuja continuidade objetiva a elaboração posterior de projetos de doutorado para dar continuidade à carreira acadêmica.

Examinando o currículo dos nossos alunos observamos que o programa atende prioritariamente a egressos do curso de psicologia, embora atenda também a egressos de outros cursos da área de Ciências Humanas e Sociais – Filosofia, Educação, Pedagogia, Direito, Administração-, e de outras áreas – Terapia Ocupacional e Enfermagem. De um modo geral, nossos alunos se distribuem entre aqueles que já estão vinculados à carreira acadêmica, outros que trabalham em instituições, bem como os sem qualquer vínculo empregatício, mas que tem a intenção de seguir eventualmente a carreira universitária e/ou de pesquisa.

Vale assinalar que profissionais não psicólogos também tem buscado o PPGP com o objetivo de articular áreas de conhecimento visando tanto o aperfeiçoamento de áreas afins quanto o desenvolvimento do pensamento científico, o que vem causando impacto sobre a atuação destes profissionais.

 

CONCLUSÃO

Com a proposta de formar docentes, pesquisadores e profissionais que atendam às particularidades regionais das instituições que requerem a presença de psicólogos e, visando ainda contribuir para o desenvolvimento cientifico da região amazônica, nosso programa tem cumprido sua meta. Obviamente que uma pesquisa no sentido de investigar melhor a origem desses alunos, no sentido de saber o que os leva a procurarem o PPGP, bem como o acompanhamento sistemático dos egressos nos dará respostas mais precisas sobre as questões aqui levantadas. Iniciamos o acompanhamento da trajetória dos egressos, propondo aos alunos concludentes inserção nas diversas atividades de formação acadêmica, bem como sugerindo a participação deles em atividades cientificas. Esta proposta inclui a preocupação com o destino dos egressos do Programa.

Os alunos oriundos de instituições geralmente têm seu objeto de pesquisa vinculado aos problemas que encontram em sua práxis. Ao concluírem o mestrado, eles retornam à instituição de origem mais qualificados para desenvolverem suas atividades, contribuindo assim para o aprimoramento dos serviços oferecidos à população e atendendo um dos objetivos do programa que é a inserção social de sua produção. Ao mesmo tempo, a formação em pesquisa destes profissionais os torna competentes a proporem novos problemas de pesquisa, que poderão ser desenvolvidas na própria instituição onde trabalham ou também podem se constituir no embrião de um projeto de doutorado. Assim, o Programa propõe dar suporte mantendo o engajamento ou re-inserindo esse profissional nos grupos de pesquisa existentes, cujas atividades sistemáticas manterão o vínculo do profissional com as agências de fomento e estimularão a divulgação de resultados em periódicos e outras formas de divulgação do conhecimento científico.

Por fim é preciso enfatizar que este Programa tem como uma de suas metas mais importantes a abertura de um doutorado na área, sem o que não daremos a contribuição da psicologia para o salto de qualidade necessário para o desenvolvimento científico e tecnológico da Região Amazônica.

 

REFERÊNCIAS

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TOURINHO, MOREIRA E NENO. Prefácio. In: SOUZA E LEMOS (org.). Psicologia e Compromisso Social: Unidade na Diversidade. São Paulo: Escuta, 2009.         [ Links ]

 

 

1 Coordenadora do Mestrado em Psicologia da UFPA
2 Vice-Coordenadora do Mestrado em Psicologia da UFPA

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